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Moeda, imposto, dívida pública e outras coisas…

De onde vem a moeda?


Conceitos básicos sobre
moeda pública e moeda privada

Fontes nos últimos slides


O que será apresentado

1. Introdução ao tema Aula 01

2. Moeda ≠ Dinheiro ≠ Valor Aula 01

3. História da dívida e da moeda Aula 01

4. Moeda fiduciária e política fiscal Aula ??

5. Banco central e política monetária Aula ??

6. Moeda escritural e crédito bancário Aula ??

7. Crises financeiras do capitalismo Aula ??

8. Conclusões, fontes e discussões Aula ??


Introdução

O que as frases abaixo têm em comum?

O governo é como uma família que não pode gastar mais do que recebe

Os bancos são intermediários entre poupadores e investidores

Emitir moeda sempre gera inflação porque isso dilui o poder do dinheiro

Se a dívida pública for muito alta, o país quebra

Bancos corruptos multiplicam dinheiro com as reservas fracionárias

Quebrar o teto de gastos irá nos transformar na Argentina!


Introdução

Todas estão erradas

O governo é como uma família que não pode gastar mais do que recebe

Os bancos são intermediários entre poupadores e investidores

Emitir moeda sempre gera inflação porque isso dilui o poder do dinheiro

Se a dívida pública for muito alta, o país quebra

Bancos corruptos multiplicam dinheiro com as reservas fracionárias

Quebrar o teto de gastos irá nos transformar na Argentina!


O que veio antes: O ovo ou a galinha?

Por que estão erradas?

Vamos partir do começo…


O que veio antes: O ovo ou a galinha?

Você sabe de onde vêm a moeda?


Do meu salário.
De onde vem o seu salário?
Do lucro da empresa em que eu trabalho.
De onde vem o lucro da sua empresa?
De quem compra nossas mercadorias.
De onde vem a grana deles?
Do salário deles…
De onde vem o salário deles?
...
O que veio antes: O ovo ou a galinha?

E se um novo país fosse fundado hoje?

De onde viria a moeda do governo? De onde viria a moeda dos bancos?


O que veio antes: O ovo ou a galinha?

De acordo com o senso comum:

Governos se financiam com impostos Bancos emprestam fundos dos clientes

De onde vem a moeda do imposto? De onde vem a moeda dos clientes?

Sem moeda não existe imposto Sem moeda não existe empréstimo

E agora!?
O que veio antes: O ovo ou a galinha?

De onde realmente vem a moeda?

Governos criam moeda fiduciária Bancos criam moeda escritural


O que veio antes: O ovo ou a galinha?

Como funciona esse processo?

Governos criam moeda ao gastar Bancos criam moeda ao emprestar

O pagamento de imposto deleta moeda O pagamento de dívidas deleta moeda

Imposto acontece após o gasto Poupança acontece após o empréstimo


O que veio antes: O ovo ou a galinha?

Governos gastam primeiro, colocando Bancos criam crédito primeiro. As


moeda em circulação. Depois, o aplicações financeiras vendidas aos
imposto é recolhido na mesma moeda. clientes vem após o crédito ser criado.

Um aumento dos gastos públicos Um aumento do crédito gera um


aumenta as receitas futuras. aumento das poupanças.
O que veio antes: O ovo ou a galinha?

Logo…

A disponibilidade de moeda pública A disponibilidade de crédito não


não depende da arrecadação, mas a depende das poupanças, mas as
arrecadação depende do gasto. poupanças dependem do crédito.

Se o governo não gastasse e os bancos não criassem


crédito, não haveria um único real na economia.
O que veio antes: O ovo ou a galinha?

A moeda do governo e dos bancos é igual?

Não, mas são legalmente intercambiáveis

Você pode usar a moeda do banco para Você pode usar a moeda do governo
pagar tributos ao governo para quitar empréstimos no banco

Isso é possível porque as duas moedas


são medidas na mesma unidade: O Real
Moeda, dinheiro e valor

Moeda, dinheiro e valor são a mesma coisa?

Não. Porém esses termos são usados indiscriminadamente pela mídia e pelo
senso comum, fazendo parecer que são equivalentes.
Moeda, dinheiro e valor

Quanto vale 1 REAL?

O senso-comum provavelmente vai responder que…

1 Real vale 1 Real

1 Real vale 100 centavos

Porém, isso não nos leva a lugar algum.


Moeda, dinheiro e valor

As respostas anteriores fazem tanto sentido quanto dizer que…

1 hora dura 1 hora 1 metro mede 1 metro

1 hora dura 60 minutos 1 metro mede 100 centímetros

1 minuto dura 60 segundos 1 centímetro mede 10 milímetros

Também não chegamos a lugar algum.


Moeda, dinheiro e valor

Uma forma mais adequada de responder seria comparando com algo concreto

1 dia dura aprox. 24 h 1 pé mede aprox. 0,3 m

1 piscada dura entre 0,1 e 0,4 s 1 lápis comum mede aprox. 19 cm

O coração tem aprox. 60-100 bpms 1 polegar mede aprox. 25 mm


Moeda, dinheiro e valor

Se quisermos ser cientificamente precisos…

1 segundo é a duração de 9.192.631.770 períodos da radiação


correspondente à transição entre dois níveis hiperfinos do
estado fundamental do átomo de césio 133

1 metro é a distância percorrida pela luz, no vácuo, durante um


intervalo de 3,33564095198152 x 10-09 segundos.
Moeda, dinheiro e valor

Voltemos à pergunta sobre quanto vale 1 real (R$)

1 Salário mínimo - 2022 R$ 1.302,00


1 Litro de gasolina - Janeiro de 2022 R$ 5,12
1 passagem de metrô em São Paulo - 2022 R$ 4,40
1 m² de construção popular - Janeiro 2022 R$ 1.525,48
1 tonelada de minério de ferro - 2022 R$ 442,00
… …
Moeda, dinheiro e valor

O Real é uma unidade de medida, assim como:


metros, segundos, quilogramas, graus celsius, calorias, volts, litros, etc…

O Real é uma unidade de valor

Dólares, Euros, Rubros, Ienes, Yuans, Libras


também são unidades de valor

Nós utilizamos dinheiro para medir o valor


das coisas, permitindo fazer comparações
Moeda, dinheiro e valor

Porém, temos um problema…

O dia vai continuar tendo 24 horas no futuro.


A velocidade da luz é uma grandeza constante.
Porém, o valor das coisas, medido em Reais (R$), não é constante.

Uma mesma mercadoria, por mais que seu valor de uso seja constante, pode
ter seu valor de troca (preço) em Reais (R$) flutuando com o passar do tempo.
Valor de uso ≠ valor de troca (preço)
Moeda, dinheiro e valor

E temos outro problema…

Existe uma definição científica exata para cada unidade de medida:


metros, segundos, quilogramas, graus celsius, calorias, volts, litros, etc…

Quando passamos a medir valor, não temos uma unidade fixa.


Sabemos os valores das coisas em relação umas às outras…
mas não temos uma unidade fundamental constante de valor.
Moeda, dinheiro e valor

Se tratando do dinheiro, não estamos limitados às moedas dos países.

Poderíamos medir o valor das coisas


utilizando algo concreto, como:
- Cabeças de gado
- Barras de ouro
- Garrafas de leite
- Sacas de arroz
- Etc…
Moeda, dinheiro e valor

E se utilizássemos sacas de arroz como unidade de valor?

Se soubéssemos o valor de tudo medido


em sacas de arroz… por consequência,
poderíamos medir indiretamente quantas
garrafas de leite vale uma barra de ouro,
ou quantas barras de ouro vale uma vaca.
Moeda, dinheiro e valor

Isso significaria que nós iríamos fazer compras utilizando sacos de arroz?

Essa pergunta tem um sério problema,


chamado de “anacronismo histórico”, ao
supor que as sociedades antigas eram
como as modernas. Ou seja, que a
“sociedade capitalista de trocas mercantis"
existe desde a antiguidade…
Isso é historicamente falso!
Moeda, dinheiro e valor

A partir de que momento precisamos saber o valor das coisas?

Naturalmente sabemos que uma panela de barro


vale mais que um grão de arroz. Sabemos
também que uma casa vale mais que uma vaca.

Porém, a necessidade de saber exatamente


quantos grãos de arroz vale uma panela, ou
quantas vacas valem uma casa, existe apenas
em contextos sociais específicos.
Moeda, dinheiro e valor

Quando não precisamos saber o valor das coisas?

Uma família não mede o valor dos cuidados que dá aos próprios filhos.

Dois amantes não medem o valor das horas que passam juntos.

Dois vizinhos de longa data não medem o valor das refeições que partilham.

Dois amigos não medem o valor dos favores que prestam um ao outro.

Você não mede o valor do casaco tricotado que sua avó te deu no aniversário*.

*Não deveria…
Moeda, dinheiro e valor

Quando não precisamos saber o valor das coisas?

Todo o ano presenteamos pessoas próximas. Fazemos favores sem pedir nada
em troca. Ajudamos um colega que está atarefado demais. Damos carona para
conhecidos. Cuidamos dos filhos pequenos de um casal que viajou no
aniversário de casamento. É tudo parte da nossa vida social.
Moeda, dinheiro e valor

Quando não precisamos saber o valor das coisas?

É óbvio que tudo que fazemos tem valor, mas não quantificamos precisamente
quanto cada coisa vale. Nossos amigos achariam estranho se, após passarmos
o dia os ajudando a descarregar caixas em uma mudança, pedíssemos 300g de
picanha, 2 salsichas, 1 litro de cerveja, e 1 potinho de sorvete…

? ? ?
?
Moeda, dinheiro e valor

A partir de que momento precisamos saber o valor das coisas?

Por outro lado, se um funcionário de uma empresa de mudanças tivesse


descarregado as caixas dos clientes, seria normal cobrar pelo serviço… Neste
caso, os envolvidos são estranhos que não irão se encontrar novamente, e que
desejam acertar as contas para não ficar devendo nada à ninguém.

$
Moeda, dinheiro e valor

Quando precisamos saber o valor das coisas?

A necessidade de estabelecer valores numéricos para as coisas depende de


contextos sociais. Isso envolve situações em que uma das partes deseja garantir
que recebeu uma quantidade apropriada de algo que lhe era devido…
Moeda, dinheiro e valor

Quando os burocratas precisam saber o valor das coisas?

Nas civilizações antigas em que as terras pertenciam à uma entidade soberana,


era necessário quantificar os tributos que cada família deveria pagar para
usufruir da terra. Uma vez definidos os valores dos tributos, restava definir os
valores de cereais, animais, peles, vasos, dias de trabalho, etc.
Moeda, dinheiro e valor

Quando os burocratas precisam saber o valor das coisas?

Impostos não são uma transação comercial. Os burocratas não querem trocar
sacos de trigo por vacas, mas saber quanto trigo ou vacas são necessários para
quitar tributos. As famílias que produzem para a própria subsistência, enxergam
o “valor” de sua produção apenas como um valor para quitar tributos.
Moeda, dinheiro e valor

Quando os juízes precisam saber o valor das coisas?

Quando uma disputa entre famílias toma proporções violentas, causadas por
injúrias, danos materiais, lesões corporais, ou até mesmo morte; a vítima exige
reparação. Uma vez definido o valor da reparação, resta definir os valores de
cereais, animais, peles, vasos, dias de trabalho, escudos, canoas, etc.
Moeda, dinheiro e valor

Quando os juízes precisam saber o valor das coisas?

Novamente não se trata de uma relação comercial. A vítima não quer trocar
porradas por vacas, mas saber quanto é necessário para pagar as reparações
que lhe são devidas. Quem produz para a própria subsistência, enxerga o “valor”
de sua produção apenas como um valor para quitar reparações.
Moeda, dinheiro e valor

Quando os contadores precisam saber o valor das coisas?

Quando uma instituição que detém vastos meios de produção entrega algo no
presente, esperando receber algo em troca no futuro, firma-se um contrato e
define-se um valor. Uma vez definido o valor futuro, resta estabelecer os valores
de tudo aquilo que a instituição aceita receber como meio de pagamento.
Moeda, dinheiro e valor

Quando os contadores precisam saber o valor das coisas?

Neste caso, trata-se de uma relação comercial. A instituição deseja receber valor
no futuro em relação ao que entregou no presente. Porém, apenas as duas
partes do contrato enxergam o “valor” das coisas. As definições a respeito de
quanto cada coisa vale não existem fora desse acordo.
Moeda, dinheiro e valor

Quando precisamos saber o valor das coisas?

Perceba que em nenhum dos exemplos foi feita qualquer menção à utilização de
moedas como forma de pagamento. Os tributos foram pagos em espécie; as
reparações foram pagas em espécie, e os produtos adiantados também foram
pagos em espécie. Moedas não foram necessárias em momento algum.
Moeda, dinheiro e valor

Quando precisamos saber o valor das coisas?

Além disso, se uma instituição centralizada detém o poder de estipular tributos,


julgar conflitos, e gerenciar as forças produtivas… essa instituição tem o poder
de definir o valor das coisas como sendo o valor que ela própria aceita para
quitar tributos, indenizações e contratos.
Moeda, dinheiro e valor

Quando precisamos saber o valor das coisas?

A sociedade capitalista tem pouco mais de 300 anos de idade. Nós vivemos em
um contexto no qual somos obrigados diariamente a levar nossas próprias
mercadorias ao mercado, seja na forma de produtos ou mão de obra, com o
objetivo de trocar essas mercadorias por outras e sobreviver.
Moeda, dinheiro e valor

Quando precisamos saber o valor das coisas?

A sociedade deixa de produzir para sua subsistência direta, fazendo com que os
valores de uso sejam apagados. O produtor de tabaco não planta apenas para
seu próprio uso, mas com o intuito de levar seu excedente ao mercado e trocar
por comida, roupas, ferramentas, madeira e coisas produzidas por outros.
Moeda, dinheiro e valor

Quando precisamos saber o valor das coisas?

Quanto uma sociedade inteira passa a viver dessa forma, os valores das coisas
começam a aparecer para todos na forma de preços. As coisas que antes
tinham apenas valor de uso, passam a ser produzidas pelo seu valor de troca.
Porém, em que momento aparece a moeda em meio a tudo isso?
Moeda, dinheiro e valor

Recapitulando…

Valor de uso: Utilidade real da coisa.

Valor de trabalho: Dispêndio de energia para produzir a coisa.

Valor de obrigação: Valor acordado com o propósito de quitar dívidas.

Valor de troca (preço): Valor construído socialmente através da troca.


Moeda, dinheiro e valor

Imagine que vivemos em um pequeno vilarejo distante, onde moram famílias de


agricultores que medem o valor das coisas em sacas de arroz…

E se uma família pedisse uma vaca para outra?

As duas famílias poderiam simplesmente registrar que uma delas passaria a


ficar devendo X sacos de arroz para a outra, a serem pagos no ano seguinte.

Tem Deve pagar Tem à receber Tem


Família de João Família de Maria
Moeda, dinheiro e valor

E se a família que está devendo para a outra não produz arroz?

O arroz é apenas a unidade de medida de valor.


Sendo assim, bastaria que a família pagasse com um valor equivalente a uma
vaca, quitando sua dívida mesmo que ela tivesse sido medida em arroz.

Dívida quitada

Tem Deve pagar Tem à receber Tem


Família de João Família de Maria
Moeda, dinheiro e valor

A função do arroz foi apenas medir os valores das coisas.


Em nenhum momento o arroz, em sua forma física, foi usado.

Se ao invés de arroz a dívida fosse medida em reais, dólares, libras ou até


mesmo uma moeda inventada (O Realovo), a sequência de eventos seria igual
… sem que uma única moeda física tivesse trocado de mãos.

25 Realovos
Dívida quitada

Tem Deve pagar Tem à receber Tem


Família de João Família de Maria
Moeda, dinheiro e valor

E se tiver uma terceira família?

Em que tipo de relação social é possível que João esteja devendo um favor para
Maria… Que esse favor tenha um valor numérico… E que Maria possa transferir
o favor que João lhe deve para outra pessoa?
Moeda, dinheiro e valor

A moeda utilizada como medida de valor sequer precisaria existir.


O vilarejo poderia registrar valores e dívidas na unidade Realovo.

Mas, e se essa moeda tivesse uma forma física?


Por qual motivo uma das famílias aceitaria moedas que, intrinsecamente não
tem valor algum, como meio de pagamento por coisas que tem valor real?

25 Realovos
Pagamento

Tem Tem
Família de João Família de Maria
Moeda, dinheiro e valor

Por qual motivo uma nota de 25 Realovos é aceita como se tivesse valor?
Mais importante ainda… de onde diabos vieram os 25 Realovos!?

Para entender por que a moeda é aceita como meio de pagamento, ou como se
fosse a própria encarnação do valor; devemos primeiro entender o que
exatamente é a moeda… e porque o senso comum está tão errado.

25 Realovos
Pagamento

Tem Tem
Família de João Família de Maria
O que é a moeda

A moeda de acordo com o senso comum:

Meio de troca

Reserva de valor

Unidade de conta
O que é a moeda

A história do dinheiro segundo o senso comum:

Escambo primitivo

Metais preciosos

Crédito bancário
O que é a moeda

O que a moeda realmente é:

Meio de troca imposto por força de lei

Dívida legalmente transferível

Dívida quantificada em unidade nacional


O que é a moeda

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Crédito legalmente reconhecido

Moedas impostas militarmente

Escambo (durante colapso econômico)


A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Antiga suméria (Crédito)


Os templos eram centros de poder
político e religioso, além de serem
câmaras de comércio e manufatura.

Sementes, animais, utensílios e vários


produtos eram oferecidos “à crédito”
para a população e mercadores.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Antiga suméria (Crédito)


A dívidas eram reconhecidas
legalmente e registradas em tábuas de
argila utilizando o alfabeto cuneiforme.

As dívidas tinham seus valores As dívidas tinham seus valores


medidos em grãos para empréstimos medidos em prata para empréstimos
agrícolas feitos à população. comerciais feitos à mercadores.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Antiga suméria (Crédito)


Os templos tinham preços tabelados
para os produtos, representando aquilo
que estavam dispostos a pagar/vender.

Embora as dívidas fossem quantificadas em grãos e prata,


elas podiam ser pagas com qualquer coisa em função dos
valores que o templo definia para quitar obrigações.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Antiga suméria (Crédito)


Não pagar dívidas resultava em perda
temporária do usufruto da terra e
transformava pessoas em servos.

Essas perdas eram revertidas toda vez que uma guerra acabava, quando
um novo rei subia ao trono, ou quando a sociedade corria risco de colapsar.
Esse evento era chamado de Amar-gi (Retorno à mãe / Retorno à origem)
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Antiga suméria (Crédito)


Sendo assim, as coisas tinham valor
como forma de quitação de tributos,
dívidas e contratos.

Além disso, o não pagamento de


dívidas resultava em perda temporária
de terras, de bens e de liberdade.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Dívida de sangue (Unidade de conta)


Antigas leis indígenas e saxônicas
estipulavam que injúrias e mortes
deveriam ser compensadas.

A família infratora deveria pagar à


família vítima um valor que dependia do
rank social e dano causado.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Dívida de sangue (Unidade de conta)


A multa deveria ser paga como forma
de evitar uma represália ou até mesmo
uma guerra entre famílias.

Diferentes objetos tinham seus valores


tabelados por lei, significando que o
pagamento era feito em espécie.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Dívida de sangue (Unidade de conta)


Sendo assim, as coisas tinham valor a
partir do momento que podiam ser
utilizadas para pagar reparações.

Além disso, o não pagamento resultava


em derramamento de sangue e
conflitos bélicos entre famílias e clãs.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


Os impérios grego e romano tinham
natureza bélica, com uma “economia”
baseada nas conquistas militares.

A expansão do império explorava


outros povos através da captura de
escravos e da pilhagem.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


Exércitos profissionais necessitavam de
treinamento constante e não podiam
ser formados por camponeses.

Manter grandes exércitos necessitava


de vastos “pagamentos” na forma de
distribuição dos espólios.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


O fruto das pilhagens era utilizado para
pagar as tropas, em especial na forma
de ouro e prata.

Esses metais eram roubados dos


templos conquistados, mas também
retirados das minas por escravos.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


As moedas eram cunhadas e
padronizadas pelo governo, utilizando
metais das minas e das pilhagens.

Os povos conquistados (e a população)


deveriam pagar seus tributos utilizando
essas moedas que o governo cunhava.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


Para obter moedas, os civis e os povos
conquistados deveriam oferecer
produtos e serviços ao governo

Alternativamente, essas pessoas


deveriam trabalhar para entes privados
em troca de salário nessa moeda.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


As pessoas também poderiam obter
moeda através de empréstimos junto
aos credores privados (proto-bancos).

Esses credores privados tinham seus


direitos garantidos pela lei e podiam
demandar o pagamento das dívidas.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


O não pagamento de tributos pelos
territórios conquistados gerava
penalidades militares.

O não pagamento de tributos/dívidas


pela população gerava penalidades
civis e até escravidão por dívidas.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


A moeda era utilizada pelo governo
para financiar exércitos e infraestrutura,
além de pagar servidores públicos.

Os impostos não serviam para


arrecadar moeda, mas sim para criar
demanda para a moeda do governo.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


Os impérios não eram sustentados por
metais preciosos, mas sim pelos
escravos e pela anexação de terras.

Os exércitos e os metais preciosos


eram os meios pelos quais o império
continuava a se expandir.
A história da dívida, da moeda, e do dinheiro

História da moeda e dívida segundo a antropologia:

Grécia / Roma (Moeda Estatal)


A moeda tinha valor porque as pessoas
eram obrigadas a obter essas moedas
para pagar impostos e dívidas.

Além disso, o não pagamento resultava


em penalidades que poderiam incluir a
expropriação de terras e a escravidão.
Por que a moeda tem valor?

Segundo o senso comum, a moeda tem valor porque:

Confiamos no governo

Podemos comprar coisas com ela

Ela é aceita culturalmente


Por que a moeda tem valor?

A moeda realmente tem valor porque:

Perdemos a casa se não pagarmos o banco

Perdemos terras se não pagarmos IPTU / ITR

Perdemos direitos civis ao não pagar impostos

Ficamos sem água e sem eletricidade se não


pagarmos as contas das distribuidoras

Perdemos acesso ao crédito se não pagamos


nossas dívidas (SERASA e SPC)
Por que a moeda tem valor?

A moeda realmente tem valor porque:

É aceita para quitar passivos com o


governo e com o sistema bancário.

Por consequência, a moeda se torna a


unidade nacional de conta.

Logo, se torna o preço de produtos e serviços.


Por que a moeda tem valor?

A moeda realmente tem valor porque:

Ela é um ativo financeiro legalmente aceito


para cancelar passivos financeiros.
Por que a moeda tem valor?

O que são ativos e passivos financeiros?

Ativos são valores positivos ( + ) Passivos são valores negativos ( – )

Representam valores à receber Representam valores à pagar

Fazem parte do balanço dos credores Fazem parte do balanço dos devedores
Por que a moeda tem valor?

Todo o passivo tem um ativo correspondente

Ativos ( + ) Passivos ( – )

Impostos a serem recebidos Impostos a serem pagos

Dívidas bancárias a serem recebidas . Dívidas bancárias a serem pagas


Por que a moeda tem valor?

Governo População
Ativos Passivos
Impostos a receber Impostos a pagar

Passivos Ativos
Moeda do governo é um cheque Moeda do governo é um cheque
assinado pelo poder público, se assinado pelo poder público, se
tratando de um valor que o próprio tratando de um valor que o detentor do
Estado deve ao detentor do cheque. cheque tem a receber do Estado.
Por que a moeda tem valor?

Bancos População
Ativos Passivos
Dívidas a receber Dívidas a pagar

Passivos Ativos
Moeda do banco é um cheque digital Moeda do banco é um cheque digital
assinado pela instituição financeira, se assinado pela instituição financeira, se
tratando de um valor que o próprio tratando de um valor que o próprio
banco deve aos clientes. cliente tem a receber do banco.
Recapitulando

Recapitulando
1. Moeda é um passivo do emissor
2. Moeda é um ativo do usuário
3. Governos criam moeda fiduciária
4. Bancos criam moeda escritural
5. O gasto ocorre antes das receitas
6. As poupanças ocorrem após o crédito
7. Moeda é uma criatura jurídica
FONTES

1. História da moeda, da dívida e do dinheiro

2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

3. Funcionamento da moeda bancária (escritural)

4. Crises econômicas, corrupção política e neoliberalismo

5. Leis e regulamentos relevantes

6. Outras fontes
FONTES

1. História da moeda, da dívida e do dinheiro

David Graeber; 2011;


Debt: The First 5000 Years

Michael Hudson; 2018;


… and forgive them their debts: Lending, Foreclosure and Redemption from Bronze Age Finance to the
Jubilee Year

Michael Hudson; 2018;


Palatial Credit Origins of Money and Interest

Alfred Mitchell Innes; 1914;


“The credit theory of money,” Banking Law Journal
FONTES

1. História da moeda, da dívida e do dinheiro

Georg Friedrich Knapp; 1924,


The State Theory of Money

John. M. Keynes; 1930;


A Treatise on Money: the pure theory of money

Karl Polanyi, Conrad M. Arensberg, Harry W. Pearson; 1957;


Trade and Market in the Early Empires: Economies in History and Theory

L. Randall Wray; 2004;


Credit and State Theories of Money: The Contributions of A. Mitchell Innes
FONTES

2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

Daniel Negreiros Conceição, Fabiano Dalto; 2022;


A Importante Lição da Coronacrise sobre os Limites do Gasto Público
https://fonacate.org.br/wp-content/uploads/2022/04/Cadernos-Reforma-Administrativa-N.-37.pdf

Abba P. Lerner; 1943;


Functional Finance and the Federal Debt. Social Research, no. 10

Abba P. Lerner; 1947;


Money as a Creature of the State
FONTES

2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

Andrew Berkeley, Josh Ryan-Collins, Richard Tye, Asker Voldsgaard, Neil Wilson; 2022;
The self-financing state: An institutional analysis of government expenditure, revenue collection and debt
issuance operations in the United Kingdom

Fabiano A S Dalto, Enzo M Gerioni; Júlia A Omizzolo; David Deccache; Daniel Conceição; 2020;
Teoria Monetária Moderna: a chave para uma economia a serviço das pessoas

L. G. Belluzzo, L. C. Raimundo; S. Abouschedid; 2021;


Gestão da Riqueza Velha e Criação de Riqueza Nova: a Modern Money Theory (MMT) é a solução?
FONTES

2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

Alfred Mitchell Innes; 1913;


“What is money?” Banking Law Journal

L. Randall Wray; 2015;


Modern Money Theory: a primer on macroeconomics for sovereign monetary

Steve Keen; 2022;


The New Economics : A manifesto

Stephanie Kelton; 2020;


The deficit myth: Modern Monetary Theory and the birth of the people’s economy
FONTES

2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

André Lara Resende; 2017;


Juros, Moeda e Ortodoxia: teorias monetárias e controvérsias políticas

André Lara Resende; 2022;


A camisa de força ideológica da macroeconomia
https://www.cebri.org/media/documentos/arquivos/V_5.4.2022_-_Andre_Lara_Resend.pdf

Warren Mosler; 2013;


Soft Currency Economics II: The Origin of Modern Monetary Theory
FONTES

3. Funcionamento da moeda bancária (escritural)

Josh Ryan-Collins, Tony Greenham, Richard Werner, Andrew Jackson; 2017


Where Does Money Come From? – A Guide To The Uk Monetary And Banking System

Michael McLeay, Amar Radia, Ryland Thomas; 2014


Money creation in the modern economy (Bank of England)
https://www.bankofengland.co.uk/-/media/boe/files/quarterly-bulletin/2014/money-creation-in-the-modern-economy

Deutsche Bundesbank; 2017


The role of banks, non-banks and the central bank in the money creation process.
https://www.bundesbank.de/resource/blob/654284/df66c4444d065a7f519e2ab0c476df58/mL/2017-04-money-creation-process-data.pdf

Steve Keen; 2022;


The New Economics : A manifesto
FONTES

4. Crises econômicas, corrupção política e neoliberalismo

Michael Hudson; 2021


Super Imperialism [3rd edition] - The Economic Strategy of American Empire

Michael Hudson; 2015


Killing the Host - How financial parasites and debt destroy the global economy

Michael Hudson; 2012


The Bubble and Beyond : Fictitious Capital, Debt Deflation and Global Crisis
FONTES

4. Crises econômicas, corrupção política e neoliberalismo

Atif Mian; Ludwig Straub; Amir Sufi; 2019


The Saving Glut of the Rich and the Rise in Household Debt
https://www.rba.gov.au/publications/workshops/research/2019/pdf/rba-workshop-2019-sufi.pdf

Rudinei Marques, José Celso Cardoso Jr; 2022


Dominância Financeira e Privatização das Finanças Públicas no Brasil
https://fonacate.org.br/noticia/entidades/fonacate-lanca-livro-dominancia-financeira-e-privatizacao-das-financas-publicas-no-brasil/

Ilan Lapyda; 2021


Os Principais Agentes Privados da Financeirização no Brasil do século XXI
https://sinait.org.br/doc_reforma/caderno23.pdf
FONTES

4. Crises econômicas, corrupção política e neoliberalismo

Irving Fisher; 1933


The debt-deflation theory of great depressions, Econometrica, 1: 337–55.
https://www.jstor.org/stable/1907327

Hyman P. Minsky; 1992


The Financial Instability Hypothesis
https://www.levyinstitute.org/pubs/wp74.pdf

Dirk J Bezemer; 2009


No One Saw This Coming: Understanding Financial Crisis Through Accounting Models
https://mpra.ub.uni-muenchen.de/15892/1/MPRA_paper_%2015892.pdf
FONTES

4. Crises econômicas, corrupção política e neoliberalismo

Richard Werner; 2003


Princes of the Yen: How Japan's Central Bankers Engineered their Country's Boom and Bust

Leda Maria Paulani; 2022


Recursos Públicos para o Enriquecimento Privado: uma reflexão sobre o papel do Estado no atual padrão de
acumulação (e o Brasil como paradigma)
https://sinait.org.br/doc_reforma/caderno35.pdf
FONTES

5. Leis e regulamentos relevantes

Obrigatoriedade de aceitação da moeda pública


Artigo 43 do Decreto Lei nº 3.688 de 03 de Outubro de 1941

Lei Orçamentária Anual – Conhecida como L.O.A


https://www12.senado.leg.br/orcamento/legislacao-orcamentaria

Normas prudenciais do Banco Central do Brasil


https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira

Normas do comitê internacional de Basiléia


https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/recomendacoesbasileia
https://www.bis.org/bcbs/basel3.htm
FONTES

5. Leis e regulamentos relevantes

LEI Nº 4.595, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1964 (Art.8 par. único; Art. 10 inciso V, Art. 11 inciso II)
Como o Banco Central cumpre a função de “prestamista de última instância”, oferecendo reservas aos
bancos comerciais. (Os lucros desses empréstimos viram receita do governo):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4595.htm

Resolução BCB n° 129 de 19/8/2021


Possibilidade dos bancos depositarem reservas no Banco Central em troca de juros (tipo poupança):
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Resolu%C3%A7%C3%A3o%20BCB&numero=129

Operações compromissadas do Banco Central


https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/1999/pdf/res_2675_v2_L.pdf
FONTES

5. Leis e regulamentos relevantes

art. 167, inciso III, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988)


Regra de Ouro, que restringe o volume das despesas correntes, por meio da vedação à realização de
operações de crédito que excedam as despesas de capital.

Regra de Primário, que impõe a necessidade de se contingenciar despesas, por meio da limitação de
empenhos e movimentações financeiras, com o propósito de cumprir a meta de resultado primário fixada na
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), em conformidade com os dispositivos da Lei Complementar no
101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), estabelecida no ano 2000. Anualmente, a Lei Orçamentária fixa
uma meta de resultado primário, ou seja, o resultado da subtração de receitas esperadas e despesas
autorizadas, excluindo pagamentos de juros e amortizações da dívida pública
FONTES

5. Leis e regulamentos relevantes

Novo Regime Fiscal, fixado pela Emenda Constitucional no 95/2016, convertida nos arts. 107 a 114 do Ato
das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da CF/1988, que fixou um teto congelado em termos
reais para as despesas primárias para vigorar pelo período de duas décadas, de 2017 a 2036.2. Conhecido
como teto de gastos - O Novo Regime Fiscal previu, por até vinte anos, correção das despesas apenas pela
inflação de doze meses acumulada até junho do exercício anterior ao que se refere a lei orçamentária.
FONTES

6. Outras fontes

Você pode acompanhar os gastos do governo através do Portal da Transparência:


https://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento

Serviço de exportação de engenharia do BNDES


https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/bndes-aberto/exportacoes
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/consulta-operacoes-bndes/contratos-exportacao-bens-servicos-engenharia

Base monetária conforme definido pelo Banco Central do Brasil


https://www.bcb.gov.br/ftp/infecon/NM-MeiosPagAmplp.pdf
https://www3.bcb.gov.br/sgspub/
FONTES

6. Outras fontes

Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, de Setembro 2021 (Pág. 13, tabela 2.4)
Em Setembro de 2021, os títulos públicos estavam: 31% em instituições financeiras, 23% em fundos de
investimentos, 22% em previdências, e 10% com não-residentes.
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:41762

ANBIMA – Consolidado Histórico de Fundos de Investimento (Julho, 2022. Pág. 7)


Em 2022 os fundos de investimento brasileiros tinham 70% de seu capital alocado em títulos públicos
https://www.anbima.com.br/pt_br/informar/estatisticas/fundos-de-investimento/fi-consolidado-historico.htm

Global Revenue Statistics Database; OECD


Base de dados das estatísticas tributárias; OCDE
https://www.oecd.org/tax/tax-policy/global-revenue-statistics-database.htm
FONTES

6. Outras fontes

Custo ao tesouro nacional em 2021 para pagamento de juros dos títulos públicos:
https://www.portaltransparencia.gov.br/despesas/programa-e-acao?paginacaoSimples=true&tamanhoPagina=&offset=&direcaoOrdenacao=as
c&de=01%2F01%2F2021&ate=31%2F12%2F2021&programa=0905&colunasSelecionadas=linkDetalhamento%2CmesAno%2Cprograma%2
Cacao%2CvalorDespesaEmpenhada%2CvalorDespesaLiquidada%2CvalorDespesaPaga%2CvalorRestoPago

Andre Roncaglia; Rogerio Melo; Luiz Arthur S. Faria; 2022 (Vídeo)


Inclusão financeira e as moedas sociais digitais
https://www.youtube.com/watch?v=Ri7oLnfK29M
Agradecimentos

Obrigado por querer entender sobre a política e a economia de nosso país.

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