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De acordo com o art. 108 do CPP, poderá ser oposta, verbalmente ou por escrito, no prazo de
defesa. Se oposta verbalmente, deve ser reduzida a termo.
CPP). Com as alterações do procedimento comum ordinário, a exceção de incompetência deve ser
oposta pela defesa técnica no prazo da resposta à acusação – 10 (dez) dias – a qual é oferecida logo
após a citação do acusado (CPP, art. 396-A, caput).
b) No caso narrado, a exceção deverá ser acolhida? Justifique.
supondo que determinado acusado tenha sido processado e condenado pela prática de um crime permanente
(v.g., associação criminosa), se demonstrado que, mesmo após a propositura da peça acusatória, o acusado
continuou praticando a referida conduta delituosa – no exemplo dado, o acusado manteve-se associado de
maneira estável e permanente a outras 2 (duas) pessoas com o objetivo de praticar uma série indeterminada de
crimes –, esse novo fato delituoso pode ser objeto de novo processo penal, porquanto não protegido pelos
limites objetivos da coisa julgada.
Na hipótese de haver duas condenações, ambas com trânsito em julgado, pelo mesmo
fato delituoso e apuradas em processos distintos, deve prevalecer aquela que primeiro
transitou em julgado, pouco importando se mais benéfica (ou não) ao acusado. Afinal,
se o acusado foi condenado pela prática de determinado fato delituoso, transitando em
julgado a sentença condenatória, não se pode admitir ulterior instauração de novo
processo em relação aos mesmos fatos, sob pena de violação ao princípio do ne bis in
idem e à coisa julgada do primeiro processo. A prevalência da primeira decisão imutável
também é reforçada pela quebra do dever de lealdade processual por parte da defesa.
b) b) instrumentos do crime (instrumenta sceleris), desde que consistam em coisas cujo fabrico,
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito: de acordo com o art. 119 do CPP, os
objetos a que se refere o art. 91, II, “a”, do CP, ou seja, os instrumentos do crime, desde que seu
fabrico, alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito, não poderão ser restituídos, mesmo
depois de transitar em julgado a sentença final, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de boa-
fé.75
c) c) qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato
criminoso: segundo o art. 119 do CPP, salvo se pertencerem ao lesado ou a terceiro de boa-fé, não
poderá ser restituído, mesmo depois de transitar em julgado a sentença final, o produto do crime ou
qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo agente com a prática do fato delituoso
(CP, art. 91, II, “b”).
e) e) sem o comparecimento pessoal do acusado: segundo o art. 60, § 3º, da Lei nº 11.343/06 (Lei de
Drogas) e o art. 4º, § 3º, da Lei nº 9.613/98 (Lei de Lavagem de Capitais), em relação aos bens que
tiverem sido apreendidos em razão dos crimes tipificados por tais diplomas legais, nenhum pedido de
restituição será conhecido sem o comparecimento pessoal do acusado, podendo o juiz determinar a
prática de atos necessários à conservação de bens, direitos ou valores.
No entanto, se houver dúvida quanto ao direito do reclamante, a devolução das coisas apreendidas deve
ser solucionada por meio de um procedimento incidental próprio perante o juízo competente, denominado de
restituição de coisas apreendidas (CPP, arts. 118 a 124). Nesse caso, os objetos ficarão em custódia ou
depósito, pelo menos até que a controvérsia seja dirimida por decisão definitiva.
Como se percebe, diversamente do pedido de restituição anteriormente estudado, esse incidente de
restituição consiste em verdadeiro procedimento instaurado perante a autoridade jurisdicional, com ampla
atividade instrutória, cujo objetivo é determinar quem é o verdadeiro dono da coisa. Sua instauração somente é
possível a partir de determinação judicial, o que pode se dar ex officio, ou em virtude de requerimento da
autoridade policial, no curso das investigações, ou da própria pessoa interessada, seja durante o inquérito
policial, seja durante o curso do processo.
Esse procedimento incidental de restituição de coisa apreendida a que se refere os arts. 118 a 124 do CPP
somente será apreciado por um juízo criminal quando a apreensão de tais objetos estiver relacionada a algum
inquérito policial ou processo penal que vise à apuração de crime ou contravenção. Logo, em se tratando de
apreensão de objeto em virtude do exercício do poder de polícia do Estado (v.g., apreensão de veículo
automotor em fiscalização de trânsito), a competência para apreciar eventual pedido de restituição deve recair
sobre o juízo cível.76
Devidamente autuado em apartado, esse incidente de restituição de coisas apreendidas será necessário em
duas hipóteses:
1) Quando houver dúvida quanto ao direito do reclamante: nesse caso, o pedido de restituição deve ser
autuado em apartado, assinando-se ao requerente o prazo de 5 (cinco) dias para a prova, hipótese em que o
incidente só poderá ser decidido pelo juízo criminal, não mais pela autoridade policial. Como se pode perceber,
esse incidente de restituição surgiu a partir de um pedido de restituição no qual ficou constatada dúvida em
relação ao direito do reclamante.
2) Quando as coisas forem apreendidas em poder de terceiro de boa-fé: nesse caso, este terceiro de boa-fé
será intimado para alegar e provar o seu direito, em prazo igual e sucessivo ao do reclamante, tendo um e outro
2 (dois) dias para arrazoar. Aqui, o incidente pode surgir quando houver controvérsia entre a vítima e o
acusado, ou respectivos familiares, e o terceiro que tenha adquirido o bem de boa-fé.
Em ambas as hipóteses, será sempre ouvido o Ministério Público, nos termos do art. 120, § 3º, do
CPP. Como a lei não estabelece qualquer distinção, prevalece na doutrina o entendimento de que a
oitiva do órgão ministerial é necessária tanto nas hipóteses de mero pedido de restituição quanto nos
casos de instauração de incidente de restituição de coisas apreendidas.77
Após a instrução sumária do processo incidental, se o juízo criminal estiver convencido acerca do
direito do reclamante, deve ser deferido o pedido de restituição da coisa apreendida. Todavia, em
ambas as situações anteriormente estudadas (duvidoso o direito do reclamante e apreensão da coisa
em poder de terceiro de boa-fé), em caso de subsistir dúvida sobre quem seja o verdadeiro dono, o
juiz remeterá as partes ao juízo cível, hipótese em que deve ordenar o depósito das coisas em mãos de
depositário ou do próprio terceiro que as detinha, se for pessoa idônea (CPP, art. 120, § 4º). Nesse
caso, o objeto reclamado somente poderá ser liberado pelo juízo criminal após o trânsito em julgado
da decisão na seara cível
Em se tratando de coisas facilmente deterioráveis, assim compreendidas aquelas que podem ser
danificadas, estragadas, arruinadas ou corrompidas pelo decurso do tempo, há duas possibilidades: a)
tais objetos devem ser avaliados e levados a leilão público, depositando-se o dinheiro apurado; b) as
coisas apreendidas devem ser entregues ao terceiro que as detinha, se este for pessoa idônea e assinar
termo de responsabilidade
não há previsão legal de prazo de eficácia para a apreensão. No entanto, a despeito do silêncio da Lei, a
jurisprudência entende que a medida não pode se prolongar indefinidamente no tempo. Por isso, em caso
concreto no qual a apreensão havia sido realizada há mais de 7 (sete) anos, sem que sequer tivesse havido o
oferecimento da denúncia, concluiu o STJ que esse excesso seria incompatível com o princípio da
razoabilidade, daí por que determinou o levantamento da medida. 80
O sequestro pode ser compreendido como uma medida cautelar de natureza patrimonial, fundada,
precipuamente, no interesse público consubstanciado no ulterior perdimento de bens como efeito da
condenação (confisco), e, secundariamente, no interesse privado do ofendido na reparação do dano causado
pela infração penal, que recai sobre bens ou valores adquiridos pelo investigado ou acusado com os proventos
da infração, podendo incidir sobre bens móveis e imóveis, ainda que em poder de terceiros, valendo ressaltar
que, na hipótese de o produto ou proveito do crime não ser encontrado ou se localizar no exterior, também
poderá recair sobre bens ou valores equivalentes de origem lícita (CP, art. 91, §§ 1º e 2º, com redação dada pela
Lei nº 12.694/12).
Cuida-se de medida assecuratória da competência do juízo penal, que visa assegurar a indisponibilidade dos
bens imóveis ou móveis adquiridos pelo agente com o proveito extraído da infração penal, permitindo, assim, a
operacionalização dos dois efeitos extrapenais da sentença condenatória transitada em julgado: reparação do
dano causado pelo delito e perda do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso (CP, art. 91, I e II, “b”
ARRESTO
Incide sobre o patrimônio lícito do agente, isto é, aquilo que
não é produto da prática delituosa. Pela disciplina do
art. 137 do CPP, o arresto de bens móveis possui caráter
residual, pois só poderão ser arrestados aqueles que forem
suscetíveis de penhora e se o responsável não possuir bens
imóveis ou os possuir de valor insuficiente.
Ele tem por objetivo garantir a satisfação de indenização
futura, por isso, pois como lastro o interesse privado, tendo
como destinatários finais o ofendido ou os seus sucessores.
Art. 133-A. O juiz poderá autorizar, constatado o interesse público, a utilização de bem sequestrado, apreen-
dido ou sujeito a qualquer medida assecuratória pelos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da
Constituição Federal, do sistema prisional, do sistema socioeducativo, da Força Nacional de Segurança Pública
e do Instituto Geral de Perícia, para o desempenho de suas atividades.
Na sistemática adotada pelo art. 133-A do CPP, incluído pela Lei n. 13.964/19, a utilização de bens
sequestrados, apreendidos ou sujeitos a qualquer medida assecuratória pode ser definida como uma espécie de
medida cautelar em que determinado bem constrito em razão de medida cautelar patrimonial ou que tenha sido
apreendido, mediante prévia autorização judicial, poderá ser utilizado por determinado órgão público para
atividades de prevenção e repressão a infrações penais
A inclusão do art. 133-A ao Código de Processo Penal pelo Pacote Anticrime tem como objetivos precípuos
emprestar finalidade social, útil e tempestiva a bens que sofreram algum tipo de constrição patrimonial ou que
foram apreendidos, bem como evitar a obsolescência e a ação corrosiva do tempo sobre esses objetos, suprindo,
ademais, uma patente deficiência técnica do aparato estatal em administrar os bens que estão sob sua custódia
em virtude de determinada medida assecuratória.146 Além disso, quando o bem em questão tiver como
destinatário um órgão de segurança pública, também não se pode negar que a sua utilização provisória poderá
resultar em sensível incremento do seu poder de atuação na prevenção e repressão de infrações penais,
porquanto geralmente a medida recai sobre equipamentos modernos e de custo bastante elevado (v.g. veículos
importados, helicópteros, aeronaves, etc.), que dificilmente seriam adquiridas pelo Estado, haja vista o notório
sucateamento do aparato de segurança pública em razão da ausência de investimento governamental
adequado.147
Exsurge daí a finalidade do incidente de falsidade, qual seja, visa garantir a formação legítima da prova
documental produzida no curso da persecução penal, evitando que a busca da verdade seja distorcida em
virtude de documento falso apresentado por uma das partes. Consiste o incidente de falsidade, assim, em um
procedimento incidental destinado à verificação da autenticidade e veracidade de documento inserido nos autos
do processo criminal, sobre as quais haja controvérsia.
Para além dessa verificação, o incidente também acarreta a instauração de investigação criminal e ulterior
processo penal acerca do falsum, permitindo futura e possível responsabilização do agente responsável pela
falsificação ou pelo uso do documento falso. De fato, da mesma forma que uma testemunha deve responder
criminalmente por eventual delito de falso testemunho (CP, art. 342), a pessoa que falsificou material ou
ideologicamente um documento (CP, arts. 297, 298 e 299), ou que fez uso de documento falso tendo
consciência do falsum (CP, art. 304), também deve ser processada criminalmente. De todo modo, é bom
esclarecer que essa responsabilidade penal quanto ao falsum não será discutida no bojo do incidente de
falsidade. Na verdade, o objeto do procedimento incidental é apenas verificar se o documento é falso (ou não).
A responsabilidade penal do autor da falsidade deverá ser apurada em outro processo criminal.
A despeito de haver certa controvérsia, prevalece o entendimento de que o incidente de falsidade pode ser
utilizado para a apuração do falsum material e do ideológico.160
o recurso, utilize elemento de convicção que não esteve à disposição do juízo de 1ª instância por ocasião
da prolação da sentença, o que poderia caracterizar flagrante supressão de instância e consequente violação ao
duplo grau de jurisdição.163
Verificada a presença de indícios de falsidade ideológica ou material em documento constante dos autos,
incumbe à parte interessada arguir por escrito sua falsidade. Podem requerer a instauração do incidente:
Ministério Público, querelante, ofendido – habilitado ou não como assistente de acusação –, acusado e seu
defensor.
Por mais improvável que seja, há quem entenda que a própria parte que juntou o documento pode arguir
sua falsidade. Tal situação seria possível se acaso a parte, agindo de má-fé, juntasse documento objetivando
determinado benefício. No entanto, posteriormente, verifica-se que tal documento poderia lhe causar prejuízo.
Como se trata de documento falso, não se pode negar a possibilidade de a própria parte responsável por sua
juntada pleitear seu desentranhamento, sobretudo se considerarmos que o procedimento pode ser instaurado de
ofício pelo próprio juiz (CPP, art. 147). Evidentemente, responderá a parte criminalmente por sua conduta –
falsificação ou uso de documento falso.164
A mera arguição da falsidade de um documento pode envolver a imputação de crime à parte contrária –
falsidade material ou ideológica de documento público ou particular, assim como uso de documento falso.
Considerando, então, que uma falsa imputação de crime contra a fé pública pode dar ensejo à eventual
responsabilização pela prática dos crimes de calúnia e/ ou denunciação caluniosa, a lei exige que a petição seja
assinada por procurador com poderes especiais (CPP, art. 146), ou seja, deve constar da procuração que o
outorgante confere ao mandatário inclusive poderes para intentar o incidente de falsidade. Logo, procuração
dotada meramente da cláusula ad judicia não permite ao advogado arguir a falsidade documental. 165
Ao contrário do incidente de insanidade mental, em que há previsão legal expressa acerca da suspensão do
processo (CPP, art. 149, § 2º), nada diz o CPP acerca da suspensão do feito na hipótese do incidente de
falsidade. Portanto, a arguição da falsidade documental, de per si, não tem o condão de suspender o curso do
processo penal.
Ao contrário do incidente de insanidade mental, em que há previsão legal expressa acerca da suspensão do
processo (CPP, art. 149, § 2º), nada diz o CPP acerca da suspensão do feito na hipótese do incidente de
falsidade. Portanto, a arguição da falsidade documental, de per si, não tem o condão de suspender o curso do
processo penal.