Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Percurso
Viagem ao passado
Dentro do programa da casa barroca,
o palácio organiza-se em dois níveis,
perfeitamente definidos: o andar térreo
para compartimentos de serventia,
de cariz funcional, e o andar nobre e
seguintes como espaços de habitabilidade
e de aparato.
17
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 1
Átrio e Escadaria
18 19
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Átrio e Escadaria
Representação e Poder
20 21
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
EM CIMA À DIREITA
Painel de azulejos. Antó- Painel de azulejos.
nio Vital Rifarto (atrib.). António Vital Rifarto
Portugal. Século XVIII, (atrib.). Portugal. Século
1.o quartel. Alt. 280 x XVIII, 1.o quartel. Alt.
Comp. 188 cm. 176 x Comp. 562 cm. No
chão ferro para linpeza
de calçado.
22 23
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 2
Sala de Entrada
24 25
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Etiqueta e aparato
Efíge clássica. Pintura a
têmpera sobre estuque.
do, simultaneamente, para assento exemplar com representação heráldica Estuques e Desenhos, em Lisboa, cria-
e acondicionamento de objectos – e, e desenha um mocho, entre outros da pelo Marquês de Pombal em 1764.
ao centro, um bufete de aparato,111 em motivos ornamentais. Junto, um par No Minho, em 1785, Frei Bernardo da
madeira de pau-santo, de pernas e tra- de altos castiçais de estanho do século Esperança, beneditino e futuro Abade
vessas torneadas e com aplicações de XVII para a iluminação nocturna. Geral da Congregação, referencia o
ferragens em latão, então designadas A sala apresenta um lanternim e mau estado dos estuques no Mosteiro
de “bronzes dourados”, tratando-se em um tecto com tratamento de estu- do Pombeiro. Em Braga, o tecto do
todos os casos de mobiliário português ques, modelando festões de folhas de altar-mor da Igreja dos Congregados,
dos séculos XVII e XVIII. loureiro, que se associam a pinturas de apresenta a única sobrevivência na
Sobre a mesa, dispõem-se dois efígies clássicas com remate de laça- cidade de estuque rococó.
pratos de cerâmica portuguesa, azul das. A base da clarabóia ornamenta-se No nosso país, os desenhos de
e branca de Seiscentos, denunciando de um friso de folhas de acanto. estuques dos arquitectos e desenhado-
a influência decorativa das porcelanas O edifício integra uma sequência de res de móveis dos irmãos escoceses,
estuques artísticos, do maior interesse Robert e James Adam, influenciaram
para o reconhecimento da importância sobretudo a região norte, correspon- EM CIMA
dendo a uma expressão neoclássica. Prato. Cerâmica. Portugal.
Século XVII. Alt. 6,7 ø 41,5 cm.
Inv. 630 MB.
26 27
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 2
Salão Nobre
28 29
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Salão Nobre
Opulência e Festa
EM CIMA EM CIMA
D.Pedro III. Pintura. Século XVIII. D.João V
V. Pintura. Século XVIII.
O compartimento com toda a sua es- Óleo sobre tela. Alt. 94,5 x Larg. 74 Óleo sobre tela. Alt. 103 x Larg.
cm. Inv. 177 MDS. 79 cm. Inv. 197 MDS.
tética de pompa e esplendor terá sido
encomendado pelo Deão D. Francisco
Pereira da Silva, no primeiro quartel do marítima. Teremos ainda que salientar das, trajando à maneira Setecentista de enrolamentos vegetalistas, meninos
século XVIII, no enquadramento das que a atracção por paredes ampla- e inseridas em jardins, tendo junto (putti ) e pássaros esvoaçantes.
obras de ampliação e valorização da mente ornamentadas com azulejos, se de si, estátuas, seres mitológicos, Embora a pintura não apresente um
casa da sua família. justificou pela nossa proximidade com festões e guirlandas floridas, cartelas tratamento de perspectiva, ilusionis-
O espaço apresenta as paredes a requintada cultura árabe peninsular. com legendas latinas e outros motivos ta já comum nas realizações deste
com um revestimento de painéis de A destacar, a pintura ornamental ornamentais barrocos, formando nos tipo em Lisboa, as figuras são de belo
azulejos, atribuíveis12 ao âmbito de a óleo, que reveste o tecto formando quatro ângulos escadórios ascen- desenho e o conjunto corresponde aos
influência de P.M.P., sendo datáveis do abóbada, em madeira de castanho, dentes com balaustradas. Duas das efeitos ornamentais de grande impac-
primeiro quartel de Setecentos. A te- atribuível à execução do pintor por- figuras femininas seguram tarjetas que to, tão apreciados na época.
mática é essencialmente de momentos tuense Manuel Furtado de Mendonça,13 contêm a data da execução da pintura, Nas paredes suspendem-se
galantes em jardins e paisagens, cenas ou a uma escola bracarense inspirada “A/NNO/DE“,“1724”. O plano de fundo pinturas a óleo sobre tela, retratando
de montaria e caça, referenciadores da por aquele 14 . Trata-se de um tecto é constituído por paisagem de árvores, membros da Família Real Portuguesa
ocupação da nobreza da época. comemorativo e de homenagem a um céu azul e nuvens. do século XVIII, nomeadamente,
Será de avaliar que a gama cromáti- antepassado da família que habitou Podemos observar ao centro da D. João V, o rei palaciano que conduziu
ca azul e branca que tanto influenciou a casa, o Beato Miguel de Carvalho, composição, suspensa no mesmo céu, a ao máximo esplendor a Corte e a
a azulejaria portuguesa do século XVIII, jesuíta que foi martirizado no Japão, representação do Beato, de rosto barba-
reflectiu o fascínio exercido no gosto sendo queimado numa fogueira. do e com os braços erguidos presos a um
PÁGINA SEGUINTE
lusitano pelas delicadas porcelanas Acima da cornija, uma composição poste, tendo junto de si homens e laba- Tecto ornamental. Pers-
pectiva parcial. Manuel
chinesas exportadas para a Europa, continuada distribui-se por toda a redas de fogo, sendo a cena enquadrada Furtado de Mendonça
a partir dos contactos dos portugue- periferia oval da abóbada, em que por uma cartela tipicamente Barroca (atrib.). Portugal. 1724.
Pintura a óleo sobre ma-
ses com o Oriente, através da rota sobressaem oito belas damas senta- deira e talha dourada.
30 31
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
32 33
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
EM CIMA
Painel de azulejos. P.M.P.
(atrib.). Portugal. Século
XVIII, 1.o quartel. Alt. 164
x Comp. 381 cm.
Igreja, D. Pedro III, consorte da Rainha damas de vestido de balão, cuja seda
D. Maria I e seu filho D. José o Príncipe se pintalgava de graciosos ramalhetes
da Beira e do Brasil, prematuramente entremeados com refulgentes jóias de
falecido. O quarto retrato ilustra uma rara beleza; por elas se pavonearam
figura feminina, passível de ser iden- os elegantes do tempo, de majestosa
tificada como esposa deste último, a casaca bordada e empoada cabeleira
Infanta D. Maria Francisca Benedita. leonina, de espadim palaciano ao lado
A presença dos quadros permite-nos e bofes encanulados, alteando o peito
observar a sumptuosidade do traje real em papo tufoso de finíssima renda,
masculino e feminino do século XVIII, onde brilhavam esmeraldas em firmal;
caracterizado pela qualidade dos aí se dançaram graves e compassadas
têxteis, (em seda, brocado, veludo e pavanas e galantes minuetes, ao som
pele de arminho), assim como a riqueza dolente de cravos marchetados de
das jóias. marfim.” 15
A propósito de uma outra casa
senhorial, Luís Leite Ataíde, transpor-
ta-nos ao ambiente de sociabilidade
que a partir de meados do século XVIII,
se viveu em espaços como este: “Por
essas salas (...) exibiram-se formosas PÁGINA À DIREITA
Painel de azulejos. Pormenor.
P.M.P. (atrib.). Portugal.
Século XVIII, 1.o quartel.
Alt. 170 x Comp. 950 cm
(totalidade do painel).
34 35
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 2
Oratório
36 37
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Oratório EM BAIXO
Bom Pastor. Escultura.
Índia. Século XVII.
À DIREITA
Crucifi xo de pousar.
Escultura. Índia. Século
A partir do século XVII, a Capela pas- No interior do móvel, observam-se embutidos e aplicações de marfim, de
sou a fazer parte integrante da Casa esculturas religiosas, colocadas em que se destaca um querubim alado no
Senhorial portuguesa. Esta caracterís- níveis ascendentes estruturados como fundo da haste, sendo a peça do século
tica estará associada a um período um altar, dispondo-se duas imagens XVIII. Igualmente originária do Oriente,
de intensa religiosidade da sociedade indo-portuguesas, um Bom-Pastor, do uma pequena imagem do Menino
da época, mas igualmente a hábitos século XVII, integralmente modelado Jesus, “Salvator Mundi ”.
de circunscrição da mulher à interiori- em marfim, com vestígios de uma po- A imaginária Indo-portuguesa cor-
dade doméstica. licromia original. Trata-se de uma ico- respondeu ao trabalho artístico realiza-
Encontramo-nos no Oratório, nografia muito especial pois concretiza do na Índia, no Indostão Continental,
espaço reservado à devoção. Fronteiro a interpenetração de duas religiões, a e conheceu um especial apreço entre
à porta, apresenta-se um móvel-orató- cristã e a budista, com a representação a fidalguia e o clero portugueses.
rio, de expressão barroca, acharoado, do Cristo, embora em aparência juvenil, Dois anjos castiçal, tipicamente
em pujança cromática do vermelho, mas numa postura de meditação e com barrocos, em madeira estofada, ilumi-
dourado e verde, e com motivos de o cabelo encaracolado, características nam o interior do altar, onde ainda se
chinoiseries16 . As portas inserem das representações de Buda. observam um terço de marfim e jarras
internamente pinturas de taças floridas Da mesma produção proveniente da policromadas em porcelana chinesa,
sobre peanhas, guarnecidas por festão Índia, insere-se um Crucifixo de Pousar, Dinastia Qing, do século XVIII.
vegetalista e de aves exóticas. com a imagem crística de cendal on-
EM CIMA
Cadeira de braços. Portu- dulante, esculpida no mesmo material,
gal. Século XVII. Madeira,
couro e latão dourado. Alt. sobre cruz em madeira exótica e com
141 x Larg. 64,5 x Prf. 50
cm. Inv. 83 MB.
38 39
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
À DIREITA EM BAIXO
Santo António. Escultura. Casula. Itália (tecido)/Flan-
Portugal. Século XVIII. dres (bordado). Século XV
Madeira dourada, estofada (tecido)/XVI (bordado).
e polícroma, e prata (res- Veludo, fio de seda policro-
plendor). Alt. 88 x Larg. ma, fio laminado dourado e
35,8 cm. Inv. 709 (a) MB. prateado. Alt. 118 x Larg. 75
cm (costas). Inv. 1/87.
40 41
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 2
Sala do Estrado
42 43
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
EM CIMA
pressão maneirista, datável do século crim e a alfazema.
Taça. China. Dinastia XVII, ilustra a “Anunciação à Virgem”,
Ming. Porcelana. Alt. 11 ø
22,5 cm. Inv. 2273 MB. em que Nossa Senhora, por ser mu-
44 45
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
À DIREITA
Santo António com o Menino
Jesus. Pintura. Portugal. Século
XVII. Óleo sobre tela. Alt. 95 x
Larg. 105 cm. Inv. 1942 MB.
EM CIMA
As casas revestiam-se de tapetes descoberta da rota marítima por Vasco XVII, a que se associa uma garrafa Natureza Morta. Pintura.
Flandres, (?). Século XVII.
orientais, provenientes da Pérsia, Tur- da Gama. Os objectos integrantes do de cerâmica chinesa, Dinastia Ming, Óleo sobre tela. Alt. 69,6 x
Larg. 93 cm. Inv. 186 MDS.
quia ou Índia,20 sendo ainda de referir espaço referenciam conexões com a posicionadas sobre a mesa revestida
a produção hispano-mourisca das Índia (mobiliário indo-português), com por uma colcha de damasco ao gosto
cidades de Alcaraz e Cuenca. a China (a cerâmica azul e branca da da época.
Pelos finais do século XVI,21 na vila Dinastia Ming) e com o Japão (o mobi- No armário-louceiro, dentro da
de Arraiolos terá surgido uma activi- liário acharoado). ostentação característica do período,
dade tapeceira, de génese presumivel- Junto das paredes, situam-se expõem-se pequenos pratos chineses,
mente doméstica, inspirada nos mode- móveis acharoados, do século XVIII, da Dinastia Ming, faiança holandesa
los estrangeiros existentes no país que, vendo-se da esquerda para a direita, azul e branca, pratos portugueses do
a partir da segunda metade do século um relógio de caixa alta ou de coluna, século XVII e uma salva de prata, barro-
XVII, se terá expandido e comercializa- um armário-louceiro e um armário- ca, portuguesa e do século XVIII, muito
do, indo fornecer os interiores sump- contador, que pretendiam aproximar- típica dos nossos interiores.
tuosos do clero e da nobreza. -se dos belíssimos efeitos dos lacados, Antes de sairmos, um olhar às
Em toda a ambiência da sala, ornamentando-se de policromias, restantes pinturas, entre as quais uma
ressalta o contacto de Portugal com combinando o dourado com vermelho “Natureza Morta”, de presumível Esco-
o Oriente, incentivado a partir da ou o verde. la Flamenga e do século XVII, com todo
Distribuídos pela sala, em intenção um conjunto de simbologias caracte-
de aparato, dispõem-se objectos de rísticas desta tipologia temática, e ao
luxo, de que se destaca uma gaveta- “Santo António e o Menino”, de execu-
EM CIMA
-escritório indo-portuguesa do século ção nacional, denunciando a influência Pote. Cerâmica. China.
Dinastia Ming. Alt. 28
da pintura de Josefa de Óbidos.
ø 15,5 cm. Inv. 17 MB.
46 47
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 2
Salão de Música
e de Jogo
48 49
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Para além da festa pública que carac- Deparamo-nos com uma ambiência No decurso do século XVIII, a Penín-
terizou o Barroco, a confraternização tipicamente palaciana. Referem-se dois sula Ibérica esteve em voga entre
social invadiu as famílias, iniciando-se pianos, destacando-se o piano de mesa, os viajantes. Naquela época viajar
um processo imparável de transforma- que se encontra junto da entrada, dos constituía uma forma de educação, de
ção de hábitos e de atitudes. finais do século XVIII, princípios do XIX. desenvolvimento pessoal, sendo uma
A partir de então, os encontros so- Nas paredes suspendem-se oportunidade possível à classe nobre,
ciais passaram a integrar as exigências quadros europeus do século XVII, dos marcadamente cosmopolita. Entre
da nobreza e da burguesia ascendente. quais “Nossa Senhora, o Menino e esses viajantes encontravam-se fidal-
Esta sociabilização que se expressou São João Baptista”, e “Salomé com a gos, letrados e cientistas, estes últimos
por uma manifesta presença feminina cabeça de São João Baptista”, ambos motivados por razões culturais, mas
passou a estar associada a dança, do lado direito. Na mesma parede, o também aventureiros, que deixaram
música e jogos, sendo os de cartas retrato oval da Rainha D. Maria I (1777- obras publicadas sobre a sua estadia
os mais apreciados. 1816), de execução mais tardia. no nosso país.
O compartimento que desde a O mobiliário presente é de produção Carl Ruders, sueco que esteve
EM CIMA
origem foi Salão de Música, o que se portuguesa predominantemente do sé- entre nós, nos finais do século XVIII,
Floreira (par). Do serviço de
jantar de encomenda do 5.o documenta pela presença de motivos culo XVIII, com excepção do escritório descreveu, “Todas as noites éramos
Marquês de Marialva. Chi-
na. Dinastia Qing, Reinado musicais nos estuques artísticos do e do ventó, de fabrico indo-português,
Qianlong. 1775. Porcelana. tecto, – com decoração de influência do século XVII, que se dispõem um EM CIMA
Alt. 21,5 x Larg. 18 cm. Inv. Salomé com a cabeça de
159 MB e 160 MB. Adam, 22 de cariz neoclássica –, terá de cada lado da sala, sobre as mesas São João Baptista. Pintura.
sido palco de inúmeros encontros. revestidas por damascos. Europa. Século XVII. Óleo
sobre tela. Alt. 114, 7 x Larg.
173,5 cm. Inv. 180 MDS.
50 51
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
convidados para uma partida – assim A difusão de bebidas exóticas como o O consumo destas bebidas deu origem da janela central: bule, leiteira, frasco
se costumavam chamar tais reuniões – chá, 25 o café e o chocolate, alterou há- à criação de serviços específicos e a de chá, açucareiro, covilhete para
onde se conversava e jogava o whist, 23 bitos alimentares não só em Portugal, peças como a cafeteira, a chocolateira, doces e duas taças de chá com pires.
o voltarete e o boston sueco.(...). mas em toda a Europa, associando-se a chávena de café, de chocolate e de chá Ao fundo, uma mesa de jogo, dos
Às nove horas, serve-se o chá, café, ao expressivo incremento de sociabili- – esta última numa evolução europeia finais de Setecentos, exibe cartas
limonada, capilé, leite de amêndoas, zação entre nós. da taça chinesa –, a leiteira, o açucarei- e peças de gamão, jogo igualmente
pão, torradas embebidas em manteiga William Beckford, inglês que viajou ro, a taça de pingos, a chaleira e, no final muito apreciado pela sociedade nobre
e toda a espécie de doces. Cerca da até Portugal e aqui permaneceu de do século XVIII, o samovar. da época.
meia-noite come-se de novo, retirando- Maio a Setembro de 1787, levou-nos até Neste periodo verificou-se ainda a Vemos ainda vidros portugueses e
-se os convivas perto das duas horas. uma refeição na casa do Marquês de disseminação de novos modelos de bule europeus espalhados pelo salão e, na
Numa partida, quando o jogo estava na Penalva: “consistia em chocolate, do- e de frasco de chá, que foram produ- meia-cómoda ao fundo, um relógio de
maior animação, houve um agradável ces, chá e excelente café, e era servida zidos nos mais variados e requintados bufete ladeado por um par de jarras
intermédio, cantando mademoiselle em porcelana de Dresden. Nunca assis- materiais, desde a prata às porcelanas floreiras de porcelana chinesa, Dinastia
M. algumas canções portuguesas ti a um tão admirável pequeno-almoço europeias e chinesas. Qing, brasonadas, do serviço de en-
acompanhadas ao piano pelo Senhor em Inglaterra. As toalhas e os guarda- No compartimento destacam-se comenda do 5.o Marquês de Marialva,
J. Esse género de canções, que aqui napos eram lindíssimos e curiosamen- inúmeras peças de porcelana chinesa, Estribeiro-mor da Rainha D. Maria I.
se chamam modinhas, não agradam te bordados com armas e flores em de exportação para a Europa, Dinastia
menos aos estrangeiros do que aos vermelho sobre fundo branco. Muitas Qing, do século XVIII. Nesta colecção
nacionais. Em seguida, o mencionado salvas, com enormes morangos, perfu- chama-se a atenção para os elementos
músico cantou algumas composições mavam a casa, de cujas janelas se via de diferentes serviços que se encon-
de sua lavra, ao gosto italiano”. 24
uma grande extensão do Tejo”. 26
tram na pequena mesa pé de galo, junto
52 53
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 2
Gabinete
54 55
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Gabinete
Património e Cultura
O gabinete 27 integra-se num espaço de provisoens que eu vi no cartório da Junto da mesa, cadeiras de braços, porcelana chinesa de exportação para a
revestido por um lambril de azulejos casa dos Biscainhos”. 28 em couro lavrado com aplicação Europa, Dinastia Qing, do século XVIII.
neoclássicos e com um tecto ornamen- No Antigo Regime, o livro constituiu- de pregaria dourada em latão, do No espaço podemos ainda ver um
tal de estuques relevados, centralizado -se como um importante instrumento século XVII. relógio de chaminé, francês, em
por pintura. cultural. No compartimento, apresen- Na parede do lado direito, suspen- bronze, do século XIX, ladeado por um
A Casa Senhorial possuía habitual- tam-se publicações encadernadas a de-se um quadro a óleo sobre tábua, par de jarras francesas, estilo Império,
mente uma Biblioteca, também couro, dos séculos XVII e XVIII. A um tríptico, representando “São e, na parede do lado direito, um relógio
designada de Livraria, em que se documentar a escrita, quatro escritó- Francisco de Assis, Santo António e a de caixa alta ou de coluna de modelo
incluía o cartório, que consistia no rios – mobiliário indo-português de Anunciação”, datável do século XVII. neoclássico.
conjunto de documentos respeitantes Seiscentos, – distribuídos pela sala, Nas outras paredes, “Santa Maria
ao património familiar e respectiva dois dos quais, sobre a mesa de abas Madalena” (?), um óleo sobre tela EM CIMA
São Francisco de Assis, Santo
administração. Inácio José Peixoto, do lado direito – sendo o mais peque- posicionado acima da lareira, e uma António e a Anunciação. Pin-
desembargador bracarense já men- no, presumivelmente, filipino 29. Junto, colecção de gravuras europeias, tura. Portugal. Século XVII.
Óleo sobre madeira. Alt. 133 x
cionado, a propósito do Dr. Constantino observam-se um manuscrito e um ilustrando o motivo bíblico da história Larg. 172,5 x Prf. 7,5 cm. Inv.
191 MDS.
Ribeiro do Lago, referiu, “como consta tinteiro em cerâmica portuguesa de José do Egipto.
da centúria seguinte. Ao fundo, uma cómoda escrivaninha
EM CIMA Do mesmo período, vidros policro- apresenta diversos objectos, entre os
Tinteiro. Portugal. Século
mados, de fabrico português, com quais uma salva com peças em
XVIII. Faiança pintada a
azul e vinoso. Alt. 6 ø 17,7 legendas alusivas aos reis portugueses
cm. Inv. 2370 MB.
D. João V e D. José I (1750-77).
56 57
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 2
Sala de Jantar
58 59
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Pompa e Prazer
jantar de encomenda do
1.o Visconde de Mirandela.
China. Dinastia Qing.
Reinado Qianlong. 1795.
Porcelana. Alt. 3,8 x
Larg. 27,5 x Comp. 36,5 cm.
Inv. 214 MB.
A Sala de Jantar integra-se numa divisão
de características neoclássicas, com o tecto
ornamental de estuque artístico e pintura
central ladeada por quatro paisagens, estas
ao gosto de Jean Pillement.
As paredes apresentam pinturas e Com o decorrer da centúria, os hábitos espécies mandadas executar na China,
azulejos do estilo do ambiente, corres- de mesa evoluíram, com profusão de com motivos heráldicos das famílias.
pondente ao período de governação novas peças e apurar de elementos já A sala enquadra mobiliário portu-
da Rainha D. Maria I, sendo o conjunto existentes como os talheres, “a colher, guês neoclássico, com excepção do
datável dos finais do século XVIII. a faca e o garfo associam-se num aparador de modelo inglês, no qual
A Sala de Jantar como espaço fixo talher individual que passa a ser podemos ver um Relógio, em bronze
para tomar as refeições surgiu em Por- colocado junto ao prato de cada convi- dourado, francês e em estilo Império,
tugal provavelmente a partir do terceiro va e os cabos das três peças unifor- estojos de faqueiro, revestidos de lixa 33
quartel do século XVIII. 30
Até então as mizam-se através de uma decoração e forrados interiormente a veludo car-
refeições eram servidas em diferentes geral idêntica”. 32 mesim, entre refrescadores chineses
compartimentos da casa de acordo No final do século XVIII, contra- do século XVIII.
com a disposição dos donos, para o riando os esforços desenvolvidos pelo Sobre as mesas de encosto, entre
que os lacaios deslocavam a base das Marquês de Pombal, ministro do rei D. outros objectos, podem-se observam-
mesas e as tábuas das mesmas,31 que José I, de incentivo à produção cerâmi- -se três samovares em casquinha e
EM CIMA cobriam com os mais delicados têxteis, ca portuguesa, acentua-se o gosto por dois gomis um dos quais em estanho,
Gomil. Portugal. Século
XVIII. Estanho. Alt. 26,5 baixelas de estanho e, em período parte da fidalguia portuguesa, pelas habitualmente associados a bacias de
x Larg. 21 ø 10,3 cm. posterior, de prata e em porcelanas requintadas peças europeias e orien- água-às-mãos, para a higiene de mãos
Inv. 3350 MEP.
europeias e chinesas. tais designadamente, pelas porcelanas integrante do ritual de mesa.
chinesas, Dinastia Qing, entre as quais,
muitas de serviços de encomenda,
60 61
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
01 02
01 Prato. China. Dinastia EM BAIXO
Qing. Reinado Qianlong. Estojo de faqueiro.
Século XVIII. Porcelana. Portugal. Século XVIII,
Alt. 2,4 ø 22,4 cm. Inv. 2.a metade. Madeira, lixa,
219 MB. veludo e metal. Alt. 38,3 x
Larg. 24 x Prf. 27 cm.
Inv. 2208 MB.
02 Prato. China. Dinastia
Qing. Reinado Qianlong.
Século XVIII. Porcelana.
Alt. 3,1 ø 23,8 cm. Inv.
265 MB.
03 Prato. Decoração
03 04 inspirada em gravura de
Moreau Le Jeune. China.
Dinastia Qing. Reinado
Qianlong. Século XVIII.
Porcelana. Alt. 2,8 ø 23,5
cm. Inv. 226 MB.
62 63
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 1
Claustro
64 65
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Claustro
Austeridade e Natureza
EM CIMA
Estruturado em granito, apresenta-se pilastras esculpidas e pedras de fecho Claustro.
Perspectiva parcial.
como uma galeria de dois pisos dos arcos superiores com motivos
abrindo-se para um espaço de ar livre, decorativos vegetalistas.
centralizado por chafariz de taça A revestir as paredes do 2o piso
circular e motivo escultórico, com do pátio, apresentam-se lambris de
cabeças de querubins de cujos lábios azulejos portugueses do século XVII,
jorra sonora água que envolve de em alegre policromia de azul, amarelo
mágica nostalgia todo o espaço. e branco, com motivo ornamental,
Relembramos as fidalgas do século conhecido como de “tapete”, na
XVII, enclausuradas no interior das sequência da tradição de revestimen-
suas casas, impedidas de desfrutar tos parietais de tapeçarias e tecidos
o contacto com o ar-livre, salvo na lavrados, forrando as paredes de uma
protecção dos olhares exteriores rede ornamental contínua.
proporcionada por estes pátios ou O claustro apresenta-se como o
pelos jardins resguardados por altos pólo aglutinador das diferentes alas do
muramentos. palácio, para o qual todas convergem.
Do lado nascente, apresenta dupla EM CIMA
EM CIMA Painel de azulejos. Pormenor.
Claustro. arcada encimada por balcão com Portugal. Século XVII.
Perspectiva parcial. balaústres, formando um terraço para Alt. 124 cm x Comp. 585 cm
(totalidade do painel).
o qual se abrem três portas ajaneladas,
sendo este de expressão barroca, com
66 67
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 1
Aposentos
68 69
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Aposentos À DIREITA
Cofre. Século XVII. Portu-
gal (?). Tartaruga e prata.
Os Aposentos inserem-se numa alguma comodidade pela retenção do No que respeita à higiene, o compar-
sequência de espaços com pinturas calor e o corte da humidade exterior, timento assumia todas as funções
parietais do período Império e referen- assim como a intimidade possível num corporais sendo as lavagens mais
ciam o conteúdo vivencial dos quartos espaço habitualmente compartilhado comuns as de mãos, rosto e, preponde-
de dormir de secular polivalência fun- por várias pessoas, designadamente, rantemente, de pés, o que justificará a
cional, que no Antigo Regime se foram filhos, familiares ou mesmo criados. presença de “ bacias de pés de cama”
definindo como os compartimentos Os tecidos eram delicados e luxuo- ou de “lavapés”.
personalizados para dormir, vestir, sos como linhos finíssimos da Holanda, Era no quarto de dormir que, com a
EM CIMA realizar a higiene corporal e orar. rendas, bordados como os das colchas ajuda de serviçais, os nobres compu-
Leque. Século XVIII.
Marfi m, papel e gouache. Naqueles tempos, a palavra “cama” Indo-portuguesas e de Castelo-Branco, nham a sua indumentária e se embele-
Holanda (?). Alt. 27,5 x Larg.
estava reservada ao conjunto de têx- sedas, damascos e brocados. zavam com o esplendor dos têxteis
52,5 cm. Inv. 2367 (x) MB.
teis da mesma e a estrutura de madeira Anexos aos quartos, existiam e acessórios, assim como das peças
onde assentava aquela, designava-se por vezes alcovas, espaços mínimos de joalharia.
de leito, salientando-se a tradição para conterem um catre – leito mais
portuguesa de dormir sobre estrados, pequeno –, e reservadas por singelas
arcas e mesmo no chão sobre esteiras. cortinas.
As “camas” compunham-se de
colchão, lençóis, cobertores, colchas
e fronhas. O dossel – plano ou em À DIREITA
Colcha. Pormenor. Castelo
pavilhão – com a respectiva armação
Branco. Século XVIII. Linho
de sanefas e cortinas, assegurava fio seda. Comp. 208 x Larg.
138 cm. Inv. 360 MB.
70 71
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 1
Cómodos de
Escravos e Criados
72 73
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Cómodo de
Escravos e Criados
Trabalho
“Ainda que Negros, gente
somos e alma temos”.
Roland, “Adágios”, 1780
José Inácio Peixoto faz uma referência
à escravatura associada à Casa dos
Biscaínhos, em 1756: “(...) apenas lá se
Descendo do andar nobre ao piso soube do embargo, sahio Martinho Pe-
térreo, à direita, situa-se um compar- reira seu filho e soldado, vários creados
timento que referencia a presença da e escravos delle e do Deão (...)”. 38
escravatura negra no quotidiano da A escravatura era corrente em
sociedade portuguesa, desde que, diferentes níveis da sociedade do An-
em 1441, entraram no nosso país os tigo Regime, nobres, burgueses e até
primeiros africanos. lavradores. Os escravos eram encami-
Segundo Leite de Vasconcelos,36 nhados para os trabalhos domésticos
aportou à metrópole gente de quase no interior da casa, para a agricultura
todas as colónias portuguesas. Em e o pastoreio, constituindo nas
meados do século XVI (1554) um le- classes mais elevadas símbolos de
vantamento apontava para que 10% da poder económico.
população de Lisboa fosse negra, 37 isto Será de referir que Portugal foi
é, escrava ou alforriada, o que conti- um dos primeiros países a promulgar
nuou a aumentar nos séculos seguin- a extinção da escravatura nos seus
tes. Embora a distribuição deste grupo domínios metropolitanos, no reinado
tivesse maior incidência na capital e no de D. José I, no ano de 1761. 39
sul, espalhou-se por todo o território. Presume-se que, na sociedade
Em Braga, a sua presença é assi- portuguesa, os escravos colheram um
nalada, a título de exemplo, em 1545, tratamento similar ao dos criados.
no Índice dos Prazos das Casas do
Cabido com a referência a Ana Teixeira,
PÁGINA À DIREITA
escrava. Negros participavam nas mui- Painel de azulejos do Salão Nobre.
tas festas públicas da cidade durante o Cena de um nobre acompanhado
de um presumível escravo. P.M.P.
século XVIII. (atrib.). Portugal. Século XVIII,
1.o quartel. Alt. 167 x Comp. 255
cm (totalidade do painel).
74 75
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 1
Cavalariça
76 77
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Cavalariça
Tradição
PÁGINA À DIREITA
Cavalariça. Século XIX.
Perspectiva parcial.
78 79
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
PISO 1
Cozinha
80 81
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Cozinha
Ancestralidade e Requinte
“Fatias de ovos.
Amassem huma duzia de ovos com doze
onças de farinha, hum arratel de amendoas
muyto bem pizadas, hum arratel de açucar
de pedra pineyrado, huma colher de man-
teiga de vacca, agoa de flor misturada com
À ESQUERDA
água rosada...” Forno e Armário com
tacharia em cobre.
Assim escrevia Domingos Rodrigues, do compartimento, e três outros encas- Vêem-se ainda os espetos de ferro
mestre de copa do rei D. Pedro II, na sua trados na laje do pavimento e igualmen- para as carnes serem assadas ao lume,
obra, “Arte de Cozinha devidida em tres te fornecedores de água. assim como diferentes almofarizes
partes”, impressa em 1693, na Oficina Nas paredes fronteiras a quem en- com suas mãos para a necessária
de Manuel Lopes Ferreira de Lisboa,40 e tra, mais dois armários embutidos com pulverização de produtos, nos quais se
que viria a ser sucessivamente reedita- portas de madeira. incluíam as especiarias, ou “adubos”
do nos séculos seguintes.41 O recheio de tacharia em cobre, dis- como então eram designadas, como a
A cozinha do Museu dos Biscaínhos tribui-se pelos armários, suspenso das pimenta, o cravo-da-Índia e a canela,
é uma estrutura funcional, datável da paredes e na chaminé à volta do fogo entre outros.
primeira metade do século XVIII, já que central, vendo-se caldeiras, panelas, A alimentação da classe nobre dos
é assinalada no “Mappa da Cidade de tachos, frigideiras, marmitas, caçaro- séculos XVII e XVIII era muito farta,
Braga Primas”. las, chocolateiras, todas de grandes incluindo toda a carne que conhece-
Apresenta interiormente o arco dimensões, dado que era necessário mos, acrescida da caça, então muito
da grande chaminé na qual se inserem alimentar as muitas pessoas que habi- apreciada e directamente praticada por
dois fornos de parede, um armário em- tavam a casa, os senhores, familiares senhores e lacaios, designadamente,
butido integrando vetustas prateleiras e convidados, os criados e escravos perdiz, tordo, rola, javali, veado, cervo e
EM CIMA em ferro e um orifício de escoamento domésticos e os de serviço de apoio à gamo, entre outros. O marisco e o peixe
Cantil. Portugal. Século
XVII, 1.a metade. Faiança no fundo. zona agrícola. eram reservados para os dias de jejum
pintada a azul. Alt. 41,5 ø A restante área integra um tanque e o período quaresmal, consumindo-se
(base) 14,5 cm. Inv. 322 MB.
com carranca granítica de onde jorrava variadas espécies deste, nomeada-
a água essencial às múltiplas funções mente, linguado, pescada, ruivo, safio,
82 83
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
À ESQUERDA
Perspectiva no interior
da chaminé.
PÁGINA À DIREITA
Perspectiva parcial
da cozinha. Fonte e
carranca ao fundo.
84 85
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Jardins
86 87
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Jardins
Luz, Beleza e Espectáculo
“Jardim” é originária da cultura france- este-oeste, em três níveis ou patama- e transportes. Através desta área se
sa, tendo penetrado na língua portu- res, como um jardim arquitectónico, passava à alameda de acesso ao antigo
guesa no século XIV ou XV, a partir de sequenciando o Terreiro e o Jardim portão, localizado um pouco mais proporcionam a esta área uma outra
“Jardin Potagère”, que significava horto Formal, o Pomar e a Horta, sendo o abaixo do actual. valia, a de espaço de estar.
de recreio. conjunto rematado por muralhas suge- À esquerda, um renque de magnó- O Portão Nascente ergue-se em
Como atrás se referenciou, o “Map- rindo um baluarte Seiscentista. lias constrói uma cortina verde que dupla pilastra com pináculos pirami-
pa da Cidade de Braga Primas”, apre- O eixo do conjunto Imóvel/Jardins veda o jardim dos olhares exteriores, e dais encimados por esferas, permitin-
senta os Jardins dos Biscaínhos com a inicia-se na porta da fachada voltada a à direita, situa-se o corpo da cozinha de do a entrada no Jardim Formal a
definição do Jardim Formal e restantes nascente, atravessando o centro desta piso térreo, perpendicular à fachada, partir do Terreiro.
áreas, proporcionando-nos a amplitude ala pelo interior do edifício, saindo para em funcional proximidade com a zona O Jardim Formal é um recinto
original assim como confirmando a o Terreiro que percorre e prolongando- verde para a necessária condução diá- rectangular cuja expressão rococó
sua datação. -se até ao fundo da Horta. ria dos produtos provenientes da Horta corresponde a uma intervenção pos-
Os Jardins, voltando-se para a Lateralmente, a propriedade insere e do Pomar, para a alimentação dos terior à estruturação original da área.
fachada posterior, foram presumivel- um Canavial e um Pombal, e uma ala- habitantes e trabalhadores da casa. É delimitado por alegretes, centraliza-
mente definidos no âmbito das grandes meda de laranjeiras desdobra-se até à O Terreiro insere um chafariz com dos por urnas sobre pilastras sendo
obras de ampliação e valorização Rua dos Biscaínhos. taça de formato elíptico ondulado, à revestidos internamente por grupos
da Casa, realizadas pelo Arquitecto O Terreiro, de recorte rectangular, maneira Barroca, com um corpo escul- azulejares do século XVII e define um
Manuel Fernandes da Silva, no segundo situa-se entre a fachada posterior da tórico central, com repuxos de água, duplo eixo de arruamentos, este/ oeste
decénio do Século XVIII. casa e o Jardim Formal. Outrora terá definindo quatro meninos atlantes.
sido espaço de intenso movimento de Bancos de pedra adossados à fachada
88 89
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
À ESQUERDA
Terreiro. Perspectiva
sobre fonte
f . Século XVIII.
EM CIMA
Jardim Formal. Perspectiva
aérea. Século XVIII.
90 91
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
À DIREITA
Graça. Escultura.
Granito. Portugal (Braga?).
Século XVIII.
PÁGINA À DIREITA
Jardins. Perspectiva
destacando Tulipeiro
do século XVIII.
92 93
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Notas e Bibliografia
94 95
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Notas
1 Vide VASCONCELOS, Maria da de Souza da Sylva com D.os Fr.ez, (...) Livros Horizonte, 1989, p. 38. vas(...), C.M. Porto, Casa Museu Borges de, p. 34. – segunda metade do século
Assunção Jácome de – O Livro do mestre pedro”, 1 de Agosto de 19 No âmbito de um inventário Guerra Junqueiro, Fundação 34 Vide COSTIGAN, A. William XVIII. Todavia, só no século
Mapa das Ruas de Braga de 1750, 1698, fls. 107-108. de bens de uma casa dos Açores, Oriente, 2002, p. 10. – Cartas sobre a Sociedade e seguinte estas duas culturas
in Braga Revisitada. 1750. Mapa 8 Arquivo Distrital de Braga datado de 1808, que descreve 26 BECKFORD, W. – Diário de os Costumes de Portugal. 1778- conheceram a expansão que as
das Ruas de Braga 1750-2000. – NOTA GERAL, 1.a Série, n.o 542, os compartimentos, é referida William Beckford, Lisboa, Em- 1779”. Lisboa, Lisóptima Edições, tornou elementos fundamentais
Ed. do Museu dos Biscaínhos/ “Contrato de obra de pedraria do uma “Caza do Estrado”. Vide Ins- presa Nacional de Publicidade, 1989, 1o vol., p. 34. da agricultura portuguesa. Vide
IPM e A.D.B/UM, Braga, Dez. Ro D. Franco Pra da Silva Deam tituto Histórico da Ilha Terceira 1957, p. 69. 35 BECKFORD, William – Diário MATTOSO, p. 78.
de 2000, p. 10. nesta Santa Sé com Manuel – O Solar de Nossa Senhora dos 27 “(...) gabinete. Este termo de de William Beckford. Lisboa, Em- 46 Na “Arte de Cozinha” são
2 Vide obras: PEIXOTO, José Fernandes da Silva, mestre pedro Remédios (Canto e Castro) 1755. origem francesa designava um presa Nacional de Publicidade, apresentadas receitas com na-
Inácio – Memórias Particulares. desta cidade”, 26 de Novembro Angra do Heroísmo, 1996, (...) compartimento dedicado ao 1957, p. 105. bos, espargos, alfaces, cebolas,
ADB. 1992 e FERNANDES, Maria de 1712, fls. 103-104. pp. 30, 35-36. trabalho intelectual, ao convívio 36 Op. cit., p. 38. cenouras, couves, entre muitos
Manuela Campos Milheiro – A 9 Vide ROCHA, “Manuel Fernan- 20 E provavelmente do norte e repouso espiritual do seu pro- 37 Vide BRÁSIO, António – Os legumes e vegetais. Vide ainda o
Cidade e a Festa no Século XVIII, des da Silva (...)”, pp. 168-172. de Africa. Vide FONSECA, Jorge prietário.” in FONSECA, Jorge Pretos em Portugal. Agência manuscrito do século XVII, “Ten-
Ed. Instituto de Ciências Sociais, 10 Herdeira da Antiga Junta – “Tapetes de Arraiolos. Novos – Um Nobre Alentejano Geral das Colónias. Lisboa, ções das Cores, das Flores, das
Universidade do Minho, Vol. I, de Província. elementos para a sua história”, do século XVIII e a sua casa..., 1944, p. 14. Hervas, das Árvores, dos Fruitos
Braga, 1997, p. 15. 11 “Os bufetes, mesas de madei- in Almansor, Revista de Cultura, p. 232. 38 Vide PEIXOTO, op. cit., p. 32. e Significação dos Adubos”,
3 A Rua dos Biscaínhos deve a ras ricas, lavradas e com aplica- Edição da Câmara Municipal de 28 Vide PEIXOTO, José Inácio, 39 Informa-se que na base desta com referências a porro, pepino,
sua denominação à presença de ções de metal”. Vide FONSECA, Montemor-o-Novo, n o 13, 1995- op.cit., p. 150. decisão estavam interesses beldroegas, espinafres, entre
artífices da Biscaia que no século Jorge – O Interior Doméstico 1996, p. 117. 29 “Sob o domínio de Espanha económicos de canalização da outros, in SERRÃO, Vítor, p. 248.
XVI foram chamados pelo grande em Montemor-o-Novo no século 21 “Em 1598 surge a primeira (1581-1640), o mobiliário vai escravatura para o Brasil, para 47 CARITA, Hélder; CARDOSO,
Arcebispo D. Diogo de Sousa XVII. In Almansor. Revista de Cul- referência a um tapete feito na reflectir as linhas maneiristas apoio às explorações agrícolas. Homem – Tratado da Grandeza
para as obras de valorização tura. C.M. de Montemor-o-Novo, vila no inventário de Catarina dominantes numa grande simi- A extinção alargada a todo o dos Jardins em Portugal..., Edi-
da cidade empreendidas por n.o 9, 1991, p. 180. Rodrigues, mulher de João laridade com os móveis desse território de domínio português ção dos Autores, 1987, p. 15.
este prelado. Foi nesta via que 12 Atribuição de José Meco em Lourenço, lavrador e morador país (tomando frequentemente a só se concretizou por decreto 48 Reservados da B.N.L., Proza
se instalaram os biscaínhos deslocação ao Museu. na herdade de Bolelos, termo de designação de mobiliário filipino). de 1836. Varia. Cód. F/3656, fls. 53-54.
e respectivas famílias e, mais 13 Vide MELLO, Magno Moraes Arraiolos: “hum tapete de teRa (...)”. In SOUSA, M. Conceição 40 RODRIGUES, Domingos Comunicação do Dr. Miguel Faria
tarde, quando este edifício foi – Manuel Furtado e a pintura novo avalliado em dous mill Reis”, Borges de, p. 26. – Arte de Cozinha, Officina de in SERRÃO, Vítor, p. 248.
construído, presumivelmente, de tectos joaninos em Braga, in in FONSECA, Jorge, op.cit. p. 114. 30 Na obra de MADUREIRA, Manoel Lopes, Lisboa, 1693. 49 Vide HATHERLY, Ana – “As
por ser o mais importante da Minia. ASPA, 3.a Série, Ano III, 22 VASCONCELOS, Flórido de, Nuno Luís – “Lisboa: 1740-1830, 41 No século XVIII foram publi- Misteriosas Portas da Ilusão. A
artéria ficou identificado com a 1995, pp. 157-188. Estuques Decorativos do Norte cidade, espaço e quotidiano”. cados outros manuais culinários, Propósito do Imaginário Piedoso
designação da mesma. 14 Vide MELLO, Magno Moraes de Portugal, Fundação Calouste Livros Horizonte, Lisboa, 1992, de que refiro: RIGAUD, Lucas em Sóror Maria do Céu e Josefa
4 Vide GAYO, Felgueiras – Nobi- – A Pintura de Tectos em Pers- Gulbenkian, Centro Regional de é referida uma divisão como “ – Cozinheiro Moderno ou Nova d’Óbidos”, in SERRÃO, Vítor,
liário das Famílias de Portugal, pectiva no Portugal de D. João Artes Tradicionais, Porto, 1991, “casa de jantar” em Planta do Arte de Cozinha. Lisboa, Simão pp. 73-74.
Tomo V, Edição de Agostinho de V, Col. Teoria da Arte, Editorial estampa 9. Edifício que se há-de fazer na Rua Tadeu Ferreira, 1798 e Arte Nova 50 O manuscrito do século XVII
Azevedo e Domingos de Araújo Estampa, 1998, pp. 173-180. 23 Jogo de cartas muito apre- Formosa, 12 de Janeiro de 1772”. e Curiosa para Conserveiros, já identificado “Tenções das
Afonso, Braga, 1938, p. 47. 15 Vide ATAÍDE, Luís Bernardo ciado pelo Marquês de Pombal, Vide SOUSA, M.da Conceição Confeiteiros e Copeiros (...). Cores, (...)”, in SERRÃO, Vítor,
5 Vide PEIXOTO, op. cit., pp. 15-16. Leite – A Casa Morgadia, in Ministro do Rei D. José I. Vide Borges de, p. 33. Impresso nas Oficinas de José p. 248.
6 Idem, ibidem. Etnografia, Arte e Vida Antiga GORANI, Giuseppe – Portugal. A 31 Esta poderá ser a explicação Aquino Bulhões, Lisboa, 1788. 51 Grupos retalhados de azulejos,
7 Embora exista no Arquivo dos Açores, Biblioteca Geral da Corte e o País nos anos de 1765 a para a expressão contemporânea 42 Vide SANTOS, Piedade presumivelmente provenientes
Distrital de Braga um contrato Universidade, Coimbra, 1973, 1767. Lisóptima Edições, Lisboa, de pôr e levantar a mesa que Braga, RODRIGUES, Teresa de outro local.
relativo à casa, datado de 1698 e vol. I, p. 217. 1989, p. 96. usamos todos os dias, sem deslo- S., NOGUEIRA, Margarida Sá 52 A urna que remata a constru-
celebrado por um outro filho do 16 Motivos orientalizantes. 24 RUDERS, Carl Israel – carmos a mesma do lugar. – Lisboa Setecentista vista por ção datará provavelmente da se-
desembargador, Diogo de Sousa 17 Vide ALARCÃO, Teresa; Viagem em Portugal. 1798 32 Vide SOUSA, Gonçalo de Estrangeiros, (...), p. 53. gunda metade do Setecentismo.
e Silva do Lago com Domingos CARVALHO, José Alberto Seabra – 1802, Lisboa, Biblioteca Nacio- Vasconcelos e – “Artes de Mesa 43 Caldos, sopas. Legumes ou 53 BECKFORD, p. 223-224.
Fernandes, mestre de pedraria, de – Imagens em Paramentos nal, 1981, p. 174. (...)” p. 32. qualquer hortaliça cozidos.
não se identificou a que parte do Bordados (Séculos XIV a XVI), 25 Proveniente da China e cujo 33 Raphael Bluteau: “peixe do 44 Caldos gordos com legumes
edifício poderá corresponder. Instituto Português de Museus, comércio com a Europa foi mar, esqualo, com a pele muito e carnes abundantes.
Vide Arquivo Distrital de Braga 1.a edição, 1993, pp. 184-191. inicialmente monopolizado pelos áspera... com ella se cobrem 45 O arroz e a batata ter-se-ão
– NOTA GERAL, n.o 481, “Contra- 18 LOPES, Maria Antónia – As portugueses. Vide Bebidas (As) caixas e se fazem estojos”, in implantado também durante este
to da obra de pedraria de Diogo mulheres, espaço e sociabilidade Exóticas e as Artes Decorati- SOUSA, Maria da Conceição período, embora tardiamente
96 97
MUSEU DOS BISCAÍNHOS MUSEU DOS BISCAÍNHOS
Bibliografia
IMPRESSA CUSTÓDIO, Jorge – A Real Anastácio Gonçalves, Instituto em Portugal”, in Museu dos Bis- Lopes, Lisboa, MDCXCIII. STOOP, Anne de – Palácios e Ca-
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisa- Fábrica de Vidros de Coina (1719 Português de Museus, 1.a Edição, caínhos. Na Senda do Passado: SANDÃO, Arthur – Faiança sas Senhoriais do Minho, Editora
gista e Arte dos Jardins em – 1747) e o Vidro em Portugal nos Lisboa, 1996. O Couro Lavrado no Mobiliário Portuguesa, Séculos XVIII – XIX , Civilização, s/d.
Portugal, Lisboa, Ministério Séculos XVII e XVIII: Aspectos MATTOSO, José – História de Artístico Português do Período Livraria Civilização. TÁVORA, Bernardo Ferrão de Ta-
das Obras Públicas, 1962. Históricos, Tecnológicos, Artís- Portugal, O Antigo Regime (1620 Barroco. Catálogo. Edição do Ins- SANDÃO, Arthur de – O Móvel vares – Imaginária Luso-Oriental,
ARAÚJO, Ilídio de – “Quintas ticos e Arqueológicos, Instituto – 1807), Editorial Estampa, tituto Português de Museus. 1997 Pintado em Portugal, Livraria Colecção Presenças da Imagem,
de recreio: breve introdução ao Português do Património Arqui- Quarto Volume, 1993. PEREIRA, José Fernandes; Civilização, s/d. Imprensa Nacional-Casa da
seu estudo...” in Bracara tectónico, Lisboa, 2002. MECO, José – Azulejaria Por- PEREIRA, Paulo – Dicionário SANTOS, Reynaldo dos; QUILHÓ, Moeda, 1983.
Augusta, Braga, 27 (63), 1973, FERNANDES, Maria Manuela tuguesa. Colecção Património da Arte Barroca em Portugal, Irene – Ourivesaria Portuguesa VASCONCELOS, Flórido de
pp. 321-331. Sep. Campos Milheiro – Braga: A Português. Bertrand Editora Editorial Presença, 1.a edição, nas Colecções Particulares, – Estuques Decorativos do Norte
ARRUDA, Luísa d’Orey Capucho Cidade e a Festa no Século XVIII, Lda., 1985, 2.a edição. Lisboa, 1989. 2.a edição revista e ampliada, de Portugal, Fundação Calouste
– Azulejaria Barroca Portuguesa. Ed. Instituto de Ciências Sociais, MELLO, Magno Moraes – A Pin- PEREIRA, Teresa Pacheco Lisboa, 1974. Gulbenkian, Centro Regional de
Figuras de Convite, Colecção Universidade do Minho, Vol. I, II tura de Tectos em Perspectiva no – Tapetes de Arraiolos, SILVIP SANTOS, Piedade Braga, Artes Tradicionais, Porto, 1991.
Histórica da Arte, Edições INAPA, e III, Braga, 1997. Portugal de D. João V, Col. Teoria – Sociedade Gestora do Fundo de RODRIGUES, Teresa S., VASCONCELOS, Flórido de
Lisboa, 1993. FONSECA, Jorge – “Um Nobre da Arte, Editorial Estampa, 1998, Valores e Investimentos Prediais NOGUEIRA, Margarida Sá – Os Estuques do Porto, Porto
Assembleia Distrital de Braga alentejano do século XVIII e a sua pp. 173-180. (FUNDO VIP) S.A. Edição Come- – Lisboa Setecentista vista por Património, Ano I, N.o 1, Câmara
– Museu dos Biscaínhos, casa – o inventário de Valentim MELLO, Magno Mortes – Manuel morativa do 4.o Aniversário do Estrangeiros, Livros Horizonte, Municipal do Porto, Departa-
Braga, 1978. Lobo da Silveira”, in Almansor. Furtado e a pintura de tectos Fundo VIP. 1991. Colecção Cidade de Lisboa, mento de Museus e Património
AZEVEDO, Carlos de – Solares Revista de Cultura, Edição da joaninos em Braga, in Minia. PINTO, Augusto Cardoso – Ca- Minigráfica, Cooperativa de Cultural, Divisão de Património
Portugueses, Introdução ao Câmara Municipal de Montemor- ASPA, 3.a Série, Ano III, 1995, deiras Portuguesas, Edição do Artes Gráficas, 1987. Cultural, Porto, 1997.
Estudo da Casa Nobre, Livros o-Novo, n.o 8, 1990, pp. 227-261. pp. 157-188. Autor, Lisboa, 1952. SERRÃO, Vítor – Josefa de Óbi- ZELLER, Rolando Van – Estanhos
Horizonte, 2.a edição, 1988. FONSECA, Jorge – “O interior do- Museu dos Biscaínhos – Guia- PINTO, Clara Vaz; MONTEIRO, dos e o Tempo Barroco, Instituto Portugueses, Livraria Civilização,
Bebidas (As) Exóticas e as Artes méstico em Montemor-o-Novo no Roteiro, Instituto Português do João Pedro – Colchas de Castelo Português Património Cultural, Barcelos, Janeiro, 1985.
Decorativas, o Chá, o Café e o século XVII”, in Almansor, Revista Património Cultural, Braga, 1990. Branco, Co-edição Silvip – So- Printer Portuguesa, 1991.
Chocolate, Câmara Municipal do de Cultura, Edição da Câmara Museu Nacional de Arte Antiga ciedade Gestora do Fundo de SMITH, Robert C. – Agostinho
Porto, Casa Museu Guerra Jun- Municipal de Montemor-o-Novo, – Mobiliário Português. Roteiro. Valores e Investimentos Prediais Marques: Enxambrador da Cóne- CARTOGRAFIA
queiro, Fundação Oriente, 2002. n.o 9, 1991, pp. 155-194. Instituto Português de Museus, (FUNDO VIP) S.A., Instituto Por- ga. Elementos para o Estudo do SILVA, André Ribeiro Soares da
BESSONE, Silvana – O Museu GAYO, Felgueiras – Mobiliário 1.o edição, 2000. tuguês de Museus, Lisboa, 1993. Mobiliário em Portugal, Livraria (atribuído) – “MAPPA/ (D)A/CI-
Nacional dos Coches, Instituto das Famílias de Portugal. Diver- Museu Nacional do Azulejo QUEIRÓS, José – Cerâmica Civilização, Impressão das DADE /DE/BRAGA PRI/MAS”,
Português de Museus, Fundation sos Tomos. Edição de Agostinho – Roteiro, Edições Instituto Portuguesa e Outros Estudos, Oficinas Gráficas da Companhia André Ribeiro S(oares) da Sylva.
Paribas, Lisboa, 1993. Azevedo Meireles e Domingos Português de Museus e Edições 3.a edição, Editorial Presença, Editora do Minho, 1974. Planta em perspectiva. Cerca
CARITA, Hélder; CARDOSO de Araújo Afonso, Braga, 1938. Asa, 1.a edição, 2003. Lisboa, 1987. SOARES, Maria Ivone da Paz de 1755.
– Homem, Tratado de Grandeza Mappa das Ruas de Braga, OLIVEIRA, Eduardo Pires de – O ROCHA, Manuel Joaquim – Sociabilidade Feminina:
dos Jardins em Portugal ou da Ed. Arquivo Distrital de Braga, Edifício do Convento do Salvador. Moreira da – Arquitectura Civil e Enquadramento no Quotidiano
Originalidade e Desaires Desta Unidade Cultural de Universi- De Mosteiro de Freiras ao Lar Religiosa de Braga nos Séculos da Sociedade Bracarense Sete-
Arte, Edição dos Autores, 1987. dade do Minho, Companhia IBM Conde de Agrolongo, Edição XVII e XVIII, Os Homens e a Obra, centista, Universidade do Minho,
CHANTAL, Suzanne – A Vida Portuguesa, S.A., Volumes I e II, Lar Conde de Agrolongo, Edições Colecção Centro de Braga, 1997 (Tese de Mestrado.
Quotidiana em Portugal ao tem- Dezembro, 1989. Braga, 1994. Estudos D. Domingos de Pinho Texto informatizado).
po do Terramoto, Edição Livros LOPES, Maria Antónia – As OREY, Leonor d’ – Cinco Séculos Brandão, Braga, 1994. SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos
do Brasil, Lisboa. mulheres, espaço e sociabilida- de Joalharia, Museu Nacional de ROCHA, Manuel Joaquim Morei- e – A Joalharia em Portugal:
COSTIGAN, Arthur William de: A transformação dos papéis Arte Antiga, Lisboa, 1995. ra da Rocha – Manuel Fernandes 1750-1825, Edição Livraria Civili-
– Cartas Sobre a Sociedade e femininos em Portugal à luz PEIXOTO, Inácio José – Memó- da Silva. Mestre e Arquitecto zação, 1.a edição, 1999.
os Costumes de Portugal (1778 de fontes literárias (segunda rias Particulares de Inácio José de Braga. 1693-1751, Edição da SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos
– 1779), Lisóptima Edições, metade do século XVIII), Livros Peixoto. Braga e Portugal na Colecção Centro de Estudos de e – Artes da Mesa em Portugal:
Volume I e II, Lisboa, 1989. Horizonte, 1989. Europa do Século XVIII, Arquivo D. Domingos de Pinho Brandão, do Século XVIII ao Século XXI,
COUTO, João; GONÇALVES, MATOS, Maria Antónia Pinto de Distrital de Braga, Braga, 1992. 1.a edição, Porto, 1996. Edição Maria João Oliveira, 1.a
António M. – A Ourivesaria em – A Casa das Porcelanas, Cerâ- PEREIRA, Franklin – “Breves RODRIGUES, Domingos – Arte edição, 2002.
Portugal, Livros Horizonte, 1960. mica Chinesa da Casa-Museu Dr. notas sobre os couros artísticos de Cozinha, Officina de Manoel
98 99
MUSEU DOS BISCAÍNHOS
ÁTRIO
CAVALARIÇA
COZINHA
RECEPÇÃO E LOJA
EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS 1
EXPOSIÇÕES TEMPORÁRIAS 2
JARDINS
ESCADARIA
SALA DE ENTRADA
SALÃO NOBRE
ORATÓRIO
SALA DO ESTRADO
GABINETE
SALA DE JANTAR
CLAUSTRO
APOSENTOS
APOSENTOS
APOSENTOS
DEPARTAMENTO EDUCATIVO
100