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MANDATO
ORIENTAÇÕES PARA GESTORES
PÚBLICOS MUNICIPAIS
2020
Tribunal de Contas de Santa Catarina
Assessoria de Comunicação Social
Coordenação de Publicações
O
Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE/SC) tem
como uma de suas mais importantes funções a
orientação ao agente público. O Guia do Mandato é um
excelente exemplo desse tipo de atuação da Corte, contendo
informações aos prefeitos e vereadores quanto às obrigações
decorrentes de seus cargos.
As atribuições do Tribunal de Contas estão previstas nos arts. 58, 59 e 60, O Diário Oficial Eletrônico (DOTC-e) é o veículo ofi-
combinados com o art. 113, § 1º, da Constituição do Estadual de 1989. Desta- cial de publicação e divulgação dos atos processuais e
cam-se, entre elas, a emissão de parecer prévio e o julgamento das contas dos administrativos do Tribunal de Contas do Estado, con-
administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos do forme instituído na Lei Complementar nº 393/07 e na
14 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONHECENDO O TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA 15
Resolução nº TC 18/07. 1.7.4 INFORMATIVO DE JURISPRUDÊNCIA
16 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONHECENDO O TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA 17
ções previstas nas normas legais e regulamentares do Tribunal de Contas — Lei • as obras públicas executadas e em execução;
O Sistema de Gestão de Trilhas de Auditoria (SGTA) é a nova ferramenta Com o objetivo de ampliar a integração entre os ór-
implementada em 2019, pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina em seu Portal gãos públicos e de fortalecer as ações de controle ex-
na internet, vai auxiliar no gerenciamento de informações, na identificação de in- terno, de acordo com o disposto no artigo 303 do seu
consistências e indícios de irregularidades que possam prejudicar a regular gestão Regimento Interno (Resolução nº TC 06/2001), o TCE/SC
governamental, com vistas à sua solução de forma tempestiva e preventiva. tem priorizado a assinatura de acordos de cooperação
Instituído pela Instrução Normativa N. TC-25/2019, o SGTA é de utilização técnica com órgãos e entidades de controle que tenham
obrigatória no âmbito da administração direta e indireta dos poderes e órgãos por objetivo o aperfeiçoamento dos sistemas de controle
estaduais e municipais sujeitos à jurisdição do TCE/SC. e de fiscalização, o treinamento e o aperfeiçoamento de
Destinada a submeter situações aos controladores internos dos jurisdiciona- pessoal, o desenvolvimento de ações conjuntas de audi-
dos para serem avaliadas, justificadas e, se for o caso, serem adotadas as medi- toria, o intercâmbio de informações e, especialmente, a
das corretivas. Com isso, espera-se que o processo de fiscalização se torne mais união de esforços estratégicos voltados à prevenção da
efetivo, célere e econômico. ação de organizações criminosas, o combate à corrupção
Um dos mecanismos utilizados para alcançar esses objetivos é o desenvolvi- e à lavagem de dinheiro.
mento de trilhas de auditoria, que consistem em hipóteses predefinidas, traduzi- Exemplos de instituições com as quais o Tribunal de
das em estudos e cruzamentos de informações constantes em diferentes bases Contas de Santa Catarina mantém acordos de cooperação:
de dados, em busca de inconsistências cadastrais e/ou de outras situações que
se revelem incompatíveis com o ordenamento legal. • Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina;
• Associação dos Membros dos Tribunais de Contas;
1.8 INSTRUMENTOS DE CONSULTAS E COMUNICAÇÃO • Associações de municípios de Santa Catarina;
• Controladoria-Geral da União do Brasil;
O portal do Tribunal de Contas permite consultas sobre diversos assuntos de • Federação Catarinense de Municípios;
interesse dos municípios e dos gestores públicos, como: • Governo do Estado de Santa Catarina;
• o Diário Oficial Eletrônico (DOTC-e); • Governos municipais;
• o acompanhamento de processos — possível também por meio do siste- • Instituto Brasileiro de Obras Públicas;
ma “Push/SMS”, que permite ao interessado receber automaticamente os • Instituto Legislativo Brasileiro - Senado Federal
eventos na tramitação; • Instituto Nacional do Seguridade Social;
• as pautas das sessões; • Instituto Rui Barbosa;
• as decisões relativas a processos de controle externo; • Junta Comercial do Estado de Santa Catarina;
• Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
18 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONHECENDO O TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA 19
• Ministério Público do Estado de Santa Catarina;
20 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONHECENDO O TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA 21
2
Providências que
devem ser adotadas
no início do
mandato
P
ara uma transição democrática e transparente, sugere-se a existência de prestação de contas do exercício recém-encerrado, cor-
24 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • PROVIDÊNCIAS QUE DEVEM SER ADOTADAS NO INÍCIO DO MANDATO 25
legais visando o resguardo do patrimônio público, mediante a instauração da com- 2.5 CONTRATAÇÃO DE
2 petente Tomada de Contas Especial, sob pena de corresponsabilidade.
AUDITORIA INDEPENDENTE
2.2 FORNECER INFORMAÇÕES/DOCUMENTOS A terceirização da atividade de controle interno é
PARA O EX-GESTOR, QUANDO REQUISITADOS vedada. Contudo, em caráter excepcional, é possível a
contratação de serviços de auditoria independente pelo
Deve o sucessor fornecer ao ex-gestor informações e cópias de documentos gestor municipal (Prejulgado nº 1620). O objetivo é dar
por este solicitados, mediante requerimento formal, a fim de subsidiar defesa pe- reforço à atividade no que se refere a verificações e le-
rante esta Corte de Contas ou outros órgãos administrativo-judiciais. vantamentos quando constatadas irregularidades ocorri-
das na administração anterior.
26 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • PROVIDÊNCIAS QUE DEVEM SER ADOTADAS NO INÍCIO DO MANDATO 27
adotadas, pode caracterizar omissão e as consequências legais dela decorrentes.
28 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • PROVIDÊNCIAS QUE DEVEM SER ADOTADAS NO INÍCIO DO MANDATO 29
3
Funcionamento
do Controle
Interno
I
nstituir sistema de controle interno no âmbito do município constitui exigência vertentes de natureza contábil, administrativa, econômica
3 da Constituição Federal de 1988, repisada na Constituição do Estado de Santa e jurídica, entre outras. Nesse sentido, o TCE/SC mani-
Catarina de 1989, bem como na Lei Complementar nº 202/00 (Lei Orgânica do festou-se por meio do Prejulgado nº 1900, entendimento
TCE/SC). Importante ressaltar os seguintes conceitos essenciais: que, embora expresso para Câmara de Vereadores, pode
ser estendido ao Poder Executivo, que o cargo de con-
SISTEMA DE CONTROLE INTERNO é o conjunto de normas, atividades, trolador interno deve ser preferencialmente ocupado por
procedimentos, métodos e rotinas objetivando a atuação articulada das unidades servidor efetivo, ou servidor de carreira ocupante de car-
da estrutura organizacional da administração pública, tendo por fim o controle go diverso, para assumir função de confiança ou cargo
interno da gestão administrativa. comissionado, por garantir maior autonomia e indepen-
dência funcional ao controlador.
ÓRGÃO CENTRAL DE CONTROLE INTERNO é a unidade administrativa
integrante do sistema de controle interno da administração pública incumbida da
coordenação do sistema, do planejamento, da normatização, da execução e do
3.2 FINALIDADE E IMPORTÂNCIA
controle das atividades relacionadas ao controle interno, bem como do apoio às
A finalidade do controle interno está contemplada
atividades de controle externo exercidas pelo Tribunal.
no art. 74 da Constituição Federal e nos arts. 62 e 113
da Constituição do Estado. Como missão primordial, o
Nos municípios, o sistema de controle interno é único, abrangendo os Poderes
sistema deve acompanhar as ações do poder público
Legislativo e Executivo, podendo o Legislativo instituir órgão de controle interno,
verificando se estas ocorrem de acordo com as normas
conforme entendimento manifestado por meio dos Prejulgados nº 1900 e 1587,
legais e regulamentares vigentes, bem como identificar
sendo o mesmo integrante do sistema de controle interno municipal.
as falhas e os pontos de melhoria, dando adequado en-
Como premissa fundamental para o bom funcionamento do controle interno, é
caminhamento às irregularidades constatadas.
necessário conscientizar todos os servidores públicos municipais de que as ações
Dessa forma, a atuação preventiva do sistema de
do controlador interno serão benéficas para a sociedade, imprescindíveis para a
controle interno deve mitigar erros que prejudiquem a
segurança do chefe do Poder Executivo e dos próprios servidores, bem como para
gestão, assegurando que as ações estão de acordo com
a eficiência da gestão.
os princípios que regem a administração pública.
3 circunstâncias:
38 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO (PPA, LDO E LOA) 39
afetar as contas públicas, informando as providências a serem adotadas caso aumento de despesas de caráter continuado;
4 se concretizem;
• montante da reserva de contingência, definido com base na receita corrente
líquida, e a sua forma de utilização. Deverá ser destinado para atendimento
• conter reserva de contingência, cuja forma de utiliza-
ção e montante, definido com base na receita corren-
te líquida deverá estar estabelecida na LDO.
exclusivo de passivos contingentes, outros riscos e eventos fiscais imprevistos; O prazo para a elaboração da LOA, conforme dispos-
• programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso; to no art. 35, § 2º, III, do Ato de Disposições Constitucio-
• concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da nais Transitórias prevê que o projeto deve ser encami-
qual decorra renúncia de receita. nhado para o Poder Legislativo até quatro meses antes
do encerramento do exercício financeiro e devolvido para
O prazo para a elaboração da LDO, conforme disposto no art. 35, § 2º, II, sanção até o encerramento da sessão legislativa.
do Ato de Disposições Constitucionais Transitórias prevê que o projeto deve ser
encaminhado para o Poder Legislativo até oito meses e meio antes do encerra-
mento do exercício financeiro, que devolverá para sanção até o primeiro período 4.4 PRAZOS PARA ENTREGA DOS
da sessão legislativa. PROJETOS À CÂMARA MUNICIPAL
4.3 LEI ORÇAMENTÁRIA ANUAL Os prazos para remessa dos projetos de lei relativos
ao PPA, LDO e LOA, pelo prefeito à Câmara de Vereado-
A Lei Orçamentária Anual (LOA) tem como objetivo primordial a previsão de res, e posterior retorno àquele chefe do Executivo, para
receitas e a fixação das despesas do ente público para um exercício financeiro aprovação e confirmação da lei, estão indicados no qua-
(anual), programando de forma equilibrada o fluxo das finanças municipais. Com- dro a seguir:
preende o orçamento fiscal, o orçamento de investimentos das empresas estatais
quando existentes e o orçamento da seguridade social, conforme se detalha: Prazo para remessa ao Prazo para devolução
Projeto de Lei
Legislativo para sanção do prefeito
ORÇAMENTO FISCAL: despesa e receita de toda a administração pública Até o encerramento
Até quatro meses
do primeiro período
municipal para um exercício financeiro, menos os investimentos de empresas es- Projeto de Lei antes do encerramento
da sessão legislativa
tatais e as receitas e despesas relativas à seguridade social; do PPA do primeiro exercício
(data varia conformea
financeiro.
legislação municipal).
ORÇAMENTO DE INVESTIMENTOS: aplicações em empresas que o muni- Até o encerramento
cípio detenha a maior parte do capital social com direito a voto; Até oito meses e meio do primeiro período
Projeto da LDO antes do encerramento da sessão legislativa
do exercício financeiro. (data varia conformea
ORÇAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL: aplicações nas áreas de saúde, legislação municipal).
previdência e assistência social. Até quatro meses
antes do encerramento Até o encerramento da
Além da previsão de receitas e a fixação das despesas, a LOA poderá conter do exercício financeiro, sessão legislativa (data
Projeto da LOA
autorização para abertura de créditos suplementares, contratação de operação de ou conforme disposto varia com alegislação
crédito e antecipação de receitas nos termos da LRF (arts. 32 a 38). na Lei Orgânica do municipal).
município.
A Lei de Responsabilidade Fiscal conferiu à LOA outros atributos, os quais se
destacam:
O Prejulgado nº 1716 do Tribunal de Contas de Santa
• demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os
Catarina dispõe sobre o prazo para encaminhar o projeto
objetivos e metas fiscais estabelecidos na LDO;
da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao Legislativo,
• efeitos e medidas de compensação de possíveis renúncias de receitas ou
40 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO (PPA, LDO E LOA) 41
que é de oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro. Esse
42 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO (PPA, LDO E LOA) 43
5
Prestação
de contas
5.1 OBRIGAÇÃO DE PRESTAR CONTAS exercício seguinte.
Para não incorrer nas práticas supracitadas, o administrador público tem a 5.11 CONSEQUÊNCIAS DO JULGAMENTO
obrigação de verificar se a natureza do recurso é apropriada para o tipo de gasto
a ser realizado. A melhor forma é consultar o Plano Plurianual (PPA), a Lei de IRREGULAR DAS CONTAS
Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). O cumprimento
dessas leis assegura a gestão fiscal responsável. O julgamento de contas ocorre sempre em processos
de prestação de contas ou em Tomada de Contas Espe-
cial. O julgamento irregular das contas pode implicar em:
5.8 EMPENHAR E LIQUIDAR A DESPESA
• determinação de devolução de valores ao erário, pelo
As etapas de empenhamento e liquidação da despesa, precedentes ao paga- responsável, em caso de dano;
mento, estão definidas nos arts. 60 e 62 da Lei nº 4.320/64. Efetuado o paga- • imputação de multas aos responsáveis por irregu-
mento, deve ser exigido o comprovante. laridades.
processo disciplinar, pois este se destina a aplicar sanção por infração funcional. 5.19.5 CONVERSÃO DE PROCEDIMENTOS DE
AUDITORIA E INSPEÇÃO EM TCE
5.19.1 QUANDO INSTAURAR
A Corte de Contas se vale da Tomada de Contas Es-
A Tomada de Contas Especial deverá ser instaurada quando constatado que pecial (TCE) em procedimentos ou processos que não se
as contas não foram prestadas, ou houve desfalque, desvio de dinheiro, bens ou refiram à prestação de contas — denúncias e represen-
valores públicos, ou ainda, foi caracterizada prática de ato ilegal, ilegítimo ou an- tações encaminhadas ao Tribunal, processos decorrentes
tieconômico da qual resulte prejuízo ao erário (art. 10 da LC nº 202/00). de auditoria —, quando se depara com irregularidade
lesiva à Fazenda Pública. Constatado dano, haverá a
5.19.2 PROVIDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS conversão do processo em TCE para a identificação do
responsável e competente julgamento (art. 32 e art. 65,
Antes de decidir pela instauração da Tomada de Contas Especial, a autoridade § 4º da LC nº 202/00).
administrativa poderá realizar diligências para melhor se informar do caso, bem
como fazer comunicação ao causador do dano, de modo a obter a reposição
espontânea dos valores ou bens, ou a indenização correspondente, afastando a
necessidade de instaurar aquele processo.
CONCORRÊNCIAS para aquisição de bens, contratação de serviços e de No caso de possíveis ilegalidades no edital, o re-
obras e serviços de engenharia, regidas pela Lei nº 8.666/93, incluindo-se lator, mediante decisão singular, fixará o prazo de 30
aquelas destinadas à alienação de bens e à concessão de uso de bem público dias para que o responsável adote alguma das seguin-
(Anexos I a III); tes providências:
PREGÃO PRESENCIAL e eletrônico de que trata a Lei nº 10.520/02, cujo • apresente justificativas;
valor previsto para a contratação esteja enquadrado a partir do limite para a mo- • proceda à correção do edital; ou
dalidade de Concorrência estabelecido no inciso I, alínea “c”, e inciso II, alínea • promova a anulação do procedimento licitatório.
“c”, do art. 23 da Lei nº 8.666/93 (Anexo I);
Caso não sejam acolhidas as justificativas, promovi-
CONCORRÊNCIAS PARA AS CONCESSÕES DE SERVIÇOS PÚBLI- das as alterações ou anulada a licitação, o Tribunal Ple-
COS E DE OBRAS PÚBLICAS e permissões de serviços públicos previs- no determinará à autoridade competente que promova a
tas na Lei nº 8.987/95 e para as concessões administrativas e patrocina- anulação do procedimento.
das, denominadas de Parcerias Público-Privadas – PPP–, previstas na Lei nº
11.079/2004 (Anexo IV); CONSEQUÊNCIA DO NÃO CUMPRIMENTO DA DE-
TERMINAÇÃO DO TRIBUNAL
LICITAÇÕES REALIZADAS POR MEIO DO REGIME DIFERENCIADO
DE CONTRATAÇÕES PÚBLICAS – RDC, nos termos da Lei nº 12.462/11 Se o administrador não cumprir a determinação do
(Anexo V); Tribunal de Contas no prazo fixado e der origem à assina-
tura do contrato, o Tribunal procederá à imediata análise
DISPENSAS E INEXIGIBILIDADES DE LICITAÇÃO cujos valores da contra- da execução, adotando as medidas legais e constitucio-
tação estejam enquadrados a partir dos limites dos incisos I, alíneas “b” e “c”, e nais pertinentes e comunicando as deliberações ao Poder
II, alíneas “b” e “c”, do art. 23 da Lei nº 8.666/93 (Anexo VI). Legislativo para sustação do contrato; ao Poder Executivo,
7
cuja expressão monetária será obrigatoriamente identificada
no termo de colaboração ou de fomento. (Redação dada pela
O art. 26 da Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece, para as transferências Lei nº 13.204, de 2015)
voluntárias, alguns requisitos, entre os quais, ser autorizada por lei específica,
atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, estar pre- § 2º Caso o parecer técnico ou o parecer jurídico de que tra-
tam, respectivamente, os incisos V e VI concluam pela pos-
vista no orçamento ou em seus créditos adicionais. sibilidade de celebração da parceria com ressalvas, deverá
A Lei nº 13.019/2014, por sua vez, estabelece outros requisitos que merecem o administrador público sanar os aspectos ressalvados ou,
destaque: mediante ato formal, justificar a preservação desses aspectos
ou sua exclusão. (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
Art. 35. A celebração e a formalização do termo de colaboração e do termo de fomento § 3º Na hipótese de o gestor da parceria deixar de ser agente
dependerão da adoção das seguintes providências pela administração pública: público ou ser lotado em outro órgão ou entidade, o admi-
nistrador público deverá designar novo gestor, assumindo,
I - realização de chamamento público, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei; enquanto isso não ocorrer, todas as obrigações do gestor,
II - indicação expressa da existência de prévia dotação orçamentária para execução da par- com as respectivas responsabilidades.
ceria; § 4º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
III - demonstração de que os objetivos e finalidades institucionais e a capacidade técnica § 5º Caso a organização da sociedade civil adquira equipa-
e operacional da organização da sociedade civil foram avaliados e são compatíveis com o mentos e materiais permanentes com recursos provenientes
objeto; da celebração da parceria, o bem será gravado com cláu-
IV - aprovação do plano de trabalho, a ser apresentado nos termos desta Lei; sula de inalienabilidade, e ela deverá formalizar promessa
de transferência da propriedade à administração pública, na
V - emissão de parecer de órgão técnico da administração pública, que deverá pronunciar- hipótese de sua extinção.
-se, de forma expressa, a respeito:
§ 6º Será impedida de participar como gestor da parceria ou
a) do mérito da proposta, em conformidade com a modalidade de parceria adotada; como membro da comissão de monitoramento e avaliação
pessoa que, nos últimos 5 (cinco) anos, tenha mantido re-
b) da identidade e da reciprocidade de interesse das partes na realização, em mútua coope-
lação jurídica com, ao menos, 1 (uma) das organizações da
ração, da parceria prevista nesta Lei;
sociedade civil partícipes.
c) da viabilidade de sua execução; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015)
§ 7º Configurado o impedimento do § 6o, deverá ser desig-
d) da verificação do cronograma de desembolso; (Redação dada pela Lei nº 13.204, de
nado gestor ou membro substituto que possua qualificação
2015)
técnica equivalente à do substituído.
e) da descrição de quais serão os meios disponíveis a serem utilizados para a fiscalização
da execução da parceria, assim como dos procedimentos que deverão ser adotados para REQUISITOS EM RELAÇÃO AO BENEFICIÁRIO
avaliação da execução física e financeira, no
cumprimento das metas e objetivos; A concessão de subvenção social pelos municípios
f) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) deve estar disciplinada em lei municipal. Será feita sua
formalização, preferencialmente, através de convênio.
g) da designação do gestor da parceria;
De todo modo, a lei municipal que disciplinar a maté-
h) da designação da comissão de monitoramento e avaliação da parceria; ria deve condicionar o repasse da subvenção à apresen-
i) (Revogada); (Redação dada pela Lei nº 13.204, de 2015) tação, pelo beneficiário, dos seguintes documentos (os
quais estão previstos no anexo I da IN-14/2012):
VI - emissão de parecer jurídico do órgão de assessoria ou consultoria jurídica da adminis-
tração pública acerca da possibilidade de celebração da parceria. (Redação dada pela Lei I - Solicitação ao dirigente máximo do concedente;
nº 13.204, de 2015)
II - Comprovante de inscrição no Cadastro Nacional de
§ 1º Não será exigida contrapartida financeira como requisito para celebração de parceria,
7 O saldo dos recursos que não forem utilizados até o final do exercício, ou após
o transcurso do prazo de aplicação definido em lei municipal, deverá ser restituído
sição ou conserto de veículo automotor;
XI - Relatório sobre a execução física e o cumprimento
do objeto do repasse ou de sua etapa, com descrição
ao município (art. 24, § 1º, Anexo IV e art. 47, VIII, da IN-14/2012).
detalhada da execução, acompanhado dos contratos de
prestação de serviço, fôlderes, cartazes do evento, exem-
PRESTAÇÃO DE CONTAS
plar de publicação impressa, CD, DVD, registros fotográ-
ficos, matérias jornalísticas e todos os demais elementos
A entidade beneficiária de subvenção social ou transferência voluntária deve
necessários à perfeita comprovação da execução.
apresentar a prestação de contas ao município (órgão repassador) no prazo fixado
pela lei municipal que disciplinar a matéria.
RESPONSABILIDADE DO CONTROLE INTERNO
DOCUMENTOS QUE DEVEM COMPOR A PRESTAÇÃO DE CONTAS
Após analisadas na forma do artigo anterior, as
prestações de contas serão encaminhadas ao órgão de
A prestação de contas de subvenção social deve estar composta pelos seguin-
controle interno para elaboração de parecer e, poste-
tes documentos mencionados nos incisos do art. 43, § 4º, da IN TC nº 14/2012
riormente, à autoridade administrativa competente para
(Anexo VII):
pronunciamento.
I - Processo de concessão dos recursos; No parecer do controle interno, o órgão apresenta
manifestação acerca do exame da prestação de contas,
II - Balancete de prestação de contas, assinado pelo representante legal da enti-
dos procedimentos utilizados para esta finalidade e das
dade beneficiária e pelo tesoureiro;
intercorrências no processo, manifestando-se sobre o
III - Parecer do Conselho Fiscal, quanto à correta aplicação dos recursos no objeto cumprimento das normas legais e regulamentares, indi-
e ao atendimento da finalidade pactuada; cando eventuais irregularidades ou ilegitimidades cons-
tatadas, devendo manifestar a sua concordância ou não
IV - Borderô discriminando as receitas, no caso de projetos financiados com re-
com a conclusão da análise feita pela concedente na for-
cursos públicos em que haja cobrança de ingressos, taxa de inscrição ou similar;
ma do disposto no art. 47.
V - Originais dos documentos comprobatórios das despesas realizadas (nota fiscal, As prestações de contas de subvenções, os auxílios e
cupom fiscal, recibo, folhas de pagamento, relatório-resumo de viagem, ordens as contribuições consideradas irregulares e com valor do
de tráfego, bilhetes de passagem, guias de recolhimento de encargos sociais e de dano igual ou superior à quantia fixada anualmente pelo
tributos, faturas, duplicatas, etc.); Tribunal de Contas para efeito de julgamento de Tomada
de Contas Especial serão encaminhadas ao Tribunal para
VI - Extratos bancários da conta corrente vinculada e da aplicação financeira, com
julgamento.
a movimentação completa do período;
VII - Ordens bancárias e comprovantes de transferência eletrônica de numerário 7.1.3 TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA ANO
ou cópia dos cheques utilizados para pagamento das despesas; ELEITORAL
VIII - Guia de recolhimento de saldo não aplicado, se for o caso;
A Lei Eleitoral nº 9.504/1997, art. 73, inciso VI, alí-
IX - Declaração do responsável, nos documentos comprobatórios das despesas, nea “a”, veda que os agentes públicos realizem transfe-
certificando que o material foi recebido e/ou o serviço prestado, e que está confor- rência voluntária de recursos da União aos Estados e Mu-
me as especificações neles consignadas; nicípios nos três meses que antecedem a eleição, e dos
Estados aos Municípios, ressalvando quando os recursos
7 execução de obra ou serviço que já tiver sido fisicamente iniciado, de acordo com
cronograma prefixado, ou quando os recursos forem destinados a atender situa-
ções de emergência e de calamidade pública.
As transferências voluntárias poderão ser realizadas para entidades privadas
sem fins lucrativos desde que o termo de ajuste seja realizado antes dos 3 meses
que antecedem a eleição, o que ocorre também em relação aos pagamentos, os
quais devem ser realizados antes do período pré-eleitoral ou posterior à eleição.
Por sua vez, o art. 73, § 10, da referida norma estabelece que, no ano em
que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou
benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade
pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e
já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério
Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e ad-
ministrativa. Também devem atentar ao contido no art. 75 da norma citada, que
também elenca condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre
candidatos nos pleitos eleitorais.
Ainda, os gestores devem estar atentos para as regras definidas na Lei de
Responsabilidade Fiscal, em especial o artigo 42, no tocante à vedação de, nos
últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que
não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem
pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para
esse efeito.
Ao ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre 1. As nomeações para cargo de provimento efetivo ou empre-
go público, mediante prévia aprovação em concurso público,
nomeação e exoneração é aplicado o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), e a contratação por tempo determinado para atender a ne-
ou seja, deve estar vinculado ao regime previdenciário administrado pelo INSS, de cessidade temporária de excepcional interesse público, desde
acordo com o art. 40, § 13, da Constituição Federal. Nesse caso, a contribuição que precedida de regular processo seletivo simplificado, não
previdenciária do município (patronal) e do servidor é devida ao INSS. se enquadram nas hipóteses de nepotismo.
Caso o titular do cargo em comissão também seja servidor público de carreira
2. Somente cargos em comissão ou funções de confiança, os
do município, ou seja, titular de cargo efetivo devidamente nomeado por concurso, quais não exigem concurso público para o seu provimento,
a aposentadoria será concedida pelo regime previdenciário adotado pelo municí- sendo de livre nomeação da autoridade administrativa, podem
pio. Nesse caso, poderá não ser contribuinte obrigatoriamente do RGPS, caso o ser objeto de nepotismo.
município adote o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS).
3. A Súmula Vinculante nº 13 do Supremo Tribunal Federal
proíbe a prática do nepotismo nos Poderes, vedando não ape-
VEDAÇÃO À NOMEAÇÃO EM CARGO EM COMISSÃO (NEPOTISMO) nas o nepotismo direto, mas também o indireto, traduzido nas
nomeações cruzadas ou recíprocas.
No ano de 2008, o STF editou a Súmula Vinculante nº 13, limitando a liberda-
de de nomeação para os cargos em comissão em razão do grau de parentesco da 4. Nos termos da Resolução n. 07/2005 do Conselho Na-
cional de Justiça, não se configura a prática de nepotismo
autoridade nomeante, com o seguinte teor:
a nomeação para ocupar cargo comissionado ou função de
confiança, quando ambos forem servidores públicos efetivos,
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,
salvo se restar caracterizada a relação de hierarquia e subor-
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurí-
dinação entre tais servidores.”
dica, investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança, ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta
5. A nomeação de parentes de vereador pelo Poder Execu-
e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municí-
tivo para o exercício de cargos em comissão ou funções de
pios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.
confiança poderá caracterizar afronta ao princípio da impes-
soalidade e da moralidade pública (art. 37 da CF) sempre que
Diagrama de Parentesco objetivar a troca de favores ou fraude à lei, e quando não
Parente por afinidade (familia- for observada a compatibilidade do grau de escolaridade do
Parente em linha reta Parente colateral cargo de origem, ou a compatibilidade da atividade que lhe
res de cônjuge)
seja afeta e a complexidade inerente ao cargo em comissão
Padrasto, madrasta, enteado
1º grau Pai, mãe e filho (a). a ser exercido, além da qualificação profissional do servidor.
(a), sogro (a), genro e nora.
Cunhado (a), avô e avó do 6. A nomeação de servidor efetivo municipal parente de Secre-
2º grau Avô, avó e neto (a). Irmãos
cônjuge. tário Municipal para exercer cargo em comissão ou função de
Bisavô, bisavó confiança, observada a compatibilidade do grau de escolarida-
3º grau Tio (a) e sobrinho (a). Concunhado (a). de do cargo de origem, ou a compatibilidade da atividade que
e bisneto (a).
lhe seja afeta e a complexidade inerente ao cargo em comissão
a ser exercido, além da qualificação profissional do servidor,
8
autoridade na nomeação, ou quando realizada visando à “troca de favores” ou “fraude à lei.” CARGO DE PROFESSOR COM OUTRO CARGO
7. A limitação contida no artigo 1.595 do Código Civil não tem repercussão sobre os vínculos TÉCNICO OU CIENTÍFICO
de parentesco indicados na Súmula Vinculante 13 e Lei Orgânica Municipal, consideran-
do a independência entre as esferas civil e administrativa-constitucional, razão pela qual o Nos termos da Constituição Federal, art. 37, XVI,
conceito de parentesco estabelecido no Código Civil não tem o mesmo alcance para fins de “a” e “b”, é permitida a acumulação de dois cargos de
obediência aos princípios da impessoalidade, moralidade e eficiência, que vedam a prática professor, assim como a de um cargo de professor com
de nepotismo na Administração Pública.
outro, técnico ou científico, desde que haja compatibilida-
8. A nomeação de sobrinho da esposa de Secretário Municipal, ou cargo equiparado a este, de de horário, respeitado o limite da jornada de trabalho
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na fixada no art. 7º, XIII, c/c art. 39, § 3º. A regra da acu-
administração pública municipal indireta, poderá caracterizar nepotismo quando verificado mulação estende-se a empregos e funções públicas, nos
ajuste mediante designações recíprocas, realizada visando à troca de favores ou fraude à
termos do inciso XVII do artigo 37.
lei, quando existente ascendência hierárquica ou funcional do agente político sobre a auto-
ridade nomeante ou, ainda, no caso de incompatibilidade da formação do nomeado para o Na aferição quanto ao cargo ser técnico ou cientí-
respectivo cargo/função. fico, despreza-se a sua nomenclatura e a forma de in-
vestidura, atentando-se para o aspecto inerente às suas
ESTABILIDADE PROVISÓRIA DA SERVIDORA COMISSIONADA GESTANTE atribuições, no caso de o cargo requerer para o seu de-
sempenho conhecimento específico na área de atuação
Embora a natureza do cargo em comissão seja de livre nomeação e exo- do profissional, assumirá status de técnico ou científico
neração, à servidora, ocupante de cargo em comissão, que esteja grávida é (Prejulgado nº 1644).
garantida a estabilidade provisória prevista pelo art. 10, II, “b”, do ADCT. Sen- Não é possível ao servidor público que já acumula
do assim, é possível exonerar a servidora comissionada, mesmo que grávida, cargo efetivo de professor com cargo técnico ou científico
contudo, nessas situações, ela terá o direito a ser indenizada até cinco meses receber cumulativamente o subsídio de Secretário Muni-
após o parto. cipal ante a vedação do art. 37, XVI e XVII, da Constitui-
Acerca do assunto, a orientação firmada por este Tribunal de Contas no ção Federal (Prejulgado nº 1261). Em nenhuma hipótese
Prejulgado nº 1976: é permitida a acumulação de três cargos, empregos ou
funções públicas.
1. O estado de gravidez de servidora detentora de cargo em comissão não configura impe-
dimento à sua exoneração, a qualquer tempo, pela autoridade que a nomeou, em face da CARGOS OU EMPREGOS PRIVATIVOS DE
natureza do cargo de livre nomeação e exoneração, conforme disposto no art. 37, inciso II, PROFISSIONAIS DE SAÚDE
da Constituição Federal.
2. É direito da servidora púbica gestante exonerada do seu cargo ou função o recebimento A Constituição Federal, no art. 37, XVI, “c”, permite
de indenização substitutiva correspondente à sua remuneração desde a data da exoneração a acumulação de dois cargos ou empregos privativos de
até cinco meses após o parto, a ser paga a partir da oficialização do ato de dispensa. profissionais de saúde, cujas profissões devem ser re-
gulamentadas por lei específica e fiscalizadas por órgão
8.1.2 ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS competente.
A Constituição Federal, no art. 37, XVI, estabelece os casos excepcionais em CARGO EM COMISSÃO COM CARGO EFETIVO
que é permitida a acumulação de cargos, empregos e funções públicas nas admi-
nistrações direta e indireta, nas empresas públicas e nas sociedades de economia A Constituição Federal (art. 37, XVI e XVII) não per-
mista. A seguir, apresenta-se, em síntese, a orientação firmada pelo Tribunal de mite a acumulação remunerada de cargo de provimento
Contas catarinense sobre a matéria. efetivo com a de provimento em comissão (Prejulgado nº
653, reformado). Apenas nos casos em que o cargo em
Acerca das consequências da aposentadoria para os servidores ocupantes 3. A acumulação de proventos de aposentadoria concedida
pelo Regime Geral da Previdência Social, com remuneração do
de cargos ou empregos públicos, seguem os Prejulgados nº 1921 e 2119 deste
emprego público não viola o art. 37, XVI e §10, da Constituição
Tribunal de Contas, que disciplinam a matéria: Federal.
Referida regra possui aplicabilidade imediata aos municípios, conforme dis- Investido no mandato de Prefeito, deve o servidor
posto na Nota Técnica nº 12212/2019/ME2, devendo ser observada a partir da afastar-se do cargo, emprego ou função de médico, sen-
publicação da referida Emenda Constitucional, ocorrida em 13/11/2019. do-lhe facultado optar pela sua remuneração, nos termos
do art. 38, II, da Constituição Federal.
8.1.3 ACUMULAÇÃO DE CARGOS, EMPREGOS E FUNÇÕES PÚBLICAS Enquanto permanecer no exercício do mandato de
COM EXERCÍCIO DE MANDATO ELETIVO Prefeito, o ocupante de cargo ou emprego de médico não
pode realizar serviços profissionais no âmbito do Siste-
O vereador que for investido em cargo, emprego ou função pública pode exer- ma Único de Saúde (SUS) com habitualidade, incluído o
cer simultaneamente o mandato de vereador quando houver compatibilidade de método de credenciamento, por caracterizar acumulação
horários. Nesse caso, poderá acumular a remuneração do cargo público (ou em- remunerada de funções públicas.
prego ou função pública) com o subsídio do mandato eletivo. Contudo, ausente Salvo vedação contida na Lei Orgânica do Município,
a compatibilidade de horários, o agente será afastado do exercício do cargo (ou o profissional médico em exercício do cargo de Prefei-
emprego ou função), sendo-lhe facultado optar pela remuneração, nos termos do to não está impedido de realizar procedimento cirúrgico,
art. 38, II, da Constituição Federal. em casos excepcionais para atendimentos emergenciais,
cuja recusa de atendimento possa caracterizar omissão
CARGO EFETIVO COM PRESIDÊNCIA DA CÂMARA de socorro (Prejulgado nº 1845).
Servidor público ocupante de cargo efetivo e em exercício de mandato de ACUMULAÇÃO DE CARGO EFETIVO COM MANDATO
vereador somente poderá assumir a Presidência da Edilidade se comprovar a DE VICE-PREFEITO
compatibilidade de horários entre o expediente normal da Câmara e a jornada de
trabalho como servidor público efetivo, não podendo ser coincidentes. É inconstitucional a acumulação da remuneração de
Configurada a incompatibilidade de horários, deverá o servidor público efetivo cargo efetivo com o subsídio de vice-prefeito, em face
e em exercício de mandato de vereador afastar-se do exercício do seu cargo efeti- da inaplicabilidade, à espécie, da norma do art. 38, III,
vo para poder assumir a Presidência da Edilidade, optando pela remuneração que da Constituição Federal, que se restringe tão somente ao
lhe aprouver, conforme determinam os incisos II e III do artigo 38 da Constituição vereador. Entretanto, o servidor público que vier a exercer
Federal (Prejulgado nº 1375, reformado). mandato de vice-prefeito pode optar entre a remuneração
do cargo e o subsídio de vice-prefeito. Caso o servidor
CARGO COMISSIONADO COM MANDATO DE VEREADOR faça a opção pelo subsídio, fica vedado o pagamento de
adicional, gratificação ou quaisquer outras vantagens do
Não é permitido o exercício concomitante de cargo em comissão pertencente cargo efetivo nos termos do § 4º do art. 39 da Constitui-
2
BRASIL. Ministério da Economia. Secretaria Especial de Previdência e Trabalho. ção Federal (Prejulgado nº 1103).
Nota Técnica SEI nº 12212/2019/ME. Disponível em:< http://sa.previdencia.gov.br/
site/2019/11/SEI_ME-5155534-Nota-Tecnica-12212.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2020.
Os programas federais da saúde da família (ESF), dos agentes comunitários Diferentemente dos demais profissionais da ESF, a
de saúde (PACS) e dos agentes de combate às endemias (PACE) constituem es- Lei nº 11.350/06 (art. 9º) permite que os agentes comu-
tratégias do Ministério da Saúde para reorganizar as práticas da atenção básica nitários de saúde sejam admitidos após aprovação em
visando à prevenção e ao aprimoramento dos serviços públicos do Sistema Único processo seletivo de provas ou de provas e títulos. Essa
sistemática vigora desde a publicação da Emenda Consti-
3
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 602.403/MT. Relator: tucional nº 51. A Lei nº 11.350/06 garantiu a permanên-
Ministro Marco Aurélio. Brasília, 26 de abril de 2017. Disponível em: <http://portal.
stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=312672970&ext=.pdf>Disponível em: cia no exercício das funções aos agentes comunitários de
09 fev. 2020. saúde que já atuavam antes da Emenda Constitucional,
4
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário nº 612.975/MT. Relator: desde que o ingresso tenha sido por processo seletivo
Ministro Marco Aurélio. Brasília, 26 de abril de 2017. Disponível em: <http://portal. público (art. 9º, parágrafo único).
stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=312672762&ext=.pdf>. Disponível em:
09 fev. 2020.
8 PÚBLICO
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE E A contratação por tempo determinado deve ser for-
AGENTES DE COMBATE ÀS ENDEMIAS malizada pelos gestores quando presente a necessidade
temporária e o excepcional interesse público (art. 37, IX,
A contratação temporária ou terceirizada foi vedada, conforme disposto no art. da CF), o qual deve ser prontamente atendido para não
16 da Lei nº 11.350/06, salvo na hipótese de combate a surtos epidêmicos, bem restar paralisado ou prejudicado o funcionamento da Ad-
como na ausência do titular em caso de afastamento na forma da lei aplicável ministração Pública.
(Prejulgado nº 1083, reformado). Neste caso, excepcionalmente, os municípios Para proceder à contratação temporária, é necessá-
poderão contratar temporariamente, nos termos do art. 37, IX, da CF. ria a presença de vários requisitos: a) lei local prevendo
as hipóteses de contratação temporária; b) prazo deter-
COMO FICAM AS ADMISSÕES DE PESSOAL APÓS O DEFERIMENTO DA minado da contratação; c) necessidade temporária e; d)
MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI Nº excepcionalidade do interesse público.
2.135-4, PUBLICADA EM 14/08/2007)
COMO REGULAMENTAR
O STF, ao deferir a medida cautelar que suspendeu a vigência do caput do
art. 39 da Constituição Federal, restabelecendo, portanto, a redação anterior à Incumbe a cada ente federativo editar suas próprias
Emenda Constitucional nº 19/98 (regime jurídico único), atribuiu à decisão efeitos leis que regularão as contratações por prazo determinado,
ex nunc, ou seja, a partir de agosto de 2007. Com isso, toda legislação editada nos termos do art. 37, IX, da Constituição Federal, cuja
durante a vigência do art. 39, caput, com a redação da Emenda Constitucional nº iniciativa recai sobre o Chefe do Poder Executivo local. É
19 continua válida, ficando resguardadas as situações consolidadas até o julga- ilegal a contratação temporária sem previsão específica
mento do mérito. em lei municipal.
A legislação que disciplina a contratação dos agentes comunitários de saúde
e agentes de combate às endemias, editada anteriormente ao deferimento da O QUE DEVE CONTER A LEI
cautelar que suspendeu o caput do art. 39 da Constituição Federal, baseia-se no
§ 5º do art. 198 da Constituição Federal, o qual previu que “lei federal disporá A lei deve regulamentar todos os aspectos relativos a
sobre o regime jurídico e a regulamentação das atividades de agente comunitário essa forma de contratação, como: hipóteses de cabimen-
de saúde e agente de combate às endemias”. Referida regulamentação deu-se to da contratação temporária, prazo, possibilidade ou não
por meio da Lei Federal nº 11.350/06, sendo que o art. 8º esclareceu que o de prorrogação, obrigatoriedade de vinculação ao RGPS,
• Regime Próprio de Previdência do ente federado (RPPS); UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS PREVIDENCIÁRIOS
• Regime Geral da Previdência Social (RGPS), administrado pelo Instituto Nacio-
nal de Seguridade Social (INSS). Os recursos do regime próprio de previdência devem
Para os cargos e funções da administração pública municipal, o regime previ- ser utilizados, exclusivamente, para fins de pagamento de
denciário pode ser assim definido: benefícios previdenciários.
Segundo os Prejulgados nº 947 e 1123, se o regime
Regime Geral da Previdência (INSS) próprio for extinto — transferido para o RGPS — os re-
cursos vinculados devem ser utilizados para pagamento de
• Servidores públicos efetivos. • Prefeito e vice-prefeito, quando não
benefícios remanescentes e compensação previdenciária
• Servidores públicos estabilizados (art. vinculados a regime próprio do município.
com outros regimes credores (art. 10 da Lei nº 9.717/98).
19-ADCT/CF). • Vereadores.
• Ocupantes de cargo em comissão que
REMESSA DE ATOS PARA O TRIBUNAL DE CONTAS
não sejam servidores públicos vinculados
a regime próprio do município.
• Servidores contratados em caráter O município que mantém regime próprio de previdên-
temporário (ACTs). cia deve encaminhar ao Tribunal de Contas, por meio ele-
• Ocupantes de funções públicas em ca- trônico, as informações e os documentos referentes aos
ráter transitório, geralmente com mandato atos de concessão de aposentadoria e pensão, no prazo
(ex.: conselheiros tutelares). de 90 dias a contar da publicação do ato de concessão,
nos termos da Instrução Normativa nº TC 11/2011, al-
O QUE CARACTERIZA UM REGIME PRÓPRIO terada pela IN nº TC 23/2016, para fins de registro (59,
inciso III, da Constituição Estadual, art. 1º, inciso IV, da Lei
Existe regime próprio quando o município paga aposentadorias de seus servi- Complementar nº 202, de 15 de dezembro de 2000; art.
dores e as respectivas pensões. 1º, inciso IV, do Regimento Interno do Tribunal de Contas
- Resolução nº TC 06, de 03 de dezembro de 2001, e
CRIAÇÃO DE REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA Resolução nº TC 35, de 17 de dezembro de 2008).
A compensação previdenciária é reconhecida pela Constituição Federal (art. Constitui pressuposto para obter a compensação
201, § 9º) e disciplinada pela Lei nº 9.796/99, de 5 de maio de 1999. previdenciária que os benefícios de aposentadorias e
pensões precedidas de aposentadorias sejam registrados
REGIME DE ORIGEM E REGIME INSTITUIDOR pelo Tribunal de Contas (art. 10, V e § 1º, do Decreto nº
3.112/99).
Regime de origem é o regime previdenciário ao qual o segurado ou servidor
público esteve vinculado sem que dele receba aposentadoria ou tenha gerado
pensão para seus dependentes.
Regime instituidor é o regime previdenciário responsável pela concessão e
pelo pagamento de benefício de aposentadoria ou pensão dela decorrente a se-
gurado ou servidor público ou aos seus dependentes com cômputo de tempo de
contribuição no âmbito do regime de origem.
FINALIDADE
102 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • APLICAÇÃO VINCULADA DE RECURSOS 103
• os orientadores educacionais; outras políticas públicas atuantes sobre aspectos sociais
10 • os coordenadores pedagógicos.
sob a vigência do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica COMO DEVEM SER APLICADOS OS RECURSOS DA
e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) nos seguintes termos, SAÚDE
conforme o Prejulgado nº 619:
As despesas com ações e serviços públicos de saúde
“Consideram-se profissionais de magistério, além dos profissionais em re- devem ser realizadas por intermédio de Fundo de Saú-
gência de classe, as funções de direção ou administração escolar, planejamento, de, que será acompanhado e fiscalizado por Conselho de
inspeção, supervisão, orientação educacional, professores de educação especial, Saúde (art. 77, § 3º, do ADCT), sem prejuízo da fiscaliza-
professores do ensino supletivo e o responsável pela TV Escola, desde que atuem ção do Tribunal de Contas.
no ensino fundamental público.”
DESPESAS CONSIDERADAS COMO DE AÇÕES E
UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS DO FUNDEB SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE
O município é obrigado a aplicar não menos que 95% dos recursos recebidos Segundo disposto no art. 3º da Lei Complementar
do Fundeb e os relativos à complementação da União, na educação básica, no nº 141/2012, são aceitas como despesas com ações e
exercício financeiro em que foram creditados. O saldo não aplicado no exercício serviços de saúde as relativas à promoção, proteção e
— que não pode ser superior a 5% — deve, obrigatoriamente, ser utilizado no 1º recuperação da saúde:
trimestre seguinte, mediante abertura de crédito adicional (art. 21, caput, e § 2º,
I - vigilância em saúde, incluindo a epidemiológica e a
da Lei nº 11.494/07).
sanitária;
II - atenção integral e universal à saúde em todos os ní-
10.2 NA SAÚDE veis de complexidade, incluindo assistência terapêutica e
No mínimo 15% dos recursos de impostos e transferências de impostos (arts. recuperação de deficiências nutricionais;
156, 158 e 159, I, alínea “b” e § 3º, da Constituição Federal) deverão ser aplica-
III - capacitação do pessoal de saúde do Sistema Único
dos pelo município, no respectivo exercício, em ações e serviços públicos de saú-
de Saúde (SUS);
de (art. 198 da CF c/c art. 77 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias).
São consideradas despesas com ações e serviços públicos de saúde, aquelas IV - desenvolvimento científico e tecnológico e controle de
de custeio e de capital, financiadas pelas três esferas de governo, relacionadas a qualidade promovidos por instituições do SUS;
programas finalísticos e de apoio que atendam, simultaneamente, aos princípios
V - produção, aquisição e distribuição de insumos espe-
do art. 7º da Lei nº 8.080/90, de 19/09/1990, e às seguintes diretrizes:
cíficos dos serviços de saúde do SUS, tais como: imu-
nobiológicos, sangue e hemoderivados, medicamentos e
• de acesso universal, igualitário e gratuito;
equipamentos médico-odontológicos;
• em conformidade com objetivos e metas explicitados nos Planos de Saúde de
cada ente federativo; VI - saneamento básico de domicílios ou de pequenas
• de responsabilidade específica do setor de saúde. comunidades, desde que seja aprovado pelo Conselho de
Saúde do ente da Federação financiador da ação e esteja
Com relação à diretriz do item “c”, a Portaria no 2.047/02-GM, do Minis- de acordo com as diretrizes das demais determinações
tério da Saúde, esclarece que não se confunde com despesas relacionadas a previstas nesta Lei Complementar;
104 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • APLICAÇÃO VINCULADA DE RECURSOS 105
10.3 LIMITES DE GASTOS COM PESSOAL
10
VII - saneamento básico dos distritos sanitários especiais indígenas e de comuni-
dades remanescentes de quilombos;
A Lei Complementar nº 101/00 — mais conhecida
VIII - manejo ambiental vinculado diretamente ao controle de vetores de doenças; como Lei de Responsabilidade Fiscal — fixou os percen-
IX - investimento na rede física do SUS, incluindo a execução de obras de recupe- tuais máximos que os entes públicos podem aplicar em
ração, reforma, ampliação e construção de estabelecimentos públicos de saúde; despesas com pessoal. De acordo com o art. 20, os gas-
tos com pessoal dos Poderes Executivo e Legislativo mu-
X - remuneração do pessoal ativo da área de saúde em atividade nas ações de nicipais não podem ultrapassar, respectivamente, 54% e
que trata este artigo, incluindo os encargos sociais; 6% da Receita Corrente Líquida do município.
XI - ações de apoio administrativo realizadas pelas instituições públicas do SUS e A verificação dos gastos com pessoal será realizada
imprescindíveis à execução das ações e serviços públicos de saúde; e ao final de cada quadrimestre. Para a apuração das des-
pesas com pessoal, devem ser considerados o período de
XII - gestão do sistema público de saúde e operação de unidades prestadoras de referência e os 11 meses imediatamente anteriores (art.
serviços públicos de saúde. 18, § 2º, da LC nº 101/00).
Entre as despesas que não são consideradas como ações e serviços de saúde,
destacam-se, conforme disposto no art. 4º da Lei Complementar nº 141/2012, as LIMITE PRUDENCIAL
seguintes:
I - pagamento de aposentadorias e pensões, inclusive dos servidores da saúde; Se a despesa com pessoal ultrapassar 95% do limite
estabelecido para o Executivo ou Legislativo, é vedado ao
II - pessoal ativo da área de saúde quando em atividade alheia à referida área;
poder ou órgão:
III - assistência à saúde que não atenda ao princípio de acesso universal;
• conceder vantagens, aumento, reajuste ou adequa-
IV - merenda escolar e outros programas de alimentação, ainda que executados
ção de remuneração a qualquer título, salvo os deri-
em unidades do SUS, ressalvando-se o disposto no inciso II do art. 3o;
vados de sentença judicial ou de determinação legal
ou contratual, ressalvada a revisão prevista nos inci-
V - saneamento básico, inclusive quanto às ações financiadas e mantidas com
sos X do art. 37 da Constituição Federal e I do art. 22
recursos provenientes de taxas, tarifas ou preços públicos instituídos para essa
da Lei Complementar nº 101/00;
finalidade;
• criar cargo, emprego ou função (art. 22, II, da LC nº
VI - limpeza urbana e remoção de resíduos; 101/00);
• alterar estrutura de carreira que implique aumento de
VII - preservação e correção do meio ambiente, realizadas pelos órgãos de meio
despesa (art. 22, III, da LC nº 101/00);
ambiente dos entes da Federação ou por entidades não governamentais;
• prover cargo público, admitir ou contratar pessoal a
VIII - ações de assistência social; qualquer título, exceto reposição decorrente de apo-
sentadoria ou falecimento de servidores das áreas de
IX - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indire-
educação, saúde e segurança (art. 22, IV, da LC nº
tamente a rede de saúde; e
101/00);
X - ações e serviços públicos de saúde custeados com recursos distintos dos • contratar hora extra (art. 22, V, da LC nº 101/00).
especificados na base de cálculo definida nesta Lei Complementar ou vinculados
a fundos específicos distintos daqueles da saúde. Quando a despesa com pessoal ultrapassar o per-
centual definido para o Poder, o excedente deverá ser
eliminado nos dois quadrimestres subsequentes, sendo
106 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • APLICAÇÃO VINCULADA DE RECURSOS 107
que no mínimo um terço deve ser no 1º quadrimestre. A não readequação ao per-
ALERTAS
O art. 37, X, da Constituição Federal assegura a revisão geral anual para todos
os servidores públicos, como também para os agentes políticos, que deve ocorrer
sempre na mesma data e sem distinção de índices. De acordo com o Prejulgado
nº 1163 desta Corte de Contas, por força de lei municipal, deve ser definido índice
oficial de revisão dos vencimentos e subsídios (INPC, IGPM) para o município,
bem como data-base (mês) em que a revisão será concedida. Vale lembrar que a
iniciativa da lei para aplicação da revisão geral anual deve ser do Poder Executivo.
A revisão geral, conforme Prejulgados nº 1686 e 1914, aplicar-se-á a todos os
servidores do ente, aí incluídos os do Poder Legislativo. O Prejulgado nº 1565
orienta sobre a revisão geral anual nos cento e oitenta dias que precedem o final
do mandato do titular do Poder.
108 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • APLICAÇÃO VINCULADA DE RECURSOS 109
11
Incentivos tributários
e econômicos
A
concessão de incentivos tributários e econômicos pelos municípios às empre- CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO
11 sas privadas é vista com reserva pelo Tribunal de Contas do Estado, que em
suas decisões tem se mostrado bastante restritivo quanto a essas práticas. O município poderá se valer do instituto da concessão
de direito real de uso, previsto no art. 7º do Decreto-Lei
AJUDA FINANCEIRA Federal nº 271/67, para ceder terreno público visando à
instalação de indústria, urbanização, edificação, cultivo ou
Não encontra amparo legal ou justificativa de interesse público a concessão qualquer outra forma de exploração de interesse social.
de ajuda ou o auxílio financeiro às empresas privadas para investimentos na im-
plantação ou ampliação de atividades que venham a se incorporar no patrimônio CONDIÇÕES PARA INCENTIVOS TRIBUTÁRIOS
dessas entidades (art. 21 da Lei Federal nº 4.320/64).
Quando os programas para instalação ou expansão de
UTILIZAÇÃO DO MAQUINÁRIO DO MUNICÍPIO atividades econômicas no município envolverem a conces-
são de incentivos de natureza tributária (subsídios, isen-
A prestação de serviços com equipamentos ou pessoal do município em pro- ções em caráter não geral, concessões de crédito presumi-
priedades particulares pode ser realizada de forma gratuita desde que observada do, reduções da base de cálculo ou de alíquotas), além da
a legislação municipal e o interesse social, ou mediante remuneração – preço autorização legislativa local para instituí-los, está previsto o
público – à entidade pública prestadora do serviço, com base em tabela de preços atendimento de requisitos, estabelecidos nos termos da Lei
equânime para os interessados, conforme valores e critérios estabelecidos em lei. de Responsabilidade Fiscal (arts. 4º, § 2º, V; 5º, II; e 14).
Serviços de terraplanagem e infraestrutura nos distritos industriais podem ser
executados gratuitamente. CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS TRIBUTÁRIOS APÓS A
Tanto para a prestação de serviços nas propriedades particulares como nos EDIÇÃO DA LDO
distritos industriais deve haver lei municipal de caráter geral instituindo programas
e finalidades respectivas, em que os beneficiários sejam aqueles que atendam aos De acordo com os arts. 165, § 2º, da Constituição
requisitos legais. Federal, e art. 14 , da Lei Complementar nº 101/00 (LRF),
a concessão de benefícios de natureza tributária, da qual
EDIFICAÇÃO EM TERRENO PARTICULAR decorra renúncia de receita, não poderá ser realizada
após a publicação da LDO, pois a referida norma deverá
É irregular a edificação realizada com recursos públicos em terreno particular, dispor previamente sobre as alterações na legislação tri-
podendo haver direito à indenização tanto por parte do edificante, se procedeu butária, como a isenção de caráter não geral (isenções
de boa-fé, como por parte do proprietário do solo, caso o valor da edificação seja para uma ou algumas pessoas físicas ou jurídicas).
consideravelmente superior ao valor do terreno (art. 1.255 do Código Civil). A lei
municipal não pode regulamentar de modo diverso à matéria, pois a competência ISENÇÃO TRIBUTÁRIA
é privativa da União (art. 22, I, da Constituição Federal).
Na instalação de empresas no município — como for-
DOAÇÃO DE IMÓVEL ma de incentivo econômico e fiscal, desde que observado
o interesse público —, é possível a concessão de isenção
A doação de imóveis públicos para empresas particulares atenta contra o de tributos mediante autorização em lei municipal (art. 176
patrimônio público e a responsabilidade fiscal, estando definitivamente proibida do Código Tributário Nacional). Na autorização legislativa
desde a edição da Lei Federal nº 11.481/07, que alterou o art. 17, I, “b”, da Lei deverão ficar especificados, por exemplo, as condições e
Federal nº 8.666/93. os requisitos exigidos para a referida concessão, a que tri-
buto se aplica e, conforme o caso, o prazo de sua duração.
112 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • INCENTIVOS TRIBUTÁRIOS E ECONÔMICOS 113
ISS
REEMBOLSO DO ICMS
114 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • INCENTIVOS TRIBUTÁRIOS E ECONÔMICOS 115
12
Renúncia
de receitas
A
renúncia de receitas pressupõe perda de arrecadação. Caracteriza-se por
118 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • RENÚNCIA DE RECEITAS 119
13
Portal da
transparência
A
transparência da gestão fiscal, entendida como a produção e divulgação • quanto à despesa, o sistema deverá gerar, para
122 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • PORTAL DA TRANSPARÊNCIA 123
14
Vedações no
último ano de
mandato - LRF
D
esde o ano 2000, os administradores públicos e a sociedade contam com conferem direitos aos servidores à percepção de adicionais
14 instrumento importante para coibir os abusos e as irregularidades prati- por tempo de serviço e progressões funcionais horizontais na
cadas contra as finanças públicas — a Lei Complementar nº 101 de tabela de vencimentos do quadro de cargos e vencimentos do
Poder ou órgão, decorrentes de aplicação de leis aprovadas
04/05/2000 (LRF).
antes do início do 180º (centésimo octagésimo) dia anterior
A Lei Complementar nº 101/00 introduziu na administração pública a consci- ao final do mandato, bem como os que viessem a atender
ência pelo planejamento, pela transparência e pelo equilíbrio das contas, obrigan- às situações decorrentes de fatos que provocam estado de
do o administrador público a adotar procedimentos (contínuos e periódicos) para emergência ou de calamidade pública, e, ainda, os que tives-
identificar os riscos que podem comprometer a obtenção de resultados financeiros sem a proporcional compensação em relação ao aumento da
e orçamentários positivos. despesa com pessoal, seja pelo aumento da receita corrente
Em ano eleitoral, os gestores municipais devem tomar alguns cuidados no líquida, seja pela diminuição de outras despesas com pessoal.
decorrer do período eleitoral até o dia 31 de dezembro.
Os prefeitos, presidentes de Câmaras de Vereadores e demais administrado- 2. A nomeação de candidatos em concurso público dentro
dos últimos cento e oitenta dias de final de mandato do titular
res de recursos públicos municipais devem observar as normas específicas e os
de Poder ou órgão somente é possível se as despesas de-
prazos de início das vedações, conforme se destaca a seguir. correntes destas nomeações tiverem a proporcional compen-
sação, relativamente ao aumento da receita corrente líquida
14.1 AUMENTO DO PERCENTUAL DE GASTOS COM PESSOAL ou a diminuição da despesa com pessoal, de forma que o
percentual de comprometimento verificado no mês anterior
ao início do 180º (centésimo octogésimo) dia não seja ultra-
Durante os últimos 180 dias do mandato dos prefeitos e presidentes de Câ- passado até o último dia do mandato.
maras, os gastos com pessoal dos Poderes Legislativo e Executivo não poderão Ressalta-se que à divulgação dos gastos com pessoal no
ser aumentados, sendo considerados nulos de pleno direito os atos produzidos Demonstrativo de Pessoal, parte integrante do Relatório de
neste período que resultarem em acréscimo, conforme dispõe a Lei Complementar Gestão Fiscal deve ser quadrimestral. Porém, para a verifica-
nº 101/00, em seu art. 21, parágrafo único. ção do cumprimento ao art. 21, parágrafo único, da Lei Com-
É importante destacar que a verificação é feita pelo percentual resultante do plementar no 101/00, a apuração deverá ocorrer no exercício
móvel, ou seja, antes e depois do período de vedação, será
cálculo da despesa com pessoal dos últimos 12 meses em relação à Receita
feita a comparação do percentual de gastos com pessoal.
Corrente Líquida do mesmo período.
Observa-se que, sob a ótica da Lei de Responsabilidade Fiscal e conforme A vedação não possui exceção, sendo, portanto, aplicada
entendimento do TCE/SC, no período de vedação, poderá a Administração Pública também aos administradores que venham a ser reeleitos.
municipal aumentar as despesas com pessoal não descumprindo a norma legal
da LRF, caso as receitas arrecadadas que compõem o cálculo da Receita Corrente Cumpre registrar que a Lei nº 9.504/1997, que estabelece
Líquida acompanhem proporcionalmente o acréscimo, ou que haja a redução das normas para as eleições, veda a revisão geral da remunera-
despesas com pessoal já existente. ção dos servidores públicos que exceda a recomposição da
Os acréscimos aos gastos com pessoal resultantes de atos que forem produ- perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, nos
180 dias que antecedem a eleição até a posse dos eleitos.
zidos antes dos últimos 180 dias do mandato, como as concessões de vantagens
Ressalte-se que, segunda a jurisprudência do Tribunal Su-
pessoais, não serão considerados na apuração do cumprimento do parágrafo úni- perior Eleitoral (TSE), é possível a concessão de revisão geral
co do art. 21 da LRF, conforme o Prejulgado nº 1252 deste Tribunal de Contas: da remuneração dos servidores no período da vedação, ou
seja nos 180 dias que antecedem a eleição até a posse dos
Prejulgado nº 1252: eleitos, desde que essa revisão não ultrapasse a perda do
1. A regra da nulidade para atos que resultem aumento da despesa com pessoal nos últimos valor aquisitivo da moeda no ano da eleição (Res. nº 22.317
180 dias de mandato (art. 21, parágrafo único, da LRF) é vedatória, porém deve ser interpre- do TSE).
tada com o princípio da indisponibilidade do interesse público e o da continuidade dos servi- Concluindo, a prudência recomenda que o eventual aumento
ços públicos. De acordo com a recente doutrina, estariam fora da vedação legal os atos que de despesas com pessoal nos últimos 180 dias do mandato
126 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • VEDAÇÕES NO ÚLTIMO ANO DE MANDATO - LRF 127
deva ser avaliado sob o ponto de vista da LRF e da legislação eleitoral. de Responsabilidade Fiscal.
128 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • VEDAÇÕES NO ÚLTIMO ANO DE MANDATO - LRF 129
vem estar presentes os requisitos exigidos nos parágrafos 1º e 2º do mencionado
14 artigo.
Destaca-se o texto legal insculpido do artigo 62 da Lei nº 4320/64:
Prejulgado nº 1615:
1. É possível ao Prefeito, nos últimos oito meses que antecedem o término de
seu mandato, contrair obrigação relativa a serviços de natureza contínua que
supere um exercício financeiro, desde que haja previsão de disponibilidade
financeira em caixa para satisfazer a obrigação do exercício em que a despe-
sa foi contraída, devendo adimplir as parcelas que se vencerem até o final de
seu mandato ou deixar recursos em caixa para pagamento dessas parcelas
no exercício seguinte (art. 42 da Lei Complementar nº 101/00).
130 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • VEDAÇÕES NO ÚLTIMO ANO DE MANDATO - LRF 131
15
Subsídios dos
agentes políticos
municipais
S
ão agentes políticos municipais: o prefeito, o vice-prefeito, os vereadores e A fixação de subsídio sem observância das regras
15 os secretários municipais.
Cada agente político recebe subsídio fixado em parcela única. Não se
admite, portanto, outros acréscimos ou parcelas de qualquer natureza ao subsídio,
constitucionais poderá resultar em declaração de incons-
titucionalidade pelo Poder Judiciário e em determinação
do Tribunal de Contas pela devolução de valores recebi-
como verba de representação, gratificação, adicional, abono, prêmio, ou qualquer dos indevidamente pelos agentes políticos.
espécie remuneratória (art. 39, § 4º, da Constituição Federal). Quanto à alteração dos subsídios dos agentes polí-
No caso dos vereadores, as respectivas Câmaras Municipais fixarão o subsídio ticos do Poder Executivo, essa pode ocorrer na mesma
em cada legislatura para a subsequente, de acordo com o art. 29, VI, da Constitui- legislatura, excluídos os vereadores por expressa disposi-
ção Federal e o Prejulgado nº 991 do TCE/SC: ção do art. 29, V e VI, da Constituição, e art. 111, VI e VII,
da Constituição do Estado (Prejulgado nº 1890).
Sem prejuízo de prazo mais restritivo previsto nas respectivas Leis Orgânicas, as Câmaras
de Vereadores fixarão até seis meses antes do término da legislatura, por lei de iniciativa
própria, o subsídio dos vereadores para vigorar na legislatura subsequente, observados os 15.2 SUBSÍDIO DO VEREADOR
limites contidos no art. 29, incisos V, VI e VII, e no art. 29-A, incisos I a IV, da Constituição
Federal, com a redação dada pelos arts. 1° e 2°, da Emenda Constitucional n° 25, de 14 ÉPOCA DA FIXAÇÃO
de fevereiro de 2000, e tomando como parâmetro o subsídio hoje fixado para os deputados
estaduais.
O subsídio dos vereadores deve ser fixado no último
Para prefeito, vice-prefeito e secretários municipais, os subsídios podem ser
ano da legislatura para vigorar na seguinte. É o chamado
fixados anualmente, sem restrição de data, conforme o Prejulgado nº 1890 do
princípio da anterioridade ou regra da legislatura1.
TCE/SC, que assim dispõe:
De acordo com a Constituição Estadual de 1989, em
seu art. 111, VII, a lei de fixação do subsídio dos verea-
A alteração do valor do subsídio do prefeito, vice-prefeito e secretários municipais poderá
ocorrer na mesma legislatura, excluídos os vereadores, por expressa disposição legal dos
dores deve ser editada até seis meses antes do término
arts. 29, V e VI, da Constituição Federal e 111, VI e VII, da Constituição Estadual. da legislatura para vigorar na subsequente, devendo ser
sancionada ou promulgada até 30 de junho do último
A seguir, serão apresentados os principais aspectos que devem ser observa- ano do mandato dos vereadores. Se a Lei Orgânica do
dos na fixação dos subsídios dos agentes políticos. município estabelecer prazo maior do que aquele institu-
ído pela Constituição Estadual, por exemplo, sete ou oito
meses, prevalece a Lei Orgânica. Sobre o tema, cita-se o
15.1 INSTRUMENTO LEGAL PARA A FIXAÇÃO DOS SUBSÍDIOS Prejulgado nº 1271 do TCE/SC, segundo o qual:
Os subsídios dos agentes políticos municipais somente poderão ser fixados ou Está em pleno vigor a norma contida no art. 111, VII, da
alterados mediante lei específica. Constituição Estadual, pela qual a remuneração dos vereado-
Não se admite a fixação de subsídios para prefeito, vice-prefeito, vereadores e res será fixada até seis meses antes do término da legislatu-
secretários municipais por meio de resolução, decreto legislativo, decreto do Poder 1
A EC nº 25/00, além de alterar os limites possíveis de fixação dos sub-
sídios dos vereadores em relação aos subsídios dos deputados estaduais,
Executivo ou qualquer outro instrumento que não seja a lei. reintroduziu a denominada “regra da legislatura”, que havia sido abolida
No sentido formal, a lei decorre da aprovação de projeto pelo Poder Legislati- pela EC nº 19/98.
vo, dependendo posteriormente da sanção do chefe do Poder Executivo. Ainda que A “regra da legislatura” — existente para todos os parlamentares até sua
revogação pela EC nº 19/98 — consiste na impossibilidade de alteração
seja vetada pelo prefeito, a Câmara de Vereadores poderá derrubar esse veto, e a na fixação de subsídios na própria legislatura, ou seja, os parlamentares
lei virá a ser promulgada pelo Poder Legislativo. somente poderão rever a remuneração do Parlamento para a legislatura
A manutenção do veto do prefeito, por sua vez, caracteriza ausência de fixa- subsequente. A partir da EC no 25/00, a citada regra somente se aplica
aos parlamentares municipais. (MORAES, Alexandre de. Constituição do
ção de novos subsídios, prevalecendo os já fixados. No caso dos vereadores, para Brasil interpretada e legislação constitucional. 8. ed. Atual. até a EC nº
a próxima legislatura, será mantido o subsídio atual. 67/10. São Paulo: Atlas, 2011, p. 665.).
134 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS MUNICIPAIS 135
ra, para a subsequente ou seja, até 30 de junho. o seu pagamento, “isso porque, nos termos do art. 39, §
AJUDA DE CUSTO
REFLEXOS DA FIXAÇÃO DO SUBSÍDIO NAS DESPESAS
DA CÂMARA
Convém esclarecer o que são verbas indenizatórias e verbas remuneratórias.
Para tanto, colaciona-se o entendimento firmado pelo relator do processo nº CON
O valor do subsídio dos vereadores influi diretamente
10/00365201, conselheiro Herneus De Nadal, segundo o qual
nas despesas da Câmara Municipal. Assim, na fixação,
as verbas indenizatórias dizem respeito àquelas concedidas de maneira esporádica e com o
deve-se levar em conta:
fim específico de ressarcimento, havendo necessidade de serem prestadas contas do valor
recebido. Já as verbas remuneratórias, por sua vez, são aquelas concedidas regularmen- a) a capacidade econômica do município e as dispo-
te, sem necessidade de prestação de contas dos recursos recebidos. Estas últimas serão nibilidades financeiras;
consideradas para efeito de apuração dos limites com folha de pagamento e despesa com b) o limite para a despesa total do Poder Legislativo
pessoal. em relação às receitas tributárias e transferências consti-
tucionais, estabelecido no art. 29-A da CRFB/88 (percen-
Assim, será legal a ajuda de custo quando “caracterizada pela esporadicidade tual conforme a população do município);
de seu pagamento, destinado a recompor certa despesa, visto ser verba de natu- c) o limite de despesa de pessoal do Poder Legisla-
reza indenizatória”. tivo em relação aos valores financeiros que forem desti-
Quando se tratar de ajuda de custo de natureza remuneratória, será vedado
136 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS MUNICIPAIS 137
nados para a própria Câmara Municipal será de 70%, conforme o art. 29-A, § 1º, irregular, com imputação de débito, o recebimento inde-
15 CRFB/88.
INICIATIVA DA LEI
vido por majoração dos subsídios de agentes políticos do
Legislativo Municipal, contrariando o disposto nos artigos
29, VI, 39, § 4º, c/c 37, X, da Constituição Federal. O
relator consignou que
A iniciativa da lei que fixa o subsídio dos vereadores é da Câmara de Vereado-
res (art. 29, VI, da CRFB/88), e a proposta deve seguir todo o processo legislativo o índice concedido no exercício em exame refere-se a rea-
para a edição de lei. juste salarial, o qual não deveria ser aplicado aos vereadores
e vereador-presidente haja vista que não se trata apenas de
revisão geral anual visando à recomposição da perda infla-
ALTERAÇÃO DE SUBSÍDIO
cionária, revelando, no meu sentir, flagrante descumprimento
aos dispositivos constitucionais que tratam da matéria.
É vedado alterar o valor do subsídio dos vereadores no curso da legislatu-
ra (período de quatro anos). Entende-se como alteração o aumento do valor do
Ao conceder a revisão geral anual devem ser obser-
subsídio, por meio de reajuste ou de outros acréscimos a qualquer título, salvo a
vadas as regras constantes dos Prejulgados nº 1686 e
revisão geral anual concedida aos servidores, prevista no art. 37, X, da Constitui-
2102 do TCE/SC:
ção Federal. Esse entendimento foi firmado pelo TCE/SC no Prejulgado nº 1271,
que assim dispõe: Prejulgado 1686:
A revisão geral anual é a recomposição da perda de poder
Não é permitida a alteração dos subsídios dos vereadores durante o mandato, em face das
aquisitivo ocorrida dentro de um período de 12 (doze) meses
normas dos arts. 29, V e VI, da Constituição Federal e 111, VII, da Constituição Estadual,
com a aplicação do mesmo índice a todos os que recebem
salvo a revisão anual de que trata o art. 37, X, da Constituição Federal.
remuneração ou subsídio, implementada sempre no mesmo
mês, conforme as seguintes características:
ALTERAÇÃO DE SUBSÍDIO POR CONTA DA REVISÃO GERAL ANUAL DOS
SERVIDORES a) A revisão corresponde à recuperação das perdas inflacio-
nárias a que estão sujeitos os valores, em decorrência da
A única forma autorizada pelo ordenamento jurídico para se efetuar a altera- diminuição, verificada em determinado período, do poder
ção do subsídio dos vereadores, no curso da legislatura, é a revisão geral anual aquisitivo da moeda, incidente sobre determinada economia;
prevista no art. 37, X, da Constituição Federal.
b) O caráter geral da revisão determina a sua concessão a
Ao analisar o processo REC-14/00302479, o relator, conselheiro Luiz Eduardo
todos os servidores e agentes políticos de cada ente estatal,
Cherem, diferenciou os institutos da revisão anual e do reajuste, explicando que “a abrangendo todos os Poderes, órgãos e instituições públicas;
revisão anual é o instituto que tem por objetivo a reposição inflacionária de remu-
neração e subsídios a cada doze meses, sempre na mesma data e sem distinção c) O caráter anual da revisão delimita um período mínimo de
de índices, constituindo uma efetiva correção salarial em decorrência da inflação e concessão, que é de 12 (doze) meses, podendo, em caso de
visa garantir a manutenção do poder aquisitivo frente à desvalorização da moeda, tardamento, ser superior a este para incidir sobre o período
estando prevista no art. 37, X, da Constituição Federal. Já o reajuste caracteriza- aquisitivo;
-se como verdadeiro aumento, majoração nominal de remuneração e subsídios,
podendo ser superior aos índices inflacionários oficiais”. d) O índice a ser aplicado à revisão geral anual deve ser único
para todos os beneficiários, podendo a porcentagem ser dife-
O valor previsto na lei municipal que conceder a revisão geral anual deverá
rente, de acordo com o período de abrangência de cada caso;
representar a inflação acumulada no período, sob pena de figurar como reajuste
salarial indevidamente pago aos vereadores, contrariando o disposto no art. 29, e) A revisão geral anual sempre na mesma data é imposição
inciso VI, da Constituição Federal. dirigida à Administração Pública, a fim de assegurar a sua
Nesse sentido, o TCE/SC, ao analisar o processo nº PCA 08/00084292, julgou
138 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS MUNICIPAIS 139
concessão em período não superior a um ano, salvo disposição constitucional adversa. Destaca-se dos Prejulgados acima que a lei concessiva
Prejulgado nº 1748:
3. A revisão geral anual da remuneração dos servidores da Câmara Municipal e do subsídio
1. É legal a percepção de 13º subsídio por parte dos verea-
dos vereadores, neste último caso, se atendidos aos preceitos contidos nos arts. 29, VI e VII,
dores, considerando a previsão em lei municipal, e desde que
29-A, caput e § 1º, e 37, XI, da Constituição Federal, segue as disposições da lei específica
observados o princípio da anterioridade e os limites impostos
de iniciativa do Chefe do Poder Executivo.
pela Emenda Constitucional nº 25/00 e Lei Complementar
Federal nº 101/00 (LRF).
4. É possível conceder reajuste ou aumento aos servidores e, por ocasião da data-base
[...].
da revisão geral anual, deduzir o percentual já concedido, desde que previsto na lei que
conceder o reajuste. Nesse caso, o reajuste caracterizará antecipação da revisão geral anual.
Prejulgado nº 2039:
1. Mediante previsão em lei, o valor do décimo-terceiro sub-
5. A lei que concede a revisão geral anual também pode conceder reajuste ou aumento su-
sídio deverá ser pago pela Câmara Municipal de forma pro-
plementar aos servidores, mas é recomendável que os dois índices estejam explicitados de
porcional ao número de dias em que efetivamente o vereador
forma clara na lei para evitar futuras discussões acerca da reposição das perdas da inflação.
esteve no exercício de suas funções, tanto para o titular como
Deve-se evitar o desvirtuamento dos institutos da “revisão geral anual” e do “reajuste ou
para os suplentes que tiverem assumido no exercício;
aumento”, o que pode ocorrer quando se utiliza deste último para recomposição da remune-
[...].
ração do servidor em razão da desvalorização da moeda.
140 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS MUNICIPAIS 141
Prejulgado n° 2196 presidente da Câmara de Vereadores, além do valor do
15
[...] subsídio.
IV - Em relação aos vereadores:
Com o julgamento do processo nº ADM-
12/80230824, em 19/02/2014, o TCE/SC revogou os
IV.1. não se estende aos vereadores o direito ao décimo terceiro subsídio e às férias anuais itens supracitados e modificou o seu entendimento, jus-
com pagamento de um terço garantido aos trabalhadores (art. 7°, inciso XVII, CF) e aos tificando que a percepção de verba de representação ao
servidores públicos (art. 39, § 3°, CF), pois são ocupantes de cargo eletivo; presidente de Câmara de Vereadores é vedada pelo § 4º
IV.2. podem perceber décimo terceiro subsídio se houver previsão na lei que institui os
do artigo 39 da Constituição Federal.
subsídios de uma legislatura para a subseqüente ou para o período do mandato, ou seja, O relator, auditor substituto de conselheiro Cleber
respeitado ao princípio da anterioridade, nos termos do artigo 29, VI, da Constituição Fe- Muniz Gavi, considerou que “melhor se ajusta ao texto
deral e do artigo 111, VII, da Constituição Estadual, com a redação dada pela Emenda constitucional a fixação de subsídios em valores diferen-
Constitucional nº 38/2004, pois não há vedação constitucional impedindo que a legislação ciados ao presidente do Legislativo e aos demais verea-
municipal institua décimo terceiro subsídio aos agentes políticos observando-se ainda os
limites de despesa com pessoal dos incisos VI, VII do artigo 29 e do § 1º do artigo 29-A, da
dores, considerando o conjunto de atividades e responsa-
Constituição Federal; bilidades afetas exclusivamente ao vereador-presidente”.
Nesse sentido é o entendimento expresso no Prejul-
IV.3. não se justifica do ponto de vista ético e moral (princípio constitucional da moralidade gado nº 2106 do TCE/SC, qual seja:
administrativa) a percepção de adicional de férias por vereadores, ainda que previsto em lei
municipal, pois não exercem atividades administrativas contínuas, gozam de dois períodos
[...] 6. É indevido o pagamento de verba mensal e fixa ao
de recessos anuais com remuneração normal e possuem direito à acumulação com cargos,
presidente da Câmara Municipal, visando compensá-lo do
empregos e funções.
munus assumido, sob o amparo do art. 39, § 4º, da Consti-
tuição Federal, uma vez que se trata de verba remuneratória
HORAS EXTRAS
pelos serviços à frente do Legislativo Municipal;
No tocante à possibilidade de se efetuar pagamento referente a horas extras, 7. A forma para remunerar o vereador-presidente com um
o TCE/SC se posicionou de forma contrária à concessão aos agentes políticos no quantum superior ao estipendiado aos demais vereadores
Prejulgado nº 2101: que mais se aperfeiçoa ao mandamento constitucional é a
fixação de distintos subsídios, um em valor superior para o
[...] presidente da Câmara, outro em valor menor para os demais
2. O Pagamento de horas extras aos servidores públicos, efetivos e comissionados, está
edis, respeitados os limites constitucionais a que se subme-
condicionado às hipóteses excepcionais e temporárias, mediante prévia autorização e jus-
tem a remuneração dos legisladores municipais.
tificativa por escrito do superior imediato, sendo necessária a existência de lei que autorize
tal pagamento;
3. Os agentes políticos, dadas as peculiaridades do cargo, que incluem a liberdade e inde- PAGAMENTO DE SESSÕES EXTRAORDINÁRIAS
pendência no exercício de suas funções, não se submetem à jornada de trabalho comum aos
servidores públicos, o que, consequentemente, também não gera o direito ao recebimento É vedado qualquer pagamento por participação em
de horas extras, sobremodo diante do disposto no § 4º do art. 39 da Constituição Federal, sessões legislativas extraordinárias, ainda que durante o
que estabelece a remuneração dos agentes políticos exclusivamente por subsídio fixado em
recesso parlamentar, conforme art. 57, § 7º, da CRFB/88
parcela única, vedado o acréscimo de qualquer adicional;
[...]. (com a redação da Emenda Constitucional nº 50/06) e
art. 46 da Constituição Estadual (com redação da Emen-
PRESIDENTE DA CÂMARA – PARCELA ADICIONAL INDENIZATÓRIA da Constitucional nº 44/06), e Prejulgados nº 1821, 1837
e 1868 do TCE/SC.
A redação do Prejulgado nº 986 do Tribunal de Contas de Santa Catarina, Já no tocante aos servidores da Câmara Municipal, o
mais precisamente nos itens “6”, “7” e “8”, previa a possibilidade de concessão TCE/SC disciplina a matéria da seguinte forma, conforme
de parcela adicional, de caráter indenizatório, expressa em lei, exclusivamente ao se depreende do Prejulgado nº 2052 do TCE/SC:
142 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS MUNICIPAIS 143
1. O pagamento de horas extras a servidores do Poder Legislativo Municipal só poderá qualquer verba de natureza indenizatória.
15
ocorrer em situações excepcionais ou temporais, nos termos do § 2º do art. 62 da Lei Nesse norte é a orientação firmada nos Prejulgados
complementar (municipal) nº 026/02; nº 1837 e 1748 do TCE/SC:
2. Realização de sessões plenárias não caracteriza circunstância de excepcionalidade e
Prejulgado nº 1837:
atendendo ao princípio da economicidade, poderá a Mesa Diretora da Câmara de Verea-
É vedado o pagamento de qualquer parcela indenizatória em
dores adotar a compensação de carga horária dos servidores ou a mudança do horário da
virtude de participação em sessão extraordinária no período
jornada de trabalho. de recesso parlamentar, motivo pela qual o percentual de 1/8
do valor do subsídio fixado para pagamento em razão da par-
FALTA OU ATRASO DE FIXAÇÃO DO SUBSÍDIO DE VEREADOR ticipação em sessão extraordinária, previsto no art. 2º da Lei
Municipal nº 2037/2004, não pode ser aplicado, tornando-se
Caso os vereadores da legislatura anterior não tenham fixado o subsídio para inconstitucional.
a atual legislatura, o valor do subsídio será aquele fixado pela lei que estabeleceu
o subsídio para a legislatura anterior, admitindo-se apenas a revisão geral anual Prejulgado nº 1748:
[...]
prevista no art. 37, X, da Constituição Federal.
3. Convocação e desconvocação de sessão legislativa da
A fixação do subsídio pela Câmara de Vereadores fora do prazo estabelecido
Câmara Municipal, que configura o período anual de seu
pela Constituição do Estado equivale à ausência de fixação, pois essa norma é funcionamento, não propicia direito à percepção de qualquer
considerada inválida. verba de natureza indenizatória aos vereadores, sendo seu
Sobre o tema, segue o teor dos Prejulgados nº 1152 e 1602 do Tribunal de pagamento revestido de inconstitucionalidade.
Contas catarinense:
144 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS MUNICIPAIS 145
A alteração do valor do subsídio do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários Municipais poderá I.4. a indenização por férias não-gozadas somente será de-
15
ocorrer na mesma legislatura, excluídos os Vereadores, por expressa disposição legal dos vida quando atendidas, cumulativamente, as seguintes con-
arts. 29, V e VI, da Constituição Federal e 111, VI e VII, da Constituição Estadual. dições: ter o beneficiário concluído o mandato eletivo ou do
afastamento do respectivo cargo sem o gozo das férias; existir
Além disso, deve ser observado o Prejulgado nº 1914 do TCE/SC: expressa autorização em lei local para a concessão do adi-
cional e para a indenização; e o beneficiário não for servidor
público do ente.
1. O reajuste do valor subsídio do prefeito pode ocorrer durante o transcurso do mandato,
II. Em relação ao vice-prefeito municipal:
mediante lei de iniciativa da Câmara Municipal, nos termos dos arts. 29, inciso V, da Cons-
tituição Federal e 111, inciso VI, da Constituição Estadual.
II.1. na condição de detentor de mandato eletivo, não se
aplica automaticamente o § 3° do artigo 39 da Constituição
2. A concessão reajuste do subsídio do prefeito municipal, além da necessidade de lei es- Federal;
pecífica, a Constituição Federal impõe, ex vi do art. 169, § 1º, I e II, autorização específica
pelas Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO), assim como prévia dotação orçamentária, com II.2. é admitida a percepção de décimo terceiro subsídio des-
obediência aos arts. 15 a 17, 19, 20, 22 e 23 da Lei de Responsabilidade Fiscal, sob pena de que previsto na lei municipal que fixar o respectivo sub-
de ser considerado nulo o ato e revestido de improbidade administrativa — art. 15 da Lei de sídio mensal;
Responsabilidade Fiscal c/c art. 10, IX, da Lei (federal) nº 8.429/92. [...]
II.3. é admissível a concessão de adicional de férias para o
DÉCIMO TERCEIRO E FÉRIAS AO PREFEITO, VICE-PREFEITO E SECRETÁRIOS Vice-Prefeito quando este exerça função administrativa per-
MUNICIPAIS manente junto à administração municipal e desde que previs-
to na legislação que institui os subsídios;
Em fevereiro de 2017, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento
do Recurso Extraordinário - RE n° 650898, fixou tese segundo a qual “o artigo 39, II.4. a indenização por férias não-gozadas somente será de-
§ 4°, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento de terço de vida quando atendidas, cumulativamente, as seguintes con-
dições: ter o beneficiário se afastado do cargo sem o gozo
férias e décimo terceiro salário”.
das férias; existir expressa autorização em lei local para a
Nesse sentido, o posicionamento do Tribunal de Contas catarinense foi re- indenização; e o beneficiário não for servidor público do ente.
formulado para se adequar ao entendimento da Corte Suprema, nos termos do
Prejulgado n° 2196: III - Em relação aos secretários municipais:
1. Considerando as normas dos artigos 29 e 39 da Constituição Federal e a interpretação do III.1. na condição de agentes políticos remunerados por subsí-
Supremo Tribunal Federal quando o julgamento do Recurso Extraordinário nº 650898, onde dio e investidos em cargo público de livre nomeação e exone-
fixou tese de repercussão geral no sentido de que o pagamento de terço de férias e décimo ração por ato do Chefe do Poder Executivo, possuem direito à
terceiro salário a Prefeito e ao Vice-Prefeito não é incompatível com o subsídio em parcela percepção de décimo terceiro subsídio e férias acrescidas de
única previsto no § 4º do artigo 39 da Constituição Federal, cabe seguinte entendimento pelo menos um terço, com fundamento no § 3° do art. 39 da
quanto ao décimo terceiro subsídio e adicional de um terço de férias aos agentes políticos Constituição Federal, independente de lei municipal, pois não
municipais: ocupam mandato eletivo;
I. Em relação ao prefeito municipal:
I.1. na condição de detentor de mandato eletivo, não se aplica automaticamente o § 3° do III.2. a indenização por férias não-gozadas quando do exercí-
artigo 39 da Constituição Federal; cio do cargo somente será devida quando deixar o cargo, se
I.2. é admitida a percepção de décimo terceiro subsídio desde que previsto na lei municipal houver expressa autorização em lei local e se o beneficiário
que fixar o respectivo subsídio mensal; não for servidor público do ente.
I.3. em razão do exercício contínuo das atividades do prefeito municipal, com dedica-
ção exclusiva (vedado o exercício de outra atividade laboral pública - CF, art. 38), equi-
parando-se a qualquer trabalhador urbano, é admitida a percepção de um terço de fé-
rias, desde que previsto na lei municipal que fixar os respectivos subsídios mensais;
146 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • SUBSÍDIOS DOS AGENTES POLÍTICOS MUNICIPAIS 147
16
Condutas vedadas
aos agentes
públicos pela
Lei Eleitoral
N
o ano em que se realizam as eleições para mandatos políticos no âmbito não configurem irregularidades, devem ser informadas
150 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS PELA LEI ELEITORAL 151
no caso de promoção de saúde, educação e segurança, quanto na atividade- e exercê-las em benefício da administração pública.
152 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS PELA LEI ELEITORAL 153
calamidade pública, estado de emergência ou programas sociais autorizados Essas vedações se aplicam à circunscrição do pleito.
16 por lei, cuja execução orçamentária venha sendo realizada desde o exercício
anterior, caso em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento
da execução administrativa e financeira conforme dispõe o art. 73, § 10, da Lei
Sendo assim, como as eleições de 2020 destinam-se
aos mandatos de prefeito, vice-prefeito e vereadores,
tais vedações abrangem apenas o âmbito municipal.
nº 9.504/97. Na forma da lei, não são consideradas vedações:
No tocante a programas sociais, o § 11 do art. 73 da Lei nº 9.504/97 dispõe
que, em ano eleitoral, os programas anteriormente mencionados não poderão ser a) a nomeação ou exoneração de cargos em
executados por entidade nominalmente vinculada a candidato ou por esse mantida. comissão e a designação ou dispensa de funções
Ademais, cumpre salientar que a distribuição gratuita de bens e serviços de confiança;
de caráter social custeados ou subvencionados pelo poder público não pode
ser utilizada para o uso promocional em favor de candidato, partido político ou b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do
coligação conforme está descrito no art. 73, IV, da Lei nº 9.504/97. Ministério Público, dos Tribunais ou Conselhos de
Nesse propósito, o TSE já decidiu que na proibição de doações de bens durante Contas e dos órgãos da Presidência da República;
o período eleitoral não há distinção para o oferecimento de bens perecíveis6.
c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos
homologados até o início do prazo de vedação;
16.5 ADMISSÃO, DEMISSÃO, EXONERAÇÃO, MOVIMENTAÇÃO
DE PESSOAL, SUPRESSÃO, READAPTAÇÃO E d) a nomeação ou contratação necessária à instalação
ou ao funcionamento inadiável de serviços
IMPLEMENTAÇÃO DE VANTAGENS públicos essenciais, com a prévia e expressa
autorização do chefe do Poder Executivo;
A Lei Eleitoral veda, nos três meses que antecedem às eleições e até a
posse dos eleitos, a nomeação, contratação, admissão, demissão sem justa e) a transferência ou remoção ex oficio de militares,
causa, supressão ou readaptação de vantagens, além da remoção, transferência policiais civis e de agentes penitenciários.
ou exoneração de servidor ou empregado público, exceto se for a seu pedido.
Portanto, não se pode, por qualquer meio, dificultar ou impedir o exercício funcional Importa salientar que a legislação eleitoral não
dos servidores públicos, conforme se infere do art. 73, V, da Lei nº 9.504/97. impede a realização de concurso público, contudo,
Oportuno citar o entendimento do Tribunal de Contas Catarinense no Prejulgado cumpre ao gestor que é candidato a mandato eletivo
nº 913 que trata sobre vedações de atos de pessoal na circunscrição do pleito: observar a data de homologação do certame para
viabilizar a nomeação dos aprovados. A homologação
1. A Lei Eleitoral veda a nomeação para cargo efetivo e a readaptação e/ou a
supressão de vantagem “na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem consiste no exame pela autoridade administrativa
e até a posse dos eleitos” (art. 73, V, da Lei 9.504/97). Permitindo, contudo, a superior acerca da legalidade e da conveniência de ato
criação de cargos, a realização de concurso público e a criação de gratificações. já praticado, no caso, o concurso público, conferindo
eficácia ao ato homologado, com o encerramento e a
2. Lei de iniciativa do legislativo não pode conceder gratificação a servidor do executivo, face publicação do seu resultado8.
à exigência constitucional de observância da iniciativa privativa de cada poder quanto às leis A contratação e a demissão de empregados
que fixem ou alterem a remuneração de seus servidores (art. 37, X, da CF/88)7.
temporários constituem, em regra, atos permitidos
6
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Petição 100080. Relator: Ministro Marco ao administrador público, mas a Lei Eleitoral torna-os
Aurélio Mendes de Farias Mello. Brasília, 11 de novembro de 2011. Disponível em:
<http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/decisoes/jurisprudencia>. Acesso em: 06 8
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Consulta 1.065-DF.
fev. 2020. Resolução 21.806. Relator: Ministro Fernando Neves.
7
SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado. Prejulgado nº 913. Processo CON Brasília, 21 de fevereiro de 2005. Disponível em: <http://
00/00495220. Relator: Luiz Suzin Marini. Major Gercino, 02 março de 2000. Disponível em: www.tse.jus.br/jurisprudencia/decisoes/jurisprudencia>.
< http://www.tce.sc.gov.br/content/jurisprud%C3%AAncia/>. Acesso em: 26 jan. 2020. Acesso em: 06 fev. 2020.
154 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS PELA LEI ELEITORAL 155
proibidos, nos três meses que antecedem a eleição até a data da posse, a fim b) destinadas a atender situação de emergência ou
também é abordado como prazo de desincompatibilização. c) destinadas a atender obrigação formal preexistente
Nesse caso, é necessário que o candidato tenha ciência da data de para execução de obra ou serviço em andamento
desincompatibilização inerente ao seu cargo ou função, considerando o cargo e com cronograma prefixado (art. 73, VI, “a”, da
eletivo a que concorrerá, para não incorrer em condição de inelegibilidade, Lei nº 9.504/97).
conforme o disposto no art. 1º da Lei Complementar nº 64/90. Por outro lado,
cumpre à administração autorizar o afastamento apenas na data legal.
16.7 PROPAGANDA INSTITUCIONAL
16.6 TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS — CONVÊNIOS Também no período de três meses que antecedem
as eleições, é vedada a autorização de publicidade
No período de três meses que antecedem as eleições fica vedada a transferência institucional de programas, obras, serviços e campanhas
voluntária de recursos da União aos Estados e municípios, como também dos
dos órgãos públicos federais, estaduais e municipais. A
Estados aos municípios, ressalvados os repasses financeiros destinados a dar
exceção ocorre quando se tratar de produtos ou serviços
continuidade às obras ou aos serviços já iniciados ou incrementados, que tenham
que tenham concorrência no mercado, ou se verificar
cronograma prefixado e obrigação formal (convênio) anterior ao período em que
grave e urgente necessidade pública, hipótese em que
se impõe a vedação10.
se faz necessário que a Justiça Eleitoral assim reconheça
Segundo o TSE, para que a obra ou serviço sejam considerados iniciados, devem
existir fisicamente, pois a confecção de projetos não caracteriza o início de obra11. a situação, consoante está expressamente definido pelo
Como delineado pelo art. 25 da Lei Complementar nº 101/2000 (LRF), art. 73, VI, “b”, da Lei nº 9.504/97.
entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de Impõe-se, no caso, observar que a conduta vedada
capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência somente se caracteriza nas hipóteses de publicidade
financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal, nem seja institucional, o que implica necessariamente dispêndio
destinada ao Sistema Único de Saúde. de recursos públicos autorizado por agentes públicos, e
que, na forma do art. 74 da Lei nº 9.504/97, deve ser
Logo, diante de todo o exposto, importante observar que a vedação legal não
observado o disposto no art. 37, § 1º, da Constituição
afeta as seguintes transferências:
Federal, sob pena de caracterização de abuso de
autoridade que sujeita o responsável, se candidato, ao
a) obrigatórias decorrentes da Constituição Federal, como a repartição das
cancelamento do registro ou do diploma.
receitas tributárias da qual o município seja beneficiário, por exemplo (art.
Outrossim, conforme entendimento do TSE, a
158 da Constituição Federal);
vedação da veiculação de propaganda institucional se
verifica independentemente da data da sua autorização12.
9
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Embargos de Declaração em Recurso Por último, vale consignar que nos três meses que
Especial Eleitoral 21.167-ES. Relator: Ministro Fernando Neves. Brasília, 21 de antecedem às eleições, os agentes públicos apenas
agosto de 2003. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/decisoes/
jurisprudencia>. Acesso em: 06 fev. 2020. podem se pronunciar em cadeia de rádio e televisão
10
SANTA CATARINA. Tribunal de Contas do Estado. Prejulgado nº 1.174. Processo CON- no horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da
02/06867654. Relatora: Auditora Thereza Apparecida Costa Marques. Florianópolis, Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e
de 13 de agosto de 2002. Disponível em: <http://www.tce.sc.gov.br/content/
jurisprud%C3%AAncia>. Acesso em: 11 fev. 2020. 12
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Agravo de Instrumento 4.365-
11
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Recurso Especial Eleitoral 25.324-RJ. Relator: SP. Relatora: Ellen Gracie Northfleet. Brasília, 16 de fevereiro de
Gilmar Mendes. Brasília, 17 de fevereiro de 2006. Disponível em: <http://www.tse. 2004. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/
jus.br/jurisprudencia/decisoes/jurisprudencia>. Acesso em: 06 fev. 2020. decisoes/jurisprudencia>. Acesso em: 06 fev. 2020.
156 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS PELA LEI ELEITORAL 157
característica das funções de governo, sob a forma prevista pelo art. 73, VI, “c”, 16.9 REVISÃO GERAL DE REMUNERAÇÃO DOS
16 da Lei nº 9.504/97.
O inciso VII do artigo 73 da Lei nº 9.504/97 foi alterado pela Lei nº 13.165/15
e a principal modificação é referente ao período considerado para a apuração
16.10 INAUGURAÇÕES DE OBRAS PÚBLICAS
da média dos gastos com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais
Nas inaugurações promovidas pela administração pública nos
ou municipais que agora está relacionado ao primeiro semestre dos três últimos
três meses que antecedem as eleições, é vedada a contratação
anos que antecedem à eleição.
de shows artísticos pagos com recursos públicos. Nos casos de
descumprimento dessa previsão, conforme o disposto no art.
75 da Lei nº 9.504/97, sem prejuízo da suspensão imediata da
conduta, o candidato beneficiado, agente público ou não, ficará
13
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Agravo Regimental em Recurso Especial sujeito à cassação do registro ou do diploma.
Eleitoral 26.448-RN. Relator: Enrique Ricardo Lewandowski. Brasília, 6 de maio de A Lei Eleitoral também proíbe, segundo a redação do art. 77,
2009. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/decisoes/jurisprudencia>.
Acesso em: 06 fev. 2020. que qualquer candidato participe de inauguração de obra pública
14
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Agravo Regimental em Recurso Especial nos três meses que antecedem o pleito. A constitucionalidade do
Eleitoral 25.748-SP. Relator: Carlos Eduardo Caputo Bastos. Brasília, 30 de art. 77 da Lei nº 9.504/97 foi confirmada por julgados do TSE18.
novembro de 2006. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/decisoes/
jurisprudencia>. Acesso em: 06 fev. 2020. 17
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Recurso Especial Eleitoral
15
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Recurso Especial Eleitoral nº 19.222-ES. Relator: 26.054-DF. Relator: Francisco Cesar Asfor Rocha. Brasília, 25 de agosto
Ministro Sepúlveda Pertence. Brasília, 5 de novembro de 2001. Disponível em: <http:// de 2006. Disponível em: <http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/
www.tse.jus.br/jurisprudencia/decisoes/jurisprudencia>. Acesso em: 06 fev. 2020. decisoes/jurisprudencia>. Acesso em: 06 fev. 2020.
16
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Agravo Regimental em Recurso Ordinário 18
BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Embargos de Declaração em
535.839-GO. Relator: Arnaldo Versiani Leite Soares. Brasília, 9 de outubro de 2012. Agravo de Instrumento 5.766-SP. Relator: Humberto Gomes de Barros.
Disponível em: <http://www.tse.jus.br/jurisprudencia/decisoes/jurisprudencia>. Brasília, 30 de setembro de 2005. Disponível em: <http://www.tse.jus.
Acesso em: 06 fev. 2020. br/jurisprudencia/decisoes/jurisprudencia>. Acesso em: 06 fev. 2020.
158 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS PELA LEI ELEITORAL 159
17
Procedimentos a
serem observados
nos períodos de
encerramento e
transição de mandatos
A 17.2 FORMA DE INDICAÇÃO DA EQUIPE DE
transição administrativa nas Prefeituras constitui um período delicado,
17 nem sempre pacífico, no qual se deve garantir que a gestão atual repasse
à nova gestão informações cruciais para a continuidade do serviço público.
O ordenamento jurídico estadual não contava com uma legislação
TRANSIÇÃO
específica sobre a matéria. No entanto, em 8 de agosto de 2014, foi aprovada A indicação da equipe de transição deverá ser feita por
pela Assembleia Legislativa do Estado e sancionada pelo Governador, a Lei meio de ofício ao Chefe do Poder Executivo em exercício.
nº 16.449, que, dentre outras disposições, trata da instituição de equipe de
transição, por candidato eleito, para o cargo de Prefeito Municipal.
A Lei nº 16.449/2014 determinou que ao candidato eleito para o cargo de 17.3 FORMALIZAÇÃO DOS PEDIDOS DE
Prefeito Municipal é facultado o direito de instituir equipe de transição, com o
objetivo de inteirar-se do funcionamento dos principais órgãos e das entidades
ACESSO ÀS INFORMAÇÕES
da Administração Pública municipal e preparar os atos de iniciativa do novo
Os pedidos de acesso às informações deverão ser
Prefeito Municipal que serão editados imediatamente após a posse.
formulados por escrito e encaminhados ao mandatário
A equipe de transição poderá ser indicada a partir do segundo dia útil após
em exercício, ou autoridade delegada, a quem competirá
a data do turno que decidir as eleições para Prefeito, até 10 (dez) dias depois de
divulgado o resultado das eleições. requisitar dos órgãos e entidades públicas os dados
Dentre os integrantes da equipe, deverá ser indicado um coordenador, solicitados pela equipe de transição.
a quem compete requisitar informações dos órgãos e das entidades da
Administração Pública, os quais ficam obrigados a fornecer as informações
solicitadas, bem como prestar-lhe o apoio técnico e administrativo necessário.
17.4 INFORMAÇÕES A SEREM PRESTADAS
É vedado à equipe de transição interferir no andamento das atividades À EQUIPE DE TRANSIÇÃO
administrativas dos órgãos públicos estaduais ou municipais.
Prevê, ainda, a Lei nº 16.449 /2014, que os membros da equipe de INDEPENDENTE DE SOLICITAÇÃO
transição, que não serão remunerados, exercerão múnus público relevante, na
qualidade de agentes públicos honoríficos. No prazo de 15 dias após a constituição da equipe
A partir do que dispôs a Lei nº16.449/2014, o TCE/SC editou a Resolução de transição, independente de solicitação dessa,
N. TC-132/2017, que dispõe sobre procedimentos a serem observados nos deverão ser disponibilizadas as seguintes informações
períodos de encerramento e transição de mandatos municipais.Dentre outras e documentos:
disposições, a Resolução N. TC-132/2017 estabeleceu o que segue:
a) orçamento anual, lei de diretrizes orçamentárias e plano
plurianual;
17.1 QUANTO AO ACESSO ÀS INFORMAÇÕES
b) balancetes mensais e balanços gerais (físicos e eletrônicos)
A equipe de transição deverá ter acesso às informações contidas em não apresentados ao TCE/SC até a data da constituição da
registros ou documentos, produzidos ou acumulados por órgãos ou entidades equipe de transição, além dos demonstrativos contábeis que
da administração pública, recolhidos ou não a arquivos públicos relativas à evidenciem os saldos disponíveis (caixa, bancos, conciliação
sua estrutura organizacional, contas públicas, serviços, programas e ações, bancária e guardas à Tesouraria);
incluindo metas e indicadores e demais assuntos que requeiram a adoção de
providências pelo novo governo. c) demonstrativos das dívidas fundada e flutuante e das
O mandatário em exercício deverá designar servidores incumbidos de operações de crédito por antecipação de receitas não
atender às demandas da equipe de transição, inclusive cedendo espaço físico quitadas, referentes ao exercício anterior ao término do
com área e estrutura básica suficiente para a realização dos seus trabalhos. mandato;
162 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • PROCEDIMENTOS A SEREM OBSERVADOS NOS PERÍODOS DE ENCERRAMENTO E TRANSIÇÃO DE MANDATOS 163
d) demonstrativo das contribuições previdenciárias e patronais da Administração Pública;
i) termos de parceria e/ou contratos de gestão de entidades civis (OSCIPs, OSs, etc.) que
recebem valores título de subvenção, contribuição ou auxílio, identificando aquelas que
prestaram e as que não prestaram contas;
164 TRIBUNAL DE CONTAS DE SANTA CATARINA GUIA DO MANDATO • PROCEDIMENTOS A SEREM OBSERVADOS NOS PERÍODOS DE ENCERRAMENTO E TRANSIÇÃO DE MANDATOS 165
REFERÊNCIAS BRASIL. Decreto nº 8.428, de 2 de abril de 2015. Dispõe sobre o Procedi-
mento de Manifestação de Interesse a ser observado na apresentação de
projetos, levantamentos, investigações ou estudos, por pessoa física ou
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
jurídica de direito privado, a serem utilizados pela administração públi-
Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Redação com as alterações até
ca. Redação com as alterações até 1º dez. 2016. Disponível em: <https://
04 dez. 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
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constituicao/ constituicao.htm>. Acesso em: 12 fev. 2020.
htm>. Acesso em: 1º dez. 2016.
BRASIL. Conselho Nacional de Justiça. Resolução nº 07, de 18 de outubro
BRASIL. Decreto nº 10.024, de 20 de setembro de 2019. Regulamenta
de 2005. Disciplina o exercício de cargos, empregos e funções por paren-
a licitação, na modalidade pregão, na forma eletrônica, para a aquisição
tes, conjugues e companheiros de magistrados e de servidores investidos
de bens e a contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns
em cargos de direção e assessoramento, no âmbito dos órgãos do Poder
de engenharia, e dispõe sobre o uso da dispensa eletrônica, no âmbito
Judiciário. Disponível em: <https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/187>.
da administração pública federal. Disponível em: <http://www.planalto.
Acesso em: 12 fev. 2020.
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BRASIL. Decreto nº 349, de 21 de novembro de 1991. Altera o Decreto nº 12 fev. 2020.
5, de 14 de janeiro de 1991, que dispõe sobre o Programa de Alimentação
do Trabalhador. Redação com as alterações até 6 dez. 2008. Disponível BRASIL. Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre
em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D349. a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências.
htm>. Acesso em: 6 dez. 2008. Redação com as alterações até 4 dez. 2008. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0201.htm>. Acesso em: 12 fev.
BRASIL. Decreto nº 3.112, de 6 de julho de 1999. Dispõe sobre a regula- 2020.
mentação da Lei nº 9.796, de 5 de maio de 1999, que versa sobre compen-
sação financeira entre o Regime Geral de Previdência Social e os regimes BRASIL. Decreto-Lei nº 271, de 28 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre
próprios de previdência dos servidores da União, dos Estados, do Distrito loteamento urbano, responsabilidade do Ioteador, concessão de uso e
Federal e dos municípios na contagem recíproca de tempo de contribui- espaço aéreo, e dá outras providências. Redação com as alterações até 4
ção para efeito de aposentadoria. Redação com as alterações até 5 dez. dez. 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decre-
2008. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ to-lei/Del0271. htm>. Acesso em: 12 fev. 2020.
d3112.htm>. Acesso em: 5 dez. 2008.
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a conso-
BRASIL. Decreto nº 3.217, de 22 de outubro de 1999. Altera dispositivos lidação das leis do trabalho. Redação com as alterações até 2 dez. 2016.
do Decreto nº 3.112, de 6 de julho de 1999. Redação com as alterações Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
até 5 dez. 2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Del5452.htm>. Acesso em: 12 fev. 2020.
decreto/D3217.htm>. Acesso em: 5 dez. 2008.
BRASIL. Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998. Modifica
BRASIL. Decreto nº 7.185, de 27 de maio de 2010. Dispõe sobre o padrão o regime e dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública,
mínimo de qualidade do sistema integrado de administração financei- servidores e agentes políticos, controle de despesas e finanças públicas
ra e controle, no âmbito de cada ente da Federação, nos termos do art. e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal, e dá outras providên-
48, parágrafo único, inciso III, da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio cias. Redação com as alterações até 2 dez. 2016. Disponível em: <http://
de 2000, e dá outras providências. Redação com as alterações até 5 dez. www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc19.
2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- htm>. Acesso em: 12 fev. 2020.
2010/2010/ decreto/d7185.htm>. Acesso em: 5 dez. 2008.
BRASIL. Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998. Mo- lores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito
difica o sistema de previdência social, estabelece normas de transição e Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os
dá outras providências. Redação com as alterações até 2 dez. 2016. Dispo- critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas
nível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/ de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três)
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