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É interessante notar que a dureza do gelo é muito variável, consoante a temperatura a que se
encontra. Assim, a 0°C, a dureza é de 1-2 (talco-gesso), mas a –50°C a dureza é 6 (ortoclase).
O gelo é muito pouco resistente às tensões e por isso move-se e deforma-se facilmente. O
movimento dá-se por acção da gravidade e acontece quando as camadas mais inferiores do gelo sobre o
substrato rochoso fundem. Neste caso, os movimentos são lentos. Há, contudo, movimentos rápidos, a que
se dá o nome de avalanches (Fig. 5.27).
Como resultado do seu movimento, os glaciares apresentam à sua superfície inúmeras fendas,
algumas das quais chegam a atingir 100 metros de profundidades. O movimento dos glaciares pode ser
posto em evidência através dum método simples, como ilustra a Fig. 5.28. Também a mesma figura mostra
que a velocidade do movimento do glaciar varia:
a) é maior na parte média (100 m/ano) do que nos flancos;
b) é maior à superfície que no fundo;
c) aumenta com o declive.
Apesar de serem enormes massas de gelo, os glaciares podem apresentar fenómenos de fusão,
quer à superfície, quer nos flancos, quer ainda no seu fundo. A fusão superficial é geralmente causada por
variações sazonais do clima, ao passo que a fusão nos flancos é causada por contacto com rochas mais
quentes. Por seu lado, a fusão de fundo é causada pela pressão das camadas superiores de gelo sobre as
inferiores.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 5
Todos estes fenómenos de fusão levam a que as águas resultantes desçam até ao fundo,
constituindo a torrente subglaciar.
Os glaciares e acumulações de gelo atingem o seu máximo sobre a Antártida e sobre a
Gronelândia. Assim, no continente austral a espessura ultrapassa os 4000 metros e na Gronelândia
ultrapassa os 3000 metros.
A acção geológica dos glaciares é imensa, desde a erosão, ao transporte
e à sedimentação. Como se pode bem imaginar, o deslocamento de milhões de
toneladas de gelo sobre um substrato rochoso provoca um desgaste imenso
(erosão), levando ao arranque de enormes quantidades de rochas e polindo o
substrato onde o gelo se desloca. Também o substrato fica riscado pelo arrasto dos
blocos de rocha. Assim, o aparecimento de superfícies rochosas polidas e estriadas
são indicativas de antigos leitos de glaciares. Por outro lado, os vales onde em
tempos fluiram glaciares têm a forma de um U (Fig. 5.29), em contrapartida aos
vales dos rios, que têm a forma de um V.
O transporte de sedimentos pelos glaciares dá-se tando à superfície, nos
bordos e no fundo, sendo nestes últimos dois locais onde o transporte é maior, por
ser aí que se dá o contacto gelo/rocha. A carga aqui transportada é geralmente da
dimensão de areia e de silt. Por seu lado, a carga de superfície tem origem na queda Fig. 5.29. Vale glaciar em U
de material das encontas dos pontos mais altos do vale, e aí as
dimensões dos sedimentos podem ser enormes (algumas toneladas),
chamando-se blocos erráticos (Fig. 5.30).
A deposição dá-se quando o gelo derrete. Assim, a maior
parte dos depósitos glaciares concentra-se na foz dos glaciares, isto é,
na sua parte terminal. A acumulação de depósitos glaciares tem o
nome de moreias, e podem ser moreias terminais ou moreias laterais.
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Na Terra há vários reservatórios de água: oceanos, rios, lagos, glaciares, espaços no subsolo, a
atmosfera e a biomassa (seres vivos), dos quais os oceanos contêm a maior parte da água (1350x10 6 km3).
A água é anualmente transferida de reservatório para reservatório, mas a quantidade total de água
mantém-se constante e em equilíbrio
A água que se evapora anualmente dos oceanos, 361x10 3 km3/ano (equivalente a uma camada de
água de 1 metro de espessura), é superior à quantidade de precipitação anual sobre os oceanos (324x10 3
km3/ano). O excesso (37x103 km3/ano) é levado para cima dos continentes pela atmosfera.
Sobre os continentes, ocorre o oposto: mais água cai (99x10 3 km3/ano) do que sai pela
evapotranspiração (62x103 km3/ano). A evapotranspiração engloba as perdas de água por evaporação e
por transpiração dos seres vivos.
O ciclo fecha-se e equilibra quando os rios removem o excesso de água (37x10 3 km3/ano) para os
mares e oceanos. Por seu lado, os glaciares, ao derreterem, contribuem com água líquida que tende a ir
também para os oceanos.
Os processos vulcânicos, contudo, adicionam continuamente ao ciclo quantidades de vapor de
água de que não se sabem os valores.
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Fig. 5.34. Imagem de coral e localização geográfica da Grande Barreira de Coral na Austrália
2.4.3. O Homem
A acção humana tanto pode ser demolidora como construtora, e de impedimento da actuação dos
agentes da Geodinâmica Externa.
Como acção demolidora, falamos da abertura de túneis, de minas, de canais, de estradas, etc. A
construção de barragens cria lagos artificiais a montante e diminuição de caudais a jusante, com
consequências graves para o ambiente. As desflorestações, quer para o fabrico de carvão de lenha, quer
para a abertura de machambas, ou ainda exploração de madeira (Amazónia) contribuem para um aumento
da desertificação do planeta, aumentando a erosão. Também o cultivo irracional e intensivo provoca a
esterilização de terrenos, aumentando também o grau de erosão.
No entanto, o Homem empreende também acções de correcção da Natureza, como seja na
correcção dos leitos dos rios, na luta contra a desertificação através da arborização, na protecção de costas
(Fig. 5.22). A recente obra de engenharia na barreira da Malanga em Maputo, é um exemplo de construção
para deter a erosão por parte dos agentes atmosféricos.
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