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SAÚDE INDIVIDUAL E COMUNITÁRIA

A – Saúde e qualidade de vida da população


A1 – saúde e qualidade de vida
A saúde passou a ser um direito fundamental de todos os seres humanos, sem distinção de raça, religião, opiniões
políticas e condições humanas e socais
Saúde - A OMS definiu a saúde, em 1948, como o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas
a ausência de doença.
A saúde é uma questão individual e, simultaneamente, uma questão comunitária, estando diretamente ligada ao
conceito de qualidade.
Qualidade de vida - A OMS definiu a qualidade de vida como a perceção do indivíduo sobre a sua posição na vida,
dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação com os seus objetivos,
expetativas, padrões e preocupações.
Isto significa que a qualidade de vida é um conceito muito abrangente que envolve não apenas aspetos físicos e
mentais, mas tbm, aspetos económicos e culturais.

Domínio biológico - Refere-se à noção que a pessoa tem da sua própria condição física.
Domínio psicológico - Refere-se à capacidade da pessoa para ultrapassar as dificuldades da vida.
Domínio económico - Refere-se à relação da pessoa com o dinheiro e com os bens materiais.
Domínio cultural - Refere-se à educação, hábitos e valores que a pessoa desenvolve ao longo da vida e que vão
determinar as suas necessidades e atitudes.

A qualidade de vida depende não apenas da perceção que cada pessoa tem da sua vida, mas tbm, do sistema de
valores que orienta as suas práticas e atitudes, das suas relações na escola, no trabalho, na família e no grupo de
amigos e, em geral, do desenvolvimento económico, social, humano, científico e tecnológico. Por isso a, qualidade
de vida está sempre em mudança.

A2 – Indicadores de saúde
Indicadores de saúde - Valores, absolutos ou percentuais, calculados a partir da observação de uma dada população
(mundial, regional ou local).
Os indicadores de saúde representam uma medida do estado e do desenvolvimento da saúde de uma população.

Os indicadores de saúde são:


• Mortalidade – Óbitos e relacionados com óbitos.
• Morbilidade – Casos de doenças e procura dos serviços de saúde.
• Incapacidade – Casos de deficiências ou limitações.
• Bem-estar – Auto perceção do estado de saúde.
• Comportamentos – Hábitos e práticas com influência na saúde.
• Condições de vida e trabalho – Condições económicas, sociais e de emprego.
• Recursos pessoais – Apoios sociais e fatores de stresse, entre outros.
• Fatores ambientais – Exposição a fatores com influência na saúde.
• Acesso à saúde – Adequação às necessidades.
• Qualidade – Adequação e referência a padrões estabelecidos.
• Capacitação do cidadão – Adequação dos conhecimentos do cidadão aos cuidados de saúde prestados.
• Eficiência – Análise de resultados face aos recursos e tempo disponíveis.
• Segurança – Riscos de uma intervenção ou do ambiente das unidades de saúde.
• Efetividade – Consecução de objetivos e satisfação de utentes e profissionais de saúde.
• Contexto – Comparação de diferentes populações ao longo do tempo.

A esperança de vida, as esperanças de saúde e os anos potenciais de vida perdidos são exemplos de indicadores do
estado de saúde.

Esperança de vida - É o número de anos que um ser humano, a partir do momento em que nasce, pode esperar
viver. Corresponde à duração provável da sua vida
Esperança de saúde - É o número de anos que um ser humano, desde o seu nascimento, pode esperar viver com
saúde. São os anos de vida saudável.

Anos potenciais de vida perdidos (APVP) - É o número de anos não vividos devido a uma morte prematura, tendo por
referência uma idade-limite para a vida.

Os tumores malignos, as doenças do sistema circulatório e do sistema digestivo e os acidentes de aviação são das
principais causas de morte prematura em Portugal. Um em cada 4 portugueses morre antes dos 70 anos.

A3 – Doenças e causas de doenças


A saúde de cada pessoa esta permanentemente ameaçada por diversos fatores de natureza individual ou de
natureza ambiental, de origem biológica, física ou química.
Os fatores capazes de provocar a doença podem ser individuais ou ambientais (biológicos, químicos e físicos)

Doença - Distúrbio das funções de um órgão, da mente ou do organismo como um todo, estando associado a sinais e
sintomas específicos.

Fatores individuais Fatores biológicos: Fatores químicos Fatores físicos


• Antecedentes familiares • Vírus • Pesticidas • Radiações
• Idade • Bactérias • Gases poluentes • Ruídos
• Alimentação • Fungos • Drogas • Vibrações
• Condição física • Protistas • Temperaturas extremas

Parasita e hospedeiro - Numa doença parasitária, o parasita e o hospedeiro podem sofrer coevolução.
Parasitas de espécie humana: ténia; lombriga; protista; fungos; bactérias; vírus.

A4 – Os antibióticos
As infeções causadas por bactérias podem ser corretamente tratadas com certos medicamentos, os antibióticos.
Os antibióticos são medicamentos de receita médica obrigatória.
Os antibióticos atuam atacando a parede bacteriana, a membrana celular ou outros constituintes bacterianos
necessários para a vida e reprodução bacterianas.
Os antibióticos são ineficazes contra os vírus.
O uso incorreto dos antibióticos (automedicação, falhas de tomas, doses inadequadas ou interrupção do
tratamento) está a criar um grave problema de saúde pública, a resistência bacteriana.

Resistência aos antibióticos


O que podes fazer…
• Toma antibióticos apenas quando receitados pelo médico.
• Nunca interrompas o tratamento, mesmo que te sintas melhor.
• Nunca partilhes antibióticos com outra pessoa nem tomes sobras de tratamentos anteriores.

A5 – Doenças não transmissíveis


Doenças não transmissíveis (DNT) - Grupos de doenças não infeciosas, caracterizadas pela ausência de
microrganismos, geralmente crónicas e irreversíveis.

Tendo em conta as mortes causadas, as principais doenças não transmissíveis, em Portugal, são as doenças
cardiovasculares, seguidas dos tumores malignos ou cancros, das doenças respiratórias não infeciosas e dos
diabetes.

Doenças cardiovasculares - Afetam o sistema circulatório, isto é, o coração e os vasos sanguíneos (artérias, veias e
capilares).
Fatores de risco:
• Tabaco • Diabetes
• Stress • Colesterol alto
Tumores malignos - Também designados por cancros, são massas de células que se multiplicam sem controlo,
invadindo e destruindo os tecidos em seu torno.
• Envelhecimento • Dieta pobre
• Luz solar • Excesso de peso
• Álcool • Alguns químicos

Diabetes – Caracteriza-se por um aumento dos níveis de glicose no sangue, controlados por uma hormona, a
insulina, produzida pelo pâncreas.
• Excesso de peso • Colesterol, alto
• Maus hábitos alimentares • Ascendentes familiares
• Envelhecimento

Doenças respiratórias – São as doenças que afetam o sistema respiratório, nomeadamente os brônquios e os
pulmões.
• Tabaco
• Ascendentes familiares
• Poluição atmosférica

A6 – Fatores de risco
Sedentarismo - Em Portugal, apenas um em cada cinco jovens, dos 10 aos 18 anos, faz uma hora diária de exercício
físico.
Aumentam as horas gastas a ver televisão, a jogar no computador ou a comunicar nas redes sociais, ultrapassando
as duas horas diárias perante um ecrã, o máximo recomendado.

Obesidade e excesso de peso - Nas pessoas obesas, a reserva corporal de gordura aumenta ao ponto de se tornar
num problema de saúde. Acontece porque a ingestão de alimentos supera as necessidades energéticas do
organismo.

Alcoolismo - Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cada português consome, em média, quase 13 litros
de álcool por ano, um valor que coloca o país entre os que mais bebem em todo o mundo.
Um terço dos rapazes e um quarto das raparigas entre os 15 e os 19 anos pratica, pelo menos uma vez no ano, o
chamado binge drinking, ingerindo uma grande quantidade de álcool numa única ocasião.

Tabagismo — A maior parte dos jovens portugueses em idade escolar não fuma. No entanto, o consumo de tabaco
tem aumentado nos últimos anos, sendo cerca de um terço os que admitem fumar regularmente.
Verifica-se, também, uma tendência para um aumento do consumo de tabaco entre jovens do sexo feminino.
Cerca de 80% dos casos de cancro do pulmão são devidos ao consumo de tabaco.

A7 – Determinante da saúde
A saúde de cada um depende de um vasto conjunto de determinantes.
Determinantes da saúde - Fatores que afetam ou determinam a saúde dos cidadãos e dos povos.

Tipos de determinantes
• Biológicos
Sexo, idade, antecedentes familiares (fatores genéticos).
• Sociais e económicos
Pobreza, emprego, apoio familiar, exclusão.
• Ambientais
Habitação e local de residência, qualidade do ar, qualidade da água, ruído.
• Estilos de vida
Alimentação, atividade física, tabagismo, álcool, comportamento sexual.
• Acesso aos serviços
Saúde, educação, serviços sociais, transportes, lazer.
Cada determinante tem influência no estado de saúde individual, familiar e comunitário, embora seja difícil
estabelecer o seu peso específico. No entanto, os estilos de vida saudáveis destacam-se dos restantes determinantes
pela aparente facilidade com que podem ser obtidos mais ganhos de saúde.

B – Promoção da saúde
B1 – A sociedade de risco
Sociedade de risco - Representa uma ameaça ao desenvolvimento e à manutenção da qualidade de vida e da saúde
individual e comunitária.

O que é o risco?
Probabilidade de ocorrer um determinado acontecimento, de origem natural ou humana, associado à ideia de
perigo. Em termos de saúde, considera-se o perigo ou risco da ocorrência de acontecimentos que possam conduzir a
uma degradação da saúde.
Ver pag. 33

Na sociedade de risco, a industrialização e os avanços tecnológicos podem representar progresso e desenvolvimento


para os cidadãos, mas tornam a sociedade menos capaz de compreender as consequências das suas ações, o que
facilita as práticas e os comportamentos de risco. Assim as culturas de risco estão presentes em diferentes atividades
humanas, particularmente nas que estão ligadas á ciência, á politica e á economia.

Desenvolvimento insustentável
Consequências
Cultura de risco  Degradação dos ecossistemas
 Consumo descontrolado  Esgotamento dos recursos
 Esbanjamento  Extinção de espécies
 Poluição  Poluição generalizada
 Perda de saúde e qualidade de vida

Desordenamento do território
Consequências
Cultura de risco  Perda de vidas humanas
 Ocupação desorganizada  Perda de bens materiais
 Catástrofes  Perdas em saúde e qualidade de vida

Inexistência de hábitos individuais saudáveis


Consequências
Cultura de risco
 Fragilidade física e doença
 Alimentação desequilibrada
 Dependências e distúrbios
 Falta de exercício físico
 Isolamento
 Falta de higiene corporal
 Discriminação social
 Stresse
 Perdas em saúde e qualidade de vida
 Consumo de álcool, tabaco e drogas

No que se refere é saúde, é necessário combater o risco, prevenindo os seus efeitos, através de novas medidas de
segurança que levem em conta a necessidade de:
- identificar e interpretar os riscos, tornando-os visíveis á sociedade;
- utilizar as redes locais, regionais e globais para divulgar informação em diferentes formatos, para várias culturas.
- aceitar que o conhecimento dos riscos já não depende apenas da ciência mas, tbm, das instituições, da
comunicação social, etc.
B2 – Ações de promoção da saúde
Promoção da saúde - Processo que pretende tornar indivíduos e comunidades mais capazes de controlarem os
determinantes da saúde, no sentido de a melhorarem.

A promoção de saúde melhora, por um lado, a capacidade de agir de cada pessoa e, por outro lado, a capacidade de
os grupos, organizações ou comunidades influenciarem os determinantes da saúde, no sentido de desenvolverem ou
mudarem os estilos de vida, as condições sociais e económicas e de intervirem positivamente no ambiente.
Ver pag. 36
A promoção da saúde pode capacitar o cidadão, a família e a comunidade para atuar sobre os determinantes da
saúde em três momentos diferentes:
1. o Prevenir o aparecimento de problemas de saúde.
2. o Detetar precocemente os problemas de saúde.
3. o Tratar adequadamente os problemas de saúde.

Prevenção dos problemas de saúde - Comportamentos que visam manter o completo bem-estar físico, mental e
social e evitar o aparecimento de doenças.

Os hábitos individuais saudáveis são a melhor forma de prevenir os problemas de saúde.


 Prática de exercício físico
 Cumprimento da vacinação
 Rejeição do tabaco, drogas, álcool
 Proteção contra infeções sexualmente transmissíveis
 Hábitos

Campanhas de sensibilização- incentivam as populações a adotarem estilos de vida mais saudáveis e alertam para
doenças de especial gravidade ou prevalência.

Prevenção dos problemas de saúde


Programa de vacinação - o seu cumprimento é uma das melhores formas de prevenir problemas de saúde.
Uma vacina é uma preparação antigénica (vírus ou bactérias completos, mortos ou atenuados) que, administrada
num indivíduo, induz uma resposta imunitária protetora, específica de um ou mais agentes infeciosos.

O antigénio da vacina é, normalmente, composto por microrganismos (vírus ou bactérias) completos, mortos ou
atenuados, ou por um fragmento desses microrganismos, por exemplo, uma parte da parede celular de uma
bactéria.

Deteção precoce dos problemas de saúde - Ações que visam diagnosticar os problemas antes que os seus sintomas
perturbem significativamente a qualidade de vida da pessoa ou coloquem a sua vida em risco.

Tratamento adequado dos problemas de saúde - Ações que visam reabilitar as pessoas, tanto quanto possível, para o
exercício de uma vida ativa e saudável.

Em Portugal, são várias as instituições que, de forma periódica ou ocasional, realizam ações de promoção da saúde.

B3 – Genética, ambiente e estilos de vida


A saúde e a sobrevivência de um indivíduo dependem da interação entre a sua informação genética, o meio
ambiente onde está inserido e o estilo de vida que pratica.

Influência do meio ambiente na saúde - Os efeitos mais conhecidos relacionam-se com:


• a contaminação da água e as fracas condições sanitárias;
• a poluição atmosférica, as alterações climáticas e a destruição da camada de ozono estratosférico,
• a perda de biodiversidade e a degradação dos solos;
• o contacto com substâncias químicas perigosas;
• o ruído.
Influência do património genético na saúde - Os efeitos mais conhecidos relacionam-se com:
• a determinação das características físicas e mentais;
• a presença ou ausência de doenças genéticas;
• a determinação da resistência a agentes infeciosos;
• a sensibilidade a agentes ambientais externos.

Influência dos estilos de vida - Os efeitos mais conhecidos relacionam-se com:


• o stresse e a falta de exercício físico;
• uma alimentação descuidada;
• hábitos de consumo de álcool, tabaco ou drogas.

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