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Comunicação, Mídias e

Direitos Humanos
Debate Chomsky x Foucault
(Parte 1)
Las Meninas
This is America
Lições sobre a relação sujeito/representação
O que a pintura nos diz sobre a relação entre sujeito e representação?

1. Não se trata de um processo simples, unidirecional e fechado


2. O sentido não se encerra na pintura: ele vai além
3. Somos parte ativa da construção do sentido e ao mesmo tempo
somos limitados pelo seu discurso (e pela nossa episteme)
1. Funcionamento da representação
Pintura "nos diz algo sobre como a representação e o sujeito funcionam"

A descentralização do olhar, as múltiplas formas de ler a pintura constroem o


tipo de representação da pintura e o lugar do sujeito que a observa.

Em outras palavras, sujeito e representação não são grandezas com regras


pré-definidas: eles são reconstruídos com novas características a cada
nova obra/mídia/discurso.
2. Representação =/= Imitar a realidade
Representar “não tem a ver com criar um reflexo verdadeiro ou imitação
da realidade”

“O discurso da pintura está fazendo bem mais que simplesmente tentar


espelhar com precisão o que existe”

Caso extremo disso: expressionismo alemão (cinema), cubismo (pintura), etc.


3. Representação é o visível, mas também o
invisível
Las Meninas se constrói tanto ”em torno daquilo que você não pode ver,
quanto daquilo que pode observar”

“O sentido da imagem é produzido, argumenta Foucault, por meio dessa


complexa interação entre presença e ausência. A representação funciona
tanto no que não é mostrado, quanto no que é mostrado.”
4. A oscilação do centro e do olhar
A representação da pintura causa certos “deslocamentos”.

“Há dois sujeitos na pintura e dois centros. E a composição da imagem -


seu discurso - nos força a oscilar entre esses dois sujeitos sem nunca
decidir finalmente com qual nos identificar”

[...]

“A forma com que nós olhamos para a imagem, oscila entre dois centros,
dois sujeitos, duas posições de olhar, dois sentidos.”
5. A orquestração do olhar
Orquestração do olhar = “quem está mirando quem ou o quê”

“O espectador está realizando dois tipos de olhar”

1. Observa a cena na posição de fora, na frente da imagem


2. Se identifica com o olhar das personagens da pintura

“Tomamos as posições indicadas pelo discurso, nos identificamos com


elas, sujeitamos nós mesmos aos seus sentidos e nos tornamos ‘sujeitos’”
6. O sentido é sempre incompleto
“É crítico para o argumento de Foucault que a pintura não tenha um
sentido completo”

[...]

“O discurso produz uma posição de sujeito para o espectador. Para a


pintura funcionar, o espectador deve primeiro se sujeitar ao discurso
dela.”
7. Múltiplas formas de olhar
Representação ocorre sob três pontos de vista:

a) O nosso, do espectador
b) O pintor que retratou a cena
c) Do homem ao fundo da pintura
8. O sujeito como soberano
O espelho “mostra, no nosso lugar, o rei e a rainha da Espanha”

Nos posiciona no lugar do soberano. Como ler esse gesto?

1- Uma afronta à condição de soberania aristocrática: qualquer um que


ver este quadro é tão “sagrado” quanto um rei ou rainha

2- O espectador é soberano para que a pintura faça sentido e cumpra sua


missão

3- ???
Debate: Chomsky vs. Foucault
Tema geral: a natureza humana

Foucault: a morte do humano/indivíduo e o nascimento do sujeito

Chomsky: natureza humana biológica, linguística, moral e cultural

[...]

Fons Elders (mediador): “Chomsky e Foucault expõem o conflito existente no


centro da própria cultura e da política do Ocidente”
A heterogeneidade do pensamento ocidental
Pensamento clássico X Romântico

Sistema religioso X Sistema secular

Pontos de vista nacionais X “internacionais” e “globais”

“Por exemplo: é verdade que os Estados Unidos e a União Europeia


reconhecem uma ampla gama de direitos civis, mas rejeitam os direitos
humanos expressos na Declaração sempre que eles contrariam seus
interesses nacionais e propósitos imperialistas”
Interesse geral VS. O “outro”
“Tensão entre valores que defendem o ‘interesse geral’ e a impotência para
entender e aceitar o ‘outro’ ”

[...]

“Para muitos americanos e europeus, o ‘outro’ ou o ‘estrangeiro’ é o


muçulmano ou o Islã, mesmo que eles tenham a mesma cidadania”
Como proceder?
1. Choque de paradigmas
2. Pressupostos filosóficos
3. Determinação das perguntas
Empirismo
Foucault: problematização é um ato criativo. É uma “criação, no sentido do
que, dada determinada situação, não é possível deduzir que decorrerá esse
tipo de problematização”.

“Seu ponto de partida é um aspecto concreto e específico do mundo”

“Desconfia da noção de natureza humana porque ela é um construto no


interior da luta pelo poder”
Racionalismo
Chomsky: seres humanos compartilham uma natureza, com ”ideias inatas”, e
“estruturas inatas”

“Cada ser humano compartilha com outros seres humanos ideias e estruturas
inatas, e o potencial de organizar sua vida de forma criativa”

Universalismo: necessidade para o aprendizado e comunicação

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