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Atuais princípios do direito das coisas no direito

brasileiro

ATUAIS PRINCÍPIOS DO DIREITO DAS COISAS NO DIREITO BRASILEIRO


Current principles of the property law in Brazilian law
Revista de Direito Privado | vol. 88/2018 | p. 99 - 116 | Abr / 2018
DTR\2018\12733

Eduardo Mingorance de Freitas Gouvêa


Mestrando em Direito Civil pela PUC-SP. Especialista em Direito Processual Civil pela
Faculdade Damásio. Bacharel em Direito pelo Centro Universitário FIEO – UNIFIEO.
Advogado em São Paulo. emfgouvea@hotmail.com

Área do Direito: Civil


Resumo: Este artigo objetiva trazer ao leitor os 11 principais princípios utilizados no
direito das coisas no direito brasileiro, explicando seu conceito e sua aplicação prática,
por meio de uma visão doutrinária, normativa e jurisprudencial, a partir de sua história.

Palavras-chave: Direito das coisas – Princípios – Propriedade – Posse – Tipicidade


Abstract: This paper aims to draw to the reader the eleven main principles used in the
property law in Brazilian law, explaining its concept and its practical application, through
a doctrinal, normative and jurisprudential view, all this from its history.

Keywords: Property law – Principles – Property – Possession – Typicity


Sumário:

1 Introdução - 2 Papel dos princípios no direito civil - 3 Evolução histórica do direito das
coisas - 4 Princípios no direito das coisas - 5 Conclusão - 6 Referências

1 Introdução

Este trabalho tem a função de examinar os princípios norteadores do direito das coisas
no direito brasileiro, trazendo a posição da doutrina e da jurisprudência atual sobre sua
aplicação.

Como se verá adiante, no corpo do trabalho, os direitos das coisas possui uma influência
muito forte dos princípios. Em razão disso, faz-se necessário analisar os princípios e as
regras das quais aqueles influenciaram, para tentar encontrar as possíveis molduras
(limites) que o ordenamento jurídico se propôs a fazer.

No primeiro tópico do trabalho, buscar-se-á compreender o que os princípios são no


direito civil brasileiro e entender qual sua força normativa perante os operadores do
direito.

Ademais, analisaremos a evolução histórica do direito das coisas. O trabalho procurará


trazer ao leitor a história deste instituto, para facilitar na compreensão de existir
determinados princípios.

Em seguida, será abordado o tema dos princípios no direito das coisas. O item em
destaque abordará quais são os principais princípios do direito das coisas.

A seguir, cada princípio que a doutrina considera importante no instituto do direito das
coisas será trazido ao trabalho. O estudo desses princípios, em questão, será abordado
em detalhes, com exceção dos princípios da função social da propriedade e da posse,
que ambos possuem conteúdo muito extenso, e acabaria fugindo da finalidade do
presente trabalho.

Ainda assim, o trabalho buscará trazer opiniões da doutrina, a norma legal e algumas
jurisprudências dos princípios em estudo.

Para esse trabalho, usaremos o método indutivo, que é a análise das normas e em busca
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dos princípios que a inspiraram, e também usaremos o método dedutivo, que é a análise
do princípio e o que se pode criar de normas com base nele.

2 Papel dos princípios no direito civil

Para entender a função que os princípios refletem no ordenamento privado, precisamos


trazer ao trabalho uma das grandes problemáticas do mundo jurídico: qual é a distinção
entre princípios e regras?

Essa questão possui uma série de respostas da doutrina, das mais variadas.

Como o presente trabalho tem como função explicar os princípios nos direitos das coisas,
abordaremos a distinção supracitada, com a teoria de José Joaquim Gomes Canotilho,
sem adentrar nas mais variadas divergências doutrinárias.
1
Canotilho afirma, em sua obra , que as regras e os princípios são duas espécies de
normas, sendo que a distinção a ser feita tem como base as espécies normativas.

Essa distinção, por Canotilho, é feita com base em alguns critérios, sendo eles: (I)
quanto à abstração da norma (princípios possuem grau de abstração elevado, enquanto
as regras possuem um grau reduzido); (II) quanto à determinabilidade na aplicação (os
princípios carecem de uma aplicação direta, enquanto as regras são suscetíveis à essa
aplicação); (III) quanto à sua fundamentabilidade no sistema de fontes (os princípios
possuem uma posição hierárquica fundamental visto que são normas estruturantes do
ordenamento, diferente das regras, que não possuem essa função); (IV) quanto à ideia
de direito (os princípios são padrões jurídicos que buscam a justiça, enquanto as regras
são normas funcionais); (V) quanto à natureza normogenética (os princípios são normas
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que dão o fundamento para as regras).

A partir dessa distinção feita por Canotilho, é possível compreender a importância dos
princípios no direito civil, visto que dão a consistência do plano jurídico geral, uma vez
que são os fundamentos das próprias regras.

Tendo a teoria supracitada como base, podemos entender que o legislador parte dos
princípios para criar regras singulares, as normas para determinados casos, tudo isso a
partir de um método dedutivo. Com isso, podemos concluir que todo princípio é
considerado geral, mesmo que tenha o alcance diminuído.

Sustentando essa ideia, podemos citar Francesco Carnelutti, que, numa análise inversa,
traz a mesma visão anteriormente citada, em que os princípios do direito “são as
premissas éticas ou econômicas que podem obter-se por indução do material
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legislativo”.

Como exposto até aqui, o papel dos princípios para o direito civil é importantíssimo.
Como o Brasil adota o sistema jurídico da civil law, a necessidade de normas legislativas
é de suma importância para a segurança jurídica.

O legislador, para a criação de normas específicas, necessita de uma base geral, que são
os princípios.
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Nesse sentido, o Prof. Paulo Nader, explica, em seu livro , a necessidade dos princípios
para a criação das normas. Nader sustenta que se tornam normas de um Código, o que
já se concretizou na doutrina e/ou na jurisprudência. Para se criar o Código, o legislador
precisa analisar os princípios gerais e específicos do direito. Com esse estudo, o
legislador cria uma base normativa para buscar a criação de normas específicas para
determinadas situações.

Com a dificuldade de prever todas as situações específicas, criando suas respectivas


normas, e a constante evolução da sociedade, o legislador tem que optar por escrever
normas não tão fechadas, para evitar o engessamento do ordenamento jurídico.
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Ainda assim, mesmo prevendo essas normas consideradas abertas, chamadas de


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cláusulas gerais , o ordenamento não consegue fechar todos os fatos possíveis de que a
legislação deveria normatizar.

Em razão dessas lacunas, que sempre existirão, os princípios são peças importantes
para preencher o limbo normativo, resguardando uma certa segurança para a sociedade,
visto que é possível extrair conteúdos aplicáveis dos princípios que regem o
ordenamento.

A partir dessa breve exposição, podemos considerar que os princípios ainda devem ser
aplicados como base de argumentação jurídica em determinados casos em que as regras
não estão previstas.

Mais adiante, analisaremos, em específico, os princípios no direito das coisas, e


poderemos concluir se o ordenamento estabeleceu a necessária quantidade de regras
para que não seja preciso fundamentar as decisões judiciais com os princípios base.

3 Evolução histórica do direito das coisas

O estudo de qualquer área do direito exige um conhecimento histórico dos institutos ali
presentes. Assim, faz-se necessário apresentar neste trabalho, a parte histórica do
direito das coisas, para facilitar a compreensão do surgimento dos princípios nesta área.

No direito civil, a doutrina considera o direito das coisas a parte que possui maior
influência do Direito Romano. Antes do Direito Romano, a propriedade individualista
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existia apenas para coisas móveis (bens de uso pessoal), sendo a propriedade coletiva
o padrão.

O Direito Romano foi o primeiro a estabelecer a estrutura da propriedade, numa visão


mais individualista, visto que em Roma já havia uma organização política bem definida,
o que facilitou a criação de regras à serem cumpridas pela sociedade.

Num primeiro momento, a propriedade territorial era dada a um indivíduo para cultivar a
terra, sendo que terminada a colheita, era devolvida essa porção de terra para a
coletividade. Isso acabou ocorrendo colheita após colheita, com o costume de dar
sempre a mesma porção de terra para as mesmas pessoas. Isso acabou por
individualizar e perpetuar a propriedade para essas determinadas famílias. A partir de
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então, a propriedade recebe um caráter absoluto, com o auxílio da Lei das XII Tábuas.

A religião doméstica também ajudou na formalização da propriedade privada. Isso


ocorreu, pois, a família cultuava seus antepassados, chamados de deuses Lares, e o
lugar de culto tinha relação com o solo onde moravam. Assim, as famílias deviam
sempre permanecer na mesma casa, para poder cultuar seus próprios deuses.

Além disso, as terras conquistadas pelos romanos eram distribuídas aos seus guerreiros,
portanto, somente cidadãos romanos podiam receber e comprar terras, por meio da
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mancipatio , visto que a propriedade da terra a nacionalizava, o que acentuou a
propriedade privada, criando um aspecto individualista.

Mais adiante, os estrangeiros receberam o direito de aquisição de propriedade em Roma.

O Digesto, de 533 d.C., reconheceu os direitos de vizinhança. As Institutas de Justiniano,


também de 533 d.C., possuem quatro livros, sendo o assunto do segundo livro sobre
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divisão das coisas, da propriedade e dos demais direitos reais.

O núcleo do direito das coisas sempre se regeu por normas de ordem pública na Roma
antiga.

A Idade Média não assumiu o conceito romano de propriedade. Nesta época, a


propriedade medieval operava a partir dos notários e dos juízes, em razão do sistema
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hereditário que garantia que o domínio permanecesse na mesma classe social.
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O sistema feudal na Idade Média marcou um traço diferente no direito de propriedade.


Em razão desse sistema, a propriedade era estabelecida de forma que uma pessoa
operava a terra permanentemente enquanto o dominus nada fazia, apenas recebia as
riquezas produzidas em sua propriedade.

Essa dualidade de sujeitos, em que um produz na propriedade para o outro, foi sofrendo
desgaste, sendo menos usada com o passar do tempo e a influência do cristianismo.

Com a Revolução Francesa, a burguesia se viu mais segura com a estrutura rígida do
direito das coisas, pois assim, tal classe poderia alojar e manter seu patrimônio.

Essa grande segurança surge a partir da mudança da base costumeira pela lei escrita
(Código Napoleão), retornando à tipicidade do direito das coisas inspirada no Direito
Romano.

Nos últimos tempos, nas codificações constitucionais do início do século XX, como a
Constituição mexicana, de 1917, e a Constituição de Weimar, de 1919, podemos
encontrar fortemente a ideia de limitações ao direito das coisas, principalmente no que
diz respeito ao direito de propriedade, em razão da busca do Estado Social de Direito.

No Brasil, o Código Civil de 1916 deixou explícito a evolução legislativa em busca da


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concretização da noção de função social no direito das coisas.

Essa evolução se desenvolveu até o ordenamento atual, através da Constituição Federal


de 1988 e o Código Civil de 2002, em que preveem, no direito das coisas, o respeito aos
interesses de toda a sociedade e não só de alguns indivíduos.

Em razão de todo o exposto, podemos concluir que o Direito Romano é a grande


influência moderna do direito das coisas, logo, vemos uma homogeneidade neste
instituto no mundo ocidental, em razão dessa vinculação forte da história romana e
medieval.

4 Princípios no direito das coisas

Na análise da legislação civil brasileira, no que se refere ao direito das coisas, podemos
encontrar diversos princípios que regulam e engessam esse instituto. Nas obras
doutrinárias, podemos extrair que os autores entendem, quase em unanimidade, que a
inspiração principiológica do direito das coisas vem desde o direito romano.

O Prof. Arruda Alvim afirma que tais princípios não são propriamente princípios, mas por
razão do grau de certeza e porque as leis sempre os consagraram, tornaram-se
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verdades inquestionáveis.

No direito das coisas, a doutrina não é unânime ao citar os princípios basilares desse
instituto. Há certos princípios que são citados por alguns autores, outros princípios por
outros. Sendo assim, apenas alguns princípios aparecem em todas as obras.

Em razão disso, foi necessário analisar diversas obras de diferentes autores, para poder
extrair o máximo de princípios presente no direito das coisas. Assim, podemos entender
serem os mais marcantes, em razão da forte citação doutrinária, onze princípios:
Princípio da função social da propriedade; Princípio da função social da posse; Princípio
do absolutismo; Princípio da publicidade; Princípio da tipicidade; Princípio da
taxatividade; Princípio da exclusividade; Princípio da especialização; Princípio da
elasticidade; Princípio da consolidação; e Princípio da perpetuidade.

4.1 Princípio da função social da propriedade

Tratar de função social sempre é muito trabalhoso, por inúmeras questões que envolvem
seu conteúdo social, em razão disso, este trabalho não abrangerá de forma detalhada os
princípios da função social da propriedade e da posse, apenas trará uma breve exposição
deles.
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Como visto no ponto 3 deste trabalho, o direito de propriedade surgiu como um produto
cultural, uma criação considerada adequada à organização da vida em sociedade.

Para manter essa organização social, o Estado é obrigado a estabelecer regras para que
os bens sejam colocados à serviço do bem comum, evitando que sejam absorvidos pelo
extremo individualismo. Na medida em que certas coisas não interessam ao plano social,
é que se justificaria a visão individualista da coisa.

O meio mais eficaz para preservar o bem comum em prol do direito das coisas foi a
criação da figura da função social da propriedade.

O Estado brasileiro estabeleceu essa regra em sua Carta Constitucional sendo um direito
fundamental, conforme se observa no artigo 5º, inciso XXIII, em que estabelece que a
propriedade deverá atender a função social.

Contudo, a expressão função social é vaga, podendo dar margem à interpretação e


arbitrariedade. Assim, a própria Constituição da República se ocupou de trazer
pressupostos para reduzir a vagueza da expressão, conforme os artigos 182, § 2º e 186,
em que estabelecem regras que caracterizam o cumprimento da função social da
propriedade urbana e rural, respectivamente.

Verifica-se a importância da função social da propriedade para o Estado, em razão de se


estabelecer no artigo 170, inciso III, da Carta, que a função social da propriedade é um
dos princípios basilares da ordem econômica estatal.

Além das normas constitucionais, a função social da propriedade está presente em


diversas normas infraconstitucionais.

O jurista italiano Pietro Perlingeri, entende que a função social assume uma valência de
princípio geral. Entende que a autonomia não é livre arbítrio, assim, os atos não podem
seguir um fim não social, necessitando ser avaliáveis como conformes à razão pela qual
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o direito de propriedade foi garantido e reconhecido.
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O Prof. José Afonso da Silva, escreveu em sua obra que “a função social se manifesta
na própria configuração estrutural do direito de propriedade, pondo-se concretamente
como elemento qualificante na predeterminação dos modos de aquisição, gozo e
utilização dos bens”.

Em suma, a função social da propriedade tem um valor social enorme para o


desenvolvimento eficaz da sociedade, sendo assim, não só um princípio do direito das
coisas, como também da ordem econômica e social.

4.2 Princípio da função social da posse

Como já mencionado no subcapítulo anterior, o estudo desse princípio, neste trabalho,


será tratado de forma breve, visto sua enorme carga de conteúdo.

A função social da posse fixa a ideia de que aquele que der à imóvel destinação
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socioeconômica, irá adquirir direitos que se sobrepõem ao do proprietário.
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O Prof. Arruda Alvim, em sua obra , explica o que seria o motivo de se criar a função
social da posse, em que o legislador vislumbrou um não exercício do proprietário contra
a ocorrência, paralela, de atividade do possuidor, com criação de riquezas e utilidade da
coisa.

Arruda Alvim também explica que a função social da posse se encontra dentro da função
social da propriedade, sendo um dos conteúdos deste, pelo motivo de se buscar, com a
posse, adquirir a propriedade.

Como visto, a função social da posse inspira na busca de aquisição da propriedade pelo
possuidor pela usucapião, mas também podendo obter a propriedade de res nullius e por
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especificação.

Logo, o princípio da função social da posse, mesmo sendo uma das facetas da função
social da propriedade, não poderia ser deixada de fora dos princípios do direito das
coisas.

4.3 Princípio do absolutismo

Grande parte da doutrina afirma, que os direitos reais são absolutos, pois são oponíveis
contra todas as pessoas (erga omnes).

Em razão do dever de abstenção de todos os demais em face do direito do titular, surge


a classificação do princípio do absolutismo nos direitos reais. Pode-se encontrar a favor
18 19 20
dessa corrente alguns Professores, como Arruda Alvim , Arnoldo Wald , Paulo Nader ,
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Nelson Rosenvald , Carlos Roberto Gonçalves , entre outros.

O absolutismo é o princípio que primeiro diferencia os direitos obrigacionais dos direitos


reais. Para entender essa diferenciação, o Prof. Nelson Rosenvald destacou em sua obra
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, três distinções entre os direitos reais e obrigacionais que se pode concluir em razão
desse princípio. A primeira é quanto a eficácia, na qual o princípio do absolutismo faz
com que os direitos reais sejam considerados erga omnes, enquanto a eficácia dos
direitos obrigacionais é relativa. A segunda distinção é quanto ao objeto, em que o
absolutismo faz com que os direitos reais tenham como objeto a coisa, enquanto o
objeto dos direitos obrigacionais seja a prestação. A terceira distinção é quanto ao
exercício, na qual o princípio do absolutismo faz com que nos direitos reais, o titular aja
direta e imediatamente sobre o bem, enquanto nos direitos obrigacionais, o titular do
crédito necessariamente dependerá da colaboração do devedor para a sua satisfação.

A distinção quanto ao exercício, Rosenvald complementa dizendo que em razão disso, os


direitos reais são conhecidos como jus in re (direito sobre a coisa) e os direitos
obrigacionais como jus ad rem (direito à coisa).

Importante trazer ao presente trabalho a crítica feita pelo Prof. Arnaldo Rizzardo a esse
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princípio. Em sua obra , Rizzardo diz que o princípio em tela não mais pode ser
admitido nos tempos atuais, pois as normas impõem limitações, ora a favor do interesse
público, ora da coletividade, ou até mesmo de outros valores constitucionais, perdendo,
assim, o valor de absoluto que era presente até tempos atrás.

4.4 Princípio da publicidade

O princípio da publicidade trata de dar publicidade aos direitos reais. Como esses direitos
são oponíveis erga omnes (como já trazido no Princípio do absolutismo), é necessário
haver a notoriedade desses direitos para que toda a sociedade tenha conhecimento de
sua existência.

O Prof. Arruda Alvim destaca que o princípio da publicidade “é condição de operabilidade


do princípio do absolutismo: os direitos reais só podem ser exercidos contra todos se
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forem ostentados publicamente”.

O sistema registral que existe no ordenamento jurídico brasileiro, nasceu em razão do


princípio em tela.

A publicidade que os direitos reais exigem é específica, isso quer dizer, é necessário,
para que ocorra a publicidade, que o titular cumpra as regras que o ordenamento
estabeleceu para que se perceba a publicidade perante os demais.

Quando se trata de bens imóveis, o Código Civil (LGL\2002\400) exige, nos artigos
1.227 e 1.245, que haja o registro do título nos Registro de Imóveis.

Quanto aos bens móveis, podemos afirmar que a publicidade, em regra, é manifestada
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por meio da posse. Em razão disso, o Prof. Arruda Alvim indica, em sua obra , que é
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preferível chamar este princípio, como princípio da visibilidade quando se tratar de bens
móveis.
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Paulo Nader escreve que a aquisição dos bens móveis se opera com a tradição, sendo
que, em benefício do possuidor, existe uma presunção juris tantum de domínio.

O ordenamento nacional estabeleceu que a publicidade nos bens móveis ocorre com a
tradição, como definiram os artigos 1.226 e 1.267 do CC/2002 (LGL\2002\400).

As normas acima estabeleceram a tradição como regra para a publicidade dos bens
móveis, contudo, há algumas exceções no próprio ordenamento, como a alienação de
veículo automotor, que necessita o reconhecimento de firma por autenticidade na ATPV
(Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo), conforme estabelece a
Resolução do Contran 664/86 e a Portaria do Detran 1.606/2005. A jurisprudência dos
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tribunais entende que o comparecimento ao serviço delegado para o reconhecimento
de firma na ATPV, o alienante cumpre com o comando legal e dá a publicidade
necessária para a venda do veículo. Assim, no caso de venda de veículo automotor, a
tradição não dá a publicidade, mas sim o reconhecimento de firma na ATPV.

Sobre o princípio da publicidade e o conflito entre parecer ser e realmente ser, Pontes de
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Miranda descreve em seu Tratado de Direito Privado que a técnica jurídica tenta
minimizar o desajuste entre a realidade e a aparência, contudo alguns princípios
permitem mostrar a verdade, enquanto outros preferem proteger as aparências.

Importante notar que, para os direitos reais, a aparência não traz a garantia de
propriedade, pelo menos quanto aos bens imóveis. O importante neste instituto é
cumprir o mandamento legal para garantir a segurança necessária que a lei estabelece.

4.5 Princípio da tipicidade e taxatividade

Alguns autores diferenciam a tipicidade com a taxatividade, em razão disso, trataremos


a tipicidade e a taxatividade como princípios com conteúdos diferentes, para explicar o
que cada princípio tem de especial.

Nesse subcapítulo, primeiro trataremos sobre o princípio da tipicidade.

Na visão mais moderna do direito, a tipicidade nos direitos das coisas se constituiu a
partir do Código Napoleão, que se inspirou no direito romano, como já abordado no
ponto 3 deste trabalho.

Os direitos reais, como possuem como características ser oponíveis contra todos, exige
uma obediência a padrões legais, à fim de se assegurar as relações jurídicas.

O Prof. português António dos Santos Justo destaca diversos motivos para a necessidade
do princípio da tipicidade nos direitos reais, como afastamento de embaraços à
circulação de bens, permite a melhor exploração das coisas e afasta a possibilidade de
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alguns agravarem a liberdade dos restantes membros da comunidade.

Paulo Nader destaca em sua obra que: “o princípio da tipicidade veda é a criação de um
direito real pelos particulares, na gestão de seus interesses e com fulcro na autonomia
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da vontade”.
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Nelson Rosenvald salienta, em sua obra , que as limitações ao direito de propriedade
que não estejam no ordenamento jurídico como direito real, possuirá natureza
obrigacional, visto que os direitos obrigacionais não são dotados de tipicidade.

O princípio da taxatividade trata da técnica legislativa denominada “numerus clausus”.


Essa taxatividade encontra-se no art. 1.225 do CC/2002 (LGL\2002\400).

Alguns autores entendem que os direitos reais não estão elencados somente no rol do
artigo 1.225 do Código Civil (LGL\2002\400). Sobre isso, Paulo Nader escreve em sua
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obra que a prescrição do art. 1.225 não inibe o aparecimento de outros direitos reais na
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legislação extravagante.
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Arnoldo Medeiros da Fonseca sustenta que o direito de retenção também deve ser
incluído nesse rol, visto que pode ser invocado pelo possuidor de boa-fé até em face da
reivindicatória do legítimo dono (atual artigo 1.219 do CC/2002 (LGL\2002\400)).
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Ainda nesse prisma, Arnoldo Wald sustenta que o Código Civil (LGL\2002\400) cria
outro direito real, que é o pacto de retrovenda, em que o vendedor poderá obter a
devolução do objeto vendido, no prazo máximo de três anos, atuais arts. 505 a 508 do
CC (LGL\2002\400).
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Pontes de Miranda, no Tratado de Direito Privado , critica o princípio da taxatividade
presente nos direitos reais brasileiro, mas no fim, aceita que é a única forma de
diferenciar os direitos reais dos direitos pessoais.

Nesse sentido, Gustavo Tepedino escreve que “o sistema do numerus clausus


constitui-se em orientação que afeta à política legislativa, não se configurando um
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elemento ontologicamente vinculado à teoria dos direitos reais”.
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Luiz Edson Fachin , em razão do princípio da taxatividade, traz a discussão o sistema de
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time sharing (multipropriedade imobiliária). Na visão de Fachin, o sistema time sharing
estaria reforçando a ideia acima de Pontes de Miranda, na qual critica a taxatividade dos
direitos reais, por acabar engessando o direito, trazendo uma indefinição de alguns
institutos que surgem com o tempo, em razão até da demora legislativa.
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Nessa linha crítica sobre a taxatividade dos direitos reais, podemos encontrar a obra
do Prof. Flávio Tartuce, que sustenta que a autonomia privada influencia o direito das
coisas, o que conclui que o rol do art. 1.225 do CC/2002 (LGL\2002\400), não é
taxativo, mas sim exemplificativo, havendo uma quebra do princípio da taxatividade.

Sendo assim, para aceitar o time sharing como direitos reais, teríamos que admitir que
os direitos reais saíram de um sistema taxativo para um sistema exemplificativo? O
Superior Tribunal de Justiça entendeu que não. Quanto ao tema da multipropriedade
imobiliária, o Ministro João Otávio de Noronha, votou que não haveriam problemas para
se adotar a multipropriedade imobiliária de caráter real, mesmo com a ótica da
taxatividade do art. 1.225. Para o Ministro, o vigente diploma não traz vedação a
inviabilidade de se criar novos direito reais e mesmo a multipropriedade imobiliária não
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estando codificada, possui natureza jurídica de direito real.

Portanto, mesmo os direitos reais sendo taxativo, é possível extrair novos direitos reais
no âmbito do conteúdo de cada direito real, por força da autonomia privada, desde que
não lese as normas de ordem pública.

4.6 Princípio da exclusividade

O princípio da exclusividade é o princípio que define que não existem dois direitos reais
idênticos sobre a mesma coisa. Assim, no caso de um bem com mais de um dono, cada
um é detentor de sua parcela sobre o bem, que não são idênticos.

O Prof. Darcy Bessone entendia que o condomínio trazia embaraços para o princípio em
análise, para o autor, o estado de comunhão é anormal e transitório, o domínio sobre a
42
coisa exclui outro.

Em sentido do condomínio não afetar esse princípio, interessante o trecho do voto de


relatoria do Des. José Aniceto, na Apelação Cível 1.355.132-9, da 9ª Câmara Cível do
TJPR, na qual escreveu:

Preceitua o art. 1228 do Código Civil (LGL\2002\400) que “o proprietário tem a


faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de revê-la do poder de quem quer
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que”, assim, pertencendo a injustamente a possua ou detenha mais de um titular,


existirá o condomínio ou domínio comum de um bem, não havendo conflito com o
princípio da exclusividade, pois o direito de propriedade é um só e incide sobre as partes
43
ideais de cada condomínio .

O Prof. Arruda Alvim completa a definição desse princípio dizendo que “é ao titular do
direito real que cabe o exercício desse direito, em todos os seus aspectos, com exclusão
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de terceiros” .

Nessa visão, encontramos o artigo 1.228 do Código Civil (LGL\2002\400), que garante o
direito ao titular de usar, gozar e dispor da coisa.

O Prof. Antonio Santos Justo atribui a esse princípio a seguinte definição: “só pode
existir um direito real sobre determinada coisa na medida em que seja compatível com
45
outro direito real que tenha por objeto” .

Interessante trazer o fato de que, mesmo existindo mais de uma hipoteca em um


mesmo imóvel, esse princípio garante que as demais hipotecas não poderão ser
excutidas antes das anteriores, pois prevalece aquela que registrou o direito real com
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antecedência, força do brocardo prior tempore potior jure , e consequência do art.
1.476 do Código Civil (LGL\2002\400).

4.7 Princípio da especialização

Esse princípio tem como base o princípio do absolutismo, em que parte da consequência
de tais direitos serem erga omnes.

O princípio da especialização ou da aderência, ou inerência, é o princípio que estabelece


um vínculo entre o sujeito e a coisa, assim, permite a identificação da senhoria do
sujeito sobre a coisa.

Esse princípio encontra-se no caput do art. 1.228 do Código Civil (LGL\2002\400),


47
segundo o Prof. Arruda Alvim .

O princípio da especialização é a explicação dos direitos reais aderirem as coisas,


sujeitando seu poder ao titular. Em razão dessa aderência, o titular do direito real
afetado, tem o direito de perseguir o objeto em poder de terceiro onde quer que se
encontre.

4.8 Princípio da elasticidade

O princípio da elasticidade e da consolidação são princípios opostos, mas que são sempre
trazidos juntos pela doutrina.

O princípio da elasticidade trata da possibilidade de desmembramento dos poderes


contidos no direito de propriedade.
48
Quanto a esse princípio, Paulo Nader, em sua obra , refere que “o direito real de
propriedade contém elasticidade, pois comporta o desmembramento dos poderes que
lhe são inerentes”.
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Para Pontes de Miranda , o proprietário poderá ter restrição em razão do
desmembramento em virtude de lei ou de alguma declaração de vontade.
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Arruda Alvim escreve em seu livro que: “o direito de propriedade, sendo elástico, se
desmembraria em todos os outros tipos de direitos reais possíveis” e continua, para
explicar que esses possíveis que ele utilizou significa a viabilidade de convivência de
mais de um direito real.

Interessante que, em razão do princípio da elasticidade, é possível que haja dois sujeitos
sobre a coisa, o dono e o titular dos direitos reais sobre coisa alheia.
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Luiz Edson Fachin comenta que a servidão do direito real é um instituto consectário ao
princípio da elasticidade do direito real de propriedade.

4.9 Princípio da consolidação

O princípio da consolidação atua de forma oposta, pois trata da possibilidade de


reunificação dos direitos desmembrados.
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Pontes de Miranda salienta que esse princípio tende a ser provisório, pois produz efeito
de posterior reunificação das prerrogativas desmembradas, o que ocorreria por conta do
princípio da Consolidação.

Para Darcy Bessone, o fenômeno de consolidar os direitos desmembrados, se afigura no


princípio da elasticidade: “A elasticidade leva a propriedade, a despeito de todas as
compressões que sofra, a pender sempre para a recuperação de sua plenitude, isto é,
53
para voltar, dentre de tempo maior ou menor, a ser propriedade plena.”

Para Bessone, não existiria uma diferença entre consolidação e elasticidade, sendo o
movimento de reduzir ao mínimo ou avançar ao máximo, situações do princípio da
elasticidade.

4.10 Princípio da perpetuidade

A perpetuidade é outro princípio encontrado no direito das coisas. Esse princípio tem a
característica de não se perder o direito real pelo desuso. Esse princípio é a regra no
direito das coisas, sendo a transitoriedade a exceção.

Só se perde a propriedade pelas formas previstas em lei, como a desapropriação, a


usucapião, a renúncia, o abandono, entre outras.

Sobre o não uso da propriedade e sua correspondência com a usucapião, o Prof. Darcy
Bessone possuía um posicionamento diferente, sendo assim, escreveu que o direito de
propriedade pode se perder em consequência do uso por outra pessoa, o que ocorre na
usucapião, contudo, isso não deriva do não uso da propriedade, mas sim da posse de
54
outra pessoa.

O princípio da perpetuidade, na visão do autor francês Vareilles-Sommières, é de que


são perpétuos os serviços que a coisa possa prestar, através do consumo ou da
alienação que lhe proporcione um preço igual ao valor dos serviços que a coisa prestaria
55
no futuro.

Esse princípio coloca os direitos reais e os direitos obrigacionais em confronto. Como


visto, a regra dos direitos reais é sua perpetuidade. Diferente disso, os direitos
obrigacionais, pela sua natureza, são eminentemente transitórios, isso quer dizer,
cumprida a obrigação, extingue-se a obrigação, de modo que, não exigido o seu
56
cumprimento dentro de certo lapso de tempo, prescreve o direito.

5 Conclusão

O trabalho abordou os princípios no direito das coisas. Para isso, foi necessário entender
o que são princípios no direito civil brasileiro e sua função para o ordenamento.
Entendendo a necessidade de sua aplicação em uma sociedade cheia de normas
positivadas.

Podemos extrair a importância da história do direito para o instituto do direito das


coisas. É possível analisar o grande avanço que o Direito Romano estabeleceu para a
matéria de propriedade, base dos direitos reais. Em razão de normas tão avançadas para
a época, as sociedades posteriores tiveram apenas o trabalho de atualizar as normas
romanas do direito das coisas para o contexto regional e temporal, mantendo sempre
seu núcleo.

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Atuais princípios do direito das coisas no direito
brasileiro

Os princípios presentes atualmente no direito das coisas possuem uma carga histórica
muito grande. O valor desses princípios neste instituto são axiomas. Assim, a
observância dos princípios no direito das coisas é imprescindível para a necessária
segurança que a sociedade precisa para o instituto.

Os princípios expostos no corpo do trabalho são os trabalhados pela doutrina majoritária


e a jurisprudência brasileira. Como estão presentes, na maioria dos casos, em alguma
parte do ordenamento jurídico, não se vê muita discussão sobre suas aplicações na
Justiça brasileira.

Podemos concluir que os princípios são a base para a criação do ordenamento jurídico,
principalmente no direito das coisas, a partir do seu valor histórico e costumeiro, dando
a segurança jurídica à sociedade.

Além disso, é possível extrair que os princípios no direito das coisas também servem
como fonte do direito. Mesmo não sendo o correto, por não haver previsão legal para
isso, podemos observar em certos julgados atuais, que os princípios são meios para
julgar por equidade, visto que estão servindo para fundamentar as decisões judiciais,
afastando a própria norma, evitando que o rigor excessivo da lei torne a decisão injusta,
o que nos remete ao brocardo romano summum jus, summa injuria.

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Atuais princípios do direito das coisas no direito
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1 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional e a teoria da Constituição.


São Paulo: Almedina, 2003.

2 NERY, Rosa Maria de Andrade. Instituições de direito civil: Teoria geral do direito
privado. São Paulo: Ed. RT, 2014. v. I. t. I. p. 525.

3 CARNELUTTI, Francesco. Teoria geral do direito. São Paulo: Livraria Acadêmica Saraiva
& Cia. – Editores, 1942. p. 178.

4 NADER, Paulo. Curso de direito civil, parte geral. 9. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Forense, 2013. v.1. p. 28-29.

5 No entendimento de Karl Engisch, cláusulas gerais são uma técnica legislativa que
possui como fundamento a generalidade, assim, é possível sujeitá-las a um grande
grupo de situações, tendo como resultado, uma determinada consequência prevista na
norma (ENGISCH, Karl. Introdução ao pensamento jurídico. Trad. A. M. Botelho
Hespanha. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p. 228-234).

6 Na pré-história, no início, o convívio humano colocava a propriedade em um tom


comunitário, já que todos dela se utilizavam de forma harmônica (BESSONE, Darcy.
Direitos reais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1996. p. 21).

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Atuais princípios do direito das coisas no direito
brasileiro

7 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p.
162-163.

8 Mancipatio, descrita por Gaio 1119, é um dos modos de aquisição de propriedade,


sendo um negócio jurídico formal e bilateral. É o ato em que alguém transfere a outrem
a propriedade ou o poder semelhante a propriedade sobre determinada coisa.

9 GIORDANI, Mário Curtis. Iniciação ao direito romano. 5. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2003. p. 202.

10 ARRUDA ALVIM. Comentários ao Código Civil brasileiro: livro introdutório ao direito


das coisas e o direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v. XI, t. I. p. 190.

11 ARRUDA ALVIM. Op. cit., p. 180.

12 ARRUDA ALVIM. Op. cit., p. 142.

13 PERLINGERI, Pietro. Perfis do direito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p.
137.

14 SILVA, José Afonso da. Curso constitucional positivo. 16. ed. São Paulo: Malheiros,
1999. p. 275.

15 FIGUEIREDO, Gabriel Seijo Leal de. Princípios do direito das coisas no Código Civil. Os
princípios e os institutos de direito civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015. p. 148.

16 ARRUDA ALVIM. Op. cit., p. 301.

17 FIGUEIREDO, Gabriel Seijo Leal de. Op. cit., p. 149.

18 ARRUDA ALVIM. Op. cit., p. 142-144.

19 WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro, direito das coisas. 8. ed. rev., aum. e
atual. de acordo com a Constituição de 1988 com a colaboração do Prof. Álvaro Villaça
Azevedo. São Paulo: Ed. RT, 1991. p. 28-29.

20 NADER, Paulo. Op. cit., p. 16.

21 ROSENVALD, Nelson. Direitos reais. 3. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004. p. 3.

22 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das coisas. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2014. v. 5. p. 31.

23 ROSENVALD, Nelson. Op. cit., p. 3-4.

24 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei 10.406, de 10.01.2002. 5. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2011. p. 4-5.

25 ARRUDA ALVIM. Op. cit., p. 422.

26 Ibidem.

27 NADER, Paulo. Op. cit., p. 17.

28 Agravo de instrumento digital. Execução fiscal. IPVA Exercícios 2008 a 2010.


Exceção. Pré-executividade. Alienação do veículo. Assistência judiciária. Pessoa física
com base na interpretação dos §§ 2º e 3º do art. 99 do Novo CPC, conclui-se que a
afirmação de insuficiência de recursos constitui, em verdade, presunção relativa em
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Atuais princípios do direito das coisas no direito
brasileiro

favor da parte requerente, podendo ser elidida por prova em contrário. Ilegitimidade
passiva de IPVA. Alienação do veículo em 13.02.2008 para terceiros. Ausência de
comunicação da transferência da propriedade do bem móvel. Mitigação do art. 134 do
CTB ao IPVA. Autorização para transferência de veículo, corroborado pela Declaração
com Firma Reconhecida (datadas de 16.02.2008 ) do atual comprador do veículo
assumindo as dívidas relativas ao período posterior à venda. Inexigibilidade dos débitos
a partir da alienação. Ilegitimidade passiva verificada. Exceção de pré-executividade
acolhida neste sentido. Decisão parcialmente reformada com ônus sucumbência em
desfavor da exequente. Recurso de agravo de instrumento parcialmente provido (TJSP,
AI 2229228-46.2016.8.26.0000, rel. Maurício Fiorito, j. 02.05.2017, 3ª Câm. de Direito
Público, publ. 03.05.2017.)

29 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de direito privado: parte


especial; tomo XI; direito das coisas: propriedade, aquisição da propriedade imobiliária.
Atualizado por Luiz Edson Fachin. São Paulo: Ed. RT, 2012. p. 334.

30 SANTOS JUSTO, Antonio. Direitos reais. 2. ed. Coimbra: Coimbra, 2010. p. 38.

31 NADER, Paulo. Op. cit., p. 16.

32 ROSENVALD, Nelson. Op. cit. p. 7.

33 NADER, Paulo. Op. cit., p. 15-16.

34 FONSECA, Arnoldo Medeiros da. Direito de retenção. 3. ed. Rio de Janeiro. p. 332
apud WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro, direito das coisas. 8. ed. rev., aum.
e atual. de acordo com a Constituição de 1988 com a colaboração do Prof. Álvaro Villaça
Azevedo. São Paulo: Ed. RT, 1991. p. 17.

35 Idem, p. 38.

36 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Op. cit., p. 134.

37 TEPEDINO, Gustavo. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 14. p.
37-38.

38 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Op. cit., p. 146.

39 O time sharing é uma espécie de condomínio relativo a locais de lazer no qual se


divide o aproveitamento econômico de bem imóvel entre os cotitulares em unidades
fixas de tempo, assegurando-se a cada um o uso exclusivo e perpétuo durante certo
período do ano (TEPEDINO, Gustavo. Multipropriedade imobiliária. São Paulo: Saraiva,
1993).

40 TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das coisas. 9. ed. rev., atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2017. v. 14. p. 9.

41 STJ, REsp 1.546.165/SP, 3ª Turma, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, rel. p/
acórdão Min. João Otávio de Noronha, j. 26.04.2016, DJe 06.09.2016.

42 BESSONE, Darcy. Op. cit., p. 77.

43 TJPR, APL 13.551.329/PR 1355132-9 (Acórdão), rel. José Augusto Gomes Aniceto, j.
14.05.2015, 9ª Câm. Cível, DJ 1575, 29.05.2015. p. 8.

44 ARRUDA ALVIM. Op. cit., p. 430.

45 SANTOS JUSTO, Antonio. Op. cit., p. 430.


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Atuais princípios do direito das coisas no direito
brasileiro

46 Primeiro no tempo, melhor no direito.

47 ARRUDA ALVIM. Op. cit., p. 430-431.

48 NADER, Paulo. Op. cit., p. 17.

49 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Op. cit., p. 92.

50 ARRUDA ALVIM. Op. cit., p. 436.

51 PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Op. cit., p. 94.

52 Idem, p. 93.

53 BESSONE, Darcy. Op. cit., p. 78.

54 Idem, p. 76.

55 Ibidem.

56 GONÇALVES, Carlos Roberto. Op. cit., p. 39.

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