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Entre tantos problemas que enfrentamos hoje, nunca pensaríamos que algo

que remete a descontração passasse a ser uma obrigação. Para muitos, assistir
uma série completa de 5 temporadas na Netflix em menos de algumas semanas é
de certa forma fácil, o difícil é assistir todas as séries que estão escritas em sua lista
infinita de seriados.

Partindo de um pretexto menos irônico, a resenha que tem como tema,


“Netflix e seus efeitos midiáticos na era da convergência”, utilizando o artigo que
destaca os principais pontos entre a linha de raciocínio de Henry Jenkins (2008) e a
tão famosa provedora global de filmes e séries de televisão via streaming.

Na introdução do artigo, é feita a análise da história e da formação da


empresa multimilionária Netflix, que teve como principais medidas a forma eficiente
com que ela estabeleceu contato com seus consumidores, dizendo ainda que “não
existe uma construção de marca sem comunicação” (MONTEIRO,2019), indo de
encontro com essa mesma linha de raciocínio, endosso: como é possível saber o
que a demanda quer, sem escutar o que ela tem a dizer?

Por sua vez, é esclarecido que por conta dessa comunicação e influência,
estamos mais suscetíveis a querer mais informação para que possamos nos tornar
fornecedores de opiniões. Sobre esse entendimento, o mesmo vale ao assistir uma
série e se aprofundar nesse tema para comentar com um amigo, ou par romântico
que compactua com os mesmos gostos.

Entrando em um tema mais complexo e profundo, é estabelecida a ideia da


convergência no âmbito cultural e sua relação com o que acontece hoje em dia.
Sendo nada mais, nada menos que a fusão entre ambos os espectros midiáticos,
tradicional e alternativo. Por mais que exista a substituição de mídias, “o livro por
tablet; carta por e-mail; máquina de escrever por computadores” (MONTEIRO,
2019), esses acontecimentos foram necessários para que pudéssemos, ao invés de
apenas receber informações, sermos os próprios formadores de opiniões a partir
dessas ferramentas.

Estabelecendo assim a ideia de participação, Jenkins (2008), disse que a


cultura participativa é quando o consumidor interage com o meio de comunicação.
Por sua vez, fãs dos mais diferentes tipos, como séries, filmes, quadrinhos, música,
games, estão mais do que incluídos nesse aspecto.

Compactuando com essa lógica, a série Game of thrones é usada como


exemplo, em suma, seus memes são destacados a partir da incrível capacidade de
propagação de uma figura subjetiva e irônica. A forma fácil como uma
representação da piada é espalhada e assim, são formados novos conteúdos e
ideias, reiterando esse sistema de forma rápida e imperceptível.

Por mais que exista o compartilhamento de informações, tais participações


coletivas estão englobadas em uma bolha, onde apenas quem desfruta de tal
conhecimento é cabível de comentar sobre. Resumindo, como utilizado no exemplo,
apenas quem assiste Game of thrones poderá comentar de forma coletiva, e mesmo
que exista a possibilidade de utilizar meios clandestinos, piratas por assim dizer, é
uma pequena parcela que entende a temática da série. Destacando ainda a
diferença do tempo disponível entre as diferentes classes, onde as mais pobres
passam mais tempo trabalhando e menos tempo vendo série. Por conta disso, vale
a reflexão, existem aspectos muito positivos, mas precisamos também ver o outro
lado da moeda.

O artigo abordou de forma precisa três séries aclamadas da Netflix, House of


Cards, Orange Is The New Black e Stranger Things. Por sua vez, sendo interligadas
pelos pensamentos apresentados e diagnosticados por esta resenha.

A série House of Cards foi a primeira a ser analisada, destacando seus


pontos positivos, como uma das primeiras grandes produções internacionais da
provedora. Por conta da linha de convergência, foram estabelecidas estratégias em
ordem, para o crescimento da série.

Primeiramente foi utilizada a owned media (mídia própria), que tinha a


aplicação nas redes sociais, como Facebook, Twitter e Youtube, estabelecendo a
conexão entre o que é fictício e o que é real. Usaram a campanha presidencial de
2016 nos Estados Unidos entre Hillary Clinton e Donald Trump, como palanque para
a série, divulgando vídeos sobre a fictícia campanha de Frank Underwood,
protagonista da série que disputava as eleições no universo criado.

A segunda estratégia paid media (mídia paga), que como o próprio nome diz,
é o pagamento de espaços pela divulgação, nesse caso, por meio das revistas, que
por sua vez, divulgaram o conteúdo em suas próprias redes. Utilizando dentro dessa
estratégia, métodos persuasivos, que faziam com que o consumidor se interessasse
mais pelo assunto e procurasse cada vez mais a informação de que não tem total
conhecimento.

A terceira, utiliza novamente a owned media, ao criar o próprio website da


série onde poderiam nele, criar conteúdos céticos a respeito da série e sua
temporada. Estabelecendo no site uma forma interativa, como destacado desde o
início, a criação de fotos montadas, memes, cartazes, panfletos etc. Reiterando o
mesmo sistema, sendo de forma descontraída, e sem perceber, estabelecer os
conceitos anteriormente destacados.
Em Stranger Things, o autor do artigo utiliza como base de sua explicação, o
storytelling, onde associa a Xuxa, que tinha na sua época um meme que circula,
onde existia a venda de bonecas da Xuxa, e elas eram consideradas amaldiçoadas.
A série utilizou disso como base, para colocar ela não apenas aparecendo na TV,
em um de seus programas, mas a própria boneca. Estabelecendo assim uma
relação entre a boneca “demoníaca” e o Demogorgon, ser sobrenatural da série que
é o vilão.

A série Orange Is The New Black utiliza a Inês Brasil, que ficou conhecida ao
divulgar um vídeo de inscrição para o reality show Big Brother Brasil, criando a
busca do público pela informação, reiterando o processo de divulgação e incentivo
para uma maior interação.

Em considerações finais, é possível perceber a importância da cultura de


convergência, no que diz respeito a interação entre os indivíduos. Já que é por meio
deles que se estabelecem o crescimento da informação tanto da marca quanto de
seu produto.

REFERÊNCIAS:

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 1. ed. São Paulo: Aleph, 2016,


p. 380.

MONTEIRO, I.; SALES, L.O. Netflix e seus efeitos midiáticos na era da


convergência. Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação. Fortaleza. Junho, 2019.

LÉVY, P. A Inteligência Coletiva: por uma Antropologia do Ciberespaço.


1. ed. São Paulo: Loyola, 1999, p. 214.

TOMAZELLI, I. Mais pobres trabalham seis anos mais e recebem 50%


menos ao se aposentar. O Estado de São Paulo. São Paulo. Fevereiro, 2019.
Disponível em:
<https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,mais-pobres-trabalham-seis-anos-m
ais-e-recebem-50-menos-ao-se-aposentar,70002702817>. Acesso em: 09 de
Outubro de 2019.

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