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PÓS-GRADUAÇÃO DE DIREITO DO TRABALHO E PROCESSO DO TRABALHO

MÓDULO: TEMAS ATUAIS E POLÊMICOS DO PROCESSO DO TRABALHO

Professor: Marcos Scalercio

1. Material pré-aula

a. Tema

Liquidação Trabalhista. Execução Trabalhista.

b. Noções Gerais

b.1. Liquidação Trabalhista:

A liquidação de sentença trabalhista, como nos ensina o professor


Leone Pereira, pode ser conceituada como uma fase preparatória da
execução trabalhista, de natureza constitutivo-integrativa, que tem
por objetivo dar liquidez ao título executivo, trazendo um valor
determinado ou uma prestação individualizada 1.

Para que um título executivo, judicial ou extrajudicial, seja exequível,


ele precisa consubstanciar uma obrigação certa, líquida e exigível, a
exemplo do que preveem os arts. 509, 513, 523, 524 e 783 do CPC.

A liquidação tem como objetivo esclarecer a quantia (quantum) da


dívida, isto é, o valor devido. A liquidação é fase que antecede a
execução.

Carlos Henrique Bezerra Leite2 após apresentar diversos conceitos de


diferentes doutrinadores em sua obra, ensina que, a liquidação no
processo do trabalho individual é um incidente processual situado
entre a fase cognitiva e a fase executiva, tendo por objeto a fixação
do valor líquido ou a individuação do objeto da obrigação constante


1
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 796.
2
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do trabalho. 15ª ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 2017. p. 1.251.

da sentença condenatória.

A certeza diz respeito à existência da prestação, a liquidez refere-se à


extensão e à determinação do objeto da prestação. Já a exigibilidade
é a concernente ao poder, inerente à prestação devida, de se lhe
exigir o cumprimento.

Há uma grande controvérsia sobre a natureza jurídica da liquidação


de sentença. O professor Leone nos aponta as principais linhas de
pensamento sobre o tema3:

1ª Corrente - trata-se de uma ação autônoma, formando verdadeiro


processo autônomo de liquidação;

2ª Corrente - rechaça a tese da autonomia da liquidação,


consubstanciando um procedimento complementar da fase de
conhecimento;

3ª Corrente - também critica a teoria da autonomia da liquidação,


advogando a tese de ser a liquidação de sentença uma fase
preparatória ou preliminar da execução, um procedimento prévio da
fase executiva.

Importa dizer que esse entendimento é o que vem prevalecendo.

4ª Corrente - possui natureza jurídica declaratória, pois a liquidação


declara aquilo que se encontra implícito na sentença anterior;

5ª Corrente - possui natureza constitutiva-integrativa, pois não se


limita a uma mera declaração, dando também uma certeza ao objeto
da execução.

A liquidação da sentença trabalhista está prevista no art. 879 da CLT,


in verbis:

Art. 879 - Sendo ilíquida a sentença exeqüenda, ordenar-se-á,


previamente, a sua liquidação, que poderá ser feita por
cálculo, por arbitramento ou por artigos.


3
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 800.

(Redação dada pela Lei nº 2.244, de 23.6.1954)

§ 1º - Na liquidação, não se poderá modificar, ou inovar, a


sentença liquidanda nem discutir matéria pertinente à causa
principal. (Incluído pela Lei nº 8.432, 11.6.1992)
§ 1o-A. A liquidação abrangerá, também, o cálculo das
contribuições previdenciárias devidas. (Incluído pela Lei nº
10.035, de 2000)
§ 1o-B. As partes deverão ser previamente intimadas para a
apresentação do cálculo de liquidação, inclusive da
contribuição previdenciária incidente. (Incluído pela Lei nº
10.035, de 2000)
§ 2o Elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir
às partes prazo comum de oito dias para impugnação
fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da
discordância, sob pena de preclusão. (Redação dada pela Lei
nº 13.467, de 2017)
§ 3o Elaborada a conta pela parte ou pelos órgãos auxiliares
da Justiça do Trabalho, o juiz procederá à intimação da União
para manifestação, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de
preclusão. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007)
(Vigência)
§ 4o A atualização do crédito devido à Previdência Social
observará os critérios estabelecidos na legislação
previdenciária. (Incluído pela Lei nº 10.035, de 2000)
§ 5o O Ministro de Estado da Fazenda poderá, mediante ato
fundamentado, dispensar a manifestação da União quando o
valor total das verbas que integram o salário-de-contribuição,
na forma do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991,
ocasionar perda de escala decorrente da atuação do órgão
jurídico. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)
§ 6o Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz
poderá nomear perito para a elaboração e fixará, depois da
conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários com
observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade e
proporcionalidade. (Incluído pela Lei nº 12.405, de 2011)
§ 7o A atualização dos créditos decorrentes de condenação
judicial será feita pela Taxa Referencial (TR), divulgada pelo
Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de
março de 1991. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Aplicam-se subsidiariamente ao Processo do Trabalho os arts. 509,


510, 512 e 524 do CPC por força do art. 769 da CLT, in verbis:

Art. 509. Quando a sentença condenar ao pagamento de


quantia ilíquida, proceder-se-á à sua liquidação, a
requerimento do credor ou do devedor:
I - por arbitramento, quando determinado pela sentença,
convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do
objeto da liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade
de alegar e provar fato novo.
§ 1o Quando na sentença houver uma parte líquida e outra
ilíquida, ao credor é lícito promover simultaneamente a
execução daquela e, em autos apartados, a liquidação desta.
§ 2o Quando a apuração do valor depender apenas de cálculo
aritmético, o credor poderá promover, desde logo, o
cumprimento da sentença.
§ 3o O Conselho Nacional de Justiça desenvolverá e colocará
à disposição dos interessados programa de atualização
financeira.
§ 4o Na liquidação é vedado discutir de novo a lide ou
modificar a sentença que a julgou.

Art. 510. Na liquidação por arbitramento, o juiz intimará as


partes para a apresentação de pareceres ou documentos
elucidativos, no prazo que fixar, e, caso não possa decidir de
plano, nomeará perito, observando-se, no que couber, o
procedimento da prova pericial.

Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz


determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu
advogado ou da sociedade de advogados a que estiver
vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo
de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber,
o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.

Art. 512. A liquidação poderá ser realizada na pendência de


recurso, processando-se em autos apartados no juízo de
origem, cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias

das peças processuais pertinentes.

Art. 524. O requerimento previsto no art. 523 será instruído


com demonstrativo discriminado e atualizado do crédito,
devendo a petição conter:
I - o nome completo, o número de inscrição no Cadastro de
Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica do
exequente e do executado, observado o disposto no art. 319,
§§ 1o a 3o;
II - o índice de correção monetária adotado;
III - os juros aplicados e as respectivas taxas;
IV - o termo inicial e o termo final dos juros e da correção
monetária utilizados;
V - a periodicidade da capitalização dos juros, se for o caso;
VI - especificação dos eventuais descontos obrigatórios
realizados;
VII - indicação dos bens passíveis de penhora, sempre que
possível.
§ 1o Quando o valor apontado no demonstrativo
aparentemente exceder os limites da condenação, a execução
será iniciada pelo valor pretendido, mas a penhora terá por
base a importância que o juiz entender adequada.
§ 2o Para a verificação dos cálculos, o juiz poderá valer-se de
contabilista do juízo, que terá o prazo máximo de 30 (trinta)
dias para efetuá-la, exceto se outro lhe for determinado.
§ 3o Quando a elaboração do demonstrativo depender de
dados em poder de terceiros ou do executado, o juiz poderá
requisitá-los, sob cominação do crime de desobediência.
§ 4o Quando a complementação do demonstrativo depender
de dados adicionais em poder do executado, o juiz poderá, a
requerimento do exequente, requisitá-los, fixando prazo de
até 30 (trinta) dias para o cumprimento da diligência.
§ 5o Se os dados adicionais a que se refere o § 4o não forem
apresentados pelo executado, sem justificativa, no prazo
designado, reputar-se-ão corretos os cálculos apresentados
pelo exequente apenas com base nos dados de que dispõe.

Como podemos observar, no novo CPC, o art. 509 prevê apenas duas
modalidades de liquidação de sentença, in verbis:

I - por arbitramento, quando determinado pela sentença,


convencionado pelas partes ou exigido pela natureza do objeto da
liquidação;
II - pelo procedimento comum, quando houver necessidade de alegar
e provar fato novo.

Na CLT existem três espécies de liquidação:

1) Liquidação por cálculo;


2) Liquidação por arbitramento;
3) Liquidação por artigos.

Na esfera trabalhista praticamente todas as liquidações são


realizadas por cálculos, a liquidação por cálculo é a mais simples e a
mais comum na Justiça do Trabalho.

A liquidação por cálculos depende apenas da apresentação de cálculo


aritmético pelo credor, instruindo o pedido com memória de cálculo
aritmético desse cálculo.

Nesse sentido, a doutrina entende que o art. 524, §§ 3º a 5º, do CPC


aplica-se subsidiariamente ao Processo do Trabalho, por força do art.
769 da CLT.

Sendo assim, quando a elaboração da memória de cálculo depender


de dados existentes em poder do devedor ou de terceiro, o juiz, a
requerimento do credor, poderá requisitá-los, fixando prazo de até
30 dias para o cumprimento.

Caso não os apresente, reputar-se-ão corretos os cálculos


apresentados pelo credor.

Após a Reforma Trabalhista, diante da alteração do § 2º do art. 879,


da CLT, elaborada a conta e tornada líquida, o juízo deverá abrir às
partes prazo comum de oito dias para impugnação fundamentada
com a indicação dos itens e valores objeto da discórdia, sob pena de
preclusão.

Vale observarmos ainda o entendimento pacificado nas Súmulas 200


e 211 do TST sobre juros e correção monetária:

Súmula 200 do TST - Res. 6/1985, DJ 18.06.1985 -


Mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Juros de Mora - Condenação Trabalhista
Os juros da mora incidem sobre a importância da
condenação já corrigida monetariamente.

Súmula 211 do TST - Res. 14/1985, DJ 19.09.1985 -


Mantida - Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003
Juros de Mora e Correção Monetária - Liquidação da
Sentença Trabalhista
Os juros da mora e a correção monetária incluem-se na
liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a
condenação.

A liquidação por arbitramento é a espécie de liquidação que


depende da realização de perícia, e será realizada, como nos ensina o
professor Leone Pereira4 em três situações:

A) Quando determinada pela sentença;


B) Quando convencionadas pelas partes;
C) Quando exigir a natureza do objeto da liquidação.

Importante mencionar o §6º do art. 879 da CLT que disciplina a


liquidação por arbitramento na Justiça Trabalhista:

Art. 879
(…)
§ 6º Tratando-se de cálculos de liquidação complexos, o juiz
poderá nomear perito para a elaboração e fixará, depois da
conclusão do trabalho, o valor dos respectivos honorários
com observância, entre outros, dos critérios de razoabilidade
e proporcionalidade. (Acrescentado pela L-012.405-2011)

Já a liquidação por artigos é a espécie de liquidação realizada


quando o credor precisa alegar e provar fato novo para a
determinação do valor da condenação.


4
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 805.

O Código de Processo Civil alterou a denominação do instituto de


“liquidação por artigos” para “liquidação pelo procedimento comum”,
como se depreende do art. 509, II, segundo o qual se dá a liquidação
pelo procedimento comum “quando houver necessidade de alegar e
provar fato novo”. 5

Sobre o tema, determina o art. 511, do CPC:

Art. 511. Na liquidação pelo procedimento comum, o juiz


determinará a intimação do requerido, na pessoa de seu
advogado ou da sociedade de advogados a que estiver
vinculado, para, querendo, apresentar contestação no prazo
de 15 (quinze) dias, observando-se, a seguir, no que couber,
o disposto no Livro I da Parte Especial deste Código.

Impugnação à sentença de liquidação

Sobre o tema, a Consolidação das Leis do Trabalho disciplina apenas


a liquidação por cálculo. Com efeito, o ordenamento processual
trabalhista prevê duas formas de impugnação aos cálculos de
liquidação, a saber6:

a) impugnação à sentença de liquidação: forma tradicional,


prevista no art. 884, §3º da CLT, consubstanciando exercício do
direito de defesa após a construção judicial dos bens.

Art. 884 da CLT. (…)


§ 3º Somente nos embargos à penhora poderá o executado
impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exeqüente
igual direito e no mesmo prazo.

b) Impugnação à conta de liquidação: é forma mais


moderna, prevista no §2º ao art. 879 da CLT, significando exercício
do direito de defesa antes da constrição judicial dos bens.

Art. 879 da CLT: (…)


§ 2º Elaborada a conta e tornada líquida, o Juiz poderá abrir


5
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 1.268.
6
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 807.

às partes prazo sucessivo de 10 (dez) dias para impugnação


fundamentada com a indicação dos itens e valores objeto da
discordância, sob pena de preclusão.

Na impugnação à sentença de liquidação, os cálculos são


apresentados por uma ou ambas as partes, o juiz os homologa por
sentença de liquidação sem dar oportunidade para as partes se
manifestarem, uma vez que a impugnação somente será possível
após a constrição judicial dos bens.

Já na impugnação à conta de liquidação os cálculos são


apresentados, o juiz poderá abrir prazo de 10 dias sucessivo às
partes para impugnação fundamentada.

A decisão que resolve os embargos à execução e as impugnações,


por terem natureza jurídica de sentença de mérito, cabe a
interposição de agravo de petição.

Por fim, o TST entende que a sentença de liquidação, poderá ser


impugnada por ação rescisória:
Súmula nº 399 do TST
AÇÃO RESCISÓRIA. CABIMENTO. SENTENÇA DE
MÉRITO. DECISÃO HOMOLOGATÓRIA DE ADJUDICAÇÃO,
DE ARREMATAÇÃO E DE CÁLCULOS (conversão das
Orientações Jurisprudenciais nºs 44, 45 e 85, primeira
parte, da SBDI-2) - Res. 137/2005, DJ 22, 23 e
24.08.2005
I - É incabível ação rescisória para impugnar decisão
homologatória de adjudicação ou arrematação. (ex-OJs nºs 44
e 45 da SBDI-2 - inseridas em 20.09.2000)
II - A decisão homologatória de cálculos apenas comporta
rescisão quando enfrentar as questões envolvidas na
elaboração da conta de liquidação, quer solvendo a
controvérsia das partes quer explicitando, de ofício, os
motivos pelos quais acolheu os cálculos oferecidos por uma
das partes ou pelo setor de cálculos, e não contestados pela
outra.
(ex-OJ nº 85 da SBDI-2 - primeira parte - inserida em
13.03.2002 e alterada em 26.11.2002).

b.2. Execução trabalhista:

Execução vem do latim executio, executionis7.

Bezerra Leite8 aduz que, no Processo do Trabalho, as sentenças que


contêm obrigações de fazer, não fazer, entregar e pagar quantia
certa sempre foram executadas nos mesmos autos e perante o
mesmo juízo. Não obstante essa intercomunicação de atos
processuais, duas correntes doutrinárias se apresentam a respeito da
natureza jurídica da execução de sentença trabalhista.

A primeira corrente sustenta que a execução de sentença trabalhista


é um “processo”, já que tem início com a instauração de um (novo)
processo de execução de título judicial.

A segunda corrente, por sua vez, sustenta que a execução trabalhista


nada mais é do que simples fase (ou módulo) do processo trabalhista
de conhecimento. Vale dizer que, para os defensores desta corrente
não há um processo autônomo de execução trabalhista.

O professor Leone Pereira apresenta alguns princípios que regem a


execução trabalhista9:

O Princípio da efetividade traduz o próprio êxito da execução


trabalhista, que somente é atingido com a materialização da
obrigação fundada no título executivo, entregando-se o bem da vida
ao credor.

Schiavi10 leciona que há efetividade da execução trabalhista quando


ela é capaz de materializar a obrigação consagrada no título que tem
força executiva, entregando, no menor prazo possível, o bem da vida
ao credor, ou materializando a obrigação consagrada no título. Desse
modo, a execução deve ter o máximo resultado com o menor
dispêndio de atos processuais.

O Princípio da humanização da execução preconiza a ideia de que,



7
MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina e Prática Forense. 39ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2017, p. 764.
8
LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 14ª ed. São Paulo: Saraiva,
2016, p. 1.280.
9
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 818.
10
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 11ª ed. São Paulo: LTr, 2016, p. 1.072.

embora a execução tenha o objetivo da satisfação do direito do


credor, de outra sorte não poderão ser penhorados bens
indispensáveis para a manutenção da dignidade e subsistências
mínimas para o devedor e sua família, observando-se o princípio da
ponderação de interesses.

Por sua vez, pelo Princípio da natureza real ou da patrimonialidade a


execução é caracterizada por um conjunto de atos processuais
emanados pelo Estado cujo objetivo é o de atuar sobre os bens e não
sobre a pessoa do devedor inadimplente.

Já o Princípio da execução de forma menos onerosa para o executado


estabelece que, se o credor puder promover a execução por vários
meios, o juiz determinará que ela seja processada pela forma menos
gravosa para o executado, nesses termos:

Art. 805, do CPC - Quando por vários meios o credor puder


promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo
menos gravoso para o devedor.

O Princípio da primazia do credor trabalhista traz que o grande


objetivo da execução trabalhista é a satisfação do direito do credor,
nesse sentido:

Art. 797, do CPC - Ressalvado o caso de insolvência do


devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a
execução no interesse do credor, que adquire, pela penhora,
o direito de preferência sobre os bens penhorados.

O Princípio da promoção ex officio da execução trabalhista permite a


possibilidade de seu início e regular processamento totalmente de
ofício pelo magistrado, respeitado o devido processo legal.

No entanto, devemos ressaltar que a Reforma Trabalhista mitigou de


forma substancial o princípio do impulso oficial na execução
trabalhista.

Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida


a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal

apenas nos casos em que as partes não estiverem


representadas por advogado. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017)
Parágrafo único. (Revogado).(Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017)

A execução será promovida pelas partes, permitida a execução de


ofício pelo juiz ou Presidente do Tribunal apenas nos casos em que as
partes não estiverem representadas por advogado.

Pelo Princípio da limitação expropriatória somente serão atingidos os


bens do devedor até a satisfação do direito do credor:

Art. 883, da CLT. Não pagando o executado, nem garantindo


a execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos
bastem ao pagamento da importância da condenação,
acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em
qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a
reclamação inicial.

Art. 831, do CPC - A penhora deverá incidir em tantos bens


quantos bastem para o pagamento do principal atualizado,
juros, custas e honorários advocatícios.

O Princípio da utilidade estabelece que a execução não poderá ser


utilizada pelo exequente apenas para acarretar danos ao executado,
pura e simplesmente, quando o respectivo patrimônio não for
suficiente para a satisfação do crédito:

Art. 836, do CPC. Não se levará a efeito a penhora quando


ficar evidente que o produto da execução dos bens
encontrados será totalmente absorvido pelo pagamento das
custas da execução.
§ 1o Quando não encontrar bens penhoráveis,
independentemente de determinação judicial expressa, o
oficial de justiça descreverá na certidão os bens que
guarnecem a residência ou o estabelecimento do executado,
quando este for pessoa jurídica.
§ 2o Elaborada a lista, o executado ou seu representante
legal será nomeado depositário provisório de tais bens até

ulterior determinação do juiz.

O Princípio da especificidade condiz com o intitulado “sistema da


tutela específica” ou da “obtenção do resultado prático equivalente ao
adimplemento” para as obrigações de fazer, não fazer ou entrega de
coisa.

Já o Princípio da responsabilidade das despesas processuais pelo


executado estabelece que, no processo de execução, as custas
processuais devidas serão sempre de responsabilidade do executado
e pagas ao final:

Art. 789-A, da CLT. No processo de execução são devidas


custas, sempre de responsabilidade do executado e pagas ao
final, de conformidade com a seguinte tabela: (Acrescentado
pela L-010.288-2001)
I - autos de arrematação, de adjudicação e de remição: 5%
(cinco por cento) sobre o respectivo valor, até o máximo de
R$ 1.915,38 (um mil, novecentos e quinze reais e trinta e
oito centavos);
II - atos dos oficiais de justiça, por diligência certificada:
a) em zona urbana: R$ 11,06 (onze reais e seis centavos);
b) em zona rural: R$ 22,13 (vinte e dois reais e treze
centavos);
III - agravo de instrumento: R$ 44,26 (quarenta e quatro
reais e vinte e seis centavos);
IV - agravo de petição: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e
vinte e seis centavos);
V - embargos à execução, embargos de terceiro e embargos
à arrematação: R$ 44,26 (quarenta e quatro reais e vinte e
seis centavos);
VI - recurso de revista: R$ 55,35 (cinqüenta e cinco reais e
trinta e cinco centavos);
VII - impugnação à sentença de liquidação: R$ 55,35
(cinqüenta e cinco reais e trinta e cinco centavos);
VIII - despesa de armazenagem em depósito judicial - por
dia: 0,1% (um décimo por cento) do valor da avaliação;
IX - cálculos de liquidação realizados pelo contador do juízo -
sobre o valor liquidado: 0,5% (cinco décimos por cento) até

o limite de R$ 638,46 (seiscentos e trinta e oito reais e


quarenta e seis centavos).

Aduz o Princípio da disponibilidade que, no processo executivo, o


credor tem a faculdade de desistir de toda a execução ou de apenas
algumas medidas executivas.

Art. 775, do CPC. O exequente tem o direito de desistir de


toda a execução ou de apenas alguma medida executiva.
Parágrafo único. Na desistência da execução, observar-se-á o
seguinte:
I - serão extintos a impugnação e os embargos que versarem
apenas sobre questões processuais, pagando o exequente as
custas processuais e os honorários advocatícios;
II - nos demais casos, a extinção dependerá da concordância
do impugnante ou do embargante.

Por fim, o Princípio da função social da execução trabalhista aduz que


esta, muito mais do que se preocupar com a satisfação do crédito
trabalhista, deverá ter a preocupação constante com entrega da
prestação jurisdicional de forma célere, justa e razoável, respeitando-
se a dignidade da pessoa do exequente e do executado.

A fase de execução trabalhista é regida de acordo com os arts. 876 a


892, da CLT, pela Lei 5.584/70, pela Lei de Execução Fiscal, Lei
6.830/80 e pelo Código de Processo Civil.

Títulos executivos

O título executivo é o documento, que preenche os requisitos


previstos na lei, contendo uma obrigação a ser cumprida,
individualizando as partes devedora e credora da obrigação, com
11
força executiva perante os órgãos jurisdicionais .

Os títulos executivos judiciais têm como origem o Poder Judiciário. O


art. 515 do CPC relaciona os títulos executivos judiciais:


11
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017, p.
1.078.

Art. 515, do CPC. São títulos executivos judiciais, cujo


cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos
neste Título:
I - as decisões proferidas no processo civil que reconheçam a
exigibilidade de obrigação de pagar quantia, de fazer, de não
fazer ou de entregar coisa;
II - a decisão homologatória de autocomposição judicial;
III - a decisão homologatória de autocomposição
extrajudicial de qualquer natureza;
IV - o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em
relação ao inventariante, aos herdeiros e aos sucessores a
título singular ou universal;
V - o crédito de auxiliar da justiça, quando as custas,
emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por
decisão judicial;
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
VII - a sentença arbitral;
VIII - a sentença estrangeira homologada pelo Superior
Tribunal de Justiça;
IX - a decisão interlocutória estrangeira, após a concessão do
exequatur à carta rogatória pelo Superior Tribunal de Justiça;
X - (VETADO).
§ 1o Nos casos dos incisos VI a IX, o devedor será citado no
juízo cível para o cumprimento da sentença ou para a
liquidação no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2o A autocomposição judicial pode envolver sujeito
estranho ao processo e versar sobre relação jurídica que não
tenha sido deduzida em juízo.

Já os títulos executivos extrajudiciais são os títulos criados pelas


próprias partes. O CPC discrimina em seu art. 784 os títulos
executivos extrajudiciais:

Art. 784, do CPC. São títulos executivos extrajudiciais:


I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a
debênture e o cheque;
II - a escritura pública ou outro documento público assinado
pelo devedor;
III - o documento particular assinado pelo devedor e por 2
(duas) testemunhas;

IV - o instrumento de transação referendado pelo Ministério


Público, pela Defensoria Pública, pela Advocacia Pública,
pelos advogados dos transatores ou por conciliador ou
mediador credenciado por tribunal;
V - o contrato garantido por hipoteca, penhor, anticrese ou
outro direito real de garantia e aquele garantido por caução;
VI - o contrato de seguro de vida em caso de morte;
VII - o crédito decorrente de foro e laudêmio;
VIII - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente
de aluguel de imóvel, bem como de encargos acessórios, tais
como taxas e despesas de condomínio;
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;
X - o crédito referente às contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio edilício, previstas na
respectiva convenção ou aprovadas em assembleia geral,
desde que documentalmente comprovadas;
XI - a certidão expedida por serventia notarial ou de registro
relativa a valores de emolumentos e demais despesas
devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas
estabelecidas em lei;
XII - todos os demais títulos aos quais, por disposição
expressa, a lei atribuir força executiva.
§ 1o A propositura de qualquer ação relativa a débito
constante de título executivo não inibe o credor de
promover-lhe a execução.
§ 2o Os títulos executivos extrajudiciais oriundos de país
estrangeiro não dependem de homologação para serem
executados.
§ 3o O título estrangeiro só terá eficácia executiva quando
satisfeitos os requisitos de formação exigidos pela lei do
lugar de sua celebração e quando o Brasil for indicado como
o lugar de cumprimento da obrigação.

Os títulos executivos judiciais trabalhistas estão descritos no art. 876,


caput, da CLT, quais sejam:

Art. 876, caput, da CLT. As decisões passadas em julgado ou


das quais não tenha havido recurso com efeito suspensivo;

os acordos, quando não cumpridos; (…) serão executados


pela forma estabelecida neste Capítulo.

Os títulos executivos extrajudiciais trabalhistas também estão


descritos no art. 876, caput, da CLT:

Art. 876 da CLT. (…) os termos de ajuste de conduta


firmados perante o Ministério Público do Trabalho e os
termos de conciliação firmados perante as Comissões de
Conciliação Prévia serão executados pela forma estabelecida
neste Capítulo.

Há uma grande discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a


taxatividade do art. 876, da CLT. Como nos ensina o professor Leone
12
Pereira, existem duas principais correntes :

1ª Corrente - Teoria Restritiva - sustenta que o rol é taxativo,


admitindo-se apenas um terceiro título executivo extrajudicial
trabalhista, a inscrição na dívida ativa da União referente às
penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos
de fiscalização das relações de trabalho.

Na hipótese do auditor-fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego


lavrar um auto de infração, aplicando uma multa ao empregador, e
esta não for paga, será ela inscrita na certidão da dívida ativa da
União, representando este umt erceiro título executivo extrajudicial
trabalhista.

2ª Corrente - Teoria Ampliativa - sustenta que o rol é meramente


exemplificativo, sendo admitidos outros títulos executivos
trabalhistas, tanto judiciais, quanto extrajudiciais.

A competência funcional para a fase de execução trabalhista encontra


previsão nos arts. 877 e 877-A, da CLT:
Art. 877 - É competente para a execução das decisões o Juiz
ou Presidente do Tribunal que tiver conciliado ou julgado
originariamente o dissídio.


12
PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 5ª ed. São Paulo: Saraiva, 2018. p. 848.

Art. 877-A - É competente para a execução de título executivo


extrajudicial o juiz que teria competência para o processo de
conhecimento relativo à matéria. (Incluído pela Lei nº 9.958,
de 25.10.2000)
Já a legitimidade ativa, corresponde à parte legítima que pode
promover a execução, encontra previsão no art. 878, da CLT, que
teve sua redação alterada pela Reforma Trabalhista:

Art. 878. A execução será promovida pelas partes, permitida


a execução de ofício pelo juiz ou pelo Presidente do Tribunal
apenas nos casos em que as partes não estiverem
representadas por advogado. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017)
Parágrafo único. (Revogado).(Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017).

Dessa forma são legitimados ativos: as partes; e o juiz do trabalho,


nos casos em que as partes não estiverem representadas por
advogado.

Vale dizer que prevalece o entendimento da aplicação subsidiária do


art. 778 do CPC, que traz os demais legitimados ativos:

Art. 778. Pode promover a execução forçada o credor a quem


a lei confere título executivo.
§ 1o Podem promover a execução forçada ou nela prosseguir,
em sucessão ao exequente originário:
I - o Ministério Público, nos casos previstos em lei;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor,
sempre que, por morte deste, lhes for transmitido o direito
resultante do título executivo;
III - o cessionário, quando o direito resultante do título
executivo lhe for transferido por ato entre vivos;
IV - o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou
convencional.
§ 2o A sucessão prevista no § 1o independe de consentimento
do executado.

Por fim, o próprio devedor poderá ser legitimado ativo em uma


execuçãot rabalhista, nos termos do art. 878-A, da CLT:

Art. 878-A. Faculta-se ao devedor o pagamento imediato da


parte que entender devida à Previdência Social, sem prejuízo
da cobrança de eventuais diferenças encontradas na execução
ex officio. (Incluído pela Lei nº 10.035, de 2000)

A legitimidade passiva corresponde à parte legítima contra a qual


será promovida a execução. O legitimado passivo na execução é a
pessoa que figura como devedora no título executivo.

A previsão legal dos legitimados passivos, encontra-se nos arts. 4º da


Lei nº 6.830/80 e 779 do CPC:

Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:


I - o devedor;
II - o fiador;
III - o espólio;
IV - a massa;
V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias
ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito
privado; e
VI - os sucessores a qualquer título.
§ 1º - Ressalvado o disposto no artigo 31, o síndico, o
comissário, o liquidante, o inventariante e o administrador,
nos casos de falência, concordata, liquidação, inventário,
insolvência ou concurso de credores, se, antes de garantidos
os créditos da Fazenda Pública, alienarem ou derem em
garantia quaisquer dos bens administrados, respondem,
solidariamente, pelo valor desses bens.
§ 2º - À Dívida Ativa da Fazenda Pública, de qualquer
natureza, aplicam-se as normas relativas à responsabilidade
prevista na legislação tributária, civil e comercial.
§ 3º - Os responsáveis, inclusive as pessoas indicadas no §
1º deste artigo, poderão nomear bens livres e
desembaraçados do devedor, tantos quantos bastem para
pagar a dívida. Os bens dos responsáveis ficarão, porém,
sujeitos à execução, se os do devedor forem insuficientes à
satisfação da dívida.
§ 4º - Aplica-se à Dívida Ativa da Fazenda Pública de
natureza não tributária o disposto nos artigos 186 e 188 a

192 do Código Tributário Nacional.

Art. 779, do CPC. A execução pode ser promovida contra:


I - o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
II - o espólio, os herdeiros ou os sucessores do devedor;
III - o novo devedor que assumiu, com o consentimento do
credor, a obrigação resultante do título executivo;
IV - o fiador do débito constante em título extrajudicial;
V - o responsável titular do bem vinculado por garantia real
ao pagamento do débito;
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.

A execução por quantia certa é a mais comum na Justiça do Trabalho, o


que ocorre na hipótese de inadimplemento do devedor em relação a
uma sentença condenatória ou acordo judicial não cumprido.

Seu procedimento encontra-se previsto nos arts. 880 a 888 da CLT:

Art. 880. Requerida a execução, o juiz ou presidente do


tribunal mandará expedir mandado de citação do executado, a
fim de que cumpra a decisão ou o acordo no prazo, pelo modo
e sob as cominações estabelecidas ou, quando se tratar de
pagamento em dinheiro, inclusive de contribuições sociais
devidas à União, para que o faça em 48 (quarenta e oito)
horas ou garanta a execução, sob pena de penhora. (Redação
dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)
§ 1º - O mandado de citação deverá conter a decisão
exeqüenda ou o termo de acordo não cumprido.
§ 2º - A citação será feita pelos oficiais de diligência.
§ 3º - Se o executado, procurado por 2 (duas) vezes no
espaço de 48 (quarenta e oito) horas, não for encontrado, far-
se-á citação por edital, publicado no jornal oficial ou, na falta
deste, afixado na sede da Junta ou Juízo, durante 5 (cinco)
dias.
Art. 881 - No caso de pagamento da importância reclamada,
será este feito perante o escrivão ou secretário, lavrando-se
termo de quitação, em 2 (duas) vias, assinadas pelo
exeqüente, pelo executado e pelo mesmo escrivão ou
secretário, entregando-se a segunda via ao executado e
juntando-se a outra ao processo.

Parágrafo único - Não estando presente o exeqüente, será


depositada a importância, mediante guia, em estabelecimento
oficial de crédito ou, em falta deste, em estabelecimento
bancário idôneo. (Redação dada pela Lei nº 7.305, 2.4.1985)

Art. 882. O executado que não pagar a importância


reclamada poderá garantir a execução mediante depósito da
quantia correspondente, atualizada e acrescida das despesas
processuais, apresentação de seguro-garantia judicial ou
nomeação de bens à penhora, observada a ordem preferencial
estabelecida no art. 835 da Lei no 13.105, de 16 de março de
2015 - Código de Processo Civil. (Redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017)

Art. 883 - Não pagando o executado, nem garantindo a


execução, seguir-se-á penhora dos bens, tantos quantos
bastem ao pagamento da importância da condenação,
acrescida de custas e juros de mora, sendo estes, em
qualquer caso, devidos a partir da data em que for ajuizada a
reclamação inicial. (Redação dada pela Lei nº 2.244, de
23.6.1954)

Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somente


poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do
executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco
Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da
lei, depois de transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a
contar da citação do executado, se não houver garantia do
juízo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Art. 884 - Garantida a execução ou penhorados os bens, terá


o executado 5 (cinco) dias para apresentar embargos,
cabendo igual prazo ao exeqüente para impugnação.
§ 1º - A matéria de defesa será restrita às alegações de
cumprimento da decisão ou do acordo, quitação ou prescrição
da divida.

§ 2º - Se na defesa tiverem sido arroladas testemunhas,


poderá o Juiz ou o Presidente do Tribunal, caso julgue
necessários seus depoimentos, marcar audiência para a
produção das provas, a qual deverá realizar-se dentro de 5
(cinco) dias.
§ 3º - Somente nos embargos à penhora poderá o executado
impugnar a sentença de liquidação, cabendo ao exeqüente
igual direito e no mesmo prazo. (Incluído pela Lei nº 2.244,
de 23.6.1954)
§ 4o Julgar-se-ão na mesma sentença os embargos e as
impugnações à liquidação apresentadas pelos credores
trabalhista e previdenciário. (Redação
dada pela Lei nº 10.035, de 2000)
§ 5o Considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou
ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo
Tribunal Federal ou em aplicação ou interpretação tidas por
incompatíveis com a Constituição
Federal. (Incluído pela Medida provisória
nº 2.180-35, de 2001)
§ 6o A exigência da garantia ou penhora não se aplica às
entidades filantrópicas e/ou àqueles que compõem ou
compuseram a diretoria dessas
instituições. (Incluído pela Lei nº
13.467, de 2017)

Art. 885 - Não tendo sido arroladas testemunhas na defesa, o


juiz ou presidente, conclusos os autos, proferirá sua decisão,
dentro de 5 (cinco) dias, julgando subsistente ou insubsistente
a penhora.

Art. 886 - Se tiverem sido arroladas testemunhas, finda a sua


inquirição em audiência, o escrivão ou secretário fará, dentro
de 48 (quarenta e oito) horas, conclusos os autos ao juiz ou
presidente, que proferirá sua decisão, na forma prevista no
artigo anterior. (Vide Leis nºs 409, de 1943
e 6.563, de 1978)
§ 1º - Proferida a decisão, serão da mesma notificadas as
partes interessadas, em registrado postal, com franquia.
§ 2º - Julgada subsistente a penhora, o juiz, ou presidente,
mandará proceder logo à avaliação dos bens penhorados.

Art. 887 - A avaliação dos bens penhorados em virtude da


execução de decisão condenatória, será feita por avaliador
escolhido de comum acordo pelas partes, que perceberá as
custas arbitradas pelo juiz, ou presidente do tribunal
trabalhista, de conformidade com a tabela a ser expedida pelo
Tribunal Superior do Trabalho.
§ 1º Não acordando as partes quanto à designação de
avaliador, dentro de cinco dias após o despacho que o
determinou a avaliação, será o avaliador designado livremente
pelo juiz ou presidente do tribunal.
§ 2º Os servidores da Justiça do Trabalho não poderão ser
escolhidos ou designados para servir de avaliador.

Art. 888 - Concluída a avaliação, dentro de dez dias, contados


da data da nomeação do avaliador, seguir-se-á a
arrematação, que será anunciada por edital afixado na sede
do juízo ou tribunal e publicado no jornal local, se houver,
com a antecedência de vinte (20)
dias. (Redação dada pela Lei nº 5.584, de
26.6.1970)
§ 1º A arrematação far-se-á em dia, hora e lugar anunciados
e os bens serão vendidos pelo maior lance, tendo o exeqüente
preferência para a adjudicação. (Redação
dada pela Lei nº 5.584, de 26.6.1970)
§ 2º O arrematante deverá garantir o lance com o sinal
correspondente a 20% (vinte por cento) do seu
valor.(Redação dada pela Lei nº 5.584, de 26.6.1970)
§ 3º Não havendo licitante, e não requerendo o exeqüente a
adjudicação dos bens penhorados, poderão os mesmos ser
vendidos por leiloeiro nomeado pelo Juiz ou
Presidente. (Redação dada pela Lei nº 5.584, de 26.6.1970)
§ 4º Se o arrematante, ou seu fiador, não pagar dentro de 24
(vinte e quatro) horas o preço da arrematação, perderá, em
benefício da execução, o sinal de que trata o § 2º dêste
artigo, voltando à praça os bens executados.(Redação dada
pela Lei nº 5.584, de 26.6.1970)
A execução por quantia certa fundada em título executivo extrajudicial
trabalhista além de ser disciplinada pelos artigos supracitados, também
é regulamentada pelo Código de Processo Civil.

Outro tema de suma importância, trazido pela Reforma Trabalhista,


recebeu reflexos do art. 517, do CPC, traduzido pelo art. 883-A, da
CLT:

Art. 883-A. A decisão judicial transitada em julgado somente


poderá ser levada a protesto, gerar inscrição do nome do
executado em órgãos de proteção ao crédito ou no Banco
Nacional de Devedores Trabalhistas (BNDT), nos termos da
lei, depois de transcorrido o prazo de quarenta e cinco dias a
contar da citação do executado, se não houver garantia do
juízo. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)

Por fim, sobre a execução provisória, ensina Pontes de Miranda apud


SCHIAVI13 que a “execução provisória é aquela a que se procede se
pende recurso no efeito somente devolutivo e do recurso interposto que
se conhece”.

Aduz o art. 899 da CLT:

Art. 899 - Os recursos serão interpostos por simples petição e


terão efeito meramente devolutivo, salvo as exceções
previstas neste Título, permitida a execução provisória até a
penhora. (Redação dada pela Lei nº 5.442, de
24.5.1968) (Vide Lei nº 7.701, de 1988)

Nesse sentido, o douto jurista Mauro Schiavi14 preleciona:

“No nosso sentir, a execução provisória caracteriza-se como


o procedimento destinado à satisfação da obrigação
consagrada num título executivo judicial que está sendo
objeto de recurso recebido apenas no efeito devolutivo.

A execução provisória se fundamenta numa presunção


favorável ao autor dada pela decisão objeto do recurso e na
efetividade da jurisdição. Não obstante, por não haver o

13
MIRANDA apud SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 11ª ed. São Paulo: LTr,
2016, p. 1.141.
14
SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª ed. São Paulo: LTr, 2017. p.
1.141.

estado de certeza, o autor não poderá receber o objeto da


condenação.”

A execução provisória é disciplinada pelo art. 520 do CPC, in verbis:

Art. 520, do CPC. O cumprimento provisório da sentença


impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será
realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo,
sujeitando-se ao seguinte regime:
I - corre por iniciativa e responsabilidade do exequente, que
se obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos
que o executado haja sofrido;
II - fica sem efeito, sobrevindo decisão que modifique ou
anule a sentença objeto da execução, restituindo-se as
partes ao estado anterior e liquidando-se eventuais prejuízos
nos mesmos autos;
III - se a sentença objeto de cumprimento provisório for
modificada ou anulada apenas em parte, somente nesta
ficará sem efeito a execução;
IV - o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de
atos que importem transferência de posse ou alienação de
propriedade ou de outro direito real, ou dos quais possa
resultar grave dano ao executado, dependem de caução
suficiente e idônea, arbitrada de plano pelo juiz e prestada
nos próprios autos.
§ 1o No cumprimento provisório da sentença, o executado
poderá apresentar impugnação, se quiser, nos termos do art.
525.
§ 2o A multa e os honorários a que se refere o § 1o do art.
523 são devidos no cumprimento provisório de sentença
condenatória ao pagamento de quantia certa.
§ 3o Se o executado comparecer tempestivamente e
depositar o valor, com a finalidade de isentar-se da multa, o
ato não será havido como incompatível com o recurso por ele
interposto.
§ 4o A restituição ao estado anterior a que se refere o inciso
II não implica o desfazimento da transferência de posse ou
da alienação de propriedade ou de outro direito real
eventualmente já realizada, ressalvado, sempre, o direito à
reparação dos prejuízos causados ao executado.

§ 5o Ao cumprimento provisório de sentença que reconheça


obrigação de fazer, de não fazer ou de dar coisa aplica-se, no
que couber, o disposto neste Capítulo.

c. Legislação

Constituição Federal;
Consolidação das Leis do Trabalho – arts. 769, 789-A, 805, 876 a
892, 899;
Código de Processo Civil – arts. 509, 510, 511, 512, 515, 517, 520,
524, 775, 778, 779, 784, 797, 836, 878, 883;
Súmulas do TST –200, 211, 399;
Instrução Normativa 39 de 2016;
Instrução Normativa 41 de 2018;
Lei nº 6.830/80 - Lei de execuções fiscais.

d. Julgados/Informativos

TRT-4 - Agravo De Petição AP 00208832620155040027 (TRT-


4)
Data de publicação: 16/05/2018
Ementa: EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. PROSSEGUIMENTO
DO PROCESSO DE EXECUÇÃO TRABALHISTA. Havendo acordo na
fase de conhecimento com definição do valor devido pela reclamada e
a forma de adimplemento (habilitação em processo de recuperação
judicial), não cabe a execução na Justiça do Trabalho, salvo se
impossibilitada a habilitação do crédito no plano de recuperação.
Agravo de petição do exequente não provido. (TRT-4 - AP
00208832620155040027 , Data de Julgamento: 16/05/2018, Seção
Especializada em Execução)

TRT-1 - Agravo de Peticao AP 01078006420095010052 RJ


(TRT-1)
Data de publicação: 08/05/2018
Ementa: AGRAVO DE PETIÇÃO. EXECUÇÃO TRABALHISTA.
INAPLICABILIDADE DO ART. 523 DO CPC NO PROCESSO DO
TRABALHO. O entendimento recentemente pacificado pelo C. TST, no
julgamento do Incidente de Recurso de Revista Repetitivo nº IRR-
0001786-24.2015.5.04.0000 (julgado pela SDI-1 em 21.08.2017),

estabeleceu que a multa coercitiva do art. 523 , § 1º , do CPC não é


compatível com as normas vigentes da CLT por que se rege o
processo de trabalho, ao qual não se aplica. Dessa forma, não é
aplicável no processo de execução trabalhista a regra contida no art.
523 do CPC , posto que o art. 769 da CLT autoriza aplicação
subsidiária no processo cognitivo, naquilo que não for incompatível
com a regras processuais do trabalho (Lei nº 6830 /80). (TRT1 - AP:
01078006420095010052 RJ, Relator: Ana Maria Moraes, Primeira
Turma, Data de Publicação: 08/05/2018)

TRT-4 - Agravo De Petição AP 00212643320155040383 (TRT-


4)
Data de publicação: 28/03/2018
Ementa: EXECUÇÃO. PARCELAMENTO. Inviabilidade do
parcelamento previsto no artigo 916 do Código de Processo Civil e,
em tese, aplicável ao processo de execução trabalhista, pela recusa
expressa do credor. (TRT 4 - AP: 00212643320155040383, Data de
Julgamento: 28/03/2018, Seção Especializada em Execução).

TRT-17 - RECURSO ORDINARIO TRABALHISTA RO


00018323720175170014 (TRT-17)
Data de publicação: 05/09/2018
Ementa: AÇÃO DE LIQUIDAÇÃO INDIVIDUAL DE SENTENÇA
COLETIVA. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO.
INAPLICABILIDADE DO ART. 840 , PARÁGRAFO 3º , DA CLT ,
INCLUÍDO PELA LEI 13.467 /17. À luz do microssistema do processo
coletivo consubstanciado nas normas da Constituição Federal (arts.
8º, III, e 129, III), da Lei da Ação Civil Pública (Lei n. 7.347 /85) e
do próprio Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078 /90), a
execução da sentença individual proferida em ação coletiva,
diferencia-se sobremodo do tratamento conferido às execuções de
cunho individual. Portanto, tratando-se de ação de liquidação
individual de sentença coletiva como no caso em análise, entendo
inaplicáveis as normas estabelecidas na CLT , especialmente o
disposto no art. 840 , § 1º , da CLT . (TRT 17 - RO:
00018323720175170014 , Relator: Daniele Correa Santa Catarina,
Data de Julgamento: 20/08/2018, Data de Publicação: 05/09/2018).

e. Leitura sugerida

CLAUS, Ben-Hur Silveira. Cumprimento de Sentença Trabalhista e o


Novo CPC. “Execução efetiva: nova visão”. TRT 7. Disponível em:
http://www.trt7.jus.br/escolajudicial/arquivos/files/busca/2016/03_E
xecuo_Nova_viso_na_Execuo_Boas_prticas_EJud7_pdf.pdf

PEREIRA, Leone. Manual de Processo do Trabalho. 5ª ed. São


Paulo: Saraiva, 2018. Capítulo XX e XXI.
Instrução Normativa nº 39/2016. Dispõe sobre as normas do Código
de Processo Civil de 2015 aplicáveis e inaplicáveis ao Processo do
Trabalho, de forma não exaustiva. Disponível em:
http://www.tst.jus.br/documents/10157/429ac88e-9b78-41e5-ae28-
2a5f8a27f1fe

SCHIAVI, Mauro. Manual de Direito Processual do Trabalho. 12ª


ed. São Paulo: LTr, 2017.

______________. A reforma trabalhista e o processo do trabalho:


aspectos processuais da Lei n. 13.467/17. 1ª ed. São Paulo: LTr, 2017.

_______________. Execução no Processo do Trabalho. 8ª ed. São


Paulo: LTr, 2016.

f. Leitura complementar

CARDOSO, Oscar Valente. Citação Por Carta na Execução (Judicial e


Extrajudicial) no Novo CPC. Jus Navigandi. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/49575/citacao-por-carta-na-execucao-
judicial-e-extrajudicial-no-novo-cpc

CASTELO, Jorge Pinheiro. Tratado de Direito Processual do Trabalho


na Teoria Geral do Processo. 3ª Ed. São Paulo: LTr, 2012.

CLERIER, Leonardo Lima. Novo CPC: As inovações trazidas ao


Processo de Execução. Estadão. Disponível em:
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/novo-cpc-as-
inovacoes-trazidas-ao-processo-de-execucao/

_______________. O novo CPC no Processo do Trabalho: avanço ou


retrocesso? Uma perspectiva a partir da Tutela de Execução.
Disponível em: https://www.trt13.jus.br/institucional/ejud/material-
dos-cursos-e-eventos/cursos-de-2015/1o-seminario-geral-de-
formacao-continuada/Sexta%20-%20Wolney%20de%20Macedo%20-
%20O%20novo%20CPC%20no%20processo%20do%20trabalho.pdf

COSTA, Marcelo Freire Sampaio. CUMPRIMENTO PROVISÓRIO NO


PROCESSO DO TRABALHO. 2ª ed. São Paulo: LTr, 2016.

CRUZ E TUCCI, José Rogério. Novo CPC traz mudanças no


cumprimento definitivo de sentença. Consultor Jurídico. Disponível
em: http://www.conjur.com.br/2015-nov-17/paradoxo-corte-cpc-
traz-mudancas-cumprimento-definitivo-sentenca

GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Curso de Direito Processual do


Trabalho. 6ª ed. Rio de Janeiro: GEN Forense, 2017.

LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de direito processual do


trabalho. 14ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2016.

_______________. As recentes reformas do CPC e as lacunas


ontológicas e axiológicas do processo do trabalho: necessidade de
heterointegração do sistema processual não-penal brasileiro. In:
Revista do Tribunal Superior do Trabalho, Porto Alegre, RS, v. 73, n.
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http://aplicacao.tst.jus.br/dspace/bitstream/handle/1939/2276/008_l
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MARTINS, Sergio Pinto. Direito Processual do Trabalho: Doutrina


e Prática Forense. 39ª ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

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