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Curso de

GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS SÓLIDOS
URBANOS

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na bibliografia consultada.
MÓDULO II

1. INTRODUÇÃO

Neste módulo serão apresentadas as principais leis federais que tratam de


assuntos ambientais com ênfase para as que tenham alguma relação com os
resíduos sólidos.
Além das leis federais, serão abordadas resoluções do CONAMA (Conselho
Nacional do Meio Ambiente), muitas das quais contém questões ligadas direta ou
indiretamente aos resíduos sólidos como se verá posteriormente. Também estão
incluídas neste módulo citações sobre as principais normas editadas pela ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) cujos conteúdos relacionem-se com o
tema deste curso.
A importância dessa abordagem sobre o assunto deve-se ao fato de que os
instrumentos legais normativos constituem um importante componente na gestão
ambiental, e mais especificamente na gestão dos resíduos sólidos.
As leis e normas ambientais instituem proibições, regulamentações,
parâmetros, diretrizes e procedimentos que devem ser seguidos para que as
atividades humanas não causem impactos negativos ao meio ambiente, ou causem
o menor impacto possível. As leis apresentam também punições aos indivíduos ou
instituições que não seguirem os procedimentos exigidos e causarem danos ao
ambiente.
O que se tem constatado no Brasil é que houve uma evolução na legislação
que versa sobre questões ambientais, notadamente a partir da Constituição Federal
de 1988.
O conjunto normativo ainda apresenta imperfeições e lacunas, além de
encontrar bastante resistência para ser respeitado. Porém, o caminho que vem
sendo trilhado parece ser o correto e com um futuro promissor.

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2. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

CONSTITUIÇÃO DE 1988

A Constituição Federal de 1988 é considerada inovadora quanto às questões


ambientais no Brasil. Ela traz no seu capítulo VI (“Do meio ambiente”) um artigo com
instruções gerais sobre a incumbência do poder público de defender e preservar o
meio ambiente como forma de garantir o acesso de todos os cidadãos brasileiros a
um ambiente saudável e equilibrado. O artigo 225, acima citado, traz o seguinte
trecho:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

A Constituição também impõe condutas preservacionistas àqueles que


possam, direta ou indiretamente gerar danos ao meio ambiente. Embora enfatize a
atuação preventiva, traz também uma série de medidas repressivas, ao exigir a
recuperação do ambiente degradado por atividades regulares, e especialmente ao
sujeitar condutas e atividades lesivas ao meio ambiente a sanções penais e
administrativas.

“§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções
penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os
danos causados.”
Resta ainda acrescer que as normas constitucionais, enquanto matrizes de
todos os demais direitos fundamentais do homem, orientam todas as formas de

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atuação no campo de tutela do meio ambiente. Assim, o que está em jogo quando
se protege a qualidade ambiental é um valor maior: a qualidade da vida humana.
No seu artigo 23 a Constituição trata ainda das competências comuns a
União, Estados, Distrito Federal e municípios.

“Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios:
...
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em
qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;”

Nesse caso, todos os entes federativos podem atuar juntamente e de forma


cumulativa.
O artigo 24, por sua vez, versa sobre a competência concorrente da União,
dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre alguns assuntos:

“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal


legislar concorrentemente sobre:
...
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza,
defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição;
...
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente...”

Entende-se por competência concorrente a possibilidade de mais de um


ente federativo dispor sobre um mesmo assunto, porém com preponderância da
disposição dada pela União.

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LEI Nº. 6.938/81 – Política Nacional do Meio Ambiente

Uma lei federal bastante relevante que trata especificamente de assuntos


ambientais é a Lei Nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Essa lei instituiu a Política
Nacional do Meio Ambiente (PNMA) e a criação do SISNAMA (Sistema Nacional do
Meio Ambiente).
No artigo 2º a lei expressa os objetivos da PNMA:

“Art. 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a


preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à
vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-
econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da
dignidade da vida humana...”
A lei ainda traz algumas definições no artigo 3º, sendo que a mais importante delas
refere-se à poluição, no inciso III:
“III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos;”

Este trecho é especialmente interessante para o conteúdo deste curso, pois


a poluição é uma das conseqüências da gestão inadequada dos resíduos sólidos.
O SISNAMA é constituído por diversos órgãos, sendo que a função
consultiva e deliberativa fica a cargo do CONAMA (Conselho Nacional do Meio
Ambiente). Este órgão apresenta, entre outras funções, a de deliberar sobre
assuntos relacionados ao meio ambiente. Isto é feito, como será visto
posteriormente, através da edição de resoluções, principalmente.
A lei institui ainda, no artigo 9º, os instrumentos da PNMA:

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I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;
II - o zoneamento ambiental;
III - a avaliação de impactos ambientais;
IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente
poluidoras;
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou
absorção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;
VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder
Público federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de
relevante interesse ecológico e reservas extrativistas;
VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental;
IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento
das medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;
X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser
divulgado anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis - IBAMA;
XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente,
obrigando-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes;
XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras
e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.
XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão
ambiental, seguro ambiental e outros.
No anexo VIII da lei encontram-se caracterizadas como de médio potencial
poluidor, entre outras atividades as de:

“...tratamento e destinação de resíduos industriais líquidos e


sólidos; disposição de resíduos especiais tais como: de agroquímicos e
suas embalagens; usadas e de serviço de saúde e similares; destinação
de resíduos de esgotos sanitários e de resíduos sólidos urbanos, inclusive
aqueles provenientes de fossas....”

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LEI Nº. 9.605/98 – LEI DE CRIMES AMBIENTAIS

Outra lei ambiental muito importante em nível federal é a Nº 9.605 de 12 de


fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes Ambientais. Ela estabelece as
sanções penais e administrativas aos responsáveis por danos ao meio ambiente.
Esta lei enumera os crimes contra o meio ambiente no seu capítulo V e
estabelece as penas para cada delito especificamente de acordo com a gravidade.
Os crimes são divididos em 6 tipos: crimes contra a fauna, crimes contra a flora,
poluição e outros crimes ambientais, crimes contra o ordenamento urbano e o
patrimônio cultural, crimes contra a administração ambiental e infrações
administrativas.
Quanto à poluição a lei estabelece no artigo 54 que sofrerá pena de
reclusão, de um a quatro anos, e multa quem:

“Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que


resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que
provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da
flora...”

A pena ainda pode chegar a cinco anos de reclusão se a poluição “ocorrer


por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou
substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou
regulamentos...”
No artigo 60 a lei determina pena de um a seis meses de detenção e/ou
multa para aquele que:

“Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em


qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços
potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos
ambientais competentes, ou contrariando as normas legais e
regulamentares pertinentes...”

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Nesse caso poderiam ser incluídas as obras para a construção de aterros
sanitários, por exemplo.

RESOLUÇÃO CONAMA Nº 237/97 – LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O CONAMA, em 19 de dezembro de 1997 editou a resolução Nº 237 que


estabelece as normas e os procedimentos para o licenciamento ambiental,
importante instrumento da PNMA.
A resolução traz no anexo 1 uma relação das atividades e empreendimentos
sujeitos ao licenciamento ambiental. Incluem-se nessa lista: tratamento e destinação
de resíduos industriais (líquidos e sólidos); tratamento/disposição de resíduos
especiais tais como: de agroquímicos e suas embalagens usadas e de serviço de
saúde, entre outros; tratamento e destinação de resíduos sólidos urbanos, inclusive
aqueles provenientes de fossas.
Além desses importantes exemplos apresentados existem muitos outros
instrumentos legais que tratam de assuntos relacionados ao meio ambiente. Porém,
este módulo pretende apenas apresentar a legislação em linhas gerais. Comentários
sobre cada ato normativo seriam estafantes principalmente para os leitores.
Àqueles que tiverem interesse especial pela legislação ambiental, uma boa
fonte de pesquisa são as páginas oficiais dos governos e seus órgãos.

3. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS

No quadro legal brasileiro existe legislação relativamente extensa que trata


de diversos aspectos relacionados aos resíduos sólidos. No entanto, pelos mesmos
motivos citados no item anterior, não será comentada em sua totalidade. Serão
apresentados os casos mais relevantes e interessantes em nível nacional,
destacando-se o fato de que estados e municípios também podem legislar a
respeito.

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POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

No âmbito federal o que tem merecido destaque é a ausência de uma


Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A criação de uma lei que defina as
diretrizes nacionais para o manejo adequado dos resíduos sólidos vem se
arrastando há anos devido à morosidade dos trâmites burocráticos e às
complicações políticas.
O Projeto de Lei Nº 1.991 de 2007, em tramitação, institui a PNRS dispõe
sobre diretrizes gerais aplicáveis aos resíduos sólidos.
O artigo 2º do projeto de lei apresenta as diretrizes da PNRS:

I - proteção da saúde pública e da qualidade do meio


ambiente;
II - não-geração, redução, reutilização e tratamento de
resíduos sólidos, bem como destinação final ambientalmente
adequada dos rejeitos;
III - desenvolvimento de processos que busquem a alteração
dos padrões de produção e consumo sustentável de produtos e
serviços;
IV - educação ambiental;
V - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de
tecnologias ambientalmente saudáveis como forma de minimizar
impactos ambientais;
VI - incentivo ao uso de matérias-primas e insumos
derivados de materiais recicláveis e reciclados;
VII - gestão integrada de resíduos sólidos;
VIII - articulação entre as diferentes esferas do Poder
Público, visando à cooperação técnica e financeira para a gestão
integrada de resíduos sólidos;
IX - capacitação técnica continuada na área de resíduos
sólidos;

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X - regularidade, continuidade, funcionalidade e
universalização da prestação de serviços públicos de limpeza
urbana e manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos
gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos
dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade
operacional e financeira;
XI - preferência, nas aquisições governamentais, de
produtos recicláveis e reciclados;
XII - transparência e participação social;
XIII - adoção de práticas e mecanismos que respeitem as
diversidades locais e regionais; e
XIV - integração dos catadores de materiais recicláveis nas
ações que envolvam o fluxo de resíduos sólidos.

O projeto de lei define ainda, no artigo 10, os instrumentos da PNRS


conforme listado abaixo:

I - Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos;

II - Análise e Avaliação do Ciclo de Vida do Produto;

III - Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos


de Defesa Ambiental, nos termos do art. 9o, inciso VIII, da Lei no
6.938, de 31 de agosto de 1981;

IV - inventários de resíduos sólidos em conformidade com o


disposto pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA;

V - Avaliação de Impactos Ambientais, nos termos do art. 9o,


inciso III, da Lei no 6.938, de 1981;

VI - Sistema Nacional de Informações Ambientais - SISNIMA


e o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico -
SINISA;

VII - logística reversa;

VIII - licenciamento ambiental;

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IX - monitoramento e fiscalização ambiental;

X - cooperação técnica e financeira entre os setores público


e privado para o desenvolvimento de pesquisas e de novos
produtos;

XI - pesquisa científica e tecnológica;

XII - educação ambiental;

XIII - incentivos fiscais, financeiros e creditícios;

XIV - Fundo Nacional do Meio Ambiente e Fundo Nacional


de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico; e

XV - Conselhos de Meio Ambiente.

Outra questão interessante acrescentada pelo projeto de lei são os Planos


de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. A elaboração desses planos será um
requisito para que os municípios tenham acesso a recursos da União.
Além disso, o projeto estabelece que a responsabilidade por todas as etapas
do sistema de resíduos sólidos é do gerador.

Lei Nº. 11.445/2007 – POLÍTICA NACIONAL DE SANEAMENTO BÁSICO

A lei federal Nº 11.445 de 5 de janeiro de 2007 estabeleceu as diretrizes


nacionais para o saneamento básico e definiu uma Política Federal de Saneamento
Básico.
Esta lei não trata exclusivamente do setor de resíduos sólidos, como se
pode perceber. Ela versa sobre todos os setores do saneamento básico (drenagem
urbana, abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos). Porém,
traz importantes contribuições para o setor de interesse deste curso.
Logo no seu artigo 2º traz entre seus princípios fundamentais:

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“III - abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza
urbana e manejo dos resíduos sólidos realizados de formas adequadas à
saúde pública e à proteção do meio ambiente;”

No artigo 7º especifica as atividades que constituem o serviço de limpeza


urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos:

“I - de coleta, transbordo e transporte dos resíduos relacionados


na alínea c do inciso I do caput do art. 3o desta Lei;
II - de triagem para fins de reúso ou reciclagem, de tratamento,
inclusive por compostagem, e de disposição final dos resíduos
o
relacionados na alínea c do inciso I do caput do art. 3 desta Lei;
III - de varrição, capina e poda de árvores em vias e logradouros
públicos e outros eventuais serviços pertinentes à limpeza pública urbana.”

A lei, no seu capítulo II, regula o exercício da titularidade dos serviços


públicos de saneamento básico, facultando a delegação desses serviços por meio
da celebração de contratos de concessão, com obrigações para o contratado. Define
ainda diretrizes para o planejamento e a regulação do setor de saneamento, nos
capítulos IV e V, respectivamente.
O capítulo VI fornece importantes esclarecimentos sobre os aspectos
econômicos e sociais do saneamento básico. Institui, no artigo 29, que os serviços
de saneamento devem sempre ter como princípio a sustentabilidade econômico-
financeira e isso deve ser alcançado mediante cobrança pelos serviços.

“Art. 29. Os serviços públicos de saneamento básico terão a


sustentabilidade econômico-financeira assegurada, sempre que possível,
mediante remuneração pela cobrança dos serviços:
...
II - de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos:
taxas ou tarifas e outros preços públicos, em conformidade com o regime
de prestação do serviço ou de suas atividades;”

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O parágrafo 1º do mesmo artigo define as diretrizes que devem ser
observadas na instituição de tarifas, preços públicos e taxas para os serviços de
saneamento básico:

“I - prioridade para atendimento das funções essenciais


relacionadas à saúde pública;
II - ampliação do acesso dos cidadãos e localidades de baixa
renda aos serviços;
III - geração dos recursos necessários para realização dos
investimentos, objetivando o cumprimento das metas e objetivos do
serviço;
IV - inibição do consumo supérfluo e do desperdício de recursos;
V - recuperação dos custos incorridos na prestação do serviço, em
regime de eficiência;
VI - remuneração adequada do capital investido pelos prestadores
dos serviços;
VII - estímulo ao uso de tecnologias modernas e eficientes,
compatíveis com os níveis exigidos de qualidade, continuidade e
segurança na prestação dos serviços;
VIII - incentivo à eficiência dos prestadores dos serviços.”

No capítulo IX a lei trata especificamente da Política Federal de Saneamento


Básico. Os artigos 48 e 49 estabelecem as diretrizes e os objetivos da referida
política, respectivamente.

Art. 48. A União, no estabelecimento de sua política de


saneamento básico, observará as seguintes diretrizes:
I - prioridade para as ações que promovam a eqüidade
social e territorial no acesso ao saneamento básico;
II - aplicação dos recursos financeiros por ela administrados
de modo a promover o desenvolvimento sustentável, a eficiência e a
eficácia;

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III - estímulo ao estabelecimento de adequada regulação dos
serviços;
IV - utilização de indicadores epidemiológicos e de
desenvolvimento social no planejamento, implementação e avaliação
das suas ações de saneamento básico;
V - melhoria da qualidade de vida e das condições
ambientais e de saúde pública;
VI - colaboração para o desenvolvimento urbano e regional;
VII - garantia de meios adequados para o atendimento da
população rural dispersa, inclusive mediante a utilização de soluções
compatíveis com suas características econômicas e sociais
peculiares;
VIII - fomento ao desenvolvimento científico e tecnológico, à
adoção de tecnologias apropriadas e à difusão dos conhecimentos
gerados;
IX - adoção de critérios objetivos de elegibilidade e
prioridade, levando em consideração fatores como nível de renda e
cobertura, grau de urbanização, concentração populacional,
disponibilidade hídrica, riscos sanitários, epidemiológicos e
ambientais;
X - adoção da bacia hidrográfica como unidade de referência
para o planejamento de suas ações;
XI - estímulo à implementação de infra-estruturas e serviços
comuns a Municípios, mediante mecanismos de cooperação entre
entes federados.

Art. 49. São objetivos da Política Federal de Saneamento


Básico:
I - contribuir para o desenvolvimento nacional, a redução das
desigualdades regionais, a geração de emprego e de renda e a
inclusão social;

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II - priorizar planos, programas e projetos que visem à
implantação e ampliação dos serviços e ações de saneamento
básico nas áreas ocupadas por populações de baixa renda;
III - proporcionar condições adequadas de salubridade
ambiental aos povos indígenas e outras populações tradicionais,
com soluções compatíveis com suas características socioculturais;
IV - proporcionar condições adequadas de salubridade
ambiental às populações rurais e de pequenos núcleos urbanos
isolados;
V - assegurar que a aplicação dos recursos financeiros
administrados pelo poder público dê-se segundo critérios de
promoção da salubridade ambiental, de maximização da relação
benefício-custo e de maior retorno social;
VI - incentivar a adoção de mecanismos de planejamento,
regulação e fiscalização da prestação dos serviços de saneamento
básico;
VII - promover alternativas de gestão que viabilizem a auto-
sustentação econômica e financeira dos serviços de saneamento
básico, com ênfase na cooperação federativa;
VIII - promover o desenvolvimento institucional do
saneamento básico, estabelecendo meios para a unidade e
articulação das ações dos diferentes agentes, bem como do
desenvolvimento de sua organização, capacidade técnica, gerencial,
financeira e de recursos humanos, contempladas as especificidades
locais;
IX - fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico, a
adoção de tecnologias apropriadas e a difusão dos conhecimentos
gerados de interesse para o saneamento básico;
X - minimizar os impactos ambientais relacionados à
implantação e desenvolvimento das ações, obras e serviços de
saneamento básico, e assegurar que sejam executadas de acordo

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com as normas relativas à proteção do meio ambiente, ao uso e
ocupação do solo e à saúde.

RESOLUÇÕES DO CONAMA

Uma das fontes mais importantes de atos normativos relacionados aos


resíduos sólidos é o CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente). São muitas
as resoluções editadas pelo Conselho, e regulamentam diversos assuntos
relacionados ao tema resíduos sólidos, desde a geração até a disposição final de
diversos tipos de resíduos. Devido ao grande número de resoluções serão apenas
citadas as mais importantes.
- Resolução CONAMA nº 6, de 19 de setembro de 1991: Dispõe sobre o
tratamento de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e
aeroportos.
- Resolução CONAMA nº 5, de 5 de agosto de 1993: Dispõe sobre o
gerenciamento de resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais
ferroviários e rodoviários.
- Resolução CONAMA nº 23, de 12 de dezembro de 1996: Dispõe sobre as
definições e o tratamento a ser dado aos resíduos perigosos, conforme as normas
adotadas pela Convenção da Basiléia sobre o controle de Movimentos
Transfronteiriços de Resíduos perigosos e seu Depósito.
- Resolução CONAMA nº 257, de 30 de junho de 1999: Estabelece a
obrigatoriedade de procedimentos de reutilização, reciclagem, tratamento ou
disposição final ambientalmente adequada para pilhas e baterias que contenham em
suas composições chumbo, cádmio, mercúrio e seus compostos.
- Resolução CONAMA nº 258, de 26 de agosto de 1999: Determina que as
empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e
dar destinação final ambientalmente adequada aos pneus inservíveis.
- Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001: Estabelece o código
de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de

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coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta
seletiva.
- Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002: Estabelece diretrizes,
critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.
- Resolução CONAMA nº 308, de 21 de março de 2002: Licenciamento
Ambiental de sistemas de disposição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em
municípios de pequeno porte.
- Resolução CONAMA nº 313, de 29 de outubro de 2002: Dispõe sobre o
Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais.
- Resolução CONAMA nº 316, de 29 de outubro de 2002: Dispõe sobre
procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico
de resíduos.
- Resolução CONAMA nº 348, de 16 de agosto de 2004: Altera a Resolução
CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos
perigosos.
- Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005: Dispõe sobre o
tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras
providências.

4. NORMAS DA ABNT

Além da legislação federal este módulo abordará as normas sobre assuntos


referentes aos resíduos sólidos editadas pela ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas). Trata-se de um grande rol de normas das quais são citadas as
mais pertinentes ao assunto no anexo I. No quadro do anexo encontra-se uma lista
com as normas, incluindo seus respectivos códigos e os assuntos dos quais tratam.

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