Você está na página 1de 1

PÁG.

113

LEITURA DO TEXTO

1. Esta apresentação revela que é um frade mundano, frequentador da corte e dos


seus prazeres.
2. Elementos cénicos: hábito de frade, equipamento de esgrima − capacete, escudo,
espada − e a rapariga.
2.1 O equipamento de esgrima representa o lado mundano do Frade que, em vida, se
dedicou a atividades nada próprias da sua condição. A rapariga representa a quebra
dos votos de castidade que, como clérigo, tinha feito.
2.2 Critica-se no Frade o desajuste entre a sua condição eclesiástica e a vida que
levou. Por isso, os símbolos que traz e que representam os aspetos em que essa vida
se afastou do dever estão diretamente relacionados com a intenção crítica subjacente
à construção da personagem.
3.1 Ele deveria ser alguém dedicado à alma, ao espírito, acima das coisas do mundo,
mas é mundanal e, daí, a contradição.
3.2 “Um padre tão namorado”, “Devoto padre marido”, “padre Frei Capacete”.
4.1 A afirmação alarga a crítica aos outros frades, mostrando que a quebra dos votos
de castidade de Frei Babriel não é exceção, é um hábito generalizado.
4.2 O Frade é uma personagem tipo através da qual Gil Vicente pretende criticar uma
classe − o clero − acusando os seus membros de viverem em desconformidade com as
suas obrigações.
5.1 “Som cortesão”, “Por minha la tenho eu, / e sempre a tive de meu”, “Eu hei de
ser condenado? / Um padre tão namorado”, “Por ser namorado / e folgar com ˜ua
mulher / se há um frade de perder”, “Sabê que fui da pessoa”.
5.2 O Frade não esconde o seu passado e até o assume, pois está convencido de que
por ser frade é impune.
6. A sua condição de frade é o argumento para ele irrefutável.
6.1 Pretende mostrar-se que os clérigos se consideravam muito importantes e impunes.
Tal crítica revela o mal-estar na sociedade pelo facto de os clérigos serem cada vez
em maior número e mais ricos e poderosos.
7. O Frade é uma das personagens mais duramente criticadas, mas é uma das mais
divertidas. Desde a chegada, a dançar e a cantar, até quase ao final, mostra-se alegre.
Assume-se como frequentador da corte, o que revela o seu lado mundano e pouco dado
à clausura. Essa característica é confirmada quando diz saber dançar o tordião e
esgrimir, atributos dos jovens e galantes nobres. Não cumpriu os votos de pobreza e
castidade, como se comprova pela moça e pelas próprias palavras. Parece ter-se
limitado a fazer o que os outros frades faziam, com a arrogância de quem pensava que
tudo lhe era permitido só por ser membro da Igreja. É uma personagem tipo, através
da qual se critica a forma como o clero dava razão ao velho ditado “Como Frei Tomás,
faz o que ele diz, não faças o que ele faz”.
8. Cómico de situação, quando o Frade entra em cena a dançar com a moça, quando
dá lição de esgrima ou na combinação do hábito de frade e adereços de esgrima;
cómico de linguagem na repetição maquinal de “Deo gratias”.
8.1 Ironia: “Pois, entrai! Eu tangerei / e faremos um serão”; “Fezeste bem, que é
fermosa”; “Que cousa tão preciosa...”; “E não vos punham lá grosa, / no vosso
convento santo?”, “Entrai,
padre reverendo!”; “Gentil padre mundanal”, “Um padre tão namorado, / e tanto
dado à virtude!...”
9.1 A recusa do Anjo mostra a gravidade dos atos do Frade, considerando, assim, mais
repugnante o Frade pecar do que qualquer outra pessoa, pois ele, como elemento da
Igreja, deveria dar o exemplo.
9.2 Ao ver que nem sequer era recebido pelo Anjo, o Frade percebe que não tem
qualquer hipótese. Afinal ele, como clérigo, conhecia as regras como ninguém, só que
se tinha habituado, em vida, a não as cumprir.

Você também pode gostar