Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Para quem não me conhece (todo mundo que está lendo isso agora), meu nome é Saulo
Mascarenhas Vargas e resolvi encarar essa vida de concursando há algum tempo atrás (sim,
somos concursandos e não concurseiros!! Concursando, do gerúndio “ndo”, que exprime fase
momentânea, passageira. Concurseiro é aquele que tem o afazer como hábito, como profissão
permanente. Coloque isso na sua cabeça e se enxergue como aspirante a um cargo publico e
não como um eterno estudante). Mas só passei a me dedicar de forma necessária e suficiente
aos estudos há aproximadamente 2 anos e meio atrás. Nesse meio tempo, venho colhendo
alguns bons resultados desde 2017 como nos concursos para Auditor de controle Externo do
Tribunal de contas da Paraíba (TCE PB), o qual fiz o curso de formação nesse ano de 2018;
Auditor de Controle Interno da Controladoria de JP (CGM JP), o qual fiquei em 10 lugar; Analista
do Tribunal Regional Federal (TRF1), ficando em 7 lugar; Auditor Fiscal - ISS São Luis, o qual
fiquei em 7 lugar previamente e 13 com a nota da discursiva; e, por fim, consegui a aprovação
no concurso para Auditor Fiscal do Estado de Goiás (SEFAZ GO) em 7 lugar.
Passada a ladainha de sempre, vamos ao que interessa! Por que menciono que somente
comecei a estudar de forma necessária e suficiente há certo tempo atrás? Simples, meus
amigos. A preparação para concursos públicos exige uma dedicação peculiar e não somente a
ilusão de que a forma sempre utilizada por nós durante toda a nossa vida estudando para escola
ou faculdade será suficiente se separarmos algumas horas do dia sentados na cadeira de nossa
sala.
É por isso que gosto de ressaltar um livro que talvez seja importante, principalmente
para quem está começando ou para aqueles que sentem dificuldade em internalizar o processo
do estudo diário. O livro chama-se: O poder do Hábito, de Charles Duhigg.
Falando um pouco sobre hábitos, por incrível que pareça, no inicio da década de 1900
menos de 10% dos americanos escovavam os dentes com pasta de dente. Foi aí que uma
empresa chamada Pepsodent teve uma brilhante ideia: mudar absolutamente nada, mas incluir
alguns componentes na pasta de dente e, como um passe de magica, mais de 65% da população
escovavam os dentes em 1910. Mas como pode isso? Simples, a Pepsodent simplesmente criou
o habito de escovar os dentes nos americanos. Vou voltar nesse ponto jajá!
Um estudo descobriu que apenas 60% das decisões que tomamos diariamente são, de
fato, decisões, os outros 40% são hábitos, tarefas mecanizadas, programadas e realizadas no
piloto automático. Mesmo tarefas complicadas que exigem esforço no começo, como dirigir, por
exemplo, depois de certo tempo, se tornam mais simples e requerem menos esforço. Entender
o que são os hábitos e como eles funcionam pode ser fundamental para mudar as nossas vidas.
Basicamente os hábitos podem ser divididos em 3 partes distintas, porém interligadas,
que formam um ciclo. Esse ciclo é conhecido como loop do hábito. Essas partes são: uma deixa,
uma rotina e uma recompensa (reforço).
A deixa nada mais é como um gatilho que dispara um sinal no cérebro para começar
uma atividade, uma rotina. Pode ser um local, um objeto, um sentimento, uma pessoa ou algo
que ligue a chave do habito. Em seguida vem a rotina, uma atividade que é sempre realizada
quando você se depara com a deixa. E, finalmente, depois da rotina vem a recompensa: uma
espécie de premio ou sensação por ter realizado a tarefa. Quanto melhor ou mais prazerosa for
a recompensa, maior será o desejo de se repetir a rotina que ficará mais presa na memoria,
reforçando sua ligação com a deixa e com a recompensa. Maiores serão as chances do habito se
repetir.
É basicamente assim:
Voltando à pasta de dente: o que a empresa fez foi entender o loop do habito e aplicar
os princípios ao produto. Para vender, a Pepsodent precisava de um estímulo que justificasse o
uso diário da pasta de dente. Em suas leituras de livros técnicos sobre saúde dentária achou
uma referência às massinhas que tinham nos dentes, que depois a chamou de ‘a película’.
Anunciou essa pasta de dente como um criador de beleza fazendo com que as pessoas
prestassem atenção à película que se forma nos dentes. Naquela época as pessoas não viam os
dentes amarelados como algo ruim ou indesejado. Foi aí que a Pepsodent formulou a deixa
perfeita, criando forte desejo nos americanos. Além de reforçar que os dentes brancos e
brilhantes eram mais bonitos e higiênicos, o grande motivo do sucesso foi a adição de
ingredientes que apesar de não deixar os dentes mais limpos, davam a sensação refrescante e
ardida na boca, além de incluir aquela espuma que dá quando escovamos os dentes. Esses dois
fatores ficaram associados fortemente à limpeza e higiene, apesar de não serem os reais
responsáveis por isso. Foi aí que decidiram que poderiam deflagrar um hábito e então
anunciaram que “basta você passar a língua nos dentes e vai sentir uma película”, “é isso que
faz seus dentes parecerem sem vida”. O brilhante desses anúncios era que eles dependiam de
uma deixa — a película dentária — que era conhecida e impossível de ignorar. Dizer para
alguém passar a língua nos dentes, na verdade, provavelmente faz com que a pessoa passe a
língua nos dentes e então provavelmente sentiam uma película. Ele encontrou uma deixa
simples que fazia com que as pessoas obedecessem automaticamente.
O mais importante dessa historia é entendermos como os hábitos funcionam para que
possamos trazer para nossas vidas, tanto para criar novos hábitos como para mudar antigos
hábitos indesejáveis. Você consegue imaginar seus dentes limpos se a pasta de dente não faz
espuma ou se não deixa seu hálito refrescante? Pois é! Foi exatamente por isso que eles foram
adicionados: reforçar o desejo pelo habito.
Vamos trazer isso para o mundo dos concursos. Vamos supor que você queira criar
hábitos de estudo. Como acabamos de ver, o segredo é criar uma forte conexão entre a deixa e
a recompensa que são associadas ao habito. No caso da deixa, você poderia combinar diversos
fatores para deixar a deixa bem clara, como horários específicos, algum objeto especifico ou
alguma atividade antecessora que emita sinal para o cérebro. Além disso, situações que te
incomodam como morar na casa dos pais, não ter situação financeira confortável ou odiar seu
ambiente de trabalho podem ser deixas valiosas. E para criar o grande anseio em realizar a
tarefa, você deveria associar a rotina à recompensa prazerosa que você terá ao ser aprovado em
um concurso, como por exemplo: a sensação de dever cumprido, independência financeira,
estabilidade emocional (e no serviço), realização pessoal, entre outros. Ou seja, o loop do habito
não deve focar na rotina, mas na forte conexão entre a deixa e a recompensa.
Depois de um tempo, após passar por todo esse processo, você não fará um esforço
enorme para se manter estudando, uma vez que esse processo se tornou um habito,
mecanizado e previsível.
Bom pessoal, após passarmos pela construção do hábito, vamos entrar agora na parte
prática do estudo, ou seja, na forma adequada de despender horas a fio encarando inúmeras
matérias e milhares de conteúdo.
Já adianto que NÃO! Nossa mente é magnetizada de forma individualizada e, por isso,
cada um responde a estímulos diferentes e de formas diferentes. Dessa forma, o método
utilizado por A pode não ser efetivo para B e vice versa. O que é possível traçar são: padrões!
É por isso que o estudo sistematizado para concursos exige tempo e constância, pessoal!
Não basta escolher um local propício, bons materiais, bons professores. É necessário tempo
para assimilar e constância para consolidar o hábito e o conhecimento em sua cabeça.
Aquele assunto que te apavora de tão chato ou difícil é o assunto que você deve dedicar
maior tempo para que possa repeti-lo quantas vezes forem necessárias ate que se torne algo
mecanizado na sua mente. Vai passar a gostar do assunto? Provável que não! Mas vai saber
recitá-lo de tantas vezes que essa informação passou pela sua cabeça.
Seguindo adiante, vamos voltar na aprendizagem motora como nossa bengala para o
aprendizado educacional. Muitos, imagino eu, nunca jogaram ou jogaram poucas vezes o
esporte Tênis na vida. Imagine-se você tendo que competir em nível nacional daqui a 3 meses
sem nunca ter pegado uma bolinha de Tênis na vida? Da mesma forma é o estudo para
concurso. Imagina encarar uma prova para Auditor Fiscal com 20 disciplinas e um milhão de
contas, jurisprudências e regras de português? Possivelmente irá falhar. Se o campeonato de
Tênis é apenas ano que vem, você começará a treinar, repetindo backhand e forehand
incansavelmente dia a dia ate que o processo fique mecanizado na sua memoria muscular e
cerebral. Da mesma forma, para acertar questões de provas no dia do concurso, você deve
realizar questões passadas dos concursos anteriores de maneira incansável, até que decore,
inclusive o enunciado. Vão existir questões que você não faz a menor ideia do que se trata, mas
sabe marcar a resposta correta. E é isso que vai te fazer ser aprovado: marcar o x no lugar certo.
Conclusão: maior número de questões possíveis sobre o mesmo assunto é fundamental; leitura
de pontos e palavras chaves repetidamente é imprescindível; leitura de lei seca até saber em
qual título e capítulo se encontra determinado assunto é muito importante. Lembre-se: você
não está fazendo doutorado sobre determinada matéria ou assunto no estudo para concursos.
Trace um panorama geral sobre o que aquele assunto representa e entenda os pontos principais
de forma geral para, a partir dai, se esforçar em acertar QUESTÃO DE PROVA!
Lembrando pessoal que tudo que estou expondo aqui não é idealizado de forma
prescritiva! São apenas dicas que deram certo para mim. Provavelmente, haverá colegas que
estão obtendo bons resultados e aprovações que não concordam com muitos pontos abordados
por aqui. Tudo é adaptável. Pegue aqui o que se encaixa em você, adapte ao seu meio e procure
sua proatividade.
Por fim, a área de gestão nos mostra que tudo na vida exige um planejamento. Nesse
sentido, devemos traçar um panorama atual para descobrir onde nos encontramos nesse
momento e aonde queremos chegar. A partir dessa analise traçamos uma estratégia sobre o
que precisamos fazer para alcançar o domínio de determinados assuntos e o que podemos
deixar de lado por enquanto. A estratégia também é muito importante quando sai o edital.
Talvez seja a parte mais importante do planejamento. Vi muitos amigos se desesperando e
adotando filosofias que, para mim, são equivocadas, ao sair o edital. Por exemplo, no concurso
de auditor fiscal de Goiás, 6 matérias, em um universo de aproximadamente 20, representavam
mais de 70% dos pontos da prova. Já direito civil, com um conteúdo mais extenso que a bíblia,
representava por volta de 3%. Mesmo assim, me deparei com colegas desesperados e
empenhados fortemente em vencer todo o conteúdo de civil, sendo que ainda não estavam
com as matérias mais significativas totalmente dominadas. Ter a frieza necessária para
abandonar matérias que podem ser desprezadas em um pós-edital é fundamental para obter
sucesso na prova. Claro que antes do edital devemos tentar vencer todo o conteúdo das
matérias de forma inteligente, pessoal.