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Moeda, imposto, dívida pública e outras coisas…

De onde vem a moeda?

Aula 03
Dívida pública e política monetária
Rentismo institucional

Fontes nos últimos slides


O que será apresentado

1. Introdução ao tema Aula 01

2. Moeda ≠ Dinheiro ≠ Valor Aula 01

3. História da dívida e da moeda Aula 01

4. Moeda fiduciária e política fiscal Aula 02

5. Banco central e política monetária Aula 03

6. Moeda escritural e crédito bancário Aula 04

7. Rentismo, inflação e crises financeiras Aula 05

8. Multipolarismo e des-dolarização Aula 06


Recapitulando as aulas anteriores
Recapitulando as aulas anteriores

Os vários tipos de valor

Valor de uso:
Utilidade real da coisa para quem a consome.
(O que realmente importa)

Valor-trabalho:
Dispêndio de trabalho social para produzir a coisa.
(O real custo das coisas)

Valor de troca (preço): Valor definido socialmente através da troca.

Valor contratual: Valor acordado com o propósito de quitar dívidas.


Recapitulando as aulas anteriores

Quando medimos o valor de troca e o valor contratual

Pagar impostos e tributos definidos por instituições.

Pagar multas e compensações definidas por instituições.

Pagar valores contratuais definidos entre indivíduos e instituições.


Recapitulando as aulas anteriores

Quando medimos o valor de troca e o valor contratual

Se uma instituição centralizada ou um conjunto de instituições detém o poder de


cobrar tributos, julgar conflitos, e gerenciar as forças produtivas… essa
instituição tem o poder de definir o valor das coisas como sendo o valor que ela
própria aceita para quitar tributos, compensações e contratos.
Recapitulando as aulas anteriores

Quando medimos o valor de troca e o valor contratual

Essa mesma instituição pode definir qualquer coisa como meio de pagamento
para os valores devidos à ela. Essas “coisas” poderiam ser moedas de ouro,
cédulas de papel, anotações contábeis, ou bits em um computador…
Recapitulando as aulas anteriores

Dinheiro ≠ Moeda

Unidade de valor a partir do qual são medidas as coisas. Pode


Dinheiro: ser ouro, prata, grãos, escravos, etc. Está relacionado com o
Valor de Troca e cumpre papel de intermediário nas transações.

Também é uma unidade de valor das coisas, principalmente das


Moeda: dívidas. Pode ser um objeto ou abstração que a instituição
credora determina. Está relacionado com o valor contratual.
Recapitulando as aulas anteriores

As dívidas antigamente tinham valor porque:

Perdia-se terras ao não pagar dívidas

Perdiam-se liberdades ao não pagar dívidas

Sofria-se violência por não pagar indenizações

Sofriam-se consequências militares ao não


pagar tributos para o império/metrópole
Recapitulando as aulas anteriores

A moeda nos dias de hoje têm valor porque:

Perdemos a casa se não pagarmos o banco

Perdemos terras se não pagarmos IPTU / ITR

Perdem-se direitos civis ao não pagar impostos

Ficamos sem água e sem eletricidade se não


pagarmos as contas das distribuidoras

Perdemos acesso ao crédito se não pagamos


nossas dívidas (nome sujo no SERASA/SPC)
Recapitulando as aulas anteriores

Estados criam moeda e controlam…

Os aparatos de violência que definem


As punições por não pagar dívidas
O poder judiciário que define o
valor de multas e compensações As empresas estatais que definem o
valor dos produtos/serviços ofertados
O poder tributário que define o
valor dos impostos a serem pagos Os bancos públicos que definem o
valor das dívidas e dos juros
Recapitulando as aulas anteriores

O setor privado cria moeda e controla…

Os bancos privados que definem o


valor das dívidas e dos juros

O próprio funcionamento do Estado


O poder tributário indireto que define o
valor dos impostos privados

Mais disso na aula 05 sobre rentismo…


Recapitulando as aulas anteriores

Dinheiro ≠ Moeda

Dinheiro: Estados e bancos não criam dinheiro!

Moeda: Estados e bancos criam moeda!

As dívidas servem para forçar a moeda a ser utilizada como se


Dívidas: fosse dinheiro, garantindo que as instituições que criam moeda
possam se apoderar de recursos econômicos.
Recapitulando as aulas anteriores

O que é o feitiço/fetiche da mercadoria

Feitiço da mercadoria é a ilusão de que quando o agricultor vai para o mercado


e troca arroz por vacas, o próprio valor do arroz está “magicamente” se
transformando em uma vaca. Como se o mercado tivesse poderes de alquimia
para converter um tipo de mercadoria em outra com o mesmo valor de troca.

“Mágica”
Recapitulando as aulas anteriores

O que é o feitiço/fetiche do dinheiro

O feitiço do dinheiro é um caso especial do feitiço da mercadoria. A partir desse


ponto, o agricultor vai ao mercado e transforma seu arroz em dinheiro, para em
seguida transformar o dinheiro em vacas. Aqui o poder de alquimia do mercado
extrai o valor do arroz na forma de dinheiro, e depois o transforma em vacas.
Recapitulando as aulas anteriores

O feitiço / fetiche da mercadoria trabalho

O feitiço do trabalho é parte do feitiço da mercadoria. É a ilusão de que o


trabalho é formado por “unidades de trabalho”, como se uma médica pudesse
fazer o trabalho de X pedreiros, ou X pedreiros juntos o trabalho de uma médica
simplesmente porque o preço desses trabalhos é o mesmo.
Recapitulando as aulas anteriores

O feitiço / fetiche da mercadoria trabalho

Para que a mão de obra seja mercadoria, deve existir um mercado de trabalho
em que uma massa de trabalhadores são obrigados a vender a sua capacidade
de gerar valor. O capital compra trabalho como se fosse eletricidade ou carvão.
Mantêr o mercado de trabalho existindo é uma das funções do Estado.
Recapitulando as aulas anteriores

A alquimia do feitiço do dinheiro

O dinheiro cumpre o papel de substância fundamental de valor à partir da qual


todas as mercadorias são feitas. Da mesma forma que um feiticeiro utiliza suas
energias místicas para criar fogo, água, ar e terra, o mercado utiliza o dinheiro
para criar mercadorias. É como se as coisas fossem feitas de dinheiro.
Recapitulando as aulas anteriores

A sociedade dominada pelo feitiço do dinheiro

O grande truque de mágica, ou melhor dizendo, a grande ilusão do mercado, é a


ideia de que a economia é uma caixa preta na qual colocamos dinheiro de um
lado e tiramos mercadorias do outro. Isso é obviamente um absurdo! Porém, é
assim que a sociedade capitalista acredita que a economia funciona!

Caixa preta
do Mercado
Recapitulando as aulas anteriores

A “ciência” dominada pelo feitiço do dinheiro

Como prova de que a sociedade acredita no “valor fundamental do dinheiro”,


basta ver a obsessão em relação ao PIB (Produto Interno Bruto)... que nada
mais é do que o somatório, em dinheiro, dos preços de todas as mercadorias
que circulam na economia em um dado intervalo de tempo.

PIB
Recapitulando as aulas anteriores

O PIB e o feitiço do dinheiro

A medida do PIB é meramente a transformação de tudo o que existe na


economia em valor de troca, expresso na forma dinheiro. O PIB não mede o
valor de uso das coisas. No PIB, uma estátua gigante de ouro maciço que
custa 1 bilhão de Reais vale tanto quanto um hospital de 1 bilhão de reais.
Recapitulando as aulas anteriores

O feitiço / fetiche do trabalho

O que produz as coisas com valor de uso é o trabalho humano e os recursos


da natureza que são transformados pelo trabalho. Dinheiro não é matéria prima.
Nossa infraestrutura produtiva, recursos naturais e conhecimentos técnicos
determinam quanto cada tipo de trabalho produz de valor de uso.
Recapitulando as aulas anteriores

A moeda e o poder econômico

O dinheiro nada cria, apenas controla a produção e distribuição na sociedade.


Quando uma instituição ou conjunto de instituições tem o poder de forçar sua
moeda a ser utilizada como dinheiro, essa instituição tem o poder de controlar
os recursos que toda a sociedade produz. Quem controla essa instituição?

Caixa preta
do Mercado
Recapitulando as aulas anteriores

A moeda sem as relações de classe

Na ausência de relações de classe, podemos dizer que o Estado cria moeda toda a vez
que realiza um déficit. A moeda criada dessa maneira é um passivo financeiro do
Estado e um ativo financeiro da população. Por causa das dinâmicas dos impostos,
mercadorias e dívidas, essa moeda cumpre o papel de dinheiro na sociedade.

Déficit
Moeda Moeda

Estado Ativos Passivos Ativos Passivos População


Recapitulando as aulas anteriores

A moeda sem as relações de classe

A moeda também existe digitalmente, criada por Bancos Centrais como reservas.
Essa é a moeda que o sistema bancário utiliza.

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Recapitulando as aulas anteriores

A moeda sem as relações de classe

A mesma moeda criada com o déficit federal sai de circulação quando retorna ao Estado,
na forma de pagamentos por serviços e produtos públicos, ou pagamentos de valores
devidos ao Estado (impostos e dívidas bancárias). Como a moeda e dívidas são ativos
e passivos medidos na mesma unidade, ambos podem anular o outro.

Moeda Moeda

Impostos Moeda Moeda Impostos


Estado Ativos Passivos Ativos Passivos População
Recapitulando as aulas anteriores
Tanto a criação da moeda como a criação de demanda pela moeda são feitas por uma
combinação de instituições do Estado e instituições privadas. Na aula 02 vimos os itens [★],
nesta aula veremos o item [⍟], e na aula 04 e 05 veremos os itens [☆].

Criadores de moeda Criadores de demanda por moeda


★ Déficit orçamentários Impostos ★
Estado ☆ Crédito de bancos públicos Produtos/serviços estatais ★ Estado

⍟ Juros da dívida pública Valores devido à bancos públicos ☆

Privado ☆ Crédito de bancos privados Produtos/serviços privados ☆


Privado
Valores devido à bancos privados ☆
Recapitulando as aulas anteriores

A moeda sem as relações de classe

Supondo que o Estado atua pelo bem comum, a moeda é criada em troca de valor
produzido pela sociedade, recompensando os trabalhadores. Parte do valor é utilizado
para a manutenção e aprimoramento das forças produtivas, e outra parte é distribuído
entre a sociedade para satisfazer nossas necessidades e desejos.

Redistribuição de valor

Valor

Valor Moeda Moeda


Estado Ativos Passivos Ativos Passivos População
Recapitulando as aulas anteriores

A moeda sem as relações de classe

Em uma democracia popular, impostos servem para:

1. Criar demanda pela moeda nacional


2. Controlar a inflação de demanda
3. Reduzir a desigualdade
4.5. Incentivar ou desincentivar atividade econômicas
6. Proteger setores estratégicos
7. Controlar a balança comercial
8. Impedir fuga de capital
Recapitulando as aulas anteriores

A moeda sem as relações de classe

Os principais limites para o gasto público são

Recursos Reais Reservas Internacionais Poder Político


Recapitulando as aulas anteriores

Quando inserimos as relações de classe…

A partir do momento em que existem relações de classe e do capital, o Estado continua


criando moeda para extrair valor da sociedade, mas entrega parte desse valor para a
Burguesia e outra parte para o próprio capital. Os recursos reais consumidos pelo capital
se transformam em dinheiro imaterial, que não tem valor de uso.

Distribuição de valor Distribuição de valor

Valor Valor
Valor

Valor Moeda
Moeda Moeda
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Capital Burguesia Estado População


Recapitulando as aulas anteriores

Quando inserimos as relações de classe…

Em uma democracia burguesa, impostos servem para:

1. Criar demanda pela moeda da classe dominante


2. Suprimir os salários e proteger o valor nominal das dívidas
3. Impedir a ascensão de burguesias rivais
4. Incentivar os setores controlados pela classe dominante
5. Desincentivar os setores controlados pelos rivais
6. Proteger setores da burguesia nacional de competição
Recapitulando as aulas anteriores

Na aula 02 vimos como a política fiscal entrega recursos reais ao capital e à burguesia.
Nessa aula 03, veremos como a política monetária do Banco Central sacrifica recursos
reais para preservar o poder da moeda, em nome do capital financeiro e parasitas sociais.

Lucros, dividendos, pedágios Juros dos títulos públicos

Política Monetária
Privatização Compra de títulos
Política Fiscal

Classe
a a dominante
a a

Consumo
Empresas
Arrow Estatais
Arrow Trabalhadores Títulos
Arrow Públicos
Arrow

Imposto
Gasto públicos Gasto públicos
Estado
Uma analogia sobre: Política Monetária
A cura milagrosa contra a febre
A cura milagrosa contra a febre

Dizem por aí, em jornais, revistas, entrevistas e blogs, que os


juros e a política monetária servem para combater a inflação.

Isso é verdade?

Esse é um discurso muito comum reproduzido pela mídia e, tecnicamente falando,


está correto. Porém, o que sempre fica de fora nessa explicação são duas coisas:
- De que forma a subida da taxa de juros reduz a inflação?
- Existem alternativas que sejam menos danosas para a sociedade?
A cura milagrosa contra a febre

Subir os juros serve para reduzir a inflação?

Alguns detalhes a respeito da inflação foram abordados na aula 02, enquanto


outros serão abordados nas aulas 04 e 05. Por hora, vale dizer que a inflação na
economia, assim como a febre em um paciente, pode ter diversas causas, cada
uma necessitando de soluções diferentes. Usar os juros como “única solução” é
fruto da captura do Banco Central pelo capital. Vamos fazer uma breve analogia.
A cura milagrosa contra a febre

Uma breve analogia

Vários pacientes vão ao médico e se queixam de dor, náusea e perda de apetite. O


médico mede a temperatura de todos eles e, após alguns minutos, diz:
“Vocês estão com febre! Esse é o problema!”

?
A cura milagrosa contra a febre

Uma breve analogia

Sem fazer outros exames, o médico imediatamente receita uma série de remédios
que servem para baixar a febre… e manda os pacientes de volta para casa:
“Tomem estes comprimidos para reduzir a febre. Sua eficácia é comprovada.”

!
A cura milagrosa contra a febre

Uma breve analogia

Dias depois, o médico recebeu vários telefonemas parecidos:


“Boa tarde doutor. Estou ligando para falar sobre o meu marido.”
“Boa tarde senhora! Poderia me informar se a febre do seu marido baixou?”

?
A cura milagrosa contra a febre

Uma breve analogia

Após uma breve pausa, a mulher responde:


“Sim doutor. Meu marido está frio.”
“Perfeito! Então o problema da febre foi resolvido!”
A cura milagrosa contra a febre

Uma breve analogia

A mulher começa a soluçar, então o médico pergunta:


“Tudo bem com a senhora? Você também está doente?”
“Doutor… Meu marido está morto...”
A cura milagrosa contra a febre

Uma breve analogia

Sem pestanejar, o médico responde em tom confiante:


“Eu reduzi a febre dele, como manda a política hospitalar! Segui as recomendações
do conselho nacional de medicina e de seus maiores especialistas!”
A cura milagrosa contra a febre

Uma breve analogia

A polícia e os advogados são acionados, o hospital é processado, o conselho


nacional de medicina perde a credibilidade, o médico perde o CRM e é preso.

FIM
FIM
A cura milagrosa contra a febre

Onde o médico errou?

A febre era apenas um sintoma. O médico deveria ter analisado as causas e dado
um diagnóstico baseado no tipo de problema de cada paciente: seja uma gripe, uma
intoxicação alimentar, um câncer, ou qualquer outra coisa.
A cura milagrosa contra a febre

O médico “errou” de propósito?

Se existir um lobby das empresas que vendem remédios para febre, e se o hospital
estiverem intencionalmente deixando de internar pacientes para cortar seus custos, o
tal “erro” começa a parecer algo intencional, já que existem ganhos financeiros.
A cura milagrosa contra a febre

No caso da economia, como ficaria a história?

A inflação também é um sintoma e, por isso, deve-se investigar a causa e analisar


como é possível lidar com o problema em sua raiz. Subir os juros simplesmente
reduz a inflação sem resolver as causas, e ainda por cima pode matar a economia.

Desastre natural Guerra


Causas
Desindustrialização

Superlucros Embargos
A cura milagrosa contra a febre

No caso da economia, como ficaria a história?

Quando o Banco Central usa a subida dos juros como remédio contra a inflação, o
objetivo é preservar o poder de compra dos mais ricos, usando a política monetária
para literalmente dar dinheiro aos mais ricos através dos títulos da dívida pública.

Excesso de moeda

Causas
Suco de
Salários subindo
ideologia
“Esquerdismo”
A cura milagrosa contra a febre

No caso da economia, como ficaria a história?

O paciente é a economia; o hospital é o Banco Central.


A febre é a inflação; o remédio é a subida da taxa de juros.
A morte do paciente é a crise econômica.
A cura milagrosa contra a febre

No caso da economia, como ficaria a história?

Ao subir os juros, o Banco Central aumenta custo do crédito e faz os investimentos


ficarem mais caros. Com isso, a economia desacelera, os salários perdem poder de
compra, o desemprego aumenta, e a miséria se alastra… Quem ganha com isso?
A cura milagrosa contra a febre

No caso da economia, como ficaria a história?

Na primeira analogia, o médico é preso e o hospital é processado.


No mundo real, os economistas e o Banco Central não são responsabilizados e, ao
invés de serem presos, ganham prêmios Nobel e empregos no mercado financeiro.*

* Ben Bernanke, um dos responsáveis pela crise de 2008, recebeu um prêmio “Nobel” em 2022 por causa de um artigo seu sobre
“como evitar crises financeiras”. (Dar um prêmio ao causador da crise é tão cínico quanto o Nobel da paz recebido por Obama)
A cura milagrosa contra a febre

Por que o Banco Central quer causar uma recessão?

Parte dessa pergunta será respondida na aula 04, sobre bancos, e o restante será
concluído na aula 05, sobre crises. Por hora, vale mencionar que, no atual estágio do
capitalismo pós-Fordista*, a crise é extremamente lucrativa para o capital.

* Também chamado de: Capitalismo Financeiro / Neoliberalismo / Financeirização


A cura milagrosa contra a febre

Por que o Banco Central quer causar uma recessão?

É durante a crise, quando a economia real é quebrada em pedaços, que o grande


capital devora o capital menor; que as propriedades dos devedores são tomadas;
que os salários são derrubados; e que os patrimônios públicos são privatizados.
A cura milagrosa contra a febre

Por que o Banco Central quer causar uma recessão?

Se o valor da moeda aumenta com a deflação, significa que os credores, que


detêm a maior quantidade de dívidas mensuradas nessa moeda, poderão adquirir a
maior quantidade possível da riqueza que foi produzida pela sociedade.
A cura milagrosa contra a febre

Por que o Banco Central quer causar uma recessão?

E para garantir isso, a ideologia fascista sempre volta, de uma forma ou de outra,
com uma nova roupagem, um novo líder, um novo inimigo, e uma nova desculpa…
mas sempre com o mesmo objetivo: reproduzir capital na sociedade hospedeira
A cura milagrosa contra a febre

Por que a população “aceita” que isso ocorra?

A única forma de quebrar a economia propositalmente, para depois entregar suas


riquezas ao capital e aos capitalistas, é através da violência institucional praticada
pelo Estado e através da ideologia disseminada pela mídia burguesa.

Think Tanks Mídia Corporativa Consenso de Washington

Fascimo Polícia / Exército Meritocracia

Liberalismo Fake News Neoliberalismo

Discurso Faria Lima Escola Austríaca Chicago boys


A cura milagrosa contra a febre

Por que a população “aceita” que isso ocorra?

Existem duas formas de fazer um bebê com fome parar de chorar. Uma delas é dar
comida ao bebê. A outra opção é dar um tiro no bebê. A política do Banco Central
Brasileiro para combater a inflação é o equivalente do revólver.

(A) (B)
A cura milagrosa contra a febre

Por que a população “aceita” que isso ocorra?

Porém, como a sociedade foi doutrinada a medir a saúde do bebê (economia) em


função da quantidade de choro (inflação), o assassinato (política monetária) fica
parecendo um mero procedimento técnico ao invés de uma cena de crime.

Choros por minuto = 0


Introdução ao novo tema
Política Monetária
Introdução

Se o Estado cria moeda, por que existe dívida pública?

O capital sempre busca formas de se reproduzir, transformando tudo em dinheiro. No


capitalismo, a sociedade existe para reproduzir capital. O Estado existe para reproduzir
capital, usando a dívida pública como uma de suas ferramentas.
Introdução

Reprodução do capital?

O capital, assim como os genes dos


dos seres vivos, busca se reproduzir.

Se o capital não encontra formas de se


reproduzir, ele entra em extinção.

Porém, o capital não é um ser vivo, mas sim uma ideia.


foto: The Next Gen Scientist foto: Nataliacury foto: University of Texas at Austin

Genes e Memes
Como o capital se reproduz estuprando a sociedade

foto: Taman Negara NP foto: Erich G. Vallery foto: Ian Suzuki foto: Holger Krisp
Genes e Memes

O que é a reprodução do capital?

Assim como cadelas no cio atraem


cachorros cheios de sêmem para
reproduzir DNA, o mercado atrai
burgueses cheios de dinheiro que
desejam reproduzir capital.
Genes e Memes

O que é a reprodução do capital?

Após ejacular seu material genético,


os neurotransmissores do cachorro o
recompensam e reforçam esse tipo de
comportamento, fazendo com o
animal continue a se reproduzir.
Genes e Memes

O que é a reprodução do capital?

No capitalismo, há um atraso entre o


momento em que o capitalista ejacula
dinheiro e sua recompensa. O real
clímax ocorre quando o capital retorna
para o capitalista, fechando o ciclo.
Genes e Memes

O que é a reprodução do capital?

Dormir Fugir

Se tratando de biologia e DNA,


estamos falando de genes, que são
informações que nossas células usam
para saber como funcionar. É tipo o
“código de computador” da vida.
Lutar
Caçar
Latir Comer proteína
Genes e Memes

O que é a reprodução do capital?

Retórica Ideologia

No plano das idéias, estamos falando


de memes, que são informações que
as ideias usam para saber como
devem operar para se reproduzir. É
um “código de instruções” da cultura.
Fake news
Notícias
Memes de internet Narrativas
Genes e Memes

Tipo os memes da internet?

Retórica Ideologia

Memes de internet são uma das


várias formas como os memes se
apresentam para nós, porém o termo
aborda coisas muito além disso,
englobando toda a nossa cultura.
Fake news
Notícias
Memes de internet Narrativas
Genes e Memes

Como memes se reproduzem?

Retórica Ideologia

Assim como genes se reproduzem por


seleção natural, memes (idéias)
passam pelo mesmo processo.
Memes (idéias) que se reproduzirem
melhor irão povoar nossa cultura.
Fake news
Notícias
Memes de internet Narrativas
Genes e Memes

Os melhores memes sobrevivem?

Os leigos entendem incorretamente a


teoria da seleção natural de Darwin. O
senso comum é de que as melhores
espécies são as que conseguem se
reproduzir e passar genes adiante.
Genes e Memes

Não é isso?

Forte Pouco sexo


Se reproduz menos
Os genes que se reproduzem são os
que se reproduzem melhor. Isso não
significa que os animais de hoje sejam
melhores que os do passado, apenas
que se reproduziram melhor.

Se reproduz mais
Fraco Muito sexo
Genes e Memes

Não é isso?

Morre após dar à luz Dieta destrói os dentes


Babirussas, coalas, louva deuses,
viúvas negras, salmões, pandas,
hienas, abelhas e outros animais têm
características que tornam suas vidas
muito dolorosas… mas seus genes
conseguiram se reproduzir.
Parto doloroso
Come fezes
Devorado pela fêmea Presas perfuram o cérebro
Genes e Memes

Não é isso?

Alta reprodução

Além disso, os genes precisam se


adaptar ao meio. Se um animal se
reproduz muito, eventualmente pode Extinção

exaurir os recursos naturais de seu


habitat e causar a própria extinção.

Come muito
Vive muitos anos
Genes e Memes

E os memes?

Gratiluz Lucra pouco


Se reproduz menos
O mesmo acontece com os memes. O
capital é excepcional em se reproduzir
rapidamente. O capital mais lucrativo
é o que mais se reproduz e ganha
mais relevância na sociedade.

Se reproduz mais
Violento Lucra muito
Genes e Memes

E os memes?

Destruição ambiental

Assim como algas podem cobrir um


lago, bloqueando o sol e matando os
Extinção da
peixes… o capital pode crescer muito humanidade
e do capital
e destruir a sociedade hospedeira que
vive abaixo dele.

Fome
Destruição social
Genes e Memes

E os memes?

Liberalismo

Assim como o fungo Cordyceps afeta


o cérebro dos insetos, forçando eles a
ajudar o fungo a se reproduzir, o
capital afeta a cultura e as instituições
da sociedade para se reproduzir.

Propaganda
Ideologia
Genes e Memes

Afetar a sociedade?

Finanças

O Capital induz a sociedade a criar


mecanismos que auxiliem em sua
reprodução. Os mecanismos que mais
reproduzem capital vão dominar a
economia e se multiplicar.

Lobby
Estado
Genes e Memes

Quais os meios pelo qual o capital se reproduz?

Produção e circulação de mercadorias é a essência


do capitalismo, de forma que a lógica simples é:

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

Sendo Dinheiro” maior que Dinheiro


Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

No 1° estágio, o dinheiro compra mercadorias intermediárias que são transformadas


em uma mercadoria final com valor de troca maior que seus custos de produção. Neste
percurso, o capital surge como dinheiro, se “transforma” em mercadorias, que se
transformam em outra mercadoria, que se torna mais dinheiro… reproduzindo o capital.
Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

De forma resumida, podemos listar quatro fatores de produção:


Insumos: As matérias primas necessárias para fabricar a mercadoria.
Depreciação: Os custos da estrutura e maquinários necessários para a produção.
Renta: As fatias absorvidas pelos impostos, juros, aluguéis, e outros tipos de rentismo.
Trabalho: O custo do trabalho necessário para transformar insumos em mercadoria.

Insumos
Depreciação
Mercadoria
Renta
Trabalho
Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

Em um mercado competitivo, se o preço da mercadoria for apenas os custos dos


insumos e depreciação, nenhum lucro é obtido e o capital não se reproduz. O que
ocorre é que os meios de produção mais baratos e eficientes vão lucrar em cima dos
meios mais caros e ineficientes. Logo, não existe lucro, apenas transferência de riqueza.

Insumos
Depreciação
Renta
Mercadoria ?
Trabalho
Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

Em um mercado competitivo, se o preço da mercadoria incluir também a renta, o capital


ainda não se reproduz. Neste caso, os capitalistas que não pagam renta, nem juros,
nem aluguéis, e nem impostos lucram em cima dos capitalistas que pagam renta. Aqui, o
conjunto não reproduz capital, apenas transfere para os rentistas.

Insumos Insumos
Depreciação Depreciação
Renta Lucro
Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

Podemos também considerar renta o capital que externaliza seus custos produtivos,
extraindo valor da sociedade que sofre as consequências. Um exemplo é a quebra da
barragem em Brumadinho, causada pela Vale do Rio Doce, que lucrou ao economizar
com manutenção. Quem “pagou” foi a população que perdeu casas e vidas. A mesma
lógica serve para combustíveis fósseis, agrotóxicos, mineradoras, etc. (Aula 05)

Renta
Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

Quando levamos em consideração o trabalho, surge aquilo que permite ao conjunto de


capitalistas lucrar e reproduzir capital. Para que haja lucro na produção de mercadorias,
o trabalho inescapavelmente deve ter um preço menor do que o valor de troca que o
trabalho adiciona à mercadoria. Se o capitalista pagasse ao trabalhador o salário “justo”
não haveria lucro no final do processo, e a reprodução do capital seria interrompida.

Insumos
Depreciação
Mercadoria
Renta
Trabalho
Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

O capital controla o Estado, que por sua vez legitima juridicamente a propriedade
privada dos meios de produção. No trabalho assalariado, o “capital” compra a
mercadoria-trabalho pelo custo em horas, como se ela fosse energia elétrica, e se
apropria de todo o valor que o trabalhador produz nessas horas. A diferença entre o
valor produzido pelo trabalho e aquilo que é pago recebe o nome de mais-valia.

Mais-valia
Valor produzido
Custo das horas pelo trabalho
trabalhadas

Trabalhadores Capitalistas
Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

A mais-valia extraída do trabalho é repartida entre os parasitas sociais, banqueiros,


políticos, acionistas, rentistas, e outros membros da classe de pessoas que é dona dos
meios de produção e das instituições de coerção estatal. A reprodução do capital
necessita da existência de exploração da força de trabalho, pois é depositando seus
ovos na carne da classe trabalhadora que o capital se reproduz.

Lucros Juros

Dividendos Impostos
Mais-valia

Copyright Aluguéis
Genes e Memes

Dinheiro → Mercadorias → Mercadoria → Dinheiro’’

Por isso os Estados burgueses sobem os juros enquanto atacam direitos trabalhistas,
aposentadorias, salários, sindicatos, saúde e educação pública, habitação popular,
reforma agrária etc. O capitalista tem controle apenas sobre duas variáveis, a renta e o
trabalho. Como os parasitas sobrevivem de renta, o capital sacrifica o trabalho. Para
isso é necessário um Estado Burguês que existe para reproduzir capital.

Lucros Juros

Dividendos Impostos
Mais-valia

Copyright Aluguéis
Genes e Memes

Quais os meios pelo qual o capital se reproduz?

Essa foi a reprodução do capital por


meio da apropriação da mais-valia
criada na produção de mercadorias.

Porém, o capital tem outras formas de


se reproduzir quando a extração de
mais-valia não é suficiente!
Genes e Memes

Quais os meios pelo qual o capital se reproduz?

Se o capital precisa se expandir mais


rápido do que a produção e venda de
mercadorias permite, a equação vira…

Dinheiro → Mercadoria → Dinheiro’’

O capital transforma em mercadoria


coisas que nunca foram mercadoria
Genes e Memes

Quais os meios pelo qual o capital se reproduz?

A produção de mercadorias é a forma


básica e mais conhecida da expansão
do capital, que ocorre no espaço

Privatizações são como o capital se


expande na sociedade para áreas
antes atendidas pelo Estado

Dinheiro → Empresa Estatal privatizada → Dinheiro’’


Genes e Memes

Quais os meios pelo qual o capital se reproduz?

Derivativos, LCIs, LCAs, CDBs, ações,


debêntures, é o capital se expandindo
no tempo e conquistando o futuro

Absurdos como criptomoedas, NFTs,


metaverso, etc, é como o capital se
expande no mundo fictício.

Dinheiro → Ativo Financeiro → Dinheiro’’


Genes e Memes

Quais os meios pelo qual o capital se reproduz?

Os Títulos da Dívida Pública também


existem para reproduzir capital.

Essa é a maneira como o capital se


reproduz transferindo poder de compra
da população para os rentistas.
Genes e Memes

Quais os meios pelo qual o capital se reproduz?

Tudo no capitalismo existe para reproduzir capital

A dívida pública no Brasil é uma das


maneiras que o capital encontrou para
se reproduzir. Sendo assim, hoje
iremos entender o que é essa “dívida”

Dinheiro → Títulos da Dívida Pública → Dinheiro’’


Genes e Memes

Quais os meios pelo qual o capital se reproduz?

Em português simples de se entender:

Os títulos da dívida pública são um


dos buracos em que o capital ejacula
dinheiro para se reproduzir com auxílio
do próprio Estado capitalista.
O que é a dívida pública
A dívida pública em seu habitat natural
O que é a dívida pública

O que é a dívida pública?

A dívida pública na verdade não é uma


dívida, mas sim ativos financeiros
portadores de juros (títulos públicos)

Esses ativos financeiros são usados


pelo Tesouro Nacional e pelo Banco
Central para fazer política monetária
O que é a dívida pública

Imagine que o Estado junto ao BC acabou de criar


reservas para pagar salários de servidores e pagar
vários investimentos e serviços públicos.

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Como forma de gerenciar a política monetária, o


Estado cria títulos públicos e oferece ao setor privado.

Títulos

Reservas Reservas Depósitos Depósitos


Títulos
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

A população pode trocar depósitos por esses títulos


que rendem juros. Isso tira moeda de circulação.

Títulos Títulos
Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Reservas Reservas Depósitos Depósitos


Títulos
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Após a venda dos títulos, os balanços financeiros do


Estado, dos bancos e da população ficam assim.

Títulos Títulos

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Se o Estado realizar novos gastos, a quantidade de


depósitos e reservas na economia aumenta.

Títulos Títulos

Reservas Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Quando os bancos compram os títulos públicos, a


quantidade de moeda da população não muda!

Depósitos inalterados
Títulos Títulos
Reservas Reservas
Depósitos Depósitos
Reservas Reservas
Títulos
Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Note que os depósitos bancários dos clientes deixaram


de ficar 100% cobertos após essa compra.

Títulos Títulos
Depósitos Depósitos
Reservas Reservas

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Para equilibrar seus ativos de curto-prazo (reservas) com seus passivos


de curto-prazo (depósitos a vista), o banco oferece aplicações financeiras
para seus clientes, pagando juros em troca do cliente congelar os fundos.

Depósitos Depósitos
Títulos Títulos A prazo A prazo

Reservas Reservas À vista À vista

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Os correntistas reproduzem capital recebendo juros do banco,


Os bancos reproduzem capital recebendo juros do Estado.

Títulos Títulos A prazo A prazo

Reservas Reservas À vista À vista

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

O Estado paga os juros criando mais reservas para os bancos.


Os bancos pagam os juros criando depósitos para os clientes.
A diferença entre esses dois valores é o lucro do banco.

Títulos Títulos Lucro do banco


A prazo A prazo

Reservas Reservas À vista À vista

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Caso o Estado realize novos gastos, mais reservas são


criadas, resultando em mais depósitos à vista.

Títulos Títulos
A prazo A prazo

Reservas Reservas À vista À vista

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

O gasto federal sempre cria moeda na economia. A emissão de títulos


públicos serve para tirar moeda do sistema no curto prazo em troca de
ativos seguros que rendem juros pagos na moeda nacional.

Títulos Títulos A prazo A prazo

Reservas Reservas À vista À vista

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

Dinheiro parado não se reproduz! O capital precisa se mover e entrar no


ciclo de reprodução. Os títulos públicos oferecidos pelo Estado são uma
dentre as várias “cadelas no cio” que atraem o capital para si.

Títulos Títulos A prazo A prazo

Reservas Reservas À vista À vista

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


O que é a dívida pública

O que os bancos privados fazem com essas reservas


do BC e com os títulos públicos do Tesouro Nacional?

Títulos Títulos A prazo A prazo

Reservas Reservas À vista À vista

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Banco Central + Estado Bancos População


Reservas e Títulos Públicos nos Bancos
Uma pequena prévia da aula 04
Reservas e Títulos Públicos nos Bancos

O que os bancos fazem com os títulos públicos?

Os títulos públicos são ativos que


rendem juros, e podem ser trocados
por moeda quando o banco precisa.

Em contrapartida, o banco deve


oferecer aplicações aos clientes, que
também rendem juros.
Reservas e Títulos Públicos nos Bancos

O que os bancos fazem com as reservas bancárias?

As reservas são as contas correntes


dos bancos no BC*. Servem para
cumprir normas prudenciais definidas
pelos BCs de cada país. As funções
dessas reservas para os bancos
comerciais são:

* BC = abreviação para Banco Central


Reservas e Títulos Públicos nos Bancos

O que os bancos fazem com as reservas bancárias?

1. Satisfazer requisitos mínimos de liquidez impostos por lei: Os bancos


devem ter uma certa percentagem de seus passivos financeiros cobertos
com essas reservas, em proporções definidas pelo Banco Central.

2. Emprestar, por um dia, para bancos que precisam cumprir o requisito 1.

Excesso de reservas Falta de reservas


Reservas e Títulos Públicos nos Bancos

O que os bancos fazem com as reservas bancárias?

3. Comprar ativos de outros bancos, ou do Banco Central. Essas reservas


funcionam como moeda de troca entre os bancos, visto que representam a
conta corrente dos bancos dentro do Banco Central.

4. Trocar por cédulas quando seus clientes fazem saques.

Reservas Cédulas
Reservas e Títulos Públicos nos Bancos

O que os bancos fazem com as reservas bancárias?

5. Comprar títulos públicos do Estado, que rendem juros no longo prazo.

6. Depositar no Banco Central, recebendo juros no curto prazo.


Reservas e Títulos Públicos nos Bancos
O que os bancos fazem com as reservas bancárias?

7. Pagar pelas transferências de seus clientes. Por exemplo, quando Maria precisa
pagar R$1000 para Flávio, que tem conta em outro banco. O banco-M remove R$1000
dos depósitos de Maria(1) e transfere R$1000 de suas reservas para o banco-F(2). Em
troca das reservas, o banco-F aumenta os depósitos de Flávio(3).

2 1
3

Depósitos Reservas Depósitos Reservas Depósitos Depósitos

Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos Ativos Passivos

Flávio Banco-F Banco-M Maria


Recapitulando

Recapitulando
1. Títulos públicos são moeda futura
2. Gasto público sempre cria moeda
3. Reservas são dinheiro dos bancos
4. …e servem para cumprir normas.
5. Depósitos à prazo são moeda futura
6. Títulos públicos são ativos financeiros
7. Isso é fundamental no capitalismo
Mais detalhes na aula 04
O que é a dívida pública

Para que servem os títulos públicos então?

A maioria das pessoas acham que o


Estado deve pegar reais emprestados
para pagar as contas. Porém, se o
Brasil tem o poder de criar Reais, sem
pagar juros por isso, qual o propósito
dos títulos públicos?
Política Monetária
A gestão do Real na 4ª dimensão (tempo)
Política Monetária

Para que servem os títulos públicos então?

A tal dívida pública na verdade não é


uma dívida, mas sim uma ferramenta
de gestão da moeda nacional.

Títulos públicos são ativos financeiros


oferecidos pelo Estado para fazer
política monetária, através da taxa
básica de juros (SELIC).
Política Monetária

O que são os juros?

Os juros são o preço do dinheiro ao


longo do tempo. As instituições que
criam moeda cobram pelo seu uso.

Por exemplo, se o juro for de 10% ao


ano, significa que R$10 custa R$1 por
ano. Parece confuso, mas é simples.
Política Monetária

Quais taxas de juros?

Os juros de curto prazo são definidos pelo Banco Central, através da


taxa Selic. Os juros de longo e médio prazo são definidos pelo tesouro
nacional e bancos públicos, com o tesouro direto e financiamentos.

Financiamentos da CAIXA, BNDES e outros bancos públicos

Selic Tesouro Direto

Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo


Política Monetária

Quais taxas de juros?

A taxa Selic controla o custo do Real (R$), no curto prazo, para o


sistema bancário. Esse é o juro que os próprios bancos pagam
quando pegam fundos de outros bancos ou do Banco Central.

Selic

Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo


Política Monetária

Quais taxas de juros?

O Tesouro Direto controla o custo do Real no longo prazo, através do


juro que o Estado (Tesouro Nacional) oferece para pessoas e bancos
que congelam dinheiro por anos ou décadas.

Tesouro Direto

Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo


Política Monetária

Quais taxas de juros?

Financiamentos Públicos controlam o Real no longo e médio prazo


para empresas e pessoas. É o juro que os bancos públicos oferecem
para financiamentos imobiliários, investimentos, e outras coisas.

Financiamentos da CAIXA, BNDES e outros bancos públicos

Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo


Política Monetária

Quais taxas de juros?

Cada taxa é definida por partes diferentes


do Estado e impactam setores diferentes
da economia. Porém, a Selic impacta
indiretamente as outras. Por isso é um
tema constante de disputas de poder.
Política Monetária

Como a SELIC impacta os juros dos bancos?

Financiamentos são feitos por bancos públicos e privados. Esses


bancos buscam fundos no Banco Central, em outros bancos, ou com
investidores. Os juros cobrados por esses fundos que os bancos
pegam emprestado são a própria taxa Selic.

SELIC Sistema SELIC


interbancário
Política Monetária

Como a SELIC impacta os juros dos bancos?

Se um banco deve pagar 14% ao ano para obter reservas no sistema


interbancário, não é possível emprestar aos clientes por menos do
que isso! Logo, o custo do crédito bancário depende da taxa Selic.

Sistema SELIC SELIC + X%


interbancário
Política Monetária

Como a SELIC impacta os juros dos bancos?

Para que um banco privado empreste por um valor abaixo da Selic,


isso só é possível se o Estado oferecer subsídios (juros menores).

Se o objetivo disso é subsidiar o crédito para a economia, por quê o


Estado não empresta diretamente para nós, sem o banco no meio?

Crédito SELIC - 2X% SELIC - X%


subsidiado
Não faça tantas
perguntas…
Política Monetária

Como a SELIC impacta o Tesouro Direto?

Se o Estado quiser vender títulos públicos de longo-prazo que


rendem abaixo da Selic, mas a previsão da Selic é ficar alta, não faz
sentido o capital comprar os títulos do Tesouro! Logo, o Estado é
obrigado a definir seus juros em função da Selic.

Onde eu
lucro mais? Tesouro Direto SELIC
Política Monetária

Como a SELIC impacta o Tesouro Direto?

Além de títulos pré-fixados, o Tesouro usa títulos atrelados à Selic e ao IPCA (inflação). O
Tesouro-Selic depende diretamente da Selic (dã!). Já o Tesouro-IPCA é indiretamente
dependente, visto que a Selic é historicamente mantida acima do IPCA.

Fonte: Elaboração própria,


dados do Banco Central do Brasil
Selic

IPCA
Política Monetária

Como a SELIC impacta as outras taxas?

De forma direta ou indireta, a Selic controla todas as outras taxas de


juros no capitalismo. Um Banco Central autônomo tem o poder de
ajudar ou sabotar o país usando política monetária para cumprir
seus próprios objetivos. (Em geral, os objetivos do capital)

Tá de sacanagem com a gente?

Óbvio que sim! Quem manda


em mim é o capital, não vocês!
Política Monetária

O que é a política monetária?

É a gestão do Real (R$). Por ser um


bem “público”, a moeda nacional é
controlada pelo “Estado”. Porém, se o
Estado é controlado pelo capital, a
política monetária será utilizada para
reproduzir capital.
Lembre-se do fungo Cordyceps
Política Monetária

O que é a política monetária?

O Real (R$) é um bem público, assim


como as estradas, as leis, os
tribunais, a rede elétrica, os hospitais
públicos, as escolas públicas, etc. A
moeda nacional é parte do sistema de
distribuição e alocação de valor.
Quem controla a moeda controla
a gestão do valor na sociedade
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Através da taxa Selic, que é o juro de


curto prazo que os bancos pagam ao
Banco Central em troca de reservas.
Política Monetária
Como ela é feita através da taxa Selic
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Através da taxa Selic*

Ao contrário do que dizem alguns “economistas vulgares”, o Banco Central não


controla a quantidade de Reais em circulação, mas sim o custo dos Reais, que são
os juros pagos pelos bancos ao pegar reservas emprestadas uns dos outros.

* SELIC = Sistema Especial de Liquidação e Custódia


Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Através da taxa Selic

A taxa Selic determina o juro que o BC “gostaria” que os bancos utilizassem quando
emprestam reservas uns para os outros pelo prazo de 01 dia. Esse não é o juro que
os bancos cobram dos consumidores nem que o BNDES usa para financiar projetos!
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Como o Banco Central é um criador de moeda, ele é capaz de determinar o preço


que cobra quando empresta suas infinitas reservas para os bancos privados, e
também quanto ele próprio paga aos bancos em troca deles “congelarem” reservas.
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

O Banco Central opera no mercado vendendo e comprando títulos públicos, assim


como emprestando e “tomando” reservas, nas quantidades que forem necessárias
para que o juro interbancário fique na taxa que ele próprio estabelece (a Selic).
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Os juros que os bancos comerciais cobram uns dos outros, nos empréstimos de
curto prazo, são consequência das ações do próprio banco central, não do mercado.
O BC pode definir o juro que quiser, independentemente das vontades do mercado.
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Como explicado anteriormente, os bancos devem cumprir normas do Banco Central


que demandam que parte de seus passivos estejam cobertos com reservas. Todos
os dias, bancos com reservas sobrando emprestam para os que estão com falta.

Em
Reservas Excedente pré
stim
Necessárias o0 Reservas
1d Necessárias
ia
Insuficiente
Reservas
Reservas

Bancos com excesso Bancos com falta


Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Os bancos não pegam essas reservas emprestado porque “querem”, mas porque
são obrigados pelas normas do Banco Central (aula 04). Sendo assim, um banco
com falta de reservas no final do dia deve pegar um empréstimo para cobrir.

Insuficiente
Reservas
Reservas Insuficiente

Reservas
Reservas

Banco A Banco B Banco C Banco D


Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Assim como existem bancos que estenderam muito crédito e ficaram com falta de
reservas, existem bancos que estenderam pouco crédito e ficaram com sobra. Os
bancos com excesso podem emprestar suas reservas para os bancos com falta.

Excedente Excedente

Insuficiente
Insuficiente
Reservas Reservas
Reservas
Reservas

Banco A Banco B Banco C Banco D


Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Embora os bancos com falta sejam obrigados a pegar emprestado, os bancos com
sobras não são obrigados a emprestar. Sendo assim, o Banco Central atua no
mercado de reservas para garantir que não haverá falta nem excesso de reservas.

Empresta?

Excedente Excedente
Não
Reservas
Empréstimo
Insuficiente
Reservas Reservas
Reservas
Reservas

Banco A Banco B Banco C Banco D


Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Utilizando o seu poder de criador de moeda, o Banco Central pode comprar/vender


títulos públicos, ou emprestar/congelar reservas dos bancos oferecendo retornos que
façam os juros interbancários se aproximarem da meta SELIC.

Excedente Excedente

Empréstimo Reservas
Empréstimo
Reservas Reservas
Reservas
Reservas

Banco A Banco B Banco C Banco D BC


Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Se os bancos encontram boas oportunidades de crédito com rendimento superior à


Selic, a demanda por reservas se torna maior, pressionando os juros para cima. Ou
seja, existem mais bancos precisando de reservas do que bancos com sobras.
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Se o Banco Central não subir a Selic (rever a meta), ele deve emprestar reservas aos
bancos ou comprar títulos públicos em posse dos bancos. Isso aumenta a
quantidade de reservas no sistema e impede que os juros fiquem acima da meta.

Reservas

Títulos
Públicos
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Se os bancos não encontram boas oportunidades de crédito que rendem mais que a
Selic, a demanda por reservas fica menor, pressionando o juro para baixo.
Ou seja, existem mais bancos com sobras de reservas do que bancos com falta.
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Se o Banco Central não baixar a Selic (rever a meta), ele terá que pagar para os
bancos congelarem reservas, ou vender títulos públicos aos bancos. Isso remove
reservas do sistema e impede que os juros fiquem abaixo do valor desejado.

Reservas

Títulos
Públicos
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Resumindo, quando os bancos estão cobrando juros uns dos outros maiores que a
Selic, o Banco Central “joga” mais reservas no sistema. Se os bancos estiverem
emprestando abaixo da Selic, o Banco Central tira reservas do sistema.
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

Ou seja, a política monetária, via taxa Selic, impede flutuações bruscas dos juros,
tanto para cima quanto para baixo. Ao controlar os juros interbancários, o Banco
Central garante previsibilidade para o custo do crédito no curto prazo.
Política Monetária

Como o Banco Central faz política monetária?

A taxa Selic indica ao sistema financeiro privado qual será o custo esperado de
captação de fundos ao longo do tempo. Em outras palavras, qual o custo presente e
futuro dos reais (R$) que o Banco Central cria.
Política Monetária

O Banco Central empresta “na moral”?

Não! Esses empréstimos são chamados de “operações compromissadas”. Em troca


do empréstimo, o banco deixa um ativo financeiro como garantia caso não possa
pagar. O principal ativo usado como garantia são os títulos públicos.

Empréstimo de reservas bancárias recém criadas

Devolve reservas com juros


Conseguiu Sim
pagar? Não
Entrega títulos públicos ao BC
Política Monetária

E se os bancos não quiserem comprar os títulos públicos, e também


não quiserem emprestar suas reservas para outros bancos?

Dinheiro parado não se multiplica. Se um banco não quiser os títulos públicos e não
quiser emprestar para outros bancos, ele pode usar o dinheiro para especular no
mercado financeiro nacional, ou tirar o dinheiro do país e investir no exterior.

O ideal em um país capitalista, seria a taxa básica de juros (Selic no Brasil), ser
baixa o suficiente para permitir investimentos produtivos, mas não tão baixa a ponto
de incentivar fuga de capitais e especulação.
Política Monetária

Às vezes escutamos falar do risco da dívida…

O que seria esse risco?

Esses títulos públicos são seguros?

Títulos
Públicos

Títulos
Públicos
O que é o “risco” dos títulos públicos
Traduzindo “economês” para português
Riscos do Tesouro Direto
Qual o risco do Tesouro Direto?

Quando a mídia fala do “risco da dívida pública”, dá a impressão que Brasil vai ficar
sem reais (R$) para pagar. Porém, como o Brasil emite sua própria moeda, a única
forma do país dar um calote seria por opção política (em geral, uma revolução).
Mesmo assim, no capitalismo, existem “riscos” ao comprar títulos da dívida pública.
Riscos do Tesouro Direto
Quais os reais riscos?

Se uma instituição financeira tiver reservas em excesso, esse dinheiro parado não
se reproduz. Para que o capital financeiro se multiplique, ele precisa se transformar
em ativos financeiros por um prazo determinado, por exemplo: ações, derivativos,
fundos, títulos de dívidas privadas, ou os títulos da dívida pública tratados aqui.
Riscos do Tesouro Direto
Quais os reais riscos?

Resumidamente, se uma instituição financeira deseja ativos seguros, considerados


conservadores, terá quatro opções:

Emprestar reservas no mercado interbancário por 01 dia

Comprar títulos públicos Atrelados à Selic

Comprar
Comprar títulos
títulos públicos…
públicos Atrelados ao IPCA (inflação)

Comprar títulos públicos Pré-fixados

O risco desses ativos é o custo de carrego, ou custo de oportunidade


Riscos do Tesouro Direto
O que seria o custo de carrego?

Com ativos seguros, a chance de perder dinheiro é nula (exceto em revoluções).


Sendo assim, os riscos são que a inflação seja maior do que o previsto e reduza os
ganhos reais do ativo, ou que surjam ativos com maior rentabilidade depois que a
instituição financeira já comprou o primeiro.
Riscos do Tesouro Direto
Eu posso comprar esses títulos?

Sim. Esses títulos estão disponíveis tanto para


instituições financeiras quanto para pessoas
físicas como eu e você.
Veja alguns exemplos na direita →
Note as datas de vencimento!

Mais informações no link abaixo:


https://www.tesourodireto.com.br/titulos/precos-e-taxas.htm
Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos títulos públicos?

Os títulos públicos são ativos de longo-prazo, nos quais a instituição financeira


congela seus fundos por anos ou décadas. Porém, esses ativos podem ser
vendidos antes do prazo no mercado secundário, mas por valores diferentes dos
pagos inicialmente. Ou seja, um título público pode se valorizar ou desvalorizar.
Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos títulos pré-fixados?

Se um banco compra um título prefixado de 10 anos com juro de 10% ao ano, o


retorno é 159%. Se no dia seguinte aparece um título de 10 anos que rende 10,2%,
o retorno do segundo ativo é 164%. Ou seja, o comprador do primeiro título perdeu
a oportunidade de ganhar 5% a mais com o segundo. Esse é o risco.
Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos títulos pré-fixados?

Se o banco gastou 100 mil no primeiro título e se arrependeu da compra, caso queira
vender pelo preço de mercado, irá receber algo em torno de 98.2 mil, pois o título
antigo de 100 mil rende o mesmo que um título novo de 98.2 mil. (prejuízo de 1.8%)

Valor pago Juro Recebimento futuro

Título antigo R$ 100.000 10.0% R$ 259.374

Título novo R$ 100.000 10.2% R$ 264.128

Título novo R$ 98.200 10.2% R$ 259.377


Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos títulos atrelados à Selic?

O Tesouro Selic possui uma variável (Selic) e uma constante (valor após o +). Os
riscos desses títulos são:
- Inflação acima do previsto; (perda de rendimento real)
- Banco Central reduzir a Selic; (perda de rendimento nominal)
- O Tesouro Nacional oferecer um título melhor. (perda de oportunidade)
Exemplo

O banco compra um título 2026: Selic + 0,0991%

No dia seguinte, surge um título Selic + 0,1091%


Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos títulos atrelados ao IPCA?

O Tesouro IPCA tem uma variável (IPCA) e uma constante (valor após o +). Os
riscos desses títulos são:
- A Selic ficar maior que o IPCA + X%; (perda de oportunidade)
- O IPCA ficar baixo enquanto o IGP-m sobe demais; (perda de rendimento real)
- O Tesouro Nacional oferecer um título melhor. (perda de oportunidade)
Exemplo

O banco compra um título 2029: IPCA + 5,47%

A Selic se mantém maior que IPCA + 5,47%


Riscos do Tesouro Direto
Esses títulos concorrem entre si?

Sim. O valor de um título público de um tipo pode ser impactado por outros:
- Se a Selic começar a baixar, os títulos prefixados passam a se valorizar, pois
eles foram emitidos com um juro antigo mais alto.
- Se a Selic começar a subir, os títulos prefixados passam a se desvalorizar,
pois eles foram emitidos com um juro antigo mais baixo.
Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos empréstimos interbancários?

Como esses empréstimos são diários, o banco recebe no dia seguinte. O risco é a
perda de oportunidade. Por exemplo: um banco deixa 100 bilhões reservados para
empréstimos interbancários que rendem a taxa Selic atual de 13,75%, ao invés de
comprar títulos prefixados que rendem 11,9%.

Título público Empréstimo interbancário


prefixado 11,9% Selic 13,75%
Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos empréstimos interbancários?

Se a Selic começar a cair durante vários meses consecutivos, junto com os juros
prefixados, até que a Selic fique 10,9% e os prefixados fiquem 11%, o banco perdeu
a oportunidade de ter comprado os títulos prefixados que rendiam 11,9%.

Selic 10,9%
Título público (antigo) Título público (novo)
prefixado 11,9% prefixado 11%
Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos empréstimos interbancários?

Existe ainda um outro risco. Imagine que a Selic está em 0,25%. O banco acha que
a Selic vai continuar baixa e decide comprar vários títulos públicos prefixados que
rendem juros anuais de 1%. O banco está confiante e busca mais fundos com seus
clientes e outros bancos, pagando 0,25% pelos fundos (mais detalhes na aula 04)

Empréstimo
interbancário
Título público Selic 0,25%
prefixado 1%
Riscos do Tesouro Direto
Quais os riscos dos empréstimos interbancários?

Suponhamos que, sob a desculpa de frear a inflação, o BC aumente a Selic várias


vezes, indo de 0,25% até 2,75%. Como o banco estava investindo com fundos
emprestados, ele agora precisa pagar 2,75% aos outros bancos e a seus clientes,
mas continua recebendo 1% pelos seus títulos prefixados. Prejuízo de 1,75%!

Empréstimo
interbancário
Título público Selic 2,75%
prefixado 1%
Riscos do Tesouro Direto
Por que o banco não vendeu os títulos quando a Selic começou a subir?

Quando a Selic começou a subir, os títulos antigos começaram a se desvalorizar. Se


o banco tivesse vendido eles pelo preço de mercado, teria que declarar prejuízo.
Para maquiar a contabilidade, o banco mantinha esses títulos desvalorizados em
seu portfólio fingindo que eles ainda tinham o valor de mercado antigo! Em outras
palavras, o banco estava fingindo que não estava perdendo dinheiro.

Valor antigo
declarado

Valor real não


Título público declarado
prefixado 1%
Riscos do Tesouro Direto
Isso tem a ver com a crise do Banco do Vale do Silício?

SIM! O banco tinha títulos prefixados do Tesouro Americano, e pagava a seus


clientes a taxa básica do Federal Reserve (BC-EUA). Quando os juros começaram
a subir rapidamente, o banco teve prejuízo, mas usou contabilidade para fingir que
estava bem. Quando o banco foi obrigado a vender os títulos antigos para pagar
suas dívidas, o prejuízo que estava oculto foi revelado, e o banco faliu.

Empréstimo
interbancário
Título público FED 5,25%
prefixado 1%
Riscos do Tesouro Direto
Resumindo…

Os riscos dos títulos públicos são a perda do rendimento real pela inflação, ou a
desvalorização do preço de mercado do título público quando títulos melhores
surgem ou quando a taxa básica de juros se altera.

NÃO EXISTE RISCO DE CALOTE, A NÃO SER QUE O GOVERNO FAÇA A


OPÇÃO POLÍTICA DE NÃO PAGAR OS TÍTULOS
Riscos do Tesouro Direto
Resumindo…

Como visto, os juros dos títulos públicos não são definidos por forças da natureza
nem por variáveis externas. A Selic é definida pelo Banco Central, e os juros dos
títulos públicos estão diretamente e indiretamente relacionados com a Selic.

Se o capital rentista de um país controla o Banco Central, não existe risco para as
burguesias nacionais. Elas têm poder para definir os juros e ainda por cima podem
saber qual será o juro futuro. É um jogo de cartas marcadas.

Para quem o Banco Central realmente trabalha?


Juro e Juro Real
Somos o número um do mundo!
Mas isso é péssimo…
Juro e Juro Real

O juro Brasileiro é alto?

É o maior juro real do mundo!

Fonte: infinityasset e moneyou


https://infinityasset.com.br/wp-content/uploads/2023/
05/rankingdejurosreais030523.pdf
Veja o gráfico completo (Maio 2023)
Juro e Juro Real

Isso é algo recente?

Historicamente o Brasil tem altos juros reais. Ficou negativo apenas na pandemia em 2020.

Fonte: Elaboração própria,


dados do Banco Central do Brasil

FHC Lula Dilma Temer Bolsonaro


Juro e Juro Real

O que é Juro Real?

Quando se fala em taxa de juros, o importante não é o valor absoluto, mas sim o valor
relativo à inflação, que chamamos de juro real. A lógica é mais ou menos a seguinte:
Se você depositar R$100 em um título público que rende 10% ao ano, mas a inflação ao
final do ano for 5%, o seu ganho real foi de 4,76%

Valor aplicado Juros anuais Valor sacado Inflação anual Valor real Juro Real

R$ 100 10% R$ 110 5% R$ 104,76 4,76%

Juro Real = (1 + Juro) / (1 + Inflação) Valor real = Valor aplicado x Juro Real
Juro e Juro Real

O que é Juro Real?

Se você depositar R$100 em um título público que rende 80% ao ano, mas a inflação ao
final do ano for 90%, o seu ganho real foi de -5,26%. Ou seja, você teria perdido R$5,26.
Nesses casos, dizemos que o juro é negativo.

Valor aplicado Juros anuais Valor sacado Inflação anual Valor real Juro Real

R$ 100 80% R$ 180 90% R$ 94,74 - 5,26%

Juro Real = (1 + Juro) / (1 + Inflação) Valor real = Valor aplicado x Juro Real
Juro e Juro Real

Juro negativo?

Juros negativos parecem algo estranho para


nós, pois vivemos no país com o juro real mais
alto do mundo. Porém, os rendimentos reais
negativos são normais no resto do mundo. A
verdade é que juros negativos reduzem os
custos com dívidas e permitem que mais
dinheiro seja usado em investimentos.
Juro e Juro Real

As pessoas estão perdendo dinheiro?

O certo seria dizer que elas estão perdendo dinheiro “mais devagar”, visto que se você
tivesse deixado os R$100 reais parados na conta isso seria o mesmo que uma aplicação
que rende 0% de juros. Após um ano, você teria uma perda real de 47,37%. Logo, é melhor
perder 5,26% do que 47,37%.

Valor aplicado Juros anuais Valor sacado Inflação anual Valor real Juro Real

R$ 100 80% R$ 180 90% R$ 94,74 - 5,26%


R$ 100 0% R$ 100 90% R$ 52,63 - 47,37%
Juro e Juro Real

Juros negativos são bons?

Depende…

Isso será discutido em mais detalhes nas aulas 04 e 05. Juros baixos podem tanto ajudar a
economia de um país a crescer como podem criar bolhas especulativas que resultam em
crises financeiras. Juros altos podem tanto ajudar um país a estabilizar o câmbio no
curto-prazo como podem servir para alimentar uma aristocracia rentista como a que
temos no Brasil hoje em dia. Subidas de juros podem inclusive causar crises econômicas!
Para que serve a Política Monetária
Terrorismo disfarçado de tecnocracia
Para que serve a Política Monetária

Para que serve a política monetária?

Existem alguns motivos razoáveis,


outros ambíguos, e outros absurdos.

Veremos a seguir como o BC utiliza a


política monetária como arma para
concentrar fortunas e causar recessões
Para que serve a Política Monetária

1. Controlar a inflação?

A economia convencional diz que a criação direta de moeda gera inflação porque
aquece demais a economia. Logo, o Estado deve vender títulos públicos para
manter o volume de moeda constante. Porém, os grupos financeiros que compram
esses títulos não são as massas trabalhadoras e consumidoras, mas sim pequenos
grupos privilegiados que buscam apenas reproduzir seu capital excedente.
Para que serve a Política Monetária

1. Controlar a inflação?

Mesmo se a lógica de “excesso de moeda” fosse verdade, vender títulos públicos é


apenas uma solução temporária. Se o Banco Central aumentar os juros para tirar
moeda do sistema no presente, ela se multiplica e volta no futuro quando os títulos
públicos são pagos… O aumento da moeda no futuro seria usado como desculpa
para subir ainda mais os juros, intensificando o suposto problema.
Para que serve a Política Monetária

1. Controlar a inflação?

Ainda supondo que a lógica do “excesso de moeda” seja verdade, para que os
títulos públicos sirvam como solução efetiva, os juros deveriam ser menores que a
inflação. Caso contrário, os títulos públicos terão o efeito contrário, criando mais
moeda do que tiram, e concentrando riqueza no topo da pirâmide social. (Como é o
caso do brasil, que tem os maiores juros reais do mundo)

!
Para que serve a Política Monetária

1. Controlar a inflação?

Mais ignorante é a ideia de que os títulos públicos servem para o Estado pagar as
contas e que, se os juros forem baixos, o setor privado vai parar de financiar o
Estado. Como visto na aula 02, o que financia o Estado é a criação de sua própria
moeda, e o que sustenta o Estado é o trabalho do povo e os meio de produção.

Me empresta lol. Prefiro deixar


uma grana aí? dinheiro parado!
Para que serve a Política Monetária

1. Controlar a inflação?

Outra ideia absurda é que aumentar os gastos públicos faz os juros subirem porque
o mercado se preocupa com a “estabilidade fiscal”. Como visto na pandemia (2020),
o gasto público aumentou, mas os juros caíram para 2%. Como o Estado é o único
com infinitos reais para garantir renda durante crises econômicas, os capitalistas
compram títulos públicos quando não veem oportunidades de ganhos na economia.

Por favor! Multiplique


meu dinheiro! Tô com Eu existo pra
medo dessa crise! isso, amigo!
Aumento de gastos públicos faz o juro subir?

Pandemia

Fonte: Elaboração própria,


dados do Banco Central do Brasil
% ao ano

Juros controlam a inflação?

Ou respondem à inflação?

Fonte: Elaboração própria,dados do Banco Central do Brasil


Apagão 2001 Crise de Crise de 2014 Pandemia
2007/2008 25
23

Taxa Selic (ao ano)


21
(ao mês)

19
17
Inflação

15
13
11
Inflação

09
07
05
03
01

A inflação é um sintoma de problemas econômicos. O Juro não ataca as causas.

Fonte: Banco Central do Brasil


% ao ano Pandemia

Apagão 2001 Crise de Crise de 2014


2007/2008

Fonte: Elaboração própria,dados do Banco Central do Brasil

O aumento dos juros protege o capital das classes dominantes durante as crises,
impedindo que seu patrimônio nominal, medido em Reais (R$), seja desvalorizado.
O bolso infinito do Estado é o que garante Fonte:
a reprodução do capital durante as crises.
Elaboração própria,dados do Banco Central do Brasil
% ao ano Pandemia

Apagão 2001 Crise de Crise de 2014


2007/2008

Fonte: Elaboração própria,dados do Banco Central do Brasil

Quando os juros altos são usados para “combater” a inflação, a tal da “cura milagrosa”
acontece porque a economia entra em recessão, empregos são perdidos, salários caem,
famílias perdem a renda e o consumo fica tão baixo que os preços começam a cair.
Para que serve a Política Monetária

1. Controlar a inflação?

Devemos substituir o motivo 1, controlar a inflação, por: proteger o capital durante


os períodos inflacionários, utilizando uma taxa de juros alta para compensar as
perdas pela inflação. Além de causar uma crise econômica no país, que resulta em
desemprego, redução de salários, expropriação dos devedores inadimplentes, e
privatização de recursos públicos.

Foi bom pra você? Delícia. Vamos


marcar de novo!
Para que serve a Política Monetária

1. Proteger o capital

Quando o Brasil passa por períodos inflacionários, seja qual for a causa, é comum o
Banco Central subir a taxa de juros. A desculpa veiculada pela mídia é a de que o
aumento de juros vai combater a inflação. Porém, a verdade é que o Banco Central
está apenas protegendo as fortunas dos mais ricos, reproduzindo seu capital de
forma puramente fictícia para evitar perdas com inflação.
???

???
Para que serve a Política Monetária

2. Corrupção / Rentismo

Títulos públicos são aplicações financeiras com rendimento garantido pelo Estado,
capaz de criar moeda para pagar. Se os títulos são oferecidos com taxas de retorno
acima da lucratividade de um negócio produtivo, o capital irá preferir se reproduzir
nos títulos públicos ao invés de se arriscar na produção e prestação de serviços.
Para que serve a Política Monetária

2. Corrupção / Rentismo

Os títulos públicos com altos juros, remunerados pelo Estado, entregam uma fatia do
orçamento (poder de gerir recursos) para um grupo privado. A política monetária, via
taxa de juros, é um “programa de renda básica para a classe dominante”, que
usa o dinheiro público para obter a riqueza produzida pela sociedade.

Riqueza produzida pelo trabalho Juros dos títulos públicos

Compra de títulos
Classe dominante a a a a
Salário Renta (Aulas 04, 05 e 06)
População
Estado Títulos
Arrow Públicos
Arrow
(Você está aqui) Imposto
Para que serve a Política Monetária

2. Corrupção / Rentismo

Se considerarmos que o imposto não é aquilo que pagamos em moeda, mas sim
aquilo que entregamos na forma de valor produzido, os altos juros pagos pelos
títulos públicos são um imposto privado que permite aos rentistas se apropriar
anualmente de centenas de bilhões de reais (em valor) criados pela sociedade.

Riqueza produzida pelo trabalho Juros dos títulos públicos

Compra de títulos
Classe dominante a a a a
Salário Renta (Aulas 04, 05 e 06)
População
Estado Títulos
Arrow Públicos
Arrow
(Você está aqui) Imposto
Para que serve a Política Monetária

2. Corrupção / Rentismo

Pessoas que não trabalham e que nada produzem, aplicam seu capital na dívida
pública, se tornando um governo paralelo, que recebe impostos paralelos, e
gerencia uma economia paralela. São parasitas que utilizam a força do Estado para
cobrar tributos da sociedade, e utilizam a polícia e o exército para proteger suas
propriedades privadas… assim como aristocracias feudais

Moeda / Dinheiro

Riqueza produzida pelo trabalho


Para que serve a Política Monetária

2. Corrupção / Rentismo

Graças aos títulos públicos, o dinheiro cria mais dinheiro, que cria mais dinheiro…
Como prometem os sacerdotes da religião capitalista…

“Faça o dinheiro trabalhar para você”

“Receba dinheiro enquanto dorme”

“Aprenda a viver de renda”

“Conquiste sua liberdade financeira”


Para que serve a Política Monetária

2. Corrupção / Rentismo

Porém, o dinheiro não trabalha… São as pessoas de carne e osso que estão
trabalhando para reproduzir o capital e sustentar parasitas da sociedade…

Pessoas reais, gastando cérebros e músculos, perdendo horas no trânsito, longe da


família, com dois empregos, enfrentando burnout e ataques de ansiedade, morando
de aluguel à beira de serem despejadas… ou se suicidando quando atingem o limite.
Para que serve a Política Monetária

2. Corrupção / Rentismo

A sociedade é uma máquina construída para reproduzir capital e alimentar parasitas.


Desperdiçamos recursos naturais e seres humanos em troca de criar dinheiro.

“Faça o dinheiro trabalhar para você” “Faça os outros trabalharem para você”

“Receba dinheiro enquanto dorme” “Receba riqueza enquanto dorme”

“Aprenda a viver de renda” “Aprenda a viver da dívida alheia”

“Conquiste sua liberdade financeira” “Domine a liberdade dos outros”


Para que serve a Política Monetária

3. Poupança garantida pelo Estado / Controle de demanda

No mundo utópico de unicórnios e arco-íris, uma pessoa comum poderia


comprar esses títulos ao longo da vida, tipo uma aposentadoria garantida pelo
governo, reduzindo sua demanda no presente para receber algo a mais no futuro.
Porém, como veremos em alguns gráficos daqui a pouco, a realidade não é essa.
Para que serve a Política Monetária

3. Controle de demanda?

Títulos públicos também servem para reduzir a demanda por recursos em períodos
excepcionais, como foi o caso dos Estados Unidos durante a 2ª guerra, em que o
governo ofereceu war-bonds para a população consumir menos, já que o país
precisava utilizar sua capacidade produtiva para a guerra. O objetivo foi transferir a
demanda do presente para o futuro, quando a produção voltasse ao normal.

Consumam menos!
Quem poupar agora
Preciso da nossa indústria
recebe mais depois.
para lutar na guerra!
Para que serve a Política Monetária

3. Controle de demanda?

Não foram os war-bonds que sustentaram os esforços de guerra. Foi o trabalho da


população nas fábricas, nas plantações, e no campo de batalha. As pessoas
pagaram com pesquisa, suor, aço, sangue e vidas. Os títulos públicos apenas
reduziram a demanda da população para que o Estado usasse os recursos.
Para que serve a Política Monetária

3. Controle de demanda?

Outro exemplo seria no caso de uma rápida industrialização, que iria demandar
recursos e pessoas para a construção de infraestrutura, pesquisa, renovação da
matriz energética, etc. Nessa situação, o Estado cria títulos públicos para mover a
demanda do presente para o futuro, quando houver mais recursos disponíveis.

Precisamos usar nossos Poupe agora e receba


recursos para industrializar o mais depois, quando
Brasil o mais rápido possível! tivermos crescido.
Para que serve a Política Monetária

3. Controle de demanda?

No Brasil, em que existe alto endividamento das famílias, somado ao desemprego e


subemprego, além de capacidade produtiva ociosa (aula 02), não temos excesso de
demanda, já que estamos subutilizando nossos recursos. Sendo assim, se o Estado
não está usando os recursos poupados pela economia, quem está?

… …
Para que serve a Política Monetária

3. Controle de demanda?

Seria um caso Malthusiano em que as classes dominantes acham necessário frear a


demanda do povo para impedir o esgotamento de recursos? Ou estamos diante de
um grupo que deseja tomar para si o controle de todos os recursos do país?

Riqueza produzida pelo trabalho Juros dos títulos públicos

Compra de títulos
Classe dominante a a a a
Salário Renta (Aulas 04, 05 e 06)
População
Estado Títulos
Arrow Públicos
Arrow
(Você está aqui) Imposto
Para que serve a Política Monetária

3. Poupança garantida pelo Estado?

Considerando que 80% das famílias


estão endividadas, sem renda para
poupar, claramente os títulos públicos
não servem um propósito popular.
Como veremos mais à frente, os
maiores compradores desses títulos
estão no topo da pirâmide social.
Para que serve a Política Monetária

3. Poupança garantida pelo Estado?

Outro dado interessante publicado pelo Banco Central é a percentagem da renda das
famílias que está comprometida com a amortização de dívidas. O valor aumentou após a
crise global de 2008 e voltou a subir após a crise sanitária do Covid.
Para que serve a Política Monetária

3. Poupança garantida pelo Estado?

Se juros e amortização forem somados, o comprometimento da renda é maior ainda.

O gráfico significa que, na média, 30% da


renda das famílias é gasta com dívidas

Fonte: Dominância-Financeira-e-Privatização-das-Finanças-Públicas-no-Brasil (pág 432); com dados do Banco Central.


Para que serve a Política Monetária

Um gráfico ainda mais assustador do BC é o


endividamento das famílias em relação à sua
renda anual. O número não para de crescer.
Para que serve a Política Monetária
3. Poupança garantida pelo Estado?

Note o crescimento do endividamento


nos governos do PT entre 2005 e 2014.
Como explicado na aula 02, os
superávits do Estado produzem um
déficit da população. Se o novo
arcabouço fiscal de Haddad for aplicado
e o Estado voltar a fazer superávits,
esse indicador vai piorar.
Para que serve a Política Monetária

3. Aplicação garantida pelo Estado / Controle de demanda

No caso brasileiro, com títulos públicos com os juros reais mais altos do mundo,
a política monetária cumpre majoritariamente a função de concentrar riqueza. O
povo é forçado a poupar recursos porque não tem renda, e o Estado é forçado a
poupar recursos por causa de políticas de cortes de gastos. Logo, quem absorve os
recursos poupados é o capital e a burguesia que têm os títulos da dívida pública.

Caixa preta
do Mercado
Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

O valor das moedas dos países é baseado na demanda por estas moedas, seja
demanda por produtos e investimentos, assim como especulação e juros reais altos.
Como o Brasil é uma economia periférica com fluxo de capitais livre, nossa moeda é
refém das vontades de curto prazo do mercado internacional, flutuando toda vez que
o capital entra e saí do país tentando se reproduzir.
Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

Se a demanda por reais (R$) aumenta, seja para comprar nossas


exportações, investir no Brasil, especular em nossa economia, ou
comprar nossos títulos públicos, o real (R$) se valoriza.

Se a demanda por moedas estrangeiras aumenta, seja para comprar


produtos e serviços importados, investir ou especular no exterior, ou
comprar títulos da dívida de outros países, o real (R$) desvaloriza.
Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

O BC pode manipular o câmbio vendendo parte de seus infinitos reais em troca de


moeda estrangeira. Isso é feito para impedir a valorização abrupta do real quando a
demanda por eles aumenta rapidamente. O processo mantém o preço de nossa
moeda estável, ao mesmo tempo em que o BC acumula dólares/euros/yuans.

Reais

Moedas
estrangeiras
Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

Desvalorizar a moeda também é uma medida anticíclica, como feito nos EUA após a
crise de 1929. O governo Roosevelt desvalorizou o dólar para aumentar as
exportações americanas, além de inflacionar preços e salários no país, reduzindo
o valor relativo das dívidas herdadas da crise. Se preços e salários sobem com a
inflação, mas as dívidas sobem com os juros, o valor relativo das dívidas fica menor.

Crise de Preços e Salários


Inflação proposital
1929
Dívidas
Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

O movimento oposto é quando o BC vende reservas internacionais em troca de


reais (R$), impedindo nossa moeda de se desvalorizar quando o país é alvo de
especulação monetária ou quando ocorrem fugas de capital. A diferença nesse caso
é que as reservas internacionais do BC são finitas. O preço do real fica estável,
mas o Banco Central perde dólares/euros/yuans no processo

Moedas
Reais
estrangeiras

Reais
Para que serve a Política Monetária

4. Manipulação do câmbio

Se o Banco Central pagar preços altos pelo real (R$), inclusive pegando dólares
emprestado no processo, o real se valoriza artificialmente. As classes dominantes
fazem isso para tirar dinheiro do país. Exemplos são as paridades 1 para 1 com o
dólar, ocorridas na Argentina de Menem, e no Brasil de FHC. A burguesia fica com
os dólares e a população fica com as dívidas do FMI. (Aula 02)

Quer ajuda pra tirar Me dê esses dólares!


dinheiro do país? Dólares
Se faltar, pega mais
emprestado do FMI!
Reais
Para que serve a Política Monetária

4. Manipulação do câmbio

Outra ferramenta do Banco Central é vender títulos públicos com juros altos para
atrair moeda estrangeira e valorizar o real artificialmente, como no “Plano Real” do
Brasil. Isso cria uma classe de parasitas nacionais e estrangeiros que vivem de
receber nossos juros. (Quando o capital pega dinheiro emprestado em países com
juros baixos e compra títulos públicos do Brasil, isso é chamado de Carry Trade)

Quanto de juros O máximo que der!


Títulos
você quer nos Inventa que é pra
Públicos
títulos públicos? controlar a inflação.

Reais
Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

No mundo utópico dos unicórnios e arco-íris, os dólares vêm para


investir em nossa indústria, aumentando a produtividade no longo
prazo e desenvolvendo a nossa economia no processo. Com isso, o
Brasil pode reduzir os juros no futuro graças à credibilidade.

No mundo real do imperialismo e operações militares, os dólares


vêm para especular e comprar nossas empresas, depois vão embora
em maior quantidade do que vieram, fazendo o real se desvalorizar e
servindo como desculpa para aumentar o juro ainda mais.
Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

Como visto na aula 02, as políticas de austeridade no Brasil são anti-industriais.


Além disso, o capital pode facilmente se transformar de reais em dólares para sair
do país, desestabilizando o câmbio no processo. Os altos juros são um “imã” que
faz o capital migrar para os títulos públicos ao invés de especular ou sair do país.

Título públicos Especular

Indústria Sair do país


Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

O problema da dívida pública não se resolve com “auditoria”. Aliás, tal auditoria iria
resultar em fuga de capitais e faria o Banco Central ter que oferecer juros ainda
mais altos para satisfazer o capital! O problema da dívida interna do Brasil é fruto
da abertura financeira e do próprio funcionamento do capitalismo, que obrigam o
Estado a criar mecanismos para a reprodução do capital.

Título públicos Especular

Indústria Sair do país


Para que serve a Política Monetária

4. Controle do câmbio

Não se pode acabar com a dívida pública no capitalismo, visto que isso faria nossa
moeda se desvalorizar com a fuga de capitais. Esse problema não se resolve com
“auditoria” ou “boa vontade do Banco Central”, mas sim transformando o sistema
econômico em que a sociedade está inserida antes que esse sistema nos mate.

Socialismo
Capitalismo
Barbárie
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia

O BC não controla a quantidade de Reais, mas sim o custo dos Reais, vendendo e
comprando títulos públicos, ou emprestando e “tomando” reservas, nas quantidades
necessárias para que o juro interbancário seja igual à Selic.

Reservas

Títulos Públicos
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia

A taxa Selic determina o juro que o BC “gostaria” que os bancos utilizassem quando
emprestam reservas uns para os outros pelo prazo de 01 dia. Esse não é o juro que
os bancos cobram dos consumidores nem que o BNDES usa para financiar projetos!
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia

Utilizando o seu poder de criador de moeda, o Banco Central pode comprar e vender
títulos públicos, ou emprestar e pegar reservas emprestado dos bancos oferecendo
retornos que façam os juros interbancários se aproximarem da meta SELIC.

Excedente Excedente

Empréstimo Reservas
Empréstimo
Reservas Reservas
Reservas
Reservas

Banco A Banco B Banco C Banco D BC


Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia

Ou seja, a política monetária, via taxa Selic, impede flutuações bruscas dos juros,
tanto para cima quanto para baixo. Ao controlar os juros interbancários, o Banco
Central define indiretamente todas as outras taxas de juros da economia.
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia


E se o Banco Central “erra” a taxa de juros?

Embora o Banco Central tenha o poder de definir a taxa de juros, isso não significa
que o juro escolhido seja o ideal para a economia. Esse é um debate relevante.

? ? ? ?
?
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia


E se o Banco Central “erra” a taxa de juros?

Se o Banco Central sobe a taxa de juros para combater a inflação de demanda, mas
a economia precisa investir para ampliar sua produtividade e atender essa demanda,
o resultado será ainda mais inflação. O juro alto inviabiliza o investimento produtivo.
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia


E se o Banco Central “erra” a taxa de juros?

Se o Banco Central sobe a taxa de juros para combater uma inflação causada pela
desvalorização do câmbio, isso apenas empurra o problema para frente. Os reais
congelados no presente vão se multiplicar e tentar sair de novo no futuro.
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia


E se o Banco Central “erra” a taxa de juros?

Se o Banco Central sobe a taxa de juros para combater a especulação depois que a
bolha já cresceu demais, a elevação dos juros pode causar uma crise financeira
como a de 2008 e 2023. (melhor exploradas nas aulas 04 e 05)
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia


E se o Banco Central “erra” a taxa de juros?

Se o Banco Central abaixar os juros tentando estimular uma economia que já está
no limite do endividamento, os bancos vão usar seu excedente de reservas para
especular no mercado financeiro, visto que não há demanda por crédito produtivo.
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia


E se o Banco Central “erra” a taxa de juros?

Se o Banco Central abaixar os juros tentando estimular uma economia onde não
existe expectativa de lucratividade nem na indústria nem na especulação, a
tendência do capital é tirar o dinheiro do país e desestabilizar a taxa de câmbio.
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia


E se o Banco Central “erra” a taxa de juros?

Bancos Centrais “erram” a taxa de juros se usarem modelos econômicos incorretos.


Embora esse “erro” possa ser intencional para beneficiar algum grupo específico.

Visto que a taxa de juros pode manipular o câmbio, criar bolhas especulativas,
transferir riqueza para o topo da sociedade, e causar crises financeiras, devemos
sempre nos perguntar “a quem o Banco Central serve?”.
Para que serve a Política Monetária

5. Estabilizar a taxa de juros da economia


E se o Banco Central “erra” a taxa de juros?

“A quem o Banco Central serve?”

Devemos nos perguntar quem se beneficia da política monetária do Brasil e quem


sofre com ela. Essa pergunta nos mostra que nosso problema não é meramente
técnico, mas um sintoma da luta de classes. O Banco Central serve ao capital. O
Banco Central existe com o propósito de proteger e reproduzir capital.
Para que serve a Política Monetária

Para que serve a política monetária em teoria?

Controle da inflação

Aplicação garantida pelo Estado / Controle de demanda

Controle do câmbio

Estabilizar a taxa de juros da economia


Para que serve a Política Monetária

Para que serve a política monetária na prática?

Proteger o capital durante a inflação

Alimentar o parasitismo rentista

Concentrar recursos na mão do capital

Manipular o câmbio a favor do capital

Manipular a taxa de juros a favor do capital


foto: The Next Gen Scientist foto: Nataliacury foto: University of Texas at Austin

Desmentindo Campos Neto


Como o capital invade a mente de gestores públicos

foto: Taman Negara NP foto: Erich G. Vallery foto: Ian Suzuki foto: Holger Krisp
Desmentindo Campos Neto

“Se o dinheiro está caro, a culpa não é do BC, porque é


Campos Neto:
malvado, mas do governo, que deve muito”

O juro é 100% definido pelo Banco Central, não tendo qualquer relação com o tamanho da
dívida pública. Se a hipótese esdrúxula de Campos Neto fosse verdadeira, os Estados
Unidos, que têm a maior dívida pública do mundo, teriam também o maior juro do mundo.
Campos Neto é um ser vivo cujo cérebro foi dominado pelo capital. Campos Neto
mantém os juros altos porque seu propósito de vida é ajudar o capital a se reproduzir.
Desmentindo Campos Neto

“O governo está competindo com você pelo dinheiro que tem disponível
Campos Neto: para aplicar em projetos. O culpado pelos juros altos é que tem alguém
competindo pelos mesmos recursos e pagando mais”

Como explicado na aula 02, o Estado pode criar sua própria moeda, significando que não
existe disputa por dinheiro entre o setor público e o privado. A verdade é o contrário!
Quanto mais o Estado gasta, mais moeda entra na economia e se transforma em fundos
que podem ser investidos! A real disputa não é por dinheiro, mas sim por recursos
produtivos reais, que o capital deseja consumir para continuar sua reprodução.
Qual o “custo” da política monetária
Desviando verbas dentro da lei
Custo da Política Monetária

Ao longo dos anos, o custo da política monetária no Brasil supera várias vezes os gastos
com áreas como saúde e educação, operando como se fosse um orçamento paralelo.

FONTE: BCB (Estatísticas fiscais); Portal da Transparência


Elaboração própria Selic 10%

Selic 2%
Custo da Política Monetária

Quanto “custa” ao Estado os juros desses títulos?

FONTE: Portal da Transparência


Em 2021, por exemplo, gastou-se
mais de 500 bilhões de reais para
o pagamento de juros desses
títulos. Esse é o “custo” da política
monetária no ano.

https://www.portaltransparencia.gov.br/despesas/programa-e-aca
o?paginacaoSimples=true&tamanhoPagina=&offset=&direcaoOrd
enacao=asc&de=01%2F01%2F2021&ate=31%2F12%2F2021&c
olunasSelecionadas=linkDetalhamento%2CmesAno%2Cprogram
a%2Cacao%2CvalorDespesaEmpenhada%2CvalorDespesaLiqui
dada%2CvalorDespesaPaga%2CvalorRestoPago
Custo da Política Monetária

Quanto “custa” ao Estado os juros desses títulos?

FONTE: Portal da Transparência

O item 0907 é desconsiderado,


E isso aqui!?
pois se trata de refinanciamento
dos títulos públicos, que é a troca
de títulos antigos por títulos
novos.

A tal rolagem da dívida…


Custo da Política Monetária

Quanto “custa” ao Estado os juros desses títulos?

Por que desconsiderar o item 0907?

Imagine que você pega R$100 de um amigo e entrega para ele um papel em que você
se compromete a pagar R$101 no mês seguinte. Passados 30 dias, você paga o R$1
de juros e diz para seu amigo que não tem o resto. Sendo assim, você cria outro papel
prometendo pagar R$101 no mês seguinte em troca do papel antigo. Ao fazer isso,
você está rolando a dívida. O seu gasto foi de apenas R$1, não de R$101.
Custo da Política Monetária
Observando as receitas do Estado, percebe-se que a rolagem da dívida é sempre
precedida de receitas na forma de operações de crédito (criação de títulos públicos).

Receitas 2020 Despesas 2021

FONTE: Portal da Transparência


Custo da Política Monetária

Quanto “custa” ao Estado os juros desses títulos?

Em 2021, a política monetária custou o


equivalente a 6,3% do PIB.

Desconsiderando o item 0907, o custo


da política fiscal representou em torno
de 22% do orçamento… que é muito!

Vejamos algumas comparações…


Custo da Política Monetária
Comparado com outros países do BRICS, Chile e México, o Brasil é um ponto fora da curva.

Fonte: World Bank Data; Elaboração Dominância-Financeira-e-Privatização-das-Finanças-Públicas-no-Brasil (pag 59);


Custo da Política Monetária

Comparações…
Em 2021 as despesas com juros foram o equivalente a 6,3% do PIB

Em 18 anos, o Bolsa Família*, ajudou


124,2 milhões de pessoas, tirou 3,4
milhões da pobreza extrema, reduziu
mortalidade infantil em 16%, ajudou 69%
dos beneficiários a se erguer e sair do
programa.
Custou: 0,5% do PIB por ano

* https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59099166
Custo da Política Monetária

Comparações…
Em 2021 as despesas com juros foram mais de 500 bilhões (R$)

O auxílio emergencial (mais caro de todos


os programas sociais já feitos no Brasil),
em menos de um ano, beneficiou 67,9
milhões de pessoas, 40% das residências
brasileiras, tirou 15 milhões da pobreza.
Custou: 294 Bilhões (R$)
Custo da Política Monetária

Comparações…
Em 2021 as despesas com juros foram mais de 500 bilhões (R$)

A PEC da transição, chamada de “PEC da


gastança” pela mídia liberal, autorizou um
aumento no gasto federal de apenas:
168 bilhões (R$) por ano à partir de 2023
Custo da Política Monetária

Comparações…
Em 2021 as despesas com juros foram mais de 500 bilhões (R$)

No mesmo ano de 2021, os ministérios da…

Saúde gerenciou: 169 Bilhões (R$)


Educação gerenciou: 127 Bilhões (R$)
Infraestrutura gerenciou: 5,8 Bilhões (R$)
Custo da Política Monetária

Quanto “custa” ao Estado os juros desses títulos?

O problema não é o tamanho da dívida,


mas sim a taxa de juros, que é o maior
determinante da política monetária.

A previsão para os gastos com juros


em 2023 é de 800 bilhões de reais.
Custo da Política Monetária

Quem são os donos desses títulos públicos?

Em Setembro de 2021, os títulos públicos estavam: 31% em instituições financeiras,


23% em fundos de investimentos, 22% em previdências, e 10% com não-residentes.
Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, de Setembro 2021 (Pág. 13, tabela 2.4)
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:41762
Custo da Política Monetária

Tanto a política fiscal como a política monetária, feitas por instituições “supostamente”
públicas, são ferramentas usadas pela classe dominante para extrair valor da sociedade.
O orçamento público e o Banco Central servem para reproduzir capital, não ajudar povo.

Lucros, dividendos, pedágios Juros dos títulos públicos

Política Monetária
Privatização Compra de títulos
Política Fiscal

Classe
a a dominante
a a

Consumo
Empresas
Arrow Estatais
Arrow Trabalhadores Títulos
Arrow Públicos
Arrow

Imposto
Gasto públicos Gasto públicos
Estado
Custo da Política Monetária

É possível cumprir os objetivos da política monetária de outras maneiras?

? ?
? ?
? ? ?
?
“O país está quebrado e precisa pegar emprestado porque gasta demais”
?
?
? ? ? ?
? ?
Quais as falsas alternativas
Onde a “esquerda” liberal erra no discurso

Esquerda Radical: Queremos abolir a escravidão!

Esquerda Reformista: Queremos melhorar as condições de trabalho dos escravos.

Esquerda Liberal: Queremos que os escravos também possam comprar escravos.


Falsas Alternativas

Quais as faltas alternativas?

Por falta de compreensão sobre a política monetária, pessoas bem intencionadas,


mas pouco esclarecidas, costumam propor soluções mágicas para o problema.
Alguns exemplos de falsas alternativas são:
- Simplesmente baixar o juro e achar que isso vai salvar a economia.
- Fazer uma “auditoria” e dar um calote em parte da dívida pública.
Falsas Alternativas

Apenas baixar a Selic não funciona?

Baixar a Selic ajuda a combater nossos parasitas financeiros. Porém, apenas isso
não resolve a desindustrialização do país, visto que faltam políticas públicas de
investimento. Baixar o juro imaginando que o capital vai magicamente construir
fábricas… em um país com a população endividada… e um Estado cortando
gastos… é utopia da esquerda-liberal que vendeu a alma pro capitalismo.

Baixei a Selic.
Porque não dá lucro, ué!
Por que você não investe
nessas fábricas aí?
Falsas Alternativas

Apenas baixar a Selic não funciona?

Além disso, na falta dos títulos públicos como ferramenta de reprodução de capital,
na falta de políticas públicas de investimento, e na falta de controle financeiro em
nossas fronteiras, o capital simplesmente trocaria reais por dólares, fazendo o
câmbio se desvalorizar e produzindo inflação. Basicamente, não existem soluções
capitalistas para problemas capitalistas, pois o capital é incontrolável.

Eu apenas sigo o que o


Por que você está tirando
deus capital manda.
dinheiro do país?
Falsas Alternativas

Apenas
Qual obaixar a Selic
problema danão funciona?
auditoria?

A auditoria funciona para dívidas externas, quando o país deve dinheiro em uma
moeda estrangeira, como a Argentina. Nesses casos, o calote ajuda a libertar o país
de dívidas criminosas com o FMI ou Banco Mundial, além de se livrar daquilo que é
a principal causa de hiperinflação no mundo: as dívidas externas. (aula 02)
Falsas Alternativas

Qual o problema da auditoria?

No caso do Brasil, a nossa dívida é interna, medida em reais (R$), significando que
ela não cumpre o mesmo papel que as dívidas externas. Se a Argentina der um
calote na dívida dela, isso significaria libertar o país da exploração estrangeira. No
Brasil, dar um calote na dívida significaria abolir a política monetária. (Um calote
da dívida interna só faz sentido caso o Brasil deixe de ser capitalista)
Falsas Alternativas

Qual o problema da auditoria?

No Brasil, a dívida pública cumpre o papel de política monetária, servindo para


gerenciar a inflação, o câmbio e o juro no mercado interbancário. Além disso, ela
serve como um buraco em que o capital ejacula dinheiro para se reproduzir quando
precisa de um ativo financeiro seguro; ou seja, ao invés de tirar o dinheiro do país e
desvalorizar nossa moeda, o capital compra títulos da dívida pública.
Falsas Alternativas

Qual o problema da auditoria?

A auditoria e o calote fariam a dívida pública deixar de ser segura, de forma que o
capital iria buscar outras formas de se reproduzir, seja especulando ou comprando
títulos públicos de outros países mais “seguros”. A consequência imediata seria a
fuga de capitais e a desvalorização do real. Para convencer o capital a voltar a
comprar esses títulos públicos, seria necessário oferecer juros ainda maiores!
Falsas Alternativas

Não existe solução mágica

É idealismo achar que basta baixar os juros que a iniciativa privada vai investir*, ou
dar um calote na dívida para destravar o orçamento**. Problemas capitalistas não
se resolvem com soluções capitalistas. É necessário transformar as dinâmicas
econômicas do país, mudando a forma como operam os bancos, o banco central, a
política fiscal, a política monetária, nossas relações de trabalho, e a forma como o
valor é produzido e distribuído em nossa sociedade.

** Expliquem isso para * Expliquem isso


Auditoria Cidadã da Dívida para o Haddad
Existe alternativa?
A sociedade deseja valor de uso, não valor de troca
Existe alternativa

E se não existirem esses títulos públicos?

Em um país capitalista sem títulos públicos e sem política monetária, o


capital (o meme que se multiplica) perde um de seus mecanismos de
reprodução, fazendo com que ele migre para outros setores.

No “melhor” dos casos, se houver possibilidade de lucro na economia real,


o capital vai se reproduzir investindo na indústria de produtos e serviços.

No pior dos casos, o capital será usado para criar bolhas especulativas ou
será convertido em dólares para fugir do país (desvalorizando o câmbio).
Existe alternativa

Então a dívida pública é algo bom?

Em um país capitalista, ela não é boa nem ruim. Ela é necessária para o
funcionamento normal do sistema econômico, visto que sua ausência
produz as bolhas especulativas e a desestabilização do câmbio.

Enquanto o Brasil continuar sendo um país capitalista, somos obrigados a


continuar fazendo política monetária. Resta à nós, enquanto a revolução
não vier, debater qual a melhor forma de realizar essa política monetária
em benefício da população… ao invés alimentar o rentismo.
Existe alternativa

Podemos dar um calote na dívida?

Dívidas internas são diferentes de dívidas externas. Dar um calote em


uma dívida externa, como é o caso do Equador, Argentina e outros países
aprisionados pelo FMI, significa se libertar do colonialismo financeiro.

No Brasil, nossa dívida é interna, medida em moeda nacional (R$). Dar


um calote nessa dívida é a mesma coisa que abandonar a política
monetária. O que seria impossível dentro da lógica capitalista. Podemos
controlar os juros dessa dívida e as condições sob as quais ela é criada.
Existe alternativa

Existe possibilidade de um calote parcial?

A auditoria da dívida interna faz sentido em um caso: Se pessoas ou empresas que


devem para o Estado possuem esses ativos financeiros, podemos anular uma
parte desses títulos proporcional à dívida como forma de “pagamento compulsório”.
Por exemplo, se os acionistas da Vale do Rio Doce que causaram o desastre de
Brumadinho tiverem títulos da dívida pública, fazemos eles pagarem com os títulos.

A dívida é segura
para não-criminosos

Devedor! Devedor!
Existe alternativa

Então não temos como nos livrar da dívida pública?

O calote da dívida interna brasileira apenas é possível em uma revolução


socialista na qual o capitalismo seja superado e todos os mecanismos de
reprodução do capital percam suas utilidades.

Superar o capitalismo não significa voltar à idade média, nem ao


tribalismo, nem à idade da pedra. Significa avançar para um sistema que
não seja baseado na reprodução do capital e do valor de troca, mas um
sistema baseado na reprodução da sociedade e do valor de uso.

Escravismo → Feudalismo → Capitalismo → Socialismo → ?????


Existe alternativa

Existe alternativa à política monetária?

1. Controle da inflação e demanda 3. Controle do câmbio

2. Aplicação garantida pelo governo 4. Estabilizar os juros da economia

Os títulos públicos com altos juros não são a única ferramenta para atingir os
objetivos que o Banco Central “supostamente” cumpre. Pode-se governar a
economia sem oferecer altos juros ao setor financeiro nem impor um teto de gastos
sobre a população. A desculpa de que “o país está quebrado e precisa pegar
emprestado porque gasta demais” é uma mentira que visa justificar as políticas de
genocídio cometidas pelo Banco Central e pelo próprio Estado capitalista.
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

1. Controlar a inflação 1. Garantir estabilidade econômica

O controle da inflação deve focar em suas causas. Usar a taxa de juros como arma
é apenas um escudo criado pela burguesia para proteger seu capital. Como visto na
aula 02, o real controle da inflação exige investimento em infraestrutura, indústrias,
profissionais, recursos naturais e tudo aquilo que realmente é necessário para criar
valor de uso que a sociedade demanda. (ao invés de criar apenas valor de troca)

Caixa
preta do !!!!!

Mercado
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

2. Dar aplicações financeiras ao povo 2. Garantir o sustento da sociedade

Os títulos públicos podem ser substituídos por previdência pública, programas de


renda mínima, ou serviços públicos gratuitos (educação, saúde, transporte, internet,
moradia, segurança). A vantagem dessa opção é atender a todos, ao contrário dos
títulos públicos que servem como renda apenas para quem já tem capital de sobra.
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

2. Dar aplicações financeiras ao povo 2. Garantir o sustento da sociedade

Isso tem relação com o que foi mencionado na solução 01, que envolve desenvolver
as forças produtivas do país e aumentar nossa produção de valor de uso. Não
existe necessidade de “poupar dinheiro para o futuro”, mas sim de construir as
condições materiais para sustentar a sociedade. A mesma lógica que funciona para
impedir a inflação também serve para garantir qualidade de vida aos aposentados.
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

2. Dar aplicações financeiras ao povo 2. Garantir o sustento da sociedade

Quando o banco central sobe os juros para “proteger a poupança dos aposentados”,
a verdade é que isso destrói a capacidade de investimento do país no longo prazo,
piorando as condições materiais futuras. Ao fazer isso, o Banco Central não está
resolvendo o problema, mas apenas jogando nas costas dos trabalhadores pobres e
endividados que não têm acesso aos fundos privados de previdência.
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

3. Controle do câmbio

O controle do câmbio pode ser feito com impostos maiores sobre operações
financeiras que cruzem a fronteira, de forma que os custos de enviar dinheiro para
fora não compense o retorno. Além disso, é possível criar barreiras à saída do
capital por meio de políticas industriais que incentivem o investimento no próprio
país e o consumo de produtos nacionais.
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

3. Controle do câmbio

Seria necessário fazer algo que o capital odeia, que é controlar sua entrada e saída
no país, criando regras claras para impedir fluxos especulativos e fuga de capitais.
Ou seja, domesticar o capital no curto prazo. Porém, cuidado, pois quando o capital
encontra restrições ao seu movimento, costuma atacar o cérebro do hospedeiro e
promover golpes de Estado, invasões militares, guerra híbrida, etc.
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

4. Estabilização dos juros

A estabilização dos juros pagos pelos consumidores e empresas pode ser feita
através dos próprios bancos públicos como a Caixa Econômica Federal, BNDES,
Banco do Brasil, e outros. Um sistema financeiro público tem a vantagem de que o
pagamento de juros se torna receita do Estado, reduzindo os impostos!
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

4. Estabilização dos juros

Se todo o crédito é criado a partir de bancos públicos, não existe a necessidade de


uma taxa Selic para controlar os juros, visto que os próprios bancos iriam determinar
o juro diretamente na ponta, para o consumidor, quando as pessoas buscam crédito
para seus pequenos negócios ou para um financiamento imobiliário.
Existe alternativa
Existe alternativa à política monetária?

4. Estabilização dos juros

Sem o objetivo de lucro e reprodução de capital dos bancos privados, o crédito na


sociedade seria criado com o objetivo de produzir valor de uso e financiar os
investimentos que a própria sociedade deseja, ao invés de financiar os
investimentos que apenas reproduzem capital.
Existe alternativa

Existe alternativa à política monetária?

Obviamente, essas outras alternativas não são lucrativas para o setor financeiro
especulativo, nem empresas que exploram mão de obra barata. Fica claro porque o
Estado, pressionado por grupos economicamente poderosos que se beneficiam dos
juros altos, opta por usar títulos públicos e normas fiscais como principais
ferramentas econômicas. O Capital é um ser violento que domina o hospedeiro!

$ $
Recapitulando

Recapitulando
1. O Estado não pega emprestado
2. Títulos públicos não são dívidas
3. …mas servem para política monetária
4. Política monetária é gestão da moeda
5. …e controle de poder de compra
6. …e controle de demanda
7. A política monetária envolve interesses de classe
Nos próximos capítulos
Nos próximos capítulos

Até o momento vimos como as instituições públicas que controlam as políticas fiscais e
monetárias são usadas para reproduzir capital e roubar valor criado pela sociedade. Na
próxima aula, veremos como o sistema bancário privado faz o mesmo.

Lucros, dividendos, pedágios Juros dos títulos públicos


Não diz pro povo como
Privatização Compra de títulos funcionam os bancos!
Ninguém pode saber
Classe
a a dominante
a a
que criamos moeda!
Consumo
Empresas
Arrow Estatais
Arrow Trabalhadores Títulos
Arrow Públicos
Arrow

Imposto
Gasto públicos Gasto públicos
Estado
Moeda, imposto, dívida pública e outras coisas…

De onde vem a moeda?

FONTES

Moeda, imposto, dívida pública e outras coisas…


FONTES

1. História da moeda, da dívida e do dinheiro

2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

3. Funcionamento da moeda bancária (escritural)

4. O Capitalismo e suas crises econômicas

5. Leis e regulamentos relevantes

6. Outras fontes
FONTES: 1. História da moeda, da dívida e do dinheiro

Georg Friedrich Knapp; 1924,


David Graeber; 2011; The State Theory of Money
Debt: The First 5000 Years
John. M. Keynes; 1930;
Michael Hudson; 2018; A Treatise on Money: the pure theory of money
… and forgive them their debts: Lending, Foreclosure and
Redemption from Bronze Age Finance to the Jubilee Year Karl Polanyi, Conrad M. Arensberg, Harry W. Pearson;
1957;
Karl Marx; 1859 Trade and Market in the Early Empires: Economies in
A Contribution to the Critique of Political Economy History and Theory

Alfred Mitchell Innes; 1914; L. Randall Wray; 2004;


“The credit theory of money,” Banking Law Journal Credit and State Theories of Money: The Contributions of A.
Mitchell Innes
FONTES: 2. Funcionamento da moeda pública (fiduciária)

Daniel Negreiros Conceição, Fabiano Dalto; 2022; Andrew Berkeley, Josh Ryan-Collins, Richard Tye, Asker Voldsgaard,
A Importante Lição da Coronacrise sobre os Limites do Gasto Público Neil Wilson; 2022;
https://fonacate.org.br/wp-content/uploads/2022/04/Cadernos-Reforma-Admin The self-financing state: An institutional analysis of government expenditure,
istrativa-N.-37.pdf revenue collection and debt issuance operations in the United Kingdom

Abba P. Lerner; 1943; Fabiano A S Dalto, Enzo M Gerioni; Júlia A Omizzolo; David Deccache;
Functional Finance and the Federal Debt. Social Research, no. 10 Daniel Conceição; 2020;
Teoria Monetária Moderna: a chave para uma economia a serviço das
Abba P. Lerner; 1947; pessoas
Money as a Creature of the State
L. G. Belluzzo, L. C. Raimundo; S. Abouschedid; 2021;
Gestão da Riqueza Velha e Criação de Riqueza Nova: a Modern Money
Alfred Mitchell Innes; 1913;
Theory (MMT) é a solução?
“What is money?” Banking Law Journal
André Lara Resende; 2017;
L. Randall Wray; 2015;
Juros, Moeda e Ortodoxia: teorias monetárias e controvérsias políticas
Modern Money Theory: a primer on macroeconomics for sovereign monetary
André Lara Resende; 2022;
Steve Keen; 2022; A camisa de força ideológica da macroeconomia
The New Economics : A manifesto https://www.cebri.org/media/documentos/arquivos/V_5.4.2022_-_Andre_Lara
_Resend.pdf
Stephanie Kelton; 2020;
The deficit myth: Modern Monetary Theory and the birth of the people’s Warren Mosler; 2013;
economy Soft Currency Economics II: The Origin of Modern Monetary Theory
FONTES: 3. Funcionamento da moeda bancária (escritural)

Josh Ryan-Collins, Tony Greenham, Richard Werner, Andrew Jackson; 2017


Where Does Money Come From? – A Guide To The Uk Monetary And Banking System

Michael McLeay, Amar Radia, Ryland Thomas; 2014


Money creation in the modern economy (Bank of England)
https://www.bankofengland.co.uk/-/media/boe/files/quarterly-bulletin/2014/money-creation-in-the-modern-economy

Deutsche Bundesbank; 2017


The role of banks, non-banks and the central bank in the money creation process.
https://www.bundesbank.de/resource/blob/654284/df66c4444d065a7f519e2ab0c476df58/mL/2017-04-money-creation-process-data.pdf

Steve Keen; 2022;


The New Economics : A manifesto
FONTES: 4. O Capitalismo e suas crises econômicas
Karl Marx; 1867 Ladislau Dowbor; 2018
Capital: A Critique of Political Economy A Era do Capital Improdutivo

Irving Fisher; 1933 Richard Werner; 2003


The debt-deflation theory of great depressions, Econometrica, 1: 337–55. Princes of the Yen: How Japan's Central Bankers Engineered their Country's
https://www.jstor.org/stable/1907327
Boom and Bust
Hyman P. Minsky; 1992
The Financial Instability Hypothesis Richard Vague; 2019
https://www.levyinstitute.org/pubs/wp74.pdf A Brief History of Doom: Two Hundred Years of Financial Crises

Dirk J Bezemer; 2009 Atif Mian; Ludwig Straub; Amir Sufi; 2019
No One Saw This Coming: Understanding Financial Crisis Through Accounting Models
https://mpra.ub.uni-muenchen.de/15892/1/MPRA_paper_%2015892.pdf The Saving Glut of the Rich and the Rise in Household Debt
https://www.rba.gov.au/publications/workshops/research/2019/pdf/rba-workshop-2019-sufi.pdf

Michael Hudson; 2021


Super Imperialism [3rd edition] - The Economic Strategy of American Empire Leda Maria Paulani; 2022
Recursos Públicos para o Enriquecimento Privado: uma reflexão sobre o
Michael Hudson; 2015 papel do Estado no atual padrão de acumulação (e o Brasil como paradigma)
Killing the Host - How financial parasites and debt destroy the global economy https://sinait.org.br/doc_reforma/caderno35.pdf

Michael Hudson; 2012 Rudinei Marques, José Celso Cardoso Jr; 2022
The Bubble and Beyond : Fictitious Capital, Debt Deflation and Global Crisis Dominância Financeira e Privatização das Finanças Públicas no Brasil
https://fonacate.org.br/noticia/entidades/fonacate-lanca-livro-dominancia-financeira-e-privatizacao-das-financas-
James Andrew Felkerson; 2011 publicas-no-brasil/

$29,000,000,000,000: A Detailed Look at the Fed’s Bailout by Funding Facility


and Recipient Ilan Lapyda; 2021
https://www.levyinstitute.org/publications/29000000000000-a-detailed-look-at-the-feds-bailout-by-funding-facility Os Principais Agentes Privados da Financeirização no Brasil do século XXI
-and-recipient https://sinait.org.br/doc_reforma/caderno23.pdf
FONTES: 5. Leis e regulamentos relevantes
Obrigatoriedade de aceitação da moeda pública
Lei Orçamentária Anual – Conhecida como L.O.A
https://www12.senado.leg.br/orcamento/legislacao-orcamentaria Artigo 43 do Decreto Lei nº 3.688 de 03 de Outubro de 1941

LEI Nº 4.595, DE 31 DE DEZEMBRO DE 1964 (Art.8 par. único; Art. 10


art. 167, inciso III, da Constituição Federal de 1988 (CF/1988) inciso V, Art. 11 inciso II)
Regra de Ouro, que restringe o volume das despesas correntes, por meio da Como o Banco Central cumpre a função de “prestamista de última instância”,
vedação à realização de operações de crédito que excedam as despesas de oferecendo reservas aos bancos comerciais. (Os lucros desses empréstimos
capital. viram receita do governo):
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4595.htm
Regra de Primário, que impõe a necessidade de se contingenciar despesas,
por meio da limitação de empenhos e movimentações financeiras, com o Normas prudenciais do Banco Central do Brasil
propósito de cumprir a meta de resultado primário fixada na Lei de Diretrizes https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira

Orçamentárias (LDO), em conformidade com os dispositivos da Lei


Complementar no 101/2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Normas do comitê internacional de Basiléia
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/recomendacoesbasileia
https://www.bis.org/bcbs/basel3.htm
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), estabelecida no ano 2000.
Anualmente, a Lei Orçamentária fixa uma meta de resultado primário, ou Resolução BCB n° 129 de 19/8/2021
seja, o resultado da subtração de receitas esperadas e despesas autorizadas, Possibilidade dos bancos depositarem reservas no Banco Central em troca
excluindo pagamentos de juros e amortizações da dívida pública de juros (tipo poupança):
https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/exibenormativo?tipo=Resolu%C3%A7%C3%A3o%20BCB&nume
Novo Regime Fiscal, fixado pela Emenda Constitucional no 95/2016, convertida nos ro=129

arts. 107 a 114 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da


CF/1988, que fixou um teto congelado em termos reais para as despesas primárias Operações compromissadas do Banco Central
https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/1999/pdf/res_2675_v2_L.pdf
para vigorar pelo período de duas décadas, de 2017 a 2036.2. Conhecido como teto
de gastos - O Novo Regime Fiscal previu, por até vinte anos, correção das despesas
Base monetária conforme definido pelo Banco Central do Brasil
apenas pela inflação de doze meses acumulada até junho do exercício anterior ao que https://www.bcb.gov.br/ftp/infecon/NM-MeiosPagAmplp.pdf
se refere a lei orçamentária. https://www3.bcb.gov.br/sgspub/
FONTES: 6. Outras fontes
Custo ao tesouro nacional em 2021 para pagamento de juros dos títulos
públicos:
https://www.portaltransparencia.gov.br/despesas/programa-e-acao?paginacaoSimples=true&tamanhoPagina= Global Revenue Statistics Database; OECD
&offset=&direcaoOrdenacao=asc&de=01%2F01%2F2021&ate=31%2F12%2F2021&programa=0905&colunasS
elecionadas=linkDetalhamento%2CmesAno%2Cprograma%2Cacao%2CvalorDespesaEmpenhada%2CvalorD
Base de dados das estatísticas tributárias; OCDE
espesaLiquidada%2CvalorDespesaPaga%2CvalorRestoPago https://www.oecd.org/tax/tax-policy/global-revenue-statistics-database.htm

Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, de Setembro 2021 (Pág. 13, Radhika Desai, Michael Hudson; 2021
tabela 2.4) Beyond the Dollar Creditocracy: A Geopolitical Economy
https://www.michael-hudson.com/wp-content/uploads/2021/07/Hudson_Valdai116.pdf
Em Setembro de 2021, os títulos públicos estavam: 31% em instituições
financeiras, 23% em fundos de investimentos, 22% em previdências, e 10% Esteban Almiron; 2022
com não-residentes. How Argentina has been trapped in neocolonial debt for 200 years: An
https://sisweb.tesouro.gov.br/apex/f?p=2501:9::::9:P9_ID_PUBLICACAO:41762
economic history
https://geopoliticaleconomy.com/2022/12/18/argentina-neocolonial-debt-history/
ANBIMA – Consolidado Histórico de Fundos de Investimento (Julho,
2022. Pág. 7) Radhika Desai; 2022
Em 2022 os fundos de investimento brasileiros tinham 70% de seu capital What is really causing inflation? Neoliberal financialization decimated
alocado em títulos públicos productive capacity
https://www.anbima.com.br/pt_br/informar/estatisticas/fundos-de-investimento/fi-consolidado-historico.htm https://geopoliticaleconomy.com/2022/11/07/inflation-neoliberal-financialization/

Você pode acompanhar os gastos do governo através do Portal da Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI (Evento
Transparência: BNDES)
https://www.portaltransparencia.gov.br/orcamento
Dia 01: https://www.youtube.com/watch?v=HXsbSiOH8bE
Dia 02: https://www.youtube.com/watch?v=ygrocuaff8I
Serviço de exportação de engenharia do BNDES
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/bndes-aberto/exportacoes
https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/transparencia/consulta-operacoes-bndes/contratos-exportacao-
bens-servicos-engenharia
FONTES: 6. Críticas ao Novo Arcabouço Fiscal

Notícias sobre o novo arcabouço fiscal:


https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/04/18/veja-a-integra-do-projeto-do-novo-arcabouco-fiscal.ghtml
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/03/entenda-os-principais-pontos-da-regra-fiscal-proposta-pelo-governo-lula.shtml
https://jornalggn.com.br/coluna-economica/xadrez-do-rascunho-de-arcabouco-fiscal-e-suas-limitacoes-por-luis-nassif/
https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/03/30/arcabouco-fiscal-equipe-economica-divulga-a-proposta-para-substituir-o-teto-de-gastos.ghtml

Críticas ao novo arcabouço fiscal


Revista Outras Palavras, primeiro link é a crítica ao projeto inicial, a segundo é uma crítica ao projeto aprovado
https://outraspalavras.net/crise-brasileira/onde-haddad-errou/
https://outraspalavras.net/crise-brasileira/arcabouco-o-que-era-ruim-pode-piorar/

Proposta de novo arcabouço fiscal beneficia mercado financeiro


https://averdade.org.br/2023/03/proposta-de-novo-arcabouco-fiscal-beneficia-mercado-financeiro/

Nova regra fiscal beneficia mercado financeiro e ignora dívida pública


https://averdade.org.br/2023/04/nova-regra-fiscal-beneficia-mercado-financeiro-e-ignora-divida-publica/

Obrigado por querer entender sobre a política e a economia de nosso país.

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