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Índice
Introdução..................................................................................................................................3
Conceito básico..........................................................................................................................4
Conclusão...............................................................................................................................17
Bibliográfica.............................................................................................................................18
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Introdução
O supervisor da escola de educação básica ocupa um lugar de destaque dentro desta estrutura
organizacional, pois é corresponsável pela gestão e qualidade do processo pedagógico,
influenciando direta ou indiretamente, o trabalho diário da equipe de professores. Atentando
para essa responsabilidade que o supervisor traz consigo, qual seja a de liderar sua equipe
tendo como principal função a de mediador e articulador de todo o processo ensino-
aprendizagem dos alunos, vislumbramos um profissional que anseia por colocar em prática as
teorias aprendidas nos cursos de formação, mas na maioria das vezes limitado pelo pouco
tempo destinado às suas verdadeiras atividades, pois a maior parte deste é direcionada à
resolução de questões burocráticas. Frequentemente observa-se uma separação entre a área
administrativa e a área pedagógica das instituições escolares, sendo esta última relegada a
segundo plano no rol das atribuições do supervisor escolar. Essa situação é vivenciada por
nós, que no cotidiano das escolas públicas presenciamos a real atuação do supervisor escolar
dentro da instituição, que está longe de ser a ideal. Diante deste quadro, este trabalho tem
como objetivo analisar a legislação vigente que regulamenta a atividade do supervisor
escolar, bem como identificar suas atribuições e sua atuação dentro da escola pública de
educação básica, estabelecendo um paralelo entre a o plano legal e o real. A fim de
contribuirmos com a construção da identidade do supervisor escolar para que possam
transformar a sua postura de atuação dentro do ambiente escolar, passamos a analisar alguns
pontos e a promover reflexões que forneçam subsídios para que realmente sejam efetivadas.
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A educação é um processo de transformação do ser humano no qual faz com que ele
desenvolva suas potencialidades de acordo com o ambiente em que vive, para que isto ocorra
o ser humano precisa de referências sendo como principais as referências familiares, sociais e
culturais
Segundo Bittel (1982, p.5), o termo supervisor tem suas raízes no latim, onde significa
“olhar por cima”.
Ainda Bittel (1982, p.4) “supervisor é qualquer pessoa no primeiro nível de gerenciamento
que tem a responsabilidade de fazer com que seus supervisionados envolvidos na execução
de um trabalho cumpram os planos e as políticas da gerência de nível mais elevado.”
A gestão democrática, pois, deverá vir também da proposta de ensino, relacionando-a com a
vida dos educandos.
A democracia é um movimento que deveria estar sendo vivenciada nas escolas, pois não se
concebe mais escolas que vivam fechadas para a actual realidade da educação brasileira. A
democracia, enquanto prática diária, é importante, por permitir a expressão, a colocação de
ideias e a participação de todos os envolvidos no processo escolar. Jamais a democracia deve
ser interpretada como liberdade total. O excesso de liberdade acarreta em abuso e desordem,
ela exige liberdade, mas clama por responsabilidade
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A supervisão autocrática é aquela que prioriza a ação autoritária do supervisor, que determina
todas as ordens, sugestões e direções para a melhoria do processo de ensino.
O agir democrático do supervisor escolar faz o seu trabalho ser desenvolvido numa
perspectiva de mudanças com bases na participação, cooperação, interacção e flexibilidade,
deixando de lado o seu perfil controlador sobre o trabalho alheio e assume uma postura
problematizada da prática pedagógica; É nesta perspectiva que relacionamos o pensamento
freireano sobre a prática desse profissional.
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Segundo Freire (1982, p. 94) “no momento em que o supervisor ou supervisora tomam como
objecto da sua supervisão os aspectos mais formais, ou certos pormenores, da prática de seu
companheiro, mas sem se comprometer com ela, então [...] aí os riscos para a
burocratização são enormes” .
A actuação do supervisor escolar requer que ele esteja sempre em parceria junto ao professor
e o aluno, não assumindo postura superior mas, de educador no processo educativo. Deverá
ser responsável pela sua prática pedagógica avaliando-se intrinsecamente, ou seja, uma auto-
avaliação, pois todo passo nunca é suficiente, precisa de outros passos consecutivamente, não
podemos pensar que estamos prontos e acabados, pois somos sempre aprendizes.
Segundo Freire, (1982, p.96) “o papel do supervisor, então, já não pode estar distante deste
ato de conhecimento, porque está aí dentro, da relação entre o educador e o educando que
está mediada pelo objecto a ser conhecido”.
Para que isto possa ocorrer é preciso que o trabalho do profissional da educação se constitua
num compromisso político, pedagógico e colectivo para poder cumprir melhor a tarefa de
formar cidadãos, dentro desta expressão percebe-se que há uma hierarquia dentro do contexto
escolar. Ocorre-se o trabalho do educador e para que esse trabalho possa ter sentido precisa se
do trabalho dos demais membros do ambiente escolar. Nas quais entra o aluno, o professor, o
supervisor, director e demais membros da escola.
O supervisor escolar, objecto de pesquisa do presente estudo, cuja função é orientar o grupo
de professores, desafiar, instigar, questionar, motivar, despertando neles o desejo, o prazer, o
envolvimento com o trabalho desenvolvido e dividindo as alegrias dos resultados obtidos.
A acção do supervisor escolar é atribuída a funções complexas, de apoio e parceria com o
professor o tipo de relação que ele estabelece com o grupo de professores, ao qual lidera,
passa a ser a essência do desenvolvimento de seu trabalho. O Supervisor Escolar, portanto, é
o profissional organizador ou orientador do trabalho pedagógico desenvolvido pelos
professores em uma escola.
Para Medina (1997), o trabalho do supervisor, centrado na acção do professor não pode ser
confundido como assessoria ou consultoria, por ser um trabalho que requer envolvimento e
comprometimento.
O supervisor escolar tem como objecto de trabalho a produção do professor – o aprender do
aluno – e preocupa-se de modo especial com a qualidade dessa produção. Portanto, o objecto
de trabalho do supervisor é a aprendizagem do aluno através do professor, onde ambos
trabalham como numa equipe um dependendo do outro. Considera-se o papel fundamental do
supervisor: ser o grande harmonizador do ambiente da escola.
Para Alves (1994), o supervisor deve ser o profissional encarregado do controle de qualquer
acção, o supervisor escolar deve ser o encarregado de promover a interacção entre teoria e
prática, entre pensamento e acção.
O supervisor escolar é um profissional que faz o elo entre os diferentes sectores da escola que
cuidam directamente com o ensino e a aprendizagem, e com as relações com os pais dos
alunos. O supervisor escolar tem como objecto de trabalho não só os professores e alunos,
mas sim os pais de alunos também.
Quanto a Rangel (2001), o supervisor escolar faz parte do corpo de professores e tem sua
especificidade do seu trabalho, caracterizado pela coordenação das actividades didácticas e
curriculares e a promoção e o estímulo de oportunidades colectivas de estudo.
O papel do supervisor passa, então, a ser redefinido com base em seu objecto de trabalho, e o
resultado da relação que ocorre entre o professor que ensina e o aluno que aprende passa a
construir o núcleo do trabalho do supervisor na escola. (MEDINA 1997, p 22)
Podemos perceber que o papel do supervisor escolar é fazer uma ligação entre professor, pais
e alunos. O supervisor escolar deve ser claro e preciso em seus conceitos para atingir o
objectivo de seu trabalho.
Para que o supervisor escolar consiga atingir seus objectivos ele deve traçar o perfil da escola
dentro do projecto político pedagógico sempre orientando, ajudando os professores, alunos e
pais. Estes sim devem fazem com que o trabalho escolar seja um modelo de busca e
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aprendizado em seu dia a dia. O supervisor escolar nunca deve esquecer que sempre deve
haver uma comunicação dialógica entre ele e os demais membros da comunidade escolar,
pois o diálogo é fundamental.
Como destaca Nérici (1978, p. 26), “A supervisão escolar visa à melhoria do processo
ensino-aprendizagem, para o que tem de levar em conta toda a estrutura teórica, material e
humana da escola”
Tendo em vista que a supervisão requer o domínio da liderança para que possa conscientizar
os envolvidos no âmbito educacional a desenvolverem uma educação de qualidade, esta
função requer o pleno exercício de uma liderança educacional ativa, ética e em constante
comunicação com todos os envolvidos. Vale lembrar mais uma vez, que o ato de liderar não é
mandar e somente chefiar, mas exercer as funções de liderança com as “habilidades”
necessárias na busca de harmonizar o trabalho de forma cooperativa e harmoniosa.
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A ação do supervisor deve propiciar que os objetivos da educação sejam alcançados e para
isso, o supervisor deve criar as condições para esta efetivação, buscando sempre se aprimorar
no embasamento teórico e prático, de forma diferenciada e inovadora.
Auxiliar a interpretar o programa de ensino para a comunidade, de tal modo que o público
possa compreender e cooperar nos esforços da escola.
Partindo do princípio de que não é recente a visão do supervisor pedagógico que assume o
papel de fiscalizar, de “bisbilhotar” o trabalho do corpo docente, para posteriormente delegar
o que deve ser feito ou não, nos dias atuais esta imagem mudou.
Diante das diversas ações emergentes da vida escolar, a relação entre o supervisor e o
professor acaba sendo debilitada, fazendo com que o tempo para ambos repensar e analisar as
práticas pedagógicas acabe sendo insuficiente para alcançar a qualidade de aprendizagem
desejada.
A insuficiência de um período ideal para o diálogo acarreta possíveis problemas nas relações
pedagógicas entre os envolvidos.
Sobre isso, Melo (2005, p. 28) diz que “(...) faz parte do convívio com os professores o
sentimento de desconfiança, competição, disputa de influência e até de poder”
Nérici (1978, p. 64), nos fala que “As relações humanas fundamentalmente, devem perseguir
a valorização da criatura humana e o respeito a ela” .Em tempos modernos, o papel do
supervisor escolar é o de propiciar que as relações sociais entre ele e o docente, sejam
fundamentais para a evolução e melhoria do processo ensino-aprendizagem dos alunos. Em
suma, a supervisão escolar é uma profissão que requer constantemente o contato com as
pessoas. Nesse sentido, é fundamental as boas relações entre todos os envolvidos no
processo.
É válido ressaltar que “embora a tarefa de conseguir essas condições para o trabalho não seja
evidentemente, só da coordenação, é também dela, devendo, portanto, se comprometer com
sua concretização, articulando-se com os demais seguimentos” (VASCONCELLOS, 2002
apud MELO, 2005, p.90).
E ainda, acrescenta algumas atribuições para o profissional responsável por esta área:
“responde pela viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico-didático em
ligação direta com os professores, em função da qualidade do ensino” (LIBÂNEO, 2004,
p.219).
A atuação do supervisor escolar presenciada por nós dentro da escola está distante das
atribuições dispostas em lei. O cenário vivido por este profissional está preso a questões
burocráticas e disciplinares, sendo que o ideal é que ele se envolvesse no desenvolvimento do
processo ensino-aprendizagem, ou seja, fosse parceiro de sua equipe de professores;
articulador de ideias; reflexivo; provocador; alguém que motivasse e promovesse a formação
continuada do grupo.
O supervisor escolar está procurando exercer suas verdadeiras atividades, que foram
direcionadas nos cursos de formação, como articular ações que priorizem o processo ensino-
aprendizagem, orientar a prática pedagógica de seus professores, coordenar atividades que
visem unir a equipe de profissionais a fim de concretizar objetivos comuns, dando uma
atenção especial à formação continuada de sua equipe.
Seguindo por essa linha de raciocínio, Zieger (2003) concorda que o supervisor educacional
não pode agir meramente como fiscalizador e revisor de trabalhos, mas sim como parceiro,
articulador, reflexivo, provocador, coordenador e líder de sua equipe de professores.
Sergisvanni e Starrat (1986, p.213) trazem em suas pesquisas, que o supervisor escolar lida
com a eficiência, onde “qualquer grupo eficaz realiza não apenas sua tarefa hoje, mas
melhora sua capacidade de realizar tarefas ainda mais difíceis e mais variadas amanhã”.
Para esses autores existe o grupo físico que é uma coleção de indivíduos, e o grupo
psicológico, que é uma coleção de indivíduos que compartilham propósitos comuns,
interagem entre si, percebe-se como grupo e que acham a afiliação grupal recompensadora.
Por isso, o supervisor escolar não pode restringir sua atuação aos indivíduos, mas sim
trabalhar com grupo, que é composto por indivíduos que compartilham do mesmo ideal.
Dentro dessa linha de pensamento, os autores acima destacados nos dizem que esse
profissional é aquele que “pode estimular a eficácia da interação pelo reconhecimento dos
grupos informais, ajudando a descobrir e a promover padrões de interação dentro dos grupos
e entre os grupos” (SERGISVANNI e STARRAT, 1986, p.223).
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Isto nos sugere a ideia de trabalhar em equipe, onde a liderança é o ponto determinante para
a eficácia do trabalho do supervisor escolar. Os integrantes do grupo veem no líder alguém
capaz de direcionar todas as ações a partir da credibilidade nele depositada.
Coaduna com nosso pensamento, Zieger (2003, p.7) que nos diz que: O supervisor
educacional entra no espaço do pensar, planejar e desafiar educativo para os projetos serem
construídos coletivamente.
Entretanto, o que é visto na realidade é muito diferente do ideal proposto pela academia e/ou
teóricos. O que se presencia são professores clamando a presença do supervisor escolar para
controlar alunos difíceis ao que se refere à indisciplina; diretora implorando a sua presença
para ajudá-lo no preenchimento de formulários burocráticos do sistema; as famílias
desesperadas cobrando aprendizado de seus filhos; reuniões com a patrulha escolar; dentre
outras que não são pertinentes a seu cargo, conforme destacam os sujeitos desta pesquisa.
Esta inquietação permeia por todo âmbito educacional, sendo que duas pesquisadoras ao
divulgarem os resultados de suas pesquisas sobre o tema constataram que:
O gestor escolar estaria contribuindo com a não eficácia do trabalho do supervisor, tendo em
vista que ele se mantém a favor de uma organização escolar com uma estrutura predefinida,
onde o pedagógico e o administrativo estão segregados para que tudo funcione da melhor
maneira possível.
De acordo com Libâneo (2004, p.207),a estrutura organizacional e o
cumprimento das atribuições de cada membro da equipe é um elemento
indispensável para o funcionamento da escola. Um mínimo de divisão
de funções faz parte da lógica da organização educativa, sem
comprometer a gestão participativa. O que se deve evitar é a redução da
estrutura organizacional a uma concepção estritamente funcional e
hierarquizada de gestão subordinando o pedagógico ao administrativo,
impedindo a participação e discussão e não levando em conta as ideias,
os valores e a experiência dos professores.
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Conclusão
Além disso, necessário se faz uma relação dialética entre todos da equipe proporcionando um
bom relacionamento interpessoal e um bom espírito de liderança, capazes de legitimar a sua
atuação e conquistar seu espaço, sempre em uma perspectiva crítico participativa. São muitos
os desafios a serem vencidos pelos supervisores escolares dentro de seu local de trabalho,
mas é emergente que eles se afirmem enquanto profissionais da educação para recuperarem o
seu espaço que é de fato e de direito. Isso bem mostra as narrativas que nos serviram como
grito de socorro aos que deles se achegam no afã de levar aos demais ouvintes suas angústias
e inquietações, tendo-se a utopia de que dias melhores virão.
Como sujeito responsável pelo processo de fazer acontecer e se necessário, buscar caminhos
de melhoria dos mecanismos que levam ao conhecimento, o papel do supervisor é hoje
fundamental, como também, de grande importância na construção de uma educação que
agregue não somente a qualidade, mas a formação integral do ser humano.
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Bibliográfica
ALVES, Nilda (coord.) Educação & Super visão. São Paulo. Cortez Editora: Autores
Associados, 1994.
FREIRE, Paulo. Educação: o sonho possível. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Org). O
educador: vida e morte. 8 ed. Rio de Janeiro: Edições Greal, 1982. pp 90-101.
MEDINA, A. S. Supervisão Escolar: da ação exercida à ação repensada. Porto Alegre: Age,
2002, 163 p.
RANGEL, Mary. In Naura Syria (Org.) Supervisão educacional para uma escola de
qualidade. 2.ed. São Paulo: Cortez, 2000.