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O livro guia

dos planos
amorosos

Por Mayra Mota

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Breves Palavras

Esse livro foi inspirado em histórias reais de


acontecimentos na minha época de escola. Claro, eu
aumentei e diminui algumas coisas. Pode-se dizer
que o livro é uma homenagem para as histórias
românticas que não importa onde ou quando, sempre
são bonitas. Minha inspiração veio de amigos
próximos e experiências minhas. Os nomes são
puramente fictícios para preservação da identidade
deles. Espero que gostem e quero que saibam que,
em cada letra, palavra e página, tem um pouco da
minha devoção e sentimentos bons em relação à
todos os envolvidos. A nostalgia de lembrar velhos
tempos é sempre boa. Aproveitem.

SUMÁRIO
2
Breves
palavras...........................................................2
O lugar dos primeiros amores [Capítulo
1]................3
Já te contei essa história? [Capítulo
2].......................7
O Festival do dia dos namorados [Capítulo
3].........24
Lindsey e David [Capítulo
4].....................................28
Reencontros inesperados, despedida indesejada
[Capítulo
5]...............................................................35
O Festival do dia dos namorados Part. 2
[Final]......43
Inconstância, a paixão instantânea [Capítulo
6]......50
Amizade em vez de paixão [Capítulo
7]...................53
A fotografia da flor rosa [Capítulo
8].......................58
3
Porque você apareceu justo agora? [Capítulo 9]....66
Nem todo final é feliz [Capítulo
10].........................71

O lugar dos primeiros


amores

Capítulo 1

“Ás vezes duvidamos da capacidade infinita do


amor, talvez porque em alguns casos não acontece
como queremos. Mas é isso que o deixa ainda mais
misterioso e belo, saber que existe algo nada
simples que só se mostram quando o tempo se vai,
assim como uma corda amontoada que só se solta
depois de todas as voltas que dá. Temos apenas que
amar sem olhar à quem, afinal, todo mundo
precisa de amor.”

-“O que você está fazendo, Amy?”, perguntou Lucy


que estava naquele dia sentada ao meu lado. Uma
sensação de calor invadia a sala naquelas horas de

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intervalo na escola, alunos correndo, conversando e
as horas se passando. -"Ah nada não, vamos
encontrar com a Lindsey?” respondi quase que
imediatamente, não queria que Lucy lesse meus
devaneios que estavam a ser escritos. Fomos
encontrar Lindsey que estava conversando com seus
muitos amigos em uma mesa da cantina, ela era uma
menina popular sem dúvidas. Eu e Lucy queríamos
nos aproximar, mas a timidez das duas impedia
como um muro que impede prisioneiros de sair.
Esperamos até que algum sinal de interrupção da
conversa aparecesse, quase dando o horário de
encerramento do recreio. -"Ahh pensamos que ia
conversar aqui até as aulas começarem” exclamei
cansada de bisbilhotar atrás da árvore seca que só
um milagre faria a direção da escola derrubá-la. -"E
porque não vieram logo? Eu só estava com alguns
amigos aqui, vocês podiam se enturmar aqui”
-"Podia ser mas somos tímidas demais... Eu digo
por mim, queria ter muitos amigos como você mas
sou insegura demais” murmurou Lucy que se sentou
na cadeira em frente a mim. -"Pode até ser, Lucy,
mas se você se enturmasse um pouco, você teria
muitos amigos já que é uma ótima pessoa e a mais
fofinha que já vi, eles vão com certeza te adorar".
Lucy era bastante tímida, mas como em todas as
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coisas, há sempre um motivo. Muitos anos atrás
Lucy era cercada por amigos legais como
adolescentes normais, eles conversavam bastante e
se divertiam uns com os outros. Porém alguma coisa
tinha acontecido que até então era desconhecida, “O
que tinha acontecido?”.
Ahh~ O ensino médio, é como um grande ritual de
passagem, onde jovens passam pelos seus medos de
forma agressiva, recebe a pressão de todos os
lugares sobre seu futuro, as provas... Alguns podem
dizer que é o próprio inferno juvenil, mas nem tudo
é ruim, é ali que os primeiros amores surgem, ou os
segundos, terceiros e por ai vai. Fazemos muitos
amigos e superamos muitas coisas. Dizer de forma
extremista que a escola é ruim ou que só se ganha
nota pode não ser a melhor ideia, nem tudo na vida é
ruim. A escola é o lugar dos primeiros amores.

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Já te contei essa história?

Capítulo 2

-"Amy, eu já te contei que uma vez eu gostei muito


de um garoto?” ouvindo isso por um instante parei,
será mesmo que estou prestes à ouvir uma história
de amor? Histórias de amor, romances daqueles que
tiram o fôlego sempre foram minha paixão, usava
eles como um refúgio para passar por esse mundo
sem perder a esperança na humanidade. Queria
muito ouvi-la, Lucy não costumava falar de seus
casos amorosos até então. -"Senta aqui e me conta
sem deixar detalhes fora, viu?”
-"Eu estava indo no banheiro da escola, muito
apertada por sinal, meus amigos estavam me
esperando para merendar então precisava ser
rápida. Foi quando vi o corredor do banheiro vazio,
achei estranho mas não liguei muito. O vento estava
ótimo para um dia na escola, nem muito quente nem
muito frio mas de repente, um vento vindo do outro
corredor invade de surpresa o local, um vento de
refresco. Eu olho pra frente tirando os cabelos do

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meu rosto e vejo de relance alguém, um movimento
quase involuntário me faz olhar diretamente a
pessoa. E então foi que meu coração começou a
bater mas rápido, minhas mãos suaram, e como nos
filmes, meu estômago parece que tinha mil
borboletas voando apressadamente. Podia ser
gases? Podia mas prefiro dizer que foi... enfim... Ele
estava de costas e eu...” hesitei um pouco e fiz uma
careta, interrompendo ela disse -"Você se apaixonou
pelas costas dele?! Isso é novo para mim olha
haha!”
-"Parece que sim né, mas deixa eu continuar, depois
que vi ele, não consegui tirar ele da minha cabeça,
mesmo não vendo o rosto dele, parecia que já o
conhecia há anos...” Lucy me contando era
interessante, sentia que precisa prestar atenção em
todos os detalhes, inédito -"Amy e Lucy , vamos
parar com a conversa, por favor?” A professora
Giovana não deixava nada passar quando o assunto
era conversar em aula, parecia um radar anti
conversas paralelas. Murmuramos mas sabíamos que
nós éramos as erradas então cuidamos de quietar e
assistir a aula, a história tinha que esperar.
Passando-se as horas, chega a hora mais esperada
pelos alunos menos espirituosos. -"A campainha já

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soou, vamos pra casa meninas?”, disse Catarina.
Catarina era uma colega minha próxima, uma pessoa
difícil de lidar, rodada por lendas e amores. -"Eu
ainda vou ter que ficar para ajeitar algumas coisas
sobre o clube com a Adriela, foi mal" -"Ahh tem
problema não, eu fico contigo!” -"Não, tá tudo bem,
eu vou mais tarde pode ir" Catarina era sem duvida
uma baita duma grudenta mas fazer o que, não é?
Uns minutos mais tarde depois da saída apressada de
Catarina vejo de longe Lucy e Lindsey tomando
água no bebedouro, vou atrás delas e falar que não
vou poder acompanhá-las. -" Aí meninas! Podem ir
na frente, vou só mais tarde, tenho assuntos com a
Adriela no clube” , Elas consentiram,
compreendiam que eu tinha assuntos para resolver e
então antes de as duas irem, Lucy diz: “Amanhã
continuamos a história, Amy!” , Lindsey faz uma
cara estranha e pergunta: -"Que história? Vocês
estão me excluindo? Beleza, pode deixar” ela
claramente ficou chateada então Lucy e eu cuidamos
de explicar, Lindsey entendeu e foi logo se
mostrando interessada na história, compartilhávamos
o mesmo interesse pelas histórias românticas
alheias.
Passado a noite, que por sinal se mostrou chuvosa e
uma sensação de frio fazia o sono ainda melhor, a
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hora de entrada na escola parecia a entrada de um
formigueiro, cheio de alunos quase mortos-vivos
temendo por sua sanidade em mais um dia quase
nada glorioso na escola. De repente, alguém me
surpreende com a seguinte notícia: “novato na sala
6” e logo me animo, não é todo dia que chega gente
nova na escola e como uma boa amante que sou,
rezei para que fosse “gato” e “cabeludin" como eu e
minhas amigas gostamos de chamar os caras que
estão em nossas preferências. Fui para a minha sala
ver o burburinho que com certeza estava tendo na
sala e para minha surpresa o menino era sim o que
eu esperava, as suas madeixas grandes e raspadas
nas laterais, algo como um lenhador mais ou menos.
Bem, isso até então não me chamou tanta atenção,
não mais do que a minha curiosidade da continuação
da história de Lucy e tratei de correr atrás das
meninas.
Elas estavam sentadas no mesmo lugar em que nos
sentamos todo dia, em uma mesa na cantina, ela
parecia que tinha nosso nome nelas, sempre
sentamos nela e todos sabiam. Eu cheguei, como
dizem, cheguei pegando o bonde andando. Lucy já
tinha contado até uma certa parte da história para
Lindsey, uma forma de ela estar à par de tudo. – “Eu
já estava em uma fase em que eu não conseguia
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mais acordar sem pensar nele e foi então que tomei
coragem de onde não tinha e...” –“Não creio, você
se declarou para ele? E o que ele respondeu?” –“
Na verdade eu não me declarei mas pedi ajuda para
os amigos deles que eram meus amigos, eles até
falaram com ele e tudo mas dava em nada" –“ Ahh
Que chato! E o que você fez?” –“ Ahh nada oras,
não sabia o que fazer nessas horas e foi então que
decidi eu mesma ir lá e me declarar!” –“ Até que
enfim né, quando é amor de verdade temos que se
declarar e...” Parei com a minha fala e percebi o
olhar da Lucy, sua expressão parecia algo como
“Ok, para, eu já sei que não era amor de verdade" e
então perguntei: “E ele, Lucy? O que aconteceu?”
–“ Bem... Nós até que namoramos e tudo mais... Só
que para ele, era só um namorico, uma “ficada".
Depois ele ficou distante e até que ele terminou
comigo...”. Eu e Lindsey nos olhamos e
perguntamos: “Qual o nome dele?” E ela
respondeu: “Jonathan"...
“O que fazer quando você depois de anos não tira
aquela pessoa da sua mente?”

-"Eu não sei porque ele ficou daquele jeito, ele


parecia realmente gostar de mim ou pelo menos
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sabia interpretar bem alguém apaixonado... Enfim,
depois da viagem dele, eu nunca mais tive notícias e
eu estou tentado parar de pensar nele e focar em
outros caras...” -"Fez bem, Lucy, se ele não te deu
valor, fez bem em decidir esquecê-lo" exclamou
Lindsey que ouvia atentamente. Naquele momento
eu fiquei quieta e não disferi palavra sequer,
precisava pensar e na minha mente algo estava
faltando... –“Não vai dizer nada, Amy?” -"Hã?
Que? Ah nada, só pensando aqui, porque ele ficou
assim? Você não sabe o motivo?” -"Na verdade
não... E ele precisa de um motivo? Sabe, talvez ele
não gostasse de mim de verdade” -"Pode até ser
mas eu preciso de mais informações. Você sabia que
existe uma lenda chamada “As palavras jogadas ao
vento”?” -"Amy e suas lendas, vai conta, aí"

As palavras jogadas ao vento (Autoral)

“Existia uma moça cujo nome era Judith, ela era


uma moça que falava pelos cotovelos, uma conversa
longa era garantida com ela. Um dia ela passeando
pelo bosque acha um rapaz muito belo chamado

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Felício, loiro com olhos azuis e sem dúvidas muito
desejado e como todas as garotas, Judith o olha e se
apaixona. Ela tinha medo de não ser suficiente para
ele, coisas de garotas jovens que se sentem
inseguras. E então ela tenta se aproximar dele e
consegue, ele disfere um sorriso e ela suspira de
amores. Todo dia ela chegava de sua caminhada e
se encontrava com ele, vivia falando como sempre
fazia e os dois conversavam sobre várias coisas,
cada vez se apaixonando mais e mais. Cada dia que
passava era algo diferente que eles falavam e
tagarela sempre Judith se fazia. Um dia ela soube
que ele era rico, que sua mãe havia morrido e que
seu pai tinha um cavalo branco. Judith era diferente
de todas as meninas, ela vivia falando e era
sorridente sempre. Naquele tempo as moças para
serem bem vistas tinham que ser recatadas, sem rir
muito alto ou falar demais... Outra garota que não
tirava os olhos de Felício era Gera, uma moça
arrogante que só pensava nela mesma. Gera
realmente gostava de Felício mas este não lhe dava
atenção desde que conheceu Judith. Mais um dia se
passa e Judith se apressa logo para ir até o bosque
para ver Felício. Chegando lá ela não o encontra e
depois de muito esperar, ela vai embora e no
caminho encontra Gera que a chama para um chá e
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Judith inocente foi, como Gera tinha um gênio
malicioso coloca uma poção no chá de Judith que
ao tomar não consegue mas falar uma palavra
sequer. Gera ri em felicidade por sua vitória quase
completa. Ela tramou um plano que parecia não ter
erro. Pediu à seu irmão Jeremy para ir até Judith
no mesmo momento em que Gera viesse com Felício
para um passeio e depois de um tempo implorando
para ele, Felício aceita já que não havia encontrado
Judith. Quando os dois passam, no momento exato
em que Jeremy ouviu o sinal de Gera, ele beija
Judith e então Felício vê a cena e não consegue
acreditar. Ele sai correndo em direção a sua casa e
pensa muito, Judith disfere um tapa em Jeremy e vai
em busca de seu amado. Ela o encontra mas a única
coisa que conseguia sair de sua boca eram ruídos
inaudíveis, Felício não entende e fala “Você é tão
tagarela, mas para se explicar não consegue falar
nada?” e então Judith chora. Notícias novas! Um
novo casamento está para surgir, mas é entre
Felício e Gera, e no dia do casamento, Judith não
aguenta e fica com uma febre que custava passar,
sua doença chega aos ouvidos de Felício e este se vê
culpado, mas Gera faz a cabeça dele e a raiva de
ser traído fala mais alto. Judith foge de casa e vai
para a montanha mais alta que pode encontrar, ela
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se achega no pico e com seu coração doendo de
tristeza, se joga e antes que ela tivesse chegado ao
chão, sai algo de seus lábios. Antes que Felício
dissesse “sim" correu para longe deixando Gera se
queimando em raiva. Felício foi para a parte do
bosque e lá chorou como uma criança, ele ouviu o
que Judith falou. “Eu te amo, Felício”
-"Nossa! Que história mais bonita, e triste ao
mesmo tempo!” -"Sim... E você pode me dizer o que
entendeu dessa história?” -“Que tomar chá de
alguma menina estranha pode dar ruim? Haha!”
Brincou, Lindsey –“Haha! Isso também mas há
outra coisa que quero que entenda, Judith perdeu
alguém que ela amava muito por qual motivo?”
–“Por não ter conseguido falar o que tinha
acontecido...” –“Exatamente , consegue entender o
que quero dizer? Às vezes, uma palavra colocada
errada ou até não dita pode ocasionar tudo isso”
-"Entendi, mais ou menos".
Depois de conversar bastante, acho que essa história
ainda tem coisas mal resolvidas.
Sempre que lia romances policiais, via algo em
comum que era o fato de sempre fazerem
“flashbacks" com lembranças do casal, algo
explicando como tudo ficou naquela situação e
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talvez se fizéssemos aquilo podia ser de ajuda.
-"Lucy me diz ai! Tinha alguma menina que vivia
grudada nele? Melhor amiga, talvez?” -"Ele falava
com várias mas ter melhor amiga não... Ele tinha
melhores amigos, você sabe quem são, o TJ e o
Arnold, viviam grudados". E então fui correndo
saber de algo. Pelo que entendi, eles sabiam de
coisas interessantes, que eles também não entendiam
o que havia acontecido com eles mas tinham uma
ideia, havia outro na jogada, um grupinho de amigos
de outra sala de Jonathan fizeram a cabeça dele. O
quase líder se chamava Rodolfo, ele secretamente
gostava de Lucy porém só se soube um tempo
depois.
O grupo, a mando de Rodolfo, falavam coisas
erradas de Lucy, que ela era uma biscate, ficava com
todos e só estava com ele por diversão e ela iria
humilhar ele assim como, mentirosamente, os outros
foram. Comecei a entender que assim como na
lenda, o principal erro foi a falta de comunicação,
Lucy não perguntou o que estava acontecendo como
ele ou pelo menos não teve forças para ir atrás e dele
por não tirar satisfação com ela.
E o final da história se repete, é tarde demais...

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“Ou será que não?”...

-"Lindsey? Oi amiga, tô ligando porque tive uma


ideia. E se juntássemos Lucy e Jonathan?”
-"Que?! Mas isso pode dar certo? Ela não estava
tentando esquecer ele?”
-"Eu descobri o porque de todo esse escarcéu! Ele
foi enganado, um tal de Rodolfo queria afastar
Jonathan da Lucy para assim, ficar com ela”
-"Que!!!?? Mano, que isso hein! Se for assim conta
comigo, oras"
-"Ok, Vamos amanhã na escola falar com ela e
começar”

Chegando na escola, encontro Lucy pensativa.


-"Ainda está pensando no que descobri ontem? Fica
assim não, vamos resolver isso" -"Ahh não sei não,
como eu pude ser tão... Ahh" -"Como eu te disse, o
problema foi a comunicação, como você ia saber...
E mais, vamos até a Lindsey que temos algo para
conversar, hein”
Expliquei todo o meu plano para ela, e assim que
terminei ela exclama: “Que?! Como assim? Vocês
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tem certeza, eu não o vejo a muito tempo, para que
isso?” -"Minha cara Lucy, está escrito em sua testa
‘Eu ainda amo esse cara" e queremos te ajudar,
quem sabe ele ainda gosta de você? Tem certeza
que vai deixar ele sumir da sua vida assim?” Ela
olhou para o chão e pensou bastante, talvez ela
tivesse pensando que realmente, quem sabe...

-“Lindsey, vamos rever o plano, eu escrevi tudo aqui


nesse livrinho, olha só!” -"Nossa, véi! Tá legal”

Eu tinha colocado naquele livrinho algumas coisas


que já sabíamos e como conseguir o resto. Pedi o
número dele para outra garota, amiga de Lucy. Falei
com ele e enquanto isso, Lindsey estava a procura
do tal Rodolfo. Mandei mensagens do tipo: “Oi,
tudo bem? Sou uma amiga de uma amiga sua do
passado, podemos conversar um pouco?

-"Ah sim, mas nem sei quem você é moça. Mas pode
me dizer quem é essa amiga?”

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-“Você já vai descobrir. Enfim, você pode me dizer
o que sabe de um tal de Rodolfo? Um amigo seu e
tal"
-"Ah sim, acho que já entendi. Ele era o meu melhor
amigo, algumas coisas aconteceram e nos
distanciamos, na época da escola ele e eu não
desgrudávamos.”
-"E você na época tinha uma namorada, certo?”
-"Espera aí, como ficou sabendo da Lucy. Ah já sei,
você veio aqui porque ela pediu, certo?”
-"Na verdade, ela me contou que namorou você, e
que do nada ficou estranho com ela e eu queria
saber o porquê. Você sabia que Rodolfo gostava
dela?”
-"Ele era meu amigo, as pessoas falavam que
gostava mas eu acreditei nele, que dizia que não e
tudo mais"
-"Todos os seus amigos falavam que ele gostava,
isso não era um pouco suspeito? Fiquei sabendo
que depois que vocês terminaram ele foi atrás dela
mas ela ainda gostava muito de você”
-"O que? Para de falar mentiras! Rodolfo nunca
faria isso”

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-"E se eu te mostrasse, ou melhor, provasse que ele
fez mesmo isso, você acreditaria?”
-"Pode apostar que sim”
-"Nos falamos mais tarde, tchau"

Depois que vi que a amizade entre Jonathan e


Rodolfo era forte demais, percebi que deveria
mostrar mais do que palavras contra Rodolfo para
Jonathan, e sim provas de que Rodolfo agiu
falsamente com Jonathan...

-"Oi, me chamo Lindsey! Sou uma amiga de seus


amigos. Queria saber de umas coisas suas”
-"Fala aí, gata! O que você quiser eu digo...”
-É verdade que você fez com que o Jonathan
terminasse com Lucy porque você era afim dela?”
-"O que?! Quem te falou isso?”
-"Me responde, por favor"
-"Ah como eu não tenho nada a perder, vou falar
logo, aquele idiota do Jonathan não percebia a gata
que tinha do lado dele, tudo que eu dizia ele
acreditava e pra deixar tudo ainda mais
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convincente, mandei a rapaziada falar que ela
pegava geral, tá ligado? E ai foi só ele terminar
com ela pra mim chegar nela"
-"E ela te deu mole?”
-"Que? Tá de sacanagem? Aquela menina só
pensava nele, dois bobocas. Eu queria ela, mas
como ela não me deu mole, eu fui atrás de outra"
-“Tá beleza, obrigada por falar isso tudo"
-“ Não há de que, gata, vamos sair um dia desse...”
-“Obrigada, mas eu não estou interessada”

“E a lenda se repete, será que Jonathan vai ouvir


Lucy cair do penhasco ou foi tarde demais...?”

Depois que Lindsey me contou tudo, fiquei


indignada e chocada, será que Lucy poderia rever
Jonathan de novo? Ou realmente está tudo acabado?.

-"Ah que prints são esses, garota?”


-"Uma amiga minha falou com o seu amigão, ele
disse tudo e mais um pouco...”

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-"Que traíra, acho que fui muito injusto com a
Lucy...”
-"Que bom que percebe isso, vou te mandar o
número dela, talvez você consiga explicar tudo...”

Eu consegui, com a ajuda da Lindsey, solucionar


esse mistério. Dias depois fui surpreendida, Lucy me
disse que encontrou o Jonathan algumas vezes na
rua e outras em encontros que eles planejaram. O
Jonathan que ela amava, parecia não ser esse.
Parecia estranho para mim também, mas para ela
ficou confuso, confuso mesmo. Fiquei sabendo
também que ele ignorava ela, que ele ficava com
outras garota. Isso tudo só serviu para ela ficar mais
confusa. Às vezes eu me sinto culpada em ter
ajudado ela, mas então eu me acalmo sabendo que
tirei dúvidas dela. Quando é para ser, acontece.

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O Festival do dia dos
namorados

Capítulo 3 [Part.1]

-“Sabe, Lindsey, fiquei pensando no que fizemos, a


gente podia sair ajudando todo mundo com casos
assim , não é?” -"Sei não, isso não é invasão de
privacidade? As pessoas podem não gostar e além
disso, fizemos tudo isso só porque era a Lucy, e com
o consentimento dela, sua ideia é boa, mas temos
que pensar melhor, sabe?” -"Realmente, vamos
seguir só ajudando quem quer. Não quero ser
processada por invasão de privacidade haha!”

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Depois que tudo aconteceu, Lucy voltou a ser mais
sociável. Tudo aquilo, das pessoas falando por trás
dela e o Jonathan, fez com que ela ficasse mais na
dela e tudo mais. A vida escolar estava cada vez
mais puxada. Provas quase toda semana, tarefas e
isso tudo ainda no primeiro ano.
Foi então que soubemos da professora Loren que
iriamos ter uma surpresa. -"Alunos! Silêncio! Vou
anunciar a surpresa que havia mencionado para
vocês semana passada!” -"O que será? Talvez seja
uma excursão no teatro?” exclamei, pensando ser
algo grande -"Que nada! Deve ser pizza e
refrigerante na merenda!”, falou Lucy já pensando
nos pedaços que ia comer. –“Será um festival, em
comemoração ao dia dos namorados. Não será algo
grande, é apenas para os alunos descansarem um
pouco depois de todas essas tarefas e provas, a
direção me autorizou essa tarefa. E pensei já em
tudo!”. Um festiva comemorando o dia dos
namorados? Não é normal, mas pareceu divertido e
sempre fui muito ligada em fazer meu melhor em
cada festival que a escola nos proporciona.
-“Vai funcionar assim: teremos barracas, um jurado
do rei e da rainha mais bonitos e apaixonados, além
de um microfone para recitar cartas de amor dos

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apaixonados e enfim, toda a escola vai
participar !”. Fiquei em choque, essa era minha
chance de fazer o que sei fazer de melhor! Unir
casais! -"Ahh não, já sei o que quer dizer essa cara!
Você vai montar uma barraca que ajuda casais não
é?”, murmurou Monique, outra amiga nossa, não tão
próxima, mas que não deixava de participar das
nossas palhaçadas e que há uns tempos antes havia
sido conquistada pelo Cauê, outro amigo nosso que
foi novato. Assim que ele viu a Monique, senti no
olhar dele o interesse e tratei logo de dar uma
mãozinha, claro que só a química dos dois era
suficiente, mas às vezes é bom ajudar. –“ É isso aí!
Vou fazer isto que adivinhou, vai ser um estouro!”.
-"Nós temos duas semanas para aprontar tudo isso!
Se apressem!” exclamou a professora em toda a sua
gloriosa ansiedade.
Todos estavam naquela pressa de terminar tudo a
tempo e as provas dos professores menos
espirituosos acabavam por competir com o festival a
nossa concentração e devoção. Na primeira semana
alguns alunos estavam passando para receber nomes
de inscritos no concurso do rei e rainha da paixão,
nada que tivesse minha atenção. Focada na produção
da barraca recebi ajuda das amigas. –“Você pode
pegar a fita para mim por favor?”, perguntou Lucy
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para Lindsey. -"Meninas, está quase pronto, ficou
muito bonito, acho que vai chamar atenção tudo
isso" -"Assim esperamos. Ahh conseguiu o caderno
para anotações, Amy?” -"Vou anotar naquele
caderninho" -"Naquele dos planos da Lucy?”
-"Esse mesmo! Resolvi tirar tudo que for útil e
colocar no caderno, quem sabe teremos outras
oportunidades de colocar a banca, haha!” -"Nem
morta que eu uso esses vestidinhos rosas com
asinhas de anjo, aff!”, todas riram com a piada da
Lindsey.

“Ajudar outras pessoas em seus problemas, talvez


seja um refúgio de seus próprios problemas.
Ajudar aqueles que podem ser ajudados, já que
para você só sobrou o problema mal resolvido...”

26
Lindsey e David

Capítulo 4

Lindsey estava falando com alguns garotos, eu adoro


ver ela falando com eles e depois sai andando, o
mais engraçado é ver a cara de bobões deles,
olhando para ela toda bonita. É inegável que ela
causa muita coisa nos garotos. Ela, por sua vez, não
dá muita bola, ela era romântica, um espírito livre.
Lindsey de vez em quando conseguia um crush, não
na mesma frequência ou rapidez que eu, mas no seu
tempo. Houve o Guilherme, nessa vez nós duas
gostamos dele, mas nunca brigamos por qualquer
menino que seja, nossa amizade era mais importante,
nenhuma ficou com ele, eu deixei ela seguir com ele,
mas ela preferiu sair de vez, e nós continuávamos
amigas. Teve também o Bernardo, chamávamos ele
de “Garoto Rap", um apelido que sempre ríamos ao
falar, era porque se me lembro bem que ele gostava
do gênero de música “Rap", assim como a Lindsey.

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E teve o David, o carinha que mexeu com alguma
coisa naquela cabeça piradinha da Lindsey.
Muita coisa tinha acontecido, conhecemos também
alguém por quem compartilharíamos uma antipatia ,
por nome Ashley, menina sonsa e falsa não havia.
-"Oi amigas, que tal fazermos o trabalho de Física
juntas?” –“ Não, obrigada, faremos Amy, Lucy e
eu" – “Se vocês insistem...” . Ashley saiu depois do
fora que demos nela e foi fazer com outras garotas
do final da sala. – “Ahh que menina mais
irritante...” -Sim... eu que diga, falsa...”
Mas claro, havia um motivo para não gostarmos
dela. Um dia, Lindsey estava passeando pelos
corredores e conhece ninguém menos que David, um
rapaz sorridente, cheio de amigos, amigos esses que
apresentaram ele para a Lindsey. Eles se falavam de
vez em quando nos corredores e com o passar do
tempo Lindsey e David começaram a ser mais que
amigos. Sim, eles estavam de “ficância".
- “Então quer dizer que a senhorita está apaixonada
por um tal de David e ainda não falou para suas
amigas, é? – “Eu falei sim dele, vocês que não
ouviram!” – “Haha! Mas tem graça olha, você só
falou que vocês eram amigos e que estavam se
falando, nada de algo sério. Aliás, isso é bem sua
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cara né? Mistério...”. – “Haha, verdade, mano. Mas
então já que você e Lucy sabem, não preciso dizer
mais nada” – “Vai bem pensando, pode sentar e
contar tudo amada! Lucy! Vem aqui!”
Apesar dessa história naquela época ser mais secreta
que idade da minha tia, ela acabou por parar nos
ouvidos de Ashley. David e Lindsey passaram vários
dias se falando, os 15 minutos inteiros da merenda.
Eu e Lucy sabíamos que Lindsey não era assim,
parecia ser amor mesmo cara. E então, ele tomou a
iniciativa, sim senhores, ele pediu ela em namoro e
sua resposta não dia causar mais espanto.
- “Que? Ele te pediu em namoro e você disse o
que?” – “Uê, nada, eu deixei ele no vácuo, não
sabia o que responder, então até agora ele está
esperando uma resposta e... – “Amada? Para que
isso tudo? Você não gosta dele? Então cai dentro !”
exclamei, assustada, até porque nas histórias que li,
o casal sempre acaba em namoro. Foi então que
Lucy apareceu e depois de ter ouvido a resposta da
Lindsey, teve a mesma reação que eu. – “Mas você
não gosta dele? Isso é demais para mim, e eu
achando aqui que era a complicada haha!” – “Que
isso, se acalmem, eu só ainda não falei com ele,

29
prometo que vou falar com ele assim que tiver uma
resposta"
Porém, essa resposta nunca saiu da boca dela, e
víamos quando ele terminava de falar com ela,
saindo contrariado.

“O amor não pode esperar, se você não gosta,


deixa e se gosta, vai cara! Pode ser complicado
mas é melhor que deixar ir"

- “Lindsey, precisamos conversar...”


- “Oi, David, o que tá pegando?”
- “Você sabe que eu gosto de você, certo?”
- “Não sei não, mano"
- “Bem... Eu tinha te falado várias vezes, você acha
que eu tô brincando? Eu gosto de ti e eu preciso de
uma resposta...”
- “Que resposta, véi?”
- “Se você quer namorar comigo, ou não?
- “Cara, sei lá! Eu não sei. Eu te falo amanhã na
escola...”

30
- "Ahh, tô cansado de ouvir isso, fui, me esquece,
Lindsey"

- “Que mensagens são essas, Lindsey?”. Eu li as


mensagens que ela me mostrou na manhã seguinte,
me espantei de ver ele assim, David parecia ser
calmo. Talvez ela tivesse mexido com ele demais...
– “Você acha que ele tá muito chateado? Ou que
talvez passe...?” – “E porque não fala com ele e
descobre? Eu não sei o que se passa na cabeça dele
agora”.

Chegando lá, ela descobre que tinha mais alguém de


olho nele, uma menininha chamada Ashley. Estavam
abraçados, talvez Ashley estivesse dando uma de
“ombro amigo" para David. Lindsey saiu fingindo
não ter visto nada, mas claramente isso não foi legal.
– “Amy? Acho que David não gosta mais de mim e
ontem eu tentei mandar mensagem, ele não me
respondeu. Eu vi ele com a falsa da Ashley...” –
“Que? Mas eles não eram amigos e tal? Você
mandou mensagem? Bom, talvez ele ainda esteja
chateado e...”, por um minuto pensei, já que ela não
conseguia falar com ele, eu ia ajudar... – “Que cara é
essa, Amy? Quero saber se você tem uma ideia de
31
me ajudar” – “Pode apostar que tenho, só preciso
achar o meu... Ahá! Aqui está, meu livro guia de
casos amorosos!” – “Que? Casos amorosos? De
onde você tira essas ideias, hein?”
No livro eu tinha criado um pequeno plano, se desse
tudo certo, eles poderiam se entender de vez. Nele
haviam várias etapas, a primeira era eu indo falar
com ele, a segunda era desmascarar a Ashley, a
terceira e última era os dois conversando sobre como
aquilo foi engraçado e dando o beijo de
misericórdia. Porém, o plano não poderia ter dado
mais errado... No dia em que fomos aplicar ele,
Ashley já estava namorando com ele e fez questão
de jogar na cara da Lindsey. Sempre me perguntei
porque ela queria tanto se parecer uma patricinha
nojenta como no filme das “Meninas Malvadas".
Enfim, talvez fosse tudo inveja ou despeito, o que
sei é que Lindsey nunca mais fez questão de falar
com ele. Ela continuou sua vida como se nada
tivesse acontecido, é assustador como ela esqueceu
ele assim.
Ela até fez outros paqueras depois do David, o
Fabrício, Daniel, e até o Travor. Travor era especial,
até porque ele foi o primeiro garoto que eu gostei...

32
“Você esqueceria de alguém por uma amizade
forte por alguém? Ou mesmo preferisse a
felicidade de seu amigo ao invés da sua?”

Reencontros inesperados,
despedidas indesejadas

Capítulo 5

33
- “Sentem-se, alunos! Trago-lhes boas notícias,
teremos um aluno novo” – “Uau, essa escola está
sendo bastante requisitada! Espero que seja um
garoto, bonito e que seja...” – “Cabeludin?”,
continuou Lucy, com um sorriso malicioso, nós
compartilhávamos do mesmo gosto para garotos.
-"Esse aqui é Travor, seu novo colega”. Naquele
momento eu parei, travei como uma máquina velha
quebrada. Não pode ser, ele de novo? –“Pode se
apresentar, Travor!”. Como isso é possível? Eu não
vejo ele há anos... – “Aconteceu alguma coisa,
Amy?”, perguntou Lindsey, naquele momento.
-"Na verdade aconteceu sim, esse novato... Eu já
conhecia ele...” – “O que? Como assim? Me conta
isso direito"
“Um amor que perdura por anos, 4 para ser mais
exata...”

- “Eu conheci ele no 7° ano do fundamental. Ele era


muito fofinho, sempre sorrindo feliz. Eu era
ranzinza, só pensava em estudos, sem amigos ou
coisas legais para fazer. Sempre que olhava ele,
34
sentia algo diferente, eu não sabia o que era, só
sabia que era com ele. Mas Travor não parecia ser
do tipo que gostasse de meninas como eu, feia e
estranha. Bem, nos primeiros momentos foi fácil, eu
agia normalmente e tudo mais, o ruim foi quando
aquele sentimento por ele foi crescendo, esse
sentimento aflorou quando trocamos músicas.
Travor e eu estávamos sentados na porta da sala, só
nós dois, mexendo no celular ele olha para mim e
pergunta: “Você não tem alguma música legal aí
para me passar?”, eu fiquei em pânico, não sabia
que música que ele gostava e então falei: “Não sei
de que tipo de música você gosta, mas posso te
mandar a que eu mais gosto, pode ser?”. Depois de
ele concordar eu passei a música “Going Under”
da banda Evanescence que naquele tempo eu ouvia
bastante. Ele ouviu e gostou, e então eu com toda a
atitude que ainda me sobrava, falei: “E você? Me
manda aí uma música que você goste muito”. Eu
nem sei de onde arrumei tanta coragem , mas então
ele me mandou “Numb" da banda Linkin Park, ouço
ela até hoje, uma música para lá de boa. Os dias
foram passando e ele foi seguindo a vida dele
enquanto eu vigiava a sombra dele. Às vezes ele
ficava com algumas garotas, entre elas a Ellen,
Raissa, e quase a Maria, porém essa é uma questão
35
para outro dia. Chegando o final do ano, que para
deixar claro iríamos mudar de escola, já que a
escola iria ser interditada para reforma. Me lembro
perfeitamente do dia em que fomos assistir uma
palestra do diretor explicando tudo, eu sentei atrás
dele e da Ellen, que na época era namorada dele.
Eles se abraçando e eu cada vez mais sentindo
aquele sentimento murchando dentro de mim. Até
que me mudei de escola, me conheci, conheci outras
pessoas também e fui esquecendo dele... Acho que o
sentimento só ficou recluso dentro de mim, mas
jamais se acabou...”
-"Uau! Quando você quer ser dramática, você
consegue haha!” riu Lindsey, chacoteando meu
modo de contar histórias. “Dramática, porém
verdadeira, tá ok?” – “Esse Travor... Nem
desconfiava que você gostava dele? Ou sei lá!” –
“Na verdade, não sei, talvez sim ou talvez não...”
Eu realmente não sabia me expressar, bom... Até
hoje sou assim... Quando alguém parecia gostar de
mim eu corria para longe, literalmente, só para fugir
da responsabilidade, quando eu gostava de alguém,
eu fazia de tudo para a pessoa não saber...

36
“As pessoas são apaixonadas pelo sentimento de
gostar de outra pessoa, e não pela própria pessoa.
A sensação de amar alguém é tão surpreendente e
emocionante, que às vezes estar apaixonado é mais
satisfatório do que estar namorando.”

Eu gosto da sensação de gostar de alguém, ficar de


longe olhando a pessoa, e o mais engraçado é que se
eu tenho qualquer chance de ficar com a pessoa, eu
me auto saboto, só para continuar gostando da
pessoa sem ter a responsabilidade de ser boa o
bastante para ela...
- “Você gosta dele mesmo, não é?”. Essa pergunta
foi como um despertador do sono indolente que eu
levava. – “De verdade, Lucy? Eu continuo gostando
dele como antigamente... Acho que preciso parar de
ser aquela garotinha irritante de antes... Vou
esquecer ele de uma vez por todas...”
Mas assim como antes, não consegui fazer isso. E
então pedi ajuda a Lindsey, para tentar ver se eu
tinha alguma chance de ficar com ele...
Lucy estava para viajar, mas dessa viagem ela não
iria mais voltar, iria morar em outra cidade. Com o

37
turbilhão de pensamentos e sentimentos na minha
mente, não conseguia me concentrar em nada.
- “Lucy? Oi amiguinha... É verdade que você vai
viajar? Para bem longe?” – “É verdade sim...
Minha mãe está pensando em se mudar para longe,
problemas mais pessoais sabe? – “E ela? Continua
preferindo sua irmã?” – “Sim, mas tudo bem, eu
não vou ficar lá para sempre, vou voltar para visitar
vocês...” – “Assim espero...”
Lucy estava combatendo suas batalhas internas e
externas. Sua mãe era uma mulher difícil, seu pai
havia fugido de casa. Agora eram apenas elas: Sua
mãe Gisele, Lucy e sua irmã mequetrefe Pamela.
Pamela era a irmã mas velha, fazia faculdade e
estava desempregada na época, fazia tudo o que
queria, namorados, festas, bebidas e mordomia,
enquanto Lucy era a “ovelha negra" segundo as
duas. A casa vivia em brigas constantes e isso
deixava Lucy ainda mais triste, a fuga de seu pai,
sua mãe doente, e a irmã que nunca estava presente.
Lucy era muito fofa para acontecer isso tudo,
conversávamos muito, houveram dias de tristeza,
coisas que a deixavam triste e cabisbaixa e outrora
haviam momentos mais felizes. Talvez tudo o que
ela passou tenha sido apenas para deixá-la forte o

38
bastante. Eu sabia apenas o que ela me contava, ou o
que eu via acontecer.
Assim como eu e Lindsey, ela tinha muitos
“crushs”, houve o Flaviano, o Marciones, o
Wilbiner, O Bagner e ainda nosso amigo Doug, mas
nenhum eles fez ela esquecer o Jonathan...
- “Tchau, Lucinha, nos veremos algum dia...”

Agora éramos apenas Lindsey e eu. Não que Lucy


havia morrido ou saído de nossas vidas para sempre.
Mas agora não tínhamos a fofura dela para aguentar
nas nossas aventuras estranhas.
-"Lucy foi embora, não é?”, disse Lindsey, tomando
um copo de suco, na nossa mesa de sempre, - “Sim,
mas vamos nos reencontrar, pode crer" – “Não
tenho dúvidas. Mas agora vamos focar em outra
coisa...” disse ela com sorriso malicioso. – “Ah nem
vem, temos que focar nas provas que estão vindo e
temos apenas dois dias para o festival”. Com todo
esse bafafá perdemos a noção do tempo e acabamos
esquecendo do festival...

39
O festival do dia dos
namorados

Part. 2

Os alunos todos eufóricos para o festival. Alguns


estavam preparando as bancas da comida e outros as
bancas das cartinhas de amor e claro, a barraca do
beijo. Faltavam dois dias para o festival e quase tudo
estava pronto.
- “Vamos logo, Amy! Está na hora de você ir falar
com ele, vamos!” – “Sem essa, Lindsey! Você sabe
40
como eu sou, não vou e pronto!” – “Ah que seja!
Então eu vou lá falar com ele por você, sua
bobona!” – “Bobona mas sem histórico de ‘passar
vergonha’ por aí, viu?”. Não era mentira para
ninguém que eu tinha vergonha de sobra, eu não era
segura de mim... Lindsey fez o que disse, foi lá falar
com o Travor...
- “Amiga? Eu acho que ele nem se lembra de ti...” –
“Tá vendo? Eu te falei, se eu fosse lá passaria a
maior vergonha! Nem quero pensar” – “Pelo menos
podemos fazê-lo lembrar! Se eu falar mais com ele
sobre você talvez ele se lembre de você!” – “Sem
essa, acho que ele só tá disfarçando e com licença,
vou por minha barraca de conselhos amorosos á
postos para o festival, sexta!”.
Eu estava tentando não pensar nisso, eu sei que ela
queria muito de ajudar e tudo mais, só que como a
besta quadrada que sou, não ajudei em nada...
Faltava um dia para o festival e eu querendo tirar
isso da minha cabeça. Mal entrei na sala e já vi que o
dia ia ser longo... Entrando na sala ao lado vi um
rapaz super, hiper, mega gato! Ele tinha cabelos
grandes , alto e olhos vibrantes... Mas eu estava
ligada era no amigo dele, ele não era tão alto ou
mais bonito, porém foi ele que me chamou mais
41
atenção. Lindsey havia faltado e não pude falar com
ela sobre aquilo. Aquele rapaz era bonito demais,
queria saber o nome dele e foi então que decide eu
mesma ir lá falar com ele, mas claro, tinha um
amigo meu falando com ele, era a minha deixa
perfeita.
- “Oi, err... Ronildo queria que você me ajudasse
aqui na minha barraca, por favor?”
Ele me seguiu e deixamos o cara bonitão lá. –
“Menino, que gato é esse? Qual o nome?” – “Haha!
O nome dele é Josias, e querida, o cara é muito o
teu tipo, né? Roqueiro, cabeludo e curte essas
coisas de anime" . Na hora eu pensei: “Esse é o cara
que vai me fazer esquecer o Travor"
Era o que eu queria que acontecesse mas, como
todos os meus outros crushs, foi tudo em vão, eu não
consegui nem um beijo haha!
Chegado o dia do festival, estava tudo pronto, as
bancas, os concorrentes a rainha e rei estavam se
arrumando e Lindsey e eu estávamos prontas para
receber os clientes. – “Estamos a todo vapor, que
venham nossos clientes!”, gritei.
A cada rapaz e moça que chegavam na banca eu me
sentia ainda mais alegre em ajudar. O primeiro caso

42
foi de uma menina do 3° ano, ela estava em dúvida
sobre dois rapazes, um era “bad-boy”, não dava o
devido valor para ela, as amigas dela diziam para ela
deixar ele mas ela gostava muito dele e tinha outro
que gostava dela, mas ele era apenas amigo, todos a
sua volta torciam para ela e ele ficarem juntos. Ou
seja, um dilema, “eu fico com o cara que me
maltrata mas que eu gosto ou com o que é perfeito
para mim mas é apenas meu amigo?”. Eu disse que
a autoestima era tudo e que ela precisava focar mais
nela e depois ver quem realmente era a melhor
opção e que não existiam apenas aqueles garotos no
mundo, existam vários e que ela podia ter qualquer
um. Outro cliente veio e me disse que gostava da
Lindsey, ele esperou um momento em que ela fosse
beber água, eu disse que ele precisava ter bom papo,
ser ele mesmo e claro, chegar nela sem medo. E
vieram casos e mais casos. Fechamos a banca por
um tempo e fomos aproveitar o festival. Fomos até
as comidas, votamos para os ganhadores do
concurso Rei e Rainha Apaixonados, e por fim
fomos na banca das cartinhas do amor, e por um
segundo cogitei em mandar uma para Travor, mas
isso era estranho demais... – “Você vai mandar uma
carta para Travor!” – “Que?! Mas...” – “Aqui! Me
dê uma cartinha e uma caneta por favor!”. Ela
43
realmente queria que eu escrevesse, e mesmo que eu
aceitasse escrever, o que escreveria? Isso estava fora
de questão. Ela me convenceu a escrever, falou que
mesmo que ele não aceitasse ou percebesse quem
era, eu pelo menos tentei e tudo mais. Eu fui na
onda, e então escrevi:
“Talvez você nem se lembre de mim, mas eu me
lembro de você. Aceite meus sentimentos, eu nunca
tirei você da minha cabeça. Desde que estudei
fórmula de baskara, só consigo pensar no Delta¹”

Até hoje fico pensando: “Como tive coragem de


escrever isso?! É besteira demais para quem estava
no 9° ano!”. E então fomos pegar uns doces e
seguimos para o auditório onde estavam recitando as
carrinhas, eu realmente não queria estar lá mas a
curiosidade era tamanha que eu não estava sentindo
minhas pernas , estavam por conta própria. Ouvimos
de tudo, desde pedidos de namoro ao vivo, cartinhas
engraçadas e indiscretas, coisa de criança, para a
mãe de colegas, outras mais românticas e secretas, e
por fim a minha, quando ouvi a pessoa ler, me senti
estranha, parecia ser uma brincadeira de mal gosto,
mas pelo visto ele pareceu não perceber.

44
Delta¹: apelido de Travor, na minha época eu e
Lindsey dávamos nomes engraçados para disfarçar o
nome dos nossos paqueras, assim ninguém
adivinhava quem eram.

E para minha surpresa, ouvi meu nome na última


carta, eu tinha um admirador secreto?!

“Eu sou um admirador secreto, a menina que eu


gosto é meiga, cheia de vida, sorridente... Essa é a
Amy, queria ao menos que ela me notasse"

Aquilo me assustou de imediato. “Quem era esse


admirador? Eu o conhecia?”. Perguntas se
formavam na minha cabeça. Claro que também me
passou na cabeça: “será que era Travor?” mas eu
mesmo me respondi: “Claro que não!”
Enfim, descobri uns tempos depois quem era.
Phillipe era um menino de outra turma, eu soube
pela Lindsey que ele gostava de mim há um tempo,
talvez eu visse um pouco de mim nele, alguém que
espreitava quem gosta pelas paredes, pensava toda

45
hora naquela pessoa. Não pude retribuir os
sentimentos. Somos amigos até hoje.
“Ter os sentimentos de alguém é uma
responsabilidade muito grande. Você tem medo de
magoar a pessoa, tem receio de elogiar demais, de
iludir a pessoa. Enfim, isso é apenas para os
fortes...”

O festival estava chegando ao fim e todo mundo


estava se arrumando para ir embora. A minha banca
estava sendo desmontada por mim e Lindsey. Eu fui
ao banheiro, para passar uma água no rosto, estava
cheia de tinta rosa não rosto, uma brincadeira de
outra barraca. Ao sair do banheiro com o rosto
limpo, vejo de longe Lindsey, ela estava falando
com alguém, aquelas costas... Era o Travor?!
- “Estava falando com quem, Lindsey? Parecia o
Travor...” – “Mas era ele, Travor veio pedir
conselhos, mas você não estava aqui, bendita sorte
hein? Que horror! Haha" – “Ele queria conselhos?
Mas que raios! Eu poderia ter ajudado ele... E você
deu algum conselho para ele?” – “Sim, ele estava
pagando. O caso dele era que ele estava gostando
de uma garota da minha sala e que não sabia
contar para ela que gostava dela e então eu disse
46
para ele que se não tiver atitude, nada vai acontecer
e que se ele gostasse mesmo dela era para dizer
logo e sair correndo, hahaha!” - “E você tem
alguma ideia de quem seja? Ele disse o nome?” –
“Bem... eu não sei, pode sim ser você! Nós não
perguntamos o nome do paquera da pessoa, se não
é invasão de privacidade” – “Eu sei, mas quem
sabe, não é?” – “Seja quem for, se ele seguir meu
conselho, vai ficar sabendo segunda”.
Será mesmo que era eu? Não pode ser. Mal esperava
pela segunda, o final de semana não poderia ser mais
longo.

47
Inconstância, a paixão
instantânea

Capítulo 6

Uma coisa interessante sobre mim: Eu me apaixono


rápido, e ainda, por garotos improváveis. Não é que
eu seja uma menina má ou sem princípios, é só que
isso acontece do nada. Eu me lembro de
praticamente todos eles. Houve o Louis, ele era um
cara misterioso, mas simpático, quando não estava
chorando ou brigando, ele tinha sérios problemas
com a família. Já gostei de um tal João que era um
amor de garoto, apelidei ele de Joreano, uma mistura
de coreano e João, ele viajou para longe e nunca
mais nos vimos. Outro foi Joel, um cara inteligente
mas burro para certas coisas, eu gostei dele mas
depois que vi o energúmeno que ele era, sai fora.
Gostei também de um tal Daniel, esse foi um dos
recentes, ele tinha um papo bom, teorias mais
malucas que eu já vi e tocava violão e até pedi aulas
mas não me lembro porque ele não me ensinou.
Enfim, não importa se o cara é bonito ou simpático,
48
eu me apaixono do nada. Eu me apaixono por
pessoas improváveis, de grande rapidez. Não duram
muito, pois como eu disse, prefiro estar só
apaixonada, sem compromisso e claro, outros foi
porque fui rejeitada mesmo. As pessoas que talvez
entendam o que escrevi aqui, Lucy e Lindsey, me
entendem, e talvez me achem uma louca.
Eu me lembro de todos, mas o único que não saiu
ainda da minha cabeça: Travor

Anos depois (autoral)

“Amo, amo demais,


Amo que chega a doer,
Mas preciso conter,
Aquilo que meus lábios não suportariam
pronunciar.

Você lembra de mim?


Músicas trocadas
Oh não me olhe assim
Anos amarrada

49
Garota pós garota
Me sinto tão idiota
Por todos esses anos arrependida
Sentir que não sou correspondida

Você foi o primeiro amor


Desta tão abóbada
Como sair dessa enrascada,
Se só sei ser apaixonada?

Cuidado com o que você me pede


Não sei dizer não para você”

Um poema meu, eu achei entre uns papéis antigos


meus. Sempre gostei de poemas e de vez em quando
me arrisco a fazer um. Talvez você sabia para quem
este poema foi feito, certo?
Quando releio isso, penso: “Como eu era dramática,
viu?”

Amizade em vez de paixão


50
Capítulo 7

E então chega segunda, é o dia em que eu descobri


quem Travor gostava.
- “Lindsey, bom dia!” – “Hm... Está toda radiante
aí, será que é por causa de uma notícia que está
para ser anunciada hoje?” – “Talvez...”
Lindsey foi conversar com o novo amigo dela, o
Travor, para ver se ele fala quem era a sua crush.
- “E então, Lindsey? Ele falou alguma coisa?” –
“Nada, nem uma pista. Acho que ele só estava
brincando... Mas vou continuar tentando"
Os dias se passando e eles ficando mais amigos,
normal, eles se pareciam em muitas coisas.
Gostavam de “rap", tinham uma conversa
interessante, e é claro que ficariam amigos. Eles
jogavam ping-pong, conversavam durante a merenda
e iam para casa juntos. Eu poderia tirar proveito
disso e ir com eles, mas tinha algumas coisas para
resolver no clube e a timidez falava mais alto. E por
falar em clube isso me lembra uma história, minha
amiga chamada Adriela, uma moça doce, que

51
gostava de anime e jogos como eu. Ela e eu nos
conhecemos na época em que Lindsey ainda não era
minha amiga. Formamos um clube para fãs de
cultura japonesa, os Otasuki, tempo bom esse em
que podíamos fazer otakisse que quisermos. Nesse
mesmo tempo, conhecemos um carinha chamado
Matt, uma abreviação de Mattwes. Eu chamava ele
de “O cara do cavanhaque”, ele mandava bem em
deixar o cavanhaque dele bacana. Logo que vi
Adriela e Matt juntos, senti aquela química de tirar o
fôlego, aquela que só quem está fora consegue
sentir. Estava ocupando minha mente em provas, em
ajudar Adriela e Matt a ficarem juntos e a Lindsey
me ajudando com o Travor. Matt sempre perguntava
por Adriela, pelo visto ele quem se apaixonou
primeiro.
Eu não precisei ajudar ninguém, eles se firmaram
sozinhos. Soube por meio de Matt que ele quem
pediu primeiro.

- “Fala aí, amigo Matt. Como anda a escola?”


- “E aí? Quanto tempo... Bem a escola anda normal e
eu estou namorando agora... Com a Adriela...”

52
- “Que? Mas que ótimo, estava torcendo por vocês e
claro, como a enxerida que sou, ia ajudar os dois a
ficarem juntos, porém o destino uniu logo, hehe”
- “Pois é, eu quem pediu primeiro. Ela de imediato
não aceitou e então pedi para ela ir em um jantar. Os
pais dela foram juntos, olha que interessante? Então,
fui logo contando minhas intenções com ela e eles
até que aceitaram. Tudo estava conspirando para nós
ficarmos juntos, só que...”
- “Só que...?”
- “Ela estava em um dilema, sabe? A religião dela
não permite essas coisas de namoro. A família dela
era aquelas tradicionais. Então conversamos bastante
e perguntei se ela gostava de mim mesmo. E ela
disse que sim. E só precisei disso para continuar.
Chamei o pai e a mãe dela para voltar a lembrar de
minhas intenções e que compreendo os costumes da
religião. E agora estamos juntos...”
- “Que bom! Fico feliz por vocês. Espero ser a
madrinha do casamento, hein? Haha!”
E então nos dias de hoje eles estão bem, converso
com eles dois até hoje. Até que enfim uma história
que teve um final decente.

53
“Fique feliz por seus amigos que encontraram
alguém especial. Amigos especiais merecem
amigos especial.”

Passaram -se três dias depois do dia do festival. O


aroma de romance estava no ar.
Lindsey e eu estávamos merendando e assuntos
vinham e se iam, falamos de todos os tipos de coisas
e até que Lindsey disse algo surpreendente naquela
hora: “Err... Eu estou gostando de Travor, o que
você acha disso?”. Parei por um tempo, pensei e
respondi: “Uê, haha! Acho normal, vocês passaram
um tempo juntos, certo?” e realmente eu não
consegui sentir nada naquela hora, ciúmes ou
qualquer coisa.
Desde sempre fui adepta a uma ideia: “Eu só quero o
melhor para quem eu gosto”.
- “Cai dentro, Lindsey. Ele é gato e melhor ainda,
eu não sou dona dele” – “Uê? Mas você não gosta
dele?” – “Gosto, mas ele não e se ele gosta de ti e
você dele. Não tem porque eu ou qualquer pessoa
impedir isso”
Eu só queria a felicidade dos dois. E eu até vi um
beijo deles depois , mas só sentia que pude juntar
54
eles e isso com certeza foi para o meu caderninho
guia de planos românticos.
Depois que a história percorreu os quatro cantos da
escola muitos falam: “Que isso, Amy? Você não vai
fazer nada? Você não gostava dele? Ela é uma
“talarica"!”. Mas isso era muita bobagem, essa ideia
irritante de achar que só porque eu gosto dele eu
tenho o direito de ser dona dele e medir com quem
ele fica é sem sentido. Apesar do que falam, eu acho
que não tem nada demais.

“Se você não quer apenas o melhor e nem coloca


as necessidades de quem você ama acima da sua,
talvez não seja a melhor forma de demonstrar o
seu amor. Talvez o melhor seja outra pessoa ao
invés de você”

A fotografia da flor rosa

Capítulo 8

55
Muito tempo havia se passado desde aqueles
acontecimentos. Eu tinha mudado de escola, arrumei
novos amigos. Léo era um moreno sapeca que
adorava dizer que ficava com todas, Milena, ou
Milly para os mais chegados, ela era daquelas
amigas que quando uma precisa ela vai lá e ajuda, e
já me ajudou muitas vezes. Teve também a
Raimunda, calma e serena, sempre quieta. O Carlos
e Augusto, dois bobões que não se entendiam muito,
sempre brigando mas eram amigos grudados, até se
envolveram um a mesma garota, coisa de louco.
Teve o punk Guilherme mas ele gostava que
chamassem ele de Jack, ou algo parecido. Entre
outros que conheci. Conheci também o Dominique,
um cara esperto, ele estava no 3° ano e queria fazer a
faculdade de psicologia. Sempre depois da hora da
saída reuníamos a rapaziada para ficar discutindo
assuntos polêmicos como Feminismo, Política,
Teorias da conspiração e por aí vai.
Até que ficamos quase amigos, ele era um carinha
engraçado e então chamei ele para conversar nesses
aplicativos de conversas instantâneas.
- “Oi! Sou eu a Amy, lá da escola...”
- “Ahh Oi! E aí?”
- “Anda fazendo o que de bom?”
56
- “Tomando um suco amarelo e pelo que me conta
parece ser de maracujá?”
- “Como assim parece? Ele não tem gosto de
maracujá?”
- “Ele está doce demais para eu sentir gosto algum"
- “Que viagem, cara! Haha!”

O tempo foi passando e eu percebi algo interessante


em sua foto de perfil, me parece a foto de uma flor,
uma flor rosa e bonita. Outra coisa é que as mãos
que seguravam ela eram distintas, uma parecia a dele
e a outra...

- “Hey! E essa foto de perfil? Alguma coisa de


especial?”
- “Na verdade sim, nesse dia eu estava com... uma
amiga e tiramos essa foto com a flor que achamos,
vimos que ela era muito bonita e aí aconteceu"
- “Que legal! Quem era a menina?”
- “Uma amiga, ela se chama Anabela”
- “Wow! Nome bonito o dela, hein?”
- “Sim, é mesmo"
57
Com o passar dos dias, as aulas acabando e eu
secretamente gostando de Dominique, isso era meio
estranho, como eu podia estar gostando de um
garoto que acabei de conhecer, mas com o meu
histórico, era normal.
Eu pensei seriamente em falar para ele. Mas antes
falei com Lindsey e Lucy por meio de mensagens
para saber o que elas achavam.

- “Nossa! Que isso hein, Amy. Tá gostando de


alguém já?”
- “Pois é, estranho mas eu preciso de algum
conselho, sabe? Saber se isso é estranho demais ou
se posso ir lá com a cara limpa dizer...”
- “Vai fundo, só se vive uma vez, gata!”
- “Haha! E você, Lucy? Também acha que devo ser
cara de pau?”
- “Olha... Se você gosta dele vai fundo. Como disse
a Lindsey, só se vive uma vez"

Estava decidido, eu ia falar com ele.

58
“A coragem é uma dádiva que se consegue com o
tempo, aqueles que a tem são fortes e mesmo com a
possibilidade de serem rejeitados, vão lá. É como
dizem: Você já tem o não, vamos atrás do sim,
certo?”

- “Oi, Dominique? Tem um minuto?”


- “Tenho, o que aconteceu?”
- “Aquela garota que você mencionou mais cedo...
Você gosta dela?”
- “Achei que tinha sido claro haha! Sim, eu gosto
dela, por que?”
- “Ahh nada, eu gosto de ouvir sobre histórias
românticas dos outros e estou pensando em escrever
um livro sobre algumas... Pode me contar a sua?”
- “Bem... Pode ser! Há tempos eu conheci uma
garota chamada Anabela, ah que garota mais bonita
e alegre, com os cabelos voando pelo vento... Eu
queria muito dizer a ela o que sentia, mas a vergonha
falava mais alto. Falei para meus amigos que
gostava dela e eles me apoiaram, como amigos
fazem. Eu estou até hoje tentando esclarecer as
59
coisas para ela. Desde que conheci ela, não me vejo
gostando de mais ninguém...”
- “Wow! Essa sim é das boas...”
Eu hesitei em falar a verdade para ele, mas eu tinha
que tentar, ao menos levar logo o fora que estava
garantido.
- “Mas para que todas essas perguntas?”
- “ Ahh, nada! Como eu disse, gosto de ouvir
histórias românticas... Mas há algo que eu preciso
dizer...”
- “Então diga, oras!”
- “Eu sei que não deveria dizer isso, ainda mais
depois de ouvir tudo isso. Só que mesmo assim eu
digo, digo que gosto de você, foi recente e nem um
pouco planejado...”
- “Ahh sim... Eu acho que, todo sentimento tem uma
história, algo que foi construído em conjunto,
entende?”
- “Entendo sim, ainda mais agora que ouvi sobre
sua história haha! Você já tem alguém...”
- “Na verdade não tenho ninguém não... Mas eu
construí um romance por alguém e vai chegar um
tempo em que vou ficar com essa pessoa...”
60
- “Pois é... E não se preocupe, vou ficar devendo
uma história sobre você, ok?”

Naquele momento eu refleti. “Cara, eu tenho uma


história longa com alguém. Mas esse alguém... está
longe demais"
“Nossa história com alguém é longa e em alguns
casos é cansativa e dolorosa. Mas é sua história
com aquela pessoa, e ninguém pode tirar isso de
você. Foque em quem tem uma história com você”

Dominique e Anabela

Dominique era uma príncipe de um reino distante e


era conhecido como o cavaleiro errante. Seu reino
estava em apuros, suas dívidas externas vieram com
juros.
Ele em meio a esse escarcéu, teve tempo para
admirar o lindo céu. Ali mesmo naquele bosque
florido, não sabia que seu coração seria atingido.
Ohhh~ era o amor chegando de fininho, veio
dançante em um vestido bonitinho. Era uma moça
bonita, e de longe se via a senhorita
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E como em todo conto de fadas, as duas almas se
veem apaixonadas. Juraram amor eterno, com um
olhar terno.
Voltando para casa cantarolando, não conseguia
ver o caos chegando. Logo o rei trazia de longe uma
solução, que assim surgiria a união. Um casamento
estava sendo planejado, mas o príncipe seria o
casado. Dominique estava apaixonado demais por
Anabela, mas que esse amor estava sendo
ameaçado
A consorte de nome Amy, estava mesmo com sorte.
Sua caravana estava vindo para o reino, mas o
príncipe nada queria com a bacana.
Um dia antes do casamento, Dominique e Amy se
conhecem, e então conversaram naquele momento.
Amy se apaixona por Dominique, mas ele nada
sentia pela moçola.
Então ele fala que ama outra garota, por isso não
podia fazer Amy de idiota.
Amy entende os sentimentos de Dominique e pede
para seu pai o consentimento para a dívida ser
paga. Dominique conseguiu viver sua história de
amor, junto a sua amada Anabela.

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Amy volta para seu reino, triste mas entendendo que
fez alguém feliz. Indo para seu castelo, encontra
Donatelo.
E depois começam sua história romântica, e como
acabou? Sim! Temos um final feliz!

Por que você apareceu justo


agora?

Capítulo 9

Depois que mudei de escola deixei muitas coisas


para trás. Amigos, inimigos, romances...
Lindsey foi para outra escola, porém continuamos a
nos comunicarmos, por mensagens claro. Lucy
estava em outra cidade, mas assim mesmo
continuávamos a nos falar, coisas da vida, problemas
e novidades.
Mudei bastante também, eu não era mais aquela
garota que vivia se escondendo. Conheci gente nova,
vi coisas por outros ângulos e assim fui vivendo.
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Agora no meu último ano, já vivendo as últimas
alegrias de juventude, acabo por me surpreender no
primeiro dia de aula.

- “Oi, Augusto, Carlos! De novo nessa pocilga aqui,


certo? Haha!” – “Nem me fale, estudando de novo,
mas eu sinto que não é só de estudo que vamos
viver, viu? Pode preparar seu coraçãozinho" –
“Que como assim, Carlos?”, perguntou Augusto
sem entender, - “Não é óbvio? Estamos no último
ano, o ano das festas, dos namoricos, dos crushs e
dos vestibulares! Temos que aproveitar bastante!” –
“Tenho que concordar com o Carlos, esse ano
temos que fazer pelo menos 650 pontos no Enem,
viu? Haha!” – “Vou é usar as armas que o governo
nos deu, as cotas haha!”, - “Vou colocar: índio,
negro, autista, amapaense, heterocromático e
deficiente, só pra passar com 350 pontos em
medicina” – “Vai nessa, vai haha!”. É verdade que
essas preocupações de entrar na faculdade sempre
nos assombra, porém tínhamos tempo para tirar
brincadeiras com nós mesmos .

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Estava no começo do ano. Todo mundo se
conhecendo e reencontrando seus amigos. Mas
dentre tudo isso, eu vejo algo que me tirou o fôlego.
- “Ele de novo? Não pode ser...”
- “Ele quem, Amy?”
- “Travor...”

“Existe um ditado popular que diz: ‘O mundo dá


voltas’. Nunca vi verdade mais verdadeira...”

Travor estava de volta, depois de 2 anos e meio, ele


me aparece. Claro que falei isso para as minhas
amigas, não sei como reagir a isso.

- “Então quer dizer que o próprio Travor voltou? O


mundo é pequeno demais, credo"
- “Eu sei! Mas o que você acha disso? Eu não sei o
que fazer, Lindsey...”
- “Calma, oras, ele falou contigo? Se não, deixa
rolar, seja a Amy maluca e pirada das ideias que
sempre foi. Você não fala desse nome à tanto tempo

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que ficou sem reação? Que fofa... E pode esperar,
ele veio só pra te pedir em namoro”
- “Que? Está maluca? Ele nem se lembra de mim
sequer...”
- “Ele se lembra sim! Se lembra daquele dia na casa
dele? Eu escrevi seu nome errado e ele consertou, é
claro que aí tem, amiga!”
- “Sei não, eu vou fazer o que você me disse, vou
agir normalmente...”

Lindsey fala de uma vez em que fomos à casa dele,


ela pediu o endereço dele e falou que ia com uma
amiga e ele perguntou quem era e foi aí que ela
escreveu meu nome errado e ele corrigiu. Estranho
mas foi o que aconteceu, se me lembro bem.
Passando o tempo, eu mostrava que lembrei dele,
mas fingia não sentir mais nada por ele e então...

- “Posso fazer parte do grupo de teatro, Amy?”


- “Ah oi, Travor, pode sim, escreve seu nome na
lista aqui”

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Sim, ele veio pedir para ser do meu grupo de teatro,
isso não quer dizer nada, mas para alguém como eu,
que não tem noção de nada, valeu como um gatilho
para voltar a sentir algo. E desde então eu fui
vivendo como sempre vivi, fazendo macacada com
os amigos, esforçada nos estudos... Mas sempre
observando ele de longe... Ficamos no mesmo grupo
no cursinho de Marketing, conversamos como
colegas e é isso. Augusto me falava que ele me
olhava de longe mas isso era para mim sempre
implicância por ele saber meu histórico apaixonado
por um certo alguém.

Nem todo final é feliz


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Capítulo 10

Ler histórias românticas é sempre bom, ainda mais


se são reais. Nos filmes elas sempre acabam felizes e
com o casal junto. E o que eu quero dizer
escrevendo essas histórias? Em parte porque eu
queria mas também para dizer que mesmo que os
finais sejam nada felizes ou mesmo desastrosos, o
bom é estar apaixonado, o bom é sentir algo forte
dentro de você por outra pessoa. Que é normal
amarmos alguém e não ser recíproco, é saber que se
a gente não cuidar alguém furta de nós, que devemos
ser fiéis a quem amamos e claro, não jogar para
debaixo do tapete sentimentos antigos para dar lugar
aos novos, até porque esses sentimentos anteriores
vão te assombrar.
O livro guia dos planos amorosos , aquele ao qual
estão escritas (quase) todas as histórias que
presenciei estão ainda comigo, carrego ele pois está
nele gravado muitas memórias preciosas. No
começo foi uma brincadeira infantil escrever ele,
porém são essas brincadeiras que eu e minhas

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amigas levaremos até o fim dos tempos (falo por
mim, claro)

Deixo aqui meus agradecimentos à mim, amigos


próximos e aqueles que realmente leram.

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