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Relatório sobre Analise Legal das

Posturas Municipais sobre


DUATs

NOVEMBRO 2013

VERDE AZUL Consult Lda | Rua Fernando Ganhão # 110 | Tel: +258 21 48 62 13/4 | Fax: +258 21 49 95 19
SUMÁRIO

1. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................................. 1
2. FINALIDADE DA REGULARIZAÇÃO: .................................................................................................... 2
3. ANÁLISE DA POSTURA MUNICIPAL DE DUAT E SEU ENQUADRAMENTO NO ÂMBITO DO
PROGRAMA DE REGULARIZAÇÃO MASSIVA DE DUAT ........................................................................... 2
CADASTRO MUNICIPAL DE TERRAS .................................................................................................................... 3
4. ÓRGÃO COMPETENTE PARA AUTORIZAÇÃO/ REGULARIZAÇÃO DO DUAT ............................. 3
5. PROCESSO DE REGULARIZAÇÃO DE DUATS ..................................................................................... 4
6. TITULAÇÃO ................................................................................................................................................ 6
6.1. DA FORMA: .......................................................................................................................................... 7
6.2. DOS REQUISITOS: ................................................................................................................................. 7
6.3. ESBOÇO DE LOCALIZAÇÃO DO TERRENO:.............................................................................................. 9
6.4. MEMÓRIA DESCRITIVA COM A INDICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO QUE O REQUERENTE SE PROPÕE A
REALIZAR: ........................................................................................................................................................ 10
6.5. ACTA DE CONSULTA ÀS COMUNIDADES LOCAIS.................................................................................. 10
6.6. PARECER DO ADMINISTRADOR MUNICIPAL APÓS CONSULTA ÀS COMUNIDADES LOCAIS:................... 10
6.7. PLANO DE EXPLORAÇÃO (PARA O CASO DE ACTIVIDADES ECONÓMICAS): .......................................... 11
6.8. RECIBO DO PAGAMENTO DA TAXA ANUAL DE DUAT ......................................................................... 11
6.9. GUIA COMPROVATIVA DO DEPÓSITO PARA PAGAMENTO DA TAXA DE AUTORIZAÇÃO PROVISÓRIA: .... 12
7. CONTEÚDO DO TITULO ......................................................................................................................... 13
8. AVERBAMENTO (ART. 42 RSU) ............................................................................................................ 15
8.1. ACTOS SUJEITOS A AVERBAMENTO ................................................................................................... 15
1. Contextualização
O Conselho Municipal de Maputo (CMM) está a implementar a segunda fase (2011 – 2015)
do Programa de Desenvolvimento Municipal de Maputo (PROMAPUTO - MMDP) visando
o fortalecimento institucional e financeiro do CMM e garantir a sustentabilidade da melhoria
dos serviços aos seus munícipes. A componente do Planeamento Urbano e Ambiente
(Componente C) compreendeu a fase da elaboração do Plano de Estrutura Urbana do
Município de MAPUTO (PEUMM), já aprovado e que permitiu a elaboração e aprovação dos
planos parciais e de pormenor. Está em curso o desenho e instalação dum sistema de
tecnologia moderna de gestão de informação (SIGEM) com vista a melhorar a capacidade
municipal na gestão do solo urbano.

O Programa de Desenvolvimento do Município de Maputo (MMDP II) é bastante


compreensivo com cerca de 5 componentes, onde a componente para “Regularização
Massiva de DUATS” se insere na Componente C do Planeamento Urbano. Sabemos que o
MMDPII pretende cobrir um total de 30,800 DUATs até ao fim do Programa em 2015.

O principal objectivo da Componente de C consiste em garantir uma eficiente e sustentável


gestão do solo através do melhoramento dos procedimentos de administração,
estabelecimento dum sistema geográfico de informação, melhoramento dos parcelamentos
incluindo os assentamentos informais. É neste contexto que o Consorcio VA/ Sinergia foi
contratado para prestar serviços de consultoria garantindo a assistência técnica ao CMM nos
processos de regularização de DUATs e registo de parcelas nas áreas peri-urbanas do
Município incluindo o desenho da metodologia adequada para o registo e demarcação eficaz
de parcelas e implementação de um projecto-piloto de testagem e melhoramento da
metodologia adoptada.

Este programa incide sobre os 9 bairros com Planos Parciais de Urbanização (PPU)
aprovados nomeadamente, Zimpeto, Magoanines A, B e C, Albazine, Mahotas, Laulane,
Ferroviário e 3 de Fevereiro. A fase piloto de regularização de DUATs será implementada
numa área de intervenção específica devendo emitir 4000 DUATs. A área deve ser proposta
pelo Consultor e aprovada pelo CMM. Recomenda-se que a mesma tenha reduzido número
de potenciais conflitos de terra para garantir celeridade na implementação desta fase piloto.
Após a metodologia aprovada será possível massificar ainda mais o programa de
regularização para as restantes áreas do município.

O CMM está a desenvolver um estudo sócio económico nos bairros abrangidos que irá servir
de base para a implementação do Programa de Regularização Massiva de DUATs (RMD). O
sistema de monitoria e avaliação a ser desenvolvido pela VA/Sinergia irá garantir a monitoria
da metodologia nas áreas de intervenção piloto.

O programa de Regularização Massiva de DUATS tem como objectivos específicos:

 Análise documental e das experiências existentes sobre regularização de DUATs nos


aspectos institucionais, legais, operacionais, financeiros e sócio económicos;

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 Desenvolver uma metodologia e posturas municipais sobre a regularização de
DUATs;
 Garantir assistência técnica ao município na implementação da fase piloto de RMD;

2. Finalidade da Regularização:
1. Aumentar a capacidade de planificação, criando maior serenidade na administração de
terras;

2. Melhorar a prestação de serviços de administração de terras pelas instituições locais do


Estado, criando uma sustentabilidade institucional a médio e longo prazos;

3. Colocar o cidadão comum (homens e mulheres) a participar activamente no processo de


gestão da terra servindo de base para a paz, segurança e desenvolvimento local;

4. Servir de um mecanismo para o exercício e defesa dos direitos adquiridos por homens e
mulheres sobre a terra;

5. Contribuir para a redução de conflitos de terras, aumentando a protecção e segurança de


posse da terra como um bem vital para o desenvolvimento local;

6. Criar uma oportunidade para o crescimento e desenvolvimento económico pela


identificação da terra disponível e uma base sólida para o direccionamento do
investimento privado de pequena e grande escala, a médio e longos prazos;

7. Dar directrizes metodológicas com vista a uma harmonização de informação cadastral


para todas finalidades, melhorando a eficiência do processo de gestão e administração da
terra.

3. Análise da Postura Municipal de DUAT e seu Enquadramento no Âmbito do

Programa de Regularização Massiva de DUAT


O acesso ao Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) no Município de Maputo
(MM) assenta na Constituição da República no que se refere a propriedade do Estado sobre a
Terra (Art.. 109 CRM), não podendo por isso, a terra ser vendida, nem de qualquer forma
alienada. Tem o seu suporte legal na Lei de Terras (LT) Lei 19/97, de 01 de Outubro, no que
se refere a propriedade do Estado sobre a terra e o seu carácter inalienável por qualquer das
formas (Art. 3 LT) formas de aquisição do DUAT principio das taxas entre outros. Anexo I.
Em específico, a RMD deveria assentar na Resolução nº 115/AM/13, de 30 de Outubro que
aprova a Postura Municipal sobre o Direito de Uso e Aproveitamento do Solo no Município
de Maputo (PMDUAT). Anexo II.

O Regulamento da Lei de Terras (RLT), aprovado através do Decreto nº 66/98, de 08 de


Dezembro, foi usado como referencia para a organização institucional e procedimentos
processuais do cadastro do município enquanto que o Regulamento do Solo Urbano (RSU),

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aprovado através do Decreto nº 60/206, de 26 de Dezembro constitui a fonte básica de
referência da Postura Municipal sobre o DUAT. Anexo III

Cadastro Municipal de Terras


A Postura Municipal de DUAT (Art. 7) cria o Cadastro Municipal de Terras como uma
secção do Cadastro Nacional de Terras (CNT) previsto no artigo 5 da LT). Esta interligação
recomenda a necessidade de maior harmonização no processo de operacionalização do
Cadastro Municipal de forma a responder as necessidades Municipais em termos de
informação e dados nele contidos ao mesmo tempo que funciona como suporte do CNT. O
CNT compreende a totalidade dos dados necessários para a qualificação económica,
planificação e distribuição dos recursos naturais do País, tendo em conta a situação
económica jurídica das terras, tipos de ocupação, uso e aproveitamento, bem como a
avaliação da fertilidade dos solos, manchas florestais, reservas hídricas, de fauna e de flora,
zonas de exploração mineira e de aproveitamento turístico. Serve como instrumento de
organização eficaz da utilização da terra, sua protecção e conservação e a determinação das
regiões próprias para produções especializadas. Este entendimento ficou, igualmente,
plasmado no Cadastro Municipal (nº 2 do Art. 7 PMDUAT).

Foi assim que o Conselho Municipal instituiu a necessidade doutros sectores municipais
enviarem os dados necessários para a organização e actualização do Cadastro Municipal de
acordo com as normas definidas (ou a serem definidas) pelos Serviços de Cadastro. Acontece
porém, que estas normas ainda não foram definidas, o que constitui constrangimento para a
operacionalização do cadastro municipal (nº 3 Art.. 7 PMDUAT).

O Ministério da Agricultura, enquanto entidade responsável pela coordenação do CNT está


em processo de elaboração das normas técnicas de envio de dados ao CNT. Esta experiencia
deve ser capitalizada pelo CMM para elaboração das normas de envio de dados municipais ao
seu cadastro, com a vantagem de uniformização de procedimentos no quadro da
simplificação de procedimentos administrativos do Estado.

OBSERVAÇÃO I
A operacionalização do Cadastro Municipal pressupõe a definição das normas técnicas de
envio de dados e a indicação dos sectores que deverão canalizar estes dados, o tipo e natureza
de dados a constituírem o Cadastro Municipal, mecanismos do seu envio e formato,
regularidade da sua actualização, natureza da informação de acesso público e de natureza
confidencial entre outros elementos de natureza técnica cadastral, tendo como suporte o
SIGEM.

4. Órgão competente para autorização/ regularização do DUAT


Nos termos da LT a competência para autorização do DUAT é conferida aos Governadores
provinciais para os pedidos de DUAT em áreas inferiores a 1000 hectares e emitir as licenças
especiais para as zonas de protecção parcial correspondentes; Ao Ministro da Agricultura em
áreas acima de 1000 hectares e inferiores a 10.000 hectares e respectivas zonas de protecção
parcial; Ao Conselho de Ministros em áreas superiores a 10,000 hectares (desde que inseridas

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num plano de uso da terra ou enquadráveis num mapa de uso da terra) e respectivas zonas de
protecção parcial (Art. 22 LT).

Os Presidentes dos Conselhos Municipais são competentes para autorizar os pedidos de


DUAT nas áreas cobertas por planos de urbanização contanto que tenham serviços de
cadastro (Art. 23 LT). O RSU veio a suprir a lacuna legal conferindo também competência
para o Conselho Municipal ou seu Presidente emitir licenças especiais nas áreas de jurisdição
municipal (Art. 3 RSU). A PMDUAT preferiu remeter esta matéria para o RSU e respectiva
LT (Art. 17 PMDUAT) e foi mais cautelosa remetendo ao Artigo 56 da Lei nº 2/97, de 18 de
Fevereiro.

No quadro dos processos de regularização de DUAT, constatamos que o requerimento do


pedido de regularização, modelo em uso, anexo IV, é dirigido ao Director Municipal de
Planeamento Urbano e Ambiente (DMPUA), e posteriormente encaminhado ao Presidente do
C.M entidade competente para decisão sobre o mesmo (Art. 10 PMDUAT).

OBSERVAÇÃO II
O Formulário do requerimento que deve acompanhar a ficha de recolha de dados a ser
adoptado no processo de RMD deve indicar, expressamente, que o pedido é dirigido ao
Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo (PCM), conforme previsto no Art.
23 da LT, conjugado com o Art.10 PMDUAT, sem prejuízo do pedido dar entrada nas
Administrações Municipais e ser tramitado a nível da DMPUA, antes da sua submissão à
apreciação e decisão pelo PCM.

5. Processo de Regularização de DUATs


Constitui Regularização de DUATs todos os casos em que a pessoa singular, colectiva ou
comunidade local nacional, entidades ou instituições estatais municipais, que não tendo uma
autorização do DUAT, não conseguem efectivar a ocupação resultante da saída de zonas
abrangidas, por uma calamidade natural ou por ter ocorrido uma transferência do prédio
urbano para outrem que deve ser objecto de novo registo. Ou por impossibilidade de exercer
o direito concedido, sendo os casos em que a pessoa singular, colectiva ou comunidade local
nacional, entidades ou instituições estatais municipais, que tendo uma autorização do DUAT
não conseguem efectivar a ocupação por ter ocorrido uma dupla atribuição ou ter sido
objecto de expropriação por interesse publico (nr 4 art. 35 PMDUAT). Esta noção de
regularização é distinta do que tecnicamente e comummente se entende por regularização e
não se enquadra nos objectivos constantes do programa de RMD.

Os procedimentos legais e administrativos para a regularização de DUATs não ficaram claros


na PMDUAT. A regularização deve ser entendida como um regime especial de mero
reconhecimento de DUAT constatado a partir da ocupação de boa fé desde que enquadrável
no plano de ordenamento (arts. 21 e 29 do RSU). Assim torna se pertinente que se altere
aquela noção naquele documento legal, pois aquela noção equipara a regularização como
sendo a resolução de conflito sobre DUAT, o que não tem enquadramento na LT e no RSU.

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A PMDUAT assumiu a necessidade de simplificação de procedimentos de tramitação do
DUATs num prazo não superior a 90 dias, dentro dos quais o requerente deverá obter a
autorização provisória ou comunicação do despacho sobre o seu pedido (Art. 18 PMDUAT).
Para isso, desenvolveu um formulário M I, anexo V visando assegurar esta simplificação.
Recomenda igualmente que o reconhecimento das assinaturas seja feito na Administração do
Distrito Municipal onde o pedido é submetido – Mais um acto louvável de simplificação que
o Programa de RMD deverá adoptar (Art. 19 PMDUAT).

OBSERVAÇÃO III
A PMDUAT deverá ser revista para incluir um capítulo específico dedicado a regularização
de DUATs. Inclui neste a noção legal de regularização de DUAT, procedimento
administrativo, requisitos, processo, tramitação e outras excepções á regra do processo de
autorização do pedido harmonizando com a LT e o RSU que prevê o reconhecimento ou
mera titulação, por se tratar da regularização ou reconhecimento do DUAT das pessoas
singulares ocupantes de boa fé, que o obtiveram o DUAT por via da LT (Art. 10,11 e 12)
conjugados com (Art. 29 e ss RSU), esta revisão da postura municipal enquadra se nos
objectivos específicos do programa de RMD em especial o de Desenvolver uma metodologia
e posturas municipais sobre a regularização de DUATs;

Enquanto de elabora a revisão da Postura nos termos acima referidos, a RMD pode ser feita
nos termos do RSU, socorrendo se do Artigo 45 da PMDUAT que recomenda que os casos
omissos sejam tratados nos termos da legislação vigente sobre a matéria, propomos a
aplicação do RSU para tratar os casos de regularização de DUAT dos ocupantes pessoas
singulares de boa fé, cujo DUAT deriva dos efeitos da lei (al a) e b) art. 12 LT).

OBSERVAÇÃO IV
“ A aquisição do DUAT por ocupantes de boa fé é reconhecida no quadro dos inquéritos
realizados nos termos dos Artigos 10 a 16, desde que a ocupação seja enquadrável no plano
de ordenamento e que o ocupante assuma respeitar as regras nele estabelecidas” (Art. 29
RSU)
Esta redacção é mais feliz por tratar como reconhecimento dos direitos e não da atribuição do
DUAT. Estes DUATs derivam do efeito da lei (al.a) e b) Art. 12 da LT). Assim os objectivos
da RMD enquadram se legalmente na figura do reconhecimento do DUAT nos termos do
Artigo 29 do RSU, que por sua vez nos remete para a figura do inquérito. Com a revisão da
PMDUAT teremos um regime jurídico de regularização do DUAT mais próxima do que
comummente se trata e de acordo com as práticas municipais sobre a matéria. No
mesmo processo de revisão da Postura iremos delimitar a noção de Regularização
Massiva de DUAT (RMD) por forma a legitimar todos os procedimentos legais e
administrativos usados pelo Município na titulação das parcelas neste regime.

O pressuposto legal é que a regularização ou titulação dos DUATs devem realizar se onde
existam planos de ordenamento, o que irá permitir confirmar se determinado talhão é
enquadrável ou não no Plano e se obtenha o compromisso do ocupante em respeitar as regras
nele estabelecidas. Estes requisitos mostram se cumpridos, contanto que o Programa da RMD
irá acontecer nos 9 bairros onde existem Planos de ordenamento aprovados e por outro lado

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este Plano tem a natureza de Regulamento administrativo (nº 2 Art. 4 RSU) e foi realizado
com a consulta dos diversos interessados (Art. 9 RSU). O compromisso do ocupante pode
não carecer de formalidade adicional, isto é, os planos são de cumprimento obrigatório.
Todavia no processo de sensibilização devem ser novamente informados do teor do plano de
ordenamento e do seu carácter vinculativo. As situações cujas ocupações não sejam
enquadráveis no Plano de ordenamento, devem ser atribuídos novas áreas de ocupação com
uso similar e serem indemnizadas pelas benfeitorias sua propriedade (al.b) e c) Art.11 RSU).

O Instrumento prévio da Regularização dos DUATs de ocupantes de boa fé é o inquérito


(Art. 10 a 16 RSU), Que deve ser previamente realizado antes da elaboração dos respectivos
planos e que visa identificar e recensear os ocupantes da zona do plano e caracterizar com
exactidão a situação jurídica dos terrenos por eles ocupados e tomar decisões sobre eventuais
conflitos. Faz se a consulta a comunidade do bairro e o envolvimento directo dos líderes
comunitários que apoiam a equipe técnica na sensibilização, recolha de dados sobre os
ocupantes e ocupações e na resolução de conflitos (Art.10 e 14 RSU).

Considerando a hipótese deste procedimento ter sido preterido aquando da elaboração dos
planos de ordenamento dos 9 bairros em questão, teríamos uma preterição duma formalidade
essencial e que coloca em causa a validade jurídica e eficácia dos referidos Planos de
Ordenamento. Não sendo o caso, o Programa RMD visa materializar titulação dos ocupantes
cuja situação jurídica foi conhecida e que as suas parcelas são enquadráveis no plano de
ordenamento aprovado/ adoptado (al.a) Art. 11 RSU). O que pressupõe a existência do
respectivo Relatório do inquérito contendo os mapas da área do inquérito, ocupações
existentes, descritivos, lista de ocupantes e sua situação jurídica, reclamações e tratamento
dado, acto administrativo da aprovação e BR de sua publicação (Art. 15 e 16 RSU). Neste
caso, o Programa de RMD deve incidir sobre esta base e proceder a titulação ou regularização
dos ocupantes constante do relatório e cuja situação jurídica já foi definida e as ocupações
são enquadráveis no Plano de ordenamento aprovado.

OBSERVAÇÃO V
Se os inquéritos não tiverem sido feitos, nos termos acima referidos, a RMD deve incluir o
suprimento desta lacuna ao mesmo tempo que é feita a titulação dos ocupantes cujas áreas se
mostram enquadráveis no plano e a sua situação jurídica se mostre regular em termos de
capacidade e legitimidade (requisitos da titulação).

6. Titulação
O Titulo é um documento emitido pelos serviços públicos de cadastro gerais ou urbanos,
comprovativo de DUAT. Embora a ausência de titulo não prejudique o DUAT das pessoas
singulares que o tenham adquirido por ocupação de boa fé ou de acordo com as normas e
praticas costumeiras, o legislador não distinguiu os processos de titulação para uns e outros,
devendo observar os procedimentos estabelecidos para o efeito, com as necessárias
adaptações (nº 18 Art.. 1, Art. 13 LT). No caso do Titulo de Uso e Aproveitamento do Solo
Urbano que é o documento comprovativo do Direito de Uso e Aproveitamento do Solo

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Urbano (art. 41 RSU) este deve ser emitido de acordo com os procedimentos e requisitos
previsto no respectivo regulamento e respectivas posturas, em tudo que não contrarie a LT.

Assim, o processo de titulação por via de regularização/reconhecimento dos ocupantes de boa


fé deverá observar os seguintes procedimentos:

6.1. Da Forma:
Pedido, através do formulário próprio, entregue junto aos Serviços de Administração do
Distrito Municipal da respectiva área (Art. 18 e 19 PMDUAT). No caso do programa de
RMD deve se entender que o processo inicia nestes serviços, ainda que realizado com o
apoio da equipe técnica. Nos termos da PMDUAT o formulário é vendido, todavia no
processo de RMD este pode ser gratuito ou os custos incluídos no valor total da titulação;
Exige se a assinatura do formulário pelo requerente e seu reconhecimento pelos serviços
municipais e pagamento de emolumentos fixados.

6.2. Dos Requisitos:


 Documento de identificação: A título explicativo, a PMDUAT refere se a
fotocópia do BI ou DIRE. Não se deve considerar o DIRE no processo de RMD
tendo em conta que o reconhecimento/ regularização apenas abrange os cidadãos
nacionais (Art. 8 PMDUAT conjugado com a al.a e b) Art. 12 LT). A
atribuição de DUAT por pessoas singulares ou colectivas estrangeiras está
regulada no Art 11 da LT ficando excluído deste regime, pelos pressupostos
fixados por lei.

 Documentos validos: Todos os documentos de identificação passíveis de aferir a


nacionalidade moçambicana ao mesmo tempo que identifiquem e particularizem
o requerente poderão ser usados; Este atendimento ficou igualmente plasmado no
legislador urbano que preferiu a redacção documento de identificação do
candidato, sem expressamente enumerar (al.a) nr 1 art. 40 RSU). Foi assim que
no modelo ou conteúdo do título não consta o Nr do BI ou do documento de
identificação apresentado, o que nos leva a concluir que estes documentos tem a
função de conferir os dados necessários para individualizar o titular (res) do
DUAT em questão para cada parcela ou talhão.

 Ligado a questão da identificação do requerente, coloca se a questão da


titularidade, por ser aqui onde o identificado passa a ser reconhecido como titular
do DUAT. Actualmente o processo normal de titulação por autorização do pedido
do requerente exige se a declaração do Secretário do Bairro, confirmando ser este
o residente do talhão em questão. Referir que a declaração de residência pode não
coincidir com a titularidade, isto é, o residente ainda que há mais de 10 anos pode
não ser o titular do DUAT sobre uma determinada parcela em que reside. Por
outro lado, a referida declaração não tem enquadramento legal, mesmo
funcionando como mecanismo de consulta aos líderes comunitários locais (Art.
14 RSU).

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OBSERVAÇÃO VI
A titularidade do requerente deve ser objecto de triagem cuidadosa, devendo entre
outros incluir a assinatura do requerente na ficha de inquérito/ formulário ou de
recolha de dados que passa a servir como formulário de pedido em simultâneo,
confirmando que os dados contidos no pedido são fiáveis. Deve ser prevista a
advertência de falsas declarações com as consequências legalmente previstas na
legislação penal sem prejuízo de outras medidas administrativas aplicáveis. A
declaração do chefe do quarteirão ou secretário do bairro deve complementar esta
informação, com as mesmas consequências em caso de falsidade. Desconhecendo
o chefe do quarteirão, deve este facto ficar expresso na ficha para que conste do
processo e seja referido no edital a ser publicado.

 CO TITULARIDADE. duas ou mais pessoas podem ser comproprietários da


mesma coisa. Quando se trata de parcela/ talhão, cuja propriedade pertence ao
Estado, designam se co-titulares, tendo por isso os mesmos direitos em igual
proporção. Nestes casos, por declaração dos requerentes ou um deles, com a
confirmação da autoridade local devem as suas identificações constar do processo
e do respectivo titulo como co-titulares do respectivo DUAT (Art. 10 LT
conjugado com o Art. 32 RSU). Não havendo confirmação desta alegada co-
titularidade por parte da autoridade local (chefe do quarteirão ou secretário do
bairro ou outra pessoa que a possa testemunhar ou havendo duvida da mesma, o
processo deve seguir os seus tramites regulares com a presunção da co-
titularidade até a fase dos editais dando tempo para a produção da prova ou busca
de consenso entre as partes.

 Casamentos e união de facto. Um dos princípios da Política de Terras e sua


Estratégia de Implementação aprovada pela Resolução nº 10/95, de 17 de
Outubro, é a garantia do direito do acesso e uso da terra pela mulher (nº 17). Ao
mesmo tempo que a CRM fixa a valorização do casamento tradicional e religioso
devendo ser fixados os requisitos do seu registo e seus efeitos e determina que o
DUAT é conferido às pessoas singulares ou colectivas tendo em conta o seu fim
social ou económico (Art. 110 e 119 CRM). A regularização da habitação
própria tem um fim social e económico prioritário e visa colocar o cidadão
comum (homens e mulheres) a participar activamente no processo de gestão da
terra servindo de base para a paz, segurança e desenvolvimento local e servir de
um mecanismo para o exercício e defesa dos direitos adquiridos por homens e
mulheres sobre a terra (Documentos do Projecto PROMAPUTO). Na
transmissão do DUAT por herança homem e mulher herdam sem distinção de
sexo (nº 1 Art. 16 LT), ficando desde já eliminada a distinção dos possíveis
herdeiros do DUAT baseada no sexo, o que vem a colocar todos os herdeiros dum
dado DUAT objecto de regularização/ reconhecimento como co-titulares na
mesma proporção, salvo habilitação legal específica.

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 Havendo casamento civil, religioso ou tradicional registado, o requerente (homem
ou mulher) deverá fornecer o nome do conjugue e se possível mencionar o regime
de casamento e desconhecendo deste, esta informação ficaria em aberto na
respectiva ficha, podendo ser fornecida até o final do prazo da apresentação das
reclamações aos editais com recurso a testemunhas ou outros meios de prova
permitidos por lei.

 Havendo casamento tradicional ou religioso não registado ou união de facto o


requerente deve indicar o nome do conjugue que sendo mulher deve presumir-se
que existe co titularidade do DUAT, salvo se as partes ou uma das partes
manifestar vontade contraria.

 No caso de Viúvo (a) continua importante a indicação do nome do conjugue


falecido, salvo casos em que havendo habilitação de herdeiros seja apresentado
respectivo documento que irá, expressamente, indicar o titular ou titulares do
DUAT em questão.

 Divórcio não podendo ser presumido deve ser comprovado através da sentença
que defina os direitos das partes, não havendo prevalece a informação documental
ou declarada por testemunhos ou autoridade local devendo sempre constar os
nomes do conjugues.

 No caso de conflitos conjugais relativos a partilha aquando dos levantamentos de


RMD deve presumir se a co-titularidade de ambos. Nos casos de ausência dum
dos conjugues podem ser solicitados contactos donde possa ser contactado para a
confirmação dos dados da ficha através da equipa técnica com o apoio da
Administração local.

 Nos casos de ocupantes apenas filhos dos pais ausentes, falecidos ou separados
devem configurar como titulares todos os filhos residentes e respectivos pais no
imóvel sem distinção de sexo, idade, filiação sendo sempre obrigatória a
existência de testemunhas residentes sem prejuízo da declaração da autoridade
local.

OBSERVAÇÃO VII
O processo de RMD deve incluir um gabinete de triagem, a funcionar junto da
Administração Municipal local antes da emissão dos editais e depois destes, com
termos de referência claros e pessoal capacitado para receber documentos a serem
fornecidos a posterior a passagem das equipas técnicas, tais como provas de
titularidade, documentos de co-titularidade, habilitação de herdeiros entre outras
situações, de natureza jurídica ou administrativa.

6.3. Esboço de localização do terreno:


No programa de RMD deve ser feito, oficiosamente, pela equipe técnica em trabalho de
campo de recolha de dados, conforme formulário a ser aprovado.

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6.4. Memória descritiva com a indicação do empreendimento que o requerente se propõe a realizar:
Na regularização a equipe técnica deve fazer a memória descritiva do empreendimento
existente, melhor já realizado pelo ocupante conforme ficha de recolha de dados a ser
aprovada (ficha unificada). A ficha deveria permitir que se o titular ou ocupante tem
consigo memória descritiva do projecto de construção que pretende realizar ou está a
construir possa fazer este constar do processo de regularização, com as necessárias
recomendações do sector técnico respectivo;

6.5. Acta de consulta às comunidades locais.


A consulta às comunidades é um requisito de forma que não pode ser contornado (nº 3 Art.
13 LT) mesmo nos casos de regularização, por ser um instrumento de mitigação de eventuais
conflitos entre ocupantes, vizinhos, interessados e o próprio Município. A PMDUAT é
omissa sobre os procedimentos da consulta, contudo recomenda que os serviços da
Administração municipais marquem a data da consulta às comunidades e viabilize a
realização da mesma (al.c 1. Art. 20 PMDUAT). Por ser este um requisito chave no RLT foi
objecto de diploma próprio (Diploma Ministerial Conjunto nº 158/2011, de 15 de Julho dos
Ministros da Agricultura e Administração Estatal) e que pode ser igualmente aplicado com as
necessárias adaptações. O RSU procurou regular este requisito no quadro do processo de
elaboração dos planos de ordenamento e nos procedimentos do inquérito tendo previsto: i) a
consulta prévia; ii) envolvimento dos líderes comunitários nas equipes técnicas; iii)
publicação do relatório preliminar do inquérito para eventuais reclamações e, iv) a publicação
do relatório final (Art. 9 ss RSU).

No programa de RMD deve adoptar se a metodologia de maior sensibilização prévia e


publica do processo não só para os beneficiários, mas também para o público em geral,
considerando que determinado titular pode encontrar se fora da sua residência habitual,
noutra província ou país, devendo tomar conhecimento do processo. A figura dos líderes
comunitários previstos no RSU integra os chefes de quarteirão, secretários dos bairros, líderes
religiosos e outros a serem envolvidos no processo de sensibilização, recolha de dados e
resolução de conflitos (Art.14 RSU).

A publicação do Relatório preliminar será substituída pela publicação de editais sobre os


ocupantes e sua situação jurídica, desde que dos referidos editais conste toda a informação
relevante para permitir confirmação ou eventual reclamação de interessados ou terceiros, o
formato do edital a ser editado deve ser o mais claro e compreensivo possível e terá um prazo
considerado razoável, podendo ser prorrogado para determinados casos identificados no
gabinete de triagem. Este prazo não deverá ser inferior a 30 dias seguindo a rácio do RSU
que fixou igual princípio pra exposição dos planos de ordenamento (art. 20 RSU).
Observando o prazo de exposição dos Planos de ordenamento, A assinatura do requerente (s)
é feita findo o prazo de consulta ao edital, confirmando não só os dados como também que
não houve reclamação sobre os dados ou ocupação em questão e se for o caso o tratamento
que foi dado.

6.6. Parecer do Administrador Municipal após consulta às comunidades locais:

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Este parecer deriva da lei e deve ter como base a consulta nos termos acima referidos. No
quadro do programa de RMD deve ter lugar após término do prazo de editais, visando
assegurar que foram sanados todos eventuais vícios no processo e resolvidas as questões
controvérsias e constar a forma de resolução adoptada (al. F Art. 15 RSU).
Tecnicamente, um texto previamente concebido deve ser concebido para obter a
assinatura do Administrador nos casos regulares deixando se a descrição para os casos de
conflitos, garantindo maior celeridade processual.

O parecer do Administrador Municipal é emitido com base na declaração do chefe do


quarteirão, que por sua vez passa pelo secretário do bairro, cujo teor em geral consiste no
seguinte texto: “ Para efeitos de regularização do terreno, declaramos que não há
inconveniente” a favor do titular. Assim, esta declaração passa a servir de base para a o
Administrador Municipal emitir seu parecer favorável e por consequência o Presidente
do Conselho Municipal autorizar a regularização ou atribuição a favor deste titular. Em
rigor jurídico, é a declaração do chefe do quarteirão que desencadeia todo o processo de
legitimidade do titular do DUAT, sendo as outras fases meras confirmações do
documento anterior. Não existe ao longo do processo de tramitação, outro mecanismo de
verificação da licitude desta legitimidade ou eventuais vícios que tenham ocorrido, o que
constitui um risco a todo o processo de regularização ou atribuição do DUAT.

6.7. Plano de exploração (para o caso de actividades económicas):


A ocupação a que se refere o programa de RMD enquadra se no DUAT para habitação
própria familiar (a.1. Art. 35 PMDUAT). A área encontra se ocupada por habitação
própria do requerente mono ou plurifamiliar. Esta abordagem deve ser harmonizada com
o estabelecido nos Planos de ordenamento, considerando que tratando se duma
actividade económica a mesma pode não ser enquadrável no plano e, por isso, ser dado
tratamento distinto da regularização ou reconhecimento (Art. 11 RSU). Note se o
enquadramento refere se apenas ao plano de ordenamento, por exclusão clara e expressa
aos planos parciais e de pormenor.

Assim, fica expressamente determinado que não se aplica o requisito de plano de


exploração para os casos de RMD. Aliás, apenas o requerente de DUAT por autorização
de pedido deve apresentar o plano de exploração das actividades económicas que
pretende desenvolver (Art. 19LT).

6.8. Recibo do pagamento da taxa anual de DUAT


Os titulares de DUATs estão sujeitos ao pagamento de taxas, cujo valor é determinado
tendo em conta a localização dos terrenos, sua dimensão e a finalidade do uso e
aproveitamento, nomeadamente as taxas de autorização e a taxa anual. Estão previstas
taxas preferenciais para cidadãos nacionais (Art. 28 LT). A Lei fixa isenções ao
pagamento das taxas acima fixadas estando desde logo isentos o Estado e suas
instituições, associações de utilidade pública reconhecidas pelo Conselho de Ministros,
as explorações familiares, comunidades locais e pessoas singulares que as integram, as
cooperativas e associações agro-pecuárias de pequena escala (Art. 29 LT).

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Na República de Moçambique as taxas são criadas e isentas por lei fora destes casos
todos os titulares ficam sujeitos ao pagamento de taxa. Considerando que a regularização
tem como objecto as ocupações de boa fé por pessoas singulares nacionais, que
integram as comunidades locais, parece óbvio que estes estão isentos de pagamento de
taxas (al.) Art. 29 Conjugado com alça) e b) do Art. 12 Todos da LT). Contundo, não
entendeu assim, o legislador regulamentar do solo urbano ao não prever nenhum tipo de
isenção para estes casos ou entendeu melhor que tendo a lei isentado, apenas tratou de
regular os casos em que são devidos os pagamentos e conferir a fixação das taxas e
formas de pagamento bem como a consignação e utilização dos valores destas taxas e
emolumentos (Art. 49 e SS RSU). A PMDUAT foi pela mesma abordagem ao dedicar se
aos pagamentos devidos e nada dizer sobre as isenções constantes da lei. Tentou conferir
uma isenção temporária (Art. 41 PMDUAT) para os casos de autorização de pedidos
para exercício de actividades económicas, que não constitui isenção nem tinha
competência para o fazer, mas sim uma moratória de 3 anos para os casos e força maior.

Dos processos de regularização de DUAT consta recibo emitido pelo CMM, referente a
taxa regularização de DUAT e emissão da planta topográfica, sem no entanto fazer a
descriminação entre a taxa de regularização e o valor referente a emissão da planta
topográfica.

OBSERVAÇÃO VIII
A PMDUAT deve ser revista na componente de taxas por forma a clarificar os sujeitos
passivos e o valor das diferentes taxas e emolumentos e pagamentos de serviços
prestados ou taxas de urbanização, harmonizando com a legislação vigente.

6.9. Guia comprovativa do depósito para pagamento da taxa de autorização provisória:


A autorização provisória é o documento emitido após a apresentação do pedido de
DUAT, pelo requerente. Nos casos de RMD não existe pedido de DUAT, mas sim
pedido do seu reconhecimento uma vez que este lhe foi atribuído por mero efeito da Lei
(Art. 25 LT), e o empreendimento foi realizado estando criadas as condições para e
emissão directa do título definitivo. Discute se ainda neste capitulo a questão do prazo. O
DUAT na República de Moçambique só está sujeita a prazo quando se destine ao
exercido de actividades económicas (Art. 50 LT).

OBSERVAÇÃO IX
Não está sujeito a prazo, melhor dizer é por tempo indeterminado o prazo do DUAT
adquirido pelas comunidades locais e as pessoas singulares nacionais que as integram,
destinado a habitação própria e exploração familiar exercida por pessoas singulares
nacionais. Na regularização estão reunidos os requisitos para a emissão de título
definitivo, com dispensa expressa da emissão da autorização provisória, dai a dispensa
deste pagamento. Mesmo entendimento parece ter inspirado o legislador do solo urbano
ao escusar se de tratar dos prazos de validade de DUAT e limitar se apenas aos prazos de
início das obras e do início da utilização do terreno para o fim a que se destina (Art. 36 e
37 RSU).

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OBSERVAÇÃO X
Não são aplicáveis os requisitos dos pedidos de obtenção de DUATs previstos
nomeadamente: Artigo 19: Tramitação do pedido de obtenção; Artigo 21: Autorização
provisória; Artigo 22: Demarcação; Artigo 23: Do uso e aproveitamento da terra; Artigo
27: Revogação da autorização provisória; Artigo 28: Transformação da autorização
provisória em definitiva e Artigo 29: Redução da área de exploração.

7. Conteúdo Do Titulo
O Titulo é um documento emitido pelos serviços públicos de cadastro gerais ou urbanos,
comprovativo de DUAT. No caso do solo urbano a comprovação do DUAT pode ser feita
mediante apresentação do respectivo título (nº 1 Art. 41). O título não é o único meio de
prova, sendo admissível a peritagem, prova testemunhal e outros permitidos por lei (art. 15
LT). O RSU definiu os elementos que devem, necessariamente, estar contidos no título e
facultou um modelo, entenda se por modelo uma amostragem exemplificativa mas não
obrigatória, por isso iremos nos focalizar nos elementos que devem ser contidos no título e
nos métodos da sua colecta regular e lícita (Art. 30 PMDUAT).

A situação actual caracteriza se por existência dum modelo de título em uso anexo VI,
existência dum modelo de nota de comunicação do despacho de atribuição do DUAT (anexo
VII), vulgarmente chamado por DUAT e que é entregue ao titular como titulo no quadro da
RMD e dum modelo de título concebido nos termos do RSU, ainda em discussão a nível do
CMM (anexo VIII). O Modelo em uso anexo 7 está tecnicamente revogado por forma da
aprovação do RSU que estabelece os elementos a constar do título não podendo por isso ser
objecto de análise. A comunicação do despacho não deve ser tratada como DUAT muito
menos como titulo e juridicamente não se enquadra na titulação da RMD devendo ser
imediatamente cancelada e os titulares atribuídos os títulos efectivos conforme previsto no
RSU. O título a ser concebido para a RMD deverá conter os elementos previstos no RSU e
harmonizado com a PMDUAT e ser conciliada com o SIGEM e outros aspectos práticos e
metodológicos resultantes desta análise, considerando:

a) Identificação de entidade emitente: O logo e a designação do Conselho Municipal


de Maputo (Art. 23 LT); A PMDUAT recomenda incluir a data do despacho de
autorização ou de reconhecimento, o que não prejudica.

b) Nome completo do Presidente do Conselho Municipal:

c) Número do Titulo: A enumeração dos títulos foi deixada ao critério técnico da


entidade emitente, devendo assegurar que esta enumeração individualize cada título e
seu titular de outro dentro do mesmo Município.

d) Deve se harmonizar a enumeração ou codificação com a abordagem do Cadastro


Municipal Unificado, SIGEM e CNT;

e) Finalidade de uso: A RMD assenta na finalidade de uso em habitação própria


familiar ou plurifamiliar; De recordar que outros usos não se enquadram na

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regularização e requerem plano de exploração/ projecto de investimento e ficam
sujeitos a prazos e taxas devidas; Vale para este elemento, o que foi dito acima sobre
a necessidade de determinação do conceito de RMD onde se iria clarificar se a sua
abrangência restringe se a finalidade de habitação própria ou se estende para outras
finalidades e em que medida.

f) Identificação completa do titular ou titulares: inserção no título de todos os dados


que possam constituir a identificação completa do cidadão nacional. Nome completo,
filiação, estado civil, nacionalidade, naturalidade, data e local de nascimento,
residência, tipo e número do documento apresentado, entidade emissora, data, local
de emissão e validade, NUIT, etc. Assim, serão validos todos os documentos
autênticos que isoladamente ou em combinação possam fornecer os dados acima
referidos e que constituem o que o legislador designou identificação completa do
titular. Recordar que a titulação do DUAT admite a co-titularidade. Assim entenda se
identificação completa do titular (es).

g) Planta topográfica da parcela ou talhão: definição geográfica com as respectivas


coordenadas, localização, nº de identificação da parcela no registo cadastral
municipal, e nº de identificação das parcelas confrontantes (al. d) Art. 30 RSU).

h) Data e local da emissão do título:

i) Assinatura do Presidente do Conselho Municipal de Maputo autenticado pelo


selo branco do Conselho Municipal: A assinatura manual do nome ou rubrica do
Presidente do C. Municipal de Maputo, por exclusão doutros meios técnicos como
carimbo da assinatura, scan, etc. O selo branco constitui igualmente outra exigência.
O uso do papel em forma de cartolina torna este selo legível.

j) Prazo de extinção do direito a que se refere os números 1 e 3 do Artigo 37: Não se


trata do prazo do DUAT pois esse foi definido na lei sendo 50 anos renováveis,
quando se destine a actividades económicas e indeterminado para as comunidades
locais, pessoas singulares nacionais e habitação própria. Refere se ao prazo do inicio
da utilização do terreno para a finalidade requerida, sendo aplicável para os casos de
obtenção de DUAT por autorização do pedido, onde ao requerente é fixado um prazo
para iniciar as obras ou estabelecer o empreendimento e, o prazo findo o qual quer a
obra quer o empreendimento deverão estar a operar ou sendo imóvel de habitação a
ser habitado, o que sujeita a emissão da respectiva licença de utilização (nº 2 Art. 37
RSU).

k) Finalidade do DUAT: Tipo de exploração para que o DUAT foi adquirido. Este
requisito não estando previsto no RSU consta da PMDUAT e vai mais longe a prever
a combinação de mais do que uma finalidade do DUAT o que pode conflituar a
determinação dos prazos, nos casos em que se destine a habitação própria e exercício
de actividade económica na mesma parcela (al.f.1 Art. 30).

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8. Averbamento (Art. 42 RSU)
Os averbamentos são parte integrante do titulo sobre pena de nulidade dos actos
averbados se não conforme o disposto no RSU.

O modelo de título a ser concebido na RMD deve responder as especificidades dos


averbamentos sendo estes que prevalecem na vida útil do título pelo tempo, são o
indicador da sua eficácia e tem efeitos directos no Registo predial.

Actualmente existe uma certidão específica para averbamentos, designada Certidão de


benfeitorias, que visa fazer o registo das benfeitorias realizadas e remeter a
Conservatória do registo Predial para efeito de averbamento. Em rigor a entidade que
faz os averbamentos é a Conservatória do Registo Predial, mediante a certidão de
benfeitorias emitida pelo DMI- DUC.

Um trabalho de harmonização entre a Conservatória do R, Predial com os sectores


relevantes no CMM deve ser realizado por forma a permitir maior harmonização e
articulação e evitar duplicações de esforços e simplificar os procedimentos
administrativos, e motivar os munícipes a tramitarem seus pedidos obtendo assim
maior segurança imobiliária.

Entidade que efectua o averbamento: Exige-se que seja um funcionário superior do órgão
da Administração publica com mandato expresso. Assim em cada campo de averbamento
deve constar a indicação do nome do funcionário, assinatura, data e cargo ocupado
autenticado com o mesmo selo branco usado para autenticar a assinatura do presidente no
acto da emissão do respectivo título.

8.1. Actos Sujeitos A Averbamento


a) Transmissão do DUAT quer entre vivos quer por herança: A co-titularidade que surgir a
posterior a titulação é objecto deste averbamento. Assim, os casos de dúvida sobre a co-
titularidade ou a sua extinção ou anulação serão recomendados para que após e emissão do
titulo possam regularizar por via do averbamento (Art. 16 LT e 24NT 2 Art. 30 PMDUAT).

b) Emissão de licenças de construção e suas prorrogações.

c) Início de obras.

d) Autorização de início de utilização do terreno e descrição precisa das obras realizadas; Esta
parece ser a sede própria para se criar o campo onde devem ser colocados os dados
referentes ao imóvel de habitação própria e outras benfeitorias existentes no talhão, fotos e
todos os dados referentes a ocupação. Todas as benfeitorias permanentes existentes no
talhão até a data do levantamento de dados devem ser descritas e fotografadas para
constarem do averbamento. Tratando se de obras em construção, devem os titulares serem
informados no acto da entrega do titulo que após a conclusão num prazo considerado
razoável deverão solicitar junto da Administração local a actualização das mesmas na

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respectiva ficha, findo o qual qualquer alteração estará fora do processo de RMD, seguindo
o procedimento de licenciamento normal.

e) Outras obras realizadas;

f) Constituições de servidões;

g) Taxas devidas: A PMDUAT estabelece que deve constar do título o valor da taxa anual
devida. Este elemento é desnecessário considerando que o valor da taxa pode ser alterado
varias vezes ao longo da sua validade. Nos casos de isenção compreende -se que este facto
deva constar o título, facilitando o conhecimento desta excepção por todas as instituições
públicas e privadas que se relacionem com este título.

O título tal e como é hoje emitido e como esta previsto na legislação vigente em
apreço, tem mais detalhes sobre a parcela/talhão objecto de regularização ou
atribuição e menos detalhes sobre o titular do mesmo. Dados como o estado civil,
regime do casamento, naturalidade e local de residência, não constam do título,
todavia são estes que vêm a conferir a posse segura da terra a este cidadão ao longo da
vida do DUAT atribuído.

Após a emissão do título é emitido uma certidão para efeitos de registo predial da
parcela, junto a respectiva Conservatória. Para efectivar este registo a Conservatória
solicita ao Requerente que formule um pedido donde devem constar os dados pessoas
que se encontram omitidos no título e na certidão enviada pelo CMM,
designadamente o estado civil e o regime de casamento se for o caso e respectivos
comprovativos.

A omissão destes dados no processo de RMD, considerando a existência de casos de


união de facto e de casamentos tradicionais ou religiosos não registados ira tornar o
processo de registo de títulos na Conservatória do Registo predial mais complexo ou
viciado, originando Certidões prediais com a indicação de solteiro e por isso passiveis
de serem transaccionados sem o conhecimento ou consentimento dos restantes
membros da família em especial o parceiro na situação de casamento não civil
reconhecido pela lei, ou documento de identificação sem averbamento do estado civil.
A RMD deveria procurar aferir dos dados necessários para o Registo predial por
forma a adequar o modelo da certidão que é actualmente emitida a conter os
elementos necessários para o registo predial sem prejuízo do requerente reconfirma
los através do requerimento apropriado no acto do pedido do registo na Conservatória.
Esta abordagem visa harmonizar os dados pessoas e o estado dos titulares com a
informação a constar do registo predial acto último de publicitação dos direitos reais.

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Principias constatações e recomendações

Nr Constatações Recomendação
1 Esta em curso a operacionalização do Cadastro Desenho dos Tdr para contratação duma
Municipal. Não estão definidas as normas do consultoria para a elaboração das normas
envio de dados e a indicação taxativa dos técnicas do envio de dados ao Cadastro
sectores que devem canalizar os dados, o tipo Municipal
e natureza de dados a constituírem o Cadastro
Municipal, mecanismos do seu envio e
formato, regularidade da sua actualização,
natureza da informação e níveis de acesso.
2 Os actuais procedimentos práticos da RMD O Formulário/ficha de recolha de dados do
dispensam o requerimento do titular e sua processo da RMD deve incluir um formulário
assinatura de pedido dirigido ao PCM a ser assinado pelo
titular após o prazo de consulta do edital
3 A PMDUAT não define o que se entende por Revisão da Postura Municipal por forma a
RMD no mesmo contexto que que os desenvolver um capítulo próprio sobre a RMD;
processos de regularização são implementados Pressupostos, requisitos, processo, tramitação e
pelo CMM. legitimar todos os procedimentos legais e
administrativos usados pelo Município na
titulação das parcelas neste regime.
4 No processo de elaboração dos Planos de O actual processo de RMD deve incluir os
Ordenamento não foram realizados os elementos do inquérito ao mesmo tempo que se
inquéritos conforme previsto no RSU faz a titulação dos ocupantes cujas áreas se
mostram enquadráveis no plano e a sua
situação jurídica se mostre regular em termos
de capacidade e legitimidade (requisitos da
titulação);
A PMDUAT deve ser revista por forma a
adoptar mecanismos práticos de RMD em
simultâneo com os processos de inquérito;

5 Inexistência de mecanismos legais fiáveis para A PMDUAT deve prever mecanismos práticos
aferir a legitimidade do titular nos processos e de verificação da legitimidade do potencial
de RMD; titular para minimizar conflitos posteriores a
titulação;
Responsabilização do declarante pelas
informações fornecidas no acto do inquérito ou
levantamento de dados;

6 Existência de diversas situações O processo de RMD deve incluir um gabinete


de triagem, a funcionar junto da Administração
Municipal local antes da emissão dos editais e
depois destes, com termos de referência claros
e pessoal capacitado para receber documentos
a serem fornecidos a posterior a passagem das
equipas técnicas, tais como provas de
titularidade, documentos do co-titular,
habilitação de herdeiros entre outras situações,
de natureza jurídica ou administrativa.
7 A legitimidade do potencial titular é aferida A PMDUAT deve definir e clarificar o papel
com base na confirmação ou declaração do das autoridades locais no processo de RMD e
chefe do quarteirão ou secretário do bairro sua responsabilidade;
Definir os meios a serem usados por estes na

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determinação do potencial titular;
Prever outros meios de prova e os mecanismos
de resolução de eventuais conflitos no acto de
levantamento;

8 Inexistência de critérios de fixação e Revisão da PMDUAT por forma a prever os


actualização das taxas devidas pelos titulares critérios ou índices de agravamento e de
do Solo urbano; redução das taxas conforme previsto no Art 28
LT e consequente actualização das taxas
Falta de indicação expressa dos titulares previstas na Resolução nr 52/AM/201, de 07
isentos do pagamento de taxas; de Dezembro;

Indicação expressa na Postura dos titulares


isentos e respectivas taxas conforme artigo 29
LT;

Indicação no respectivo título da categoria ou


índice a que pertence o titular à data da
emissão do título e observação da alteração da
mesma;
8 Inexistência de indicação expressa do prazo de Revisão da PMDUAT por forma a definir,
validade do DUAT Urbano em especial o expressamente e fazer constar do título o prazo
destinado a habitação própria; de validade do DUAT urbano destinado a
habitação própria em conformidade com o
artigo 17 da LT;

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