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1 Introdução - 2 Papel dos princípios no direito civil - 3 Evolução histórica do direito das
coisas - 4 Princípios no direito das coisas - 5 Conclusão - 6 Referências
1 Introdução
Este trabalho tem a função de examinar os princípios norteadores do direito das coisas
no direito brasileiro, trazendo a posição da doutrina e da jurisprudência atual sobre sua
aplicação.
Como se verá adiante, no corpo do trabalho, os direitos das coisas possui uma influência
muito forte dos princípios. Em razão disso, faz-se necessário analisar os princípios e as
regras das quais aqueles influenciaram, para tentar encontrar as possíveis molduras
(limites) que o ordenamento jurídico se propôs a fazer.
Em seguida, será abordado o tema dos princípios no direito das coisas. O item em
destaque abordará quais são os principais princípios do direito das coisas.
A seguir, cada princípio que a doutrina considera importante no instituto do direito das
coisas será trazido ao trabalho. O estudo desses princípios, em questão, será abordado
em detalhes, com exceção dos princípios da função social da propriedade e da posse,
que ambos possuem conteúdo muito extenso, e acabaria fugindo da finalidade do
presente trabalho.
Ainda assim, o trabalho buscará trazer opiniões da doutrina, a norma legal e algumas
jurisprudências dos princípios em estudo.
Para esse trabalho, usaremos o método indutivo, que é a análise das normas e em busca
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Atuais princípios do direito das coisas no direito
brasileiro
dos princípios que a inspiraram, e também usaremos o método dedutivo, que é a análise
do princípio e o que se pode criar de normas com base nele.
Essa questão possui uma série de respostas da doutrina, das mais variadas.
Como o presente trabalho tem como função explicar os princípios nos direitos das coisas,
abordaremos a distinção supracitada, com a teoria de José Joaquim Gomes Canotilho,
sem adentrar nas mais variadas divergências doutrinárias.
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Canotilho afirma, em sua obra , que as regras e os princípios são duas espécies de
normas, sendo que a distinção a ser feita tem como base as espécies normativas.
Essa distinção, por Canotilho, é feita com base em alguns critérios, sendo eles: (I)
quanto à abstração da norma (princípios possuem grau de abstração elevado, enquanto
as regras possuem um grau reduzido); (II) quanto à determinabilidade na aplicação (os
princípios carecem de uma aplicação direta, enquanto as regras são suscetíveis à essa
aplicação); (III) quanto à sua fundamentabilidade no sistema de fontes (os princípios
possuem uma posição hierárquica fundamental visto que são normas estruturantes do
ordenamento, diferente das regras, que não possuem essa função); (IV) quanto à ideia
de direito (os princípios são padrões jurídicos que buscam a justiça, enquanto as regras
são normas funcionais); (V) quanto à natureza normogenética (os princípios são normas
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que dão o fundamento para as regras).
A partir dessa distinção feita por Canotilho, é possível compreender a importância dos
princípios no direito civil, visto que dão a consistência do plano jurídico geral, uma vez
que são os fundamentos das próprias regras.
Tendo a teoria supracitada como base, podemos entender que o legislador parte dos
princípios para criar regras singulares, as normas para determinados casos, tudo isso a
partir de um método dedutivo. Com isso, podemos concluir que todo princípio é
considerado geral, mesmo que tenha o alcance diminuído.
Sustentando essa ideia, podemos citar Francesco Carnelutti, que, numa análise inversa,
traz a mesma visão anteriormente citada, em que os princípios do direito “são as
premissas éticas ou econômicas que podem obter-se por indução do material
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legislativo”.
Como exposto até aqui, o papel dos princípios para o direito civil é importantíssimo.
Como o Brasil adota o sistema jurídico da civil law, a necessidade de normas legislativas
é de suma importância para a segurança jurídica.
O legislador, para a criação de normas específicas, necessita de uma base geral, que são
os princípios.
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Nesse sentido, o Prof. Paulo Nader, explica, em seu livro , a necessidade dos princípios
para a criação das normas. Nader sustenta que se tornam normas de um Código, o que
já se concretizou na doutrina e/ou na jurisprudência. Para se criar o Código, o legislador
precisa analisar os princípios gerais e específicos do direito. Com esse estudo, o
legislador cria uma base normativa para buscar a criação de normas específicas para
determinadas situações.
Em razão dessas lacunas, que sempre existirão, os princípios são peças importantes
para preencher o limbo normativo, resguardando uma certa segurança para a sociedade,
visto que é possível extrair conteúdos aplicáveis dos princípios que regem o
ordenamento.
A partir dessa breve exposição, podemos considerar que os princípios ainda devem ser
aplicados como base de argumentação jurídica em determinados casos em que as regras
não estão previstas.
O estudo de qualquer área do direito exige um conhecimento histórico dos institutos ali
presentes. Assim, faz-se necessário apresentar neste trabalho, a parte histórica do
direito das coisas, para facilitar a compreensão do surgimento dos princípios nesta área.
No direito civil, a doutrina considera o direito das coisas a parte que possui maior
influência do Direito Romano. Antes do Direito Romano, a propriedade individualista
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existia apenas para coisas móveis (bens de uso pessoal), sendo a propriedade coletiva
o padrão.
Num primeiro momento, a propriedade territorial era dada a um indivíduo para cultivar a
terra, sendo que terminada a colheita, era devolvida essa porção de terra para a
coletividade. Isso acabou ocorrendo colheita após colheita, com o costume de dar
sempre a mesma porção de terra para as mesmas pessoas. Isso acabou por
individualizar e perpetuar a propriedade para essas determinadas famílias. A partir de
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então, a propriedade recebe um caráter absoluto, com o auxílio da Lei das XII Tábuas.
Além disso, as terras conquistadas pelos romanos eram distribuídas aos seus guerreiros,
portanto, somente cidadãos romanos podiam receber e comprar terras, por meio da
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mancipatio , visto que a propriedade da terra a nacionalizava, o que acentuou a
propriedade privada, criando um aspecto individualista.
O núcleo do direito das coisas sempre se regeu por normas de ordem pública na Roma
antiga.
Essa dualidade de sujeitos, em que um produz na propriedade para o outro, foi sofrendo
desgaste, sendo menos usada com o passar do tempo e a influência do cristianismo.
Com a Revolução Francesa, a burguesia se viu mais segura com a estrutura rígida do
direito das coisas, pois assim, tal classe poderia alojar e manter seu patrimônio.
Essa grande segurança surge a partir da mudança da base costumeira pela lei escrita
(Código Napoleão), retornando à tipicidade do direito das coisas inspirada no Direito
Romano.
Nos últimos tempos, nas codificações constitucionais do início do século XX, como a
Constituição mexicana, de 1917, e a Constituição de Weimar, de 1919, podemos
encontrar fortemente a ideia de limitações ao direito das coisas, principalmente no que
diz respeito ao direito de propriedade, em razão da busca do Estado Social de Direito.
Na análise da legislação civil brasileira, no que se refere ao direito das coisas, podemos
encontrar diversos princípios que regulam e engessam esse instituto. Nas obras
doutrinárias, podemos extrair que os autores entendem, quase em unanimidade, que a
inspiração principiológica do direito das coisas vem desde o direito romano.
O Prof. Arruda Alvim afirma que tais princípios não são propriamente princípios, mas por
razão do grau de certeza e porque as leis sempre os consagraram, tornaram-se
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verdades inquestionáveis.
No direito das coisas, a doutrina não é unânime ao citar os princípios basilares desse
instituto. Há certos princípios que são citados por alguns autores, outros princípios por
outros. Sendo assim, apenas alguns princípios aparecem em todas as obras.
Em razão disso, foi necessário analisar diversas obras de diferentes autores, para poder
extrair o máximo de princípios presente no direito das coisas. Assim, podemos entender
serem os mais marcantes, em razão da forte citação doutrinária, onze princípios:
Princípio da função social da propriedade; Princípio da função social da posse; Princípio
do absolutismo; Princípio da publicidade; Princípio da tipicidade; Princípio da
taxatividade; Princípio da exclusividade; Princípio da especialização; Princípio da
elasticidade; Princípio da consolidação; e Princípio da perpetuidade.
Tratar de função social sempre é muito trabalhoso, por inúmeras questões que envolvem
seu conteúdo social, em razão disso, este trabalho não abrangerá de forma detalhada os
princípios da função social da propriedade e da posse, apenas trará uma breve exposição
deles.
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Atuais princípios do direito das coisas no direito
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Como visto no ponto 3 deste trabalho, o direito de propriedade surgiu como um produto
cultural, uma criação considerada adequada à organização da vida em sociedade.
Para manter essa organização social, o Estado é obrigado a estabelecer regras para que
os bens sejam colocados à serviço do bem comum, evitando que sejam absorvidos pelo
extremo individualismo. Na medida em que certas coisas não interessam ao plano social,
é que se justificaria a visão individualista da coisa.
O meio mais eficaz para preservar o bem comum em prol do direito das coisas foi a
criação da figura da função social da propriedade.
O Estado brasileiro estabeleceu essa regra em sua Carta Constitucional sendo um direito
fundamental, conforme se observa no artigo 5º, inciso XXIII, em que estabelece que a
propriedade deverá atender a função social.
O jurista italiano Pietro Perlingeri, entende que a função social assume uma valência de
princípio geral. Entende que a autonomia não é livre arbítrio, assim, os atos não podem
seguir um fim não social, necessitando ser avaliáveis como conformes à razão pela qual
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o direito de propriedade foi garantido e reconhecido.
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O Prof. José Afonso da Silva, escreveu em sua obra que “a função social se manifesta
na própria configuração estrutural do direito de propriedade, pondo-se concretamente
como elemento qualificante na predeterminação dos modos de aquisição, gozo e
utilização dos bens”.
A função social da posse fixa a ideia de que aquele que der à imóvel destinação
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socioeconômica, irá adquirir direitos que se sobrepõem ao do proprietário.
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O Prof. Arruda Alvim, em sua obra , explica o que seria o motivo de se criar a função
social da posse, em que o legislador vislumbrou um não exercício do proprietário contra
a ocorrência, paralela, de atividade do possuidor, com criação de riquezas e utilidade da
coisa.
Arruda Alvim também explica que a função social da posse se encontra dentro da função
social da propriedade, sendo um dos conteúdos deste, pelo motivo de se buscar, com a
posse, adquirir a propriedade.
Como visto, a função social da posse inspira na busca de aquisição da propriedade pelo
possuidor pela usucapião, mas também podendo obter a propriedade de res nullius e por
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especificação.
Logo, o princípio da função social da posse, mesmo sendo uma das facetas da função
social da propriedade, não poderia ser deixada de fora dos princípios do direito das
coisas.
Grande parte da doutrina afirma, que os direitos reais são absolutos, pois são oponíveis
contra todas as pessoas (erga omnes).
Importante trazer ao presente trabalho a crítica feita pelo Prof. Arnaldo Rizzardo a esse
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princípio. Em sua obra , Rizzardo diz que o princípio em tela não mais pode ser
admitido nos tempos atuais, pois as normas impõem limitações, ora a favor do interesse
público, ora da coletividade, ou até mesmo de outros valores constitucionais, perdendo,
assim, o valor de absoluto que era presente até tempos atrás.
O princípio da publicidade trata de dar publicidade aos direitos reais. Como esses direitos
são oponíveis erga omnes (como já trazido no Princípio do absolutismo), é necessário
haver a notoriedade desses direitos para que toda a sociedade tenha conhecimento de
sua existência.
A publicidade que os direitos reais exigem é específica, isso quer dizer, é necessário,
para que ocorra a publicidade, que o titular cumpra as regras que o ordenamento
estabeleceu para que se perceba a publicidade perante os demais.
Quando se trata de bens imóveis, o Código Civil (LGL\2002\400) exige, nos artigos
1.227 e 1.245, que haja o registro do título nos Registro de Imóveis.
Quanto aos bens móveis, podemos afirmar que a publicidade, em regra, é manifestada
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por meio da posse. Em razão disso, o Prof. Arruda Alvim indica, em sua obra , que é
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preferível chamar este princípio, como princípio da visibilidade quando se tratar de bens
móveis.
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Paulo Nader escreve que a aquisição dos bens móveis se opera com a tradição, sendo
que, em benefício do possuidor, existe uma presunção juris tantum de domínio.
O ordenamento nacional estabeleceu que a publicidade nos bens móveis ocorre com a
tradição, como definiram os artigos 1.226 e 1.267 do CC/2002 (LGL\2002\400).
As normas acima estabeleceram a tradição como regra para a publicidade dos bens
móveis, contudo, há algumas exceções no próprio ordenamento, como a alienação de
veículo automotor, que necessita o reconhecimento de firma por autenticidade na ATPV
(Autorização para Transferência de Propriedade de Veículo), conforme estabelece a
Resolução do Contran 664/86 e a Portaria do Detran 1.606/2005. A jurisprudência dos
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tribunais entende que o comparecimento ao serviço delegado para o reconhecimento
de firma na ATPV, o alienante cumpre com o comando legal e dá a publicidade
necessária para a venda do veículo. Assim, no caso de venda de veículo automotor, a
tradição não dá a publicidade, mas sim o reconhecimento de firma na ATPV.
Sobre o princípio da publicidade e o conflito entre parecer ser e realmente ser, Pontes de
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Miranda descreve em seu Tratado de Direito Privado que a técnica jurídica tenta
minimizar o desajuste entre a realidade e a aparência, contudo alguns princípios
permitem mostrar a verdade, enquanto outros preferem proteger as aparências.
Importante notar que, para os direitos reais, a aparência não traz a garantia de
propriedade, pelo menos quanto aos bens imóveis. O importante neste instituto é
cumprir o mandamento legal para garantir a segurança necessária que a lei estabelece.
Na visão mais moderna do direito, a tipicidade nos direitos das coisas se constituiu a
partir do Código Napoleão, que se inspirou no direito romano, como já abordado no
ponto 3 deste trabalho.
Os direitos reais, como possuem como características ser oponíveis contra todos, exige
uma obediência a padrões legais, à fim de se assegurar as relações jurídicas.
O Prof. português António dos Santos Justo destaca diversos motivos para a necessidade
do princípio da tipicidade nos direitos reais, como afastamento de embaraços à
circulação de bens, permite a melhor exploração das coisas e afasta a possibilidade de
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alguns agravarem a liberdade dos restantes membros da comunidade.
Paulo Nader destaca em sua obra que: “o princípio da tipicidade veda é a criação de um
direito real pelos particulares, na gestão de seus interesses e com fulcro na autonomia
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da vontade”.
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Nelson Rosenvald salienta, em sua obra , que as limitações ao direito de propriedade
que não estejam no ordenamento jurídico como direito real, possuirá natureza
obrigacional, visto que os direitos obrigacionais não são dotados de tipicidade.
Alguns autores entendem que os direitos reais não estão elencados somente no rol do
artigo 1.225 do Código Civil (LGL\2002\400). Sobre isso, Paulo Nader escreve em sua
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obra que a prescrição do art. 1.225 não inibe o aparecimento de outros direitos reais na
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legislação extravagante.
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Arnoldo Medeiros da Fonseca sustenta que o direito de retenção também deve ser
incluído nesse rol, visto que pode ser invocado pelo possuidor de boa-fé até em face da
reivindicatória do legítimo dono (atual artigo 1.219 do CC/2002 (LGL\2002\400)).
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Ainda nesse prisma, Arnoldo Wald sustenta que o Código Civil (LGL\2002\400) cria
outro direito real, que é o pacto de retrovenda, em que o vendedor poderá obter a
devolução do objeto vendido, no prazo máximo de três anos, atuais arts. 505 a 508 do
CC (LGL\2002\400).
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Pontes de Miranda, no Tratado de Direito Privado , critica o princípio da taxatividade
presente nos direitos reais brasileiro, mas no fim, aceita que é a única forma de
diferenciar os direitos reais dos direitos pessoais.
Sendo assim, para aceitar o time sharing como direitos reais, teríamos que admitir que
os direitos reais saíram de um sistema taxativo para um sistema exemplificativo? O
Superior Tribunal de Justiça entendeu que não. Quanto ao tema da multipropriedade
imobiliária, o Ministro João Otávio de Noronha, votou que não haveriam problemas para
se adotar a multipropriedade imobiliária de caráter real, mesmo com a ótica da
taxatividade do art. 1.225. Para o Ministro, o vigente diploma não traz vedação a
inviabilidade de se criar novos direito reais e mesmo a multipropriedade imobiliária não
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estando codificada, possui natureza jurídica de direito real.
Portanto, mesmo os direitos reais sendo taxativo, é possível extrair novos direitos reais
no âmbito do conteúdo de cada direito real, por força da autonomia privada, desde que
não lese as normas de ordem pública.
O princípio da exclusividade é o princípio que define que não existem dois direitos reais
idênticos sobre a mesma coisa. Assim, no caso de um bem com mais de um dono, cada
um é detentor de sua parcela sobre o bem, que não são idênticos.
O Prof. Darcy Bessone entendia que o condomínio trazia embaraços para o princípio em
análise, para o autor, o estado de comunhão é anormal e transitório, o domínio sobre a
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coisa exclui outro.
O Prof. Arruda Alvim completa a definição desse princípio dizendo que “é ao titular do
direito real que cabe o exercício desse direito, em todos os seus aspectos, com exclusão
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de terceiros” .
Nessa visão, encontramos o artigo 1.228 do Código Civil (LGL\2002\400), que garante o
direito ao titular de usar, gozar e dispor da coisa.
O Prof. Antonio Santos Justo atribui a esse princípio a seguinte definição: “só pode
existir um direito real sobre determinada coisa na medida em que seja compatível com
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outro direito real que tenha por objeto” .
Esse princípio tem como base o princípio do absolutismo, em que parte da consequência
de tais direitos serem erga omnes.
O princípio da elasticidade e da consolidação são princípios opostos, mas que são sempre
trazidos juntos pela doutrina.
Interessante que, em razão do princípio da elasticidade, é possível que haja dois sujeitos
sobre a coisa, o dono e o titular dos direitos reais sobre coisa alheia.
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Luiz Edson Fachin comenta que a servidão do direito real é um instituto consectário ao
princípio da elasticidade do direito real de propriedade.
Para Bessone, não existiria uma diferença entre consolidação e elasticidade, sendo o
movimento de reduzir ao mínimo ou avançar ao máximo, situações do princípio da
elasticidade.
A perpetuidade é outro princípio encontrado no direito das coisas. Esse princípio tem a
característica de não se perder o direito real pelo desuso. Esse princípio é a regra no
direito das coisas, sendo a transitoriedade a exceção.
Sobre o não uso da propriedade e sua correspondência com a usucapião, o Prof. Darcy
Bessone possuía um posicionamento diferente, sendo assim, escreveu que o direito de
propriedade pode se perder em consequência do uso por outra pessoa, o que ocorre na
usucapião, contudo, isso não deriva do não uso da propriedade, mas sim da posse de
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outra pessoa.
5 Conclusão
O trabalho abordou os princípios no direito das coisas. Para isso, foi necessário entender
o que são princípios no direito civil brasileiro e sua função para o ordenamento.
Entendendo a necessidade de sua aplicação em uma sociedade cheia de normas
positivadas.
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brasileiro
Os princípios presentes atualmente no direito das coisas possuem uma carga histórica
muito grande. O valor desses princípios neste instituto são axiomas. Assim, a
observância dos princípios no direito das coisas é imprescindível para a necessária
segurança que a sociedade precisa para o instituto.
Podemos concluir que os princípios são a base para a criação do ordenamento jurídico,
principalmente no direito das coisas, a partir do seu valor histórico e costumeiro, dando
a segurança jurídica à sociedade.
Além disso, é possível extrair que os princípios no direito das coisas também servem
como fonte do direito. Mesmo não sendo o correto, por não haver previsão legal para
isso, podemos observar em certos julgados atuais, que os princípios são meios para
julgar por equidade, visto que estão servindo para fundamentar as decisões judiciais,
afastando a própria norma, evitando que o rigor excessivo da lei torne a decisão injusta,
o que nos remete ao brocardo romano summum jus, summa injuria.
6 Referências
ALVIM, Arruda. Comentários ao Código Civil brasileiro: livro introdutório ao direito das
coisas e o direito civil. Rio de Janeiro: Forense, 2009. v. XI. t. I.
AZEVEDO, Álvaro Villaça. Curso de direito civil: direito das coisas. São Paulo: Atlas,
2014.
CARNELUTTI, Francesco. Teoria geral do direito. São Paulo: Livraria Acadêmica Saraiva
& Cia. – Editores, 1942.
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito das coisas. 29. ed. São
Paulo: Saraiva, 2014. v. 4.
FIGUEIREDO, Gabriel Seijo Leal de. Princípios do direito das coisas no Código Civil
(LGL\2002\400). Os princípios e os institutos de direito civil. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2015.
GIORDANI, Mário Curtis. Iniciação ao direito romano. 5. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2003.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das coisas. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 2014. v. 5.
MIRANDA, Pontes. Tratado de direito privado: parte especial; tomo XI; direito das
coisas: propriedade, aquisição da propriedade imobiliária. Atualizado por Luiz Edson
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brasileiro
MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito das coisas. 39. ed.
atual. por Carlos Alberto Dabus Maluf. São Paulo: Saraiva, 2009.
NADER, Paulo. Curso de direito civil, parte geral. 9 ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Forense, 2013. v.1.
NERY, Rosa Maria de Andrade. Instituições de direito civil: Teoria geral do direito
privado. São Paulo: Ed. RT, 2014. v. I. t. I.
PERLINGERI, Pietro. Perfis do direito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei 10.406, de 10.01.2002. 5. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2011.
SILVA, José Afonso da. Curso constitucional positivo. 16. ed. São Paulo: Malheiros,
1999.
TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das coisas. 9. ed. rev. atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2017. v. 4.
TEPEDINO, Gustavo. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 14.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014.
WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro, direito das coisas. 8. ed. rev., aum. e
atual. de acordo com a Constituição de 1988 com a colaboração do Prof. Álvaro Villaça
Azevedo. São Paulo: Ed. RT, 1991.
2 NERY, Rosa Maria de Andrade. Instituições de direito civil: Teoria geral do direito
privado. São Paulo: Ed. RT, 2014. v. I. t. I. p. 525.
3 CARNELUTTI, Francesco. Teoria geral do direito. São Paulo: Livraria Acadêmica Saraiva
& Cia. – Editores, 1942. p. 178.
4 NADER, Paulo. Curso de direito civil, parte geral. 9. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Forense, 2013. v.1. p. 28-29.
5 No entendimento de Karl Engisch, cláusulas gerais são uma técnica legislativa que
possui como fundamento a generalidade, assim, é possível sujeitá-las a um grande
grupo de situações, tendo como resultado, uma determinada consequência prevista na
norma (ENGISCH, Karl. Introdução ao pensamento jurídico. Trad. A. M. Botelho
Hespanha. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001. p. 228-234).
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7 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direitos reais. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2014. p.
162-163.
9 GIORDANI, Mário Curtis. Iniciação ao direito romano. 5. ed. Rio de Janeiro: Lumen
Juris, 2003. p. 202.
13 PERLINGERI, Pietro. Perfis do direito civil. 2. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002. p.
137.
14 SILVA, José Afonso da. Curso constitucional positivo. 16. ed. São Paulo: Malheiros,
1999. p. 275.
15 FIGUEIREDO, Gabriel Seijo Leal de. Princípios do direito das coisas no Código Civil. Os
princípios e os institutos de direito civil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2015. p. 148.
19 WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro, direito das coisas. 8. ed. rev., aum. e
atual. de acordo com a Constituição de 1988 com a colaboração do Prof. Álvaro Villaça
Azevedo. São Paulo: Ed. RT, 1991. p. 28-29.
22 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das coisas. 9. ed. São
Paulo: Saraiva, 2014. v. 5. p. 31.
24 RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas: Lei 10.406, de 10.01.2002. 5. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2011. p. 4-5.
26 Ibidem.
favor da parte requerente, podendo ser elidida por prova em contrário. Ilegitimidade
passiva de IPVA. Alienação do veículo em 13.02.2008 para terceiros. Ausência de
comunicação da transferência da propriedade do bem móvel. Mitigação do art. 134 do
CTB ao IPVA. Autorização para transferência de veículo, corroborado pela Declaração
com Firma Reconhecida (datadas de 16.02.2008 ) do atual comprador do veículo
assumindo as dívidas relativas ao período posterior à venda. Inexigibilidade dos débitos
a partir da alienação. Ilegitimidade passiva verificada. Exceção de pré-executividade
acolhida neste sentido. Decisão parcialmente reformada com ônus sucumbência em
desfavor da exequente. Recurso de agravo de instrumento parcialmente provido (TJSP,
AI 2229228-46.2016.8.26.0000, rel. Maurício Fiorito, j. 02.05.2017, 3ª Câm. de Direito
Público, publ. 03.05.2017.)
30 SANTOS JUSTO, Antonio. Direitos reais. 2. ed. Coimbra: Coimbra, 2010. p. 38.
34 FONSECA, Arnoldo Medeiros da. Direito de retenção. 3. ed. Rio de Janeiro. p. 332
apud WALD, Arnoldo. Curso de direito civil brasileiro, direito das coisas. 8. ed. rev., aum.
e atual. de acordo com a Constituição de 1988 com a colaboração do Prof. Álvaro Villaça
Azevedo. São Paulo: Ed. RT, 1991. p. 17.
35 Idem, p. 38.
37 TEPEDINO, Gustavo. Comentários ao Código Civil. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 14. p.
37-38.
40 TARTUCE, Flávio. Direito civil: direito das coisas. 9. ed. rev., atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2017. v. 14. p. 9.
41 STJ, REsp 1.546.165/SP, 3ª Turma, rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, rel. p/
acórdão Min. João Otávio de Noronha, j. 26.04.2016, DJe 06.09.2016.
43 TJPR, APL 13.551.329/PR 1355132-9 (Acórdão), rel. José Augusto Gomes Aniceto, j.
14.05.2015, 9ª Câm. Cível, DJ 1575, 29.05.2015. p. 8.
52 Idem, p. 93.
54 Idem, p. 76.
55 Ibidem.
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