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Uma terminologia para a indústria lítica brasileira ?

Maria Jacqueline Rodet1 & Marcio Alonso 2


1
Doutora em arqueologia, bolsista CNPq, Programa de Pós-graduação de Antropologia UFMG,
Setor de Arqueologia MHN/UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
<jacqueline.rodet@gmail.com>
2
Mestrando em Arqueologia no Programa de Pós-graduação de Antropologia UFMG, Setor de
Arqueologia MHN/UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil <mg.alonso@gmail.com >

1- Terminologia ou Terminologias?

Para descrever uma indústria lítica é necessário um vocabulário específico que proporcione
uma definição precisa e rigorosa e em conseqüência permita a compreensão dos produtos
estudados. Um vocabulário existe e foi tradicionalmente desenvolvido na Europa. Alguns
dos termos definidos para os produtos das cadeias operatórias são freqüentemente
utilizados no Brasil de maneira direta (por exemplo, lascas de façonagem); em outros casos,
foram criados termos específicos à indústria lítica brasileira (por exemplo, percussão
bipolar). No entanto, não há uma conformidade na utilização dos termos pelos arqueólogos,
em conseqüência, existe uma dificuldade de homogeneização desta terminologia: objetos
diferentes podem ser designados pelo mesmo termo, como por exemplo, o termo "lesma",
adaptado diretamente do francês limace, que muitas vezes é aplicado indiscriminadamente
para definir instrumentos unifaciais.
A questão terminológica, em nosso entendimento, só pode avançar a partir de uma
descrição tecnológica detalhada dos objetos e de suas cadeias operatórias, que por sua vez,
depende de um trabalho minucioso de conhecimento das técnicas e dos métodos
empregados.

Existe a necessidade de uma terminologia brasileira? É possível construir uma terminologia


individualmente, ou, ao contrário é necessário um consenso por parte dos
tecnólogos/arqueólogos?
Nossa intenção é avançar na questão, mas a partir do que já foi realizado por outros
arqueólogos, respeitando, sempre que possível termos que já estão consagrados pela
bibliografia. Acreditamos que para falar a mesma língua e poder comparar o que é
comparável é preciso criar esta discussão para ver se existe realmente a necessidade desta
linguagem comum: quais as vantagens e as desvantagens desta diversidade, e o que ela
reflete?

Assim, este trabalho tem como objetivo propor uma discussão sobre os problemas criados
pela ausência de uma terminologia comum entre os arqueólogos para a descrição dos
elementos das indústrias líticas brasileiras, realizando assim alguns passos em direção à
composição de um léxico descritivo dos elementos e das ações técnicas que compõe estas
indústrias.

2- Estado da Arte
No Brasil desde os anos 1960 existe uma preocupação em criar um vocabulário adequado
para a analise das indústrias líticas [Laming-Emperaire 1967; Calderon 1969; Prous
1986/1990]. Esta preocupação foi muito bem traduzida por A. Laming-Emperaire [1967]
em seu Guia para o Estudo das indústrias Líticas da América do Sul, editado pelo CEPA
(Centro de Ensino de Pesquisas Arqueológicas). Neste trabalho, foram definidas 170
palavras do vocabulário lítico arqueológico, sendo as mais importantes acompanhadas por
ilustrações.
No entanto, apesar dos termos terem sido estabelecidos de maneira rigorosa, estes foram
empregados pelos arqueólogos, de modo pouco sistemático, como se não tivessem sido
aceitos pela comunidade científica nacional. Embora o livro seja proposto no momento em
que a tipologia era a base do estudo das industrias líticas, observam-se alguns elementos
que anunciam já naquele momento uma preocupação com o que seria mais tarde chamado
de tecnologia.
Mais tarde, no inicio dos anos 1980, com a tecnologia já em voga, certos autores apontam
para a dificuldade de uma visão de conjunto das indústrias, haja vista a imprecisão na
terminologia empregada na descrição das séries estudadas. A. Kern [1981, 1989] manifesta
sua preocupação: o mesmo objeto pode ser descrito por termos diferentes ou ainda, um
mesmo termo se referir a objetos distintos, dificultando assim a precisão necessária para
que arqueólogos de regiões diversas, que se ocupam de um mesmo problema, possam
comparar seus resultados.
T. Miller Jr. [1981], levanta um outro problema relacionado à questão de que certos
instrumentos encontrados arqueologicamente têm classificações que são baseadas em
funções presumidas, mas não verificadas, ou, em analogias gerais que não são apropriadas.

A falta de sistematização no emprego dos termos, ou ainda, a ausência de definições de


cunho tecnológico criou uma grande dificuldade na expressão da tecnologia lítica. Assim
termos como percutor brando, percussão controlada, talhadores grosseiros, faca, percussão
bipolar, percussão macia ou leve, tipos de retoques, faces inferior/superior ou
interna/externa etc., criados muitas vezes para nomear elementos de uma indústria
especifica, foram utilizados sem nenhuma descrição/definição tecnológica prévia.
Por outro lado, outros termos foram emprestados do vocabulário europeu, onde estes
correspondem a um objeto especifico (ou a uma ação técnica especifica), e foram
empregados no Brasil sem nenhum questionamento ou uma real redefinição adaptativa. Por
exemplo, o termo Biface, que faz referência a um objeto do Paleolítico inferior e médio na
Europa - instrumento de pedra, em forma de amêndoa, façonado sobre as duas faces. A
dimensão varia entre 30 e 5 cm. A espessura, a regularidade de seu contorno e a técnica de
fabricação variam segundo os períodos aos quais pertencem [Dicionário da Pré-história
Leroi-Gourhan 1997] - e que aqui no Brasil se refere a qualquer objeto que em realidade
tenha um “retoque bifacial ou um retoque biface”.
Outro exemplo é o termo lâmina (ou lamínula), que corresponde a um vestígio muito bem
definido na Europa [Dicionário da Pré-história Leroi-Gourhan 1997; Inizan et. al 1995]e
nos Estados Unidos, sendo utilizado aqui para se referir a suportes alongados.
Na realidade, esse não seria um problema se os termos já não estivessem cristalizados nas
publicações internacionais, em conseqüência, um leitor europeu será confundido ao ler uma
publicação brasileira e vice-versa.
Consultando artigos distintos poderíamos nos perguntar, como fez A. Kern [1981], o que
significa, nas diversas publicações, o termo biface ou um talhador? Ou ainda, o que seria
um buril nas industrias líticas brasileiras? Poderíamos ir mais longe e nos interrogar sobre
quais definições daríamos para lesmas, plano-convexos, raspadores, etc., sabendo da
enorme diversidade existente? A questão é que faltam estudos tecnológicos minuciosos que
definam estes elementos não a partir de uma morfologia, mas pela tecnologia presente
neles.
Os tecnólogos liticos brasileiros encontram um problema que é constante quando estudam
as séries líticas, principalmente quando estas provêm de regiões diferentes e muito
distantes: é a questão de decidir quais termos utilizar para descrever as cadeias operatórias e
as ações técnicas que estão ligadas a elas.

Nota-se que a falta de precisão gerou e gera uma confusão que é refletida na descrição dos
objetos e na utilização dúbia de vocabulários. A leitura tecnológica deve ser seguida de
uma expressão, de uma troca com o outro, para que possamos falar uma mesma língua. A
precisão do vocabulário permite-nos um maior desempenho na analise do material
arqueológico. Sem nenhuma dúvida este vocabulário deve adotar voluntariamente os
termos convencionais, usuais e já consagrados pela arqueologia brasileira, mesmo se estes
não são tão bem adaptados ao objeto que designa. Mesmo se a maioria dos objetos não
cumprem as funções pelas quais são designados. A grande vantagem é que certos termos
estão aceitos pela comunidade cientifica e já totalmente integrados ao vocabulário dos
tecnólogos. No entanto, como foi levantado acima, alguns termos necessitam de uma
revisão, de uma adequação e principalmente de uma definição (ou redefinição) clara.

Uma terminologia para a indústria lítica brasileira ?


Maria Jacqueline Rodet1 & Marcio Alonso 2
1
Doutora em arqueologia, bolsista CNPq, Programa de Pós-graduação de Antropologia UFMG,
Setor de Arqueologia MHN/UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
<jacqueline.rodet@gmail.com>
2
Mestrando em Arqueologia no Programa de Pós-graduação de Antropologia UFMG, Setor de
Arqueologia MHN/UFMG, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil <mg.alonso@gmail.com >

1- Terminologia ou Terminologias?

Para descrever uma indústria lítica é necessário um vocabulário específico que proporcione
uma definição precisa e rigorosa e em conseqüência permita a compreensão dos produtos
estudados. Um vocabulário existe e foi tradicionalmente desenvolvido na Europa. Alguns
dos termos definidos para os produtos das cadeias operatórias são freqüentemente
utilizados no Brasil de maneira direta (por exemplo, lascas de façonagem); em outros casos,
foram criados termos específicos à indústria lítica brasileira (por exemplo, percussão
bipolar). No entanto, não há uma conformidade na utilização dos termos pelos arqueólogos,
em conseqüência, existe uma dificuldade de homogeneização desta terminologia: objetos
diferentes podem ser designados pelo mesmo termo, como por exemplo, o termo "lesma",
adaptado diretamente do francês limace, que muitas vezes é aplicado indiscriminadamente
para definir instrumentos unifaciais.
A questão terminológica, em nosso entendimento, só pode avançar a partir de uma
descrição tecnológica detalhada dos objetos e de suas cadeias operatórias, que por sua vez,
depende de um trabalho minucioso de conhecimento das técnicas e dos métodos
empregados.

Existe a necessidade de uma terminologia brasileira? É possível construir uma terminologia


individualmente, ou, ao contrário é necessário um consenso por parte dos
tecnólogos/arqueólogos?
Nossa intenção é avançar na questão, mas a partir do que já foi realizado por outros
arqueólogos, respeitando, sempre que possível termos que já estão consagrados pela
bibliografia. Acreditamos que para falar a mesma língua e poder comparar o que é
comparável é preciso criar esta discussão para ver se existe realmente a necessidade desta
linguagem comum: quais as vantagens e as desvantagens desta diversidade, e o que ela
reflete?

Assim, este trabalho tem como objetivo propor uma discussão sobre os problemas criados
pela ausência de uma terminologia comum entre os arqueólogos para a descrição dos
elementos das indústrias líticas brasileiras, realizando assim alguns passos em direção à
composição de um léxico descritivo dos elementos e das ações técnicas que compõe estas
indústrias.

2- Estado da Arte

No Brasil desde os anos 1960 existe uma preocupação em criar um vocabulário adequado
para a analise das indústrias líticas [Laming-Emperaire 1967; Calderon 1969; Prous
1986/1990]. Esta preocupação foi muito bem traduzida por A. Laming-Emperaire [1967]
em seu Guia para o Estudo das indústrias Líticas da América do Sul, editado pelo CEPA
(Centro de Ensino de Pesquisas Arqueológicas). Neste trabalho, foram definidas 170
palavras do vocabulário lítico arqueológico, sendo as mais importantes acompanhadas por
ilustrações.
No entanto, apesar dos termos terem sido estabelecidos de maneira rigorosa, estes foram
empregados pelos arqueólogos, de modo pouco sistemático, como se não tivessem sido
aceitos pela comunidade científica nacional. Embora o livro seja proposto no momento em
que a tipologia era a base do estudo das industrias líticas, observam-se alguns elementos
que anunciam já naquele momento uma preocupação com o que seria mais tarde chamado
de tecnologia.
Mais tarde, no inicio dos anos 1980, com a tecnologia já em voga, certos autores apontam
para a dificuldade de uma visão de conjunto das indústrias, haja vista a imprecisão na
terminologia empregada na descrição das séries estudadas. A. Kern [1981, 1989] manifesta
sua preocupação: o mesmo objeto pode ser descrito por termos diferentes ou ainda, um
mesmo termo se referir a objetos distintos, dificultando assim a precisão necessária para
que arqueólogos de regiões diversas, que se ocupam de um mesmo problema, possam
comparar seus resultados.
T. Miller Jr. [1981], levanta um outro problema relacionado à questão de que certos
instrumentos encontrados arqueologicamente têm classificações que são baseadas em
funções presumidas, mas não verificadas, ou, em analogias gerais que não são apropriadas.
A falta de sistematização no emprego dos termos, ou ainda, a ausência de definições de
cunho tecnológico criou uma grande dificuldade na expressão da tecnologia lítica. Assim
termos como percutor brando, percussão controlada, talhadores grosseiros, faca, percussão
bipolar, percussão macia ou leve, tipos de retoques, faces inferior/superior ou
interna/externa etc., criados muitas vezes para nomear elementos de uma indústria
especifica, foram utilizados sem nenhuma descrição/definição tecnológica prévia.
Por outro lado, outros termos foram emprestados do vocabulário europeu, onde estes
correspondem a um objeto especifico (ou a uma ação técnica especifica), e foram
empregados no Brasil sem nenhum questionamento ou uma real redefinição adaptativa. Por
exemplo, o termo Biface, que faz referência a um objeto do Paleolítico inferior e médio na
Europa - instrumento de pedra, em forma de amêndoa, façonado sobre as duas faces. A
dimensão varia entre 30 e 5 cm. A espessura, a regularidade de seu contorno e a técnica de
fabricação variam segundo os períodos aos quais pertencem [Dicionário da Pré-história
Leroi-Gourhan 1997] - e que aqui no Brasil se refere a qualquer objeto que em realidade
tenha um “retoque bifacial ou um retoque biface”.
Outro exemplo é o termo lâmina (ou lamínula), que corresponde a um vestígio muito bem
definido na Europa [Dicionário da Pré-história Leroi-Gourhan 1997; Inizan et. al 1995]e
nos Estados Unidos, sendo utilizado aqui para se referir a suportes alongados.
Na realidade, esse não seria um problema se os termos já não estivessem cristalizados nas
publicações internacionais, em conseqüência, um leitor europeu será confundido ao ler uma
publicação brasileira e vice-versa.
Consultando artigos distintos poderíamos nos perguntar, como fez A. Kern [1981], o que
significa, nas diversas publicações, o termo biface ou um talhador? Ou ainda, o que seria
um buril nas industrias líticas brasileiras? Poderíamos ir mais longe e nos interrogar sobre
quais definições daríamos para lesmas, plano-convexos, raspadores, etc., sabendo da
enorme diversidade existente? A questão é que faltam estudos tecnológicos minuciosos que
definam estes elementos não a partir de uma morfologia, mas pela tecnologia presente
neles.
Os tecnólogos liticos brasileiros encontram um problema que é constante quando estudam
as séries líticas, principalmente quando estas provêm de regiões diferentes e muito
distantes: é a questão de decidir quais termos utilizar para descrever as cadeias operatórias e
as ações técnicas que estão ligadas a elas.

Nota-se que a falta de precisão gerou e gera uma confusão que é refletida na descrição dos
objetos e na utilização dúbia de vocabulários. A leitura tecnológica deve ser seguida de
uma expressão, de uma troca com o outro, para que possamos falar uma mesma língua. A
precisão do vocabulário permite-nos um maior desempenho na analise do material
arqueológico. Sem nenhuma dúvida este vocabulário deve adotar voluntariamente os
termos convencionais, usuais e já consagrados pela arqueologia brasileira, mesmo se estes
não são tão bem adaptados ao objeto que designa. Mesmo se a maioria dos objetos não
cumprem as funções pelas quais são designados. A grande vantagem é que certos termos
estão aceitos pela comunidade cientifica e já totalmente integrados ao vocabulário dos
tecnólogos. No entanto, como foi levantado acima, alguns termos necessitam de uma
revisão, de uma adequação e principalmente de uma definição (ou redefinição) clara.

3 - Definições gerais ou casos particulares?


3 - Definições gerais ou casos particulares?

Tem sido cada vez mais freqüente no Brasil, observarmos publicações onde existem
definições meticulosas, ou um léxico, para os termos utilizados na indústria apresentada.
No entanto, torna-se necessário fazermos uma diferenciação entre definições de termos para
um estudo especifico (casos particulares) e definições mais genéricas, que poderiam
resultar em classificações para certos elementos ou ações técnicas. Em conseqüência, os
termos definidos desta última forma poderiam ser aplicados na análise de coleções diversas.

Sem ter a pretensão de universalizar as classes tecnológicas ou os vestígios, uma definição


de um termo ou de ação técnica – ou ainda um objeto bem definido – poderia ser aplicado a
outras coleções. Como exemplo podemos citar o trabalho realizado sobre dois tipos de
percussão: a percussão direta dura e direta macia, onde a partir de séries experimentais
foram descritos tecnologicamente todos os estigmas destes dois tipos de percussão [M.J.
Rodet & M. Alonso 2006].
Se for possível observar regularidades tecnológicas numa série estudada (abrasão insistente
da cornija, utilização da percussão macia, utilização de um certo tipo de suporte, etc.), é
possível em seguida buscá-las dentro de conjuntos comparáveis, tendo assim certeza de que
estamos diante de um fenômeno que se repete e, em conseqüência, que corresponde a uma
busca especifica pelos pré-históricos (fig. 1).

Figura 1 - Conjunto de lascas de façonagem provenientes do sitio arqueológico do Boquete, norte de


Minas Gerais: trata-se de lascas muito normalizadas provenientes de uma fase de façonagem de
instrumentos unifaciais. Os talões são lisos, muito abrasados, lábios proeminentes, bulbo difusos, etc.,
estigmas de uma percussão direta macia, matéria-prima de excelente qualidade para o lascamento. Este tipo
de vestígio é encontrado somente nos níveis mais profundos datados de 12 000/10 000 BP (clichê M.J.Rodet).

O que ocorre, muitas vezes, é o uso de termos com definição precisa para culturas pré-
históricas européias para nomear objetos assemelhados encontrados no Brasil. Um caso
comum é a alusão a certos suportes de objetos que alguns autores denominam, corretamente
de lascas alongadas, enquanto outros chamam de lâminas. Para o leitor, principalmente
aquele que esta começando sua formação, cria-se uma dificuldade que muito
provavelmente o acompanhará ao longo de seu desenvolvimento como arqueólogo.
Enfim, muitas vezes nos deparamos com a utilização de termos regionais, os quais não são
compreendidos pela comunidade cientifica como um todo.

O que é uma lesma?


Para ilustrar este artigo com um outro exemplo, gostaríamos de tomar um objeto de
destaque na arqueologia brasileira, marca de períodos arqueológicos antigos em algumas
regiões do país, a lesma (do francês limace). Na literatura consultada somente uma autora
[A. Laming-Emperaire 1967] expôs com clareza as características essenciais e específicas
de uma lesma, de modo que possamos distinguí-la dos demais instrumentos.
Caracterização esta que, em nosso entendimento, pode ser aplicada a várias séries
estudadas:

Figura 2 - Ilustração de lesma [de


acordo com A.L -Empreraire 1967]

Utensílio de bloco (ou de lasca) de


forma alongada, lembrando uma
lesma. Tipicamente, comporta
duas pontas e dois bordos ativos
longitudinais, sendo que o retoque
afeta toda a periferia da
ferramenta. A face inferior é plana
(Est. VIII, n° 11). Certas lesmas
apresentam um só bordo
funcional, ou um bordo e uma
ponta, ou um bordo e duas pontas,
ou dois bordos e uma ponta. O
bordo ativo é obtido por
lascamentos abruptos, executados
a partir da face inferior plana. O
bordo ativo (ou os bordos ativos),
à medida que o utensílio é gasto e
reavivado, recua
progressivamente, tornando-se retilíneo e, a seguir, ligeiramente côncavo. O corpo da
lesma se adelgaça. Finalmente, nenhum retoque é mais exeqüível. A lesma se quebra em
duas, seja ao ser feito o ultimo retoque seja durante o uso. A forma, mais freqüente de se
encontrar uma lesma é gasta ou muito usada, ou então em fragmentos que representam a
metade do utensílio.
Por suas dimensões, as lesmas formam um conjunto intermediário entre as plainas e os
raspadores [1967:76] – (fig. 2).

Certamente esta definição poderá hoje ser revista com


base na análise tecnológica, mas trata-se de um trabalho
que pode ser aplicado a conjuntos liticos diferentes. No
entanto, como já dissemos acima, apesar de existir uma
definição desde 1967, as publicações sobre coleções
líticas utilizaram e utilizam termos diferenciados e
apresentam, por exemplo, sob a designação de lesma,
objetos plano-convexos que não correspondem às
características já definidas e apresentadas sob esta
classificação.

Figura 3 - Instrumento unifacial proveniente do sítio


arqueológico de Buritizeiro, Minas Gerais.

Mesmo que a autora tenha se inspirado em instrumentos


europeus, esta definição certamente se aproxima de uma classe de objetos existentes no
Brasil (fig. 3). A falta de estudos tecnológicos extensivos e sistemáticos para estes
instrumentos impede uma real compreensão e classificação destes unifacias. No entanto, é
evidente que certos instrumentos brasileiros apresentam estas características. Por outro
lado, nossa questão atual é a de saber se estamos diante de um objeto procurado (a
intenção), ou se ao contrario trata-se de um estado técnico de um instrumento (cf. 4.1), que
durante a sua vida útil vai se tornando cada vez menos espesso, com flancos cada vez mais
abruptos e extremidades, que inicialmente eram em forma ogival, evoluem para formas
mais pontiagudas (fig. 7 -fotos 6 e1).
No mais, nas publicações em geral, raramente encontramos os objetos acompanhados de
definições tecnológicas. Além disso, quando estas existem são incompletas e podem ser
bastante diferentes entre um autor e outro. Freqüentemente observamos alunos ou
estagiários em arqueologia nomeando como únicos objetos tecnologicamente diferentes
(fig. 7): instrumentos que poderiam ser reagrupados dentro de uma categoria geral que
podemos chamar de plano-convexos – unifaciais - são comumente denominados como
lesmas.

Vale ressaltar que, mesmo tendo a possibilidade de ser analisado a partir de vários pontos
de vista, o essencial no estudo de um objeto vem da sua performance humana, ou seja, do
surgimento do desejo de realizar um objeto e de suas transformações/evoluções. Segundo
Pelegrin [2005], um objeto é antes de tudo um projeto: a reflexão do lascador corresponde
a uma série de operações cognitivas e sensório-motoras que serão realizadas em várias
etapas envolvendo a representação mental do objeto a ser fabricado, ou seja, o modelo
presente na mente do lascador que reflete a sua cultura e que corresponde a formas ideais e
desejadas – imagens mentais estocadas na mente. Para realizar este trabalho o lascador
coloca em obra o seu savoir-faire, seus conhecimentos (que correspondem ao
conhecimento visível e transmissível) e suas habilidades (que correspondem à competência
adquirida pela experiência pessoal e pela prática).

Assim sendo, cada objeto corresponde a um projeto, mais ou menos perceptível


(dependendo do nível de elaboração do mesmo: cadeias operatórias mais elaboradas ou
mais simples), mas certamente trata-se de um projeto único. A categoria lesma, caso exista
realmente, deve refletir uma cultura - ou culturas se pensarmos nos objetos que passam de
um grupo a outro, e muito provavelmente a um momento cronológico. Se este instrumento
persiste ao longo de uma cronologia, certamente poderemos encontrar, de um período a
outro, as variações tecnológicas de sua construção (matéria-prima, técnica empregada,
presença/ausência de abrasão, etc.).
Neste sentido, como chamar de lesma e considerar como um só objeto, instrumentos que
tem às vezes entre si uma distância cronológica de 5000 ou 10000 BP? Ou ainda,
instrumentos que são diferentes tecnologicamente?

4 - Questões sobre os limites da denominação de termos para a indústria lítica


brasileira

Para algumas categorias de utensílios os termos utilizados para designá-los correspondem


facilmente ao objeto denominado.Um exemplo são as pontas de projétil, para as quais
existe uma ligação direta entre o objeto e a função designada para o mesmo. Beltrão et al.
[1981], admite que “ponta” apesar de ser uma categoria descritiva formal, já tem uma
conotação de categoria funcional e é reconhecida como uma idéia, seja o instrumento uma
ponta de projétil, de lança ou etc.
Assim, certas indústrias ou certos instrumentos dentro delas são mais facilmente
reconhecíveis e descritos, assim como suas cadeias operatórias: objetivos claros e bem
definidos mais sistematizados e normalizados, criando produtos manifestos, formais. Neste
sentido as regularidades presentes nas coleções serão mais facilmente reconhecíveis.
Porém, a característica mais marcante das indústrias brasileiras é a informalidade.
No caso das pontas de projétil, apesar do termo remeter imediatamente ao objeto, existe
uma ausência de descrição tecnológica destes instrumentos. Poucos autores descreveram as
fases tecnológicas de realização destes objetos – como exemplo podemos citar os trabalhos
de E. Fogaça [2001] e M.J. Rodet [2006].

4.1 - O ‘estado técnico’ das peças


De acordo com nossa experiência no norte do estado de Minas Gerais, a análise de diversos
utensílios unifaciais permitiu uma reflexão sobre a as diferentes morfologias destes objetos.
A leitura tecnológica demonstrou não estarmos sempre diante de exemplares normalizados
de um modelo definido, ao contrário, é freqüente notar que a face inferior do suporte esta
incompleta, às vezes muito reduzida e sem a convexidade dos bordos do objeto ou ainda,
nota-se bordos muito abruptos, conseqüência de refrescamentos constantes. De fato,
acreditamos que estas peças correspondam a estados diferentes de suas utilizações e ou de
sua reestruturação: elas são a expressão de diferentes etapas de uma estratégia global de
gestão ou de utilização do objeto. Como resultado, têm-se utensílios mais ou menos
grandes, mais ou menos largos, com bordos cada vez mais abruptos, até serem
abandonados, quando não há mais ângulos para o refrescamento ou para uma utilização
adequada [M.J.Rodet 2006:87].
Podemos ir mais longe e integrar a esta discussão a noção de “peça desviante” [Chauchat
1991]; tratam-se de certas peças, encontradas em sítios no Peru, que não correspondem a
um modelo mental pré-definido. Este é também o caso do sítio do Boquete (em sua parte
não abrigada, externa), localizado no norte de Minas Gerais. Neste setor do sítio podemos
observar peças que, apesar de terem características que podem situá-las dentro de um
modelo plano-convexo, apresentam uma taxa muito elevada de acidente do tipo refletido,
que as distanciam das normas estabelecidas para aquele período e, em conseqüência, estas
são abandonadas. Trata-se de um processo de aprendizagem? É preciso sempre pensar que
no entorno dos lascadores, devia haver crianças ou adolescentes com desejo de aprender.
No quadro desta aprendizagem, é necessário repetir o gesto na intenção de adquirir a
habilidade motora, o que teria como conseqüência a produção de peças “desviantes”
[M.J.Rodet 2006].

Este problema reflete bem a falta de conhecimento tecnológico do objeto e de sua cadeia
operatória.

Em síntese, as peças unifaciais, muitas vezes, parecem estar em “estados técnicos


diferentes”. Neste sentido, é necessário observá-las com uma visão critica para tentar
discernir o que é uma peça “desviante”, ou uma peça abandonada por falta de possibilidade
técnica, ou ainda uma peça correspondendo ao modelo desejado em referência a uma
“forma aceitável”. Os utensílios do norte de Minas Gerais têm uma longa evolução quanto
às suas formas e às suas dimensões: as lascas suportes iniciais eram seguramente maiores,
pois estas estão incompletas. Acreditamos que, as transformações por utilização e
reavivagem modificaram os bordos diminuindo-os em largura e em comprimento. Algumas
vezes, como é o caso de peças provenientes do sitio de Buritizeiro, Minas Gerais, os
utensílios estão muito reavivados com bordos laterais muito abruptos e extremidades
pontudas (fig. 7 – fotos 1 e 4) - [M.J.Rodet 2006].
Enfim, a análise tecnológica dessas diversas peças nos leva a ter um olhar critico sobre elas,
questionando-se sobre a possibilidade de estarmos diante de diferentes casos de figura, ou
seja, de tratar-se às vezes de objetos em estados técnicos diferentes, outras vezes tratar-se
realmente de um utensílio pré-definido e característico, com uma imagem mental precisa.

4.2 – A simplicidade das indústrias líticas brasileiras


Quando falamos de “simplicidade das indústrias líticas” é necessário em primeiro lugar
definir o que é para nós uma ‘indústria simples’: trata-se de uma definição utilizada para
opor-se a definição de ‘indústria elaborada’. Simples no sentido de que o produto final (o
instrumento desejado – fig. 4) é muito próximo do produto inicial (a lasca suporte bruta de
debitagem ou o bloco suporte). São indústrias com poucas etapas na elaboração de suas
cadeias operatórias – uma ou duas fases principais que, em geral, são marcadas com pouca
ou nenhuma mudança técnica – percussão direta dura, percussão direta macia, etc. [M. J.
Rodet 2006].
Figura 4 - Plano-convexo experimental sobre núcleo: o objeto, está colocado sobre o núcleo – face
inferior voltada para cima - de onde foi retirada a lasca suporte. Notar que não há muitas transformações
posteriores à retirada – foto superior. Lê-se diretamente no objeto que ele foi realizado sobre uma lasca
suporte espessa, realizada sobre percussão direta dura, etc. (Clichê D. Duarte e A.C. Cunha)

Em segundo lugar, é necessário ressaltar tratar-se na realidade de uma generalização, pois


existem indústrias bastante elaboradas no Brasil, por exemplo, a de pontas de projétil, onde
existem varias fases em suas cadeias operatórias, finalizando em geral com a utilização de
Em segundo lugar, é necessário ressaltar tratar-se na realidade de uma generalização, pois
existem indústrias bastante elaboradas no Brasil, por exemplo, a de pontas de projétil, onde
existem varias fases em suas cadeias operatórias, finalizando em geral com a utilização
dapressão para os bordos em geral e para as aletas e pedúnculos em particular (fig. 5).
pressão para os bordos em geral e para as aletas e pedúnculos em particular (fig. 5).
Figura 5 - Ponta de projétil proveniente do sitio de Buritizeiro, Minas Gerais: objeto bastante elaborado.
É possível observar pelo menos três técnicas diferentes – percussão direta dura, direta macia, pressão
(clichê M.J.Rodet).

Assim, é claro que nem todas as indústrias pré-históricas brasileiras são simples, mas no
geral, ao que parece, a grande maioria dos conjuntos líticos são pouco elaborados,
principalmente no “Brasil Central”, o que não significa que estes não sejam extremamente
funcionais e que não correspondam corretamente ao objetivo almejado.

Apesar da simplicidade das indústrias líticas do norte de Minas Gerais, algumas peças são
mais específicas e às vezes com uma certa predeterminação nos gestos técnicos.

Enfim, o que gostaríamos de ressaltar é que esta simplicidade dificulta a compreensão dos
conjuntos: a relação entre o instrumento procurado e o suporte é, em geral, tênue. Por
exemplo, a maioria dos unifaciais plano-convexos é realizada sobre lascas de início de
debitagem com mais ou menos córtex.

Figura 6 – Tipos de retoque[de acordo com Inizan et. Al 1995]


4.3 – Descrição: tecnológica ou funcional?
O que nós tecnólogos estamos procurando descrever?
A tecnologia presente nos instrumentos, ou nas
coleções, ou a suposta função presente nos objetos?
É freqüente observarmos esta confusão nos textos de
arqueologia.

4.4 – A diversidade da indústria lítica pré-histórica


brasileira
Nos perguntamos ainda como devem ser tratadas as
diversidades, as especificidades das indústrias de cada
região do Brasil. Uma terminologia visando nomear
elementos de conjuntos líticos, muitas vezes
dessemelhantes ou pouco semelhantes, não reduziria o
principal aspecto de sua riqueza e, em conseqüência,
sua compreensão?

Enfim, deve-se evitar a subjetividade, através da


precisão das caracterizações, acompanhadas de
fotografias nítidas e desenhos sistemáticos. Ou, i)
fazemos desenhos simples e que podem ser entendidos
por especialistas ou não especialistas ii) ou, seguimos
as normas que já estão estabelecidas pela comunidade
cientifica internacional iii) ou, criamos nossas próprias
normas.

5 – Reflexões finais

- Quais são os limites do que estamos discutindo?


Nossa intenção foi a de avaliar o estágio atual de nossas análises: como a terminologia é
tratada, as convergências e os problemas existentes advindos da falta de rigor descritivo e
da falta de um léxico voltado para as indústrias brasileiras.
Existem termos que já estão consagrados na arqueologia brasileira, estes devem ser
reaproveitados. Existem outros que mesmo tendo sido pouco utilizados no Brasil, são
largamente aceitos pela comunidade internacional e podem, com muita facilidade serem
aceitos aqui, por exemplo, os termos utilizados para designar os diferentes tipos de retoque
– escamoso, escalariforme, paralelo, semi-paralelo, etc., (fig. 6).

- Na literatura brasileira existem categorias gerais bem definidas, tais como os instrumentos
unifaciais e os bifaciais. Dentro da classe de instrumentos unifaciais, existem os utensílios
plano-convexos, que, em linhas gerais, é um grupo já bem definido. No entanto, existe a
necessidade de estudos tecnológicos sistemáticos visando individualizar os diversos
instrumentos do conjunto. Este tipo de estudo permite uma compreensão das
especificidades e da evolução destes utensílios. A título de exemplo podemos citar os
estudos realizados no norte do estado de Minas Gerais, onde foi possível isolar algumas
cadeias operatórias especificas de certos períodos: instrumentos unifaciais achatados para
os períodos antigos – passagem Pleistoceno/Holoceno e Holoceno antigo; instrumentos
bifaciais robustos para os últimos habitantes do setor – período do contato com os
neobrasileiros [M.J.Rodet 2006].

Enfim, vale sintetizar os dois principais problemas levantados neste artigo:


1) a necessidade da utilização de um vocabulário mais homogêneo que defina algumas
ações técnicas básicas (e que são utilizadas já em muitas regiões do Brasil);
2) descrições tecnológicas minuciosas para os instrumentos e suas cadeias operatórias,
para que estes não sejam classificados por suas formas mas pela tecnologia presente
neles.

Finalmente, lembramos que o estudo tecnológico é uma das abordagens metodológicas que
permite a compreensão dos grupos pré-históricos. Estas análises, quando possível, devem
ser acompanhadas de estudos interdisciplinares. A geologia, a geomorfologia assim como a
análise da paisagem e a localização das jazidas líticas que foram utilizadas (ou
potencialmente utilizadas) pelos pré-históricos são alguns dos aspectos que devem
completar as análises das indústrias líticas.
Figura 7 - Exemplos de instrumentos unifaciais: trata-se de instrumentos diferentes tecnologicamente,
mas que podem entrar numa categoria geral denominada unifaciais plano-convexos e que, sem exceção,
são comumente denominados de lesmas.
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Agradecimento: agradecemos a Marco Túlio Ferreira pelas correções gramaticais.

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