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Salve, Salve! Concursandos e concursandas de todo o Brasil!

Tenho recebido algumas


mensagens pedindo dicas sobre o modelo de preparação utilizado por mim em minha trajetória
nesse mundo dos concursos. E é por isso que venho aqui transcrever um pouco para vocês a
respeito das ferramentas utilizadas e, também, contar um pouco da minha caminhada nesse
asfalto íngreme e escorregadio. Vale lembrar que esse pequeno material não possui finalidade
lucrativa, menos ainda qualquer tipo de associação ou parceria com algum professor ou
cursinho preparatório.

Para quem não me conhece (todo mundo que está lendo isso agora), meu nome é Saulo
Mascarenhas Vargas e resolvi encarar essa vida de concursando há algum tempo atrás (sim,
somos concursandos e não concurseiros!! Concursando, do gerúndio “ndo”, que exprime fase
momentânea, passageira. Concurseiro é aquele que tem o afazer como hábito, como profissão
permanente. Coloque isso na sua cabeça e se enxergue como aspirante a um cargo publico e
não como um eterno estudante). Mas só passei a me dedicar de forma necessária e suficiente
aos estudos há aproximadamente 2 anos e meio atrás. Nesse meio tempo, venho colhendo
alguns bons resultados desde 2017 como nos concursos para Auditor de controle Externo do
Tribunal de contas da Paraíba (TCE PB), o qual fiz o curso de formação nesse ano de 2018;
Auditor de Controle Interno da Controladoria de JP (CGM JP), o qual fiquei em 10 lugar; Analista
do Tribunal Regional Federal (TRF1), ficando em 7 lugar; Auditor Fiscal - ISS São Luis, o qual
fiquei em 7 lugar previamente e 13 com a nota da discursiva; e, por fim, consegui a aprovação
no concurso para Auditor Fiscal do Estado de Goiás (SEFAZ GO) em 7 lugar.

Passada a ladainha de sempre, vamos ao que interessa! Por que menciono que somente
comecei a estudar de forma necessária e suficiente há certo tempo atrás? Simples, meus
amigos. A preparação para concursos públicos exige uma dedicação peculiar e não somente a
ilusão de que a forma sempre utilizada por nós durante toda a nossa vida estudando para escola
ou faculdade será suficiente se separarmos algumas horas do dia sentados na cadeira de nossa
sala.

É por isso que gosto de ressaltar um livro que talvez seja importante, principalmente
para quem está começando ou para aqueles que sentem dificuldade em internalizar o processo
do estudo diário. O livro chama-se: O poder do Hábito, de Charles Duhigg.

Falando um pouco sobre hábitos, por incrível que pareça, no inicio da década de 1900
menos de 10% dos americanos escovavam os dentes com pasta de dente. Foi aí que uma
empresa chamada Pepsodent teve uma brilhante ideia: mudar absolutamente nada, mas incluir
alguns componentes na pasta de dente e, como um passe de magica, mais de 65% da população
escovavam os dentes em 1910. Mas como pode isso? Simples, a Pepsodent simplesmente criou
o habito de escovar os dentes nos americanos. Vou voltar nesse ponto jajá!

Um estudo descobriu que apenas 60% das decisões que tomamos diariamente são, de
fato, decisões, os outros 40% são hábitos, tarefas mecanizadas, programadas e realizadas no
piloto automático. Mesmo tarefas complicadas que exigem esforço no começo, como dirigir, por
exemplo, depois de certo tempo, se tornam mais simples e requerem menos esforço. Entender
o que são os hábitos e como eles funcionam pode ser fundamental para mudar as nossas vidas.
Basicamente os hábitos podem ser divididos em 3 partes distintas, porém interligadas,
que formam um ciclo. Esse ciclo é conhecido como loop do hábito. Essas partes são: uma deixa,
uma rotina e uma recompensa (reforço).

A deixa nada mais é como um gatilho que dispara um sinal no cérebro para começar
uma atividade, uma rotina. Pode ser um local, um objeto, um sentimento, uma pessoa ou algo
que ligue a chave do habito. Em seguida vem a rotina, uma atividade que é sempre realizada
quando você se depara com a deixa. E, finalmente, depois da rotina vem a recompensa: uma
espécie de premio ou sensação por ter realizado a tarefa. Quanto melhor ou mais prazerosa for
a recompensa, maior será o desejo de se repetir a rotina que ficará mais presa na memoria,
reforçando sua ligação com a deixa e com a recompensa. Maiores serão as chances do habito se
repetir.

É basicamente assim:

Voltando à pasta de dente: o que a empresa fez foi entender o loop do habito e aplicar
os princípios ao produto. Para vender, a Pepsodent precisava de um estímulo que justificasse o
uso diário da pasta de dente. Em suas leituras de livros técnicos sobre saúde dentária achou
uma referência às massinhas que tinham nos dentes, que depois a chamou de ‘a película’.
Anunciou essa pasta de dente como um criador de beleza fazendo com que as pessoas
prestassem atenção à película que se forma nos dentes. Naquela época as pessoas não viam os
dentes amarelados como algo ruim ou indesejado. Foi aí que a Pepsodent formulou a deixa
perfeita, criando forte desejo nos americanos. Além de reforçar que os dentes brancos e
brilhantes eram mais bonitos e higiênicos, o grande motivo do sucesso foi a adição de
ingredientes que apesar de não deixar os dentes mais limpos, davam a sensação refrescante e
ardida na boca, além de incluir aquela espuma que dá quando escovamos os dentes. Esses dois
fatores ficaram associados fortemente à limpeza e higiene, apesar de não serem os reais
responsáveis por isso. Foi aí que decidiram que poderiam deflagrar um hábito e então
anunciaram que “basta você passar a língua nos dentes e vai sentir uma película”, “é isso que
faz seus dentes parecerem sem vida”. O brilhante desses anúncios era que eles dependiam de
uma deixa — a película dentária — que era conhecida e impossível de ignorar. Dizer para
alguém passar a língua nos dentes, na verdade, provavelmente faz com que a pessoa passe a
língua nos dentes e então provavelmente sentiam uma película. Ele encontrou uma deixa
simples que fazia com que as pessoas obedecessem automaticamente.

O mais importante dessa historia é entendermos como os hábitos funcionam para que
possamos trazer para nossas vidas, tanto para criar novos hábitos como para mudar antigos
hábitos indesejáveis. Você consegue imaginar seus dentes limpos se a pasta de dente não faz
espuma ou se não deixa seu hálito refrescante? Pois é! Foi exatamente por isso que eles foram
adicionados: reforçar o desejo pelo habito.

Vamos trazer isso para o mundo dos concursos. Vamos supor que você queira criar
hábitos de estudo. Como acabamos de ver, o segredo é criar uma forte conexão entre a deixa e
a recompensa que são associadas ao habito. No caso da deixa, você poderia combinar diversos
fatores para deixar a deixa bem clara, como horários específicos, algum objeto especifico ou
alguma atividade antecessora que emita sinal para o cérebro. Além disso, situações que te
incomodam como morar na casa dos pais, não ter situação financeira confortável ou odiar seu
ambiente de trabalho podem ser deixas valiosas. E para criar o grande anseio em realizar a
tarefa, você deveria associar a rotina à recompensa prazerosa que você terá ao ser aprovado em
um concurso, como por exemplo: a sensação de dever cumprido, independência financeira,
estabilidade emocional (e no serviço), realização pessoal, entre outros. Ou seja, o loop do habito
não deve focar na rotina, mas na forte conexão entre a deixa e a recompensa.

Depois de um tempo, após passar por todo esse processo, você não fará um esforço
enorme para se manter estudando, uma vez que esse processo se tornou um habito,
mecanizado e previsível.

Bom pessoal, após passarmos pela construção do hábito, vamos entrar agora na parte
prática do estudo, ou seja, na forma adequada de despender horas a fio encarando inúmeras
matérias e milhares de conteúdo.

Afinal, existe uma fórmula magica?!

Já adianto que NÃO! Nossa mente é magnetizada de forma individualizada e, por isso,
cada um responde a estímulos diferentes e de formas diferentes. Dessa forma, o método
utilizado por A pode não ser efetivo para B e vice versa. O que é possível traçar são: padrões!

O que já é um consenso é que a aprendizagem de forma geral é bastante abrangente e


se relaciona de forma muito similar com os diversos tipos de aprendizagem. Nesse sentido,
temos indícios de que uma das melhores formas de consolidação da aprendizagem motora se
dá através da aprendizagem por bloco e aprendizagem maciça. Traduzindo: a repetição de
forma repetitivamente repetida, repetindo a repetição ate não repetir mais é a forma que
(teoricamente) dá certo para todo mundo. Afinal, estamos falando de hábitos! E quando nosso
cérebro passa a processar 5, 7, 10 vezes o mesmo assunto em determinado intervalo de tempo,
aquele assunto pode ser traduzido como um hábito em nosso cérebro e passa a ficar
consolidado em nossa cabeça.

Assim, se quer uma técnica infalível para dominar/decorar/entender determinado


assunto, a resposta é: repetição! Repetir o exercício que você sempre erra. Repetir a leitura
daquele trecho que você nunca entende. Repetir a leitura da lei seca. Repetir o conceito
doutrinário daquele autor que você nunca consegue entender. Eu te desafio a escrever 30 vezes
em um caderno, duas vezes ao dia, em um intervalo de 15 dias, determinada formula de algum
assunto de estatística. Será pouco provável que esqueça a formula ou a maneira de se resolver a
questão.

É por isso que o estudo sistematizado para concursos exige tempo e constância, pessoal!
Não basta escolher um local propício, bons materiais, bons professores. É necessário tempo
para assimilar e constância para consolidar o hábito e o conhecimento em sua cabeça.

Aquele assunto que te apavora de tão chato ou difícil é o assunto que você deve dedicar
maior tempo para que possa repeti-lo quantas vezes forem necessárias ate que se torne algo
mecanizado na sua mente. Vai passar a gostar do assunto? Provável que não! Mas vai saber
recitá-lo de tantas vezes que essa informação passou pela sua cabeça.

Seguindo adiante, vamos voltar na aprendizagem motora como nossa bengala para o
aprendizado educacional. Muitos, imagino eu, nunca jogaram ou jogaram poucas vezes o
esporte Tênis na vida. Imagine-se você tendo que competir em nível nacional daqui a 3 meses
sem nunca ter pegado uma bolinha de Tênis na vida? Da mesma forma é o estudo para
concurso. Imagina encarar uma prova para Auditor Fiscal com 20 disciplinas e um milhão de
contas, jurisprudências e regras de português? Possivelmente irá falhar. Se o campeonato de
Tênis é apenas ano que vem, você começará a treinar, repetindo backhand e forehand
incansavelmente dia a dia ate que o processo fique mecanizado na sua memoria muscular e
cerebral. Da mesma forma, para acertar questões de provas no dia do concurso, você deve
realizar questões passadas dos concursos anteriores de maneira incansável, até que decore,
inclusive o enunciado. Vão existir questões que você não faz a menor ideia do que se trata, mas
sabe marcar a resposta correta. E é isso que vai te fazer ser aprovado: marcar o x no lugar certo.
Conclusão: maior número de questões possíveis sobre o mesmo assunto é fundamental; leitura
de pontos e palavras chaves repetidamente é imprescindível; leitura de lei seca até saber em
qual título e capítulo se encontra determinado assunto é muito importante. Lembre-se: você
não está fazendo doutorado sobre determinada matéria ou assunto no estudo para concursos.
Trace um panorama geral sobre o que aquele assunto representa e entenda os pontos principais
de forma geral para, a partir dai, se esforçar em acertar QUESTÃO DE PROVA!

Lembrando pessoal que tudo que estou expondo aqui não é idealizado de forma
prescritiva! São apenas dicas que deram certo para mim. Provavelmente, haverá colegas que
estão obtendo bons resultados e aprovações que não concordam com muitos pontos abordados
por aqui. Tudo é adaptável. Pegue aqui o que se encaixa em você, adapte ao seu meio e procure
sua proatividade.

Afinal, consultoria é necessário? Recebi umas 3 ou 4 perguntas desse tipo. Como


respondi a alguns, sou suspeito para falar por realizar um trabalho de consultoria e ter alguns
alunos estudando comigo. Em síntese, penso da seguinte forma: se você tem dificuldade ou
falta de tempo para se planejar, a consultoria pode ser bem vinda. Está começando agora e não
faz a menor ideia por onde começar? Pode ser uma alternativa. O trabalho em si, na maioria das
vezes, consiste em te entregar o peixe pronto, bastando que você se sente e estude. Outra
situação que pode ser favorável é quando estudou por muito tempo e agora está cansado.
Cansou de se organizar e de estudar e, por isso, precisa de motivação e de ares novos. Nesse
panorama também acho uma alternativa interessante. Mas se você consegue visualizar o
cenário e entender o que precisa fazer e onde precisa chegar com detalhes em cada disciplina e,
ainda, consegue visualizar suas dificuldades e saber o caminho que é necessário para afiar o
machado, acho que a consultoria se torna desnecessária. Guarde dinheiro para futuras provas.
Acho importante ter um acompanhamento, no estilo consultoria, principalmente em pós-edital.
Mas sempre adaptando às suas necessidades e à sua realidade.

Por fim, a área de gestão nos mostra que tudo na vida exige um planejamento. Nesse
sentido, devemos traçar um panorama atual para descobrir onde nos encontramos nesse
momento e aonde queremos chegar. A partir dessa analise traçamos uma estratégia sobre o
que precisamos fazer para alcançar o domínio de determinados assuntos e o que podemos
deixar de lado por enquanto. A estratégia também é muito importante quando sai o edital.
Talvez seja a parte mais importante do planejamento. Vi muitos amigos se desesperando e
adotando filosofias que, para mim, são equivocadas, ao sair o edital. Por exemplo, no concurso
de auditor fiscal de Goiás, 6 matérias, em um universo de aproximadamente 20, representavam
mais de 70% dos pontos da prova. Já direito civil, com um conteúdo mais extenso que a bíblia,
representava por volta de 3%. Mesmo assim, me deparei com colegas desesperados e
empenhados fortemente em vencer todo o conteúdo de civil, sendo que ainda não estavam
com as matérias mais significativas totalmente dominadas. Ter a frieza necessária para
abandonar matérias que podem ser desprezadas em um pós-edital é fundamental para obter
sucesso na prova. Claro que antes do edital devemos tentar vencer todo o conteúdo das
matérias de forma inteligente, pessoal.

Terminada a exposição do que achava importante pontuar, gostaria de ressaltar a


importância da motivação no processo do estudo. Se motivem a cada dia! Ter certeza do que
quer e, além disso, querer a aprovação mais que tudo é uma importante (única) maneira de
alcançar o resultado. Tenham fé e uma certeza, que apesar de ser clichê, é a maior de todas no
mundo dos concursos: só não passa quem desiste! Se você não desistir e fizer a sua parte,
tenha convicção: sua hora vai chegar!

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