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PATRIMÔNIO DA CULTURA GUARANI: OS UTENSÍLIOS FEITOS DE CERÂMICA

Taciane Moro 1

Taciane Neres Moro 2

Danilo Pedro Jovino 3

Lilian Simone Souza Pires 4

Ronaldo Bernardino Colvero 5

Resumo:

O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise em torno dos utensílios de cerâmica dos povos
originários Guarani. A cerâmica fazia parte do modo de vida desse grupo, sendo um dos elementos
principais do seu patrimônio material. As cerâmicas eram utilizadas pelo Guarani para buscar, guardar e
servir a água, para a fabricação de bebidas fermentadas de milho e mandioca, e também faziam urnas
para enterrar seus mortos, sendo assim, no desenvolvimento do trabalho será analisado quais são as
características da cerâmica Guarani e como eles representavam as suas manifestações artísticas nos
mesmos. A cerâmica Guarani foi frequentemente encontrada em sítios arqueológicos e também
permaneceu no período missioneiro com algumas modificações na forma de fazê-la. Sendo um
patrimônio ainda presente da cultura Guarani, precisa ser enfatizada em trabalhos acadêmicos e
educacionais através da Educação Patrimonial. Essa pesquisa foi realizada através do método qualitativo
em material bibliográfico, os principais autores que fundamentam esse trabalho são Schmitz, La Silva &
Brochado, Santinelli.

Palavras-chave: Cerâmica;Guarani;Patrimônio

Modalidade de Participação: Iniciação Científica

PATRIMÔNIO DA CULTURA GUARANI: OS UTENSÍLIOS FEITOS DE CERÂMICA


1 Aluno de graduação. tacianenmoro@hotmail.com. Autor principal

2 Aluno de graduação. tacianenmoro@hotmail.com. Apresentador

3 Aluno de graduação. danilop.gda@gmail.com. Co-autor

4 Aluno de graduação. lilisouzapires@gmail.com. Co-autor

5 Docente. ronaldocolvero@unipampa.edu.br. Orientador

Anais do 9º SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO - SIEPE


Universidade Federal do Pampa | Santana do Livramento, 21 a 23 de novembro de 2017
PATRIMÔNIO DA CULTURA GUARANI: OS UTENSÍLIOS FEITOS DE
CERÂMICA

1. INTRODUÇÃO

Segundo Schmitz (2006, p.36), os Guarani inicialmente migraram da


Amazônia e chegaram no território que atualmente é o estado brasileiro Rio Grande
do Sul no período a cerca de 2.000 anos A.P, na região do rio Uruguai, que
atualmente delimita a fronteira do Brasil com os países da Argentina, Uruguai e
Paraguai. Segundo Bartolomeu (1984, p.5), eram horticultores e com isso,
construíam suas aldeias em várzeas, aéreas propicias para as plantações.
O presente trabalho tem por objetivo realizar reflexão em torno da cultura
material dos povos originários Guarani, como objeto de pesquisa, os utensílios feitos
de cerâmica que faziam parte do modo de vida desse grupo, sendo um dos
elementos principais do seu patrimônio material e imaterial.
De acordo com Schmitz (2006, p.40-41), as cerâmicas eram utilizadas pelos
Guarani para buscar, guardar e servir a água, e também para a fabricação de
bebidas fermentadas de milho e mandioca. Sendo assim, no desenvolvimento do
trabalho será analisado quais são as características da cerâmica Guarani e como
eles representavam as suas manifestações artísticas nesses utensílios. Conforme
Santinelli (2005), a cerâmica Guarani foi frequentemente encontrada em sítios
arqueológicos e também permaneceu no período missioneiro com algumas
modificações na forma de fazê-la.
Ressaltamos que realizar pesquisas que fomentam a cultura guarani torna-se
de imprescindível relevância, uma vez que, as técnicas desenvolvidas pelos Guarani
na confecção e decoração das cerâmicas são símbolo da sua identidade. Logo,
proporcionar o contato da sociedade atual com elementos da identidade indígena
local contribui para a o imaginário social, bem como, para o reconhecimento da
existência de uma cultura própria dos povos originários nesse território.

2. METODOLOGIA

Essa pesquisa foi realizada através da metodologia qualitativa e como


método, utilizamos o histórico através de uma discussão entre autores, nós
conseguimos abordar a temática por diferentes olhares, que nos proporcionaram um
conhecimento aprofundado e uma melhor abordagem.
O método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e
instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje, mas
como permanências e rupturas, pois as instituições alcançaram sua forma atual por
meio de alterações de suas partes componentes ao longo do tempo, influenciadas
pelo contexto cultural particular de cada época (LAKATOS, 2006, p. 91). Utilizando
uma base historiográfica é constituído este trabalho, que utiliza este método nos
momentos que necessitamos de descrever a História do Guarani e cada
particularidade de sua vivência em conjunto, pois entendemos como importante
pesquisar as suas origens para poder compreender melhor sua natureza e função.
Os principais autores que fundamentam essa pesquisa são Schmitz (2006), La Silva
& Brochado (1984), Santinelli (2005), entre outros.

3. RESULTADOS e DISCUSSÃO

Segundo La Silva & Brochado (1989), são extensas as formas e utilidades


das cerâmicas Guarani, as mesmas foram desenvolvidas por uma questão de
necessidade, mas não deixou de portar elementos culturais específicos do Guarani.
La Silva & Brochado (1989, p.11), agrupou as formas de fabricação e suas funções
em três modalidades: Utilitárias, fabricadas para uso diário atendendo necessidades
gerais e simples; Especiais, para uso particular e para colocação de produtos
específicos; e Exclusivos, especialmente fabricados para ritos religiosos e sociais.
De acordo com Santinelli (2005, p.39), a fabricação da cerâmica guarani era
uma atividade de reponsabilidade das mulheres. Segundo a autora, quase todas as
cerâmicas tinham forma cônica para ser adequadamente fixada na terra, eram
pintadas e decoradas plasticamente. A atividade final era a queimada, que era
realizada em fogueiras a céu aberto.
Segundo Bartolomeu (1984, p.5), as mulheres realizavam uma caprichosa
decoração na cerâmica com o barro ainda mole, pinçando a peça com as pontas dos
dedos, ou fazendo marcações com as unhas.
Schmitz (2006, p.41) destaca que para a confecção das cerâmicas, era
escolhido o barro naturalmente adequado ou em algumas situações era
acrescentado a areia, era também utilizado como decoração a pintura às vezes em
vermelho uniforme e desenhos geométricos vermelhou preto em uma base branca.
Santinelli (2005), através dos estudos de Montoya 1876, La Silva & Brochado
1989 e Uessler (2000), caracterizou seis tipos de cerâmica guarani: a Yapepó, uma
panela de base cônica que servia para cozinhar alimentos; Ñaetá, vasilha utilizadas
para cozinhar; Ñamôpyu, eram os pratos para assar beiju e tostar farinha;
Cambuchí, uma espécie de jarro utilizada para fermentar e armazenar bebidas
alcoólicas e posteriormente serviam para o sepultamento dos mortos; Ñaembé, prato
para refeição coletiva ou individual; Cambuchí Caguãba, vasilha em forma de tigela
para bebidas (SANTINELLI, 2005, p.40). Os seis utensílios de cerâmica podem são
demonstrados da seguinte imagem:

Fonte: SANTINELLI, 2005, p.39


4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para Santinelli (2005), a cerâmica se tornou um importante elemento da


cultura Guarani, a mesma possui as representações artísticas e as tecnologias
desenvolvidas por esse grupo, além de permanecer como resistência étnica no
período missioneiro com modificações profundas nos elementos culturais. A
cerâmica guarani foi encontrada em diversos sítios arqueológicos correspondentes a
fase pré-colonial e colonial nas Missões.
Neste sentido, conclui-se que a cerâmica guarani pode e deve ser um
instrumento de pesquisa acadêmica e escolar, através da Educação Patrimonial,
podendo ser estabelecido a memória individual e coletiva, e o sentimento de
pertencimento e respeito pela cultura Guarani.
Cabe ressaltar que em termos de ensino, é necessário realizar trabalhos
sobre os povos originários de forma que prevaleça a identidade e cultura dos
mesmos, principalmente no meio escolar, trabalhando-se com fontes e materiais que
realmente correspondem ao um estudo coerente, assim, fugindo de estereótipos e
abordagens vagas. E a cerâmica guarani pode ser uma ferramenta que contribui
para o estabelecimento de relações que a sociedade atual pode ter com algo
primário da cultura indígena.

5. REFERÊNCIAS

BARTOLOMEU, Meliá S.J. O índio no Rio Grande do Sul. Coordenação da


Pastoral Indígena Interdiocesano. RS. 1984

LA SILVA, Fernando. BROCHADO, José. Cerâmica Guarani. Ed. Posenato Arte e


Cultura. 1984

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. São


Paulo: Atlas, 2006.

SANTINELLI, Cecilia. A Cerâmica guarani e guarani missioneira. Instituto Italo-


Latino Americano. Curso de Restauração de cerâmica Sul-Americana.

SCHMITZ, Pedro Ignácio. Migrantes da Amazônia: a tradição Tupiguarani. In


SCHMITZ, Pedro Ignácio. NAUE, Guilherme. BECKER, Ítala Irene Basile. Pré-
História do Rio Grande do Sul. Instituto Anchietano de Pesquisas - UNISINOS São
Leopoldo, RS, Brasil. 2006, p.31-64.

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