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Há tempos não passo por aqui!

Na verdade, depois que o Facebook engatou, nunca mais escrevi nada nesse
"blog" e minhas últimas postagens aqui, foram cópias do que eu havia escrito
no Facebook.

Hoje, o único espaço que imagino para escrever o que vou escrever, é aqui,
nesse "blog".

Eu tenho um problema que me acompanha desde que me dei por "gente". É


algo que passa desapercebido ou, por eu tê-lo a tanto tempo, consigo fazer
com que passe desapercebido.

Eu tenho enorme dificuldade em reter e memorizar certas coisas e, todas essas


coisas, são base para qualquer tipo de aprendizado escolar ou outros
aprendizados que requerem um tipo específico de memorização.

Estou a um ano de completar meus famosos 60 anos e, ainda não consegui


resolver esse problema. De tempos em tempo, me defronto com essa minha
deficiência e volto a procurar soluções. Mas não consigo nem encontrar o que
eu tenho ou qual a minha deficiência. Eu sei como ela é, mas não encontro em
um glossário, uma especificação do que ela é.

Já havia deixado de procurar soluções, não mais para mim, pois o que eu
precisava fazer na vida em termos de estudos, independente de todas as
dificuldades que tive, eu já fiz e, no momento, não almejo mais nada referente
a isso. Porém, acredito que meu neto, hoje com 14 anos tenha os mesmos
problemas que o meu e, estou desconfiado que minha filha de 7 anos, está
indo pelo mesmo caminho.

Como eu já disse, através de calços e percalços, consegui chegar até aqui. Não
foi nada fácil. Melhor, não é nada fácil. Tive que criar várias acrobacias, tive
que relegar várias estratégias, criar outras ferramentas, produzir manobras e
por várias vezes, naufragar em terra seca.

Quero que esse relato ajude, no futuro, meu neto e minha filha e, se for o caso,
auxilie que passa pelo mesmo problema que eu.

Há anos eu aprendi que escrever, para mim, era uma "válvula de escape". Não
que eu escreva bem, pois eu não escrevo bem. Tenho problemas em
concordância, ortografia, acentuação, pontuação, morfologia, sintaxe e todos
os problemas relacionados a escrita e fala. Na verdade, eu escrevo mal.
Porém, escrever se tornou uma forma de expor aquilo que eu não consigo
dizer. Escrever, se tornou uma forma de eu repensar e rever o que eu vejo e da
forma que eu vejo.
Acho melhor, por pior que seja o meu texto, voltar a escrever. Então, vamos
lá...

Vou dar uma pincelada no atual motivo, farei um retrospecto de todas as


minhas dificuldades e, se possível, tentarei encontrar mecanismo para
contornar esses problemas, ou não!

Em meados do ano passado (estamos agora em março de 2019), recebi convite


para participar do Idioma Sem Fronteiras, programa do Ministério da
Educação (MEC) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino
de Nível Superior (CAPES).

“O principal objetivo do Programa é promover em prol de uma política


linguística para a internacionalização do Ensino Superior Brasileiro,
valorizando a formação especializada de professores de línguas estrangeiras. ”
(http://isf.mec.gov.br/programa-isf/entenda-o-isf)

Bom, eu nunca fiz curso de inglês. Me lembro que no início da minha


adolescência, minha mãe me matriculou em dois ou três cursos, fugi de todos
eles. Eu dizia que não gostava de inglês, que gostavas mesmo era de francês,
mas francês eu já sabia e não precisava fazer nenhum curso!!

Essa desculpa serviu para me livrar de curso de inglês até o momento que, por
falta de prática, fui esquecendo o “francês” que eu sabia. Quando eu era
pequeno, minha mãe falava francês, pelo que eu me lembre, francês era minha
segunda língua. Minha mãe falava comigo em francês (as vezes balbuciava
várias palavras em Latim), ouvíamos músicas em francês (não somente
Charles Aznavour, mas vários artistas da época de 60, inclusive, muita
musiquinha de criança em francês), eu tinha francês na escola e meu
conhecimento de língua francesa era muito bom (tanto é que, no vestibular, fiz
opção por francês em vez de inglês). Lá pelos idos de 1972 (acredito eu) o
inglês foi incorporado no currículo das escolas. Se foi esse o ano, eu tive
francês e inglês ao mesmo tempo. Não me lembro se foi somente nesse ano ou
nos dois ou três anos da implantação. Foi aí que meu problema com o inglês
apareceu. Por mais que eu tentasse, não conseguia! As palavras em inglês não
me vinham a mente e nas traduções do português para o inglês, misturava tudo
com francês. Vamos resumir, eu odiava inglês!

Me matriculei no curso, opção “on-line”. Melhor, eu não sento em uma sala


de aula como aluno há, pelo menos, 30 anos.

Meu inglês foi aprendido, digamos “na rua”. Como eu disse, nunca fiz curso,
porém, por questões profissionais, fui abrigado a aprender inglês, ou melhor,
me virar em inglês.
Vou fazer um desvio longo pois, mesmo sendo o ‘inglês” o problema em foco,
não é necessariamente o “inglês” o foco e sim, minha dificuldade em
memorizar determinadas coisas em reter outras. Assim, vou voltar aos idos de
1967, quando entrei no meu curso primário. A primeira imagem que tenho
relacionado a isso e a tudo que envolve esse tal “meu problema” vai começar
nessas minhas primeiras lembranças.

Estava eu, na sala de aula, aula de matemática, com a minha querida e


inesquecível Tia Esther.

A primeira cena que tenho marcado desse período foi que, em determinado
dia, ela começou a ensinar a operação matemática de divisão. Fez vários
exemplos na lousa e, quase no final da aula, colocou um problema, onde o
dividendo era menor que o divisor.

Tenho a imagem perfeita na minha mente. O quadro negro, ela falando, o meu
lugar na sala e...

:- Agora!! Dois dividido por cinco? Quanto é dois dividido por cinco? Então
classe?

Eu, ainda não sei o porquê, respondi de imediato: ZERO!


:- Isso mesmo!! Parabéns, “É ZERO”, porque dois não pode ser dividido por
cinco. Então colocamos ZERO e VIRGULA! Vamos dar os parabéns ao
amiguinho!!

Todo mundo da classe começou a bater palmas e eu fiquei com vergonha, mas
no fundo, extremamente orgulhoso de mim mesmo.

Ela acabou a explicação e veio falar comigo. Perguntou se eu já havia visto


aquilo antes e eu respondi que não. Me perguntou como eu sabia e eu disse
apenas que sabia. Ela virou as costas e voltou para a lousa. Mas, naquele
momento, aquilo me espantou.

Eu realmente não sabia. Respondi por impulso, sem pensar. Foi como algo
automático que você não precisa pensar para responder. Pode ser uma coisa
banal, porém, sob os meus sete anos recém completados e naquela época, não
é pouca coisa. Bom, pelo menos não era para mim!

Aquilo sempre me incomodou e eu sempre me questionei de como acertei a


resposta de algo que nunca tinha visto.

Por um bom tempo, fui chamado de “geninho”, tanto pela minha professora,
quanto pelos alunos. Mas, é aí que a coisa começou a se complicar. Mesmo
com sete anos, as crianças são maldosas e invejosas, o “geninho” ao invés de
ser um atributo de qualidade, passou a ser uma forma de desprezo. Minha
professora me fez de exemplo e isso atraiu a irá de parte dos meus colegas de
classe.

Além de ficar mal visto pelos outros, eu agora, tinha que manter o nível e o
problema era que eu não sabia matemática, só acertei uma resposta que até
hoje eu não sei o porquê. Antes tivesse ficado de boca fechada, porém, esse
problema de “boca aberta” vai me acompanhar para o resta de minha vida.

Chegou ao ponto que, de todas as outras perguntas, eu não acertaria mais


nenhuma. Por mais que eu me esforçasse, aquilo (a tal resposta automática)
nunca mais aconteceu e eu passei de “geninho” para “burrinho”.

Tínhamos tabuada, e eu sempre fui péssimo em tabuadas. Minha mãe dizia


que eu tinha que prestar mais atenção, minha professora dizia que eu tinha que
fazer mais exercícios e o terror aconteceu!

Minha professora, Tia Esther, ficou grávida e teve que ficar afastada por
alguns meses, quem substitui foi a professora da turma B, Tia Druzila. Eu
estudava na Escola Municipal Iracema Munhoz em São Bernardo do Campo.
Naquela época, haviam três turmas de primeiro ano, 1º ano A, B e C.
Tínhamos todas as matérias com somente uma professora no primeiro e
segundo ano. No terceiro, cada uma das professoras ministrava uma matéria
diferente. Tia Helena era professora do A (que no terceiro ano foi minha
professora de Português). Tia Druzila do B (minha professora no terceiro de
Ciências) e a Tia Esther do C (minha professora de matemática no terceiro).
Bom, voltando. Tia Esther ficou grávida e ficou de licença. Tia Druzila foi a
substituta nas áreas de Ciência e Matemática e Tia Helena de português,
redação e etc. na primeira aula de substituição, Tia Druzila entrou, se
apresentou e perguntou quem era o “geninho”. Eu não queria levantar o braço,
mas algumas crianças viram até mim e levantaram o meu braço. Como
sempre, fiquei muito envergonhado. Ela disse então que faria chamada oral de
“tabuada”. Eu gelei!! Eu me sentava perto da parede do lado direito, o da
porta e ela começou a perguntar pelos alunos do lado esquerdo, o da janela.
Fiquei colado nas respostas, quem sabe para mim, seria uma pergunta
repetida. Ficava mentalizando cada resposta para ver se eu decorava, grande
engano, não conseguia e pior, quanto mais eu percebia que não conseguia,
mais aterrorizado eu ficava. O pior é que, quando percebi que com o passar
do tempo, a tabuada ia ficando cada vez complicada, fiquei sem saída. Ela
fazia três perguntas para cada um e na minha vez, a tabuada foi a do “7”. Eu
sabia a do “2”, a do “3”, a do “4”, a do “5” e a do “9”, mas nunca consegui
guardar a tabuada do “6 ao 8”. Antes de fazer a primeira pergunta, ela disse:

- Agora para o “geninho”!

Deveria ter dito “gelinho”...

- Quanto é 7 vezes 6?

Valha me memória!! Nada.... Pense, pense.... É mesma coisa que 6 x 7. Pense


por favor...

- Não sei Tia!

- O “geninho” está nervoso? Vamos mais uma então. Quanto é 7 x 8?

Meu coração batia forte. Senti meu rosto passar de vermelho para branco!

- Não sei Tia!

- Mas você não é o “geninho”? Vamos para mais uma. Quando é 7 x 9?

Eu já me encontrava em pânico! Nada, branco! Eu não sabia e por mais


esforço que em fazia, nada me vinha a cabeça. Lembrei então daquela resposta
automática e falei um número qualquer. Ela se virou e, bem zombeteira, falou
num tom que toda a classe ouviu:
- Geninho uma ova!!
A sensação que eu tive foi inexplicável e até hoje está aqui, gravada comigo.

- Virou e disse, está bem “geninho”, sua última chance. Desta vez vou facilitar
a sua vida. Qual tabuada você prefere!

- Qualquer uma professora, desde que não seja a o 6, 7 ou 8 que eu não


consigo me lembrar.

- Muito bem, pode ser a do 9?

- Pode...

- Então quanto é 9 x 8?

- Não sei! Eu tremia!!

- Você não sabe nada!!

Eu comecei a chorar e disse que naquela tinha “8”. E ela virou e disse que não
interessava e a minha lição de casa era escrever a tabuada 100 vezes, de todos
os números.

O sinal tocou, ela saiu da classe, mas antes disse que se na próxima aula eu
não soubesse, eu iria escrever a tabuada na lousa as 100 vezes.

Fui para casa e estourei minha mão de tanto escrever. Quando minha mãe
chegou do trabalho, eu contei o que tinha acontecido e, depois de tudo que eu
passei, ela ainda me chamou de preguiçoso, que eu não prestava atenção na
aula, que só queria brincar, etc, etc.. Disse que, se a professora pediu 100
vezes, eu iria fazer 200 vezes.

Vocês não têm ideia do que é ter uma mãe como a minha. Minha palavra
nunca valeu. Sempre os outros é que tinham razão e, a cada explicação minha,
a situação se voltava cada vez mais contra mim.

Meus dedos ficaram em carne viva e eu não aguentava mais de dor. Dormi em
cima do caderno. Minha próxima aula com a Professora Druzila seria em dois
dias.

Fiz as 100 vezes, e no dia que fui apresentar, a Professora Druzila nem viu
meu caderno e foi direto na pergunta: Quanto é 7 x 8?

Meu deus do céu!!! Eu não conseguia me lembrar!! E agora?


- Como é “geninho” de meia pataca? Quanto é 7 x 8?

- Não sei professora!!

- Você burro? Fez 100 vezes e não adiantou nada?

- Responda então: quanto é 7 x 6?

Nada!! Nem a mínima memória daquilo!! Branco!! Comecei a tremer


novamente...

- Você vai para a lousa se não me responder!!

- Mas...

- Não interessa!! Vai escrever na minha frente!! Vamos, responda!! Quanto é


7 x 6?

- Nã, nã, não sei professora!!

- Para a lousa!! Escreva a tabuada 100 vezes!!

Fui para a lousa, mas eu já não conseguia nem mais pensar...

- Professora, posso pegar meu caderno?

- Pode, burro tem de fazer cópia mesmo!!!

Meus olhos estavam cheios de lágrimas e eu não conseguia nem ver o que
estava escrito. Minha mão doía e eu tremia. Ela deu aula para os outros alunos
enquanto eu fiquei a aula toda na lousa. Quando deu o sinal, ela foi saindo e
disse que era para eu ficar até acabar. E eu fiquei...

Não sei quanto tempo fiquei ali sozinho, mas deveria ter sido muito, pois
minha mãe mandou sua secretária ir me procurar. Quando abriu a porta e eu
olhei para ela, não parei mais de chorar!! Contei o que tinha acontecido e ela
me levou para a biblioteca (onde a minha mãe era a chefe). Falei que eu estava
com medo da minha mãe e ela disse para eu não me preocupar que não iria me
acontecer nada.

Ela conversou com a minha mãe antes e depois eu entrei. Pedi para ela ficar
comigo na sala, e ela me confortou dizendo que eu poderia ir tranquilo. Eu
não queria e minha Tia Mirian (Tia mesmo e que também trabalhava na
Biblioteca) entrou comigo. Minha mãe mandou minha tia sair e fechar a porta.
Minha tia tentou conversar com ela, porém, rispidamente, mandou minha tia
sair.

Ela estava em mesa de trabalho, olhou para mim e mandou que eu sentasse na
mesa de reunião. Ficou mexendo e escrevendo em uns papeis até que levantou
e veio sentar na mesa comigo. Eu comecei a chorar e ela me mandou parar
com aquilo. Que eu tenha que ser forte, que eu não era “mariquinha”, que
tinha que enfrentar as coisas sem chorar. Mandou que eu “engolisse” o choro.

Perguntou o que tinha acontecido e eu contei!

- Nelsinho!!! Você não está mentido para mim, está?

- Não mãe! Foi exatamente como eu contei. Eu sou burro, não consigo me
lembrar!!!

Chorei muito!!

Ela pediu para eu ir lavar o rosto que iria fazer um telefonema. Eu fui e
quando voltei, ela me disse que havia ligado para o Diretor da escola, que era
um amigo dela e ele ficou de conversar com a professora. Na mesma hora,
ligou novamente para a escola e pediu o telefone da Tia Esther. Ligou para a
Tia Esther e disse se elas poderiam conversar. Desligou o telefone e falou:
Vamos!!

- Onde mãe! Falar com a Esther, sua professora!!

Chegando lá, ela pediu para falar em particular com a Tia Esther e eu fiquei na
garagem, pouco depois, as duas saíram da sala conversando e a Tia Esther me
deu um abraço e disse;

- Depois da sua aula, você vai vir para cá e almoçar comigo todos os dias! Aí
você me conta os seus problemas e a gente vai resolver!!

Eu a abracei e comecei a chorar! Entrei no carro e voltamos para a biblioteca.


Desse dia então, eu comecei a ir todos os dias depois da aula para a casa da
Tia Esther e ela começou a me dar aulas particulares.

Meu problema com a tabuada não acabou (nunca acabou) mas ela me ensinou
alguns macetes para que eu não passasse mais vergonha. Apreendi que, se eu
não soubesse multiplicar, que fizesse soma dos números que era a mesma
coisa. Daí por diante, comecei a treinar meu cérebro para fazer soma e, às
vezes, nem parecia que eu estava somando em vez de ter decorado.
Esse meu problema de memorização, desde então, somente piorou. A cada
nível, cada estágio mais a frente, mais e mais coisas tinham que ser
memorizadas. Lembro de quando eu estava no 3º ano, na aula de português
com a Tia Helena, que começamos a procurar as palavras no dicionário.
Enquanto para todo mundo era fácil encontrar a tal palavra, para mim era uma
dificuldade tremenda. Até hoje, se me perguntarem o que vem antes da letra P,
ou de qualquer outra letra, eu não vou saber. A menos que eu faça toda a
sequência; A, B, C, D, E... Procurar uma palavra em dicionários, lista
telefônica (que graças a Deus não existe mais), enciclopédias ou qualquer
outra coisa do mesmo gênero, é um sacrifício e eu, sempre passo vergonha.

Nas outras atividades que não necessitavam de “decoreba”, eu ia bem, porém,


nosso ensino é baseado, senão totalmente, 80% em memorização. Para
sobreviver, eu tive que criar mecanismos que me permitissem prosseguir em
meus estudos. Fórmulas matemática, de física, química ou qualquer outro tipo
de formula que era “base” para qualquer cálculo, por mais que eu fizesse de
tudo, nunca memorizei!

Cheguei ao ponto, no colégio, de inventar minhas próprias “formulas” e


assim, conseguir resolver os problemas de matemática. Me lembro que no
ginásio, tive uma outra situação marcante. Não me lembro qual foi o tópico de
matemática e qual a fórmula, mas a situação ficou complicada.

Eu estava tendo um determinado tópico de matemática e que necessitava


utilizar fórmulas. Como sempre, não conseguia memorizar nenhuma. Tinha
aulas de manhã e à tarde, eu ficava tentando resolver os problemas. Como
sempre, mesmo fazendo dezenas de exercícios, não conseguia “decorar” a
bendita fórmula. Certa vez, comecei a fazer exercícios e alterar os valores e
verificar os resultados. Não me lembro quantas vezes eu fiz, mas enchi quatro
folhas de caderno (dos grandes). Em uma folha eu alterava somente um
número, na outra, outro número (não sei como chamar isso, mas o número de
uma determinada posição da fórmula; se cada componente pudesse ser
batizado de x, y, z, etc, em cada um dos meus cálculos, eu alterava primeiro o
“x”, do 1 até o 20 e calculava. Na segunda forma, alterava o ‘y” e assim,
sucessivamente. Quando pegava todos os resultados, iria verificar o que o que
tinha variado entre eles, qual a “razão” entre os resultados, o que estava
influenciado a mudança no resultado, etc. Por fim, depois de ter feito vários
testes, criei minha própria formula de resolução e, que por sinal, fiquei tão
bom naquilo que comecei a fazer “de cabeça”.

No dia da prova, acho que acabei em 15 minutos. O professor olhou para mim
e disse: Quer mesmo entregar? Não quer voltar e tentar pensar e fazer mais?
Eu lhe respondi que havia acabado. Ele virou a prova e colocou em cima da
mesa!!
Na outra aula, ele fez a correção na lousa e entregou cada uma das provas. A
minha foi a última. Eu tinha certeza que havia tirado “dez”, mas quando
recebi a prova, tinha um grande “ZERO”!

Fui falar com ele e ele disse que eu havia “colado”. Eu respondi que não e que
todos os resultados estavam corretos, conforme o resultado na lousa. Ele me
perguntou sobre o “desenvolvimento” da fórmula (agora, lembrando, acredito
que era uma equação do segundo grau ou algo parecido). Eu disse que usava
minha própria formula. Ele pediu para eu demostrar na lousa e eu fui. Me deu
um problema e eu resolvi com a minha fórmula. Me deu outro e eu também
resolvi. Virou e disse que era sorte e a nota era “ZERO”!

Comecei a discutir com ele e acabei indo parar na diretoria. O Diretor (que eu
não sabia) era um vereador de São Bernardo e também amigo da minha mãe.
Se isso foi em no primeiro ano ginasial, eu deveria ter uns 14 anos. Ele me
chamou e perguntou o que havia acontecido. Eu contei e ele disse que não era
a mesma história do professor. O professor havia dito que eu o havia ofendido
que que você não entraria mais na sala dele. Eu disse que, realmente briguei,
porque ele me acusou de ter “colado” em prova e me deu “zero” de nota. O
Diretor (não me lembro nome dele, mas se eu lembrar, venho aqui e altero o
texto), disse que teria que me suspender. Eu retruquei e ele disse que iria falar
com a minha mãe, que era amigo dela, patati e patatá! Disse para eu esperar
na secretaria enquanto falava com ela. Fiquei eu lá e no intervalo, todo mundo
passando e me vendo na “diretoria”. O assunto já havia se espalhado para a
escola toda.

Depois de algum tempo, a secretária me avisou que minha mãe estava na


portaria. Perguntei se poderia ir lá falar com ela e ela me disse que ela iria
entrar para falar com o Diretor. Eu saí da sala e corri para a entrada e a
secretária atrás de mim. Minha mãe, com aquela cara de “belzebu” já foi
gritando e perguntado o que eu tinha “aprontado”.

Quando eu ia contar a minha versão, ela me mandou calar a boca e que eu iria
ver o que me esperava em casa!!

Nessa época, eu já não tinha tanto medo da minha mãe. Apanhei tanto, levei
tantos beliscões e puxões de cabelo que nem ligava mais. Castigo então, eram
dois por semana. Ficava sem televisão, doce, jantar, sair de casa, brincar, e
demais sanções físicas, psicológicas e emocionais. Só pensei comigo mesmo:
QUE SACO!!

Ela entrou na sala do Diretor e mandou que eu ficasse sentado na secretaria. O


colégio todo já sabia que minha mãe havia sido chamada e que eu iria ser
suspenso. Justo que que já vinha de um “transferências compulsória” de outro
colégio. Dessa vez não foi por causa da minha memória, mas eu entrei em
choque com o diretor da escola por outros motivos e ele iria me expulsar (a
história é longa e, qualquer dia eu conto. Daria um capítulo completo). Pois
bem, fiquei eu lá esperando. Uma determinada hora, o Diretor chamou a
secretária, ela entrou e saiu. Voltou e logo após ela entrar na sala, chegou o
professor, que entrou na sala do Diretor. Eu só ouvia o “zum zum zum”.

Depois de uma meia hora, me chamaram para entrar. Minha mãe estava com
cara de que ia me matar. O “belzebu” já tinha incorporado.

Pausa:
Eu já havia tido problemas com esse tal professor de matemática. Na escola
que eu estava, nós tivemos desenho geométrico no primeiro semestre e
teríamos desenho artístico no segundo. Eu não só gostava de desenho
geométrico, eu AMAVA!! Adorava minha professora e meu caderno de
desenho, com todas as aulas, era impecável. Foi a primeira e última vez que
fiz um “caderno de aula” tão perfeito. Quase todas as aulas de desenho
geométrico, ela me pedia para ajudar os outros amigos e, foi nessa mesma
aula que o diretor da outra escola, me tirou do meio de uma prova, e aos
berros, me expulsou da escola. Depois de tratativas entre ele e minha mãe, tive
que ser transferido e, se eu voltasse a pesar naquela escola novamente, ele iria
chamar a polícia. Quando fui para essa nova escola, me deparei com a
matéria de “desenho geométrico”. Fui falar com esse professor dizendo que eu
já tinha tido essa matéria na outra escola. Ele disse que não interessava e que
eu teria que fazer de novo. Na primeira aula, ele me perguntou o porquê de eu
não estar copiando. Eu lhe disse que já tinha toda a matéria pronta no meu
caderno de desenho e mostrei-lhe. Ele pegou meu caderno e ficou olhando.
Disse que aquilo não era meu. Que eu não tinha feito aquilo. Eu discuti com
ele e disse que tudo aquilo era meu e eu mesmo tinha feito. Então ele pegou
meu caderno e disse que iria analisar. Levou meu caderno embora e, mesmo
eu cobrando em todas as outras aulas, ele disse que eu teria que copiar a aula e
no final do ano me devolveria o caderno. Justo aquele caderno que eu tinha o
maior “xodó”!

Entrei na sala da Diretoria e me senti na “santa inquisição” o Diretor começou


a fazer as perguntas e quando eu ia responder, o professor me interrompia
dizendo que eu estava mentindo e eu começava a discutir com ele e, minha
adorável mãe, mandando eu ficar quieto. Lá pelas tantas eu, aos berros, falei
que não iria adiantar nada daquilo, pois todo mundo só acreditava na palavra
do professor e ele estava mentindo. Aí eu peguei “forte” disse que ele era um
incompetente que somente copiava aas respostas do “livro do professor”!
Minha mãe mandando eu ficar quieto o professor em pé gritando e
gesticulando o Diretor dizendo que iria me expulsar. Nessa confusão toda, eu
levantei, apoie na mesa do Diretor e disse:
- Eu posso provar!
Todo mundo parou e o Diretor pediu para eu repetir. Todo mundo ficou quieto
e eu repeti:

- Eu posso provar!

- Como? Disse o Diretor.

- Vamos para a sala de aula, mande que o professor me dê qualquer um dos


exercícios e eu resolvo na frente de vocês.

O professor começou a esbravejar, dizendo que aquilo não era possível que
ele já deveria ter ido embora, que o horário dele já tinha acabado, etc... etc..

Minha mãe, olhava para mim, com olhos de surpresa e me perguntava: Você
tem certeza disso? Eles vão te expulsar!!

O Diretor tentando convencer o professor e eu quieto só assistindo ao “circo”.


No final de tudo, o Diretor virou para mim e disse:

- Nelsinho! Você acusou o professor de mentir e isso é muito sério!

Eu tentei contrapor e ele disse para eu me calar.

- Nós vamos agora fazer esse teste e se você não conseguir resolver eu vou te
expulsar. Tem certeza que quer continuar?

- Tenho!

Minha mãe se descabelando, dizendo para e pedir desculpas, dizendo que eu


seria expulso, etc. O professor fazendo pressão para eu desistir o Diretor me
intimidando com a expulsão e eu gritei com todo mundo.

- Como é? Vão deixar que eu prove ou não?

Todo mundo parou e o Diretor disse: - Vamos lá!

O Professor tentou se interpor, mas o Diretor disse que já tinha decidido e que
caso eu não conseguisse provar, seria expulso. Olhando para mim e minha
mãe.

No caminho até a sala de aula, minha mãe dizendo no meu ouvido que se eu
estivesse mentindo eu iria me arrepender para o resto da vida.
Chegando na sala, todos sentaram nas carteiras e eu fui para a lousa. O
professor pregou o “livro dos professores” e ditou o exercício.

Eu fui colocando na lousa e quando acabei de escrever, olhei o exercício e


disse;

- Mas esse não caiu na prova!!

O Diretor arguiu o professor e o mesmo falou;

- Ele não disse que faz qualquer exercício. O da prova eu já pus a resolução
na lousa e ele já decorou. Se quer provar que faz qualquer exercício, estou
dando qualquer exercício, mas se está muito difícil a gente pode parar por
aqui.

Minha mãe levantou e disse que já estava bom. Que ela não precisava passar
por aquilo, etc. Eu gritei:

- Não tem problema, eu faço!

Fiz algumas continhas na lousa e coloquei o resultado!

- Está certo? Disse o diretor.

- Está, mas ele deve ter decorado esse também!!

- Então passe outro. Retrucou o Diretor.

Anotei e resolvi.

- Como é? Certo?

- Está, mas não é possível!

- Passe outro então!

Eu resolvi. Já estava resolvendo de cabeça, sem precisar das continhas.

O Professor disse que eu tinha decorado todos os resultados.

- Do livro todo? Eu disse.

Nesse momento, o Diretor pediu para o professor criar um exercício que não
estivesse no livro.
Pus na lousa e resolvi!

O Professor levantou-se e disse não ser possível. O Diretor perguntou a ele se


eu tinha provado que sabia resolver os exercícios. O professor, ainda
incrédulo, pediu para fazer mais um. Eu fiz e dei, novamente a resposta certa.
O professor deu um “viva” e gritou. Errou!!

Todo mundo parou! A feição da minha mãe que já havia passado do belzebu
para angelical, voltou a ficar igual a um bicho!!

- Eu disse, se não é esse o seu resultado, quem errou foi você!!

O professor começou a esbravejar e a me xingar! O Diretor mandou ele parar


e ir na lousa para demostrar o resultado. No meio da resolução, o professor
apagou o que estava fazendo com a mão e disse que não iria mais continuar!!

O Diretor disse o seguinte:

- Pois bem, o caso está resolvido. O aluno provou que sabe responder os
exercícios. Caso encerrado!

Eu, ligeiro, disse:

- Resolvido não! Eu quero “dez” na minha prova!

O Diretor virou-se e olhou para o professor, esperando sua reação.


Imediatamente o professor falou:

- Eu quero que ele demostre como chegou ao resultado.

O Diretor olhou para mim e eu me virei para a lousa e comecei a escrever.


Demostrei qual era o método que eu havia criado, passo a passo. No final, o
professor virou e disse:

- Mas isso não serve para todos os problemas!

A Porém, precisaremos colocar uma virgula

Em 1980, eu iria ser pai, iria casar e precisava de um emprego estável. Nessa
época eu cursava Patologia Clínica, queria fazer Medicina e, fiz estágio nos
meus três anos de curso técnico. Não existia estágio remunerado, sendo assim,
em trabalhava meio período em laboratórios. Acabei sendo contrato para
trabalhar em uma empresa de economia mista de São Bernardo do Campo, das
15h às 24h e, na parte da manhã, continuei trabalhando em laboratório de
análises clinicas. Adorava o que eu fazia. Com 17 anos eu já tomava conta,
sozinho, da área de Microbiologia. Tive excelentes tutores.

Entrei no Departamento de Processamento de Dados da PROSBC (que era o


processamento de dados da Prefeitura de São Bernardo do Campo) como
digitador. Em pouco tempo (e curioso), quis aprender mais sobre
computadores e linguagens de programação. Fui escolhido para fazer um
curso de programação COBOL e me apaixonei pelo negócio. Foi como eu
soubesse tudo aquilo sem nunca ter visto nada daquilo. Tinha certeza que
conseguiria o primeiro lugar na prova final. Certeza absoluta, tanto era a
minha empolgação e facilidade. Em uma das últimas aulas (acho que a
penúltima ou última) eu bati o carro indo para o curso (o curso era de manhã
e eu trabalhava de tarde e à noite) e perdi o conteúdo. Tentei recuperar, mas
não deu tempo. Era muito rápido e terminada a última aula, já vinha a
avaliação. Mesmo não tendo a última aula, eu ainda fui muito bem, mas não
consegui uma das três vagas. No dia seguinte, a minha professora Maria do
Carmo Minzoni Beltran foi, pessoalmente, me dar a notícia de que eu não
havia passado. Não só a notícia. Me deu a notícia e uma grande bronca, pois
disse que achava que eu passaria em primeiro lugar. Eu fiquei chateado,
porém, disse que a aula que eu perdi pesou muito. Ela concordou, porém,
mostrou minha prova e meu erro em um problema de lógica. Quando eu vi a
minha resolução, disse que não havia erro nenhum no fluxograma e que o
resultado estava correto. Ela releu a lógica, de um de seus “PUTA QUE O
PARIU” de praxe e disse: CARALHO!! ESTÁ CERTO!!! Pegou a folha e a mim
pelo braço e disse; VEM COMIGO!!!
Ela me levou até a supervisão e disse para eu esperar. Estrou na sala do
Pelegrinelli com a minha prova. Dez minutos depois, me chamaram.

Eu sentei e ele quis que eu explicasse a minha lógica. Eu expliquei. Porém, ele
disse que eu tinha que ter feito determinados “passos” e que eu não fiz.
Perguntou se eu sabia resolver o que o exercício pedia daquela forma
correta. Eu disse que sim, peguei um papel e mostrei a lógica que eles tanto
queriam, porém, que a minha rotina “economizava” quatro passos. Além de
ser mais rápida, era mais clara! A Maria do Carmo então começou a gritava
(não que isso era uma coisa anormal, ela nunca falou nada com menos de 80
decibéis) e dizia: Está certo!! Está certo!! Peligra, preste atenção: ESTÁ CERTA
A RESOLUÇÃO!! Ele fez o resultado certo economizando 4 passo!! A lógica
dele é “estruturada” como a minha e que vocês nunca conseguiram
entender!
O Pelegrinelli disse que não era esse o objetivo e ela emendou: MAS ESTÁ
CERTO!!! A VAGA É DELE!!!

O Pelegrinelli disse, em gestos, para ela ficar quieta e pediu para que eu
saísse. Eles ficaram lá dentro e eu nunca soube o que houve lá. Não me
lembro se no mesmo dia a tarde ou no dia, a Maria mandou me chamar.
Disse em tom ríspido para eu sentar e estranho, estava falando baixo. Olhou
para mim com os olhos vermelhos e disse baixinho: Não deu!!

Eu retruquei: COMO ASSIM NÃO DEU!! Com o resultado daquele exercício eu


fico na segunda colocação! A vaga é minha!!
Ela disse novamente baixinho: Não tem jeito!! Eu tentei, mas não vai dar! Já
foi publicado!!
Ensandecido, eu disse que iria falar pessoalmente com o Pelegrinelli pois
aquilo era uma sacanagem...
Ela bateu na mesa e gritou: CARALHO!!! Vê se entende!!! Não deu, não deu!!
Aguente essa bronca e não enche o meu saco!!! E pode voltar para o seu
serviço!!
Fiquei maluco!! Puto, seria a palavra certa! Fui esbravejando e fiquei mal o
resto do dia.
Minha amiga Celina (Celina Ribeiro) que havia feito o curso comigo (inclusive,
foi ela que tentou me passar a aula que eu perdi) e que havia entrado em
uma das vagas, indo trabalhar diretamente com a Maria do Carmo, veio falar
comigo e disse que a Maria do Carmo tinha ido embora chorando e que ela
tinha feito de tudo para que eu conseguisse a vaga, mas não tinha
conseguido e que ela estava tão ou mais “puta” do que eu, inclusive, que
tinha brigado com o Pelegrinelli.
Eu fiquei mal por muitos dias. Era uma das chances que eu tinha de melhorar
meu nível de serviço e, consequentemente, meu salário e que, na época, eu
precisava muito, já que era um pai novo, com uma família nova e que
ganhava salário de digitador. Eu não poderia nem mandar tudo para o
espaço, pois precisava do dinheiro.
Na “digitação” você era promovido pela sua velocidade e, nós todos,
fazíamos competição para ver quem era o mais rápido. Eu comecei a ficar
muito bom naquilo, mas não era o que me atraia.

Alguns dias depois de todo esse ocorrido, em um final de tarde, quando todo
mundo já tinha ido embora, a Maria do Carmo me chamou (depois daquele
dia, nunca mais nos falamos e desde o curso de programação COBOL, a gente
havia ficado muito próximo). Ela disse para eu sentar, me perguntou se eu
ainda estava bravo e disse que não tirava minhas razões. Eu argumentei e
disse que eu gostava muito dela, mas estava extremamente chateado, mas
que algum dia, o Peligrinelli iria se ver comigo. Ela, tranquilamente (coisa que
nunca foi seu perfil), disse que a culpa não era do Peligrinelli que ele só
estava fazendo papel que ele tinha mesmo que fazer, que a culpa era dela.
Foi ela que preparou os exercícios e a responsabilidade era dela. Tanto que,
na hora da correção, que ela fez junto com o Pelegrinelli, quando viu a minha
resolução, gritou um belo “PUTA MERDA, ELE ERROU”. Disse ainda que ela e
o Peligrinelli analisaram a resolução do problema, revisaram toda a prova e
chegaram à conclusão que que não dava. Que eu não tinha conseguido
errado!
Isso tudo, com várias tentativas de interrupção de minha parte, vários
senões, várias justificativa e ela mandando eu “calar a boca” toda hora e
pedindo para eu só ouvir.

Puxou minha prova da gaveta e disse, batendo em cima da mesa: ESTE AQUI
É O PROBLEMA!!! Apontando para minha lógica!
Emendou: Era para você fazer uma “rotina” de “looping” e você “matou” o
problema só com um “If”. Eu virei e disse: Eu sei, mas o meu funciona e é
mais rápido. Ela continuou: Está certo, mas quando eu e o Peligrinelli
corrigimos, não fizemos “teste de mesa” na sua lógica. Somente avaliamos
que todos os quesitos para a solução estavam presentes e na sua lógica, eles
não estavam. Certo ou errado, a sua prova foi a única que não seguiu os
parâmetros que gostaríamos que seguisse. Na mesma hora eu retruquei:
Provavelmente porque foi essa aula que eu perdi!
Ela me falou que a culpa era dela, pois quando montou o enunciado, ele
estava direcionado para que todos seguissem a mesma lógica e nunca havia
passado pela cabeça dela que existiria ou outro jeito de resolver aquele
problema e ainda, de uma maneira mais simples.

Eu não posso escrever aqui, todos os palavrões que ela disse, pois ficaria
“pornográfico” esse texto, mas Maria do Carmo é o seguinte: “ Em cada cinco
palavras, ela diz seis palavrões”. É, essa era a Maria do Carmo. Não sei se
melhorou, faz décadas que não nos encontramos e eu morro de saudades de
um dos meus dois Grandes Mestres!

Bom, ela me disse que havia falado com várias pessoas e queria me
aproveitar de alguma maneira. Disse para eu não me XXX desestimular que
eu iria me sair bem naquela área. Disse também, que havia conversado com
o Rocco (José Roberto Rocco, que viria a ser o meu segundo Grande Mestre)
e ele estava pensado em fazer um curso de Programação “Data IV/70”,
linguagem de programação do equipamento “Four Phase”, que era o
computador de “Data-Entry” que usávamos, ou seja, “programas para
digitação”.

Saí de lá mais esperançoso, mas continuava triste...

A digitação não me atraia mais. Estava cansado daquilo. A irmã do Rocco era
minha chefe na “digitação”. Doroty Rocco! Como trabalhávamos até a meia-
noite, o clima na Digitação era mais tranquilo, só ficávamos nós e o pessoal
da operação do “Grande Porte”, um equipamento NCR Century 251, que era
o cérebro de todo o processamento de dados da Prefeitura de São Bernardo
do Campo, de todas as Empresas de Economia Mista e, por vezes, também
vendíamos “Block Time”, tempo e serviço de processamento para outras
empresas, inclusive particulares (na época me lembro que trabalhávamos no
processamento do lançamento de vendas do Cemitério Jardim da Colina –
1980 ou 81). Tinham outros serviços particulares, mas pela quantidade, esse
marcou mais. Tétrico, mas realista!!
Tinham que parar, de tempos em tempo, para gravar todos os dados
digitados e acumulados em um disco tipo “patch” (de, alucinantes, 10 Mb) e
transferir as informações para as “fitas” que seriam enviadas para o
computador central a fim de serem processadas. Dependendo do dia, as
vezes era necessário fazer duas ou três manobras destas, copiar todos os
dados e também, realizar o “back-up” (cópia de segurança) já que o disco
deveria ser limpo.

Todas as vezes que a Doroty ia fazer esse procedimento, eu ficava ao seu


lado espiando e perguntando (Não tenho nem ideia do qual eu devo ter lhe
“enchido o saco”). Mentalmente, eu já sabia como fazer as gravações e
“backups”, mas, o mais interessante era o final do dia (ou melhor, noite.
Melhor ainda, começo de madrugada) onde tinha uma séria de processos
para serem feitos, tanto de “backups” como para desligar o computador que
eram, realmente, fascinantes. Até hoje me lembro das sequencias do “boot
strap”, feitas nas “teclas” diretamente no equipamento.

Acho que demorou quase um ano para que o Curso do Rocco fosse
aprovado.

Infelizmente, eram somente


IV PHASE (Equipamento Data IV/70), passei em primeiro lugar, mas das
duas vagas iniciais existentes, somente duas foram

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