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Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny

Curso de Licenciatura em Enfermagem


1ºano/1ºsemestre

Vacinas (Imunização ativa artificial)

Bianka Ferreira França Nascimento


Bruno Filipe Mendes Pita
Carlos João de Brito Rodrigues
Laura Inês Pedro Gouveia
Tânia Doriana Beno Abreu

Trabalho elaborado no âmbito da unidade curricular de Microbiologia,


no 1º ano da Licenciatura de Enfermagem

Funchal,
2021
Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny
Curso de Licenciatura em Enfermagem
1ºano/1ºsemestre

Vacinas (Imunização ativa artificial)

Bianka Ferreira França Nascimento


Bruno Filipe Mendes Pita
Carlos João de Brito Rodrigues
Laura Inês Pedro Gouveia
Tânia Doriana Beno Abreu

Docente: José Filipe Teixeira Ganança

Trabalho elaborado no âmbito da unidade curricular de Microbiologia,


no 1º ano da Licenciatura de Enfermagem

Funchal,
2021
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
APA – American Psychological Association
BCG – Bacilo Calmette-Guérin
ESESJC – Escola Superior de Enfermagem São José de Cluny
OF – Ordem dos Farmacêuticos
RAM – Região Autónoma da Madeira
RN – Recém-nascido
SNS – Serviço Nacional da Saúde
VIH – Vírus da imunodeficiência humana
VLP – Virus Like Particles
ÍNDICE

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6

IMUNIDADE ....................................................................................................................... 7

IMUNIDADE DE GRUPO ................................................................................................. 7

TIPOS DE IMUNIDADE E SISTEMA IMUNOLÓGICO.............................................. 7

IMUNIZAÇÃO ATIVA ...................................................................................................... 9

IMUNIZAÇÃO ATIVA ARTIFICIAL ........................................................................... 10

FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO ................................................................................. 10

OBJETIVOS DA VACINAÇÃO ...................................................................................... 11

VIAS DE ADMINISTRAÇÃO ......................................................................................... 12

CLASSIFICAÇÃO DAS VACINAS ................................................................................ 12

CONTRAINDICAÇÕES E PRECAUÇÕES .................................................................. 14

CONCLUSÃO .................................................................................................................... 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 18

APÊNDICES ...................................................................................................................... 20

APÊNDICE A - CASO CLÍNICO EM PORTUGAL CONTINENTAL ...................... 21


ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Síntese dos objetivos da vacinação. .................................................................... 11
Figura 2 – Síntese da classificação das vacinas. .................................................................. 13
Figura 3 - Classificação das vacinas Monovalentes, Polivalentes e Combinadas. .............. 14
Figura 4 - Exemplo de um caso clínico sobre Portugal Continental ................................... 21
INTRODUÇÃO
No âmbito na unidade curricular de Microbiologia, inserido no 1ºano, 1ºsemestre
do curso de Licenciatura de Enfermagem, na Escola Superior de Enfermagem São José de
Cluny (ESESJC), pretendemos aprofundar o tema da imunização, mais concretamente da
imunização ativa artificial, abordando assim tanto as suas mais valias, como desvantagens.
Para além disso, serão aprofundadas as formas de como é possível artificialmente obter
imunidade específica através de diversos métodos de administração.
Desta maneira, de acordo com World Health Organization (2021), diz-nos que que:
“Immunization is a global health and development success story, saving millions of lives
every year (…) Immunization is a key component of primary health care and an indisputable
human right. It’s also one of the best health investments money can buy.”
Segundo com a Administração Central do Sistema de Saúde (2012), a vacinação é
importante para evitar que os indivíduos contraiam determinadas doenças e sofram as suas
consequências. Tão importante como a proteção individual é o efeito da vacinação tendo em
conta a dinâmica dos agentes infeciosos e das respetivas doenças numa determinada
comunidade e mesmo a nível global, permitindo eliminar ou controlar doenças infeciosas
com franca redução da morbilidade e da mortalidade, principalmente na infância.
A nível metodológico o trabalho será realizado tendo por base métodos de revisão
e análise bibliográfica, de autores de referência, resultando num trabalho de síntese e
reflexão por parte do grupo da temática em questão.
Este trabalho foi elaborado de acordo com a norma American Psychological
Association (APA, 6º Ed., 2010) estipulada para a realização de trabalhos académicos pela
Escola Superior de Enfermagem São José de Cluny.

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IMUNIDADE
De acordo com Sousa, M. (2014), a palavra imunidade (do inglês immunity) é
originada do termo em latim que significa “isento” ou “livre”, neste sentido refere-se aos
mecanismos utilizados pelo organismo como proteção contra agentes do ambiente estranho
ao corpo.
Imunidade é a capacidade do organismo de reconhecer substâncias, considerá-las
estranhas e promover uma resposta contra elas, tentando eliminá-las.
Segundo Atlas da Saúde (2019), a imunização é o processo de aquisição de
imunidade após a administração de uma substância imunológica. Consiste na capacidade do
corpo humano se defender eficazmente de um antigénio.
Os sistemas de defesa do organismo são complexos e incluem mecanismos inatos
e adquiridos. Os primeiros estão presentes desde o nascimento e incluem barreiras
fisiológicas (pele, mucosa e membranas), químicas (exemplo: secreção de ácido gástrico) e
células fagocitárias do sistema imunitário. A imunidade adquirida é específica a cada
individuo e pode ser ativa, pela produção de anticorpos através de vacinas ou toxoides e é,
por norma, de longa duração ou passiva, pelo fornecimento de imunidade temporária
conseguida pela administração de anticorpos pré-formados.

IMUNIDADE DE GRUPO
Segundo o Atlas da Saúde (2019), a imunidade de grupo depende de uma elevada
taxa de cobertura vacinal de uma determinada população, permitindo a interrupção da
circulação desse agente infecioso. Assim, a vacinação tem o benefício direto para os
indivíduos vacinados e indireto para a comunidade onde esses mesmos indivíduos estão
inseridos.
Assim, as vacinas protegem não só os indivíduos vacinados, mas também a própria
comunidade. Este fenómeno designa-se «imunidade de grupo». O efeito das vacinas na
redução da incidência de doenças numa comunidade combina então estes dois mecanismos:
proteção indireta dos não vacinados e proteção direta dos vacinados.

TIPOS DE IMUNIDADE E SISTEMA IMUNOLÓGICO


Em concordância com Figueiredo S. (2021), citando Carr & Maggini (2017), o
sistema imunitário é o conjunto de órgãos, tecidos, células e proteínas que estabelecem
proteção contra agentes patogénicos, como: bactérias, vírus, fungos e parasitas.

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Figueiredo S. (2021), citado por Sattler, (2017), além de assegurar a proteção ao
hospedeiro, o sistema imunitário tem igualmente um papel importante na manutenção da
homeostase. Encontrando-se subdividido em sistema imunitário inato (imunidade inata) e o
sistema imunitário adaptativo (imunidade especifica ou adquirida), que se diferenciam pela
rapidez e duração da resposta imunitária e pelas células que envolvem.
Em concordância com Figueiredo S. (2021), a imunidade inata é constituída por
barreiras mecânicas como a pele, as mucosas que estão associadas ao trato gastrointestinal,
respiratório e urinário e por mediadores químicos de superfície, tais como as enzimas
presentes na saliva e noutras secreções corporais, muco e secreções ácidas. A função destas
barreiras consiste em impedir a entrada de agentes patogénicos, ou seja, é um “mecanismo”
de defesa do organismo que se traduz numa reação que não é específica para os
microrganismos, sendo, no entanto, de resposta rápida.
Figueiredo, (2021), diz-nos que, no entanto, se os microrganismos conseguirem
transpor as barreiras mencionadas anteriormente e penetrarem no hospedeiro,
nomeadamente na circulação sanguínea ou nos tecidos, serão acionados outro mediadores
químicos, o complemento e as células características deste tipo de imunidade, isto é, os
neutrófilos, macrófagos, basófilos, eosinófilos, mastócitos, as células naturais , em inglês
natural killer (NK) e as células dendríticas., ou seja, há uma ativação da imunidade específica
Esta resposta específica deve-se à intervenção das células características deste tipo
de imunidade, os linfócitos B e os linfócitos T, que apresentam recetores muito específicos
para os antigénios, particularmente o recetor das células B (BCR) e o das células T (TCR)
(Netea, Schlitzer, Placek, Joosten, & Schultze, 2019, citado por Fiqueiredo 2021).
Em harmonia com Figueiredo (2021), citado por Sun, Ugolini, & Vivier (2014),
dizem que a memória imunológica destas células, permite que identifiquem antigénios que
já foram expostos noutras respostas anteriores, possibilitando uma próxima resposta mais
rápida e eficaz (Sun, Ugolini, & Vivier, 2014).
Este sistema está dividido em dois subtipos: subdivide-se no sistema imunitário
mediado por células, onde intervém os linfócitos T, na proteção contra microrganismos
intracelulares e, no sistema imunitário humoral, mediado pelos linfócitos B, que potenciam
a proteção contra microrganismos extracelulares (Figueiredo, 2021, citado por Kennedy,
2010)

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IMUNIZAÇÃO ATIVA
Esta ocorre após o sistema imunitário inato (isto é, as defesas não específicas do
corpo) não conseguirem destruir o agente patogénico. Com a exposição com o antígeno ou
agente infecioso, que pode ser induzida, através da vacinação, onde esta indução estimula a
produção de anticorpos específicos sem causar sintomas graves ao individuo, levando a que
a este obtenha imunidade duradora, sem risco de problemas à posteriori se infetado com o
agente selvagem.
Em paralelo com a exposição natural em que o indivíduo é infetado com o agente
patogénico selvagem, obtendo imunidade dependendo do período de incubação, exposição
ao antigénio e natureza do mesmo microrganismo.
Como exemplo, Tavares, E.; Ribeiro, J. & Oliveira, L. (2005), diz-nos que o uso de
corticosteróides, seja por via parenteral ou oral, em dias consecutivos ou alternados, por mais
de 14 dias, em dose equivalente ou superior a 2 mg/kg/dia de prednisona, contraindica a
vacinação com vírus vivos, mas não as outras vacinas.
No entanto, mesmo as vacinas de vírus vivo podem ser aplicadas após 1 mês da
suspensão do medicamento. Os derivados de sangue podem interferir na eficácia das vacinas
de vírus vivos, devendo as mesmas serem aplicadas algum tempo após o seu uso, ou pelo
menos repetidas, se a situação epidemiológica não permitir o adiamento. No caso das
imunoglobulinas, o tempo a ser considerado é geralmente de 3 meses, sendo de 5 meses para
a imunoglobulina contra a varicela-zóster. Após a transfusão de papa de hemácias ou de
sangue total, deve-se considerar o intervalo de 5 ou 6 meses, respetivamente.
Considera-se que os anticorpos monoclonais não interferem com as vacinações.
Não é raro, entre os prematuros, uma permanência hospitalar superior a 2 ou 3 meses, e
aquelas crianças que estiverem em condições clínicas estáveis devem receber as vacinas
adequadas para a sua idade cronológica. No entanto, RN com peso de nascimento inferior a
2.000 g podem necessitar de modificações no esquema vacinal quanto à época de
administração da hepatite B, dependendo do estado imunológico da mãe por ocasião do parto
As imunoglobulinas são um tipo de imunização diferente das vacinas. As vacinas
são designadas por imunização ativa, enquanto as imunoglobulinas são chamadas de
imunização passiva. Sendo que os soros Hiper imunes são também um tipo de imunização
passiva feitos estes de forma artificial.
Quando um indivíduo é exposto a um determinado germe, o sistema imunitário
pode levar algum tempo para produzir os anticorpos necessários para conseguir combater

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esse mesmo germe, sendo que em alguns casos a doença pode ser tão agressiva que não é
possível esperar para a produção destes mesmos anticorpos.
Face a isto, surge a necessidade da utilização da imunização passiva. As
imunoglobulinas são um conjunto de anticorpos anteriormente formados por outras pessoas
ou animais. Estas imunoglobulinas causam uma imunização curta, sendo apenas suficiente
para tratar a infeção.
Sendo assim, a imunização ativa e passiva normalmente estão as duas interligadas,
pois a imunização passiva por si só não é suficiente. A imunoglobulina impedirá a infeção
atual, enquanto a vacina servirá para que o paciente fique imunizado por tempo mais
prolongado.

IMUNIZAÇÃO ATIVA ARTIFICIAL


De acordo com Ghaffar, A., & Haqqi, T. (s.d.), imunização pode ser conseguida ao
administrar patógenos vivos ou mortos ou seus componentes. Vacinas usadas para
imunização ativa consistem em organismos vivos (atenuados), organismos completos
mortos, componentes microbianos ou toxinas secretadas (que tenham sido detoxificadas).
Em concordância com Ayres, A. (2017), os soros, diferente da imunização ativa
artificial (vacinas), não induzem memória imunológica, motivo pelo qual, quando
catabolizados, o indivíduo volta a se tornar suscetível. A durabilidade da proteção varia de
acordo com as condições de saúde de quem o recebe, sendo que a proteção, diferente das
vacinas, é transitória.

FORMAS DE ADMINISTRAÇÃO
Segundo os Lusíadas (s/d), as vacinas salvam vidas devido ao seu elevado grau de
segurança e eficácia. A implementação numa elevada percentagem de indivíduos permite
controlar, pela vacinação, doenças evitáveis com significativa redução da morbimortalidade.
Os surtos de doenças evitáveis pela vacinação são ainda uma ameaça atual: como
exemplo temos o surto de sarampo na Europa que ocorreu maioritariamente em pessoas não
vacinadas, pois a eliminação do sarampo requer que pelo menos 95% da população esteja
vacinada.
Uma criança não vacinada continua suscetível às doenças em causa e suas
complicações, mesmo tratando-se de uma criança saudável.

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OBJETIVOS DA VACINAÇÃO
Segundo a Ordem dos Farmacêuticos (2015), uma vacina é uma preparação
antigénica, que tem como objetivo proteger o indivíduo vacinado contra um ou mais agentes
infeciosos. Uma característica determinante das vacinas é serem «imunogénicas», ou seja,
desencadearem uma reação imunitária humoral e celular no vacinado sem provocarem
doença. Aos termos «imunização» e «vacinação» são atribuídos significados diferentes,
embora estes sejam usados frequentemente como sinónimos, em linguagem corrente.
De acordo com OF (2015) as vacinas visam proteger os indivíduos vacinados de
doenças infeciosas. Além desta proteção direta, conferem também proteção indireta aos
indivíduos não imunes, pela presença e proximidade de indivíduos imunes pela vacinação.

Imunização Vacinação
Desenvolvimento de imunidade a uma
determinada doença, através de níveis Refere-se especificamente à
protetores de anticorpos; administração de uma vacina
Pode ser conseguida através da infeção
natural, da administração de Não confere necessariamente
imunoglobulinas ou da administração imunidade, uma vez que a eficácia e
de uma vacina. efetividade das vacinas não é
geralmente de 100%.

Proteger o indivíduo vacinado e a


comunidade

Evitar epidemias

Erradicar doenças

Figura 1 - Síntese dos objetivos da vacinação.

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VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Nem todas as vacinas são injetáveis, por isso é importante conhecer quais são as
vias de administração das vacinas, segundo o Sanar Saúde (2019), nos refere:
Via Oral- A via oral é utilizada para a administração de soluções que são mais bem
absorvidas no trato gastrointestinal. A dose é administrada pela boca e apresentados,
geralmente, em gotas.
Via intradérmica- Na utilização desta via a solução é introduzida nas camadas
superficiais da pele, isto é, na derme. A via intradérmica é uma via de absorção lenta, em
que o volume máximo indicado, introduzido por esta via, é de 0,5ml, sendo que, geralmente,
o volume corresponde a frações inferiores ou iguais a 0,1ml.
Via Subcutânea- Na utilização dessa via a solução é administrada nas camadas
subcutâneas. A via subcutânea é utilizada para a administração de soluções que necessitam
ser absorvidas mais lentamente, assegurando uma ação contínua. Essas soluções não devem
ser irritantes, devendo ser de fácil absorção.
O volume máximo a ser introduzido por esta via é de 1,5ml. Vacinas, como a contra o
Sarampo, e Rubéola (Tríplice Viral) tem indicação específica desta via.
Via Intramuscular- Na utilização desta via, a solução é introduzida no tecido
muscular. Utilizada para a administração de volumes superiores a 1,5ml de soluções
irritantes (aquosas ou oleosas) que necessitam ser absorvidas rapidamente e também quando
é necessário obter efeitos mais imediatos

CLASSIFICAÇÃO DAS VACINAS


Em concordância com a OF (2015), as vacinas podem ser classificadas segundo
vários aspetos relacionados com o antigénio que integram. Possivelmente, a classificação
mais intuitiva categoriza as vacinas em bacterianas ou virais, de acordo com a sua taxonomia
microbiológica.
Em harmonia com a OF (2015), as classificações das vacinas podem ser
categorizadas em três grandes grupos: vacinas atenuadas, vacinas inativadas e vacinas com
“Virus Like Particles”

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Figura 2 – Síntese da classificação das vacinas.

A OF (2015), diz-nos que as vacinas atenuadas, também designadas «vacinas


vivas», são constituídas por microrganismos que, por culturas repetidas, vão perdendo o
poder infecioso, mas mantêm a capacidade imunogénica. Isto significa que os vírus ou as
bactérias, embora vivos, não causam doença.
A capacidade de replicação no organismo do indivíduo vacinado produz acentuada
imunidade protetora humoral e celular. Normalmente, basta a administração de uma única
dose para produzir imunidade para toda a vida (com exceção das vacinas administradas por
via oral sendo exemplo a Vacina contra a varicela).
Em conformidade com a OF (2015), as vacinas inativadas contêm microrganismos
mortos ou inativados por ação do calor, de agentes químicos como o formaldeído ou de
radiações. Os microrganismos podem apresentar-se na forma intacta ou na forma fracionada.
A incapacidade dos microrganismos de se multiplicarem é a principal vantagem
das vacinas inativadas; apresentando total ausência de poder infecioso, mantêm as
características imunogénicas. A grande desvantagem deste tipo de vacinas é o facto de, em
geral, induzirem uma resposta imunitária menos acentuada, o que pode requerer a associação
de adjuvantes ou de proteínas transportadoras, bem como a necessidade de serem
administradas várias doses. (Exemplo Vacina contra a cólera.)

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De acordo com a OF (2015), as vacinas com VLP têm vantagens no que respeita à
segurança e à imunogenicidade. Estas partículas são desprovidas de material genético viral,
consequentemente não são infeciosas. Sendo desnecessária a atenuação ou a inativação das
VLP, não existe o risco de modificar uma pequena parte do antígeno por este tratamento.
Em sintonia com a OF (2015), quanto ao número e à natureza de antigénios que
possuem, as vacinas podem ser classificadas em:
• Monovalentes: contêm somente uma estirpe do antigénio;
• Polivalentes: contêm duas ou mais estirpes ou serotipos do mesmo antigénio;
• Combinadas: contêm uma associação de antigénios de diferentes microrganismos.
Exemplos de vacinas:

Monovalentes Polivalentes Combinadas

Vacina contra a Vacina contra a Vacina contra a


hepatite A doença hepatite A e a
pneumocócica hepatite B
Vacina contra a
hepatite B Vacina contra a
cólera
Vacina contra a
raiva Vacina contra a
gripe
Vacina contra a
varicela Vacina contra o
VPH

Figura 3 - Classificação das vacinas Monovalentes, Polivalentes e Combinadas.

CONTRAINDICAÇÕES E PRECAUÇÕES
Segundo a OF (2015), as contraindicações ao uso de vacinas, e levando em conta
que deve sempre ser inicialmente ponderado se o risco da vacina é maior que o risco da
doença, são os seguintes:
• Possibilidade de apresentar reações anafiláticas a qualquer um de seus
componentes ou a doses anteriores;

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• Aparecimento, na primeira hora após a exposição, de uma ou mais das
manifestações: urticária, sibilos, laringospasmo, edema labial, hipotensão e
choque.
No caso da imunização ativa com bactérias atenuadas ou vírus vivo, referimos
algumas contraindicações:
• Atenuado há que considerar se existe gravidez, já que grávidas não devem ser
vacinadas com vacinas vivas, pois configuram um risco teórico para o feto;
• A imunossupressão primária ou secundária de corticoides;
• Uso de corticosteróides em doses elevadas e tempo prolongado;
• O risco de encefalopatia nos sete dias subsequentes à administração de vacinas
com a toxina “pertússis”;
• Uso de imunoglobulinas ou sangue e derivados;
• Filhos de mães VIH positivas não devem ser vacinados com Bacilo Calmette-
Guérin (BCG) até ser completamente excluída a infeção VIH no bebé e a presença
de doenças agudas moderadas ou graves;
• Existe ainda um conjunto de condições ou situações que não sendo permanentes
ou podem atrasar os períodos adequados de administração das vacinas e, aumentar
os períodos de exposição e suscetibilidade dos indivíduos.
Segundo a OF (2015) esse conjunto de fatores é designado por Falsas
Contraindicações, que passamos a enumerar:
• História ou diagnóstico clínico da doença contra a qual se pretende vacinar;
• Uso de antimicrobianos;
• Vacinação antirrábica;
• Desnutrição;
• Reação local à vacina tríplice bacteriana, mesmo quando intensa;
• Doenças agudas leves com febre baixa (exemplo: diarreia ou infeção do trato
respiratório superior);
• Doença neurológica estável;
• História familiar de alergia;
• Gravidez da mãe ou de outro contato domiciliar;
• Tratamento com corticosteroide em dose não imunossupressora;
• Aleitamento não há contraindicação de vacinar lactantes;
• Administração simultânea de vacinas;

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• Internação hospitalar (precaução com vacina de poliomielite oral e contato
imunossuprimido);
• Prematuridade e baixo peso de nascimento (exceto BCG em < 2kg).
Segundo o SNS (2018) devem ser comunicadas todas a reações adversas ao Sistema
Nacional de Farmacovigilância, da alçada INFARMED, sendo que é o mesmo que
supervisiona a segurança dos medicamentos e coloca em prática medidas de segurança
sempre o mesmo se justifica. A notificação pode ser feitos por um profissional de saúde ou
por um utente do SNS, sendo que para efeitos de submissão e relato de eventos referentes à
RAM deve ser usado o seguinte portal

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CONCLUSÃO
A imunização é uma história de sucesso de saúde e desenvolvimento global,
salvando milhões de vidas todos os anos. As vacinas reduzem os riscos de contrair uma
doença, trabalhando com as defesas naturais do seu corpo para construir proteção.
A imunização é um componente fundamental da atenção primária à saúde e um
direito humano indiscutível. É também um dos melhores investimentos em saúde que o
dinheiro pode comprar. As vacinas também são essenciais para a prevenção e controle de
surtos de doenças infeciosas, dando sustentabilidade a segurança global da saúde e sendo
uma ferramenta vital na batalha contra a resistência antimicrobiana.
Em suma, concluímos assim segundo Ayres, A. (2017), o quanto é importante
conhecer acerca da imunidade, seus componentes e mecanismos de ação. Ao estar ciente
dessas ações, você, trabalhador da rede de frio, terá condições de compreender que o objetivo
de administrar um imunobiológico em um organismo é que este o reconheça e responda,
produzindo anticorpos e gerando proteção. E para que isso ocorra, é necessário que toda a
cadeia de rede de frio funcione perfeitamente para que a estrutura do imunobiológico esteja
plenamente preservada.
Desta forma, consideramos fundamental esta visão e intervenção, na crescente
atuação ao nível da saúde das populações, com o objetivo de melhorar a saúde destas, sendo
o enfermeiro um agente facilitador desta mudança.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A - CASO CLÍNICO EM PORTUGAL CONTINENTAL
Apresentamos como caso clínico a atual situação Pandémica. Observamos que face
a uma doença, para a qual à data deste trabalho não existe cura, existem, no entanto, opções
de Vacinação de mRNA, a população exposta a molécula presente na vacina produz
anticorpos próprios contra a Covid 19 que mostraram ser capazes de em caso de infeção de
reduzir tanto a gravidade dos sintomas como a morbilidade e a mortalidade da infeção em
toda a população vacinada.

Figura 4 - Exemplo de um caso clínico sobre Portugal Continental

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