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USF PED U9 Tecnologia em Meio Ambiente
USF PED U9 Tecnologia em Meio Ambiente
FOTO CAPA
TECNOLOGIA EM
MEIO AMBIENTE
UNIDADE 9
TECNOLOGIAS APLICADAS A
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE
CORPOS HÍDRICOS
O manejo florestal pode ser definido como aplicações de técnicas na operação de uma
propriedade florestal, com o objetivo de obter benefícios sociais, econômicos e ambien-
tais: conservação, proteção, produção, recreação e educação, pois, os mecanismos de
sustentação do ecossistema são preservados, em que a silvicultura é um elemento fun-
damental para esse gerenciamento. A silvicultura engloba os métodos naturais e artificiais
de regeneração, o processo de estabelecimento, a condução e a colheita de árvores.
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Tecnologias aplicadas a prevenção e tratamento de corpos hídricos U9
O sistema mosaico trata-se de árvores plantadas para fins industriais que se integram
com a vegetação natural existente, auxiliando na formação de corredores ecológicos e
na regularização da disponibilidade de recursos hídricos. A colheita florestal mecani-
zada auxilia na reciclagem dos nutrientes e na umidade do solo, pois os resíduos dei-
xados absorvem a umidade, além de ajudar na manutenção e na qualidade das águas
superficiais diminuindo o assoreamento.
Um exemplo prático do manejo florestal para a proteção dos recursos hídricos acon-
tece na cidade de Extrema (MG), com o Projeto Conservador da Águas, consolidado
em 2005 e vencedor de inúmeros prêmios. Os objetivos desse projeto são de aumen-
Para saber mais sobre o Projeto o Conservador das Águas, leia o artigo indicado a seguir.
SAIBA MAIS
Vale destacar que o reflorestamento para fins comerciais pode utilizar florestas plantadas,
sendo o eucalipto uma possível solução em regiões onde há mais de 400mm/ano de chuva,
caso contrário, ele pode ressecar o solo; ou, ainda, para fins ecológicos por meio utilização
de mata nativa, recuperação de matas-ciliares, nascentes de rios, encostas, entre outras.
2. INFRAESTRUTURA VERDE-AZUL
A ocupação humana dos ambientes, tanto naturais quanto construídos, impactam e modi-
ficam diretamente a qualidade do ambiente, porque alteram o uso e a ocupação do solo.
Uma das práticas que produz maior impacto ambiental é a urbanização, esse fato se jus-
tifica pela retirada da cobertura vegetal original, aumento da impermeabilização do solo,
utilização e ocupação das margens dos rios e implementação de obras de canalização. Por
sua vez, a cidade é composta por quatro sistemas grandes, descritos na figura a seguir.
Infraestrutura Infraestrutura
Verde: Azul: canais,
parques e lagos, rios,
áreas naturais. lagoas e outros
recursos hídricos.
Fonte: elaborada pelo autor
Infraestrutura
Infraestrutura Infraestrutura
Verde:rodovias,
Cinza: Vermelha:
parques
linhas e
de tráfego, Edificações.
áreasdenaturais.
área
estacionamento.
A partir da compreensão dos sistemas que compõem a cidade, duas infraestruturas são fun-
damentais para o desenvolvimento sustentável das cidades: as infraestruturas verde e azul.
A infraestrutura verde pode ser compreendida como uma rede de espaços verdes
interconectados que conservam as funções e os valores dos ecossistemas locais, tra-
zendo um grande benefício à população local. Esse conceito está se desenvolvendo
amplamente, pois se utiliza a ideia das paisagens como elemento multifuncional inte-
grando paisagismo, controle de cheias, lazer e valorização ambiental, elementos ne-
cessários e que integram os desenvolvimentos das áreas verdes no espaço reduzido
das cidades.
Nesse sentido, é importante salientar que, a infraestrutura verde pode ser considerada
elemento chave dos ambientes urbanos, auxiliando na resiliência desses ambientes
em relação aos impactos das mudanças climáticas. Além disso, ela é fundamental para
o desenvolvimento da biodiversidade e de todos os processos naturais, educacionais,
recreativos e emocionais que a permeiam.
Já a infraestrutura azul está relacionada com o sistema hídrico urbano, que pode se
associar com a infraestrutura verde da cidade para construir um ciclo de água orientado
naturalmente. Nesse contexto, conceitos como o de drenagem expandiram sua ideia
inicial na busca de integrar a cidade com a drenagem e, consequentemente, agregar
valor, além de auxiliar no desenvolvimento da biodiversidade, sendo conhecido como
Cidade Sensível à Água, em inglês, Water Sensitive Urban Design (WSUD).
Em 2007, dois programas foram instituídos pelo Governo do Estado de São Paulo, o
Pacto das Águas e o Município Verde. A partir da experiência obtida com esses progra-
mas, pode-se ampliar o campo de visão observando a integração que havia entre eles,
criando assim, em 2009, o Programa Município Verde-Azul (PMVA). Esse programa
possui dez diretivas (Figura 4) que serão os fundamentos avaliados pelo PMVA.
Para acessar o ranking dos municípios paulistas que participaram desse programa
acesse a referência indicada a seguir:
SÃO PAULO (Município). Programa Município Verde-Azul PMVA, [s. d.]. Disponível
em: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/verdeazuldigital/pontuacoes/.
Acesso em: 3 mai. 2021.
Em linhas gerais, trata-se de águas que fazem parte da natureza e, embora sejam
assim caracterizados, para que possam ser utilizados em atividades rotineiras do dia a
dia, como limpeza e higiene, devem passar por um processo de tratamento.
Já os efluentes são resíduos gerados por meio das atividades humanas e industriais
que, para auxiliar no entendimento e em sua classificação, são divididos em efluen-
tes industriais e domésticos. Os efluentes domésticos são aqueles oriundos de resi-
dências e empresas, como esgoto, caixas de gordura de casas e fossas sépticas. Os
efluentes industriais são os resíduos produzidos durante os processos produtivos e que
não são mais aproveitados. Nesse sentido, há diversos segmentos de indústrias, como:
água de lavagem, água residuária e lodo líquido, que para serem descartados de forma
correta devem receber um tratamento adequado.
O Instituto Trata Brasil, organização da sociedade civil de interesse público, atua des-
de 2007 com o intuito de informar e conscientizar a população brasileira sobre o sa-
neamento básico no país. Um de seus trabalhos é realizar o ranking do saneamento,
analisando todos os municípios. O último ranking publicado em parceria com a GO
Associados está disponível no link a seguir.
Com o passar dos anos, os estudos sobre as técnicas para tratar a água, seja para
consumo humano ou industrial, se desenvolveram, possibilitando etapas de tratamento
dentro de um único sistema. Dessa forma, as ETAs seguem se aprimorando, porém, de
forma suscinta, suas etapas podem ser descritas da seguinte forma:
I. Captação da água;
II. Desinfecção: adição de cloro ou uso de radiação ultravioleta (UV), na entrada da água
à estação é fundamental a redução ou a eliminação de patógenos existentes na água bruta;
IV. Coagulação: nessa etapa é adicionado sulfato de alumínio, cloreto férrico ou outro co-
agulante seguido de uma agitação da água, a fim de desestabilizar as partículas de sujeira
facilitando sua agregação e, consequentemente, a diminuição da turbidez a níveis aceitáveis;
V. Floculação: após a coagulação, inicia-se o processo de mistura lenta da água para pro-
vocar a formação de flocos com as partículas de sujeira;
VI. Decantação: etapa em que a água passa por tanques para separar e retirar os flocos de
sujeiras formados na etapa de floculação;
VII. Filtração: a etapa de filtração é realizada em tanques formados por pedra, areia e car-
vão, responsáveis por reter a sujeira que restou na fase de decantação;
IX. Desinfecção: realização de mais uma adição de cloro na água ou ozônio já na sua saída
da ETA, a fim de garantir a ausência de bactérias e vírus;
O termo wetland, originário da língua inglesa, significa terra molhada ou úmida. Ou seja,
trata-se de ambientes inundados permanentemente ou sazonalmente, sendo utilizado
como habitat de plantas aquáticas como manguezais, banhados e pântanos.
A partir da observação desse ambiente natural ocorreu a sua projeção de forma “arti-
ficial” para o tratamento de efluentes. Dessa forma, são construídos lagoas ou canais
que hospedam plantas aquáticas simulando ecossistemas naturais controlados.
O sistema wetland se trata de uma tecnologia vista com bons olhos pela socieda-
de, pelo fato de fazer uso de vegetação e ter ausência de odores. Esse segmento
é comumente confundido com jardins filtrantes, no entanto, jardins filtrantes são a
evolução das wetlands construídas. Dessa forma, pode-se afirmar que um jardim
filtrante pode ser considerado uma wetland, mas uma wetland não pode ser consi-
derada um jardim filtrante.
Procure na cidade em que você mora se existe algum projeto de conservação dos
recursos hídricos que participe do Programa Verde-Azul.
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