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Valor de uso:
Utilidade real da coisa para quem a consome.
(O que realmente importa)
Trabalho abstrato:
Dispêndio de trabalho social para produzir a coisa.
(O real custo das coisas)
Essa mesma instituição pode definir qualquer coisa como meio de pagamento
para os valores devidos à ela. Essas “coisas” poderiam ser horas de trabalho,
gramas de sal, sacas de cevada, moedas de ouro, cédulas de papel, anotações
contábeis, ou bits em um computador…
Recapitulando as aulas anteriores Aula 01
Dinheiro ≠ Moeda
O capital controla…
O Estado e o mercado são controlados pela própria lógica do capital, que define as
maneiras como essas instituições irão se comportar. Conforme os mercados buscam o
lucro e os Estados visam preservar o capital, essas necessidades controlam a “mente” da
sociedade assim como o cordyceps controla o cérebro de insetos infectados.
Recapitulando as aulas anteriores Aula 01
Dinheiro ≠ Moeda
“Mágica”
Recapitulando as aulas anteriores Aula 01
O fetiche do dinheiro é ainda mais forte quando pensamos na relação que nós
temos com os supermercados, apps de entrega de comida, ou compras online.
Fica parecendo que o dinheiro de nossa conta bancária tem o poder mágico de
se transformar nas mercadorias que compramos!
Recapitulando as aulas anteriores Aula 01
Para que a mão de obra seja mercadoria, deve existir um mercado de trabalho
em que uma massa de trabalhadores são obrigados a vender a sua capacidade
de gerar valor. O capital compra trabalho como se fosse eletricidade ou carvão.
Mantêr o mercado de trabalho existindo é uma das funções do Estado.
Recapitulando as aulas anteriores Aula 01
Caixa preta
do Mercado
Recapitulando as aulas anteriores Aula 01
PIB
Recapitulando as aulas anteriores Aula 01
Caixa preta
do Mercado
Recapitulando as aulas anteriores Aula 02
Na ausência de relações de classe, podemos dizer que o Estado cria moeda toda a vez
que realiza um déficit. A moeda criada dessa maneira é um passivo financeiro do
Estado e um ativo financeiro da população. Por causa das dinâmicas dos impostos,
mercadorias e dívidas, essa moeda cumpre o papel de dinheiro na sociedade.
Déficit
Moeda Moeda
A moeda também existe digitalmente, criada por Bancos Centrais como reservas.
Essa é a moeda que o sistema bancário utiliza.
A mesma moeda criada com o déficit federal sai de circulação quando retorna ao Estado,
na forma de pagamentos por serviços e produtos públicos, ou pagamentos de valores
devidos ao Estado (impostos e dívidas bancárias). Como a moeda e as dívidas são
ativos e passivos medidos na mesma unidade, ambos podem anular o outro.
Moeda Moeda
A criação da moeda e a criação de demanda pela moeda são feitas através de instituições do
Estado e do Mercado. Na aula 02 vimos os itens [★], na aula 03 vimos o item [⍟], e nas aulas
seguintes veremos os itens [☆].
Supondo que o Estado atua pelo bem comum, a moeda é criada em troca de valor
produzido pela sociedade, pagando os trabalhadores. Parte do valor é utilizado para a
manutenção e aprimoramento das forças produtivas, e outra parte é distribuído entre a
sociedade para satisfazer nossas necessidades e desejos.
Redistribuição de valor
Valor
Valor Valor
Valor
Valor Moeda
Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos
Me empresta
uma grana? …
Recapitulando as aulas anteriores Aula 03
Assim como quase tudo no capitalismo, a dívida pública serve para reproduzir capital.
Não é o Estado que precisa da dívida pública para financiar seus gastos, é o próprio
capital que precisa da dívida pública para se multiplicar. Visto que dinheiro parado não
cresce, ele deve se transformar em títulos da dívida para poder procriar.
Quer reproduzir
capital?
Sempre!
Recapitulando as aulas anteriores Aula 03
Hora de ninar.
Título públicos
Recapitulando as aulas anteriores Aula 03
Título públicos
Recapitulando as aulas anteriores Aula 03
Controle da inflação
Controle do câmbio
Quem sustenta o País não são os bancos, fundos de investimento e outros parasitas que
“emprestam” para o Estado. Esses agentes sequer estão emprestando, mas sim
multiplicando capital! O real sustento do País é fruto do esforço da classe trabalhadora
que, apesar de tudo produzir, dificilmente tem renda para “investir” na dívida pública.
Recapitulando as aulas anteriores Aula 03
Na aula 02 foi explicado como o valor produzido pela sociedade é roubado pelo capital
através da política fiscal (esquerda). Na aula 03, foi visto como o roubo também é feito
através da política monetária do Banco Central (direita).
Política Monetária
Privatização Compra de títulos
Política Fiscal
Classe
a a dominante
a a
Imposto
Gasto públicos Gasto públicos
Governo
Nessa Aula
Até o momento vimos como as instituições do Estado que controlam as políticas fiscal e
monetária são usadas para reproduzir capital e roubar valor criado pela sociedade. Ao
longo da aula 04, veremos como o mercado e os bancos privados fazem o mesmo.
Imposto
Gasto públicos Gasto públicos
Governo
Aula 04 - Parte I
Além disso, precisamos entender de onde vem o tal do lucro no capitalismo, por que ele
está se tornando menor, e como o capital está tentando resistir à sua própria extinção.
A queda na taxa de lucratividade
A tendência da queda na taxa de lucratividade do capital foi descrita por Karl Marx
que, ao analisar as dinâmicas do capitalismo em sua época, chegou à conclusão de que
as próprias contradições desse sistema econômico inevitavelmente levariam ao seu fim.
Em outras palavras, que a capacidade do capital se reproduzir fica menor com o tempo.
Vamos começar respondendo a pergunta: Karl Marx estava certo quando afirmou que a
taxa de lucratividade do capital tende a cair?
A queda na taxa de lucratividade
Sim. Marx acertou. O que se constatou ao longo dos anos foi uma queda no lucro do mundo.
https://thenextrecession.wordpress.com/2014/04/23/a-world-rate-of-profit-revisited-with-maito-and-piketty/
A queda na taxa de lucratividade
No caso dos países do G20, onde o capitalismo é mais “avançado”, o lucro é ainda menor.
Era
Anos neoliberal
dourados
Crise de A grande
lucratividade recessão
https://thenextrecession.wordpress.com/2020/09/20/more-on-a-world-rate-of-profit/
A queda na taxa de lucratividade
A lei da conservação
Se você colocar 200 gramas de água em um funil, é óbvio que os mesmos 200 gramas de
água irão sair pelo outro lado. Se você misturar 200 gramas de água com 50 gramas de
sal, você terá 250 gramas de água salgada. Não é possível que matéria surja ou
desapareça magicamente. Essa é a lei física da “conservação da massa”.
A lei da conservação
Se apenas 198 gramas saírem pelo outro lado do funil, é porque parte da água ficou
presa no interior do funil. Se a mistura de água salgada tiver apenas 248 gramas, é
porque 2 gramas de água evaporaram. Em condições normais, a massa é preservada.
A exceção é quando massa se transforma em energia e vice versa (E=Mc²)
2g
A lei da conservação
Energia cinética
Energia sonora
Total
1000W energia elétrica Energia térmica
1000W
Energia de deformação
Outras
Trabalho transformado em valor
Imagine um vilarejo onde dezenas de famílias coexistem, produzindo seu próprio sustento
e levando o excedente de sua produção para o mercado. Vejamos neste exemplo uma
família que planta batatas. No processo de plantio e colheita, essa família utiliza seu
trabalho e, esse mesmo trabalho é transferido para a batata, na forma de valor.
A conservação do valor
Digamos que, para produzir batatas, a família utiliza ferramentas rudimentares produzidas
por ela mesma. A confecção dessas ferramentas também demanda trabalho e, conforme
essas ferramentas vão se desgastando (depreciando), o trabalho contido nelas é pouco
a pouco transferido para as batatas. Isso se aplica para máquinas industriais também!
900 valores
110 valores
A conservação do valor
Digamos que essa família utiliza seus próprios cavalos e sua carroça para transportar o
excedente de batatas para o mercado no centro da cidade. Se a família construiu a
carroça e criou os cavalos, tudo isso demandou trabalho, e esse trabalho que existe nos
cavalos e na carroça também é aos poucos transferido para as batatas.
10 valores
100 valores
A conservação do valor
Quando essa família chega ao mercado, ela troca suas batatas por moedas, crédito, ou
qualquer outro tipo de “coisa” que cumpra o papel de dinheiro. Com o dinheiro da venda,
a família compra queijo produzido por outra família. No fim do processo, o nosso agente
econômico transformou seu trabalho em queijo… algo que sua família não produz!
A conservação do valor
Porém, essa transformação do trabalho em queijo é, na verdade, uma grande ilusão que
surge quando observamos o fenômeno do ponto de vista individual. Esse queijo é fruto do
trabalho de outra família. O que ocorreu nesse vilarejo foi a troca de um tipo de trabalho
(produção de batatas) por outro tipo de trabalho (produção de queijo).
120 valores
120 valores
Trabalho transformado em valor
A conservação do valor
Nesse processo, NÃO EXISTE LUCRO. Uma família produziu 120 unidades de valor e,
por meio do mercado, trocou essas 120 unidades de valor por algo equivalente. Nenhum
capital foi reproduzido e, por consequência, o que foi descrito aqui não é o capitalismo!
A família produz batatas para trocar por outras coisas, não para obter lucro.
120 valores
MERCADO
120 valores
Trabalho transformado em valor
A conservação do valor
Calma lá! Como o “mercado” define os valores de cada mercadoria? Por que X batatas
são trocadas por Y queijos? Existe uma “mão invisível”, onisciente e onipresente que
regula os preços? Como é possível que indivíduos dispersos coordenem suas atividades
de forma que os valores dos frutos de seus trabalhos sejam equiparados e calculados?
MERCADO
Trabalho transformado em valor
Se você fizer essa pergunta para um economista vulgar, receberá uma explicação
envolvendo a tal “lei da oferta e demanda”. No eixo horizontal temos os preços possíveis
de uma mercadoria, e no eixo vertical temos a quantidade de pessoas interessadas em
comprar (demanda) ou vender (oferta) a mercadoria para cada preço possível.
N. interessados
Demanda Oferta
Preço
Trabalho transformado em valor
De acordo com essa lei, quanto maior for o preço de uma mercadoria, mais pessoas
terão interesse em produzir e vender. Quanto menor for o preço, menos pessoas irão
querer produzir e vender. Por exemplo, se o preço de mercado para o produto X for R$10,
haverão 5 interessados em produzir… se for R$12, serão 10… se for R$14, serão 20…
N. interessados
Oferta
20
10
5
R$10 R$12 R$14 Preço
Trabalho transformado em valor
Essa lei também afirma que existe um determinado valor a partir do qual ninguém terá
interesse em produzir e vender. Ainda utilizando o produto X como exemplo, digamos que
se o preço de mercado cair para R$ 8, absolutamente ninguém vai querer produzir. Ou
seja, existe uma espécie de “preço mínimo” para a mercadoria.
Oferta
Preço
Trabalho transformado em valor
No lado da demanda, é o inverso: Quanto maior for o preço de uma mercadoria, menos
pessoas terão interesse em comprar. Quanto menor for o preço, mais pessoas irão
querer comprar. Por exemplo, se o preço de mercado para o produto X for R$10, haverão
16 interessados em comprar… se for R$12, serão 8… se for R$14, serão 4…
N. interessados
Demanda
16
8
4
R$10 R$12 R$14 Preço
Trabalho transformado em valor
De acordo com a lei de oferta e demanda, o preço de mercado de cada produto será o
ponto em que a oferta e demanda se cruzam. Em outras palavras, será o preço em que
todas as mercadorias produzidas serão compradas. Para o nosso exemplo do produto X,
esse valor seria aproximadamente R$11,50, com 9 interessados em comprar/vender.
N. interessados
Demanda Oferta
R$11,50 Preço
Trabalho transformado em valor
A lei da oferta e demanda também estipula que, nos casos em que uma mercadoria é
vendida por um preço acima de seu valor de “equilíbrio”, a redução na demanda faz com
que parte da mercadoria não seja vendida. Isso força os produtores a reduzirem seus
preços até atingirem esse tal equilíbrio.
N. interessados
Demanda Oferta
Preço
Trabalho transformado em valor
Por outro lado, nos casos em que uma mercadoria é vendida por um preço abaixo de seu
valor de “equilíbrio”, a demanda por essa mercadoria aumenta até que ela se esgote
antes de todas as pessoas conseguirem comprar. Isso força os preços para cima até que
mais produtores entrem no mercado para atingir o valor de equilíbrio.
N. interessados
Demanda Oferta
Preço
Trabalho transformado em valor
A “lei” opera nos dois sentido, de forma que tanto os preços impactam a oferta/demanda
como a oferta/demanda impacta os preços. Ou seja, se um produto se torna escasso, as
curvas de oferta e demanda se altera, aumentando o valor do preço de equilíbrio.
N. interessados
Demanda Oferta
Preço
Trabalho transformado em valor
O oposto disso é quando um produto se torna abundante, fazendo com que as curvas de
oferta e demanda se desloquem para a esquerda, de forma que os preços de equilíbrio se
tornam menores. Porém… não acaba por aqui…
N. interessados
Demanda Oferta
Preço
Trabalho transformado em valor
Nesse ponto, o tal economista vulgar para o qual você perguntou a respeito da natureza
dos preços iria sorrir, cruzar os braços, erguer o queixo e dizer que a pergunta foi
completamente respondida. Segundo o economista vulgar, a lei da oferta e demanda
explica os preços de equilíbrio, e os preços de equilíbrio explicam a oferta e demanda.
Trabalho transformado em valor
Embora a lei da “oferta e demanda” pareça fácil de entender, ela tem um problema sério.
Perceba que ela explica por que os preços sobem e descem, além de por que a oferta e a
demanda sobem e descem. Porém, essa lei não explica por que o preço de algo é X!
Por que os preços das mercadorias flutuam em volta de determinados valores?
?
N. interessados
Demanda Oferta
Preço
Trabalho transformado em valor
A lei de oferta e demanda é incapaz de dizer por que um carro popular custa R$50.000
ao invés de R$5.000 ou R$5.000.000. A lei de oferta e demanda simplesmente supõe que
existe um preço de equilíbrio, definido pela mão invisível, e que a forma das curvas de
oferta e demanda são baseadas nesse tal preço de equilíbrio… Percebeu algo estranho?
?
N. interessados
Demanda Oferta
Preço
Trabalho transformado em valor
* Deus ex machina é um termo utilizado na literatura e teatro para descrever uma solução
inesperada e improvável para um problema na trama. A solução parece vir do nada e é
usada para resolver dilemas complexos, geralmente sem uma construção adequada
dentro da história. O termo se originou na antiga tragédia grega, onde um deus descia ao
palco por meio de uma máquina (machina) para resolver os problemas dos personagens.
Você está dizendo que os profissionais de economia, que teoricamente estudam para
entender fenômenos complexos, usam a religião para explicar os preços?
Por mais absurdo que possa parecer, a resposta é sim. O motivo para isso é que a
economia vulgar não existe para explicar o funcionamento do mundo, mas sim para criar
justificativas morais e religiosas para manter o status quo.
A função desses economistas é a mesma dos líderes religiosos na idade média: utilizar
explicações místicas e divinas para justificar o feudalismo (hoje capitalismo), e dizer que
basta as pessoas confiarem em Deus (hoje a mão invisível) e seguir os mandamentos
divinos (hoje leis do mercado) para serem recompensados por Deus e sentarem ao lado
dele no céu (hoje ser recompensado com riqueza e sentar na mesa com a burguesia).
Assim como todas as outras coisas, os marxistas explicam de uma forma complexa,
holística, interdependente e que contraria o senso comum. Por essa razão, é tão difícil
entender a realidade, e por causa disso, muitas pessoas preferem as respostas fáceis e
simples dadas pelos economistas vulgares.
Sendo assim, farei o possível para tentar explicar, de maneira didática, como a teoria do
valor de Karl Marx explica os preços sem usar tautologias ou recorrer aos deuses.
Trabalho transformado em valor
A teoria do valor não apenas explica a oferta e demanda, mas também explica por que as
mercadorias flutuam em volta de um certo valor. Ao invés de apelar para um “preço de
equilíbrio natural” definido pela mão invisível, os marxistas dizem que o cruzamento entre
essas curvas está ligado ao que todas as mercadorias têm em comum: o trabalho.
?
N. interessados
Demanda Oferta
TRABALHO
Preço
Trabalho transformado em valor
Como mencionado antes, quando produtores de batatas trocam suas mercadorias com
produtores de queijo, não são os produtos que estão sendo comparados, mas sim o
trabalho que existe em cada um deles. É através da comparação entre os trabalhos dos
“batateiros” e dos “queijeiros” que os tais preços de mercado aparecem.
120 valores
120 valores
Trabalho transformado em valor
Mesmo sem o dinheiro para medir valores dos produtos, isso não impede que diversas
outras unidades de medida sejam utilizadas como forma de equiparar as mercadorias.
Por exemplo, as batatas e queijos poderiam ser comparados com cenouras ou, mais
precisamente, com uma certa quantidade de horas de trabalho para produzir cenouras.
01un. —----
05 h —----
05 h —----
01un. —----
Trabalho transformado em valor
Porém, quando falamos em horas de trabalho para produzir alguma coisa, não estamos
nos referindo ao tempo que um produtor individual demora, mas sim ao tempo médio
que a sociedade em questão, com suas características produtivas e tecnológicas, demora
para concluir todas as etapas do processo produtivo até finalizar a mercadoria.
01un. —----
05 h —----
05 h —----
01un. —----
Trabalho transformado em valor
Quando batatas vão ao mercado, pouco importa se foram produzidas por João ou Maria.
Para o mercado, batatas de mesma qualidade são indistinguíveis. Se João demora 6h
para produzir X batatas e Maria demora 4h para produzir a mesma quantidade, o
mercado é incapaz de saber quais batatas são de João e quais são de Maria.
Média Média
Trabalho transformado em valor
Porém, não vemos os preços na forma de horas, mas sim na forma de dinheiro. Isso
ocorre porque nem mesmo as horas de trabalho servem como critério para comparar
trabalhos distintos. Por exemplo, uma hora cavando um buraco com uma pá não vale o
mesmo que uma hora de cirurgia neurológica em um hospital de última geração.
$
Média Média
Trabalho transformado em valor
A única coisa que as mercadorias têm em comum é o trabalho, mas nem mesmo esse
trabalho é igual. Sendo assim, a única forma de comparar esses trabalhos seria encontrar
uma espécie de “unidade fundamental” que representa o trabalho mais simples possível,
e presumir que os outros trabalhos são compostos por uma multiplicação deste.
Trabalho Trabalho
Simples Simples
Trabalho Trabalho
Simples Simples
Trabalho transformado em valor
Média do
N. interessados
trabalho simples
Demanda Oferta
TRABALHO
Preço
Trabalho transformado em valor
Média do
N. interessados
trabalho simples
Demanda Oferta
TRABALHO
Preço
Trabalho transformado em valor
A resposta não está na metafísica nem religião, mas sim na “tentativa e erro”. Se o preço
de uma mercadoria for maior do que seu custo médio de produção, os agentes que
vendem essa mercadoria passam a acumular riqueza. O que ocorre é que uma certa
quantidade de trabalho individual é trocada por uma quantidade maior de trabalho social.
MERCADO
Trabalho transformado em valor
Por outro lado, se o preço de uma mercadoria for menor do que seu custo médio de
produção, os agentes que vendem essa mercadoria passam a acumular riqueza à uma
taxa menor do que o restante da sociedade. O que ocorre é que uma certa quantidade de
trabalho individual é trocada por uma quantidade menor de trabalho social.
MERCADO
Trabalho transformado em valor
Quando um agente, em determinado setor, percebe que seu trabalho tem baixo valor de
troca ao ser comparado com outros, essa pessoa tende a migrar para áreas em que o
trabalho tenha mais valor. Quando agentes pouco produtivos migram de um setor para
outro, isso reduz a quantidade de pessoas no primeiro e aumenta no segundo…
MERCADO
Trabalho transformado em valor
Com menos pessoas no 1º setor, o custo médio de produção reduz, pois apenas os
agentes mais produtivos permanecem. Em contrapartida, com mais pessoas no 2º setor, o
custo médio de produção aumenta, pois agentes menos produtivos entraram em cena.
Essa “migração” faz os preços flutuarem em torno dos custos médios de produção.
Custo de cada
Custo médio
de produção
agente produtivo
Tempo
Trabalho transformado em valor
Conforme os frutos do trabalho são comparados uns com os outros, através dos preços,
cada agente econômico considera o trabalho que ele próprio necessita para produzir
uma determinada mercadoria. Sendo assim, cada agente busca o setor em que existe a
maior diferença entre o preço de mercado e o trabalho necessário para produzir.
Por exemplo, se batatas, cenouras e queijo são trocados como se fossem equivalentes, o
agente 1, em função de suas próprias condições produtivas, percebe que se ele
deseja obter batatas, queijo e cenouras com a menor quantidade de esforço, a melhor
opção é produzir batatas e trocar pelas cenouras e pelos queijos de outras pessoas.
No caso do agente 2, imagine que o trabalho individual que ele precisa para produzir
queijo é maior do que o valor de mercado do queijo. Porém, seu esforço para produzir
batatas e cenouras é ainda maior. Nesse caso, se o agente 2 quiser batatas, cenouras e
queijo, mas não houver outro trabalho disponível, a melhor opção seria produzir queijo.
Porém, com a saída do agente 3, que era um produtor de cenouras, isso pode reduzir a
produção dessa mercadoria para uma quantidade inferior à demanda, fazendo os preços
subirem conforme os demais agentes são incapazes de oferecer o necessário… Isso
pode incentivar os agentes 1 e 2 a começarem a produzir cenouras.
Esse deslocamento das forças produtivas novamente impacta os preços, que impactam
as decisões dos agentes, que novamente impactam os preços, criando uma dinâmica de
desequilíbrio constante no mercado conforme os setores estão em constante rearranjo.
É como uma equação em que cada variável impacta todas as outras simultaneamente.
Através dessa tentativa e erro, comparando valores dos trabalhos de diversos setores, o
mercado vai aos poucos reajustando os preços em função do trabalho necessário para a
produção de cada mercadoria. Ou seja, se o valor inicial de alguma mercadoria é baixo
demais, ao longo de múltiplas tentativas e erros o valor começa a subir.
Porém, como não existe uma unidade fundamental de valor, as mercadorias são
eternamente comparadas umas com as outras de forma dinâmica e variável, se afastando
ou se aproximando de seus “valores reais” sem nunca os atingir. Assim como múltiplos
sóis que orbitam uns aos outros sem jamais encontrar o equilíbrio.
Valor: cenoura
Trabalho transformado em valor
ESCLARECIMENTO IMPORTANTE
Não existe valor absoluto, nem unidade fundamental de valor, nem valor universal da hora
de trabalho-padrão! As mercadorias apenas tem valores relativos que aparecem quando
são comparadas umas com as outras no mercado. O preço nada mais é do que o valor de
uma determinada mercadoria, em um determinado lugar, em um determinado instante.
Nos exemplos mostrados aqui, eu apenas indico os valores das mercadorias como uma
forma de facilitar o entendimento do valor. Na realidade, os valores das mercadorias são
como partículas da física quântica, se alterando a todo o momento e cheias de incertezas.
Trabalho transformado em valor
ESCLARECIMENTO IMPORTANTE
Obviamente que esses movimentos não são instantâneos. Um produtor de batatas não
pode descartar sua plantação e imediatamente substituí-la por cenouras. Da mesma
forma que um produtor de cenouras não pode imediatamente começar a fazer queijo.
Reorganizar a produção necessita de tempo quanto mais complexa for a produção.
Trabalho transformado em valor
PANDEMIA
[1] https://www.infomoney.com.br/negocios/ambev-vai-produzir-alcool-em-gel-a-partir-de-producao-de-cerveja/
Trabalho transformado em valor
Porém, esse movimento não é ordenado, mas sim caótico e imprevisível, feito a partir de
sucessivas tentativas e erros, lucros e prejuízos, surgimentos de empresas e falências,
subprodução e superprodução. O mercado está sempre em constante desequilíbrio
conforme as forças produtivas migram de um setor para outro em busca de lucros.
MERCADO
Trabalho transformado em valor
??? valores
??? valores
MERCADO
??? valores
Trabalho transformado em valor
Se existirem, por exemplo, duas famílias que produzam quantidades iguais de batatas, o
valor do produto não será definido pelo trabalho adicionado por cada indivíduo, mas sim
pela média. Se a família mais eficiente gasta 120 unidades de trabalho e a família
menos eficiente gasta 130, o valor das batatas tende à se aproximar de 125.
120 valores
125 valores
MERCADO
130 valores
Trabalho transformado em valor
Do ponto de vista individual, a família mais eficiente lucrou 5 unidades de valor, pois
transformou 120 unidades de trabalho em 125. A família menos eficiente teve prejuízo de
5 unidades de valor, pois transformou 130 unidades de trabalho em 125. É como se uma
família tivesse indiretamente absorvido parte do valor produzido pela outra.
125 valores
125 valores
5 valores MERCADO
125 valores
Trabalho transformado em valor
Olhando o sistema como um todo, não existe lucro! Nenhum capital foi reproduzido!
Houve apenas uma transferência de valor de um agente econômico para o outro. Essa
diferença pode ser resultado das ferramentas utilizadas, dos cavalos que puxam a
carroça, da distância que cada família mora do mercado, de conhecimentos técnicos, etc.
125 valores
125 valores
5 valores MERCADO
125 valores
Trabalho transformado em valor
Se a demanda por batatas aumentar, expandindo a produção para solos menos férteis e
fazendo famílias sem experiência começarem a plantar, a média do trabalho necessário
para produzir batatas aumenta. No mercado, isso aparece como inflação. Os agentes
mais produtivos absorvem uma fatia ainda maior do valor total.
140 valores
140 valores
20 valores MERCADO
140 valores
Trabalho transformado em valor
Se a demanda por batatas diminuir e a família mais eficiente conseguir alimentar todo o
mercado sozinha, a quantidade média de trabalho para produzir batatas diminui. Logo, o
valor de mercado das batatas também diminui, sendo definido pela quantidade de
trabalho adicionado pela família mais produtiva.
120 valores
120 valores
MERCADO
Voltemos ao caso da nossa família que opera como produtora e que, de acordo com as
leis do mercado, vende suas batatas pelo preço do trabalho necessário para produzi-las.
O valor da batata é baseado na média do trabalho de plantio e colheita, na média do
trabalho para fazer as ferramentas, e na média para a manutenção de cavalos e carroças.
10 valores
100 valores
Vamos supor agora que existe uma família especializada na produção de ferramentas,
capaz de gastar menos trabalho que todas as outras para criar esses equipamentos. Se
essa família produz ferramentas para todas as demais, o valor das ferramentas se torna
menor e, por consequência, o valor que elas adicionam aos produtos também!
10 valores
100 valores
Após 11.700 unidade de valor na forma de batatas serem vendidas, é como se 11.000
unidades de valor ficassem com o agricultor e 700 com o produtor das ferramentas. Ao
final desse processo, as ferramentas foram completamente desgastadas (depreciadas), e
precisam ser substituídas, demandando que o ferramenteiro produza mais.
1.000 valores
10.000 valores
Vamos supor agora que existe uma família especializada no transporte de produtos,
capaz de gastar menos trabalho que as outras para montar carroças, criar cavalos e
conduzir. Se essa família oferece serviços para todas as demais, o valor do transporte cái
e, por consequência, o valor que esse processo adiciona aos produtos também!
7 valores
100 valores
7 valores
100 valores
7 valores
100 valores
700 valores
6.300 valores 700 valores
Se cada um recebe pelo valor que adiciona ao produto, dos 11.400 totais, 700 ficariam
com o transportador, 700 com o ferramenteiro, 10.000 com o agricultor, e zero com o
“capitalista”. Esse último agente, muito confuso, coça sua cabeça e pergunta onde está o
lucro dele! Por que ele recebeu de volta exatamente o que gastou?
!? Produção
11.400 valores
11.400 valores
venda: 11.400 valores
11.400 valores
Trabalho transformado em valor
Eu exijo explicações!
? ? ?
Trabalho transformado em valor
O consultor diz que não houve roubo. O capitalista recebeu exatamente pelo que pagou.
Afinal de contas, ele desembolsou 11.400 na forma de dinheiro e recebeu 11.400 na
forma de batatas. Seu dinheiro foi totalmente transformado em batatas! Porém, como ele
vendeu as batatas pelo preço de mercado, ele recebeu os mesmos 11.400 de volta.
11.400 = 11.400
? 11.400 valores
11.400 valores
Trabalho transformado em valor
O tal “capitalista” diz: Mas eu abri mão do meu dinheiro no curto prazo! Onde está a minha
parte pelo risco? Onde está a minha parte por ter abdicado de conforto presente buscando
um conforto futuro? Cadê minha recompensa por ser paciente?
O contador responde: As coisas que você mencionou não adicionam valor ao produto, pois
não representam custos de produção. Logo, não tem valor para o mercado.
?
Trabalho transformado em valor
No ano seguinte, o tal “capitalista” volta com um novo plano! Ao invés de vender a safra
de batatas pelos mesmos 11.400, ele irá vender por 12.000! Fazendo isso, ele espera
lucrar 600 ao final do processo, fazendo seu capital se multiplicar!
700 valores
6.300 valores 700 valores
Após a colheita, as batatas são colocadas à venda no mercado. Enquanto isso, o tal do
“capitalista” espera ansiosamente pelo seu lucro! Porém, ao final da semana, ele recebe
apenas 5.000 de volta! Como é possível que ele tenha recebido menos dinheiro do que
antes!? Algo estava errado! Para onde seu lucro havia ido?
11.400 valores
O tal “capitalista” vai até a barraquinha onde suas batatas eram vendidas e descobre que
mais da metade delas haviam apodrecido sem serem compradas! Ele fica furioso e
pergunta ao transportador por que ele não havia vendido todas elas. Ele acusa o homem
de não ter se esforçado o suficiente no trabalho!
Eu exijo explicações!
?
Trabalho transformado em valor
O transportador responde: “Suas batatas estão caras. O preço total de mercado da safra
são os mesmos 11.400 do ano passado. As pessoas compraram as batatas dos outros
produtores e apenas buscaram as suas quando as demais esgotaram. Mesmo assim, não
vendemos todas pois muitos preferiram comprar aipim e mandioca pelo preço justo.”
!?
$$$
Trabalho transformado em valor
O tal “capitalista” fica ainda mais assustado. Ele começa a suar frio e tremer. Seus dentes
rangem e seus olhos lacrimejam. Somado aos R$ 500 da consultoria no ano anterior, a
perda de mercadorias havia lhe custado mais 6.400! Ele havia perdido 6.900! Ao invés de
se multiplicar, o capital encolheu! Teria sido melhor guardar o dinheiro debaixo da cama!
No terceiro ano, o tal “capitalista” volta com outro plano! Se o valor da safra é 11.400 e ele
não pode cobrar mais do que isso, a resposta é simples. O capitalista tenta pechinchar
com o ferramenteiro, o transportador e o agricultor, oferecendo 5% a menos do que havia
pago no ano anterior. Isso lhe daria um lucro de 570 ao final do processo.
665 valores
6.300 valores 700 valores
Os três dão risada e dizem que vão montar uma cooperativa sem o tal “capitalista”, pois
ele não agrega valor ao produto. Sendo assim, o tal “capitalista” retorna para sua cidade
natal sem entender o que aconteceu. O vilarejo continua funcionando exatamente como
antes, e a ausência do tal “capitalista” não é sentida… É como se ele não fizesse falta.
! 700 valores
10.000 valores
Total: 11.400
Por que vocês não
usam meu dinheiro!? 700 valores
Trabalho transformado em valor
Porém, o tal “capitalista” não desiste de sua busca por multiplicar dinheiro! Sendo assim,
ele compra livros e cursos de agronomia, passando vários meses estudando técnicas
para aumentar a eficiência da produção de batatas. Se o tal “capitalista” conseguir reduzir
o custo de produção da safra para menos de 11.400, ele poderá ficar com a diferença!
Trabalho transformado em valor
No quarto ano, o tal “capitalista” volta com uma nova proposta! Graças aos estudos, o
custo do plantio reduziu de 10.000 para 9.000, e o agricultor pode trabalhar 10% menos.
Como o agricultor é um homem justo que cobra exatamente pelo valor que ele próprio
adiciona ao produto, ele aceita receber 9.000 sem pestanejar.
700 valores
6.300 valores 700 valores
Supondo que o valor de mercado da safra continua sendo 11.400, o tal “capitalista” fica
feliz e afirma: “Eu consegui transformar 10.400 em 11.400! Eu multipliquei meu capital! Eu
me tornei um capitalista! Eu fiz o mesmo que todos os meus colegas burgueses! Graças
ao meu espírito empreendedor, a produção de batatas ficou mais eficiente e eu lucrei!”
11.400 valores
Produção
10.400 valores
venda: 11.400 valores
630 valores
5.670 valores 630 valores
! Produção
10.260 valores
9.379 valores
venda: 10.260 valores
Felizmente, o tal “capitalista” já aprendeu sua lição. Se ele quiser aumentar seus lucros,
deve continuamente investir mais dinheiro em estudos para, dessa forma, aumentar sua
fatia do valor agregado nas safras de batata. Após satisfazer suas necessidades básicas,
o tal “capitalista” utiliza todo o seu dinheiro para obter conhecimento!
Trabalho transformado em valor
Seu grande plano deu certo! Ao continuar estudando todos os meses e se mantendo um
passo à frente dos avanços tecnológicos, o tal “capitalista” garante sua fatia da produção!
Ele exclama: “Meu modelo de negócios deu certo! Estou multiplicando capital! Sou um
grande empreendedor capitalista! Finalmente aprendi a fórmula do sucesso!”
X+Y valores
Produção
X valores
venda: X+Y valores
O tal “capitalista”, feliz e saltitante, volta para sua cidade natal e chama todos os seus
amigos capitalistas para uma reunião. Ele explica seu modelo de negócios, mostra as
taxas de lucratividade, dá uma aula sobre técnicas de plantio de batatas, e várias outras
coisas. Ao terminar a apresentação, ele aguarda em silêncio pela resposta dos colegas...
STONKS!
Trabalho transformado em valor
Porém, ao invés de elogios, o tal “capitalista” recebe risadas. Onde foi que ele errou?
Será que seus colegas perceberam um erro em seu modelo de negócios? Será que seus
cálculos estavam imprecisos? Ou será que ele era dotado de uma genialidade tão grande
que seus amigos eram incapazes de compreender seu mindset?
Ao questionar seus amigos, um deles levanta a mão e diz que o tal “capitalista”, na
verdade, não é um capitalista! Ele é um trabalhador autônomo, assim como o agricultor,
o transportador e o ferramenteiro. Ele não é está multiplicando capital! O “lucro” que ele
recebe nada mais é do que a sua fatia do trabalho realizado pela cooperativa de batatas.
Um dos capitalistas da platéia, que estudou as teorias de Karl Marx, explica onde está o
erro de contabilidade do engenheiro agrônomo. Ele não está transformando X dinheiros
em X+Y! Ele está transformando X dinheiros e Y estudos em X+Y dinheiros! Seu
modelo de negócios não têm lucro! Ele apenas está transformando estudo em dinheiro.
! X+Y valores
Y estudo Produção
X dinheiro
venda: X+Y valores
Além disso, o capitalista aponta outro erro no modelo de negócios, mostrando que o
engenheiro agrônomo está exposto à todo o risco do processo. Como ele paga aos seus
funcionários o valor do trabalho antes das batatas serem vendidas, significa que ele
assume os prejuízos por todas mercadorias que não forem vendidas no mercado!
Se o engenheiro agrônomo quiser dividir o risco, ele deveria formar uma cooperativa na
qual todos recebem suas fatias após a venda, em proporção ao valor que contribuíram.
Dessa forma, o prejuízo seria reduzido. Porém, o capitalista acrescenta que, da forma
como o negócio está operando, ele ainda não “multiplica dinheiro”.
? Produção
X+Y valores
O engenheiro agrônomo pergunta como ele deveria alterar o modelo de negócios para
que ele pudesse se tornar um capitalista de verdade, ao invés de continuar sendo um
trabalhador. O capitalista responde: “Você deve receber dinheiro sem trabalhar”.
? Produção
Trabalho transformado em valor
! Produção
Trabalho transformado em valor
O capitalista diz: “Sente-se, meu amigo. Vou te explicar as várias maneiras pelas quais o
capital se reproduz. Anote todas elas e tente aplicar o máximo possível em seu negócio!”
Bobinho
Trabalho transformado em valor
O capitalista começa com uma afirmação bombástica, dizendo que o tal do “lucro” é na
verdade uma grande ilusão. Não é possível existir lucro em um sistema, da mesma
maneira que não é possível sair mais água de um filtro do a quantidade que entra, e da
mesma maneira que não é possível o liquidificador usar mais energia do que entra nele.
X trabalho
Produção
venda: X valores
Lucro: 0 X dinheiro
De onde vem o lucro
X-W trabalho
Produção
venda: X valores
Lucro: W X dinheiro
De onde vem o lucro
Porém, o “lucro” é uma ilusão. As W unidades de esforço a menos dos trabalhadores são
fruto do valor adicionado pelos conhecimentos do engenheiro. Se o engenheiro também
representar a média dos engenheiros, esse valor W também será uma média e, como
consequência, o engenheiro apenas recebe de volta o que gastou, sem haver lucro.
! W
Produção
X trabalho
X-W X-W+W
venda: X valores
Lucro: 0
De onde vem o lucro
W W W
F Produção
Lucro: 0
De onde vem o lucro
F Produção
Lucro: 0
De onde vem o lucro
O capitalista responde: “Esses conhecimentos não são mercadorias. Logo, não têm valor
no capitalismo. Eles [ainda] são parte do domínio público que não pode ser vendido.”
?
F Produção
Lucro: 0
De onde vem o lucro
!
De onde vem o lucro
Quando você constrói um moinho para transformar a energia do vento em movimento das
pás que, por consequência, transformam trigo em farinha, o valor de uso do vento, trigo
e moinho foram utilizados para produzir o valor de uso da farinha. Porém, o capitalismo
não é fundamentado pelo valor de uso, mas sim pelo valor de troca.
!
De onde vem o lucro
!
De onde vem o lucro
!
De onde vem o lucro
Por hora, voltemos ao exemplo da cooperativa de batatas. Até o momento, foi presumido
que os trabalhadores (incluindo o engenheiro), representam a média dos trabalhadores e
que, por consequência, produzem batatas utilizando uma média de X valores de trabalho
que são transformados em X valores de mercado da batata, que se torna X dinheiros…
F X-W
Produção
Lucro: 0
De onde vem o lucro
F A B C
Produção
Lucro: X - (A+B+C+W) X
De onde vem o lucro
F A B C
Produção
Prejuízo: (A+B+C+W) - X X
De onde vem o lucro
O “lucro” e o “prejuízo” são uma ilusão que surge quando observamos o mercado através
do ponto de vista de seus agentes individuais. Os agentes mais produtivos, que
transformam X-M trabalho em X batatas, acham que estão lucrando. Os agentes menos
produtivos, que transformam X+M trabalho em X batatas, acham que têm prejuízo.
! Prejuízo = M
X+M
X Produção
X-M
Total = 0 Lucro = M
De onde vem o lucro
Se você for um engenheiro agrônomo com rendimento abaixo da média, o valor de troca
que você adiciona ao produto é menor do que o valor de troca que você recebe por esse
conhecimento. É como se, ao tentar otimizar a produção de batatas, você estivesse
gastando mais valor de troca do que aquilo que é ganho com a produtividade.
!
De onde vem o lucro
O capitalista responde: “No curto prazo, sim. Pois, ao poupar o trabalho do engenheiro, a
cooperativa gasta, em média, menos esforço do que antes para produzir.”
?
De onde vem o lucro
! Prejuízo = M
X+M
X Produção
X-M
Total = 0 Lucro = M
De onde vem o lucro
Se observamos o sistema como um todo, percebe-se que o tal “lucro” e o tal “prejuízo”
são uma transferência indireta de valor dos agentes menos produtivos para os agentes
mais produtivos. Nesse tipo de sistema, os agentes mais produtivos terão maior poder de
compra para consumir os fruto do trabalho da sociedade e reinvestir seus lucros.
X+M
X-M
Produção X
Total = 0
De onde vem o lucro
O capitalista responde: “Esse lucro do setor é novamente uma ilusão que surge porque
você está olhando apenas parte do sistema ao invés do sistema como um todo.”
?
X+M
Mercado
X-M
Lucro: ???
De onde vem o lucro
Setores
Menos produtivos
Mercado
Setores
Mais produtivos
Total = 0
De onde vem o lucro
O engenheiro pergunta: “Se isso é verdade, como é possível que a economia funcione se
existem setores que estão sempre operando no prejuízo? Por quê eles não quebram?”
? Setores
Menos produtivos
Mercado
Setores
Mais produtivos
Total = 0
De onde vem o lucro
Setores
Trabalho Menos produtivos
transformado em
Mercado
mercadoria Setores
Mais produtivos
Total = 0
De onde vem o lucro
No mercado aqui descrito, os agentes menos produtivos não quebram. Esses agentes
apenas recebem uma quantidade menor do valor total que é trocado no mercado. Em
outras palavras, os menos produtivos devem trabalhar mais para obter a mesma
quantidade de mercadorias que os mais produtivos.
Setores
Trabalho Menos produtivos
transformado em
Mercado
mercadoria Setores
Mais produtivos
Total = 0
De onde vem o lucro
O motivo pelo qual ainda não ocorre a falência é porque ainda não estamos falando do
ciclo de reprodução do capital. Ou seja, isso aqui ainda não é o capitalismo. O que eu te
expliquei até agora é um sistema linear em que o trabalho de alguns agentes, através de
mecanismos do mercado, é trocado por outras mercadorias para consumo.
!!!
Mercadoria Mercadoria
Trabalho
(1) (2)
Total = 0
De onde vem o lucro
Para que ocorra a falência de um agente econômico, é necessário que o agente esteja
inserido no ciclo de reprodução do capital. Ao invés do processo linear em que trabalho
produz mercadorias de um tipo para trocar por outro, a reprodução do capital envolve um
ciclo que transforma dinheiro em mais dinheiro a cada rotação.
X
Dinheiro Trabalho Mercadoria
X X+L
Lucro = L
De onde vem o lucro
X
Dinheiro Trabalho Mercadoria
X-P X-P
Prejuízo = P
De onde vem o lucro
Setores
Menos lucrativos
Mercado
Setores
Mais lucrativos
Total = 0
De onde vem o lucro
O capitalista responde: “É aqui que surgem elementos que antes havíamos ignorado em
nossa análise. Pois, no capitalismo, dinheiro, trabalho e valor são coisas distintas.”
? Setores
Menos lucrativos
Mercado
Setores
Mais lucrativos
Total = 0
De onde vem o lucro
Embora a produtividade possa ser uma das formas de se obter maior lucratividade, o
capital tem outras ferramentas para obter dinheiro. Em alguns casos, o capital se
reproduz perdendo produtividade e até mesmo destruindo riqueza real. Às vezes, o
capital se multiplica sem sequer produzir mercadorias… como é o caso dos bancos.
!!!
Total = 0
Contradições do capital
A serpente que come a própria cauda
Contradições do capital
Custo da produção
Setores
Menos produtivos
Média
Setores
Mais produtivos
Contradições do capital
Custo da produção
Menos produtivos
Como consequência, o valor de mercado se torna menor pois, na média, os agentes que
continuam produzindo mercadorias agora estão fazendo isso utilizando menos trabalho
do que antes e, como consequência, parte dos agentes que antes eram mais produtivos
agora são, relativamente falando, menos produtivos.
Custo da produção
Menos produtivos
Porém, como explicado antes, isso não causa um problema econômico, visto que os
agentes aqui descritos não operam sob a lógica da reprodução do capital, que é o lucro.
Se os setores não precisam multiplicar dinheiro, é possível que os setores menos
produtivos continuem operando, mesmo produzindo riqueza à taxas menores.
Custo da produção
Menos produtivos
Custo da produção
Setores
Menos lucrativos
Média
Setores
Mais lucrativos
Contradições do capital
Custo da produção
Menos lucrativos
Essa dinâmica aos poucos elimina os agentes um por um e, como consequência, reduz o
volume de lucro que pode ser absorvido através dessa diferença entre a lucratividade
dos negócios. Em outras palavras, a taxa de lucro fica cada vez menor, pois os preços de
mercado tendem a se aproximar dos custos dos agentes mais lucrativos.
Custo da produção
Menos lucrativos
O engenheiro pergunta: “Se o número de empresas reduz, isso faz surgir monopólios e
cartéis que controlam preços, certo? Isso resolve o problema da queda da lucratividade?
Afinal de contas, bastariam as empresas se juntarem e elas poderiam continuar
praticando preços acima dos custos de produção e mantendo seus lucros.”
?
Média do preço
Lucro
Média do custo
Contradições do capital
?
Custo de abrir um concorrente
Média do preço
Lucro
Média do custo
Contradições do capital
?
Custo de abrir um concorrente
Média do preço
Lucro
Média do custo
Contradições do capital
Isso não resolve o problema da queda na taxa de lucro, pois você está esquecendo de
analisar o sistema como um todo. Os setores monopolistas começam não apenas a
comprar a concorrência, mas também a expandir para outras áreas e países, competindo
com outros setores monopolistas, chegando ao estágio imperialista do capitalismo.
Custo da produção
Monopólios
Menos lucrativos
Média
Monopólios
Mais lucrativos
Contradições do capital
Custo da produção
Monopólios
Menos lucrativos
Média
Monopólios
Mais lucrativos
Contradições do capital
Custo da produção
Monopólios
Menos lucrativos
Média
Monopólios
Mais lucrativos
Contradições do capital
O engenheiro pergunta: “Se já atingimos o estágio imperialista à tanto anos, por que o
capitalismo ainda existe e continua lucrando mesmo com os monopólios de devorando?”
Custo da produção
???????
Média
Monopólios
Mais lucrativos
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
Até agora estávamos considerando que todos os agentes econômicos recebem pelo
valor que adicionam ao produto, e que as diferenças de lucratividade entre os negócios
são baseadas em diferenças de produtividade. Porém, o capitalismo não opera sob essa
lógica, visto que o dinheiro faz com que o critério de eliminação seja o lucro.
Prejuízo = M
X+M
X Produção
X-M
Lucro = M
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
X X
Dinheiro Produção Mercadoria
X X+L
Lucro = L
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
Porém, a regra mais importante que o capital quebra é a de que cada um recebe pelo
valor que adiciona ao produto final. Se o capital for capaz de pagar menos do que o
valor de mercado pelos “ingredientes mágicos” que formam as mercadorias, o dinheiro é
capaz de se reproduzir mesmo vendendo seus produtos pelo preço “justo” de mercado.
X X+L
Dinheiro Produção Mercadoria
X X+L
Lucro = L
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
Vejamos aquilo que o capital precisa para produzir mercadorias: Temos matérias primas,
energia, infraestrutura, e mão de obra (trabalho). Se o capital encontrar maneiras de
pagar, por um ou mais desses fatores de produção, um valor menor do que esse fator de
produção adiciona à mercadoria, a diferença aparece como um lucro para o capital.
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
No caso das matérias primas, uma estratégia utilizada pelo capital é o colonialismo, que
permite subjugar outras nações e explorar suas riquezas naturais sem a necessidade de
pagar o preço de mercado por esses recursos. É o que os países capitalistas fazem com
a África até hoje, roubando ouro, urânio, petróleo e outros produtos importantes.
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
Além do colonialismo direto com ocupação militar, há o indireto, usando dívidas externas.
Ao endividar países exportadores de commodities, o capital força esses países a
aumentarem suas exportações para conseguir pagar as dívidas. Como consequência, o
aumento na oferta de commodities no mercado global faz os preços caírem.
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
O caso da energia também se relaciona com as matérias primas. Por exemplo, a França
até hoje [agosto 2023] explora[va] urânio no Níger, usando o minério para gerar energia
nuclear e acender três de cada quatro lâmpadas na frança, pagando metade do valor
pelo urânio Nigeriano em relação ao urânio de outros países.[1]
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
[1] https://medium.com/simetria/a-energia-francesa-vem-da-%C3%A1frica-38327f34255a
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
Outra forma de pagar menos pela energia do que seu valor de mercado é com subsídios
do Estado, em que o capital usa o poder do Estado para reduzir custos de operação. No
Brasil, por exemplo, é esperado que em 2023 haja subsídio de 35 bilhões de Reais na
energia, fazendo com que a sociedade pague os custos da energia que o capital usa.[1]
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
[1] https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/03/07/subsidios-no-setor-eletrico-custarao-r-35-bilhoes-em-2023-informa-aneel.ghtml
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
Vale lembrar que o capital apenas direciona o Estado para construir a infraestrutura que o
capital precisa para lucrar. Ou seja, uma ferrovia não será feita porque a população
precisa, mas porque o capital percebe que pode lucrar com isso: seja recebendo verba
pública para construir a ferrovia, ou usando a ferrovia para escoar produtos até os portos.
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
O capital também pode usar o Estado antes mesmo do processo produtivo começar,
através do recebimento de dinheiro a juros baixos via bancos públicos como o BNDES.
O objetivo do capital é conseguir iniciar o ciclo de reprodução com um volume maior de
dinheiro e, como consequência, gerar lucros maiores que os juros pagos ao banco.
Crédito
Banco subsidiado
Dinheiro Produção
público
[1] https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/consulta-operacoes-bndes/maiores-clientes
Contradições
do capital
Preço ≠ Valor
[1] https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/consulta-operacoes-bndes/maiores-clientes
Contradições do capital
Preço ≠ Valor
Porém, existe um fator comum no que foi descrito até agora. A exploração de matérias
primas demanda trabalho. A produção de energia demanda trabalho. A construção e
manutenção de infraestrutura também demanda trabalho. Indiretamente, essas coisas
são todas fruto do trabalho humano, que adiciona valor à essas mercadorias.
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
Contradições do capital
Se os trabalhadores que produziram essas coisas receberem pelo valor que agregaram,
mas o capital pagou menos por isso, a conta não fecha. A diferença entre os valores deve
vir de algum lugar: No caso, o Estado que forneceu esses produtos está em déficit.
X-L
Capital compra
Lucro = L
a mercadoria L = subsídio
Contradições do capital
A outra alternativa é que os trabalhadores não receberam pelo valor que produziram.
Esse caso é um dos fundamentos do capitalismo e a sua principal força motriz, pois ao
invés de um tipo de capital explorar outro tipo de capital, ambos exploram o trabalho,
sendo capazes de obter o tal lucro fictício que cria a ilusão de que o dinheiro se multiplica.
Ao pagar pelo trabalho um valor menor do que o trabalho adiciona ao produto, o capital
enxerga a diferença como sendo um lucro. Porém, devemos sempre lembrar de observar
o sistema como um todo e perceber que o tal “lucro” do capital nada mais é do que um
“prejuízo” da classe trabalhadora, que recebeu menos do que aquilo que produziu.
Matérias
primas
Lucro = L
X Energia X+L
Matérias
Dinheiro Mercadoria
primas
Infra
Trabalho
Contradições do capital
A tal da mais-valia
A diferença entre o valor que o trabalhador adiciona ao produto e o salário que recebe é
chamado de mais-valia. Ou seja, se um trabalhador agrega R$ 10 ao produto para cada
hora trabalhada, mas recebe R$ 4 por hora, o capital obteve R$ 6 com a mais-valia. A
mais-valia 6
taxa de exploração foi de 1.5 = = .
salário 4
Mais-valia= L
X X+L
Dinheiro Trabalho Mercadoria
Contradições do capital
A tal da mais-valia
O engenheiro protesta: “Isso não funciona! Quando eu tentei pagar aos meus parceiros um
valor menor do que eles produziam, todos se recusaram a trabalhar para mim!”
O capitalista responde rindo: “Óbvio que eles não vão aceitar! Seus parceiros têm acesso
aos meios de produção, como terras e ferramentas. Eles podem trabalhar sem você!”
A tal da mais-valia
!!
Meios de
Trabalho
produção
Contradições do capital
A tal da mais-valia
Sendo assim, é necessário criar um mercado de trabalho, onde pessoas vendem sua
força de trabalho em troca de dinheiro para sobreviver. Isso se torna possível se os meios
de produção, como fábricas, tecnologia, terras, máquinas e recursos naturais, forem
propriedades privadas, que são inacessíveis para a classe trabalhadora.
!!!
Meios de
Trabalho
produção
Contradições do capital
A tal da mais-valia
O capital não paga aos trabalhadores pelo valor que adicionam ao produto, mas sim pelo
valor que o mercado de trabalho necessita para fornecer mão de obra na proporção que
o capital demanda. Em outras palavras, o trabalho se torna uma mercadoria e o custo
dessa mercadoria passa a ser o custo de sua produção e manutenção no mercado.
!!!
Contradições do capital
A tal da mais-valia
!!!
Contradições do capital
A tal da mais-valia
Além dos custos de aquisição dos escravos, também existem os custos de manutenção,
que são os gastos necessários para manter os escravos em condições que permitam sua
exploração. Esses custos são semelhantes aos de manter bois e cavalos em condições
de trabalho, assim como os custos de manter as máquinas industriais funcionando.
!!!
Contradições do capital
A tal da mais-valia
Contudo, um fator que tornava a escravidão pouco lucrativa era o fato de que os
proprietários de escravos tinham que arcar com todos os “riscos” relacionados à perda da
mão de obra. Se um escravo morresse ou fugisse antes de gerar valor suficiente em
mercadorias para compensar seu custo, o proprietário do escravo teria um prejuízo.
A tal da mais-valia
!!!
[1] https://g1.globo.com/politica/post/2023/01/24/em-2022-mais-de-25-mil-pessoas-foram-resgatadas-do-trabalho-analogo-a-escravidao-no-brasil.ghtml
[2] https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2023/junho/mte-resgatou-1-443-trabalhadores-de-condicoes-analogas-a-escravidao-em-2023
Contradições do capital
A tal da mais-valia
A tal da mais-valia
!!!
Contradições do capital
A tal da mais-valia
Contudo, lembre-se da lei da conservação do valor. Embora o capital não pague o custo
total de produção da força de trabalho, esse valor não desaparece. A responsabilidade
por “fabricar” trabalhadores fica a cargo da própria sociedade (famílias e/ou Estado),
permitindo que o capital pague apenas pelo uso da força de trabalho.
A tal da mais-valia
!!!
* Securitização é o processo de
agrupamento de vários ativos
financeiros em um único ativo
padronizado e negociável.
Contradições do capital
Assim como o capital usa o Estado para obter subsídios e infraestrutura, o Estado
também é usado para suportar os custos com a manutenção do mercado de trabalho. O
Estado, então, utiliza seu monopólio da violência para compelir a própria sociedade a
arcar com os custos de reproduzir a força de trabalho que o capital necessita.
As famílias são obrigadas a “produzir” mão de obra, desde o berço até a idade adulta.
Horas e horas de trabalho investidos que jamais são pagos pelo capital. O capital apenas
se apropria do trabalho das pessoas depois que já elas estão “maduras”. Esse trabalho
social não remunerado é, na maioria dos casos, feito pelas mulheres.
O capital pode, inclusive, ir um passo além disso! Não basta fazer a sociedade gastar seu
próprio trabalho para produzir e formar mão de obra… o capital tenta capturar o máximo
possível desse trabalho social na forma de dinheiro, com lucros na educação privada,
saúde privada, aluguéis de moradias e todos os outros custos de “fabricar” mão de obra.
Para garantir que a população será forçada a utilizar os serviços privados, o Estado reduz
os investimentos em educação, saúde e moradias públicas (austeridade). Por causa da
competição entre a própria classe trabalhadora, quem busca um “futuro melhor” se vê
obrigado a gastar cada vez mais de sua renda com o setor privado.
!!!!
Meios de
Trabalho ESTADO
produção
Contradições do capital
!!!!
Meios de
Trabalho ESTADO
produção
Contradições do capital
Vale lembrar que a sociedade também tem seu próprio “sistema imunológico”, que são os
grupos revolucionários que tentam lutar contra o capital invasor. No caso de países
subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, os movimentos nacionalistas também são
uma reação da sociedade quando ela é ocupada por capital estrangeiro.
!!!!!
Meios de
Trabalho ESTADO
produção
Contradições do capital
EE os
os impostos,
impostos,seguros,
seguros,juros,
juros,aluguéis,
aluguéis,etc?
etc? Nenhum desses “custo” é considerado parte
da produção, visto que não adicionam valor ao produto. Esses custos na verdade são
uma divisão dos lucros entre diferentes setores do capital, que se chama renta. Por hora,
vamos focar apenas no processo: dinheiro → produção → mercadoria → mais dinheiro.
Lucro
? Juros
Proprietários
Banco
Impostos
Mercadoria Mais dinheiro Estado
Seguros
Seguradora
Aluguéis
Imobiliárias
Contradições do capital
Se considerarmos a lei de conservação, o valor das matérias primas foi transferido para
a mercadoria, da mesma forma que o valor da energia, da depreciação da infraestrutura e
da força de trabalho. Nesse caso, o valor não foi criado, mas apenas transformado.
Matérias
R$ 100
primas
R$ 400
R$ 100 Energia
Mercadoria
R$ 100 Infra
R$ 100 Trabalho
Contradições do capital
Porém, se o valor pago pela força de trabalho for metade do valor que essa força de
trabalho adiciona ao produto, a mercadoria continua representando R$ 400 de valor, mas
o capital tem a ilusão de que obteve um lucro R$ 50. A ilusão surge porque o capital
enxerga R$ 350 entrando no processo produtivo e R$ 400 saindo do outro lado.
Matérias R$ 100
R$ 100
primas
R$ 400
R$ 100
R$ 100 Energia
R$ 100 Mercadoria
R$ 100 Infra
R$ 100
R$ 50 Trabalho
Contradições do capital
Olhando o sistema como um todo, o “lucro” desaparece. Os ganhos do capital são o valor
que foi absorvido do trabalho. O segredo da multiplicação do capital nada mais é do que
uma ilusão de contabilidade e, justamente por ser uma ilusão e pelo fato de vivermos em
uma realidade finita, o valor que o capital pode extrair do trabalho também é finito.
Trabalho
Capital
Total = 0
Contradições do capital
Para aumentar a lucratividade, o capital precisa aumentar a taxa de mais-valia. Uma das
formas é através da mais-valia absoluta, que pode ser obtida com: redução de salário,
aumento das horas trabalhadas, redução da idade para trabalhar, aumento da idade para
se aposentar, aumento populacional, e medidas que aumentam o tempo de exploração.
Valor produzido
sol uta
pelo trabalho
a ab 3
-vali
Mais
2
1 Tempo de trabalho
Total = 0
Contradições do capital
Já a mais-valia relativa é obtida com um aumento do valor criado pelo trabalho no ciclo
do capital (sem alteração de salários nem de horas trabalhadas). Exemplos disso são os
avanços tecnológicos, as máquinas, a inteligência artificial, a eficiência energética, ou a
coordenação de equipes para gerar mais valor do que indivíduos isolados, etc.
Mais-valia relativa
Valor produzido
pelo trabalho
2
Tempo de trabalho
Total = 0 1
Contradições do capital
O capital pode absorver as casas, as terras e o tempo das pessoas. O capital pode
absorver o sangue e até mesmo os órgãos dos trabalhadores. O capital pode consumir
um trabalhador por completo e transformar cada uma de suas moléculas em dinheiro da
mesma forma que massa pode se transformar em energia através de E = mc²… porém…
Trabalho
Capital
Total = 0
Contradições do capital
A origem da insustentabilidade
Temos aqui uma contradição fundamental do capital. Ao mesmo tempo em que ele paga
ao trabalho um valor menor do que foi adicionado à mercadoria, o capital precisa vender
essa mercadoria para transformá-la novamente em dinheiro e se reproduzir. Porém, quem
terá que comprar essa mercadoria são os mesmos trabalhadores que foram explorados!
Trabalho
Mercado
Capital
Total = 0
Contradições do capital
A origem da insustentabilidade
Veja a enrascada monumental em que o capital se meteu! Como é possível vender todas
as mercadorias produzidas para os próprios trabalhadores que as produziram se essas
pessoas receberam menos do que o valor que elas adicionam aos produtos? Em outras
palavras, como é possível continuar o ciclo de reprodução do capital?
Trabalho
Capital
Contradições do capital
A origem da insustentabilidade
Trabalho
Salários
+
Investimentos
Capital
Contradições do capital
A origem da insustentabilidade
Se o capital (a) produz bens de consumo, o capital (b) produz matérias primas, e o
capital (c) maquinário industrial, conforme os lucros são investidos produtivamente, parte
do dinheiro que circula no 2º ciclo se transforma em salários, que agora podem comprar
os produtos vendidos pelo capital (a) no 1º ciclo e parte do que foi feito no 2º ciclo.
A origem da insustentabilidade
As empresas possuem proprietários, que se apoderam dos lucros. Parte desses lucros
são investidos na economia, parte se transforma em consumo próprio, mas existe uma
parcela que os capitalistas guardam (entesouramento). O dinheiro que foi guardado não
circula na economia e, por consequência, não é utilizado para comprar produtos.
Capitalistas Entesouramento
A origem da insustentabilidade
Trabalho Entesouramento
Capital (a)(b)(c)
Contradições do capital
A origem da insustentabilidade
Enquanto for possível contratar mais pessoas e expandir a produção, o “ciclo” parece
capaz de continuar eternamente. Porém, a lógica do capital tem limitações reais. A cada
ciclo a classe trabalhadora produz mais valor, e o capital absorve parte desse valor, de
forma que a diferença entre valor produzido e poder de compra se torna cada vez maior.
A origem da insustentabilidade
A origem da insustentabilidade
Porém, conforme a economia atinge seus limites, não é mais possível contratar pessoas
para continuar aumentando a massa salarial dos consumidores. A consequência disso é
que uma fatia cada vez maior dos salários x+1 serão utilizados para consumir os produtos
do ciclo x. Nesse ponto, a economia capitalista chega em uma encruzilhada!
Se o nível de produção e emprego são mantidos, mas os salários sobem. O capital pode
tentar manter a taxa de lucro aumentando os preços dos produtos (inflação). Porém, essa
“correção” nominal de preços e salários, dada uma produção constante, se retroalimenta,
gerando estagnação e inflação: Como a estagflação dos anos 1970.
A origem da insustentabilidade
Trabalho
(nacional)
Trabalho
(outros países)
Capital
(nacional)
Contradições do capital
A origem da insustentabilidade
No caso de Países como o Brasil, que não têm colônias nem potencial imperialista,
temos parte de nossa riqueza constantemente drenada por países do capitalismo central.
Dessa maneira, para compensar as perdas externas e manter um nível de consumo
estável sem perda de lucratividade, a “solução” é explorar a periferia do próprio País.
Trabalho
(nacional)
Capital Trabalho
(estrangeiro) (periferia)
Capital
(nacional)
Contradições do capital
A origem da insustentabilidade
Porém, a contradição fundamental entre o capital e o trabalho não pode ser resolvida,
apenas adiada. Em algum momento, os recursos naturais ou o trabalho necessário para
manter esse sistema serão esgotados conforme o capital demanda cada vez mais
exploração para repetir o ciclo: “dinheiro → produção → mercadoria → mais dinheiro”.
Trabalho
Trabalho
(nacional)
Trabalho
(outros países)
Capital
Capital
(nacional)
Contradições do capital
A origem da insustentabilidade
A origem da insustentabilidade
Trabalho
Capital
Contradições do capital
Outra estratégia neoliberal é a criação de mercados onde antes não existiam. Como na
saúde, educação e moradia. Enquanto esses serviços são públicos e operam sem lucro,
não existe mais-valia. Porém, se esses serviços forem privatizados e seguirem a lógica
do lucro, o capital aumenta a quantidade de mão de obra disponível para ser explorada.
Trabalho
Estado
Capital
Contradições do capital
Quando não é possível privatizar os serviços públicos, o capital tem outra ferramenta, que
envolve colocar empresas públicas na bolsa de valores. A partir desse ponto, a Estatal
opera com o objetivo de produzir lucros, através da exploração de mais-valia, cortes de
investimentos e venda de ativos… tudo para distribuir dividendos para os acionistas.
Trabalho
Estado
Na bolsa de valores
Capital
Contradições do capital
Recebimento de juros
Estado
Dívida pública
Capital
Compra de títulos públicos
Contradições do capital
O neoliberalismo também usa bancos públicos, como fonte de dinheiro a juros baixos,
para comprar estatais em processo de privatização. O tal Estado (que se diz quebrado)
empresta dinheiro (que diz não ter) para o capital comprar Estatais.
Capital Estado
Estatais privatizadas
Contradições do capital
Especulação
Economia fictícia
Capital
Idiotas úteis
Contradições do capital
Trabalho
Capital
Contradições do capital
Trabalho
Capital
rentista
Capital
industrial
Contradições do capital
O capital deixa de ser dono de empresas individuais e passa a ser dono de fatias de
múltiplas empresas. Dessa forma, assim como um trabalhador pode ser totalmente
desgastado para produzir valor, as empresas também podem ser desgastadas para
produzir lucros no curto prazo. O capital lucra destruindo as forças produtivas!
Contradições do capital
Resumindo algo que será abordado na 2ª parte da aula 04: O capital busca uma empresa
que possa ser parasitada. Depois, o capital obtém um empréstimo no banco (1), compra a
empresa pública ou privada (2), corta gastos e vende ativos para liquidar a empresa e
gerar dinheiro no curto prazo (3), depois paga a dívida no banco e fica com o lucros (4).
2. Aquisição 1. Crédito
Capital Banco
3. Descapitalização
3. Dividendos 4. Juros
Contradições do capital
No caso de privatizações, o Estado usa o trabalho do povo para adicionar valor nas
estatais, fazendo a sociedade arcar com os custos de criar e manter as empresas.
Quando o negócio passa a dar lucro, é logo privatizado e o capital passa a sugar os
recursos o mais rápido possível, como no caso da Petrobrás e Eletrobrás.
Privatização
Estado
Capital
Sociedade
Trabalho Dividendos
Contradições do capital
Trabalho
Capital
rentista
Capital
industrial
Contradições do capital
Esse aumento da exploração tanto da mão de obra (via mercado de trabalho) quanto da
própria estrutura produtiva (via mercado financeiro), destrói potencial produtivo da
sociedade em troca de lucros no curto prazo. Porém, quanto menos indústrias tivermos e
quanto menos trabalhadores estiverem empregados, menos valor real é produzido.
Trabalho
Capital
rentista
Contradições do capital
Trabalho
Capital
rentista
Contradições do capital
Com menos valor produzido, a taxa de lucratividade cai ainda mais, até chegar ao ponto
que não existe mais lucro para ser extraído pelo sistema financeiro nem pelo Estado.
Assim como o império romano colapsou por causa de suas próprias contradições
internas, isso seria o colapso da sociedade capitalista por causa de suas contradições.
Trabalho
Capital
industrial
Contradições do capital
Poderia o livre mercado resolver esse problema? Não! Pois as contradições do capital
levariam o sistema à uma crise de realização do valor em pouquíssimo tempo,
justamente porque a massa salarial é inferior ao valor total da produção. Logo, não existe
dinheiro o suficiente para transformar as mercadorias em mais dinheiro.
Trabalho
Capital
Contradições do capital
Poderia o Estado “irrigar” a economia com dinheiro para garantir o lucro? Não! Pois o
problema do capitalismo não é falta de dinheiro, mas sim a transferência de valor! Se o
Estado der aos trabalhadores uma quantia de valor igual ao valor que o capital explora, a
taxa de lucro do capital, medido em valor, seria zero! Não haveria capitalismo!
Trabalho
Capital Déficit
Contradições do capital
E se o Estado compensar também o capital para garantir lucro? De nada adianta! Como o
capital precisa se multiplicar, isso é como jogar gasolina na fogueira, intensificando as
atividades do capital e fazendo com que ele se reproduza mais… e mais… e mais… até
invadir outros países para buscar recursos, como na 1ª e 2ª guerras mundiais.
Trabalho
Capital Déficit
Contradições do capital
Como foi que o capital jogou essa contradição para baixo do tapete? Como foi que o
capital conseguiu criar a ilusão de que as coisas estão funcionando? Como é possível
que o capital seja capaz de crescer rapidamente em um momento e do nada colapsar
como em 1929 ou em 2008? De onde vem essa explosão e essa queda?
Trabalho
Capital ?
Contradições do capital
Com as explicações que eu dei até o momento, o capital parece se comportar de maneira
suave e cíclica, com períodos de crescimento e declínio gradual. Porém, no mundo real,
vemos períodos de rápido crescimento seguidos por crises que explodem “do nada”.
Tanto o período de crescimento como as crises súbitas são causadas pela mesma coisa.
? Teoria
Realidade
Contradições do capital
É aqui que surge o crédito, que é o dinheiro criado pelo sistema bancário! Através dos
empréstimos, os trabalhadores conseguem, no curto prazo, completar a diferença entre
a renda e o consumo. O mesmo crédito também é utilizado pelo capital para investir e
buscar lucros ainda maiores utilizando no presente o “dinheiro do futuro”!
Trabalho
Capital Crédito
Contradições do capital
No curto prazo, o crédito bancário funciona como uma ponte entre o salário/lucro e as
demandas por consumo e investimento. Isso permite que os produtos feito no 1º ciclo
possam ser comprados no mesmo ciclo, e permite que as indústrias possam buscar
dinheiro para aumentar sua capacidade produtiva conforme a demanda cresce.
Demanda (consumo)
Trabalho
Salário Crédito
Demanda (investimento)
Bancos
Capital
Lucros Crédito
Contradições do capital
Juros
Economia Bancos
Crédito
Contradições do capital
O engenheiro pergunta: “Se você sabe de tudo isso, por que ainda é um capitalista?”
!
Trabalho
Capital Bancos
Contradições do capital
O capitalista responde: “Por que você acha que o capital está investindo em coisas como
viagens espaciais, inteligência artificial e soldados robôs?”
!
Trabalho
Capital Bancos
Contradições do capital
O capitalista responde: “Não. Eu apenas encho a cara whisky e o nariz de cocaína para
curtir a vida até o fim inevitável da humanidade ou o fim do capital. Eu vou perder tudo em
ambos os casos, mas os trabalhadores como você ainda podem ganhar alguma coisa.”
…
Trabalho
Capital Bancos
Contradições do capital
…
Trabalho
Capital Bancos
Contradições do capital
Êita porra…
Na próxima parte da aula 04, veremos
como os bancos criam moeda escritural
(bombas-relógio) e como isso se
relaciona com as crises do capitalismo.
Na segunda parte…
A moeda bancária
Como o sistema financeiro cria bombas-relógio
Na próxima parte…
Quais mecanismos monetários extraem valor do povo?
Valor
Valor
Depósitos Depósitos
Dívidas Dívidas
Depósitos
Crédito Crédito
Valor
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos
6. Outras fontes
FONTES: 1. História da moeda, da dívida e do dinheiro
Daniel Negreiros Conceição, Fabiano Dalto; 2022; Andrew Berkeley, Josh Ryan-Collins, Richard Tye, Asker Voldsgaard,
A Importante Lição da Coronacrise sobre os Limites do Gasto Público Neil Wilson; 2022;
https://fonacate.org.br/wp-content/uploads/2022/04/Cadernos-Reforma-Admin The self-financing state: An institutional analysis of government expenditure,
istrativa-N.-37.pdf revenue collection and debt issuance operations in the United Kingdom
Abba P. Lerner; 1943; Fabiano A S Dalto, Enzo M Gerioni; Júlia A Omizzolo; David Deccache;
Functional Finance and the Federal Debt. Social Research, no. 10 Daniel Conceição; 2020;
Teoria Monetária Moderna: a chave para uma economia a serviço das
Abba P. Lerner; 1947; pessoas
Money as a Creature of the State
L. G. Belluzzo, L. C. Raimundo; S. Abouschedid; 2021;
Gestão da Riqueza Velha e Criação de Riqueza Nova: a Modern Money
Alfred Mitchell Innes; 1913;
Theory (MMT) é a solução?
“What is money?” Banking Law Journal
André Lara Resende; 2017;
L. Randall Wray; 2015;
Juros, Moeda e Ortodoxia: teorias monetárias e controvérsias políticas
Modern Money Theory: a primer on macroeconomics for sovereign monetary
André Lara Resende; 2022;
Steve Keen; 2022; A camisa de força ideológica da macroeconomia
The New Economics : A manifesto https://www.cebri.org/media/documentos/arquivos/V_5.4.2022_-_Andre_Lara
_Resend.pdf
Stephanie Kelton; 2020;
The deficit myth: Modern Monetary Theory and the birth of the people’s Warren Mosler; 2013;
economy Soft Currency Economics II: The Origin of Modern Monetary Theory
FONTES: 3. Funcionamento da moeda bancária (escritural)
Dirk J Bezemer; 2009 Atif Mian; Ludwig Straub; Amir Sufi; 2019
No One Saw This Coming: Understanding Financial Crisis Through Accounting Models
https://mpra.ub.uni-muenchen.de/15892/1/MPRA_paper_%2015892.pdf The Saving Glut of the Rich and the Rise in Household Debt
https://www.rba.gov.au/publications/workshops/research/2019/pdf/rba-workshop-2019-sufi.pdf
Michael Hudson; 2012 Rudinei Marques, José Celso Cardoso Jr; 2022
The Bubble and Beyond : Fictitious Capital, Debt Deflation and Global Crisis Dominância Financeira e Privatização das Finanças Públicas no Brasil
https://fonacate.org.br/noticia/entidades/fonacate-lanca-livro-dominancia-financeira-e-privatizacao-das-financas-
James Andrew Felkerson; 2011 publicas-no-brasil/
Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, de Setembro 2021 (Pág. 13, Radhika Desai, Michael Hudson; 2021
tabela 2.4) Beyond the Dollar Creditocracy: A Geopolitical Economy
https://www.michael-hudson.com/wp-content/uploads/2021/07/Hudson_Valdai116.pdf
Em Setembro de 2021, os títulos públicos estavam: 31% em instituições
financeiras, 23% em fundos de investimentos, 22% em previdências, e 10% Esteban Almiron; 2022
com não-residentes. How Argentina has been trapped in neocolonial debt for 200 years: An
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:41762
economic history
https://geopoliticaleconomy.com/2022/12/18/argentina-neocolonial-debt-history/
ANBIMA – Consolidado Histórico de Fundos de Investimento (Julho,
2022. Pág. 7) Radhika Desai; 2022
Em 2022 os fundos de investimento brasileiros tinham 70% de seu capital What is really causing inflation? Neoliberal financialization decimated
alocado em títulos públicos productive capacity
https://www.anbima.com.br/pt_br/informar/estatisticas/fundos-de-investimento/fi-consolidado-historico.htm https://geopoliticaleconomy.com/2022/11/07/inflation-neoliberal-financialization/
Você pode acompanhar os gastos do governo através do Portal da Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI (Evento
Transparência: BNDES)
https://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento
Dia 01: https://www.youtube.com/watch?v=HXsbSiOH8bE
Dia 02: https://www.youtube.com/watch?v=ygrocuaff8I
Serviço de exportação de engenharia do BNDES
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/bndes-aberto/exportacoes
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/consulta-operacoes-bndes/contratos-exportacao-
bens-servicos-engenharia
FONTES: 6. Críticas ao Novo Arcabouço Fiscal