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VOTO FEMININO E FEMINISMO: O SUFRÁGIO FEMININO EM DEBATE

NA PRIMEIRA REPÚBLICA

Lenina Vernucci da Silva1

Resumo: Regina Cecília Maria Diva Nolf Nazário, ou somente Diva Nolf Nazário, conforme ela
assina em seu livro publicado em 1923, Voto Feminino e Feminismo, quando ainda cursava o
segundo ano de Direito na Faculdade do Largo de São Francisco em São Paulo, foi uma das
integrantes da Liga Paulista de Senhoras, instituição ligada à Federação Brasileira para o Progresso
Feminino, órgão criado em 1922 para lutar pelo sufrágio feminino. A luta pelo direito ao voto foi a
principal bandeira deste que pode ser considerado o primeiro movimento feminista do Brasil. A
paulista nascida na cidade de Batatais buscou inserir-se no movimento, escrevendo sobre o sufrágio
feminino nas colunas do jornal Gazeta de Batataes, além de jornais de maior circulação, conforme
relata no livro supracitado. O objetivo deste trabalho é analisar os debates trazidos pela estudante
em torno da tentativa de tirar seu título de eleitora para poder participar das decisões de seu país nas
eleições de 1922, exercendo seu papel de cidadã. Sua aventura registrada no livro é mais um
exemplo da participação das mulheres na construção da história do país.
Palavras-chave: voto feminino, Primeira República, FBPF.

1 Introdução

O presente artigo é fruto da pesquisa em andamento do Mestrado em Ciências Sociais do


Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UNESP, Faculdade de Ciências e Letras,
campus de Araraquara, denominada Gênero e Poder: Diva Nolf Nazário na luta pelo voto feminino.
Em fase de preparação para qualificação, a dissertação está dividida em três capítulos onde é
apresentada a luta sufragista no Brasil durante a Primeira República, como foco na biografia de
Diva Nolf e seu livro, Voto Feminino e Feminismo: um ano de feminismo entre nós. Nos dois
primeiros capítulos é feita uma reflexão da participação da mulher na vida pública após a
proclamação e como a Constituinte não avançou na inclusão revolucionária (até então não havia
praticamente nenhum país que havia concedido este direito às mulheres) da mulher. Também é
apresentada a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, a FBPF, como a maior organização
feminina do período, responsável pela orientação da luta com foco na representatividade e
participação, tendo na figura de Bertha Lutz o maior expoente do feminismo do período.
O terceiro capítulo é a análise da obra de Diva Nolf, onde a autora narra sua luta pelo direito
de voto nas eleições de 1922 e faz um apanhado geral do movimento feminista pelo voto no
período. O livro, publicado em 1923, serve como referência para um novo olhar para as questões de

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Mestranda em Ciências Sociais, UNESP/FCL, Araraquara/SP, Brasil. Bolsista FAPESP. Membro do Núcleo de
Estudos de Gênero de Araraquara, sob a coordenação da Profª Drª Lucila Scanove.

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gênero (aqui utilizado no sentido apontado por Scott, 1990) na História do Brasil, na Sociologia e
na Ciência Política. A versão utilizada para a pesquisa é a relançada pela Imprensa Oficial em 2009.
Mantida a grafia e gramática da época e as páginas do livro original, a publicação é comentada pela
professora de Direito da USP Monica Herman Caggiano e pela aluna Talita Nascimento, terceira
mulher eleita presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto (Centro fortemente citado pela Diva
em seu livro), que traçam um breve panorama da importância deste primeiro momento do
feminismo e a relação do Centro Acadêmico com a conquista da cidadania feminina, que Diva Nolf
critica quando da ocasião da eleição de uma nova chapa, que a princípio a autora tinha sido proibida
de votar, mas com muita garra e debate conseguiu incluir seu nome. A conclusão dessa edição é
feita pelo profº Augusto Buonicore, da Unicamp, traçando um panorama na história das lutas feitas
pelas mulheres pelo direito ao voto no Brasil. As citações feitas no presente trabalho serão com base
na numeração da nova edição, assim como a adaptação livre da gramática e grafia.

Figura 2 – Capa do exemplar original do livro de Diva Nolf Nazário, com dedicatória para a Gazeta de Batates. A obra encontra
preservada pelo Memorial dos Caiapós, em Batatais/SP. Na Faculdade de Direito no Largo de São Francisco também foi encontrada
uma obra dedicada à Faculdade.

2 A República e as mulheres

A Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889 ocorreu em meio às crises do


Império e suas relações com os proprietários rurais, os setores militares e a Igreja, gerando
insatisfações e movimentações entre esses setores e entre civis. Realizada na madrugada, conduzida
pelos militares que depuseram o ministério reunido no quartel-general do Exército, sem reação de
setores da sociedade ou manifestação popular de apoio. O Imperador nada fez e dois dias depois a
família imperial partia para a Europa (Linhares et al, 1990). Do ponto de vista popular, também não

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houve manifestação (de apoio o repúdio): o povo assistiu bestializado o que ocorrera, pensando se
tratar de um desfile (Carvalho, 1989).
Nas primeiras décadas que seguiram a Proclamação, a luta pelo sufrágio passou a ser a
principal bandeira das mulheres letradas (de elite) que alguns anos antes haviam se envolvido na
produção de jornais voltados para a educação da mulher e em associações abolicionistas. No novo
contexto, lutaram pela inclusão do voto feminino na Assembleia Constituinte de 1891, que foi
negada, mas que gerou repercussão e homens interessados na causa. Por ser ambígua em relação ao
direito do voto, a primeira Constituição republicana permitiu que muitas mulheres se unissem para
reivindicar seu espaço na formação do progresso da nação. Atrelando-se a candidatos e políticos
simpatizantes de suas causas, organizando movimentos e até mesmo passeatas, buscaram formar
uma opinião pública a seu favor e à sua causa. Muitas tentaram seu alistamento eleitoral. Dentre
essas mulheres a paulista de Batatais, Regina Cecília Maria Diva Nolf Nazário foi uma das
militantes desta causa, se reunindo à Liga Paulista de Senhoras, criada em 1922 e vinculada à
Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), criada no mesmo ano e que reuniu as
mulheres que lutaram por esta e outras causas que “destina-se a coordenar e orientar os esforços da
mulher no sentido de elevar-lhe o nível da cultura e tornar-lhe mais eficiente a atividade social, quer
na vida doméstica, quer na vida pública, intelectual e política” (Art. 2 da FBPF).
A paulista, estudante de Direito da Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo,
decidiu que, com base em seus estudos sobre a Constituição e das aulas e apoio de seus professores
não havia nada que a impedisse de participar das eleições e lutou por esse direito. A narrativa que
traça é ilustrativa da mentalidade corrente da época em que a jovem República brasileira quer
“mudar a ordem das coisas, mas não inverter aquela ordem dicotômica da natureza à qual se
continua a fazer referência” (Bonachi e Groppi , 1995, p. 19). Para os idealizadores a mulher era
naturalmente incapaz de atuar na vida pública. O seu espaço era o lar e, em nome dos bons
costumes e da família, a sociedade tinha o dever de preservar (Maluf e Mott,1998).
Embora coerente com o discurso da época – não houve questionamento da natureza dos
papéis femininos, o que só viria ocorrer com o feminismo dos anos 1960-70 – tanto Diva Nolf,
quanto as demais mulheres da FBPF vão mostra a capacidade que as mulheres têm para contribuir
para o progresso da nação e por isso, corajosamente, a autora submete “ao são julgamento público,
certa de que a leitura atenta de suas diferentes partes só virá a fortalecer, entre nós, a idéia de justiça
do reconhecimento dos direitos políticos da mulher” (Nazário, 2009, p. 34).

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3 Desventuras para votar: a tentativa do alistamento eleitoral

Regina Cecília Maria Diva Nolf Nazário nasceu em 22 de


novembro de 1897 na cidade de Batatais, interior de São Paulo.
Filha de uma brasileira com um belga, foi para a Bélgica com dez
anos para estudar (segundo sua mãe, para ter uma educação melhor)
e retorna ao Brasil em 1917 por conta da guerra (Cardoso, 2005).
Entra na faculdade de Direito em 1922, ano em que começa também
a fazer parte da Liga Paulista de Senhoras. É neste ano ainda que
tem as eleições para presidência da República, em meio a uma
grande crise econômica que envolve vários setores e possibilita o
acordo Minas-São Paulo, garantindo a eleição do mineiro Arthur
Bernardes, mas dando aos paulistas força e controle nas questões
Figura 1 - Diva Nolf Nazário.
Foto da folha de rosto do livro econômicas (Fritsch, 1993). Em 1922 tem-se, além disso, a Semana
da Arte Moderna, a criação do Partido Comunista, eclode o Movimento Tenentista e a
comemoração do Centenário da Independência, colaborando para uma mudança no cenário político
e cultural do país (Ferreira; Pinto, 2006).
Diva Nolf, depois de analisar sua situação, decide participar das eleições desse ano. Após
juntar o necessário para dar encaminhamento ao pedido, pede ao seu pai para interceder por ela
junto ao secretário de um chefe político. “No dia marcado, quando meu pai me apresentou como
sendo o candidato, notei o grande espanto daquele senhor que logo resignou toda interferência no
andamento do meu processo” (Nazário, 2009, p. 37).
A partir daí, ela descreve toda a dificuldade que teve as idas e vindas ao cartório, que ela
narra como desventuras, para no fim, ter seu pedido negado. O despacho desfavorável do juiz
afirma que “é certo que não existe em nossas leis uma exclusão expressa a esse respeito” (p. 38),
mas que a maioria dos representantes entendeu que:
embora deixasse aberta a porta a possíveis futuras inovações, não era ainda o momento de
romper com as tradições de nosso direito segundo as quais as palavras “cidadão brasileiro”,
empregadas nas leis eleitorais designam sempre o cidadão do sexo masculino (p. 38).

E relembra que ainda prevalecem “entre nós, considerações tradicionais das quais se fez uso
o Deputado Pedro Américo, ao lembrar que a missão da mulher é mais doméstica do que pública,
mais moral do que política” (idem). O juiz nega o pedido encerrando uma preocupação na inversão
de papéis que a sociedade possa chegar a ver, e que, por enquanto, é possível preservar. Segundo a

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autora o despacho é publicado em quase todos os jornais da capital no interior do Estado de São
Paulo, além de outras localidades da região.
A paulista resolve pedir novamente, entrando com um recurso sobre o indeferimento. Em
seu recurso, que ela desenvolve vinte dias após o despacho, em 27 de junho de 1922, ela rebate cada
argumento do Juiz, de forma polida e educada (como uma boa moça letrada), porém enfática,
lamentando a falta de iniciativa do “notável homem de letras” ao negar seu pedido. Após a
introdução e “julgando os meus direitos de Brasileira em parte diminuídos, peço permissão para
entrar em algumas considerações” (p. 39), Nazário divide seus argumentos em duas partes, como
forma de rebater os dois principais assuntos abordados pelo juiz que ela afirma ser “as tradições e o
não reconhecimento da mulher enquanto cidadão”. Para suas considerações, divide em lado
filosófico e sentimental e lado legal e positivo.
Muito estudada, a futura advogada consegue demonstrar, em argumentos avançados para os
valores da época, que a mulher é merecedora de exercer o voto. Do lado sentimental e filosófico, a
autora demonstra como é lamentável a maneira que é conduzida um debate importante quando
sujeitado às concorrências políticas. “Não poucas vezes, debates parlamentares são o resultado de
meras conveniências políticas, e só podem ser tomadas em consideração se forem transformados em
lei expressa” (p. 40, grifo da autora), ou seja, “apreciações sentimentais, considerações filosóficas
ou mesmo deduções lógicas não podem, portanto, servir de lei, ainda mais em contradição
flagrante com a Constituição” (idem, grifo da autora), claramente alertando o juiz de que a
Constituição não excluía a mulher de votar.
Outro argumento, na segunda parte (lado legal e positivo) é justamente a idéia de cidadão:
ora, se a mulher está sujeita a todas as penalidades previstas em lei, não estaria também sujeita aos
benefícios? Por que, como afirmou o juiz, só quando se refere ao voto o cidadão passa a ser
homem?
Todos os dicionários estão de acordo em dizer que um cidadão é um habitante de um
Estado livre. A mulher brasileira não será habitante de um Estado livre? Diz-se sempre:
“todo o cidadão está sujeito ás leis do seu país”. A mulher brasileira não estará, por acaso,
sujeita as leis do Brasil? Ser-lhe-ha, por ventura, permitido matar e roubar sem incorrer nas
penas estabelecidas para os homens? [...] Porque se há de fazer exceção única e injusta
quando se trata de eleitores? (NAZARIO, 2009, p. 41, grifo da autora).

Continua discorrendo semântica e legalmente o que significa ser cidadão. Dessa forma,
busca criticar o juiz com base em sua própria fala. Não há justificativa, afirma na página seguinte, a
não ser que as leis não sirvam para a mulher:
Se cidadão somente se refere ao homem e não á mulher, acusados também, e para conservar
uma natural e justa coerência, só se pode referir ao homem. Não haverá, pois, mais

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garantia para a mulher brasileira e nem poderá ela mais ser acusadora. Só lhe serão
concedidas exceções em condições excepcionais e quando o homem, guiado por sentimento
de bondade, quiser fazer-lhas (idem, p. 42, grifo da autora).

Para ela isso significa que a mulher se encontra em uma situação pior que a de escravos,
afinal não há nenhuma garantia, fica à sua própria sorte (e aos “caprichos de um algoz”).
Negar participação política à mulher, seu direito de voto, é negar muitos outros direitos, pois
as mulheres já estão trabalhando e, como ela diz – numa dura crítica ao juiz – não houve “inversão
de papeis; pelo contrário, a moralidade de sua presença muito tem contribuído para o bom resultado
dos trabalhos da Nação” (p. 44). Bertha Lutz afirma o mesmo em uma entrevista sobre a função da
FBPF. Para ela é um tanto hipócrita esse discurso, pois ninguém se opôs, afirmando deste eminente
perigo, ao trabalho das empregadas domésticas ou outros serviços das mulheres da classe
trabalhadora (Sohiet, 2006).
O recurso de Diva Nolf é extenso (são seis páginas, publicadas em três números do jornal de
sua cidade natal, Gazeta de Batatais) e bem pautado, finalizando delicadamente com o pedido de
reconsideração e que o “sincero e leal juiz” “conceda, pura e simplesmente, a inclusão do meu
nome na lista dos eleitores desta Capital, pois não isso não é contra a lei” (p. 45. A última frase é
em latim).
Dois dias depois a resposta do juiz é novamente negativa. O juiz afirma que não houve nada
de sentimental em suas linhas, mas que tudo que ali consta é sim positivo. As argumentações
ásperas caminham no sentido de que há de fato uma natureza feminina que não permite o exercício
político, “Dariam para encher um volume as razões de ordem moral e social (para não falar em
outras) que confirmariam” essa impossibilidade (p. 46). E destaca que
O Direito Consuetudinário se encarrega de provar que a expressão cidadão brasileiro,
quando empregado nas leis eleitorais (cumpre frisá-lo) – exprime sempre o cidadão do sexo
masculino, conforme já disse na decisão recorrida, que ora confirmo (p. 46)

Assim como há também uma incapacidade masculina no que se diz respeito aos cuidados
com as crianças. Agora, segundo ele, caberá à Junta de Recursos definir se a decisão foi correta ou
não, mas da parte dele é incontestável essas distintas naturezas. A resposta da Junta de Recursos
Eleitorais é publicada em 3 de julho de 1922, negando o recurso e confirmando o despacho do juiz.
Ela finaliza essa primeira parte do livro lamentando que o ano do Centenário da
Independência terminasse junto ao seu pedido negado e que reconhecia o grande conhecimento do
juiz, que provou “o seu alto saber na aplicação das leis, mesmo antiquadas para a época em que
vivemos” (p. 46) e que não elevou, como os demais membros da política, o progresso da sociedade,
mantendo leis velhas que mantém o país afastado das nações mais civilizadas. Retoma seu

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argumento de que a decisão do juiz de que houve um sentimentalismo no julgamento, que constam
dos debates na Constituinte (que ela reproduz nas páginas seguintes) mas não consta na
Constituição em si, pelo menos não explicitamente:
Não seria todavia a primeira vez de se agir em contrário à lei básica da República, se é que
ela fosse avessa ao voto feminino, por isso ela está clamando por uma remodelação. Afim
de, pelo menos, esclarecer melhor sobre questões que já não podem ser reguladas pelo
Direito Consuetudinário, direito este sempre um pouco antiquado para ter merecimento, e
portanto nem sempre apropriado à evolução rápida do progresso atual em certos e
determinados assuntos (p. 47).

Termina, porém, esperançosa, afinal, os tempos estão mudando, e ela sabe que uma reforma
há de vir. E que um país “conciso de sua grandeza de sua alma nacional e da nobreza do conceito de
suas filhas, em breve acompanhe o sagrado movimento regenerador de uma raça” (p. 48).

4 Conclusão

Diva Nolf Tinha razão: os tempos estavam mudando e dez anos depois de seu livro, em 24
de fevereiro de 1932, é lançado o decreto que estende as mulheres o direito de votar e ser votada. A
pressão das mulheres da FBPF e tantas outras surtiu efeito. Bertha Lutz é chamada para compor a
minuta da Constituição e a Federação segue com força sua campanha, agora com foco em educar as
mulheres para participarem da vida pública. Segundo Soihet (2006) em 14 de agosto de 1934, a
FBPF publica um manifesto conclamando às mulheres escolherem candidatos que defendam seus
interesses. Ao referir-se às conquistas alcançadas até o momento afirma: ‘Isto, entretanto, foi apenas
o começo, porque de muito mais necessita a mulher brasileira...’ Também, segundo a ativa militante
Maria Luíza Dória Bittencourt: ‘O voto nunca foi para nós um fim e sim um meio [...] A campanha
começava quando tivéssemos o voto”. Afinal, como exigir outros direitos se nem há o
reconhecimento como cidadã?
Ainda falta muito para que o Brasil possa afirmar que há representatividade feminina
equitativa, mas, sem dúvida, a luta empreendida por essas mulheres no começo do século passado
em muito contribuiu para a evolução da inclusão da mulher nos espaços públicos do poder.

Referências

BONACCHI, Gabriella; GROPPI, Angela (org). O dilema da Cidadania. Direitos e Deveres das
Mulheres. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1995

CARDOSO, Clotilde de Santa Clara Medina. Diva Nolf Nazário, uma batataense defensora dos
direitos políticos da mulher. In: Amicus. Sociedade Amigos da Cultura. Ano VI, n. 11. Maio, 2005.

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CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados. Rio de Janeiro e a República que não foi. São
Paulo: Companhia das Letra, 1989.

FERREIRA, Marieta de Moraes; PINTO, Surama Conde Sá. A Crise dos anos 20 e a Revolução de
Trinta . Rio de Janeiro: CPDOC, 2006. 26f.

FRITSCH, W. 1922, a crise econômica. Rio de Janeiro: Estudos Históricos, vol.6, n. 11. 1993. p.3-
8.

LINHARES, Maria Yedda (org.) História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 1990.

MALUF, Marina; MOTT, Maria Lúcia. Recônditos do mundo feminino. In: NOVAIS, Fernando A;
SEVCENKO, Nicolau. (Orgs.) História da vida privada no Brasil. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.

NAZÁRIO, Diva Nolf. Voto feminino & feminismo. São Paulo: Imprensa Oficial, 2009.

SCOTT, J. Gênero, uma categoria útil de análise histórica. Mulher e Educação: Revista Educação
e Realidade. vol.15, n.2, julho/dezembro, 1990.

SOIHET, R. O feminismo tático de Bertha Lutz. Florianópolis: Editora Mulheres; Santa Cruz do
Sul: EDUNISC, 2006. Série Feministas.

Women's suffrage and feminism: women's suffrage debate in the First Republic
Abstract: Regina Cecilia Maria Nazario Nolf Diva, or just Diva Nolf Nazario, as she signs in his
book published in 1923, Voto Feminino e Feminismo, while still attending the second year of Law
School at the Largo de São Francisco in São Paulo, was one of members of the Liga Paulista de
Senhoras, an institution linked to the Federação Brasileira para o Progresso Feminino, a body
created in 1922 to fight for women's suffrage. The struggle for the right to vote was the main flag
that this can be considered the first feminist movement in Brazil. She born in the city of São Paulo,
Batatais, writing about women's suffrage in the columns of the newspaper Gazeta Batataes, and
newspapers with the largest circulation, as reported in her book. The objective of this study is to
analyze the debates brought by that student in the book she wrote, around trying to take her title
voter to be able to participate in the decisions of their country in the 1922 elections, exercising her
right as citizens. Her adventure recorded in the book is another example of women's participation in
building the country's history.
Keywords: women's suffrage, First Republic FBPF.

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