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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE


DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Processo nº 2165856-60.2015.8.26.0000

BANCO DO BRASIL S/A, já qualificada, por seus


advogados que a este subscrevem, nos autos da ação em epígrafe em que contende
com ANTONIO CARLOS RAMOS, inconformado, data venia, com a r. decisão de fls.,
a qual negou seguimento ao RECURSO ESPECIAL, vem, respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, interpor o presente AGRAVO INTERNO, com
fundamento no artigo 1.030 e seguintes do Código de Processo Civil.

Requer, outrossim, acreditando no alto espírito de


discernimento de Vossa Excelência, que revendo melhor a questão, reconsidere a
decisão agravada, eis que há no presente caso ofensa literal aos dispositivos
Constitucionais, conforme precisamente delineado no Recurso Especial, o que, de
modo incontroverso, conjuga os requisitos de admissibilidade da insurgência especial
travada.

Ademais, os fundamentos carreados no despacho


denegatório não se prestam para o presente caso por razões óbvias, tendo em vista
ser recorrente a negativa de seguimento aos recursos, sem fundamentação válida pelo
E. Tribunal de Justiça de São Paulo.
2

Entretanto, em sendo mantido o r. despacho, requer a


remessa do autos à Superior Instância, considerado que não se faz mais necessária a
extração de cópia dos autos, pois o Agravo de Despacho Denegatório, com as
modificações introduzidas pela Lei n.º 12.322/2010, passa a ser processado nas
dimensões do processo principal, tornando desnecessária a formação do instrumento.

Requer, por fim, que todas as intimações e publicações


sejam feitas exclusivamente em nome dos seguintes patronos Dr. FLÁVIO OLIMPIO
DE AZEVEDO - OAB/SP nº 34.248 e Dra. MILENA PIRÁGINE - OAB/SP nº 178.962,
com fulcro no Artigo 272, §§ 2º e 5º do Código de Processo Civil, ambos com escritório
na Rua Marques de Itu, 61, 6º Andar, Vila Buarque, CEP 01223-001, em São Paulo –
SP, sob pena de nulidade.

Termos em Que,

Pede Deferimento.

São Paulo, 15 de setembro de 2021.

Flavio Olimpio de Azevedo Everton Carvalho Bomfim Lima


OAB/SP 34.248 OAB/SP 416.693

Milena Piragine
OAB/SP 178.962
3

R A Z Õ E S R E C U R S A I S

PROCESSO Nº 2165856-60.2015.8.26.0000

AGRAVANTE: B ANCO DO BR ASIL S/ A


AGRAVADO: ANTONIO CARLOS RAMOS

EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

COLENDA TURMA JULGADORA,

O Agravante não pode se conformar com a R.


Decisão, proferida nos autos do Recurso Especial interposto, negando seu
seguimento, a qual merece ser reformada, conforme os fundamentos a seguir
expostos.

- DA DECISÃO RECORRIDA

O v. Acórdão, em discussão, negou seguimento ao


Recurso Especial interposto pelo Agravante, por não reunir condições de
admissibilidade, em virtude do quanto decidido nos Recursos Especiais repetitivos nos
1.273.643/PR, 1.361.800/ SP, 1.370.899/SP, 1.392.245/DF, 1.362.022/SP e
1.438.263/SP:

386. TJ-SP

Disponibilização: terça-feira, 31 de agosto de 2021.

Arquivo: 2099

Publicação: 11
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SEÇÃO III Subseção V - Intimações de Despachos


Seção de Direito Privado Recursos Tribunais
Superiores Direito Privado 2 - Extr., Esp., Ord. -
Rua Conselheiro Furtado, 503 - 9º andar

Nº 2165856-60.2015.8.26.0000 - Processo Digital.


Petições para juntada devem ser apresentadas
exclusivamente por meio eletrônico, nos termos do
artigo 7º da Res. 551/2011 - Agravo de Instrumento
- Itapetininga - Agravante: BANCO DO BRASIL S/A
- Agravado: ANTONIO CARLOS RAMOS - III. Pelo
exposto, NEGO SEGUIMENTO ao recurso especial
com base no art. 1.030, I, "b", CPC (art. 543-C, §7º,
I, CPC 1973), em razão dos Recursos Especiais
repetitivos nos 1.273.643/PR, 1.361.800/ SP,
1.370.899/SP, 1.392.245/DF, 1.362.022/SP e
1.438.263/SP. - Magistrado(a) Dimas Rubens
Fonseca (Pres. da Seção de Direito Privado) -
Advs: Milena Pirágine (OAB: 178962/SP) - Flávio
Olimpio de Azevedo (OAB: 34248/SP) - Sandro
Carlos Balarin (OAB: 309909/SP) - Rogério Milanesi
de Magalhães Chaves (OAB: 277971/SP) -
Conselheiro Furtado, nº 503 - 9º andar

Referida decisão mostrou-se equivocada, senão


vejamos:

- DO RECEBIMENTO DO RECURSO ESPECIAL PELO TRIBUNAL A QUO

O Recurso Especial é dirigido ao Presidente ou


Vice-Presidente do Tribunal a quo, conforme dispõe o artigo 1.029, do Código de
Processo Civil.

Serão recebidos pela Secretaria do Tribunal, que


independentemente de despacho abrirá vista ao recorrido para que apresente suas
contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias.

Decorrido o prazo para as contrarrazões, com ou


sem elas, os autos serão remetidos ao Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal,
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para que seja realizado o primeiro juízo de admissibilidade do recurso, que será ou
não admitido.

- DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

Com o advento da Constituição Federal de 1988 e


a criação do Superior Tribunal de Justiça (artigo 92, inciso II do mencionado diploma
legal), parte da competência originária e recursal do Supremo Tribunal Federal, artigo
119 da Constituição Federal anterior, foi transferida para esta nova Corte. Desta
forma, o Superior Tribunal de Justiça passou a ser o órgão responsável pela
preservação da unidade de interpretação e aplicação do direito federal.

Para que o Superior Tribunal de Justiça pudesse


cumprir com suas atribuições foi criado o Recurso Especial (artigo 105, inciso III da
Constituição Federal), instrumento hábil para enfrentar os julgados provenientes de
causas decididas em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais,
Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, quando sua decisão: (I) contrariar tratado
ou lei federal, ou negar-lhe vigência; (II) julgar válido ato de governo local contestado
em face de lei federal; e (III) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro Tribunal.

Assim, toda vez que acórdão proferido por qualquer


um dos Tribunais acima citados aplicar ou interpretar incorretamente lei federal ou
permitir que sobre ela prevaleça ato local (emitido por autoridade estadual ou
municipal), caberá Recurso Especial no prazo de 15 (quinze) dias, conforme o
disposto no artigo 1.003, §5º, do Código de Processo Civil.

O Recurso Especial em questão foi interposto com


fundamento na ofensa ao artigo 944 do Código Civil, e ao disposto no art. 77 do CPC.

Neste sentido, resta por caracterizado


prequestionamento das matérias suscitadas em sede de Recurso Especial, haja vista
que nas razões de Agravo e pelo disposto no V. Acórdão foi expressamente exposto
que o contrato foi celebrado respeitando com os dispostos supracitados, configurando
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insofismavelmente o prequestionamento necessário para a admissão do Recurso


Especial interposto.

O Ministro Sydney Sanches já se manifestou sobre


o tema, conforme segue:

"É irrelevante que no acórdão não se tenha feito


expressa referência a esse dispositivo legal. Importa,
isto sim, que a quaestio juris da equiparação fora
cogitada na sentença, reavivada no apelo, e o acórdão
recorrido a enfrentou (o juiz e o Tribunal, diante do fato
alegado, declararam o direito, atentos ao brocardo da
mihi factum, dabo tibi jus) (RT 594/233)”.

Vejamos mais algumas respeitosas opiniões da


comunidade jurídica acerca do prequestionamento:

“O prequestionamento, sob o pálio da Constituição de


1988, não terá vez, ao que penso, diz ADROALDO
LEÃO, em seu Trabalho Jurídico acima citado. É que o
constituinte de 1988 quis alargar o raio de ação do
recurso especial. Isto está evidente no texto
constitucional. Ademais, de regra, o prequestionamento
põe-se de forma implícita quando a decisão contraria ou
nega vigência à lei federal” (Min. CARLOS MÁRIO DA
SILVA VELLOSO, citado por ADROALDO LEÃO, in
Trabalho citado).

No mesmo sentido e acatando o


prequestionamento implícito:

STJ, R. Esp. 2336-MG, rel. Min. Carlos M. Velloso, ac.


De 09.05.90, in DJU 04.06.90, p.5.054. "Para que a
matéria tenha-se como pré-questionada, não é
indispensável que a decisão recorrida haja mencionado
os dispositivos legais que se apontam como
contrariados. Importa que a questão jurídica que se
pretende por elas regulada, tenha sido versada".

Vejamos o posicionamento do então Ministro Vice-


Presidente do STJ, WASHINGTON BOLÍVAR DE BRITO, que escreveu sobre o
Supremo Tribunal de Justiça e a Autoridade do Direito Federal:
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"Quanto ao prequestionamento da questão federal


(Súmula nº 282) na decisão recorrida, como condição de
admissibilidade do recurso especial também não merece
adoção pelo Superior Tribunal de Justiça, a meu sentir,
assim como a exigência dos embargos declaratórios
para suprir essa omissão (Súmula 356)."

Nesse mesmo sentido, segue ementa publicada no


Boletim do Superior Tribunal de Justiça, capturado no site:

REsp n. 129.856-0 – DF – Relator Ministro EDSON


VIDIGAL. Corte Especial. Unânime.Processual Civil –
Embargos de divergência em recurso especial –
Prequestionamento implícito – Divergência
jurisprudencial não demonstrada. Prequestionamento
implícito. Desnecessária a referência aos números que
identificam as normas legais, desde que tenha ocorrido
debate sobre o tema jurídico no acórdão. Divergência
não constatada. 1. Para efeito de prequestionamento,
não há necessidade que o acórdão recorrido tenha
citado expressamente os dispositivos legais tidos por
violados, sendo suficiente o debate da matéria jurídica
neles contida 2. Embargos de Divergência não
conhecidos.

Assim, resta admitido pela doutrina e


jurisprudência, o prequestionamento.

Dessa forma, verifica-se que a matéria recursal foi


ventilada no V. Acórdão guerreado pelo mesmo recurso, havendo o
prequestionamento, bem como, demonstrando, de forma inequívoca, a ocorrência da
vulneração dos dispositivos arrolados, ou seja, que o ora Agravante preencheu os
requisitos de admissibilidade, necessários para o recebimento e julgamento do
Recurso Especial em questão.

Ademais, Nobres Julgadores, a existência de


recursos, o reexame das decisões pelo mesmo ou por outro órgão julgador, vincula-se
destarte às exigências de ordem eminentemente pragmática, ligadas à falibilidade
humana, à conveniência no aperfeiçoamento das decisões judiciárias e, também, ao
natural desejo do vencido em ver suas pretensões objeto de uma segunda, e
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possivelmente mais acurada, apreciação, que, inclusive, poderá proporcionar maior


aceitação social da decisão reexaminada.

Assim, o Banco, ora Agravante, com a interposição


do Recurso Especial em comento, esforçou-se por uma melhor apreciação de seu
pleito, valendo-se do disposto no artigo 105, inciso III, da Constituição Federal,
indicando e fundamentando expressamente a ofensa ao Código Civil.

Ora, Nobres Julgadores, o Recurso Especial


transforma-se em uma utopia ante o rigor imposto para o conhecimento de tais
recursos, inclusive em face da exigência do prequestionamento explícito,
inviabilizando um julgamento mais justo perante este Egrégio Tribunal e pelo Supremo
Tribunal Federal.

Dessa forma, percebe-se que a negativa de


conhecimento e seguimento de um recurso deve ser muito bem analisada e feita com
extremo cuidado por parte do relator, que deve rechaçar os recursos protelatórios,
impróprios, mal fundamentados e que contrariam maçante jurisprudência sobre o
assunto.

Em havendo dúvida, o procedimento correto do


julgador é colocar o recurso em pauta para julgamento e, mesmo que o colegiado
decida pelo não conhecimento do mesmo ou pela sua improcedência, ainda assim, é
preferível à simples possibilidade de gerar uma injustiça, alterando profundamente a
vida de pessoas que ainda confiam no Poder Judiciário para a resolução de seus
litígios.

Assim, presencia-se na decisão, ora atacada, que


houve um apego de maneira desnecessária e excessiva ao formalismo processual,
que acaba por atrasar demasiadamente o julgamento do pedido do Banco Recorrente,
prejudicando o exercício do direito do mesmo, tudo porque, vale mencionar, o meio se
tornou mais importante que o fim.

Conforme o disposto no artigo 5º, inciso XXXV, da


Constituição Federal:
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“A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário


lesão ou ameaça a direito”.

Com esse dispositivo acham-se garantidos o


acesso e a faculdade de pedir ao Judiciário a reparação da lesão de direito, praticada
por particulares ou pelos próprios agentes do poder público, seja do legislativo,
executivo ou do judiciário, de tal forma que nem mesmo as leis processuais poderão
estabelecer hipóteses que impeçam a o exercício desse direito.

Assim, o V. Acórdão afrontou dispositivos de Lei


Federal, quais sejam, os artigos 104 do Código Civil, bem como a norma
constitucional, contida no artigo 5º., incisos II, XXXV e XXXVI.

Com a prolação da r. Decisão ora recorrida, afasta-


se do Judiciário a apreciação da lesão sofrida pelo Banco Recorrente, ora Agravante,
qual seja, o não recebimento do Recurso Especial interposto, para que a decisão
proferida pelo Egrégio Tribunal de Justiça seja devolvida à apreciação, para a reforma
da mesma.

O direito de pedir a prestação jurisdicional, porém,


não é incondicional e genérico. Ele nasce quando a pessoa reúne certas condições,
previstas na legislação processual e de direito material.

O interesse processual é a necessidade de recorrer


ao Judiciário, utilizando a adequada forma legal. O direito de pleitear a correção da
lesão de direito, portanto, é um direito constitucionalmente garantido.

Assim, observa-se que o processo é uma garantia


ativa e passiva, pelo sistema constitucional das garantias do próprio processo, que o
torna instrumento de justiça e de efetivação de direitos.

Dessa forma, dentro do prazo recursal, o Agravante


interpôs Recurso Especial, expondo as ofensas às Leis Federais supramencionadas,
conforme dispõe o artigo 105, inciso III, alínea “a”, e “c” da Constituição Federal.
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Outrossim, o ilustre Relator prolator da r. Decisão,


ora atacada, fundamentou-se na ausência do prequestionamento necessário à
interposição de Recurso Especial, bem como, na inocorrência de vulneração aos
dispositivos legais, fundamentando-se na indicação de decisões de outros Tribunais.

Mas a título de elucidação, cumpri-nos expor as


definições de Lei Ordinária, Regimento Interno e Súmulas, que segue:

Ao definirmos as Normas Ordinárias,


primeiramente insta esclarecer sobre as Normas Constitucionais, que são aquelas que
têm por conteúdo o direito constitucional, que dizem respeito a organização e funções
do Estado e aos direitos e garantias individuais do cidadão.

Já, as Normas Ordinárias são as que disciplinam


as demais matérias, exceto a constitucional, cujo processo de formação é disciplinado
pela Constituição. Elas podem ser as leis federais, estaduais, municipais, medidas
provisórias editadas pelo Presidente da República e os decretos federais, estaduais e
municipais.

No tocante aos Regimentos Internos, o Ilustre


mestre Hely Lopes Meirelles, conceitua-os, como sendo:

“atos administrativos normativos de atuação interna,


dado que se destinam a reger o funcionamento de
órgãos colegiados de corporações legislativas. Como
ato regulamentar interno, o regimento só dirige aos que
devem executar o serviço ou realizar a atividade
funcional regimentada, sem obrigar os particulares em
geral.”

O especialista em Direito Constitucional, Enéas


Castilho Chiarini Júnior, trata das súmulas como sendo:

“entendimentos firmados pelos tribunais que, depois de


reiteradas decisões em um mesmo sentido, sobre
determinado tema específico de sua competência,
resolvem por editar uma súmula, de forma a demonstrar
qual o entendimento da corte sobre o assunto, e que
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servem de referencial não-obrigatório a todo o mundo


jurídico”.

Dessa forma, como o direito brasileiro adota o


sistema do livre convencimento fundamentado do juiz, este não está obrigado a seguir
o entendimento das súmulas e jurisprudências editadas pelos tribunais, que somente
servem como orientação para os juízes, que podem, ou não, acolher tais
entendimentos em seus julgados de inferior instância.

Assim, deve prevalecer o disposto no Código de


Processo Civil, Código Civil Brasileiro, bem como na Carta Magna, de forma a não
impedir o seguimento do Recurso Especial em questão, tendo em vista que o
Agravante expôs de forma analítica a ofensa ao Código Civil, havendo o
prequestionamento necessário para o julgamento do Recurso Especial interposto, sob
pena de estar caracterizado o cerceamento de defesa do ora Agravante, devendo
prevalecer o previamente pactuado, como medida de inteira Justiça!

DO CABIMENTO DO RECURSO PELA ALÍNEA “A” DO ARTIGO 105, INCISO III,


DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Estão presentes todos os requisitos de


admissibilidade do Recurso Especial interposto pelo ora Agravante.

A decisão ora agravada, que não admitiu o Recurso


Especial, aduziu que o recurso não reuniu as condições de admissibilidade, tendo em
vista que o posicionamento da douta Turma Julgadora está em consonância com a
orientação da egrégia Corte Superior.

Ora, não há dúvida de que todos os requisitos de


admissibilidade do Recurso Especial estavam presentes no caso em questão.
Contudo, o Tribunal proferiu decisão.
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É bem verdade que não se espera que o Tribunal a quo


admita que violou dispositivo de Lei Federal para que seja dado seguimento ao
Recurso Especial, além do que, nem tem o Tribunal a quo competência para apreciar
a violação do dispositivo, o qual deveria, tão somente, verificar os pressupostos
objetivos de admissibilidade do recurso, contudo, não o fez.

Não há que se negar que a questão foi posta em


julgamento por turma, sob pena de se reconhecer eventual ineficácia do Judiciário,
eventual parcialidade dos julgadores e eventual descumprimento ao princípio da
igualdade. O Agravante prefere crer que isto não ocorreu.

O principal motivo do Recurso é justamente submeter a


decisão ao duplo grau de jurisdição, portanto, inexistindo impedimentos objetivos de
admissibilidade, como ocorreu na espécie, deve o mérito ser apreciado pelo E. STJ.

Negar o direito ao duplo grau de jurisdição é verdadeira


ofensa a todo o sistema processual em vigor, principalmente, à Constituição Federal.

Na esteira da nobre missão que este Superior Tribunal de


Justiça vem cumprindo de forma exemplar na defesa do Estado Democrático de
Direito, é que se requer a reforma da decisão que não admitiu o Recurso Especial,
pois o mesmo tem inquestionável cabimento.

Ressalte-se que a decisão que não admitiu o Recurso


Especial não foi devidamente fundamentada.

Diante do exposto, resta evidente que no Recurso


Especial ao qual foi negado seguimento restou cabalmente comprovada a violação
aos dispositivos de Lei Federal acima elencados, de modo que o recurso reúne os
requisitos de admissibilidade, devendo ser apreciado por esta Colenda Corte.
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PRELIMINARMENTE

DO PRÉ-QUESTIONAMENTO DA MATÉRIA

Matéria controvertida e indispensável para a interposição


de recursos nos tribunais superiores, o pré-questionamento, nada mais é do que um
requisito que se tornou essencial à interposição dos recursos especial e extraordinário.

Desta forma, encontramos diversas definições para o pré-


questionamento, não havendo, segundo Samuel Monteiro, “uniformidade sobre o
conceito do que se deva entender por pré-questionamento”.

A definição mais objetiva é aquela atribuída por Nelson


Nery Junior que “diz-se pré-questionada determinada matéria quando o órgão julgador
haja adotado entendimento explicito a respeito”.

Porém, existem outras duas correntes, uma defendendo


que o pré-questionamento decorre da parte haver sustentado previamente uma
questão, ou seja, informando, noticiando, declinando expressamente na inicial, em
contestação, ou em grau recursal, o dispositivo legal ou constitucional que poderá,
eventualmente, ser violando na decisão final.

A outra corrente defende não só a suscitação da matéria


previamente, como também que tenha sido decidido pelo aresto recorrido.

Em face das três correntes, prevalece a orientação de


que exista decisão sobre a questão, independentemente da suscitação da matéria.
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Tal posição é defendida pelo Superior Tribunal de


Justiça, que considera pré-questionada apenas as questões apreciadas pela decisão
recorrida, independente da parte tê-las suscitado.

Nesta esteira, Athos Gusmão Carneiro, assim define:

“não é suficiente para que a questão federal tenha sido pré-


questionada, que tenha sido ela suscitada pela parte, no curso
do contraditório, mas é essencial que a matéria tenha sido
explicitamente decidida no aresto recorrido, embora não se
faça necessária a expressa menção a texto de lei”.

O conceito de pré-questionamento mais aceito pelos


Tribunais Superiores é aquele segundo o qual o instituto está presente na decisão
recorrida, tendo sido arguida pelas partes previamente, ou quando surge pela primeira
vez na decisão recorrida.

Evidência dessa posição são a redação das súmulas 211


do STJ e as súmulas 356 e 282 do STF.

Dessa forma, identifica o pré-questionamento à presença


da questão federal.

Súmula 356 – STF – O ponto omisso da decisão, sobre o qual


não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser
recurso de objeto extraordinário por faltar o requisito do pré-
questionamento.

Súmula 211 – STJ – Inadmissível recurso especial quanto à


questão que, a despeito da oposição de embargos
declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo.

Súmula 282 – STF – É inadmissível o recurso extraordinário


quando a decisão recorrida assenta em mais de um
fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles.

A exigência do pré-questionamento decorre do efeito


devolutivo, na medida em que possibilita ao tribunal conhecer da questão federal
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suscitada. Excepcionam a regra do pré-questionamento quando a questão federal


surge na própria decisão recorrida e ao se tratar de matéria de ordem pública.

No presente caso, a matéria em comento foi devidamente


pré-questionada nos autos, mas não explicitamente apreciada na R. Decisão em
discussão.

Assim, em síntese, o pré-questionamento está presente


quando há efetiva apreciação de uma questão por parte do julgador, embora seja
aconselhável a suscitação da questão controvertida e é o primeiro passo na
caminhada rumo ao Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal, já que
sem ele a marcha do recurso fica interrompida.

Dessa forma, resta demonstrado que a matéria


guerreada em sede de Recurso Ordinário foi devidamente pré-questionada, mas não
apreciada na R. Decisão discutida, motivo pelo qual se evidencia o direito de
interposição dos presentes Embargos, a fim de pré-questionamento, para que seja
possível a interposição do recurso competente à instancia superior, como medida de
inteira justiça.

DA INTERPRETAÇÃO EQUIVOCADA ADOTADA POR ESSA CÂMARA EM


RELAÇÃO AO TEMA 887, RESP 1392245/DF

O MM. Juízo singular do processo originário o qual


trânsitou em julgado, não proferiu condenação expressa na fase de
conhecimento, isso porque acolheu os embargos declaratórios para acrescentar a
incidência de juros de 0,5% sobre os saldos das cadernetas de poupança atualizados
pelo índice de 48,16%.

À evidência, o pedido formulado pelo Ministério Público


não poderia extrapolar os limites da lide impostos pela petição inicial manejada pelo
16

IDEC (arts. 128 e 460 do CPC). Nesse sentido, houve pedido de acréscimo de juros
remuneratórios apenas sobre a diferença e somente naquele mês em que expurgada
a correção monetária, e foi esse o pedido deferido no julgamento dos embargos
declaratórios.

Referida decisão não foi objeto de recurso por parte


do IDEC, até porque o pedido havia sido feito nesse sentido, de modo que
transitou em julgado a condenação ao pagamento de juros remuneratórios de
0,5% apenas no mês em que foi expurgada a correção monetária.

Desta feita, qualquer decisão judicial que, na fase de


liquidação e cumprimento de sentença, venha a reconhecer a obrigação desta
instituição financeira ao pagamento de juros remuneratórios mensais, inexoravelmente
estará violando a coisa julgada e, por conseguinte, os artigos 502 a 508 do Código de
Processo Civil.

A respeito da vedação da inclusão de juros contratuais


remuneratórios na execução quando não expressamente concedidos na sentença, já
houve apreciação dessa questão pelo Superior Tribunal de Justiça, que decidiu:

AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE


INSTRUMENTO. JUROS REMUNERATÓRIOS NÃO
FIXADOS EM SENTENÇA. INCLUSÃO NA FASE DE
LIQUIDAÇÃO. OFENSA À COISA JULGADA. DECISÃO
MANTIDA PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
RECURSO NÃO PROVIDO. 1 - Segundo orientação
fixada por este Superior Tribunal, diversamente do que
sucede com os juros moratórios (Súmula n° 254/STF),
ofende a coisa julgada a inclusão, em fase de liquidação,
de juro remuneratório não expressamente fixado em
sentença. Precedentes da Segunda Seção do STJ. 2 -
Agravo regimental a que se nega provimento.‖ (AgRg no
Ag nº 1.339.464/RJ, 4ª Turma, rel. Min. Maria Isabel
Gallotti,
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No mesmo sentido:

EMBARGOS INFRINGENTES NA AÇÃO RESCISÓRIA -


PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA - NÃO-ACOLHIMENTO -
MÉRITO - AÇÃO DE COBRANÇA - PROCEDÊNCIA -
TRÂNSITO EM JULGADO - LIQUIDAÇÃO DE
SENTENÇA - INCLUSÃO DE JUROS MORATÓRIOS E
REMUNERATÓRIOS CAPITALIZADOS - AUSÊNCIA DE
PREVISÃO DA FORMA DE REMUNERAÇÃO DOS
JUROS NO TÍTULO EXEQÜENDO - VIOLAÇÃO À
COISA JULGADA - OCORRÊNCIA, NA ESPÉCIE -
EMBARGOS INFRINGENTES NA AÇÃO RESCISÓRIA
REJEITADOS. I - A matéria tratada pelo acórdão
rescindendo é exatamente a mesma que constituiu objeto
do pedido rescisório, não havendo falar em incidência do
Enunciado n. 515 da Súmula/STF; II - A inclusão de juros
remuneratórios e moratórios capitalizados nos cálculos
de liquidação, sem que tenha havido tal previsão no título
executivo, de fato, implicou violação à coisa julgada; III -
Embargos infringentes na ação rescisória rejeitados.‖
(EInf nos EDcl na AR 3150/MG,)

Em remota hipótese de serem atribuídos os juros


remuneratórios no feito em questão, essa casa bancária pleiteia que a incidência se
aplique única e exclusivamente nos meses em que ocorreram a efetividade dos
expurgos .

DA NÃO SIMILARIDADE DO RECURSO PARADIGMA RESP 1.361.800/SP

Insta salientar que a demanda em questão abarca direito


de poupador que possuía conta no Banco do Brasil S/A, que é empresa de economia
mista, em muitos aspectos equiparada à órgão da Administração Pública.
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Por outro aspecto, observamos que foi utilizado o tema


685, em que foram julgados os Resp’s 1.361.800/SP e 1.370.899/SP.

No Resp 1.361.800/SP a demanda em debate fora


interposta em face do BANCO HSBC BANK BRASIL S/A BANCO MULTIPLO,
Instituição Financeira que é exclusivamente privada.

Excelências, apenas por este ponto é possível chegar à


conclusão que a situação fática da atual demanda não é abrangida pelo Resp
1.361.800/SP, posto que ausente a similaridade mínima necessária para tal aplicação
ao caso em comento.

Por consequência tal fundamento é insubsistente para o


não prosseguimento do Recurso Especial Apresentado por essa casa bancária.

DO MÉRITO RECURSAL

A) DA CARÊNCIA DA AÇÃO PELA ILEGITIMIDADE DE PARTE

1) DA AFETAÇÃO NOS TERMOS DO ARTIGO 1.036 DO CPC -


RECURSO ESPECIAL Nº 1.438.263 – SP (2014/0042779-0)
– DISPONIBILIZADA NO DJE AOS 07/06/2019

Com objetivo de consolidar entendimento acerca da


Legitimidade ou Ilegitimidade do não associado para a execução da sentença
proferida em ação civil pública manejada por associação na condição de substituta
processual, fora determinada a afetação do Recurso Especial 1.438.263 - SP
(2014/0042779-0), cuja matéria encontra verdadeira subsunção com a presente
preliminar suscitada pela Casa Bancária, comprovamos:

A Segunda Seção, por maioria, afetou o processo ao rito dos recursos


repetitivos (RISTJ, art. 257-C) para definir sobre a legitimidade do não
19

associado para a execução da sentença proferida em ação civil


pública manejada por associação na condição de substituta
processual, determinando a suspensão do processamento dos
recursos especiais e agravos em recurso especial que versem
sobre idêntica questão de direito e que estejam pendentes de
apreciação em todo território nacional, no segundo grau de
jurisdição ou junto as Cortes Superiores. (Rel. Ministro Raul Araújo,
Disponibilizado no DJe aos 07/06/2019). Grifamos

Vejam, Excelências, inegável que o Resp n. 1.438.263 -


SP contém controvérsia repetitiva e de caráter multitudinário, com inúmeros recursos,
em tramitação nas diversas instâncias do Poder Judiciário, sendo, portanto, imperiosa
a manifestação concentrada do Superior Tribunal de Justiça, cujo entendimento
atingirá in totum a pretensão sub judice.

Nesse sentido, considerando a repercussão do tema,


esta instituição desde já roga pela SUSPENSÃO destes autos, nos termos do §1º do
artigo 1.036 do Código de Processo Civil.

DO PRECEDENTE FIRMADO NOS AUTOS DO RE 573.232/SC E REFORÇADO NO


RE 885658 / SP

Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal


Federal, no julgamento do RE-RG 573.232, redator do acórdão min. Marco Aurélio,
DJe 6/6/2008, em sede de regime de repercussão geral, ao examinar o alcance da
expressão “quando expressamente autorizadas”, constante no inciso XXI do art. 5º da
Constituição Federal, firmou entendimento de que somente os associados que
apresentarem, na data da propositura da ação de conhecimento, autorizações
individuais expressas à associação, podem executar título judicial proferido em
ação coletiva. Eis a ementa do referido julgado:

REPRESENTAÇÃO – ASSOCIADOS – ARTIGO 5º, INCISO


XXI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ALCANCE. O disposto no
artigo 5º, inciso XXI, da Carta da República encerra
representação específica, não alcançando previsão genérica
do estatuto da associação a revelar a defesa dos interesses
dos associados. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL –
20

ASSOCIAÇÃO – BENEFICIÁRIOS. As balizas subjetivas do


título judicial, formalizado em ação proposta por associação, é
definida pela representação no processo de conhecimento,
presente a autorização expressa dos associados e a lista
destes juntada à inicial. (grifou-se)

Ainda, destacou-se o Informativo 746 do STF a respeito


do mesmo tema, evidenciamos:

A autorização estatutária genérica conferida a associação


não é suficiente para legitimar a sua atuação em juízo na
defesa de direitos de seus filiados, sendo indispensável
que a declaração expressa exigida no inciso XXI do art. 5º
da CF (“as entidades associativas, quando expressamente
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados
judicial ou extrajudicialmente”) seja manifestada por ato
individual do associado ou por assembleia geral da entidade.
Por conseguinte, somente os associados que
apresentaram, na data da propositura da ação de
conhecimento, autorizações individuais expressas à
associação, podem executar título judicial proferido em
ação coletiva. Com base nessa orientação, o Plenário, em
conclusão de julgamento, e por votação majoritária, proveu
recurso extraordinário no qual se discutia a legitimidade ativa
de associados que, embora não tivessem autorizado
explicitamente a associação a ajuizar a demanda coletiva,
promoveram a execução de sentença prolatada em favor de
outros associados que, de modo individual e expresso, teriam
fornecido autorização para a entidade atuar na fase de
conhecimento — v. Informativos 569 e 722. Em preliminar, ante
a ausência de prequestionamento quanto aos artigos 5º,
XXXVI, e 8º, III, da CF, o Tribunal conheceu em parte do
recurso. No mérito, reafirmou a jurisprudência da Corte
quanto ao alcance da expressão “quando expressamente
autorizados”, constante da cláusula inscrita no
mencionado inciso XXI do art. 5º da CF. Asseverou que
esse requisito específico acarretaria a distinção entre a
legitimidade das entidades associativas para promover
demandas em favor de seus associados (CF, art. 5º, XXI) e
a legitimidade das entidades sindicais (CF, art. 8º, III). O
Colegiado reputou não ser possível, na fase de execução
do título judicial, alterá-lo para que fossem incluídas
pessoas não apontadas como beneficiárias na inicial da
ação de conhecimento e que não autorizaram a atuação da
associação, como exigido no preceito constitucional em
debate. Ademais, a simples previsão estatutária de
autorização geral para a associação seria insuficiente para
lhe conferir legitimidade. Por essa razão, ela própria tivera
a cautela de munir-se de autorizações individuais. Vencidos
os Ministros Ricardo Lewandowski (relator), Joaquim Barbosa
(Presidente) e Cármen Lúcia, que negavam provimento ao
recurso”. (Grifou-se)
21

Não bastasse, tal diretriz fora revalidada quando do


julgamento do RE 885658/SP, cujo acórdão igualmente registrou que, a mera
permissão estatutária genérica não supre a autorização individualmente concedida em
assembleia geral.

Reforçando tal entendimento, citamos recente julgado da


17ª Câmara de Direito Privado, do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferido nos
autos do Agravo de Instrumento 2094237-07.2014.8.26.0000:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LIMITAÇÃO SUBJETIVA
DOS EFEITOS DA SENTENÇA SOMENTE AOS FILIADOS DO
IDEC.
Somente o poupador associado ao IDEC e que houvera
autorizado o instituto ajuizar a ação civil pública, tem
legitimidade para exigir o cumprimento de sentença.
Precedente do STF no RE 573.232-SC. PROCESSO
EXTINTO. Prejudicado o conhecimento das demais matérias.

Com efeito, a análise da limitação subjetiva da sentença


coletiva deve levar em conta os seguintes aspectos: i) o limite constitucional da
legitimidade das entidades associativas, previsto no artigo 5º, inciso XXI, da
Constituição Federal; ii) a limitação prevista no artigo 2º- A, da Lei n.º 9.494/1997; e iii)
o princípio da segurança jurídica, contemplado pela primeira parte do artigo 189 do
Código Civil, que prevê a prescrição.

No tocante ao limite constitucional da legitimidade das


entidades associativas, previsto no artigo 5º, inciso XXI, da Constituição Federal,
observa-se que o IDEC propôs ação civil pública em face do Banco Nossa Caixa S.A.
visando resguardar os direitos de seus associados, com fundamento na Lei n.º
7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública) e, subsidiariamente, na Lei n.º 8.078/1990
(Código de Defesa do Consumidor). Porém, embora os fundamentos para a ação
22

proposta estejam dispostos em legislação ordinária é inegável que a exegese do tema


deve partir dos limites previstos no texto da Constituição Federal.

A Constituição Federal estabelece no inciso XXI do seu


artigo 5º, que “as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente”. Portanto, a
Constituição Federal condiciona a legitimidade das associações para representar seus
filiados (judicial ou extrajudicialmente) a uma autorização expressa.

Como a organização de pessoas em torno de entidades


associativas tem como princípio norteador a comunhão de interesses (que podem
decorrer da natureza das pessoas, grupo profissional, interesses religiosos, dentre
outros), é essencial que a atuação dessas entidades esteja condicionada aos
interesses do grupo. Para tanto, devem atuar em conformidade aos objetivos que
nortearam a sua criação e em defesa de indivíduos que a elas se associaram de modo
livre e expresso. Assim, a fim de que sejam resguardados os direitos fundamentais
dos indivíduos associados, a Constituição Federal vincula a atuação das associações
à defesa dos seus associados, os quais devem autorizar expressamente a sua
substituição ou representação pela associação.

Essa limitação da representatividade das associações


implica, por cognição lógica, afastar a legitimação das associações para substituir ou
representar judicial ou extrajudicialmente terceiros a ela não associados. Por isso, não
se pode considerar juridicamente possível que, ao ajuizar a ação civil pública de
origem, ainda que em legitimação extraordinária, o IDEC estivesse substituindo
indivíduos que não fossem a ele associados. Nesse sentido, ensina Teori Albino
Zavascki:

Se a legitimação é para “representar seus filiados”, um limite de


atuação fica desde logo patenteado: o objeto material da
demanda deve ficar circunscrito aos direitos e interesses
desses filiados. Um outro limite é imposto pelo interesse de agir
da instituição legitimada: sua atuação deve guardar relação
com seus fins institucionais. Às associações culturais cabe
tutelar direitos de seus filiados relacionados à cultura (e não a
outros, estranhos ao âmbito associativo); às associações
esportivas e recreativas, os interesses relacionados com
23

esporte e recreação; às associações de defesa do consumidor,


os direitos decorrentes de relações de consumo; às entidades
profissionais, os direitos dos seus filiados ligados ao exercício
da sua profissão. Quem se filia a associação destinada a pesca
submarina não o faz imaginando que a entidade vá tutelar seus
direitos relacionados às questões fiscais, ou suas relações
condominiais ou de vizinhança.

Ademais, a legitimidade ativa para a propositura da ação


civil pública está prevista no artigo 5º da Lei n.º 7.347/1985, que fixa como legitimados
o Ministério Público, a Defensoria Pública, os entes da Federação, as pessoas
jurídicas de direito público e as associações.

Porém, por ter natureza jurídica diversa dos demais


associados, a legitimidade das associações, como é o caso do IDEC, está
condicionada ao preenchimento de requisitos específicos que devem ser observados
concomitantemente: estarem constituídas há pelo menos 1 (um) ano, nos termos da lei
civil, e terem entre suas finalidades institucionais a proteção ao meio ambiente, ao
consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao patrimônio artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico.

Ao condicionar a legitimação das associações ao


preenchimento dos requisitos transcritos, o legislador buscou preservar não somente
os interesses dos associados, e, por isso, difere da legitimação conferida aos demais
legitimados, pois as associações somente atuam na defesa de interesses específicos,
ligados a sua missão e aos seus objetivos e visando à defesa dos direitos dos seus
associados.

A necessidade de vinculação da ação civil pública ao


objeto da associação pretende evitar que uma associação constituída para a defesa
do meio ambiente promova, por exemplo, ação civil pública para defender direitos do
consumidor.

Por esse motivo, a sentença proferida em ação civil


pública proposta por associação somente beneficia os seus associados à data da
24

propositura da ação, que passam a ser os únicos legitimados à execução da


sentença.
A propósito, registra José Miguel Garcia Medina que:
No caso de sentença proferida em ação coletiva ajuizada por
associação, tem-se aplicado o art. 2º-A da Lei nº 9.494/1997,
segundo o qual a sentença “abrangerá apenas os substituídos
que tenham, na data da propositura da ação, domicílio no
âmbito da competência territorial do órgão prolator”. No mesmo
sentido, o Superior Tribunal de Justiça – STJ também decidiu:
“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL.
DECISÃO MONOCRÁTICA. POSSIBILIDADE. SERVIDOR
PÚBLICO. AÇÃO COLETIVA. EFEITOS DA SENTENÇA.
LIMITES. COMPETÊNCIA TERRITORIAL DO ÓRGÃO
PROLATOR DA SENTENÇA. ART. 2º-A DA LEI 9.494/97.
SUSPENSÃO DO PROCESSO EM RAZÃO DE EXCEÇÃO DE
INCOMPETÊNCIA. ART. 306 CPC. TERMO FINAL. DECISÃO
DE PRIMEIRO GRAU. ALEGAÇÃO DE QUE A
INDIVIDUALIZAÇÃO DO DIREITO DO SERVIDOR DEVE SER
REALIZADA NA EXECUÇÃO.FALTA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº 282/STF. DIREITO
ADQUIRIDO À VANTAGEM QUANDO EM ATIVIDADE.
REEXAME DE PROVAS. SÚMULA Nº 7/STJ. (...) 2. A
jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça orienta-se no
sentido de que, nos termos do art. 2º-A da Lei nº 9.494/97, os
efeitos da sentença proferida em ação coletiva se restringem
aos substituídos que tenham, na data da propositura da ação,
domicílio no âmbito da competência territorial do órgão prolator.
(...)6. Agravo regimental a que se nega provimento”. (STJ –
AgRg no REsp nº 973961, 6ª Turma, rel. Min. Maria Thereza de
AssisMoura,

Isso significa que, para se exigir o cumprimento da


sentença lastreada na ACP n. 0403263-60.1993.8.26.0053, imprescindível que o
poupador (suposto titular do direito) comprove que, à época o ajuizamento do
processo de conhecimento encontrava-se filiado ao IDEC.

Veja, Excelências, da detida análise destes autos, não se


constata qualquer vínculo entre o autor do cumprimento de sentença (poupador) e o
autor da ação civil pública (IDEC), cenário que joga luz à imperiosa carência de
legitimidade para propor a presente execução, razão pela qual o processo deve ser
julgado extinto sem julgamento de mérito, conforme dispõe o art. 485, VI do CPC.

DA AFRONTA AO PRINCIPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA


25

O Princípio da Segurança Jurídica se encontra


intensamente relacionado ao Estado Democrático de Direito, podendo ser considerado
como um dos princípios basilares do direito brasileiro.

Desta feita, urge ressaltar que o Princípio da Segurança


Jurídica possui conexão direta com os direitos fundamentais e ligação com
determinados princípios que dão funcionalidade ao ordenamento jurídico brasileiro, tais
como, a irretroatividade da lei, o devido processo legal, o direito adquirido, entre outros.

No presente caso, verifica-se que o Banco Agravante,


interpôs Recurso Especial, a fim de reformar o Acórdão proferido pelo Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo. Todavia, este Tribunal, inadmitiu o recurso sob
alegação de ausência de condições de admissibilidade, com fundamento no art. 1.030,
V, do CPC.

Contudo, para demonstrarmos a afronta ao princípio em


questão, faz-se necessário discorrermos sobre alguns pontos, vejamos:

No presente caso, verifica-se que a segurança jurídica foi


ignorada pelo Tribunal a quo, ao denegar seguimento ao Recurso Especial.

Tendo em vista que, o Princípio da Segurança Jurídica,


atualmente, reveste-se de suma importância ao contexto social do nosso país, uma vez
que, segundo ele a lei não se prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a
coisa julgada.

Dessa forma, o Princípio da Segurança Jurídica encontra-


se diretamente relacionado aos direitos e garantias fundamentais do nosso Estado
Democrático de Direito. Com efeito, houve a tentativa de demonstrar a existência de
uma dinâmica do Direito, assim como das atividades legislativas, na busca de
acompanhar os desenvolvimentos sociais.
26

Sendo a Lei fonte de segurança jurídica, ao ser elaborado


pelos representantes eleitos do povo que possuem influências externas aos ideais que
prometeram defender, sofre determinadas distorções.

Por fim, temos que o Supremo Tribunal Federal, órgão


jurídico-político, deve buscar sempre a observância irrestrita dos fundamentos
constitucionais, como no caso do ideal do direito adquirido para, por fim, garantir a
intangibilidade do regime jurídico para os que já estão no sistema.

Resta demonstrado que o V. Acórdão, proferido pelo


Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, feriu o princípio em comento, bem como,
que a decisão ora guerreada mantém a afronta ao princípio da segurança jurídica, e
consequentemente, à Constituição Federal, motivo pelo qual, se faz necessária à sua
reforma.

DEVIDO PROCESSO LEGAL – AFRONTA AOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO


E DA AMPLA DEFESA

O procedimento adotado afrontou diretamente a


legislação maior, ao desrespeitar o DEVIDO PROCESSO LEGAL, pois, a prestação
jurisdicional apresenta forma inadequada, uma vez que o Agravante, demonstrou de
forma inequívoca a afronta à Legislação, que foi aplicada de forma contrária às
disposições da Legislação pertinente.

O artigo 1029, do Código de Processo Civil, dispõe,


conforme segue:

“Art. 1.029. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos


casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos
perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido,
em petições distintas que conterão:
I - a exposição do fato e do direito;
II - a demonstração do cabimento do recurso interposto;
III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da
decisão recorrida.
o
§ 1 Quando o recurso fundar-se em dissídio jurisprudencial, o
recorrente fará a prova da divergência com a certidão, cópia ou
27

citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado,


inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o
acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado
disponível na rede mundial de computadores, com indicação da
respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as
circunstâncias que identifiquem ou assemelhem os casos
confrontados.”

O Agravante demonstrou, no momento da interposição do


Recurso Especial, todas as questões de fato e de direito, bem como, ter preenchidos
os requisitos de admissibilidade do referido recurso, bem com as razões do pedido de
reforma da decisão a ser reformada.

Assim, é evidente que ao inadmitir o Recurso em


comento, presenciamos uma prestação inadequada da tutela jurisdicional, o que
afronta o PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, ao se impedir o
CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA.

Neste sentido, Alexandre de Moraes, em sua obra


“Direito Constitucional” apresenta posição brilhante sobre o tema, vejamos:

“O devido processo legal tem como corolários a ampla defesa e


o contraditório, que deverão ser assegurados aos litigantes, em
processo judicial ou administrativo, e aos acusados em gera,
conforme o texto constitucional expresso (art. 5º, LV)”.

Ainda, na mesma obra, Alexandre de Moraes define a


ampla defesa, que cabe, oportunamente, transcrevermos:

“Por ampla defesa, entende-se o asseguramento que é dado


ao réu de condições que lhe possibilitem trazer para o processo
todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade.”

Portanto, ao caso se transportam tais definições para


elucidar que estes princípios foram plenamente violados, o não pode de maneira
alguma ser aceitável.

Importante, também para o caso, é trazermos as


disposições do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal:
28

“Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade,
nos termos seguintes:
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”

De tal modo, tem-se no contraditório a possibilidade


concedida a título de participação processual, podendo para isso, serem utilizados os
meios legais disponíveis, no sentido de demonstrar ao julgador a verdade dos
acontecimentos, proporcionando uma prestação jurisdicional justa.

O princípio do contraditório tem o intuito de preservar a


igualdade entre as partes e, com a prolação da decisão que negou seguimento ao
Agravo em comento, verifica-se que foi negado ao Recorrente, ora Agravante, o
acesso à justiça, princípio também desconsiderado no momento do julgamento.

Nelson Nery Junior, doutrina magnificamente sobre o


tema, palavras que com enorme prazer são citadas logo após:

“O princípio do contraditório, além de fundamentalmente


constituir-se em manifestação do princípio do estado de direito,
tem íntima ligação com o da igualdade das partes e o do direito
de ação, pois o texto constitucional, ao garantir aos litigantes o
contraditório e a ampla defesa, quer significar que tanto o
direito de ação, quanto o direito de defesa são manifestação do
princípio do contraditório. ”

Uma vez que o Agravante demonstrou a afronta ao caso


em tela, aos dispositivos federais, restou demonstrado não haver nenhum obstáculo à
apreciação do referido recurso pelo Tribunal, motivo pelo qual faz-se necessária
reforma da decisão prolatada nos autos, a qual inadmitiu o Recurso Especial
interposto.
29

I
DA NECESSÁRIA SUSPENSÃO DO PROCESSO POR SE TRATAR DE
TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL.

A presente ação de Execução fora ajuizada na Comarca do


domicílio da parte Impugnada, porém esse MM. Juízo mostra-se incompetente para o
julgamento da liquidação em tela.

A competência para o julgamento da liquidação individual da


sentença de condenação genérica relativa a direito individuais homogêneos é do juízo
que processou a causa no primeiro grau de jurisdição.

Justifica-se citada competência diante do vetado parágrafo


único do artigo 97 do Código de Defesa do Consumidor, o qual permitia que se
procedesse à liquidação de sentença no foro do domicílio do liquidante, cabendo-lhe
provar o nexo de causalidade, o dano e o montante.

Com o veto, não se vislumbra a possibilidade da liquidação ser


proposta no local do domicilio do liquidante.

Corroborando citado entendimento, Arruda Alvim Neto1


entende que tanto a liquidação quanto a execução devem ser propostas no juízo da
ação condenatória. Trata-se de uma liquidação ou execução individual, portanto
devem seguir a regra do Código de Processo Civil.

A sentença objeto da presente liquidação de sentença não


possui eficácia nacional, conforme dispõe o artigo 16 da Lei 7.347/85:

1
Arruda Alvim Neto e outros, Código do Consumidor comentado, RT, 1995.
30

“Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada “erga omnes”, nos
limites da competência territorial do órgão prolator, exceto se o
pedido for julgado improcedente por insuficiência e provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.”

A sentença objeto da presente liquidação de sentença não


possui eficácia nacional, conforme dispõe o artigo 16 da Lei 7.347/85, tal entendimento
foi perfeitamente acolhido, pelo Supremo Tribunal federal em recente julgado, o qual
determinou pela REPERCUSSÃO GERAL DO TEMA, conforme demonstraremos a
seguir:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.101.937 SÃO PAULO


RELATOR :MIN. ALEXANDRE DE MORAES RECTE.(S) :CAIXA
ECONOMICA FEDERAL RECTE.(S) :BANCO BRADESCO SA
RECTE.(S) :BANCO ALVORADA S.A. RECTE.(S) :BANCO
SANTANDER BRASIL S/A RECTE.(S) :BANCO DO BRASIL S/A
ADV.(A/S) :FERNANDO ANSELMO RODRIGUES RECTE.(S)
:ITAÚ UNIBANCO S/A ADV.(A/S) :LUIZ CARLOS
STURZENEGGER ADV.(A/S) :GUSTAVO CESAR DE SOUZA
MOURAO RECDO.(A/S) :INSTITUTO BRASILEIRO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR ADV.(A/S) :CHRISTIAN TARIK PRINTES
DECISÃO

Trata-se de Recurso Extraordinário no qual reconhecida a


repercussão geral do debate relativo à “constitucionalidade do
art. 16 da Lei 7.347/1985, segundo o qual a sentença na ação
civil pública fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator ” (DJe de 27/2/2020,
Tema 1075). Com base no art. 1.035, § 5º, do Código de
Processo Civil, DECRETO a SUSPENSÃO do processamento
de todas as demandas pendentes que tratem da questão em
tramitação no território nacional – inclusive a ação coletiva
subjacente a estes autos, em que proferida a decisão
31

interlocutória impugnada por este recurso extraordinário.


Oficie-se ao Conselho Nacional de Justiça e aos Presidentes de
todos os Tribunais do país, com cópia deste despacho e da
manifestação do Relator, acolhida por unanimidade. A
comunicação aos juízos de 1º grau e às turmas recursais de
juizados deverá ser feita pelo Tribunal de 2ª instância com os
quais mantenham vinculação administrativa. Publique-se.
Brasília, 16 de abril de 2020. (grifo nosso)

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes,


no RE n°1.101.937/SP, em decisão divulgada em 20/04/2020 (arquivo anexo),
determinou a suspensão nacional dos processos que discutam “a constitucionalidade
do art. 16 da Lei nº 7.347/85, segundo o qual a sentença na ação civil pública fará
coisa julgada erga omnes, nos limites da competência territorial do órgão prolator”
(Tema 1075 do STF).

Em breve síntese, destacamos que o RE teve origem em ação


coletiva proposta pelo IDEC contra diversos bancos (inclusive o Banco do Brasil),
buscando a revisão de contratos de financiamento habitacional celebrados por seus
associados. Neste processo, o juízo de primeiro grau determinou liminarmente a
suspensão da eficácia das cláusulas contratuais que autorizavam as instituições
financeiras a promover a execução extrajudicial das garantias hipotecárias dos
contratos.

Porém, o TRF-3 proveu recurso das instituições financeiras


para afastar a aplicação do CDC ao caso e revogou a liminar. Posteriormente, afastou
a aplicabilidade do artigo 16 da LACP, que dispõe que a sentença civil fará coisa
julgada erga omnes nos limites da competência territorial do órgão julgador.

Para o TRF-3, o direito reconhecido na causa não pode ficar


restrito ao âmbito regional, em razão da amplitude dos interesses. O Superior Tribunal
de Justiça, por meio da sua Corte Especial, manteve a decisão nesse ponto, dando
ensejo à interposição de recurso extraordinário, no qual, foi reconhecida a repercussão
32

geral da questão, determinando a suspensão de todas as demandas pendentes que


tratam da questão em tramitação no território nacional

Em seguida, a Procuradora Geral da República opôs embargos


declaratórios para sanar dúvidas com relação ao alcance da suspensão. Em decisão
de 30 de abril de 2020 (publicado em 06/05/2020), o Min. Relator acrescentou que a
suspensão vale para processos em qualquer fase e grau de jurisdição:

“A respeito dos pontos agitados pelo embargante, convém


esclarecer: serão suspensos os processos nos quais esteja
pendente de deliberação a aplicação do art. 16 da Lei
7.347/1985. A diretriz vale para processos em qualquer
grau de jurisdição; seja qual for a fase em que estejam
(conhecimento, cumprimento de sentença, ou execução);
independentemente da matéria em discussão; individuais ou
coletivos. (...) Reitere-se: a ordem de suspensão também
alcança processos em fase de cumprimento de sentença, ou
de execução, além de ações rescisórias – DESDE QUE,
NESSES ESPECÍFICOS PROCEDIMENTOS, TENHA SIDO
SUSCITADA A APLICAÇÃO DO ART. 16 DA LEI 7.347/1985, E
QUE ESTA QUESTÃO AINDA NÃO ESTEJA
DEFINITIVAMENTE RESOLVIDA. Finalmente, é permitido
aos órgãos julgadores decidir a incidência do art. 16 da Lei
7.347/1985, desde que a fundamentação seja alheia aos
argumentos colocados em jogo neste leading case.
Exemplificativamente: a alegação é intempestiva, ou preclusa.
Excetuadas estas motivações, absolutamente estranhas ao que
se discute neste RE com repercussão geral, cabe enfatizar, pela
última vez: não deve prosseguir qualquer processo em que
tenha sido aventada a aplicabilidade, ou não, do art. 16 da Lei
7.347/1985, se tal ponto estiver na expectativa de solução
definitiva” (grifos no original).
33

Na decisão, proferida no RE nº 1.101.937/SP, o Ministro


determinou a suspensão do processamento de todas as demandas pendentes que
tratem da questão em tramitação no território nacional, nos termos do art. 1.035, §5º,
do CPC.

Diante do exposto e evidenciada à medida que se impõe,


requer essa casa bancária a suspensão do processo, conforme determinação do
Supremo Tribunal Federal.

DO PEDIDO

Diante do exposto, requer o Agravante a este Egrégio


Superior Tribunal de Justiça, preliminarmente que, os autos sejam suspensos nos
termos da decisão proferida no RESP nº 1.438.263 – SP e, no mérito, que se digne
em conhecer do presente Recurso Especial, dando seguimento ao mesmo, consoante
o disposto no artigo 1.042, do Código de Processo Civil.

Requer, por fim, que todas as intimações e publicações


sejam feitas exclusivamente em nome dos seguintes patronos Dr. FLÁVIO OLIMPIO
DE AZEVEDO - OAB/SP nº 34.248 e Dra. MILENA PIRÁGINE - OAB/SP nº 178.962,
com fulcro no Artigo 272, §§ 2º e 5º do Código de Processo Civil, ambos com escritório
na Rua Marques de Itu, 61, 6º Andar, Vila Buarque, CEP 01223-001, em São Paulo –
SP, sob pena de nulidade.

Termos em Que,
Pede Deferimento.
São Paulo, 01 de setembro de 2021.
34

Flavio Olimpio de Azevedo Everton Carvalho Bomfim Lima


OAB/SP 34.248 OAB/SP 416.693

Milena Piragine
OAB/SP 178.962

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