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Graduada em Psicologia pela UFRGS, possui mestrado em Administração também por está universidade, onde
atualmente cursa seu doutoramento.
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Graduada em Administração, ênfase em RH, pela UFRGS, possui mestrado em Administração também por está
universidade, onde atualmente cursa seu doutoramento.
em revelo a necessidade de que as pesquisas de campo nas Ciências Sociais fossem tratadas
com maior cientificidade. Para Malinowski (1978), os cientistas sociais deveriam se
preocupar tanto quanto os cientistas das Ciências Exatas no que diz respeito à descrição das
condições em que as observações foram realizadas, bem como a maneira como procederam
no campo. Antes de partir em direção a grandes generalizações, faz-se necessário revelar as
experiências concretas que lhe permitiram a formulação das conclusões acerca de uma
cultura. Nas palavras de Malinowski (1978):
A meu ver, um trabalho etnográfico só terá valor cientifico irrefutável se nos
permitir distinguir claramente, de um lado, os resultados da observação direta e das
declarações e interpretações nativas e, de outro, as inferências do autor, baseadas
em seu próprio bom-senso e intuição psicológica (MALINOWSKI, 1978, p. 18).
Para a obtenção desse valor científico da pesquisa etnográfica é preciso, segundo
Malinowski (1978, p. 20), a aplicação do bom-senso e de princípios científicos. Estes se
configuram pelo: 1) objetivo verdadeiramente científico da pesquisa e pelo “conhecimento
dos valores e critérios da etnografia moderna”; 2) pelas condições em que foi realizada a
pesquisa, que para ser considerada boa, pressupõe que o pesquisador viva, literalmente, como
os pesquisados; e, 3) pelo uso de métodos especiais de coleta, manipulação e registro das
evidências.
Malinowski utilizou sua experiência entre os nativos das ilhas Trobriand para
exemplificar o que ele considera condições adequadas à pesquisa etnográfica. Não obstante,
o fato do objeto de estudo do autor ter sido uma tribo a qual ele, como homem “civilizado”,
não pertencia, permite que a exigência da pesquisa etnográfica, qual seja: a do afastamento do
pesquisador de seu lócus de origem, a fim de aproximar-se o máximo possível do informante,
fosse acatada. Portanto, acampar entre os nativos e afastar-se do homem branco permitiram a
completa inserção no “mundo” a ser pesquisado. Contudo, estar entre os nativos não significa
obter êxito na pesquisa, pois é necessário que o etnógrafo seja “um caçador ativo, atento,
atraindo a caça, seguindo-a cautelosamente até a toca de mais difícil acesso. Isso exige o
emprego de métodos mais eficazes na procura de fatos etnográficos” (MALINOWSKI, 1978,
p. 22).
A primeira questão acerca desses métodos mais eficazes concerne ao que Malinowski
(1978) chamou de método de documentação estatística por evidencia concreta. Esse é
caracterizado pela construção de mapas e de quadros sinóticos, de modo a reunir o maior
número possível de exemplos acerca da vida dos nativos; diferenciando os dados de sua
observação e as confidências de seus informantes. Contudo, para o autor, esse método permite
reconstruir a estrutura da cultura nativa, ou como ele chama, “o esqueleto da constituição
tribal”. Porém, Malinowski (1978) destaca a necessidade de se capturar também a carne e o
sangue que constituem a vida tribal, ou seja, os fenômenos que compõem os imponderáveis
da vida real. Para o autor (1978):
É por essa razão que o etnógrafo, trabalhando em condições como as que vimos
descrevendo, é capaz de adicionar algo essencial ao esboço simplificado da
constituição tribal, suplementando-o com todos os detalhes referentes ao
comportamento, ao meio ambiente e aos pequenos incidentes comuns. Ele é capaz,
em cada caso, de estabelecer a diferença entre os atos públicos e privados; de saber
como os nativos se comportam em suas reuniões ou assembléias públicas e que
aparência elas têm, de distinguir entre um fato corriqueiro e uma ocorrência
singular ou extraordinária; de saber se os nativos agem em determinada ocorrência
com sinceridade e pureza de alma, ou se a consideram apenas como uma
brincadeira, se dela participam com total desinteresse, ou com dedicação e fervor
(MALINOWSKI, 1978, p. 29).
Para capturar os imponderáveis da vida real, assim como o autor descreve, o etnógrafo
deve fazer uso de duas técnicas de pesquisa, quais sejam: o registro do cotidiano em um diário
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de campo3 e a participação efetiva do pesquisador nas situações vivenciadas pelos
informantes, ou seja, a observação participante.
Malinowski (1978, p. 31) é considerado o pai da observação participante, essa por sua
vez, significa viver a vida do nativo: “tomar parte nos jogos dos nativos, acompanhá-los em
suas visitas e passeios, ou sentar-se com eles, ouvindo e participando das conversas”, ou seja,
participar efetivamente da rotina dos informantes.
Para Malinowski (1978) o diário de campo consiste na realização de anotações
sistemáticas de todos os fatos observados no dia-a-dia entre os nativos. Essas anotações
devem ser feitas desde os primeiros contatos com os pesquisados até o momento em que o
pesquisador dá por encerrado seu trabalho de campo. Isso se justifica à medida de que, ao
ingressar em campo, tudo deverá ser estranhado; entretanto, conforme vai ocorrendo a
familiarização com o objeto pesquisado não é mais possível estranhá-lo, todavia é comum
observar aspectos que, em um primeiro momento, não seria possível captar. A observação
desses novos aspectos torna-se possível devido à prática da observação participante. O diário
revela as diferentes etapas vividas pelos pesquisadores, bem como seus sentimentos e reações
ao longo de sua estada entre os nativos.
Contudo, para o autor, os procedimentos até então explicitados não garantem a
completitude do estudo, conquanto se tenha decifrado as estruturas da cultura nativa e a forma
como ela é vivenciada, é preciso ainda agregar aos dados e as análises dos mesmos, a alma da
cultura em questão. Para isso, o etnógrafo precisa entender os significados dessa cultura para
o próprio nativo. Isso, segundo Malinowski (1978, p. 32), somente é possível se houver o
desvencilhamento dos interesses individuais dos nativos e se ocorrer um interesse por aquilo
“que eles sentem ou pensam enquanto membros de uma dada comunidade”, ou seja, dando
ênfase às influências da sociedade sobre o comportamento do indivíduo.
Para realizar um estudo etnográfico completo é preciso descobrir “os modos de pensar
e sentir típicos, correspondente às instituições e à cultura de determinada comunidade, e
formular os resultados de maneira vívida e convincente” (MALINOWSKI, 1978, p. 32). Para
tanto, na medida do possível, compete transcrever para o relato etnográfico, “os pontos de
vista, as opiniões, as palavras do nativo” (MALINOWSKI, 1978, p. 32).
Já mencionamos até o momento duas importantes características para que a pesquisa
etnográfica adquira valor científico, precisamos, portanto, considerar um outro ponto
abordado por Malinowski (1978, p. 20), qual seja: o “conhecimento dos valores e critérios da
etnografia moderna”. A respeito disso, o autor faz o seguinte comentário a fim de evitar
equívocos:
[...] o etnógrafo deve inspirar-se no conhecimento dos resultados mais recentes das
pesquisas cientificas, nos seus princípios e objetivos. [...] estar familiarizado com os
seus mais recentes resultados não é o mesmo que estar sobrecarregado com “idéias
preconcebidas”. Se alguém inicia uma expedição disposto a provar determinadas
hipóteses, mas não for capaz de modificar e de rejeitar constantemente suas
perspectivas sob a pressão da evidência, seu trabalho não terá valor
(MALINOWSKI, 1978, p. 22).
Com isso, o autor salienta a importância de ir a campo munido de conhecimentos
teóricos, sem, no entanto, julgar, a priori, como sendo as únicas explicações válidas para
aquilo que for encontrado no campo. Partindo de tal suposição, o pesquisador estaria
incorrendo no risco de tornar-se etnocêntrico, uma vez que julgaria uma outra cultura à luz
dos valores e dos conceitos pertinentes ao contexto onde foi socializado. Concisamente,
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Vale ressaltar que existe diferença entre diário de campo e caderno de campo. Sucintamente, para explicar o
segundo, afirmamos que: no caderno de campo, são registradas as notas de campo in loco, ou seja, anotações
chaves que auxiliarão, a posteriori, a construção do texto no diário de campo. Neste se desenvolve a narrativa da
observação de forma mais detalhada e o envolvimento do pesquisador com o objeto da pesquisa.
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podemos dizer que as colocações de Malinowski (1978) orientam os pesquisadores a
despirem-se de pré-conceitos e passar a entender a vida como se fosse um nativo, a descobrir
as especificidades culturais do “Outro”, de modo a tornar o exótico natural.
Entretanto, as realidades vividas pelo homem modificaram-se desde a viagem do autor
às Ilhas Trobriand, e continuam a se modificar, tendo em vista que a cultura não é algo
estanque, imutável.
Algumas mudanças foram bastante relevantes para a Antropologia, e, por isso,
estiveram presentes nas pautas de discussões dos antropólogos e dos estudiosos da cultura,
dentre elas cabe destacar a mudança do “objeto de estudo”, em face da quase extinção dos
povos considerados “simples”, a sociedade “complexa” passou a ser também foco de análise,
desta maneira, o pesquisador é o próprio nativo, ou melhor, em alguns casos, o nativo tornou-
se pesquisador. As discussões que foram entabuladas a partir dessa mudança, dentre outras,
caracteriza o fazer etnográfico atual e esse, por sua vez, influência as pesquisas realizadas no
campo administrativos e que utilizam tal método. Por essa razão, consideramos relevante
relatar, nesse trabalho, algumas considerações a respeito das etnografias realizadas em
sociedades complexas.
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Entendemos que DaMatta (1978, p. 27), no trabalho intitulado: “O ofício do Etnólogo
ou como ter ‘Antropological blues’”, discutiu a relutância dos antropólogos de aceitar as
subjetividades vivenciadas no campo, subjetividades reveladas apenas em formas de anedotas
nas reuniões de antropologia. Para o autor transformar a subjetividade em anedota é:
[...] uma maneira e – quem sabe? – um modo muito envergonhado de não assumir o
lado humano e fenomenológico da disciplina, com um temor infantil de revelar o
quanto vai de subjetivo nas pesquisas de campo, temor esse que é tanto maior
quanto mais voltado está o etnólogo para uma idealização do rigor nas disciplinas
sociais.
Todavia, o referido autor salienta que a subjetividade precisa ser atrelada à teoria. Ou
seja, corrobora as teorizações de Cardoso (1986) e Durham (1986) que alertam para a
necessidade da subjetividade ser compreendida como um dado de pesquisa e assim não tornar
o relato etnográfico uma autobiografia.
Ademais, Jaime Junior (2003) também chama a atenção para o fato da etnografia ser
um diálogo que começa com a inserção no campo, sendo que esta, devido sua complexidade,
deve ser cuidadosamente negociada. Além da cautela nas negociações para entrada em
campo, este autor menciona também que o relatório final, ou seja, as análises realizadas
acerca da vida do outro estará à disposição dos próprios informantes e, portanto, “a voz do
etnógrafo não é mais a única presente no debate sobre determinado assunto. Ele terá de
negociar sua interpretação com aquelas construídas por outros atores, inclusive pelos próprios
nativos” (JAIME JUNIOR, 2003, p. 454). A negociação se torna necessária em virtude da
mudança da postura do pesquisador em campo, pois:
Com Geertz, a etnografia passou a ser pensada segundo a metáfora da tradução. O
etnógrafo passa a ser visto não mais como um aprendiz, alguém que aprende a viver
com o nativo, mas como um tradutor que, vivendo com o nativo, descreve e
interpreta os significados escondidos por detrás de suas práticas sociais (JAIME
JÚNIOR, 2003, p. 447).
O referido autor salienta ainda que: “A pesquisa passa a ser pensada não mais como
observação participante, mas como encontro etnográfico. Nela, o antropólogo e seus
interlocutores (não se fala mais em informantes) experimentam uma relação dialógica”
(JAIME JÚNIOR, 2003, p. 443).
A respeito da realização de etnografias em ambientes organizacionais, Cavedon (1999)
analisou as implicações positivas e negativas do uso deste método nos estudos sobre a cultura
organizacional. Para a autora os pontos problemáticos da realização de etnografias no campo
administrativo residem em três características inerentes a está área do conhecimento, quais
sejam: 1) na exigência dos administradores da instrumentalização das descobertas com a
finalidade de gerenciar possíveis mudanças nos significados organizacionais; 2) o tempo
necessário para a realização de uma etnografia em um ambiente em que a máxima “tempo é
dinheiro” guia todas as atividades; e, 3) a natureza das descobertas etnográficas são
essencialmente qualitativas, o que pode parecer sem muita valia para um campo que prioriza o
quantitativo.
Ao relacionar as considerações de Cavedon (1999) e de Jaime Júnior (2003) é possível
pensar que ao entender a observação participante como uma relação dialógica, essa técnica
possa ser mais bem aceita no campo administrativo, por dar a possibilidade aos interlocutores
de discutir os achados da pesquisa. Conforme advoga Cavedon (1999), o fazer etnográfico nas
empresas ao desvendar as representações sociais contidas nesses loci, fornece relevantes
subsídios para a tomada de decisão dos gestores. A autora acrescenta, ainda:
Talvez uma analogia sirva para clarificar a posição do etnógrafo. Ele pode ser
comparado a um médico que ao realizar uma ecografia desvenda o sexo do bebê, o
médico não pode mudar o sexo da criança, porém, oferece aos pais uma informação
que permite aos mesmos adaptar o enxoval do bebê, bem como escolher o nome, de
acordo com a informação prestada... (CAVEDON, 1999, p. 13).
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Além do uso da etnografia para estudos da cultura organizacional, a área de marketing
tem-se aproximado deste método, conforme indicam artigos apresentados nos ENANPADs
dos últimos quatro anos. Rocha (2005, 2004) apresenta a etnografia como alternativa à
estudos de cunho mais positivista para abordar o comportamento do consumidor, pois permite
uma maior aproximação ao pensar do próprio consumidor e aos significados atribuídos ao
consumo, que é visto pelo autor como fenômeno simbólico e coletivo, de um ou outro
produto.
Com essas considerações percebemos que a etnografia na área administrativa tem sido
usada e discutida por alguns pesquisadores, entretanto, percebemos também alguns
questionamentos freqüentes acerca do uso do mesmo, o que evidencia um certo
estranhamento, corroborando, portanto, as considerações de Velho (1978) de que nem todas
as coisas referentes a sociedade científica a que pertencemos nos são familiar. Não intentando
fazer uma lista de prescrições, ou um manual de como usar a etnografia, pretendemos, sim,
elucidar a seguir algumas das perguntas mais comuns a partir do referencial teórico da
antropologia, bem como nossas vivencias enquanto etnógrafas.
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dominado por três pessoas. Enfim, eu estava autorizada a observar o que quer que fosse,
menos a feitura do molho, o que inclusive ocorre em uma unidade separada da lancheria, onde
eu viria a passar a maior parte do tempo.
Ainda nesta mesma primeira ida a campo, somos levadas para conhecer o prédio e
visitar a cozinha. Noto que os funcionários são simpáticos e solícitos, mas não têm clareza do
que estamos fazendo naquele local. Alguns recordam que em algum momento houve um
estudante fazendo algum tipo de trabalho de faculdade sobre a empresa.
Uma vez aceita, a entrada em campo consiste em passar a acompanhar a rotina da
comunidade pesquisada, observando, tentando participar, conversando com pessoas, colhendo
informações. Inicialmente é comum ser tratado “como visita”, até que as pessoas se habituem
ao pesquisador, e comecem a agir como se ele não estivesse ali. Com o passar do tempo e a
minha freqüente presença, os funcionários habituam-se a me ver por lá, e percebo que ficam
mais à vontade enquanto os observo, vêm fazer perguntas e conversar.
Considerando as colocações de Malinowski (1978) acerca da importância de ir a
campo munido de conhecimentos teóricos, li autores tanto da Administração como da
Antropologia no que tange aos temas família e a gestão de empresa familiar – meus objetivos
na pesquisa – mas como salienta o próprio autor, essas não devem ser tomadas como as únicas
explicações válidas para aquilo que for encontrado no campo. É preciso abertura para
perceber realidades diferentes daquelas citadas pelos livros, e isso me permitiu buscar novas
leituras e novas descobertas a partir da realidade observada.
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presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), associação classista que organiza a
Feira do Livro. Esse encontro registro em meu diário da seguinte forma:
Cheguei ao local combinado cinco minutos antes do horário. O porteiro me disse
que não sabia se o Senhor Geraldo estava no prédio. Ele ligou para alguém, acho
que a secretária do Geraldo. Ela informou ao porteiro que ele já desceria. Isso não
me pareceu muito bom. Primeiro, achei que ele estaria preste a me dar um chá de
banco. Segundo, ele descer me pareceu que eu seria atendida no saguão mesmo,
como se estivesse fazendo pouco caso da minha proposta de trabalho. No entanto,
acho que errei, pois em menos de dois minutos ele apareceu no saguão e me
convidou para subir. Sentamos à mesa de reuniões [...] Entreguei para ele o projeto.
Ele leu o título, abriu o projeto e passou a ler. [...] Ele me perguntou como seria
mesmo o trabalho. Comecei a explicar falando do Ritual. Ele interrompeu e
começou a falar sobre a Feira e a relação que se faz necessária com todos os atores
da Feira. Da cumplicidade que é preciso manter. Após esses comentários, ele voltou
a ler o projeto. Então ele leu justamente o parágrafo que contem a questão da
cumplicidade. Então ele viu que estávamos em sintonia.
Para mim esse encontro foi uma agradável entrada em campo, pois as preocupações do
período prático me fizeram tomar decisões acertadas, tanto nas questões quanto ao linguajar e
vestimentas apropriadas, quanto na elaboração do projeto escrito, que apesar de ser uma
proposta ampla, delineava os contornos da pesquisa, dando seriedade ao meu projeto. Penso
também que outro fator foi importante para a aceitação da realização da minha pesquisa na
50º edição da Feira do Livro, qual seja, eu ser aluna da UFRGS.
É relevante destacar que a escolha de conversar primeiro com um ex-presidente foi
estratégica, pois ele além de ser o organizador da Feira nas cinco edições anteriores, também
possuía vínculos com a UFRGS. Com o apoio dele, consegui a aprovação do meu projeto
junto à diretoria da CRL. Tendo meu projeto aprovado, início minhas coletas de dados na
Feira. Acompanhei a montagem das barracas na Praça, conversei com alguns expositores que
colocavam os livros nos estandes, ou seja, tudo corria como se eu já estivesse me inserindo no
campo, todavia, um fato fez renascer as sensações do período prático, qual seja: o convite
para o recital de abertura da Feira. Esse ocorreu no Theatro São. A respeito do cerimonial,
relato em meu diário:
Cheguei lá e não conhecia ninguém. Dei mais ou menos três voltas no recinto
tentando conhecer alguém. [...] Houve momentos que percebi que eu estava sendo
observada ao invés de observar. Até que encontrei o senhor Geraldo. Ele então
começou a me apresentar a todos. Em menos de dez minutos eu estava em uma
rodinha cercada pelo ex-presidente da CRL, pelo atual presidente, pelo vice e por
um dos mais antigos sócios da entidade.
Nesse momento, considero que tive a minha segunda entrada em campo,
principalmente, porque esse campo se mostrou não familiar. Isto é, a priori, a Feira do Livro,
seria o familiar que eu precisaria estranhar, pelo fato de tratar-se de um ritual do qual tenho
participado anualmente. Contudo, esse familiar se mostrou estranho, corroborando as
considerações de Velho (1978).
Como já mencionei anteriormente, penso que as várias entradas e saídas de campo se
devem ao fato de estar estudando um “objeto conterrâneo”. Assim, em 2004, quando terminou
a 50° edição da Feira eu me retirei do campo e só retornei quando os preparativos da 51º
começaram a ocorrer, todavia, esse tempo de afastamento exigiu que eu renegociasse minha
entrada em campo.
Em meados de março de 2005, encaminhei um e-mail para o presidente da CRL,
mencionando o meu desejo de recomeçar a pesquisa, isto é, de começar a coleta de dados
junto à Comissão Organizadora da Feira do Livro. Em resposta, ele me informou da
necessidade de levar novamente minha proposta à Comissão organizadora. Após duas
semanas de espera, não havia recebido nenhuma resposta acerca da nova aceitação do meu
projeto pela diretoria, decidi, então, enviar um e-mail para as coordenadoras das Produções 01
e 02. Resolvi fazer esse contato simultâneo com as duas, devido às considerações feitas por
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Silva (2000). Sei que a CRL não pode ser igualada aos terreiros de candomblé pesquisados
pelo autor, mas as considerações que ele faz acerca das divisões de poder, das rivalidades e
dos ciúmes entre os membros de uma cúpula, no caso da pesquisa do autor, religiosa,
alertaram-me para como eu deveria me dirigir a quem detinha poder, em virtude da posição
ocupada por ambas na cúpula administrava da CRL.
Para minha surpresa, a coordenadora da Produção 02 respondeu-me prontamente.
Porém, o conteúdo do e-mail não trazia boas notícias, pois me informava que meu pedido para
participar das reuniões da Comissão Organizadora não fora aceito, mas, em contrapartida, ela
se prontificava a conversar comigo para me auxiliar no desenvolvimento da pesquisa. Assim,
marquei um dia para conversar com a coordenadora da Produção 02, tendo em vista que ainda
estava em aberto a questão da observação diária das atividades relativas à organização da
Feira. Vale destacar que a coordenadora da Produção 01 não respondeu ao e-mail.
Não houve, por parte da coordenadora da Produção 02 nenhuma resistência quanto ao
fato de eu realizar uma etnografia em seu setor, quanto à coordenadora da Produção 01, ela
optou por deixar que o Presidente da CRL consentisse ou não com a pesquisa.
Considero que os contratempos que ocorreram foram bastante reveladores,
delimitando claramente as fronteiras do meu campo de estudo. Dessa forma, na Produção 02
efetuei observações de forma mais intensiva, enquanto que na Produção 01 realizei
observações esporadicamente. Isso revela, portanto, a importância das entradas em campo.
Corroboramos as colocações de Jaime Junior (2003) que chama a atenção para o fato da
etnografia ser um diálogo que começa com a inserção no campo, sendo que essa, devido sua
complexidade, deve ser cuidadosamente negociada.
Uma vez em campo, outras dúvidas surgem, principalmente a cerca das primeiras
adequações do pesquisador com os pesquisados, nas primeiras inserções em campo surgem
algumas inseguranças a respeito de como se portar nesse ambiente que desejamos descobrir.
Nesse sentido, o item a seguir discute uma outra questão levantada pelos alunos de doutorado
em um seminário de pesquisa, qual seja: Como se portar em campo (roupa, fala, ética)?
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superior, o que consideravam algo muito desejado. Deste modo, a minha participação foi
delimitada pela percepção dos observados das tarefas que eu poderia ou não realizar.
Assim, as atividades que eu realizava eram sempre administrativas, embora tivesse
várias tentativas de acumular mais tarefas, como ajudar a servir e tirar mesas, atender ao
telefone, etc. Como percebi que o grupo não se sentia confortável com a minha atuação nestas
áreas, eu oferecia ajuda, mas não me intrometia sem autorização, buscando respeitar os
limites deles. Além disso, conforme a restrição colocada pelo gerente, acatei o fato de não
saber a receita do molho de tomate sem comentários ou insistências.
Evidentemente, para a realização de entrevistas, eu procurava acordar com o
informante o melhor momento para que este se afastasse dos afazeres sem prejudicar o
trabalho. Nos dias de maior movimento na lancheria eu, enfim, conseguia que me permitissem
realizar mais tarefas, ainda que administrativas.
A maior parte da etnografia realizou-se na lancheria, onde está o maior número de
funcionários, sobretudo os que são parte do grupo familiar. Ainda assim, realizei diversas idas
aos pontos de venda, onde existe uma carrocinha ou quiosque com dois ou três funcionários
para a venda os lanches. Era de suma importância, nestes casos, observar o movimento de
clientes para não ocupar os funcionários em momentos cruciais para a venda.
Ao longo da pesquisa, alguns assuntos mostraram-se delicados e necessitaram ser
tratados com cuidado, como o caso dos conflitos de interesse entre família e empresa. Notei
desde logo que o gerente e o diretor, sobrinho e tio, tinham posições divergentes nestes temas,
de forma que eu buscava sempre a percepção de cada um deles sem falar do outro, evitando
criar intrigas.
Além do cuidado com o comportamento, a questão da vestimenta é importante de ser
observada, uma vez que pode marcar mais ainda a diferença do pesquisador. No Cachorro
Quente, todos os funcionários, inclusive o gerente, usavam uniforme, que era composto por
camiseta ou moletom da empresa e boné, sendo que o pessoal da cozinha ou da montagem de
cachorros quentes das carrocinhas usava ainda um avental. Embora eu não tivesse ganhado
um uniforme oficial, adotei um estilo que permaneci usando até a saída de campo: calça jeans,
camiseta, e tênis ou sapato baixo. Procurei usar roupas simples e confortáveis para que a
vestimenta se tornasse familiar a eles e não causasse estranhamento, como seria o caso de ir a
campo de salto alto ou vestido, que realmente não estariam de acordo com as atividades do
local. Ao entrar na cozinha, como os demais funcionários, usava cabelo preso e boné,
respeitando suas normas de higiene.
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No início, identificava-me como estudante da UFRGS e o nome dessa tradicional
instituição me auxiliou. Todavia, conforme os dias transcorriam, eu me tornava conhecida na
Feira, em virtude de passar os dias circulando pela praça, conversando com os vendedores,
fotografando, anotando, comprando, etc, ou seja, executando os ensinamentos de Mott (2000),
para o qual:
Enquanto instituição com hora marcada para começar, para ter seu momento de
clímax e desfecho, obviamente que o pesquisador deve estar presente em todos
esses momentos, quiçá acompanhando um feirante mais camarada desde a
madrugada, quando sai de sua casa a fim de estabelecer-se (no mercado atacadista),
até chegar no local da feira, acompanhando a armação da barraca e lá
permanecendo até seu retorno ao lar após o fim do expediente (MOTT, 2000, p.
32).
Ademais, o fato de eu optar por usar um estilo só de roupa, calça preta e camiseta da
Feirai, quase um uniforme, facilitava o reconhecimento no meio da multidão. No contexto
organizacional, vestir a camiseta da empresa, simbolicamente representa estar aderindo a seus
valores, bem como, estar disposto a trabalhar em prol da organização. No meu caso, na 50º
edição, o vestir a camiseta não teve o peso simbólico expresso acima, tratou-se mais de uma
estratégia de pesquisa, pois usando a camiseta eu, além de ser facilmente identificada pelos
livreiros associados que estavam na praça, também tinha o livre acesso a várias atividades, de
modo que entrava e saia das mesmas sem interromper os ministrantes e sem ser barrada pelos
monitores, pois para eles, devido o uso da camiseta e da minha constante presença, eu fazia
parte da equipe, deste modo, eu podia assistir em pé até mesmo as atividades que tinha sua
capacidade esgotada por fazer parte da equipe.
Entretanto, considero que o mesmo não ocorreu na 51º edição do Evento. Nesta, não
vesti durante o evento a camiseta de cor preta, pois não houve um número suficiente para
todos os monitores e coordenadores. Contudo, usar a camiseta de cor branca, carregava todo o
valor simbólico de estar fazendo parte desse evento, e de ter aderido aos valores da equipe que
organiza a Área Infantil e Juvenil e a Área Internacional, passei, portanto, a realmente fazer
parte da equipe. Passei a compartilhar os valores da Equipe da Produção 02, por ter efetuado a
observação participante nesse setor com maior intensidade. Realizar a observação em setores
de trabalho requer alguns cuidados, pois nem sempre é possível fazer perguntas devido ao fato
de atrapalhar o andamento das tarefas, assim, muitas dúvidas eram sanadas no momento do
almoço ou após o expediente de trabalho, portanto, para mim, foi importante eu não restringir
meu contato com os informantes apenas em seus escritórios, locais onde eu mais observava e
executava algumas tarefas solicitadas do que perguntava.
Como já mencionei, na segunda edição estudada, eu fazia parte da equipe. Trabalhei
como monitora voluntária e, com isso, buscava respeitar todas as regras postas aos demais
monitores do evento. Portanto, a melhor maneira de se portar em campo é descobrir as regras
explicitas e implícitas de socialização dos nativos e respeitá-las. Ou seja, é não esquecer da
alteridade, apesar da busca pela aculturação.
Todavia, para descobrir essas regras é necessário obter informações e assim, surge a
terceira pergunta, como obter informações? No item 5, demonstramos como obtemos dados
suficientes para elaborar nossas dissertações.
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dados secundários, como a mídia, jornais, publicações específicas. Vejamos como realizamos
nossa coleta de informações.
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de ainda não haver estabelecido um laço de confiança entre pesquisado e pesquisador. Um
exemplo disso ocorreu com a entrevista realizada com o Xerife da Feira. No primeiro dia da
50ª edição da Feira, fui apresentada ao Senhor Julio que me concedeu uma entrevista. Em um
momento de nossa conversa, ele começou a relatar os problemas que ocorrem na Feira devido
à presença das prostitutas na Praça. Após uma ou duas colocações, o Xerife pediu para eu
desligar o gravador, terminou de relatar o episódio, mas disse que não deveria utilizar essa
informação. Passado quase um ano que estava em campo, o Senhor Julio me concedeu uma
nova entrevista, nessa, ele relatou novamente aquele episódio e alguns outros, dando-me a
permissão de utilizá-los, por confiar na minha competência profissional, conforme dito por
ele.
Considero todos os entrevistados meus informantes, todavia, tive interlocutores
importantes durante a pesquisa, pessoas que davam informações de bastidores, que realizam
observações quando eu não me encontrava em campo, muitas vezes me passando essas
observações por e-mail. Assim, por vezes, me identifiquei com Foote-White e seu informante
Doc, na etnografia realizada pelo primeiro em Cornerville.
Segundo Foote-White (1978, p. 80):
Uma vez [Doc] comentou: “Você, desde que apareceu aqui, tem me cansado
bastante. Agora quando faço qualquer coisa tenho que pensar o que Bill White
gostaria de saber a respeito disso e como explicar-lhe”.[...] [Assim] algumas
interpretações que fiz são mais dele [Doc] do que minhas ainda que agora seja
impossível distinguí-las.
Acredito que eu também tive meus “Doc”, pois tive informantes que além de se
preocuparem em me informar a respeito de coisas que não presenciei, discutiam comigo os
dados coletados, assim como sugere Jaime Junior (2003) ao se referir à nova forma de se
entender a observação participante, para o autor: “A pesquisa passa a ser pensada não mais
como observação participante, mas como encontro etnográfico. Nela, o antropólogo e seus
interlocutores (não se fala mais em informantes) experimentam uma relação dialógica”
(JAIME JÚNIOR, 2003, p. 443).
Travei essa relação dialógica com quatro pessoas, sendo que essa aproximação ocorreu
tanto por afinidade do pesquisado e do pesquisador quanto por interesse do informante quanto
aos resultados da pesquisa. Esse último fato demonstra que, ao entender a observação
participante como uma relação dialógica, essa técnica possa ser mais bem aceita no campo
administrativo, por dar a possibilidade aos interlocutores de discutir os achados da pesquisa e,
assim, conforme advoga Cavedon (1999), o fazer etnográfico nas empresas, ao desvendar as
representações sociais contidas nesses loci, fornece relevantes subsídios para a tomada de
decisão dos gestores.
As informações a que temos acesso durante a pesquisa vão mostrando-se diferentes a
medida em que o tempo avança. Inicialmente, temos acesso a dados mais superficiais, somos
informadas das versões “oficiais” que circulam nas organizações. Mas, ao avançar da
etnografia, quando nos tornamos mais “confiáveis” para o grupo, passamos a ter acesso a
outros discursos, que demonstram uma riqueza maior de dados. Portanto, faz-se necessário
reconhecer o momento em que somos efetivamente aceitas pela comunidade, o que difere de
ter a pesquisa autorizada. Abordamos o tema a seguir.
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6.1 Sou membro do Cachorro Quente do Rosário
A minha aceitação pelo grupo de pesquisados do Cachorro Quente deu-se de uma
forma sutil. Não cheguei a ser considerada um membro do grupo como outro qualquer, em
virtude da posição de pesquisadora vinculada à Universidade, mas pude notar que cheguei a
ser aceita dentro dos limites que me foram dados.
Embora desde o início eu tenha explicado ao gerente da empresa no que consistia meu
método de pesquisa, aos demais colaboradores não estava claro por que eu ia tão
freqüentemente à empresa, sendo que eu era tratada como visita. Recebiam-me com muita
simpatia, mas eventualmente eu notava que se sentiam desconfortáveis por não ter episódios a
relatar e não me deixavam participar do seu trabalho. Até que eu comecei a falar mais sobre a
pesquisa e tranqüilizá-los sobre eu não estar atrás de novidades, mas do dia a dia mesmo.
O momento em que me foi permitido, primeiramente, fazer alguma coisa foi quando o
gerente comentou que no dia seguinte estaria entrevistando candidatos à vagas de montador
de cachorro-quente e telefonista e perguntou se eu gostaria de ajudá-lo nisso, já que eu tinha
experiência em seleção. Eu estava lá até antes da hora marcada, e acompanhei as entrevistas,
fiz perguntas e discuti com ele minhas impressões sobre os candidatos, além de ter dado
algumas dicas.
Desta maneira, minha atuação na área administrativa foi aceita. Após este episódio,
numa tarde em que estavam todos muito atarefados, minha oferta de ajuda foi acatada por
uma das informantes-chave e eu pude, enfim, realizar uma tarefa, que neste caso foi calcular o
desconto do consumo dos funcionários sobre seus pagamentos, e, depois, a soma das notas
fiscais de cada ponto de venda do dia anterior e conferência de valores. Após este momento,
eu era freqüentemente chamada a participar, opinando sobre legislação trabalhista, sugerindo
fontes de recrutamento e ajudando a organizar escalas de trabalho.
Entretanto, não consegui que me deixassem fazer trabalhos manuais, como limpar, pôr
as mesas e montar cachorros quentes, pois todas as minhas investidas de ir tirar a mesa
quando o cliente saía, ou atender ao telefone foram bloqueadas.
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7 QUANDO SABEMOS QUE É HORA DE SAIR DE CAMPO?
A saída de campo acontece quando percebemos que já não se apresentam novidades,
que as falam e acontecimentos passam a se repetir. Mas vale ressaltar que, mesmo após a
saída oficial de campo, o pesquisador pode retornar, caso tenha demandas específicas.
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podem ser compartilhadas no intuito de aprender com as experiências dos demais.
Salientamos que o próprio ensino do método não pode se dar de forma unicamente teórica,
mas requer, do aprendiz, leitura e vivência.
Finalizando, referimos que o momento da Antropologia marcado por Malinowski
(1978) representa uma tentativa de esquematizar o método etnográfico, a fim de alcançar a
neutralidade almejada para pesquisa nos moldes de ciência da época. Este sugere, ao lado de
um método de documentação estatística por evidencia concreta, o uso do diário de campo de
onde derivaram tentativas de separar a subjetividade do pesquisador dos achados. Atualmente,
etnógrafos seguem fazendo uso de diário de campo, mas não com este objetivo, pois já não se
acalenta a ilusão de que o pesquisador, como indivíduo, deixe seus valores, história e
subjetividade fora de suas descobertas.
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VÍCTORA, C.G; KNAUTH, D.R; HASSEN, M.N.A. Pesquisa qualitativa em saúde: uma
introdução ao tema. Porto Alegre, Tomo Editorial, 2000.
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Na 50º edição a camiseta da Feira foi vendida aos visitantes na barraca de autógrafos como um souvenir, isso
não ocorreu na 51º edição, pois o corte no orçamento da Feira acabou por atingir a confecção das mesmas para a
venda, de modo que somente a equipe de trabalho recebeu as camisetas em cor preta e os associados e
funcionários a camiseta em cor branca.
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