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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

NOME DO ACADEMICO

(I) LEGALIDADE DAS NORMAS DE CONDOMÍNIOS EDILÍCIOS QUE PROÍBEM


A PERMANÊNCIA E CIRCULAÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS

Tubarão (SC)
2015
BRENO SCHIEFLER BENTO

(I) LEGALIDADE DAS NORMAS DE CONDOMÍNIOS EDILÍCIOS QUE PROÍBEM


A PERMANÊNCIA E CIRCULAÇÃO DE ANIMAIS DOMÉSTICOS

Projeto de Pesquisa apresentado à disciplina Trabalho


de Curso em Direito I, do Curso de Direito, como
requisito à elaboração do trabalho monográfico.

Linha de pesquisa: Justiça e Sociedade.

Professor da disciplina: Vilson Leonel, Me.


Orientador temático: Valdézia Pereira, Dra.

Tubarão (SC)
2015
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. – Artigo
Arts. – Artigos
CF – Constituição Federal
CC – Código Civil
CPC – Código de Processo Civil
SUMÁRIO

1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO........................................................5


1.1 TEMA...............................................................................................................................5
1.2 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ................................................................5
1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA ...............................................................................6
1.4 JUSTIFICATIVA.............................................................................................................6
1.5 OBJETIVOS.....................................................................................................................6
1.5.1 Geral.............................................................................................................................6
1.5.2 Específicos....................................................................................................................6
1.6 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS......................................................7
2 ANIMAIS EM APARTAMENTOS: UMA VISÃO GERAL........................................8
2.1 CONVENÇÃO E JURISPRUDÊNCIA..........................................................................9
2.2 DIREITO À VIZINHANÇA..........................................................................................10
2.3 O CONDOMÍNIO EDÍLICO.........................................................................................11
3 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO......................................................................13
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA..............................................................................13
3.2 MÉTODO.......................................................................................................................14
3.3 POPULAÇÃO/AMOSTRA...........................................................................................14
3.4 DEVOLUTIVA..............................................................................................................15
3.5 CRONOGRAMA...........................................................................................................16
3.6 ORÇAMENTO ..............................................................................................................16
REFERÊNCIAS ................................................................................................................17
APÊNDICE ........................................................................................................................18
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1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

1.1 TEMA

(I) Legalidade das normas de condomínios edilícios que proíbem a permanência e


circulação de animais domésticos.

1.2 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

A presente pesquisa será realizada no âmbito do Direito Civil e Ambiental, onde


se buscará analisar, através da posição doutrinária, a legalidade ou não das normas internas de
condomínios edilícios que proíbem a permanência e circulação de animais no seu interior.
Serão trazidos à pesquisa, além da legislação pertinente, diferentes entendimentos
do Tribunal de Justiça de Santa Catarina referente ao tema, que gera inúmeras lides entre
condôminos, quase sempre, resolvido na esfera jurídica.
Segundo Gonçalves (2006, p. 370), “caracteriza-se o condomínio edilício pela
apresentação de uma propriedade ao lado de uma propriedade privativa. Cada condômino é
titular, com exclusividade, da unidade autônoma e titular de partes ideais das áreas comuns”.
Ou seja, para que seja considerado condomínio edilício é preciso que tenham
áreas que sejam exclusivas e áreas que sejam de uso comum dos condôminos. Por esse
motivo, há grande controvérsia à respeito da proibição ou não de animais nas áreas comuns do
condomínio e até nas áreas exclusivas. O artigo 1.335 da Lei 10.406/02 (Código Civil)
estabelece:

Art. 1.335. São direitos do condômino:


I - usar, fruir e livremente dispor das suas unidades;
II - usar das partes comuns, conforme a sua destinação, e contanto que não exclua a
utilização dos demais com possuidores; [...] (BRASIL, 2002).

Neste artigo, deixa claro que o condômino tem o direito de usa, fruir e livremente
dispor das suas unidades e ainda, usar das partes comuns como quiser, desde que não seja
contrário à sua real destinação.
Por outro lado, temos os regimentos internos dos condomínios que muitas vezes
proíbem a circulação de animais nas áreas comuns e até nos elevadores, mesmo nos de
serviço.
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1.3 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Segundo o atual entendimento doutrinário e jurisprudencial, são ilegais as normas


de condomínios edilícios que proíbem a permanência e circulação de animais no seu interior?

1.4 JUSTIFICATIVA

A escolha do presente tema decorreu em função das constantes lides que ocorrem
em virtude de diferentes pontos de vistas referentes ao assunto. Muitos condôminos não
gostam de animais e acham justo proibir o acesso de animais no condomínio, utilizando-se do
velho ditado “os incomodados que se retirem”.
Por outro lado, existem aqueles condôminos que adoram animais e possuem um,
dois, três ou até mais em sua residência, que muitas vezes gera um desconforto para os
vizinhos.
Trata-se de um tema de extrema relevância para quem mora em condomínios e
será demonstrado na pesquisa diversos entendimentos e decisões dos Tribunais de Justiça
referentes ao assunto.

1.5 OBJETIVOS

1.5.1 Geral

Analisar, por meio da legislação pertinente e de posicionamentos doutrinários,


bem como das decisões proferidas pelo tribunal de Justiça, a (i)legalidade das normas dos
condomínios edilícios que proíbem a permanência e circulação de animais domésticos.

1.5.2 Específicos

Conceituar condomínios edilícios.


Apresentar posições doutrinárias à respeito do tema.
Demonstrar decisões dos Tribunais de Justiça nas questões referentes ao
regimento interno do condomínio que proíbe a presença e circulação de animais domésticos.
Verificar a legislação ambiental referente ao tema.
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Comparar o perfil dos moradores de condomínios em que são proibidos os


animais domésticos e os condomínios em que são permitidos.

1.6 DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS

No intuito de possibilitar uma maior compreensão acerca das ideias aqui expostas,
faz-se necessária a apresentação conceitual das expressões: condomínios edilícios,
regimento interno e animais domésticos. Condomínios edilícios: “Caracteriza-se o
condomínio edilício pela apresentação de uma propriedade ao lado de uma propriedade
privativa. Cada condômino é titular, com exclusividade, da unidade autônoma e titular de
partes ideais das áreas comuns”. (GONÇALVES, 2006).
Regimento interno: “Entende-se por regimento interno o conjunto de normas que
regulam e disciplinam a conduta interna dos condôminos, seus locatários, usuários, serventes
ou aqueles que de uma forma ou de outra usam o condomínio.” (DANTAS, 2002).
Animais domésticos: “Animais domésticos são aqueles que não vivem mais em
ambientes naturais e tiveram seu comportamento alterado pelo convívio com o homem. (...)
há uma relação de dependência mútua entre animais domésticos e seres humanos. (VENOSA,
2010).
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2 ANIMAIS EM APARTAMENTO: UMA VISÃO GERAL

Os condomínios de nossa contemporaneidade são verdadeiras cidades autônomas


alguns com mais de 2000 famílias representando uma fonte de rendimentos muitas das vezes
superior à empresas de médio porte. Essa complexidade faz surgiur um emaranhado de
normas e regulamentos, onde o condômino inquilino tem sua participação limitada pela lei.
Resultado: um desvairo de consequências inimagináveis, que transforma toda uma
coletividade cativa de caprichos e intolerâncias de um administrador.
De acordo com Farias (2011, p. 86) “no caso de quem possui um animal e mora
em condomínio, possivelmente já foi vítima de alguma inconveniência de seu bichinho para o
edifício”. Reclamações de cheiro, de barulho, proibição de utilização do elevador ou
convivência em áreas comuns, ou seja, os constrangimento são inúmeros. Porém, o
relacionamento entre homem e o animal domestico já se tornou uma questão de urbanidade. O
que não sabemos é que todas as regras que conhecemos em condomínios são inventadas pelos
regimentos condominiais e não são constitucionais.
A legislação não trata da questão de animais em condomínios fazendo das partes
ter, no mínimo, bom senso em seus regulamentos internos. Diniz (2004, p. 33-34) diz que “o
Código Civil (Lei Federal n° 10.406/02) traz o entendimento predominante que a parte da Lei
nº 4.591/64 que tratava do condomínio foi derrogada, isto é, seus artigos iniciais foram
substituídos pelos arts. 1.331 a 1.358 do novo Código Civil.
Assim a Lei nº 4.591/64 continua em vigor apenas na parte referente à
incorporação imobiliária, instituto que não foi abrangido pela nova lei. Assim, a lei está
revogada com relação aos condomínios, de acordo com o artigo 2º do Código Civil,
considerando sua revogação uma lei posterior quando a lei nova regula inteiramente a matéria
de que tratava a anterior. A norma reguladora para os condomínios em edificações é o novo
Código Civil, que entrou em vigor em 2003, sob o título "Do Condomínio Edilício". Desde
que a Constituição de 1988 foi promulgada, os animais,  passaram a ter amparo jurídico,
conforme se vê do art. 225, §1º, VII, da Constituição Federal, que dispõe:

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso


comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público
e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.”, e que “Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder
público: VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade”. (BRASIL, 2002).
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Um condomínio é o domínio comum sobre uma mesma coisa. Viver em


condomínio é como viver em sociedade familiar, onde todos os problemas devem ser
resolvidos de comum acordo por todos e não por um só. Cada condomínio possui uma pessoa
eleita (síndico) para resolver os problemas. Soma-se as implicâncias pessoais que um possa
vir a ter com o outro por imperfeições natas do ser humano: vaidade, inveja, orgulho. Desta
maneira, é lógico que, pela convivência comum surjam problemas de ordem prática
(DANTAS, 2002).
A proteção constitucional dos animais é uma legislação ordinária e reafirma a
importância dos animais no sistema jurídico. As convenções que permitem animais
domésticos nos apartamentos até determinado peso certamente não prevalecerão perante o
Judiciário, porque não é previsto em lei sua ilegalidade.

2.1 CONVENÇÃO E JURISPRUDÊNCIA

A convenção pode apenas regular o assunto. Segundo Venosa (2010, p. 45-46) “o


entendimento jurisprudencial é que permite casos em que a convenção proíbe”. A Lei
4.591/64, que regulava o condomínio e o atual Código Civil não tratam de animais
domésticos ou de estimação. Esses casos são apenas convenções condominiais que
disciplinam o tema, permitindo ou proibindo os animais.
O artigo 19 da Lei 4.591/64 dizia que o condômino tinha“o direito de usar e fruir,
com exclusividade, de sua unidade autônoma, segundo suas conveniências e interesses,
condicionados, umas e outros, às normas de boa vizinhança, e poderá usar as partes e coisas
comuns, de maneira a não causar dano ou incômodo aos demais condôminos ou moradores,
nem obstáculo ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos”. Mas a lei anterior
também previa é que um condômino não tem o direito de incomodar ou causar prejuízo ao
outro e o lei atual diz, que o“condômino não deve alterar o destino de sua unidade, bem como
não a utilizar de maneira prejudicial ao sossego, à salubridade e à segurança dos demais” (CC,
art, 1.336, inciso IV).
Antes de tudo, é necessário que condôminos e condomínio deixem o bom senso e
a tolerância prevalecer. Afinal, de contas, há alguns animais que comprometem a saúde e a
higiene dos edifícios?  Uma decisão da 2ª. Turma Cível do Tribunal de Justiça de Goiás,
relatada por seu desembargador, pode servir de exemplo: o problema iniciou quando o
condomínio interpôs ação de obrigação de fazer contra um dos moradores sob a alegação de
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estar descumprindo a convenção e o regimento, por manter um pássaro engaiolhado na


unidade autônoma e nas dependências do edifício, o que causava irritação com seu barulho e
outros problemas aos condôminos. Na contestação, o réu aduziu que se trata de animal de
pequeno porte, que recebe todos os cuidados necessários e que permanecia no interior do
apartamento, sem oferecer qualquer ameaça à higiene, segurança ou sossego do edifício
(RODRIGUES, 2002).
Em grau de apelação, o condomínio sustenta que a mera presença de um animal
na unidade e áreas comuns do edifício já seria o bastante para causar incômodos aos demais
condôminos e que o dono do animal sempre teve ciência da proibição imposta pelas normas
do prédio, que têm força de lei, dado o caráter normativo da convenção. Em seu voto, o
relator lembra que, sem dúvida, a convenção elaborada pelos condôminos se sobressai,
impondo direitos e encargos aos residentes na edificação, a teor do disposto na Lei do
Condomínio (art. 9o, § 3o, “c” e art. 10, III), estando apta a regulamentar o convívio comum,
inclusive impondo limitações à presença de animais em suas dependências.
No caso em julgamento, a regra aprovada dispõe que fica terminantemente
vedado “possuir e manter na unidade ou em qualquer dependência do edifício, animais que
comprometam a higiene e a tranquilidade do edifício…”.  A rigor o condomínio não proíbe a
presença de animais, mas tão somente daqueles que possam afetar a saúde e a coletividade.
Argumentou o magistrado: “Caberia ao condomínio atender ao disposto no art.
333, I, do Código de Processo Civil, a fim de trazer a certeza de que o referido animal de
estimação se apresentasse como uma concreta ameaça à saúde ou à segurança dos demais
condôminos”. O voto favorável ao animal, porém, não foi unânime. O revisor da apelação,
desembargador votou pelo dato de despejar o animal do prédio, por entender “imperativo que
se respeite a vontade dos condôminos, porquanto não se encontra violada qualquer norma
legal na espécie”. 

2.2 DIREITO DE VIZINHANÇA

De acordo com Rodrigues (2002, p. 87) “as questões de (i)legalidade das normas
de condomínios edilícios que proíbem permanência e circulação de animais domésticos têm
haver com o direito de vizinhança”. O direito de vizinhança é composto de normas que
ordenam não a abstenção da prática de certos atos e que implicam a sujeição do proprietário a
uma invasão de sua órbita dominial.
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A natureza jurídica deste direito é que se trata de obrigações da própria coisa,


advindo os direitos e obrigações do simples fato de serem os indivíduos vizinhos. O direito de
vizinhança compreende uma gama de limitações, estabelecido pelas legais em vigor, que
cerceiam o alcance das faculdades de usar e gozar por parte de proprietários e possuidores de
prédios vizinhos a fim de resguardar a possibilidade de convivência social e para que haja o
mútuo respeito à propriedade. São regras objetivam assegurar a coexistência pacífica entre os
vários proprietários (vizinhos) e regular as relações entre estes a fim também de evitar abusos
de direitos (DINIZ, 2004).
Para Rodrigues (2002, p. 90) “existem três maneiras que o direito de vizinhança
podem se apresentar: restrição o direito de propriedade, limitações legais ao domínio e
contigüidade entre dois imóveis”. Denota-se que a acepção de vizinhança se revela dotada de
amplitude e se estende até onde o ato praticado em um prédio possa produzir consequências
em outro, como, por exemplo, o caso do barulho provocado por um animal no apartamento ao
lado bar, dentre tantas outras hipóteses, em que se apresenta uma interferência de apartamento
a apartamento ou prédio à prédio, não importando a distância, acabam por ensejar conflito de
vizinhança. Neste escopo de fortalecer as ponderações já problemáticas, quadra trazer à
colação o entendimento jurisprudencial.
No entanto, possuir aves e animais domésticos, que exigem maior proteção, ou
por outro motivo necessitar de cuidados especiais, deverá responder sozinho por estes, sendo
cabível o ressarcimento de dano que o animal prestar ao vizinho confinante. Em sua natureza
jurídica, é importante fazer a distinção entre os direitos de vizinhança e as servidões legais,
por que alguns autores consideram que os direitos de vizinhança estão inseridos no de
servidão legal (DANTAS, 2002). O direito de vizinhança não trata de limitações arbitrárias
da propriedade, que poderiam deixar de existir, mas de normais limitações desse direito e que
habitualmente não faltam.

2.3 O CONDOMÍNIO EDÍLICO

A expressão ‘condomínio edilício’ passou a ser adotada pelo novo Código Civil,
sem melhor caracterização, talvez como forma de destacar os condomínios tradicionalmente
conhecidos (prédios constituídos por diversas unidades com áreas privativas e comuns), das
novas situações classificadas pelo mesmo código.
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O Código Civil Brasileiro, responsável pelo regramento dos condomínios edilícios -


artigos 1.331 a 1358 – especificamente nada dispõe sobre a permissibilidade ou não
dos animais de estimação, se não existem regras que proíbem, então é permitido. O
direito de possuir animais de estimação é uma garantia e uma liberdade de quem os
quer ter, não podendo regras proibitivas de condomínios, sem respaldo legal, vigorar
à margem da lei. (FARIAS, 2011, p. 78).

Condomínio Edilício é a forma como é tratado pelo Código Civil, o conjunto de


edificações caracterizado pela existência de partes exclusivas e partes comuns, englobando,
portanto tanto os condomínios (prédios), quanto casas. Os condomínios edilícios (arts. 1331 a
1358) se diferencia do condomínio comum (arts. 1314 a 1330), pois naqueles há partes
comuns e partes exclusivas, ao passo que o condomínio comum existe vários proprietários
onde todos detêm a propriedade em comum, sem individualizações (DINIZ, 2004).
De acordo com Venosa (2010, p. 101) “a existência de regras na convenção de um
condomínio edílico que permitem animais de estimação e maiores digressões acerca do tema
torna-se desnecessárias porque a própria lei não prevê essa situação”. As ressalvas geralmente
dizem respeito ao comportamento a ser tomado pelos proprietários quando estiverem
circulando na área comum do condomínio como, por exemplo, estarem os animais presos na
coleira; descer pelo elevador de serviço; recolher a sujeira sob pena de multa, dentre outras.
Grande parte dos julgamentos tendem a autorizar a manutenção de animais em
condomínios desde que estes não tragam prejuízo ao sossego, segurança, higiene e saúde dos
demais condôminos. É sabido que muitas normas de condomínios proíbem ou restringem a
existência de animais, mesmo sendo inconstitucional. A Constituição Federal, que garante em
seu art. 5, XXII o direito de propriedade; e na Lei nº 4591/64, art. 19, que tem a seguinte
redação:
 
Art. 19. Cada condômino tem o direito de usar e fruir, com exclusividade, de sua
unidade autônoma, segundo suas conveniências e interesses, condicionados, umas e
outros às normas de boa vizinhança, e poderá usar as partes e coisas comuns de
maneira a não causar dano ou incômodo aos demais condôminos ou moradores, nem
obstáculo ou embaraço ao bom uso das mesmas partes por todos. (DINIZ, 2004, p.
81).
 

A controvérsia acontece quando existirem regras expressas que proíbem a


existência de animais de estimação nos condomínio edilícios. Para casos deste tipo, é possível
socorrer-se ao Judiciário para garantir o direito de possuir animais de estimação, mormente
porque a legislação brasileira não proíbe. Se não há proibição pela lei geral, não é permitido à
convenção do condomínio fazê-lo. Portanto, a criação de animais somente será proibida
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quando o animal trouxer transtornos aos demais condôminos, como barulho, falta de higiene
ou insegurança (RODRIGUES, 2002).
Deve vigorar entre os moradores de condomínios edilícios o bom senso e a razão,
inclusive no tocante às regras acerca dos animais de estimação. Caso contrário, havendo
proibição geral ou ‘desinteligências’ ocorrerem, medidas judiciais podem ser tomadas para
garantir o direito de propriedade daqueles que os desejam possuir em suas unidades
autônomas, desde que respeitando, sempre, o direito dos demais pares.

3 LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO

O levantamento bibliográfico é a base do referencial teórico em qualquer nível.


Significa pesquisar/selecionar textos compatíveis com o tema escolhido que irão apoiar as
afirmações e explanações a serem desenvolvidas. Para o trabalho em questão se fundamentou
na obra de Silvio Rodrigues, Direito Civil (2002), uma obra bastante consultada no que diz
respeito ao direito das coisas e atualizada de acordo com o novo Código Civil (Lei n. 10.406).
Este projeto também está diretamente ligado à Maria Helena Diniz e seu Curso de Direito
civil brasileiro e o Projeto de Lei n. 6.960/02 (2004) analisa o instituto jurídico disciplinado
pelo código civil brasileiro e conceitua o tema através de suas nuances com propriedade
exclusiva e autônoma.
Este projeto também toma como referencia os trabalhos de Sílvio de Salvo
Venosa em Direito Civil: Direitos Reais (2010) que trata o tema jurídico proveniente da
autonomia privada da vontade coletiva, onde as normas postas na convenção tornam-se
obrigatórias para todos. Embora os autores possam, de alguma maneira enfatizar as regras
disciplinadas na convenção, todos reafirmam a soberania da constituição federal. Portanto, a
Constituição Federal do Brasil (1988) também foi obra de indiscutível valor para bases
teóricas deste projeto. A relevância dos textos selecionados para embasamento teórico garante
uma redação científica de qualidade é imprescindível para que se utilizem os melhores autores
sobre o assunto.  

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O delineamento da pesquisa, segundo Gil (1995, p. 70), “refere-se ao


planejamento da mesma em sua dimensão mais ampla”, ou seja, neste momento, o
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investigador estabelece os meios técnicos da investigação, prevendo-se os instrumentos e os


procedimentos necessários utilizados para a coleta de dados.
Pode-se dizer ser difícil escolher apenas um método para o desenvolvimento da
pesquisa jurídica. Fala-se que a época em curso caracteriza-se pelo pluralismo metodológico
que procura garantir ao pesquisador a objetividade necessária ao tratamento dos fatos sociais.
Sendo assim, além dos métodos lógicos (dentre estes o hipotético-dedutivo e o método
analógico), privilegiarão a pesquisa em curso os métodos sociológico, histórico, analógico e
comparativo.

3.2 MÉTODO

Este projeto se caracteriza como sendo uma pesquisa de revisão bibliográfica


através da qual se pretende, de acordo com as leituras empreendidas, enfatizar as questões
referentes à (i)legalidade das normas de condomínios edilícios que proíbem a permanência e
circulação de animais domésticos. Considerando uma pesquisa somente pelo que ela produz
de resultados, não se pode entender a revisão de literatura como pesquisa. Se o problema de
pesquisa pode ser definido como incoerência, pode-se considerá-la, sim, como pesquisa, vez
que a revisão de literatura pode ser organizada para estabelecer nexos no conhecimento
existente.
Pretende-se alcançar o objetivo através da análise das fontes encontradas em obras
publicadas de especialistas sobre o tema, revistas científicas, artigos e a própria legislação
referenciadas na Constituição Federal vigente e o Código Civil Brasileiro. Este projeto
focaliza aspectos relacionados à ilegalidade e jurisprudência por meio jurídico referenciada
pelas observações feitas pelos autores pesquisados. Devido à amplitude da questão,
estabeleceu-se como objetivo a análise a questão referente à legalidade ou ilegalidade das
normas impostas por condomínios e razão da permanência de animais domésticos no edifício,
além de conceitos e considerações sobre o tema.
Portanto, baseado na visão de si mesmo e enquadrado na dinâmica de estudos
acompanhou-se a análises em sites especializados sobre obtenção de prova para apenas
auxiliar o acadêmico a fundamentar este estudo através de revisão bibliográfica. Argumenta-
se aqui a necessidade da revisão de literatura, pois concede ao projeto em questão a expertise
como condição para o crescimento da área de estudo. A pesquisa bibliográfica é, como se vê,
uma fase da revisão de literatura, assim como é fase inicial para diversos tipos de pesquisa.
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3.3 POPULAÇÃO/AMOSTRA

Este projeto consistiu em uma extensa análise a legislação pertinente ao tema. O


instrumento utilizado para registro dos dados coletados foram registros escritos de
apontamentos realizados pelo acadêmico. Esta pesquisa tem como principal interesse analisar
e descrever, por meio bibliográfico, a legalidade ou a ilegalidade do tema. Os dados serão
coletados por meio de:

A análise deve ser realizada a partir de uma triangulação entre os conceitos


abordados na revisão bibliográfica, a análise documental e a análise dos debates em sala de
aula. Após as leituras e a absorção dos conceitos, verifica-se a necessidade de informações
mais claras e detalhadas.
A partir da triangulação dos dados coletados por meio das bibliografias, além das
investigações documentais, considera-se que é possível fazer inferências mais confiáveis e
válidas sobre o tema. Neste estudo os dados foram coletados principalmente através de duas
formas: a análise documental e o cruzamento de informações.

3.4 DEVOLUTIVA

Os recursos processuais têm como ponto central de apoio o entendimento


sistemático do recurso de apelação. É um recurso interposto contra as sentenças singulares de
primeiro grau de jurisdição. Por isso, se faz importante uma releitura do recurso de apelação
frente a evolução dos institutos processuais atuais, que primam pela efetividade, cada vez
maior, do processo.
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Pretende-se, com uma devolutiva, apresentar primeiro em linhas gerais, uma breve
análise do recurso de apelação, sua definição, a classificação doutrinária, os requisitos e seus
efeitos em descompasso dos efeitos da apelação e a força do instituto da antecipação dos
efeitos da tutela (artigo 273 do CPC, com redação determinada pela Lei 8.952/94); e a
necessidade da reforma ou, enquanto essa não acontece da aplicação do artigo 520 do CPC às
ações que ensejam sentença executiva lato sensu.
Por uma devolutiva, surge a necessidade, quanto às leis, de rever interpretações
mais próximas do conceito que fundamentou sua criação, justificando sua análise. Na
Constituição Federativa do Brasil, encontram-se princípios relacionados à matéria recursal: o
duplo grau de jurisdição ou a possibilidade de reexame das decisões proferidas no Judiciário.
O princípio recursal essencial, na sistemática processual-constitucional nacional, é
o do duplo grau de jurisdição, pelo qual as decisões individuais podem e devem ser revistas,
reexaminadas por vários juízes, sempre que houver insatisfação daqueles aos quais se dirige a
decisão final (sentença), desde que exista argumentação jurídica suficiente para tal discussão.

3.5 CRONOGRAMA

ANO 2015/2016

ATIVIDADES Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Escolha do tema de
pesquisa X
Elaboração do projeto de
pesquisa X X
Revisão de literatura X X X
1º Capítulo da X X
monografia
2º Capítulo da X X
monografia
3º Capítulo da X X
monografia
Defesa em banca X

3.6 ORÇAMENTO
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No projeto é necessário constar a quadro de orçamento na qual deve estar


adequada com gastos que serão realizados com a pesquisa. Segue abaixo o quadro de
orçamento, porém este modelo pode sofrer alterações de acordo com a perspectiva do projeto:

Descrição dos valores estimados para a aquisição de materiais para o presente estudo.

MATERIAL PERMANENTE
DESCRIÇÃO DO
MATERIAL QUANTIDADE VALOR TOTAL
UNITÁRIO
Livro 03 R$ 50,00 R$ 150,00

SUBTOTAL R$ 150,00
MATERIAL DE CONSUMO
DESCRIÇÃO DO QUANTIDADE VALOR TOTAL
MATERIAL UNITÁRIO
Folhas A4 03 R$ 14,00 R$ 42,00
(Resma)
SUBTOTAL R$ 42,00
PAGAMENTOS
DESCRIÇÃO DO QUANTIDADE VALOR TOTAL
MATERIAL UNITÁRIO
Impressões 100 R$ 0,15 R$ 15,00
Encadernações 02 R$ 3,50 R$ 7,00
Xerox 60 R$ 0,15 R$ 9,00
SUBTOTAL R$ 31,00
TOTAL GERAL R$ 223,00

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Nº. 10.406/02. Institui o Código Civil. Disponível em:


<http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 18 out. 2015.

DANTAS, Francisco C. O Conflito de Vizinhança e sua Composição. Rio de Janeiro:


Editora Forense, 2002.

DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito civil brasileiro e o Projeto de Lei n. 6.960/2002 –
São Paulo: Saraiva, 2004.

FARIAS, Cristiano C. Direitos Reais. 7ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011.
17

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2006.

RODRIGUES, Silvio. Direito civil, v. 5. Direito das coisas. 27ª ed. rev. e atual. de acordo
com o novo Código Civil (Lei n. 10.406, de 10-1-2002) – São Paulo:Saraiva, 2002.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: Direitos Reais. 10ª Ed, São Paulo: Editora Atlas,
2010.
18

APÊNDICE
19

APÊNDICE – Jurisprudências sobre animais em condomínios

Decisões para utilizar como referência

Veja abaixo algumas decisões judiciais envolvendo condomínios e animais de


estimação no estado de São Paulo.

Apelação 994050492852 (3846444500)

Relator(a): Salles Rossi 


Comarca: Sorocaba  Órgão julgador: 8ª Câmara de Direito Privado 
Data do julgamento: 17/03/2010 
Data de registro: 29/03/2010 

Ementa: CONDOMÍNIO - AÇÃO DECLARATÓRIA C.C. OBRIGAÇÃO DE FAZER -


Parcial procedência - Condôminos que mantêm cachorro de pequeno porte (raça
YORKSHIRE) em sua unidade condominial - Convenção condominial que proíbe que a
manutenção de qualquer espécie de animal nas dependências do condomínio - Abusividade,
na hipótese - Inexistência de qualquer espécie de risco aos demais condôminos - Provas no
sentido de que referido animal não causa qualquer transtorno aos moradores - Entendimento
jurisprudencial que permite a permanência de animais de pequeno porte (hipótese dos autos)
nas dependências do condomínio - Ausência de risco ao sossego e segurança dos condôminos
(art. 10, III, Lei 4.591/64) - Sentença mantida - Recurso improvido. 

Apelação Com Revisão 2834034000

Relator(a): Egidio Giacoia 


Comarca: Araraquara 
Órgão julgador: 3ª Câmara de Direito Privado 
Data do julgamento: 24/11/2009 
Data de registro: 09/12/2009 

Ementa: APELAÇÃO - Condomínio - Obrigação de Fazer - Condomínio em face de


Condôminas - Proibição de Manter Animais em Área do Conjunto Residencial - Restrições e
Proibições da Convenção e/ou do Regulamento do Condomínio que devem ser amenizadas
quando confrontadas com as peculiaridades do caso concreto. Na hipótese, a manutenção de
uma gata e de um cão da raça "Poodle Toy" no Condomínio, não apresentam grau de
nocividade e agressividade do animal a ponto de justificar a pretendida proibição. Decisão
mantida. Recurso improvido. 
 
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Apelação Com Revisão 4224474100

 Relator(a): Daise Fajardo Nogueira Jacot 


Comarca: São Paulo 
Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Privado B 
Data do julgamento: 06/04/2009 
Data de registro: 12/05/2009 
Ementa: CONDOMINIO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C. INDENIZAÇÃO POR
PERDAS E DANOS MOVIDA POR CONDÔMINO CONTRA O CONDOMÍNIO E
OUTRA CONDÔMINA VISANIDO COMPELIR OS RÉUS A OBEDECER A PROIBIÇÃO
DE PERMANÊNCIA DE ANIMAL DE GRANDE PORTE NAS DEPENDÊNCIAS DO
EDIFÍCIO PREVISTA NA CONVENÇÃO. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.
APELAÇÃO. CACHORRO DA RAÇA "ROTTWEILLER". RISCO POTENCIAL. USO
NOCIVO DA PROPRIEDADE QUE NÃO PODE SER AFRONTADO POR DECISÃO DE
assembleia GERAL EXTRAORDINÁRIA. MANUTENÇÃO DO CÃO AFASTADA.
DANO MATERIAL NÃO COMPROVADO. RECURSO PROVIDO EM PARTE PARA
PROIBIR A MANUTENÇÃO DO CACHORRO NO CONDOMÍNIO, COM
DISTRIBUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS ENTRE AS
PARTES. 

Apelação Com Revisão 2385004800

Relator(a): Paulo Eduardo Razuk 


Comarca: São Paulo 
Órgão julgador: 1ª Câmara de Direito Privado 
Data do julgamento: 02/06/2009 
Data de registro: 24/06/2009 

Ementa: COMINATÓRIA - Condomínio - Aplicação de cláusula do Regimento Interno que


veda a manutenção de quaisquer animais nos apartamentos - Quando se trata de animais
domésticos não prejudiciais, não se justifica a proibição constante do regulamento ou da
convenção de condomínio, que não podem, nem devem, contrariar a tendência inata no
homem de domesticar alguns animais e de com eles conviver - Na hipótese, se trata de
cachorro de porte médio, cujo temperamento bravio e eventual ataque foram desmentidos pela
prova oral realizada nos autos - Apelada que padece de doença mental, sendo que o convívio
com o animal de estimação contribui para seu bem-estar - Nesses casos, a invocação da norma
proibitiva constituiria injustificável apego ao formahsmo (summum jus summa iniuna) -
Precedentes - Sentença mantida - Recurso improvido. 

Apelação Cível 4757174700

Relator(a): Francisco Loureiro 


Comarca: Sorocaba 
Órgão julgador: 4ª Câmara de Direito Privado 
Data do julgamento: 19/03/2009 
Data de registro: 24/04/2009 
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Ementa: AÇÃO DECLARATÓRIA CUMULADA COM ANULATÓRIA - Condomínio


edilício - Cláusula na convenção condominial que proíbe a posse de animais no interior das
unidades autônomas - Art. 1.335 do CC estabelece ser direito dos condôminos usar e fruir de
suas unidades individuais - Paralelo com o direito de propriedade do art. 1.228 - Restrição às
faculdades dos proprietários em convenção condominial somente se justifica quando objetivar
a defesa dos interesses dos demais condôminos, dispostos no artigo 1.336 do Código - Efeito
da cláusula - Ônus do condômino de comprovar que a posse do semovente não repercute em
quaisquer lesões aos interesses de terceiros - Prova dos autos demonstram que o cachorro não
late, nem incomoda os demais moradores - Animal de pequeno porte - Ação proposta para
declarar o direito de possuir o imóvel e anular as multas cobradas por sua presença no imóvel
da autora - Sentença procedente - Recurso improvido. 

Apelação Com Revisão 4153524100

Relator(a): Ribeiro da Silva 


Comarca: São Paulo 
Órgão julgador: 8ª Câmara de Direito Privado 
Data do julgamento: 18/02/2009 
Data de registro: 12/03/2009 

Ementa: Apelação - ação de obrigação de fazer, com preceito cominatóno e tutela antecipada -
Improcedência - Inconformismo - Cabimento - jurisprudência que é clara quanto ao cão
bravio - Espécie que oferece risco aos demais moradores - Prevalência da segurança e sossego
dos condôminos - Não comprovou ter entrado com ação ordinária de despejo contra seu
inquilino por infração contratual e legal - contrato é expresso no cumprimento do
Regulamento do Condomínio, que proíbe cães nos apartamentos - Simples notificação que
não a isenta de qualquer multa - Apelada que é parte legítima responsável pelo infrator e
responde pelos seus atos - procedência da ação - cabimento da multa de R$1.500,00, bem
como das astreintes de R$500,00 por dia pelo descumprimento da tutela antecipada concedida
nesta ação, até a efetiva retirada do animal e do inquilino infrator - Recurso provido -

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