A disciplina ‘Antropologia Missionária’ foi ministrada pela professora Bettina
Siemens ao longo de nove aulas, no curso de Teologia do seminário Teológico Russel
Shedd. A matéria abordou os vários aspectos que compõem a cultura e as suas implicações para o trabalho missionário. De forma bastante específica, a disciplina teve como principais objetivos levar ao conhecimento dos alunos temas importantes, como cultura, etnocentrismo, choque cultural e contextualização. E, além disso, despertar a sensibilidade para que o aluno conheça e respeite as diferenças culturais existentes, e a partir disso esteja devidamente capacitado e preparado para a obra missionária. Logo na primeira aula, a professora introduziu a disciplina abordando a definição de cultura e as suas subdivisões (que seriam temas das aulas posteriores), pois ela pode ser classificada em material, social, religiosa, e em diversos outros aspectos. Por isso, a cultura é aprendida e construída ao longo da vida do homem, sendo ele extremamente influenciado pelo ambiente no qual está inserido. Após essa abordagem, a professora pontuou três princípios para entender a relação entre a cultura e o Evangelho. O primeiro é que o Evangelho é algo superior a todas as culturas humana, e por esse motivo ele pode ser manifestado em cada uma delas. Esse princípio está inteiramente ligado ao segundo, que se refere à importância do Evangelho ser expresso em formas culturais, pois para crer no Evangelho o homem precisa recebê-lo dentro do seu idioma e de sua respectiva cultura. Por fim, o terceiro princípio descreve que o Evangelho propõe mudanças significativas para todas as culturas. Os temas da segunda aula foram ‘Cultura material’ e ‘Cultura artística’. A professora destacou aspectos particulares de cada cultura material, como as diferenças de abrigos, vestimentas, sistemas econômicos, alimentos e transportes utilizados. Assim como da cultura artística: pintura, música, arquitetura e dança. Esses elementos remontam à expressão do pensamento e do comportamento humano e o obreiro cristão deve conhecer e se portar de acordo com as normas consideradas adequadas em cada sociedade, mas, em primeiro lugar, ele deve se comportar de acordo com a vontade de Deus revelada nas Escrituras. O conteúdo abordado na terceira aula foi ‘As relações sociais’. Todas as sociedades são formadas por grupos e famílias, que possuem relevâncias diferentes em cada lugar. Outros aspectos importantes em cada sociedade são os ciclos de vida e os ritos de passagem, que marcam a passagem de uma etapa para outra da vida e ajudam as pessoas a se integrarem socialmente. No entanto, muitos “ritos de passagem”, apesar de serem relevantes para as pessoas, vão de encontro à Palavra de Deus, e o obreiro cristão deve estar preparado para confrontar o erro e concertá-lo, substituindo-o por um rito cristão. Ao final dessa aula, a professora mostrou que as sociedades lidam diferentes quando se deparam com uma decisão para tomar, citando como exemplo a decisão da conversão, na qual ela dividiu em cinco estágios, onde explicou cada um deles. Na aula seguinte, a temática abordada foi a cosmovisão. Ela é, no sentido literal da palavra, a visão de mundo que uma pessoa tem. E pode ser dividida em três dimensões: cognitiva, afetiva e avaliadora. A cosmovisão é formada no indivíduo através da influência da família, da mídia, da escola, da cultura, dos relacionamentos, e das diversas outras esferas na qual estamos inseridos. Como cristãos, devemos enxergar o mundo a partir da cosmovisão de Deus. Na sexta aula, a professora enumerou e explicou as principais diferenças entre a religião oficial e a religião popular. A religião oficial é evidenciada por possuir uma teologia definida e teocêntrica, por se organizar de forma institucionalizada e separar Deus e a ciência. Por outro lado, a religião popular é marcada pela sabedoria daqueles que relatam ter passado por experiências, altamente antropocêntrica, não possui organização, e acreditam no mundo dos espíritos, dizendo que são conduzidos por eles.