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Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo

IX Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial


Universidade Estadual de Londrina, PR, 21/8/2014

A religião como ingrediente da feijoada de domingo: a participação dos artistas


gospel no programa Esquenta!1

Jênfer Rosa de Oliveira2

RESUMO

Com a secularização do mundo, a submissão religiosa não é mais imposta. O campo


religioso precisa conquistar o fiel e, para tal, se submete às lógicas do mercado
(BERGER, 1985, p. 149). Nos últimos anos, diferentes correntes cristãs se apropriaram
dos meios de comunicação e o crescimento do número de evangélicos fez surgir um
“mercado gospel” que movimenta milhões. A religião se aproximou de instâncias
‘profanas’ e teve seus elementos sacros, como a música, apropriada como objeto de
consumo e entretenimento. Esta aproximação pertence a uma dimensão maior: a
midiatização da sociedade. Este fenômeno define os dispositivos midiáticos não apenas
por seu caráter técnico, mas também por suas dimensões sociais e semiológicas
(FERREIRA, 2006, p.5), sua capacidade de perpassar os outros campos sociais e
reorganizá-los. Iremos, a partir da presença de cantores gospel no programa Esquenta!,
da TV Globo, analisar as negociações na relação entre mídia e religião nos programas
de TV não-religiosos.

PALAVRAS-CHAVE: religião; mídia; música gospel; televisão; Esquenta!.

TEXTO DO TRABALHO

1. Introdução

Dados do IBGE divulgados em julho de 2012 revelam: a população de


evangélicos no Brasil cresceu 61,45% nos últimos 10 anos, passando de 15,4% em 2000
para 22,2% em 2010. O crescimento da população evangélica, segundo o relatório do
ultimo censo, vem se estabelecendo desde 1950, quando o número de católicos, religião
predominante no país, começou a diminuir. Foi também a partir da segunda metade do
século XX que as denominações de orientação pentecostal, que são as principais
responsáveis pelo crescimento no número de evangélicos segundo o censo, começaram
a ganhar força no Brasil.

1
Trabalho apresentado na IX Conferência Brasileira de Comunicação Eclesical (Eclesiocom), realizada em Londrina,
PR, 15/8/2014
2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São
Paulo. E-mail: jeniferdeoliveira@gmail.com

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Os pentecostais, que tem seu embasamento teológico no escopo da teologia da


prosperidade, sempre se utilizaram da mídia como meio de interação com os fiéis. Já
nos anos 50 existiam emissoras radiofônicas evangélicas com mensagens religiosas em
tempo integral, e nas décadas seguintes surgiram os primeiros televangelistas, como
R.R. Soares e Edir Macedo (CUNHA, 2007, p. 60). Partindo desses dados, é possível
inferir que a aproximação entre os campos religioso e midiático pode ser vista como
uma possível explicação para a modificação do cenário religioso do Brasil, que vem se
firmando desde meados do século passado.
O crescimento do número de evangélicos no país produziu impactos na
economia, como mostra a matéria “Conheça alguns dos principais negócios ligados ao
mercado evangélico”, da jornalista Paula Adamo Idoeta, publicada no site da BBC
Brasil em 01/09/2011, que estima que o mercado cristão movimente no país em torno de
12 milhões por ano. O mercado fonográfico se apresenta como um bom indicativo dessa
ascensão. Segundo dados do relatório da Associação Brasileira dos Produtores de
Discos, dos 20 CDs mais vendidos em 2011, dois eram de artistas evangélicos e cinco
eram de padres. Além disso, grandes gravadoras, como a Sony Music e a Universal
Music criaram selos específicos para o lançamento dos artistas da chamada música
gospel.
Essa presença da religião na mídia e a ascensão do mercado fonográfico gospel
permitiu o surgimento de personalidades religiosas, principalmente relacionadas à
música, que receberam status de celebridades. Em 2013, em uma lista elaborada pela
revista Forbes que reunia as cem pessoas mais influentes do país, três dos nomes citados
foram de cantores desse segmento (Aline Barros, Ana Paula Valadão e Thalles
Roberto). Os artistas evangélicos deixaram para trás nomes conhecidos do grande
público, como Cláudia Raia e Dráuzio Varela3.
Com essa vulgarização do contexto evangélico, a participação dessas
personalidades religiosas, que antes se restringia aos programas desta mesma natureza,
passou a ser notória também nas produções não-religiosas, como no caso do programa
Esquenta!, da TV Globo, objeto de nossa investigação. Hoje é comum ligar a televisão e
assistir cantores entoando canções com conteúdo religioso em ambientes que em nada
3
http://forbesbrasil.br.msn.com/blog/post-redacao.aspx?post=daaec777-6984-41d0-b444-2f2d194d4ed5

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lembram um templo. Para compreender melhor a discussão proposta, consideramos


necessário traçar um panorama sobre a história do protestantismo no Brasil, bem como a
transformação da música cristã, carro-chefe da inserção evangélica na mídia não-
religiosa, de ferramenta litúrgica para objeto de consumo e entretenimento.

2. Música, consumo e entretenimento: A cultura gospel


Música e religião sempre estiveram intrinsecamente ligadas. Foi apenas a partir
da Renascença que as artes, aqui inclusa a música, puderam se instituir como esferas
autônomas através do processo de racionalização que separou o que era Sagrado do que
era Secular. Antes disso, a música primitiva era subordinada a fins práticos, como usos
em rituais apotropéicos (relativos ao culto) e de exorcismos, de acordo com finalidades
específicas relacionadas a cada divindade (WEBER, 1995, p.86).
No Cristianismo, a música, por semelhante modo, é utilizada como instrumento
de louvor a Deus e também como elo entre os fiéis e na promoção de emoções coletivas.
Com a expansão do mercado fonográfico nesse nicho específico, a nova música cristã se
presta também às experiências de consumo (MENDONÇA, 2007, p.2). No tocante
estritamente aos grupos protestantes, a música ainda é uma forma de contar a própria
história. Nos EUA, os worksongs que os negros americanos convertidos ao
protestantismo entoavam durante o trabalho nas lavouras serviram de base para a
criação das primeiras espiritual songs durante o movimento de avivamento que ocorreu
nas igrejas negras americanas no final do século XIX que, por sua vez, está na gênese
do movimento pentecostal (BAGGIO, 2005, p.23).
A música cristã também ajuda a contar a história do protestantismo no Brasil. Os
primeiros protestantes que para cá vieram foram luteranos alemães e anglicanos
ingleses. Eles chegaram ao país no início do século XIX, incentivados pela política de
abertura dos portos às nações amigas, promovida por D. João VI em 1808 (CUNHA,
2007). No final do século XIX chegaram os primeiros missionários originários dos
EUA: batistas, metodistas, presbiterianos, etc., do chamado Protestantismo Histórico de
Missão (PHM). Os primeiros grupos pentecostais só chegaram no início do século XX .
Nesta época, as músicas entoadas nos cultos eram traduções daquelas utilizadas nos

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países anglo-saxões, e os instrumentos e ritmos da cultura popular brasileira eram vistos


com rejeição (CUNHA, 2007).
Os processos de industrialização e urbanização que marcaram o século XX
também influenciaram o protestantismo no Brasil, garantindo as condições necessárias
para que o pentecostalismo se tornasse a corrente hegemônica, já que os valores
pregados pela teologia da prosperidade se adequavam aos valores do capitalismo
globalizado que então avançava. Foi nesta época que surgiram as primeiras
composições nacionais (CUNHA, 2007 p.45), e as primeiras rádios evangélicas.
CUNHA propõe uma abordagem sobre o lugar das culturas da mídia e do
mercado na formação de uma nova expressão cultural religiosa, a qual denominou
“cultura gospel”. Essa cultura gospel teria como expressão a tríade música-consumo-
entretenimento: “Na lógica da cultura do mercado, consumir bens e serviços é ser
cidadão; na lógica da cultura gospel, consumir bens e serviços religiosos é ser cidadão
do Reino de Deus.” (CUNHA, 2007, p. 138).
A autora também coloca o sectarismo como uma das principais características
dessa cultura gospel, pois se por um lado a inserção desses valores profanos (consumo e
entretenimento) promove uma maior liberalização nos costumes ao permitir uma maior
integração dos evangélicos com a sociedade, paradoxalmente, por outro lado, há um
reforço das características do protestantismo brasileiro, como a divisão entre
sagrado/profano e a demonização das religiões afro-indígenas e do catolicismo. Para a
autora, o que a cultura gospel faz é reconfigurar, “com ares de modernidade as linhas
divisórias entre a igreja e o mundo, entre o sagrado e o profano estabelecidas pela
tradição pietista e puritana (...)” (CUNHA, 2007, p. 203).
BERGER (1985) explica essa subversão da igreja à lógica do mercado como
uma das consequências dos processos de secularização e do pluralismo existentes no
mundo contemporâneo. Uma vez que a religião não se coloca mais como única forma
de explicação do mundo, devido à multiplicidade de movimentos ideológicos e outras
formas de pensamentos, esta não pode mais contar com a submissão obrigatória de seus
fiéis, sendo essa adesão, agora, voluntária.
Resulta daí que a tradição religiosa que antigamente podia ser
imposta pela autoridade, agora tem que ser colocada no mercado.
Ela tem que ser “vendida” para uma clientela que não está mais

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obrigada a “comprar”. A situação pluralista é, acima de tudo, uma


situação de mercado. Nela, as instituições religiosas tornam-se
agências de mercado e as tradições religiosas tornam-se
comodidades de consumo. E, de qualquer forma, grande parte da
atividade religiosa nessa situação vem a ser dominada pela lógica da
economia de mercado” (BERGER, 1985, p. 149)

Canclini (2011, p. XIX) chama de hibridação a “esses processos socioculturais


nos quais estruturas ou práticas discretas, que existiam de forma separada, se combinam
para gerar novas estruturas, objetos e práticas.” Para ele, as diferentes instâncias da vida
moderna não se encontram em oposição abrupta, mas hibridadas. O autor acredita
também que a hibridação pode ser um processo espontâneo, desencadeado pela
criatividade dos indivíduos em sua vida cotidiana. Então podemos entender que,
embora o mercado seja um importante motivador desse processo, ele não se resume a
economia de mercado, já que adentra as dimensões simbólicas e culturais da vida dos
sujeitos. Este entendimento nos ajuda a entender como as práticas religiosas ganham
novos contornos na sociedade midiatizada, conforme discorreremos no tópico a seguir.

3. Midiatização e religiosidade contemporânea


Para Cunha (2007), o surgimento da cultura gospel é um reflexo da midiatização
da religiosidade, ou seja, da produção de significados que os evangélicos fazem a partir
das novas tecnologias de produção e transmissão de informações (CUNHA, 2007, p.
146).
O termo midiatização vem ganhando força nos estudos de Comunicação a partir
das ideias propostas por Martín-Barbero em seu livro Dos meios às mediações,
publicado em 1987, no qual o autor propõe o deslocamento do foco dos estudos, que até
então tomavam os meios como referência e caracterizavam a comunicação como um
processo linear de emissão/decodificação de mensagens, para o estudo das mediações.
Assim a comunicação passa a ser pensada a partir da recepção, incluindo os aspectos
culturais e sociais no processo de produção, recepção e circulação da mensagem
(BRAGA, 2012).
Por essa perspectiva, a comunicação, antes tida como algo externo à sociedade,
passa a ser vista como processo circular, no qual as instâncias de produção e recepção
não podem mais ser encaradas como instâncias polarizadas. A circulação da mensagem

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não se encerra na recepção, pois esta continua circulando e ganhando novas


significações no cotidiano.
A mídia, então, é considerada não como algo exterior, mas como elemento
componente da sociedade. Portanto, deve ser entendida a partir das relações
sociotécnicas que estabelece. Com os estudos das mediações, foi possível perceber o
processo de midiatização da sociedade, que reorganiza os campos sociais e reorienta as
práticas: “(...) a cultura midiática se converte na referência sobre a qual a estrutura
sócio-técnica-discursiva se estabelece, produzindo zonas de afetação em vários níveis
da organização e da dinâmica da própria sociedade.” (NETO apud BRAGA, p. 34)”.
Para Muniz Sodré (2006, p.80-99), na sociedade midiatizada, o “comum” é dado
por essas novas tecnologias de distribuição da informação, e esse espaço é configurado
pelo mercado. Essa nova forma de vida, que ele chamou de “Bios virtual”, emerge desta
comunidade afetiva de caráter técnico e mercadológico, em que os impulsos e imagens
se convertem em práticas sociais. Os dispositivos midiáticos, na sociedade midiatizada,
passam a ser analisados não apenas em sua dimensão tecnológica, mas também por seu
caráter social e semiológico de forma articulada (Ferreira, 2006), permitindo que se
perceba o imaginário e o simbólico nos sistemas de produção que envolvem a sociedade
e a tecnologia.
Uma aproximação entre o conceito de dispositivo e a religião no processo de
midiatização foi feita por Viviane Borelli. Para a autora, os dispositivos garantem o
vínculo entre os dois campos, num contexto em que as formas de comunicação
tradicionais que antes se restringiam ao templo dão lugar a formas midiatizadas, que
tanto dizem respeito aos meios de comunicação como à apropriação de tecnologias no
espaço do próprio templo.
É nesse contexto que, na atualidade, a prática religiosa se concretiza e
“toma forma” pelos dispositivos e os regimes discursivos nele
produzidos, disseminando-se por meio dessas operações técnicas e
simbólicas. Essa expansão se dá a partir de ofertas organizadoras e
elaboradas por esses novos dispositivos de contratos entre o mundo da
fé e do fiel.” (BORELLI, 2010,p.20)

O momento da inclusão da música cristã (na figura de suas celebridades gospel)


nos programas de entretenimento pode se apresentar então como cenário interessante

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para perceber as formas de articulação entre os dois campos, midático e religioso, como
eles se tensionam mutuamente e produzem novos significados. Isso porque,
paradoxalmente, a música que antes se prestava aos fins ritualísticos para realizar a
mediação entre o homem e a divindade, hoje se constituiu como o principal produto
religioso da sociedade midiatizada e o que oferece mais condições de ser apropriado por
esses programas não-religiosos, como no caso do “Esquenta!”, que passam a oferecer
espaço para a participação dos artistas desse tipo de segmento.

4. Do funk a fé: O programa “Esquenta!”


O programa “Esquenta!” estreou na Rede Globo de Televisão em 2011, sob o
comando da apresentadora Regina Casé. Semelhante a outros trabalhos já realizados por
ela na mesma emissora, a periferia é o tema principal. No palco, a apresentadora divide
espaço com atores de novela e nomes importantes do samba, como Arlindo Cruz, mas
também incorpora ao elenco fixo do programa grupos de funk, webcelebridades e
personalidades das comunidades, principalmente cariocas. O samba e funk são
elementos da cultura popular com uma forte presença no programa, influenciando desde
sua trilha sonora (a vinheta do programa é um samba e a música de abertura um funk)
até o cenário, que é bem colorido, semelhante aos desfiles das escolas de samba no
carnaval. Os convidados, que podem ser tanto personalidades de destaque na mídia
quanto anônimos, costumam permanecer no palco durante toda duração do programa,
sendo comum que durante as performances, principalmente as musicais, haja uma
interação entre todos os presentes, que dançam e cantam junto com o artista que se
apresenta.
A religiosidade é também é um elemento recorrente no programa. Durante o ano
de 2013, além de participações isoladas de representantes de diferentes religiões, três
programas foram completamente estruturados sob alguma temática religiosa, a saber:
dia 17 de março, programa especial sobre a Páscoa (sob a perspectiva de diferentes
religiões); 28 de julho, programa especial sobre São Francisco e dia 15 de setembro,
especial sobre o budismo, a propósito da estreia da novela das 18h da mesma emissora,
“Joia Rara”, que também trazia a religião oriental em sua temática central. No entanto,
como o foco deste artigo é a participação dos evangélicos especificamente, essas demais

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presenças religiosas não serão trabalhadas, apenas apontadas para que se perceba a
multiplicidade de elementos, muitas vezes até contraditórios, que convivem na proposta
do programa.

5. Os evangélicos como atração no “Esquenta!”


A respeito da participação dos convidados evangélicos no programa, que serviu
como corpus para nossa análise, esta se deu em três dias durante o ano de 2013: no
programa especial de Páscoa já citado anteriormente, que contou com a presença do
cantor Thalles Roberto e de uma disputa entre grupos de coreografia gospel; no dia 19
de maio, com a participação dos irmãos Jefferson e Suellen, que ficaram conhecidos no
país como os irmãos “Para nossa alegria”, após divulgarem na internet um vídeo no qual
aparecem cantando, de forma cômica, uma música conhecida entre os evangélicos cuja
dita expressão aparece no refrão; e no dia 23 de junho, programa especial de festa
junina, com a presença do cantor de funk gospel Tomzão.
No programa do dia 17 de março, que teve como inspiração temática a festa da
Páscoa, comemorada tanto por cristãos quanto por judeus, a religião foi um elemento
bastante presente. No entanto, ela não se restringiu a essas duas correntes, já que
também havia participantes que professavam religiões de matrizes africanas. Nesta
ocasião, a participação dos artistas gospel se deu em dois momentos. O primeiro deles
foi a presença do cantor Thalles Roberto, que permaneceu no palco durante todo o
programa, juntamente com os outros convidados que representavam as religiões judaica
e católica (um rabino e um padre) e os demais componentes do elenco fixo do
programa. O trecho transcrito a seguir retrata um pouco do cenário em questão:
Imagem/Descrição Áudio
No palco, além de Regina Casé e Padre Omar, estão Regina Casé: Padre Omar, fala a verdade, o senhor
Arlindo Cruz e Carlinhos Brown, com adereços que já sofreu preconceito por cantar samba?
remetem às religiões de matrizes afro. Também Padre Omar: infelizmente existe um processo de
estão presentes outros integrantes do elenco fixo do demonização do samba. E a gente às vezes não
programa e Thalles Roberto, cantor gospel. Na consegue desarticular esse preconceito.
platéia, garis do Rio de Janeiro e jovens da Jornada Thalles: Eu gravei um samba agora também. Samba
Mundial da Juventude. O cenário é bastante é samba.
colorido. Diversos bambus pintados com motivos Regina Casé: Samba é de Deus.
tribais africanos estão espalhados por toda parte, Thales: Samba é de Deus total. [grifo nosso]
inclusive na plateia. O figurino dos participantes
fixos do programa também é estampado com
motivos africanos.

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No final do programa, que tratou de temas religiosos diversos, como a ceia de


páscoa judaica e a Jornada Mundial da Juventude, três grupos de dança se enfrentaram
numa disputa para eleger a melhor coreografia gospel. A disputa fazia parte de um
quadro do programa em que grupos de dança disputam entre si, o “Calourão do
Esquenta!”. Os três grupos eram formados, em sua maioria, por jovens e adolescentes.
Eles aparecem trajando um figurino bem produzido. As meninas estão bem maquiadas e
os meninos usam roupas largas, no estilo dos grupos urbanos, e cortes de cabelo
modernos. Todos dançam músicas agitadas, com pegadas de rock e ritmos eletrônicos.
As coreografias são compostas de movimentos rápidos, inspirados na dança de rua e em
outras danças contemporâneas. Após uma votação feita por meio da manifestação da
platéia, o grupo “Peculiar Family”, de dança de rua, formado apenas por meninos, é
eleito o vencedor sob gritos de “É campeão!” entoados pela platéia.
Após a premiação do grupo vencedor, Regina Casé convida Thalles Roberto
para cantar, e os integrantes do “Peculiar Family” se colocam atrás dele no palco,
improvisando uma coreografia. Os demais participantes do programa também vão para
o palco, cantar e dançar. O cantor de pagode Mumuzinho, do elenco fixo do Esquenta!,
segura um microfone e começa a cantar junto com Thalles, improvisando um back
vocal. Enquanto eles cantam, a plateia acompanha com palmas e é possível perceber
muitas pessoas cantando, o que demonstra que a música do cantor evangélico é
conhecida daquele público.
No programa do dia 19 de maio a música evangélica apareceu de modo muito
pontual, por meio da breve participação dos irmãos Jefferson e Suellen, que ficaram
conhecidos em todo país depois que um vídeo em que eles aparecem cantando, de forma
muito engraçada, uma música bastante conhecida do público evangélico, se tornou viral
nas redes sociais. Na ocasião, que teve o ciberespaço como temática principal, vários
temas relativos à internet, como webcelebridades, traição virtual, relação entre artista e
fã nas redes sociais, etc., foram discutidos. O cenário, bastante colorido, era decorado
com elementos gráficos que lembravam os jogos de videogame e cores e texturas
metalizadas compunham o figurino do elenco do programa.

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Os irmãos foram convidados a entrar no palco quando as webcelebridades eram


o assunto em pauta. Antes deles, esteve presente a moça que ficou conhecida como
“Luiza do Canadá” por causa de outro viral. Quando adentraram o palco, os irmãos,
juntamente com a atriz Fernanda Paes Leme, fizeram uma encenação do vídeo. Foi esse
o único momento em que a música gospel apareceu, entoada pelos irmãos, mas, como
no vídeo, envolta por um contexto de humor.
Imagem/ Descrição Áudio
Aplausos da platéia Regina Casé: Teve um outro viral que a gente quase
Começa a passar o vídeo dos irmãos divulgado no morreu, que a gente se rachou de dar risada. Foi um
youtube viral que realmente veio para nossa alegria.
Muitos aplausos, gritos e risos na platéia enquanto Regina Casé: mais de 127 mil visualizações. Eu vou
os irmãos entram no palco e durante toda a chamar agora Jefferson e Suellen, para nossa alegria!
permanência deles.
A atriz Fernanda Paes Leme e os dois irmãos
reencenam o vídeo. Muitos risos entre os demais Regina Casé: Palmas para eles! O quê que mudou na
participantes do programa. Os irmãos cantam a sua vida, Jefferson?
mesma canção evangélica que entoaram no vídeo, Jefferson: Mudou muita coisa. Graças a Deus a gente
de forma bem humorada. gravou um CD e ganhamos muitos carinho e parabéns
dos fã, né. A gente visitou bastante lugares, a gente
nunca imaginou. A gente também nunca ia imaginar
que a gente ia estar aqui, como o louvor fala né, nos
galhos secos de uma árvore qualquer, onde ninguém
jamais pudesse imaginar. [sic]

A festa católica de São João foi o tema do programa “Esquenta!” do dia 23 de


junho de 2013, mas nem por isso o catolicismo foi o elemento dominante. No palco,
decorado com bandeirolas e balões utilizados nas festas juninas, estavam presentes o
Quinteto Sanfônico da Bahia (grupo de sanfoneiros), a Orquestra Sinfônica de
Heliópolis, a estilista Isabela Capeto, o filósofo e professor Mangabeira Unger, o cantor
Michel Teló e a atriz Ellen Roche, além dos componentes do elenco fixo do programa,
todos vestidos com figurinos juninos. Também estavam presentes personalidades do
samba, como Arlindo Cruz e Péricles. No meio dessa mistura, Regina Casé chama para
entrar no palco o cantor de funk gospel Tomzão.
Imagem/Descrição Áudio
Regina Casé e Mangabeira Unger conversam Regina Casé: Falando em religião, eu quero mostrar
sobre o livro lançado por ele, que fala sobre pra você. Já conhece funk gospel?
religião. Mangabeira: Já, já, já conheci.
Regina Casé: Porque hoje a gente...até o funk se rendeu
ao gospel, tamanha a força, ou vice-versa.
Os dançarinos do programa, vestidos com roupas
Mangabeira: Sim
estampadas com motivos juninos, descem a
Regina: e o funk gospel vem que vem que vem com
rampa do cenário dançando funk. Um outro
tudo querido DJ!

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grupo de rapazes, vestidos de terno, vem Arlindo cruz: Em nome de Jesus!


entrando logo atrás. A platéia aplaude. [...]
Regina: Eu quero saber uma coisa, dá pra ir até o
chão com essa roupa?
Tomzão: Assim, a gente manda o passinho né, hoje a
gente não rebola porque a gente não usa mais a
sensualidade, mas a gente manda o passinho, [...]
Os dançarinos do programa caminham para o
Regina: O passinho do abençoado!
centro do palco, onde Tomzão está com o seu
Tomzão: Todo mundo de pé! Todo mundo com a
grupo de funk.
mãozinha pro alto! Quando você fizer esse movimento
aqui que eu vou ensinar vai vir toda sorte de benção
agora pra você. Levanta a mão bem alto, faz com a
Tomzão começa a cantar um funk que fala de
gente assim: [grifos nossos]
Jesus e outros elementos da religião evangélica,
[começa a música]
ditando movimentos que são logo seguidos pelos
dançarinos do programa, que se encontram no
palco, e toda platéia.

Importante esclarecer que, para esta análise, utilizamos os vídeos


disponibilizados no site do programa, que são segmentados em títulos que descrevem
momentos específicos do programa. Não tivemos acesso ao conteúdo integral do
programa, conforme este foi ao ar nos dias determinados, e também por isso não
podemos especificar o horário exato em que os excertos aqui utilizados foram ao ar. No
entanto, não acreditamos que esta limitação prejudique a análise aqui proposta, uma vez
que o que pretendemos é entender como a participação dos artistas evangélicos é
inserida na narrativa central do programa e isso nos foi possível perceber por meio dos
vídeos disponibilizados.

6. Impressões finais
Como é possível notar do que foi exposto nas seções anteriores, a participação
dos artistas evangélicos no programa “Esquenta!” acontece envolta por uma série de
outros elementos não-religiosos. Embora essa mistura de elementos pareça se dar de
forma harmônica, uma análise mais profunda pode revelar algumas tensões e
contradições. Da parte do programa, percebe-se que este lança mão dos artistas
religiosos porque estes apresentam características que se enquadram em sua proposta
temática. Essas características, inclusive, podem se sobressair à religiosidade destes,
tornando aquilo que os identifica em algo secundário.
A presença de Thalles Roberto, por exemplo, é justificada por sua condição de
celebridade. Conforme já mencionado anteriormente, o nome do cantor foi citado pela

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revista Forbes como uma das cem pessoas mais influentes do país no ano de 2013. Ele
também foi convidado a compor o rol de artistas da gravadora Motown, reconhecida
internacionalmente por sua importância no cenário da música negra, e que desde os anos
60 lança nomes importantes como Stevie Wonder, Michael Jackson e Diana Ross. Mais
do que um religioso, Thalles é uma personalidade da música pop, o que legitima sua
presença em um programa de televisão que traz pessoas famosas como parte de suas
atrações.
Mas, além disso, a presença do cantor neste programa específico, que trazia a
Páscoa, uma festa sagrada para diferentes religiões, como temática, se deu no sentido de
“representar” o segmento religioso evangélico (que também comemora a Páscoa) ao
lado do padre e o rabino, que representavam suas respectivas religiões. Isso demonstra
como a música evangélica possui um forte caráter identitário no país, já que a produção
do programa preferiu representar esse segmento por um cantor e não por uma
autoridade oficial, como um pastor, diferentemente dos convidados do catolicismo e do
judaísmo.
A presença dos evangélicos no programa “Esquenta!” se justifica quando estes
se enquadram na temática do programa, independentemente do caráter religioso que
professam. A participação dos irmãos “Para nossa alegria” é uma boa evidência disso, já
que, mais do que pela música que cantavam, eles estavam ali por exemplificarem bem o
assunto proposto no bloco em questão, que tratava sobre as webcelebridades, dentro de
um programa inteiro que falava sobre internet. Assim, não era na condição de
“evangélicos” que estavam ali, embora tenham cantado uma música conhecida deste
segmento, mas por terem se tornado viral nas redes sociais. O mesmo raciocínio pode
ser extrapolado para a participação do cantor de funk Tomzão: não era a sua condição de
cantar gospel que o legitimava no programa, mas sim sua condição de funkeiro, já que o
funk, ao lado do samba, é um dos ritmos populares mais explorados pelo programa.
Pelas participações analisadas, é possível perceber os processos de hibridação e
midiatização que caracterizam a cultura gospel. É marcante a reconfiguração de
elementos da cultura popular para o contexto religioso, transformando o que era
associado, muitas vezes, a situações profanas, em algo do domínio do sagrado. A
principal evidência disso é a utilização do samba e do funk, dois ritmos muito

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relacionados à sensualidade e à vida promíscua, pelos artistas gospel. Um exemplo


dessa sacralização de elementos da cultura popular, antes rechaçados está na fala do
próprio Thalles: “Samba é de Deus total”. Outra evidência da hibridação e da
midiatização do campo religioso é a própria performance dos artistas gospel, com
figurino bem produzido, danças, músicas agitadas, associação do humor à religião, etc.
que toma a dimensão de espetáculo e se presta ao entretenimento, se igualando, nesse
sentido, às demais apresentações musicais de artistas não-confessionais.
Num primeiro momento, a participação dos artistas gospel no programa parece
por fim ao sectarismo entre os evangélicos apontado por CUNHA (2007), já que estes
convivem com diversos elementos da cultura popular, inclusive do domínio das
religiões afro e do catolicismo, que, segundo a autora, sofrem um processo de
“demonização” dentro da cultura gospel, processo este que perdura desde o início do
protestantismo no país. No programa que contou com a participação de Thalles, também
estavam um padre e um grupo de pagode de praticantes da umbanda, sem conflito
aparente. O mesmo se deu com a participação do funkeiro gospel Tomzão no programa
cuja temática principal era a festa católica de São João, que não é comemorada pelos
protestantes.
No entanto, é possível perceber, essa hibridação não se dá sem tensões. Na
associação entre funk e religião, isso se tornou mais evidente, já que a sensualidade,
uma das principais características deste ritmo em questão, é algo rechaçado pela moral
evangélica, como pode ser visto por meio da fala de Tomzão: “hoje a gente não rebola
porque a gente não usa mais a sensualidade, mas a gente manda o passinho”.
O que se pode apreender, de nossa análise, é que a participação dos artistas
evangélicos no programa Esquenta! se dá por meio de uma flexibilização dos conceitos
de sagrado e profano, uma vez que, como o primeiro se apresenta diluído em uma série
de outros elementos do domínio do segundo, seus limites se tornam muito tênues. Ao
mesmo tempo em que esta participação ilustra a necessidade apontada por Berger
(BERGER, 1985) da religião de se submeter à lógica de mercado para conquistar seus
fiéis, as negociações feitas pelos artistas gospel no programa para que convivessem em
harmonia aparente com os demais elementos profanos que o compõem parecem

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Cátedra Unesco de Comunicação e Desenvolvimento/Universidade Metodista de São Paulo
IX Conferência Brasileira de Comunicação Eclesial
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enfraquecer o campo religioso, já que o que importa, em suas apresentações, não é de


fato, a religião.
Embora se utilize da mídia, da visibilidade do programa e da cultura popular
para se tornar mais próxima da sociedade, a religião, ao mesmo tempo, se torna apagada
no contexto do programa, já que o que justifica a presença dos artistas gospel são as
outras características que estes possuem que se encontram em conformidade com a
narrativa proposta (o status de celebridade, a exploração de ritmos populares, o humor,
etc.) e não a religião propriamente dita, que aparece secundariamente, apenas como
mais um fragmento dentro da perspectiva de representação da sociedade brasileira
escolhida pelo programa.

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