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DESENVOLVIMENTO

ARTIGO ESPECIAL NEUROLÓGICO: AVALIAÇÃO EVOLUTIVA Rotta et al. ARTIGO ESPECIAL

Desenvolvimento neurológico: NEWRA T. ROTTA – Prof. Adjunto de


Neurologia do Departamento de Pediatria e
Puericultura da Universidade Federal do Rio
avaliação evolutiva Grande do Sul – Unidade de Neurologia Pe-
diátrica do Hospital de Clínicas de Porto
Alegre.
Neurologic development: FLEMING S. PEDROSO – Prof. Adjunto
de Pediatria do Departamento de Pediatria e
evolutional assessment Puericultura da Universidade Federal de San-
ta Maria; Prof. de Neurologia da Faculdade
de Fonoaudiologia do Instituto Metodista de
Educação de Porto Alegre.
SINOPSE
Endereço para correspondência:
Fleming S. Pedroso
Esse artigo se propõe a revisar a avaliação do desenvolvimento neuropsicológico das
Rua Praça das Nações Unidas, 61/306
crianças no seu período pós-natal, com o objetivo de fornecer aos profissionais de saúde
90690-230 – Porto Alegre, RS, Brasil
envolvidos na assistência infantil subsídios teóricos para vigilância do desenvolvimento
Fone:: (51) 3328-6836
normal e da intervenção precoce, que pode minimizar as repercussões funcionais e lesio-
nais do sistema nervoso submetido a eventos potencialmente patológicos, melhorando a  flemingp@terra.com.br
qualidade de vida da criança, da família e com menor custo social na reabilitação.

UNITERMOS: Desenvolvimento, Exame Físico, Exame Neurológico.


O desenvolvimento cerebral ocor-
ABSTRACT re a partir da construção da rede neu-
ronal, que resulta de uma série de even-
This article intend to review the assessment of the children’s neuropsicologic develop- tos regionalizados em seqüência sin-
ment in the postnatal period, with the aim to give theoric information to heath professio-
cronizada de crescimento e diferencia-
nals envolved in the children’s care in terms of vigilance of the normal development and
precocious intervention, wich can minimise the functional and lesional central nervous ção. Recentes estimativas sugerem a
system repercutions, submitted to potencially pathological events, making better the child existência no cérebro humano maduro
and family quality of live, with lower social costs in the reabilitation. de 100 bilhões de neurônios, e de um
número ainda maior de células gliais,
KEY WORD: Development, Fisical Examination, Neurologic Examination.
organizados em uma vasta rede de co-
nexões sinápticas, estimadas em 100
trilhões. Esses números indicam o
quanto é complexo o crescimento e o
I NTRODUÇÃO natais e pós-natais. Tais eventos têm
efeitos sobre o SN, que se desenvolve
desenvolvimento do cérebro (5,6).
Os mecanismos básicos desse pro-
Crescimento e desenvolvimento, em etapas diferenciadas (Quadro 1) e cesso de estruturação do SN humano
apesar de freqüentemente usados como deixa marcas passíveis de serem iden- são regulados por genes específicos, os
sinônimos, são fenômenos distintos, tificadas (3,4). quais são estimados em cerca de 30 por
mas inter-relacionados. Crescimento
significa aumento físico do corpo,
medido em centímetros ou gramas; ele Quadro 1 – Desenvolvimento do sistema nervoso humanoa
traduz o aumento em tamanho e nú-
mero de células. O desenvolvimento é Eventos maiores Tempo de ocorrência
a capacidade do ser em realizar fun- 1 – Placa neural ............................................................................... 3 SG
ções cada vez mais complexas; ele cor- 2 – Indução neuronal
responde a termos como maturação e 2.1 – Indução dorsal (tubo-neural) ........................................ 3 a 7 SG
diferenciação celular (1). 2.2 – Indução ventral (septações) ......................................... 5 a 6 SG
Conhecer o desenvolvimento do 3 – Proliferação neuronal ....................................................... 8 a 25 SG
sistema nervoso (SN) é essencial para 4 – Migração neuronal e agregação seletiva .......................... 8 a 34 SG
o entendimento das patologias que 5 – Organização neuronal
comprometem o desenvolvimento. 5.1 – Diferenciação neuronal e formação de
Uma grande variedade de distúrbios padrões específicos de conexões ................ 5 SG a 4 anos / pós-natal
neurológicos já se manifestam ao nas- 5.2 – Morte neuronal e eliminação seletiva
de sinapses ............................................................. 2 a 16+ anos / pós-natal
cimento, bem como na primeira infân-
6 – Mielinização neuronal ................................ 25 SG a 20 + anos / pós-natal
cia, em função de eventos patológicos
que podem ocorrer nos períodos pré- a Adaptado de Herschkowitz (2); Volpe (3); SG - semanas de gestação.

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cento de todo o genoma, sendo que, em etapa evolutiva. Para que se possa va- Nesses casos o EN completo mais pre-
muitas etapas, o fator ambiental pode lorizar os achados do exame neuroló- cocemente pode indicar a existência de
modular (alterações finas) o desenvol- gico da criança, necessário se faz que disfunção ou lesão neurológica, como
vimento do SN. Este último fator é de os integremos com uma história com- por exemplo: a persistência de refle-
relevante interesse para o clínico, que pleta desde a concepção, gestação, parto xos primitivos e hiper-reflexia profun-
no dia-a-dia se defronta com a possi- e desenvolvimento até a idade em que da, envolvendo predominantemente os
bilidade de que os danos ocorridos no se encontra no momento do exame (7). membros inferiores em uma criança
SN possam ter sido produzidos pela A possibilidade de o exame neuro- menor de um ano de idade, pode ser o
interação dos fatores genéticos e am- lógico (EN) avaliar o SN já no período primeiro indicador de paralisia cerebral
bientais. A prevenção e o tratamento neonatal viabiliza a vigilância clínica da forma diplégica em que a marcha
de muitos transtornos neurológicos do desenvolvimento neuropsicológico não se estabelecerá na idade esperada,
dependem do preciso e significativo (DNP), que, junto com a somatometria, podendo os outros aspectos do DNP
conhecimento dos vários mecanismos que avalia o crescimento, tornam-se estar dentro do padrão de normalida-
que conduzem o desenvolvimento nor- tarefas essencias para os profissionais de. Outra limitação dos screenings de
mal ou anormal do SN (2,5,6). encarregados da saúde da criança (1,3). desenvolvimento é o amplo espectro
A criança é um ser em pleno pro- Entretanto, várias avaliações do de DDNP e sua intensidade o que exi-
cesso dinâmico de desenvolvimento, DNP em forma de screening têm sido ge um detalhamento em forma de exa-
partindo de uma etapa evolutiva para recomendadas (8), sendo o Teste de me com peculiaridades especiais para
outra (Figura 1), sendo que, em cada Denver II o mais conhecido entre os cada caso, o que é inviável quando se
uma, encontramos dados semióticos pediatras. Possui uma boa sensibilida- usa teste resumido (4,8).
diferentes e com diferentes significa- de para detectar os Distúrbios do De- O pediatra habitualmente é o pri-
ções. Dessa forma podemos entender senvolvimento Neuropsicológico meiro profissional de saúde a suspeitar
que, para uma adequada avaliação da (DDNP), mas só os evidencia quando de um DDNP e o seu principal dilema
criança, é importante a caracterização a função neurológica esperada para a é desencadear um processo especiali-
do conceito de normalidade em cada respectiva idade não se estabelece. zado de avaliação, com maiores custos
e ansiedade dos pais, ou aguardar um
tempo a mais para a tomada de decisão
Fixa olhar Firma Usa a Senta Caminha Controla
e sorri pescoço mão esfíncteres e nesse período de espera uma possí-
vel patologia não diagnosticada terá
uma intervenção tardia, piorando o
prognóstico (8). O exemplo mais co-
mum é a identificação tardia dos DDNP
envolvendo a linguagem, sendo esta a
melhor indicadora do potencial cogni-
tivo e do desempenho escolar (9).
Muitas vezes, para o melhor enten-
dimento dos DDNP, faz-se necessário
o auxílio de exames complementares
como: eletroencefalograma, exames de
imagens, potenciais evocados sensiti-
vo-sensoriais, testes de triagem meta-
bólica, estudos genéticos, avaliações
psicológicas, fonoaudiológicas, peda-
2 ma 3m 5m 9m 15 m 54 m gógicas, fisioterápicas, ortopédicas e
Figura 1 – Seqüência do controle motor voluntário pós-natal, a – meses. outras (10).

Exame neurológico normal – • REFLEXOS PRIMITIVOS – Presentes: sucção, moro,


etapas-chaves do desenvolvimento mão-boca, marcha reflexa, apoio plantar, reptação, tô-
nico-cervical assimétrico, preensão palmar, preensão
Recém-nascido de termo plantar e cutâneo-plantar extensor. Também o reflexo
• ATITUDE – Assimétrica com a cabeça lateralizada por cócleo-palpebral já é encontrado ao nascimento (4).
estímulo labiríntico, sendo maior para a direita (11,12). • FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES – Pode seguir
• TONO/REFLEXO PROFUNDOS – Hipertonia flexora dos objeto com os olhos, modulação sensitivo-sensorial, ini-
4 membros, hipotonia axial e hiper-reflexia profunda (4). ciando a corticalização (3,4).

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Três meses • REFLEXOS PRIMITIVOS – Presentes: preensão plan-


• ATITUDE – Simétrica (7,12). tar e cutâneo-plantar extensor em desaparecimento
• TONO/REFLEXOS PROFUNDOS – Iniciando hipoto- (7,12).
nia fisiológica (7,12). • EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Em pé com apoio (7,12).
• REFLEXOS PRIMITIVOS – Presentes: sucção, moro, • EQUILÍBRIO DINÂMICO – Iniciando a marcha sem
mão-boca, preensão palmar, preensão plantar, cutâneo- apoio (7,12).
plantar extensor – desapareceram: marcha reflexa, apoio • COORDENAÇÃO APENDICULAR – Pinça superior
plantar, reptação, tônico-cervical assimétrico (7,12). individualizada (7,12).
• EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Firma o pescoço (controle • FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (audição/lin-
cefálico) (7,12). guagem/gnosias) – Localiza a fonte sonora direto para
• EQUILÍBRIO DINÂMICO – Movimenta a cabeça (7,12). baixo e indireto para cima, usa palavras corretamente e
• COORDENAÇÃO APENDICULAR – Junta as duas produz jargão (7,13,14).
mãos na linha média (7,12).
• FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (audição/lin- Dezoito meses
guagem/gnosias) – Fixa o olhar, sorri socialmente, atende • EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Domina a posição em pé
ao som com procura da fonte emissora e usa vogais (gor- (7).
jeio) (7,13,14). • EQUILÍBRIO DINÂMICO – Sobe escada de pé, segu-
ro pela mão do examinador (7).
Seis meses • REFLEXOS PRIMITIVOS – Desapareceram (7).
• TONO/REFLEXOS PROFUNDOS – Hipotonia fisio- • COORDENAÇÃO APENDICULAR – Serve-se com a
lógica importante e reflexos profundos semelhantes ao colher, chuta com o pé uma bola, constrói uma torre com
adulto (7,12). 3 cubos e produz garatuja linear (7).
• REFLEXOS PRIMITIVOS – Presentes: preensão plan- • FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (audição/lin-
tar, cutâneo plantar extensor – Desapareceram: sucção, guagem/gnosias) – Localiza a fonte sonora direto para
preensão palmar, moro, mão-boca (7,12). cima, é capaz de dizer em torno de 10 palavras e cons-
• EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Senta com apoio, inician- trói frases de 2 palavras (“dá papá”) (7,13,14).
do sem apoio (7,12). • ESFICTERES – Iniciando o controle vesical diurno (15).
• EQUILÍBRIO DINÂMICO – Muda de decúbito (7,12).
• COORDENAÇÃO APENDICULAR – Retira pano do Dois anos
rosto, preensão voluntária (7,12). • EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Permanece em pé com os
• FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (audição/lin- pés juntos de olhos abertos “sem limite de tempo” (7).
guagem/gnosias) – Atende pelo nome, demonstra estra- • EQUILÍBRIO DINÂMICO – Sobe e desce escada sem
nheza diante de desconhecidos, localiza o som lateral- alternar os pés e com apoio (7).
mente, usa vogais associadas a consoantes (lalação) e • COORDENAÇÃO APENDICULAR – Chuta bola sob
produz sílabas repetidas sem significado (7,13,14). comando, constrói uma torre com 6 cubos (7).
• FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (audição/lin-
Nove meses guagem/gnosias) – Nomeia-se a si mesmo pelo pré-
• TONO/REFLEXOS PROFUNDOS – Hipotonia fisio- nome, é capaz de dizer em torno de 50 palavras e cons-
lógica em declínio (7,12). truir frases de 3 palavras ou mais (7,14).
• REFLEXOS PRIMITIVOS – Presentes: preensão plan- • ESFÍNCTERES – Controle vesical diurno em consoli-
tar e cutâneo plantar extensor em desparecimento (7,12). dação e iniciando o vesical noturno e anal (15).
• EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Senta sem apoio e fica na
posição de engatinhar (7,12). Três anos
• EQUILÍBRIO DINÂMICO – Engatinha (arrasta-se) e • EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Permanece com os pés jun-
pode andar com apoio (7,12). tos e olhos abertos por 30 segundos (16).
• COORDENAÇÃO APENDICULAR – Pega objetos em • EQUILÍBRIO DINÂMICO – Sobe e desce escada com
cada mão e troca, usando a preensão manual de pinça os dois pés no mesmo degrau sem apoio (16).
superior em escada (7,12). • COORDENAÇÃO APENDICULAR – Constrói torres
• FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (audição/lingua- de 9 a 10 cubos, copia um traço vertical e faz prova
gem/gnosias) – Localiza o som de forma indireta para cima e dedo-nariz de olhos abertos (16).
para baixo – Palavras de sílabas repetidas com significado • FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (audição/lin-
(primeiras palavras) palavras-frase (“da”, papa”) (7,13,14). guagem/gnosias) – Localização da fonte sonora direta
para trás, pode apresentar dislalias por supressão e co-
Doze meses pia linha reta (14,16).
• TONO/REFLEXOS PROFUNDOS – semelhantes ao do • ESFÍNCTERES – Controle vesical diurno e anal conso-
adulto (7,12). lidados, vesical noturno em consolidação (15).

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Quatro anos • COORDENAÇÃO APENDICULAR – Faz movimen-


• EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Permanece com pés juntos tos alternados e sucessivos com as mãos (diadococine-
e olhos fechados por 30 segundos (16). sia). Copia um losango (16).
• EQUILÍBRIO DINÂMICO – Sobe e desce escada al- • COORDENAÇÃO TRONCO-MEMBROS – Passa do
ternando os pés e sem apoio (16). decúbito ventral à posição sentado, sem apoio (16).
• COORDENAÇÃO APENDICULAR – Faz prova dedo- • PERSISTÊNCIA MOTORA – Fixa olhar lateralmente por
nariz com os olhos fechados e copia uma cruz (16). 30 segundos, fica com os braços estendidos e os polegares
• PERSISTÊNCIA MOTORA – Permanece 20 segundos afastados de 1 cm com olhos fechados por 30 segundos (16).
com a boca aberta e 40 segundos com olhos fechados • FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (gnosias) –
(16). Conhece a direita e esquerda no examinador (7).
• FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (audição/lin-
guagem/gnosias) – Até 4 anos e 6 meses pode apresen-
tar algumas reduções em encontros consonantais e des- Com mais de sete anos até a vida adulta
sonorizações. Após fala corretamente. Reconhece obje-
tos familiares e denomina as cores preta e branca (14, A partir dos sete anos de idade, o indivíduo mantém
16). possibilidades de aperfeiçoar funções já existentes, consti-
• ESFÍNCTERES – Controle vesical noturno em consoli- tuindo o aprendizado formal. A plasticidade cerebral se ini-
dação (15). cia na vida pré-natal e de forma mais intensa nos primeiros
anos do desenvolvimento. As funções mais básicas servem
Cinco anos de sustentação para o continuum de aperfeiçoamento e têm
• EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Permanece com o calca- como resultado o desempenho do indivíduo no que tange
nhar em contato com a ponta do outro pé e com os olhos ao ato de aprender. As funções neuropsicológicas superio-
abertos por 10 segundos (16). res, especialmente aquelas que ocorrem devido a ligações
• EQUILÍBRIO DINÂMICO – Pula com o pé dominante entre diferentes áreas de associação cortical, têm seu subs-
uma distância de 5 metros e anda para frente com o cal- trato orgânico na formação de novas sinapses, arborizações
canhar em contato com a ponta do outro pé (16). dentríticas e mielinização do SN, bem como suas relações
• COORDENAÇÃO APENDICULAR – Copia um círcu- com o diálogo intraneuronal. Vistos dessa forma, tais even-
lo, um quadrado e toca a extremidade dos dedos com o tos são causa e efeito dos processos cognitivos, demons-
polegar (16). trando que é muito ampla a nossa capacidade de apreender
• PERSISTÊNCIA MOTORA – Permanece 40 segundos bem como de esquecer (2,3,6).
com olhos fechados e a língua protusa (16).
• FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (gnosias) –
Conhece e nomeia todas as cores (16).
• ESFÍNCTERES – Controle completo vesical e anal (16).
C ONCLUSÕES
• A identificação precoce dos DDNP requer dos profis-
Seis anos sionais de saúde infantil um treinamento técnico na ava-
• EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Permanece com o calca- liação do DNP e com uma efetiva capacidade de trans-
nhar em contato com a ponta do outro pé de olhos ferir conhecimentos a pais e familiares, pois são eles a
fechados por 10 segundos (16). melhor fonte de informação inicial na suspeita de DDNP.
• EQUILÍBRIO DINÂMICO – Pula com o pé não domi- • Os testes de triagem não servem como avaliação diagnós-
nante uma distância de 5 metros e anda para trás com o tica ou para planejamento terapêutico, mas são o primeiro
calcanhar em contato com a ponta do outro pé (16). degrau que conduzirá uma avaliação interdisciplinar.
• COORDENAÇÃO APENDICULAR – Bate com o in- • A avaliação das funções neurológicas através da EN clás-
dicador na mesa e o pé no chão de um lado, alternando sico e evolutivo, fornece o complemento para os testes
com o outro lado do corpo (16). de triagem de risco para DDNP.
• COORDENAÇÃO TRONCO-MEMBROS – Flete os • Seja qual for o método de avaliação e acompanhamen-
membros inferiores ao nível dos joelhos quando está em to do DDNP utilizado, poderá haver controvérsias no
pé e é empurrado de diante para trás (16). que se refere ao diagnóstico e prognóstico da criança,
• FUNÇÕES CEREBRAIS SUPERIORES (gnosias) – Tem sendo muitas vezes necessário associar métodos clíni-
noção de direita e esquerda e reconhece os dedos (16). cos com exames complementares.
• O examinador experiente é o melhor orientador na sele-
Sete anos ção da investigação laboratorial, pois a sofisticada tec-
• EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Permanece na ponta dos nologia de complementação neurodiagnóstica, como
pés 30 segundos e em um pé só por 30 segundos (16). exames de imagens, exames morfológicos e avaliações
• EQUILÍBRIO DINÂMICO – Pula batendo palmas 2 funcionais do cérebro e tantas outras técnicas laborato-
vezes enquanto está acima do solo (16). riais, não substituiu o exame neurológico.

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DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO: AVALIAÇÃO EVOLUTIVA Rotta et al. ARTIGO ESPECIAL

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