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CONHEÇA, DHARMA HINDU

A História de
Durgā Kālī, a
Mãe Divina
26/10/2020 · 3 mins de leitura

A história da deusa Durgā Kālī está


narrado num Śāstra chamado Devī
Mahātmyam. A Grande Deusa é
criada pelos poderes de Brahmā,
Viṣṇu e Śiva, junto com todos os
demais devas, as forças da natureza.

Ela encarna a totalidade dos poderes


divinos, nossas virtudes e força
interior, para combater e aniquilar o
búfalo-demônio, Mahīśasura, que
representa o egoísmo e a ignorância.

É por isso que Durgā é igualmente


chamada Mahīśaśuramardiṇī, ou a
Vencedora de Mahīśasura.

O nascimento de Durgā
Após mais de 100 anos de guerra, os
asuras (demônios) venceram os devas
(deuses) e seu líder, o demônio
Mahīśasura, vencendo o rei dos
deuses, Indra, assume todos os
poderes dele e dos demais devas:
Agni, Indra, Varuṇa, Sūrya e Yama.
Estes, desolados, vão até Vaikuṇṭha, a
moradia do deus supremo, Viṣṇu,
para pedir-lhe ajuda.

Ao ouvir as más notícias, Viṣṇu, feroz,


invocou Śiva e Brahmā. Os três
deuses concentram suas forças
(śaktis) numa poderosa meditação, a
partir da qual cria-se uma luz
intensamente brilhante.

Os devas igualmente dirigem seus


poderes para essa luz, que cresce até
assumir o tamanho de uma
montanha flamígera, brilhando como
mil sóis.

Aos poucos, o brilho da montanha de


luz assume a forma de uma belíssima
forma feminina, pura e radiante. Ela
é Durgā, a grande deusa, que
personifica a união de todos os
poderes dos deuses e semi-deuses
juntos.

Śiva entrega a seu tridente


(triśūla), Viṣṇu seu disco (cakra)
e Brahmā o japamālā e o licor da
imortalidade (amṛta).

Os semi-deuses presenteiam
igualmente a Durgā suas armas e
atributos: Varuṇa dá-lhe a concha,
Agni sua lança, Indra o raio, Yama, o
deus da morte, o seu bastão, Sūrya
seus raios dourados, com os quais a
pele da deusa brilha como o próprio
Sol.

A montanha Himavāt presenteia-lhe


um leão mágico como montaria.

Brilhando com estes e outros


atributos, envolta em luz divina, Devi
ri, e seu riso faz os três mundos
vibrarem. Sua voz preenche o espaço
e seus passos fazem a terra tremer.

As montanhas e os oceanos são


sacudidos pelo seu riso e sua
presença. “Jai Matājī!” (” Vitória para
a Grande Mãe!”), gritam os deuses e
semi-deuses.

Mahīśasura ouve na distância os


estrondosos passos da deusa, que
provocam terremotos, e pergunta-se
o quê pode estar provocando
tamanha comoção.

“Eu sou o rei do Universo agora.


Quem ousa interromper minha paz?
Quem ousa fazer tal barulho em
minha presença?”.

Voa então em direção à origem do


ruído, que se torna cada vez mais
ensurdecedor. E, repentinamente, ele
a vê.

A deusa brilha tanto que sua luz


atravessa os três mundos. A terra
curva-se sob seus pés e o brilho do
seu olhar é tão intenso que ofusca a
própria luz do Sol.

Ambos não precisam sequer trocar


uma palavra. As tropas asúricas são
chamadas e a batalha começa
imediatamente.

Milhares de elefantes de guerra,


centenas de milhares de poderosos
demônios e milhões de guerreiros
armados até os dentes são invocados
por Mahīśasura.

O exército, poderoso como o mar


enraivecido, ataca a deusa, que
simplesmente permanece sentada em
seu círculo de fogo. As armas
demoníacas não conseguem atingir a
deusa.

O leão balança a juba, e ela sopra sua


concha, produzindo um som
aterrorizante e anunciando uma
vitória que seria prontamente sua.

A cada exalação que ela faz, um novo


exército se materializa, prestes para a
batalha. As matrikās, as energias de
todos os deuses, vêm igualmente em
seu auxílio.

Finalmente, ela invoca os poderes


que os deuses tinham lhe outorgado
para materializar Kālī, a devoradora
do tempo, que é sua forma mais
terrível

Durgā começa a lutar, matando todos


os guerreiros que ousam colocar-se
ao alcance de suas armas mortíferas.

O campo de batalha torna-se


prontamente um amontoado de
cadáveres de guerreiros e elefantes,
cabeças e membros decepados,
armas partidas e rios de sangue.

Ao ver seu exército assim dizimado,


Mahīśasura solta um grito de ira e
assume sua forma de búfalo. Começa
a galopar em direção à deusa,
matando todos os guerreiros que seu
alento de fogo alcança.

Aqueles que conseguem fugir da


fúria do seu alento e de suas patas,
são mortos pelos seus terríveis
cornos, que cortam as montanhas de
pedra. Seu mugido preenche o
universo e faz a terra tremer.

Quando Devī percebe o ataque do


búfalo-demônio, concentra
novamente suas forças e começa
assim uma luta entre eles que, de tão
pavorosa, faz os deuses, que a tudo
assistem desde o céu, fecharem os
olhos.

Devī lança seu laço e prende o búfalo,


que instantaneamente se transforma
num imenso leão. A deusa corta a
cabeça do leão, mas este se
transforma em um elefante, que por
sua vez é prontamente decapitado
por ela.

Mahīśasura assume novamente sua


forma de búfalo e é preso à terra pelo
pé de Devī, que corta finalmente a
sua cabeça, vencendo assim a
batalha.

Quando o demônio morre, seu


exército inteiro se esvai no ar. Então,
deuses, devas, gandhārvas, apsāras e
humanos vem apresentar seus
respeitos e agradecimentos, fazendo
uma pūjā para ela.

“Inclinamo-nos perante ti. És a boa


fortuna dos virtuosos, a inteligência
no coração dos sábios, a confiança no
coração dos bondosos e a modéstia
no coração dos justos. Que possas
sempre proteger o universo.”

॥ हिरः ॐ ॥

+ mitos aqui e aqui

Ouça aqui o Durgācalisa:

॥ हिरः ॐ ॥

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Pedro Kupfer
Website | + posts

Pedro nasceu no Uruguai, 55 anos atrás.


Conheceu o Yoga na adolescência e pratica
desde então. Aprecia o o Yoga mais como
uma visão do mundo que inclui um estilo
de vida, do que uma simples prática.
Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga,
além de editar as revistas Yoga Journal e
Cadernos de Yoga e o website
www.yoga.pro.br. Para continuar seu
aprendizado, visita à Índia
regularmente há mais de três décadas.
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6 respostas para “A História de


Durgā Kālī, a Mãe Divina”

Regina !

15/11/2020 às 01:15

Adorei os detalhes da história. A


figura de Kali geralmente assusta e
pouco se fala dela.

Silvia Regina Pavesi !

19/04/2016 às 16:03

Muito bem contada a história,


parabéns! Dá vontade de ler o texto
em voz alta. Ou fazer um filme, tão
rico em detalhes. Imaginei várias
cenas lindas. Você conhece algum
filme, animação com os deusas e
deusas da mitologia hindu?
Gratíssima!!!

Sandra !

02/11/2019 às 01:45

Toda a saga do livro A


maldição do tigre ( Collen
houck ). Explica muito bem.

Marcella Lanner Carvalho !

25/01/2016 às 11:56

Lindo texto
Jay Maha Durga!
É impressionante as semelhanças
entre os mitos
Nosso inconsciente coletivo nos
leva a acessar a todos
No apocalipse, MARIA, vem
combater os demônios, vestida de
Luz, gravida, nas dores do parto.
Com a lua embaixo dos pés.
Enfrenta os dragões, sozinha…
Com a cabeça enfeitada por 12
estrelas..
O interessante é o feminino, a
energia Shakti que se apresenta
sempre em que eh necessário dar
combate ao mal.

José Filho !

15/01/2016 às 10:01

o mito de Durga é mto rico em


detalhes

Gislaine !

09/06/2009 às 23:00

Parabéns pelo texto. Finalmente


pude conhecer o mito desta Deusa
de uma forma mais detalhada. Que
a força e coragem de Durga possa
servir de inspiração pra nossas
batalhas interiores. Namastê.

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