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Radiologia

Introdução à Radiografia Contrastada


Enquanto alguns órgãos, como o tecido ósseo, são facilmente visualizados ao raio-X devido à sua
radiopacidade, outros possuem densidade semelhante a outros órgãos ou em sua própria estrutura,
impedindo sua perfeita visualização, como o estômago, os intestinos e os rins. Nesses casos, realiza-se o uso
de contrastes radiológicos para realçar essas estruturas.

Características dos Meios de Contraste


 Capacidade de absorção da radiação ionizante:
o Radiopacos → absorvem mais radiação. Agentes positivos.
o Radiotransparentes → absorvem menos radiação. Agentes negativos. Ex: ar.

 Capacidade de dissociação:
o Iônicos → se dissociam quando em solução.
o Não iônicos → não se dissociam. São mais caros, mas possuem menos efeitos indesejados.
Ex: sulfato de bário e DTPA Gadolínio.

 Composição química:
o Iodados
o Não iodados (sulfato de bário ou gadolínio).

 Natureza química:
o Orgânicos (possuem carbono).
o Inorgânicos (não possuem carbono).

 Solubilidade:
o Hidrossolúveis (mais seguros, menor quimiotoxicidade).
o Lipossolúveis.
o Insolúveis (sulfato de bário).

É possível identificar estruturas que captam, eliminam e transportam os agentes de contraste:


 Perfusão: todos os órgãos.
 Eliminação: fígado (bile) e rins.
 Transporte: vasos, líquor e intestinos.
 Permeabilidade da BHE.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Riscos Decorrentes do Uso do Contraste
Qualquer agente de contraste pode desencadear reação. Atualmente as reações aos meios de
contraste são bastante incomuns. O contraste iodado não iônico apresenta de 0,2 a 0,6% reações brandas e
0,04% reações graves. Já o gadolínio apresenta 0,01 a 0,22% reações brandas e 0,008% reações graves.

As reações graves e potencialmente ameaçadoras da vida são raras e imprevisíveis. Metade delas
ocorre nos primeiros 20 minutos após a injeção do contraste.

ETIOLOGIA
 Reações idiossincráticas/pseudoalérgicas (resultam de mecanismos ainda não compreendidos):
o Há liberação de histamina e outros mediadores dos basófilos e eosinófilos circulantes (em
80 a 90% dos pacientes no início da injeção).
o Raramente associadas a alta de IgE (apenas 4%), e não são detectados anticorpos.
o Reação não depende de sensibilização prévia (pode ocorrer na 1ª ou na 20ª dose).
o Independente da dose.
o Pode ser aguda (até 1 hora após injeção) ou tardia (de 1 hora até uma semana).

 Não idiossincráticas/fisiológica:
o Dose dependente.

 Ambas.

REAÇÕES
A classificação das reações com o uso do contraste é feita segundo sua severidade:

 Leves: somente observar o usuário.


 Pseudoalérgica → urticária leve, prurido, edema cutâneo, garganta irritada,
congestão nasal, espirros, conjuntivite e rinorreia.
 Fisiológica → náuseas, vômito, vermelhidão transitória, calor, calafrios, cefaleia,
tontura, ansiedade, gosto metálico na boca, discreto ↑ PA, reação vasovagal que
resolve espontaneamente.

 Moderadas: intervenção medicamentosa.


 Pseudoalérgica → urticária difusa, prurido, eritema difuso, edema de face,
rouquidão sem dispneia, sibilos e broncoespasmo leve sem hipóxia.
 Fisiológica → náuseas e vômitos persistentes, crise hipertensiva, dor torácica isolada,
reação vasovagal que necessita tratamento.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


 Grave: atenção imediata e hospitalização.
 Pseudoalérgica → edema difuso, edema de face + dispneia, eritema difuso +
hipotensão, edema laríngeo + estridor + hipóxia, sibilos, broncoespasmo + hipóxia
importante, choque anafilático (hipotensão + taquicardia).
 Fisiológica → reação vasovagal resistente ao tratamento, arritmia, convulsões e crise
hipertensiva.

 Fatais: óbito (colapso cardiorrespiratório, edema pulmonar, coma).

Atenção
Arritmias, depressão da contractilidade miocárdica, edema pulmonar cardiogênico e convulsões
são eventos raros. Muitos casos ocorrem em cardiopatas (fator de risco) e são relacionados a propriedades
físico-químicas do contraste (hiperosmolardidade principalmente) e hipocalcemia. São mais frequentes na
angiocardiografia.

Minimização de Riscos
Atualmente os exames são muito rápidos, portanto, o paciente deve aguardar pelo menos 30
minutos após o término do exame na clínica, antes de ser dispensado. O histórico clínico e antecedentes de
reações alérgicas (formulário a ser preenchido pelo paciente/familiar) funcionam como medidas preventivas,
quando aplicáveis.

Há um checklist a ser avaliado para a realização do exame:


1. O contraste é necessário? Há outra alternativa de imagem?
2. Pesar o risco-benefício para o paciente.
3. Estar preparado para tratar uma reação adversa apresentada pelo paciente.
4. Equipamento adequado e pessoal treinado para tratar reações ameaçadoras a vida.

FATORES DE RISCO A SEREM CONSIDERADOS


Moderados Importantes
Betabloqueadores (↓ limiar para reações/reduz a
Alergia prévia a contraste iodado/gadolínio
resposta à adrenalina)
Uso de metformina (solicitar a suspensão 48 horas
Reações alérgicas sem causa conhecida
antes e após o procedimento)
Feocromocitoma Alergia prévia a frutos do mar/iodo tópico
Anemia falciforme Asma (↑ risco de broncoespasmo)
Miastenia gravis Insuficiência renal ou creatinina elevada
Hipertireoidismo Doença cardiovascular sintomática
Alergia prévia Ansiedade/medo

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


As crianças, os idosos e os homens apresentam uma menor frequência de reações aos contrastes.

Pré-Medicação Preventiva
Esse método apresenta embasamento científico limitado, já que estudos randomizados ainda não
mostraram utilidade para prevenir reações moderadas e graves. Reações podem ocorrer mesmo após a pré-
medicação.

Apesar disso, pacientes de risco – como história de reação prévia a contraste – podem tomar:
 Prednisolona (30 mg VO) 12 horas e 2 horas antes da administração do contraste.
 Anti-histamínico (difenidramina 50 mg VO) 1 hora antes da realização do exame.

Meios de Contrastes
Iodado
 Características: pode ser iônico (maior probabilidade de reações adversas) e não iônico (são
hidrossolúveis, têm menor probabilidade de efeito colateral e, por isso, são mais utilizados), é
radiopaco e parcialmente absorvido pelo organismo.
 Indicação: estudo do sistema excretor/urinário, espaço subaracnoide, vias biliares, articulações,
artérias e veias, entre outras.
 Administração: endovenosa, intratecal, intra-articular, intraóssea, oral, retal, vaginal.

 Contraindicações:
 Pacientes hipersensíveis → faz tratamento prévio com anti-histamínicos e corticoides.
 Hipertireoidismo.
 Nefropatia induzida por contraste → disfunção renal (aumento da Creatinina) após a
administração intravenosa de contraste ionizado.
 Diabetes → paciente em uso de Metformina (é filtrada apenas pelos rins, com uso do
contraste, o contraste é eliminado em detrimento dessa, que se acumula e pode levar a uma
acidose láctica).
 Mieloma múltiplo e anemia falciforme.

 Em casos de suspeita de perfuração de víscera oca e pacientes com doença inflamatória intestinal
aguda, utiliza-se iodo hidrossolúvel diluído, ao invés do sulfato de bário. Isso se deve pelo risco de
peritonite química.

 O contraste iodado iônico (hidrossolúvel) pode ser absorvido: intravascular, intra-articular, espaço
subaracnoide e sistema digestório.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Sulfato de Bário
 Características: radiopaco, insolúvel, não iônico e não é absorvida pelo organismo.
 Indicação: estudo do trato gastrointestinal superior, intestino delgado e cólon.
 Administração: emulsão por via oral ou retal.
 Contraindicações:
 Suspeita de perfuração do tubo digestório, como diverticulite,
úlcera gástrica, fístulas etc. Se o bário entrar em contato com a
cavidade abdominal, desenvolve-se peritonite química. Assim,
nesses casos opta-se pela TC.
 Por ser insolúvel é contraindicado em casos de chance de escape
para a cavidade peritoneal ou árvore brônquica.
 Pré-operatório e pós-operatório (demora na eliminação).
 Obstruções.
 Desidratação (piora com o contraste).

Gadolínio
 É um contraste positivo, que reduz os temos de relaxamento T1 e T2. Além disso, aumenta a
intensidade de sinal nos cortes ponderados em T1.
 É um metal pesado, muito tóxico na forme livre (causa necrose hepática, alterações hematológicas,
e dose de 0,1 mmol/kg injetado na circulação humana é letal).
 Características: propriedade paramagnética, tóxico (tempo de meia vida longo), permanece na
corrente sanguínea e é eliminado através da urina, fígado ou segue para o espaço intersticial.
 Quando quelado torna-se viável para uso uma vez que acelera sua depuração e reduz a toxicidade.
 A quantidade injetada é menor em relação aos contrastes iodados.
 Indicação: ressonância magnética.
 Administração: intravenosa.
 Efeitos adversos: o mais preocupante quando se usa esse contraste
por via intravenosa é a indução de fibrose nefrogênica sistêmica (FNS)
em pacientes com insuficiência renal pelo acúmulo de gadolínio nos
rins. Em pacientes renais deve-se realizar diálise 2h após a injeção
endovenosa.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Exames do Trato Gastrointestinal
No trato gastrointestinal, as regiões que podem ser vistas em radiografias comuns, sem auxílio de
contraste são fundo do estômago (bolha gástrica) e porções do intestino grosso.

 Exames que utilizam sulfato de bário:


o Esofagografia
o Seriografia de esôfago, estômago e duodeno (SEED).
o Trânsito intestinal.
o Enema baritado ou enema opaco.

 As principais indicações são:


o Intestino Delgado
o Motilidade do esôfago
o Deglutição

Endoscopia
A endoscopia alta é padrão-ouro na avaliação do esôfago e estômago, enquanto a endoscopia
baixa (colonoscopia) é padrão-ouro na avaliação do intestino grosso. O intestino delgado vem sendo
examinado através da cápsula endoscópica (principalmente sangramento oculto).

CAPSULA ENDOSCÓPICA
É um exame não invasivo, que não requer sedação, internação e
praticamente não oferece riscos. O procedimento é simples e indolor no qual o
paciente engole naturalmente uma cápsula de 2,5 cm, na qual existe uma câmera
capaz de tirar fotos.

As imagens são transmitidas para um cinturão preso ao paciente, que registrará as imagens que
serão analisadas posteriormente pelo médico. Não está disponível em larga escala no Brasil, não sendo ainda
um exame de rotina. Assim, ainda se utiliza exames contrastados do TGI, especialmente do intestino delgado.

Esofagografia
 O contraste utilizado é o sulfato de bário.
 Para suspeita de fístula traqueoesofágica ou perfuração de esôfago, o ideal é utilizar o contraste
iodado não-iônico.
 O esôfago possui densidade de tecido mole, podendo conter ar ou líquido.

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As principais indicações para Esofagografia são:
 Exame contrastado da faringe e segmentos do esôfago.
 Funcionalidade da região orofaríngea.
 Análise da morfologia e superfície do tubo esofágico (ex. suspeita de neoplasias, fístulas,
estenoses, esofagite).
 Mobilidade esofágica.
 Junção gastroesofágica (ex. suspeita de refluxo gastroesofágico).
 Disfagia e odinofagia.

O exame pode ser simples ou duplo contraste (estuda parede esofagiana e mucosa) – o paciente
ingere uma pastilha de magnésio que dilata as vísceras, permitindo a visualização de pregas e mucosas.

SEED (Seriografia do Esôfago, Estômago e Duodeno)


Avalia a região do TGI alto (disfagias). Avalia perviedade, calibre, lesão orgânica, refluxo
gastroesofágico (de cabeça para baixo, fazendo manobra de Valsalva), motilidade e elasticidade.

 É realizado em jejum de 12h, com substância efervescente.


 É raramente necessário o uso de antiespasmódico EV.

 Indicações:
o Úlcera. o Sangramento digestivo alto.
o Refluxo gastroesofágico. o Anemia de origem a esclarecer.
o Dispepsia. o Perda de peso.
o Náuseas e vômitos. o Massa abdominal.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Contraste
Utiliza-se contraste baritado de alta densidade no exame com duplo contraste e distensão gasosa
na maioria. Na técnica de contraste simples, a solução baritada deve ser de baixa densidade.

Na suspeita de fístula mediastinal ou intra abdominal, se deve optar por contrastes iodados. Na
suspeita de fístula entre o esôfago e a árvore traqueoesofágica ou em pacientes com risco de aspiração, o
uso de contraste baritado de baixa densidade é mais seguro.

Trânsito Intestinal
Objetiva visualizar a região do intestino delgado, sua forma e função. Identificar:
 Passagem do meio de contraste do estômago para o duodeno.
 Região muscular que compreende o ligamento de Treitz.
 Região do jejuno.
 Porção terminal do íleo (válvula ileocecal).

 Utiliza-se contraste baritado por via oral.


 O exame termina quando o contraste passa do ceco para o íleo terminal.
 É o exame mais conhecido do intestino delgado.
 É indicado para avaliar estreitamentos ou dilatações do intestino delgado. Além disso, em caso de
doença inflamatória intestinal (como doença de Crohn, retocolite ulcerativa), diarreia e constipação.
 Tem sido substituído por entero-TC e entero-RM.
 Em suspeita de fístula ou perfuração é feito com iodo 50%.
 A radiografia deve ser executada no processo expiratório.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


O trânsito intestinal não
distende suficientemente as
alças do intestino delgado,
portanto, não permite
avaliação criteriosa da mucosa

Enteróclise
É um exame realizado com contraste iodado diluído + laxativo
osmótico, com a finalidade de “puxar água para dentro das alças”. Com isso, há
uma distensão do intestino delgado, que permite a avaliação mais detalhada da
mucosa.

 Indicações → doenças inflamatórias do intestino delgado e obstruções.


 Utiliza-se uma sonda nasogástrica para injeção de contraste no
intestino, que chega até o ângulo de Treitz.

Antes de injetar o contraste, infla-se um balão para impedir refluxo do contraste para o estômago,
o que pode causar náuseas, vômitos e alterações do peristaltismo.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Na visualização da enteróclise, pode-se avaliar diferenças entre o jejuno e o íleo. O jejuno apresenta
pregas mais próximas, iniciando-se no ângulo de Treitz no quadrante superior esquerdo (correspondente a
40% do intestino delgado), enquanto o íleo apresenta pregas mais espaçadas (o íleo terminal é praticamente
liso), terminando na valva ileocecal e correspondendo a 60% do intestino delgado.

Apesar de ter ensinado muito sobre a anatomia do intestino delgado, a enteróclise foi rejeitada
pelos pacientes e radiologistas devido ao uso da sonda nasogástrica, e substituída por outro método, a
enterografia por TC.

Enterografia por TC
Como citado acima, a enterografia através da TC eliminou o uso da sonda enteral. A enterografia
por TC difere da TC convencional de abdome pela utilização de grandes volumes de contraste oral e cortes
finos, com reconstruções multiplanares, adquiridas por TCMD.

Em relação aos contrastes utilizados via oral há algumas possibilidades, e dentre essas as 3
principais são: leite (A), água, como contraste negativo (B) e solução de polietilenoglicol (PEG) (C). Além deles,
existe também a lactulose, o bário diluído com sorbitol, dentre outros. O PEG, nas concentrações usadas
atualmente, apresenta bons resultados quanto à distensão intestinal, mas possui pior aceitação por parte
dos pacientes, por conta dos efeitos adversos (cólicas e diarreia).

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O iodo endovenoso é utilizado também, para realçar a parede das alças (contraste positivo).

O objetivo da enterografia por TC é avaliar o calibre das alças, espessura da parede e aspectos da
mucosa do intestino delgado. Esse exame mostra todos os elementos necessários para avaliar patologias
inflamatórias do intestino delgado (esse local não é sede frequente de tumores). Ele avalia toda a espessura
da parede das alças do intestino delgado e demonstra mesentério, vasos e gordura perientérica.

 Principais indicações → avaliação de sangramento gastrintestinal obscuro, diagnóstico e


acompanhamento de doença inflamatória intestinal (ex. doença de Crohn) e pesquisa de neoplasias
intestinais.

Exame normal Doença de Crohn

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Na primeira imagem abaixo, percebe-se paredes espessadas, com captação anormal de contraste
EV, vasos engorgitados e linfonodos aumentados. Já na segunda imagem, observa-se o sinal do pente, no
qual há hipervascularização do mesentério (doença inflamatória – Crohn) e dilatação, tortuosidade e
proeminência dos vasos retos (sugere exacerbação do quadro).

Pólipos duodenais Tumor carcinoide duodenal

Na imagem abaixo, há um quadro de obstrução intestinal (fecalização do intestino delgado). Há


algumas alças distendidas com gases e material sólido em seu interior, cabendo ressaltar que o intestino
delgado não forma nem acumula material fecal normalmente.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Enema Opaco
 Objetiva visualizar o intestino grosso e identificar todas as estruturas anatômicas dessa região.
 O contraste é administrado via retal por um enema.
 O preparo inicia-se 48 horas antes do exame: recomenda-se alimentação pobre em gorduras e fibras,
rica em água, jejum noturno e laxativos (na véspera do exame).
 É realizada uma lavagem intestinal no dia do exame.

O enema opaco pode ser realizado com:


 Contraste simples → apenas sulfato de bário.
 Duplo contraste → expansão do cólon insuflando-se ar/gás (contraste negativo) no interior
do intestino deixando a mucosa com resquícios do sulfato de bário – “Técnica de Malmo”.

Alguns linfonodos no íleo terminal (demonstrados pelas setas na primeira imagem abaixo) podem
ser proeminente em adultos jovens, como resposta imunológica a infecções intestinais prévias. O tumor de
cólon (adenoca cólon) pode ser visualizado através do sinal da maçã mordida (segunda imagem abaixo),
entretanto pode ficar de difícil diferenciação se comparada à diverticulite gerando espasmo (terceira
imagem), onde deve-se aguardar um tempo para o espasmo se desfazer.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Na primeira imagem abaixo, mostra-se um paciente com colite ulcerativa de longa duração, lesão
em “anel de guardanapo” no terço médio do cólon transverso. Já a segunda imagem abaixo é de um paciente
com doença de Crohn, onde evidencia-se lesão no cólon descendente.

Colonoscopia Virtual por TC


 É uma técnica de TC que utiliza enema de ar para distender o
cólon.
 Indicação → pesquisa de pólipos, lesões que frequentemente
malignizam, > 10 mm (sensível e específico) e avaliação da
extensão da doença diverticular.
 Contraindicações → após realização de exame radiológico com
contraste oral ou retal (aguardar 7 dias), obstrução ou
suboclusão intestinal, diverticulite aguda e pacientes com
insuficiência cardíaca, insuficiência renal ou outras condições
de instabilidade hemodinâmica.
 Não requer sedação, nem uso de contraste endovenoso.
 O preparo do cólon é fundamental, portanto, deve estar livre de fezes para evitar diagnóstico falso
positivo. É feito com restrição alimentícia (apenas líquidos), jejum noturno e uso de laxante na
véspera (ou antevéspera) do exame, principalmente pelos indivíduos constipados.
 É realizada a limpeza intestinal.

O ar é injetado no cólon submetido a rigorosa limpeza. São realizados cortes axiais do abdome e da
pelve e as imagens devem ser processadas posteriormente o que torna o exame bastante trabalhoso.

Na imagem abaixo está demonstrado um corte axial, no qual a seta aponta para um provável pólipo.
Enquanto na seguinte há a presença de diversos divertículos.

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Outra forma de exame é a realização da “endoscopia virtual”, uma outra forma de reformação que
permite visão endolumial.

 A colonoscopia virtual é um exame altamente dependente de tecnologia, que necessita de


treinamento para sua realização e interpretação.
 É necessário o conhecimento de potenciais armadilhas técnicas e limitações do método e o médico
deve ser familiarizado com os aspectos de imagem das doenças colorretais.

Exames do Sistema Urinário


Urografia Excretora
 Analisa o parênquima renal, sistema pielocaliceal, ureteres e bexiga.
 Normalmente é o exame radiológico inicial em casos de dores em vias urinárias, hematúria e
infecções urinárias.
 Possibilita a análise do tamanho, eixo, contorno e simetria funcional dos rins. A bexiga é avaliada
quanto ao tamanho e ao contorno, devendo ser arredondada e regular.
 É realizada com uso de contraste iodado.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Indicações
As principais indicações clínicas para a realização desse exame são:
 Massa abdominal ou pélvica.
 Cálculos renais e ureterais.
 Variações anatômicas e anomalias congênitas (ex: rim em ferradura).
 Torções ureterais.
 Traumatismo renal.
 Dor no flanco.
 Hematúria.
 Infecções do trato urinário.
 Insuficiência renal.

Contraindicações
 Reações alérgicas ao iodo.
 Insuficiência renal.
 Diabetes mellitus.
 Anúria.
 Quadro severo de desidratação ou desequilíbrio eletrolítico.
 Gravidez.

Preparo do Paciente
 Jejum noturno antes da data do exame;
 Realizar limpeza intestinal via oral e retal;
 Verificar se o nível de creatinina sérica está dentro da faixa normal;
 Obter um histórico do paciente para quaisquer alergias a medicamentos conhecidas, seguido de
termo de consentimento por escrito para o procedimento.
 Se houver alergia: pré-medicação com corticosteroide.
 Suspensão do uso de metformina em pacientes diabéticos.

Metodologia do Exame
1. Realizar radiografia simples de abdome no paciente para verificar técnica, posicionamento e preparo
intestinal.
2. Imediatamente após a administração do meio de contraste iodado endovenoso, realiza-se uma
radiografia localizada dos rins.
3. Realizar a radiografia das lojas renais após 5 minutos da administração do contraste.

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4. Após exposição de 5 minutos, deve-se colocar a faixa de compressão no abdome do paciente.
5. Realizar radiografia das lojas renais após 10 minutos da administração do contraste.
6. Aos 15 minutos, deve-se tirar a faixa de compressão, e imediatamente realizar uma radiografia
panorâmica, compreendendo das lojas renais até a bexiga.
7. Radiografia panorâmica após 25 minutos da administração do contraste.
8. Radiografia localizada da bexiga cheia e pós-miccional.

Um retardo da opacificação unilateral da via coletora indica uma provável obstrução.

Uretrocistografia Miccional
A uretrocistografia miccional é o estudo do trato genitourinário no qual o contraste iodado é
introduzido na bexiga por meio de um cateter. Tem como objetivo avaliar a bexiga, uretra, a anatomia pós-
operatória e o processo miccional. Pode determinar a presença ou ausência de alterações uretrais
(posteriores) e vesicais. Mais utilizado em crianças.

As principais indicações clínicas para a realização desse exame são:


 ITU.
 Disúria.
 Micção disfuncional.
 Hidronefrose e/ou hidroureter.
 Hematúria.
 Trauma.
 Incontinência urinária.
 Disfunção neurogênica da bexiga.
 Anomalias congênitas do trato genitourinário.
 Refluxo vesicoureteral (principal indicação).

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Esvaziamento Refluxo
normal vesicoureteral

Metodologia
 Preenchimento da bexiga com meio de contraste iodado sob precauções assépticas.
 Triagem intermitente do paciente na Fluoroscopia, enquanto distende a bexiga com contraste, é
necessário para verificar se há ureterocele ou refluxo vesicoureteral.
 Depois que a bexiga está cheia até sua capacidade (que varia de acordo com a idade do paciente), o
paciente deve urinar.

Uretrocistografia Retrógrada
Exame que analisa a morfologia da uretra e da bexiga. Suas principais indicações são refluxo
vesicoureteral e trauma pélvico. Pouco recomendado por conta da suscetibilidade a infeções e traumatismos.

Metodologia
 Paciente deve esvaziar a bexiga
 Inserção e tração de sonda e meio de contraste iodado na região vesical.

A uretra anterior é formada pela uretra peniana (caracterizada com a seta amarela) e pela uretra
bulbar (seta azul). Já a uretra posterior é constituída pela membranosa (seta vermelha) e uretra prostática
(seta verde – melhor avaliada com estudos de micção).

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


A imagem abaixo demonstra um urograma retrógrado realizado com pinça (pontas de seta)
mostrando estenose na uretra bulbar (seta).

Exames do Sistema Reprodutor Feminino


Histerossalpingografia
É um exame fluoroscópico do útero e das trompas de falópio.

As principais indicações clínicas para a realização desse exame são:


 Análise da morfologia uterina.
 Investigação de infertilidade ou abortos espontâneos recorrentes.
 Tumores cavitários.

Já as contraindicações à realização da histerossalpingografia são:


 Gestação.
 Infecção pélvica ativa.
 Cirurgia uterina ou tubária recente.
 Hemorragia intensa.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


Metodologia
1. Deve ser realizado após o 10º dia do ciclo menstrual (fase proliferativa).
2. Realizado após exame do toque e inserção do espéculo, realizando a limpeza do útero com solução
asséptica.
3. Depois de feito o cateterismo uterino, o contraste iodado é injetado no colo uterino, após tração
com pinça Pozzi.

Prova de Cotté
É um procedimento realizado no exame de histerossalpingografia para observar se houve uma
dispersão adequada do contraste no útero.

 Positiva → significa que não houve obstrução à passagem do contraste pelas tubas uterinas durante
o exame de histerossalpingografia.
o Obstrução tubária é uma das causas de infertilidade, pois impede o encontro do
espermatozoide com o óvulo, que ocorre dentro da tuba uterina.
 Negativa → significa que as trompas estão obstruídas por alguma razão.

Patologias Detectáveis
 Uterinas:
o Anomalias congênitas uterinas.
o Miomas uterinos submucosos.
o Malignidade uterina.
o Adenomiose.
o Aderências intrauterinas.
o Pólipos uterinos (endometriais).

 Tubárias:
o Obliteração das trompas de falópio.
o Pólipos tubários.
o Malignidade tubária.
o Hidrossalpinge.
o Salpingite ístmica nodosa (SIN).
o Espasmo tubário. Útero septado
o Salpingectomia.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol


O que Fazer em Caso de Reação Adversa?
Relembrando os riscos decorrentes do uso de contraste, temos:

Portanto, deve-se observar o ABCD:

 Airways → abertura das vias aéreas.


 Breathing → restauração da respiração.
 Circulation → manutenção da circulação.
 Drugs → medicamentos e tratamento definitivo.

Vinícius Moreira e Isabela Bredariol

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