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2ª Fase Constitucional

Laboratório
Ação de Impugnação de Mandato Eletivo
Professor Felipe Genari
instagram: @genarifelipe
ENUNCIADO
No ano de 2018, concorreram à Prefeitura do Município Y, os candidatos Leo
Oliveira, do partido “PPZ” e; Mévio Ribeiro, do partido “PPO”. Duas semanas antes
do pleito ocorrer, o jornal local “Gazeta Matinal” de propriedade de João Ribeiro,
cunhado do candidato Mévio Ribeiro, passa a enaltecer Mévio, dando-lhe
oportunidade para divulgar suas ideias e, principalmente, para exibir o apoio
político que detém de outras lideranças estaduais e nacionais. Ressalta-se que o
veículo de imprensa é de distribuição gratuita e conta com tiragem diária de 500
mil exemplares.
A conduta surtiu grande efeito e acabou influenciando a população do município.
Uma vez realizada a eleição e apurados os votos, Mévio Ribeiro consagrou-se
vencedor.
Neste ínterim, 8 (oito) dias após a diplomação de Mévio pela Justiça eleitoral, o
candidato vencido, Leo Oliveira recebeu informações e documentos que
comprovam o uso do periódico local e a influência que gerou na opinião política
dos munícipes, o que configurou nítido abuso do poder econômico.
Diante da situação narrada, o candidato Leo Oliveira contrata seus serviços
advocatícios para adotar medida judicial cabível, a fim de questionar a conduta
ilícita praticada pelo adversário que culminou com a vitória dele nas eleições.
LINHA DO TEMPO/AÇÃO CABÍVEL
REGISTRO DE CANDIDATURA - Ação de Impugnação ao Registro de
Candidatura – AIRC (art. 3º, LC 64/90) – prazo de 5 dias da
publicação do edital do registro;
hipótese de cabimento: (i) a ausência de condição de elegibilidade
(CF/88, art. 14, § 3º), além do requisito de não ser analfabeto (CF/88, art.
14, § 4º); (ii) a incidência de hipótese de inelegibilidade – constitucional ou
infraconstitucional – (CF/88, art. 14 e LC nº 64/90, art. 1º); (iii) o não
preenchimento das condições de registrabilidade (ex. ausência de
autorização por escrito do candidato para concorrer ao pleito).

AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUSTIÇA ELEITORAL - AIJE (art. 22, LC


64/90) – prazo até a diplomação;
hipótese de cabimento: (i) abuso de poder econômico; (ii) abuso de poder
político e (iii) uso indevido de veículos ou meios de comunicação social.
LINHA DO TEMPO/AÇÃO CABÍVEL
• DIPLOMAÇÃO - Recurso contra a expedição do Diploma –
RCED (art. 262, Código Eleitoral – prazo de três dias da sessão
da diplomação, art. 258, Código Eleitoral);
causa de pedir: inelegibilidade legal (LC 64/90) ou constitucional
superveniente (que surge após o registro de candidatura)
constitucional (analfabetos - art. 14, § 4º) e ausência de condições
de elegibilidade (nacionalidade, idade mínima, art. 14, § 3º);

• APÓS DIPLOMAÇÃO até 15 dias - Ação de Impugnação ao


Mandato Eletivo – AIME, art.14, § 10, CF;
causa de pedir: abuso do poder econômico, corrupção ou fraude
AIME
Ação Eleitoral de previsão Constitucional (art. 14, § 10 e 11,
CF88);
Seu rito procedimental segue as prescrições da Lei
Complementar 64/90 (arts. 3º e seguintes);
A AIME visa cassar o mandato obtido por meio de abuso do
poder econômico, fraude ou corrupção.
Se procedente, a Sentença em sede de AIME tem eficácia
imediata, não incidindo a previsão do art. 216 do Código
Eleitoral. Como isso, os votos atribuídos ao candidato cassado
são anulados.
Anulados os votos, nos termos do § 3º, do art. 224 do Código
Eleitoral, serão realizadas novas eleições.
COMPETÊNCIA PARA JULGAR A AIME

• A competência para o julgamento da AIME é definida pelo juízo também


competente para diplomar o candidato:

a) TSE para impugnação de Presidente e Vice-Presidente da


República;
b) TRE para impugnação de governador e respectivo vice, deputados
estaduais e federais, senadores e respectivos suplentes;
c) Juízo Eleitoral (Zona Eleitoral) para impugnação de prefeitos,
respectivos vices e vereadores.
ESQUEMA DE PEÇA
Qual a medida cabível? Inicial ou Recurso?:
Competência:
Legitimidade Ativa:
Legitimidade Passiva:
Fundamentos:
Pedidos:
GABARITO
Medida cabível: AIME – Ação de Impugnação de Mandato Eletivo,
art. 14, §§ 10 e 11, CF88 ; Requisitos da Petição Inicial, art. 319 do
CPC;
Competência: Justiça Eleitoral da __ Zona Eleitoral de Y do Estado
___;
Legitimidade Ativa – Candidato Leo Oliveira;
Legitimidade Passiva: Candidato Mélvio Ribeiro e Vice (Súmula 38
TSE);
Fundamentos: Abuso de Poder Econômico (art. 14, § 10º, CF), que
provocou desequilíbrio no pleito eleitoral;
Pedidos:Procedência da AIME para cassar o mandato dos
Requeridos; Citação para Contestar; Produzir Provas; Intimação do
MP; Fechamento da Peça.
Definições
• ABUSO DE PODER ECONÔMICO em matéria eleitoral se refere à utilização
excessiva, antes ou durante a campanha eleitoral, de recursos materiais ou
humanos que representem valor econômico, buscando beneficiar candidato,
partido ou coligação, afetando assim a normalidade e a legitimidade das
eleições. Glossário Eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral - TSE.

• DIPLOMAÇÃO é o ato pelo qual a Justiça Eleitoral atesta quem são,


efetivamente, os eleitos e os suplentes, com a entrega do diploma
devidamente assinado. Com a diplomação, os eleitos se habilitam a
exercer o mandato que postularam, mesmo que haja recurso pendente de
julgamento, pelo qual se impugna exatamente a diplomação. Glossário
Eleitoral - Tribunal Superior Eleitoral - TSE.
MODELO DE PEÇA
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ ELEITORAL DA
ZONA ELEITORAL DE Y DO ESTADO ___
(5 LINHAS)

LEO OLIVEIRA, qualificação completa, por seu advogado


que a esta subscreve, vem à presença de V. Exa., com espeque
nos arts. 14, §§ 10 e 11, da CF88, LC 64/90 e 319, do Código de
Processo Civil, ajuizar a presente AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE
MANDATO ELETIVO, em face de MÉVIO RIBEIRO, qualificação
completa e VICE, qualificação completa, pelas razões de fato e
de direito a seguir consignados.
DOS FATOS
No ano de 2018, Requerente e Requeridos disputaram o pleito eleitoral
pelo cargo de Prefeito do Município de Y , tendo se sagrado vencedora a chapa
única formada pelos Requeridos.
Contudo, conforme corrobora o corpo probatório que instrui o presente
feito, os Requeridos procederam em prática de abuso do poder econômico,
consubstanciada na utilização excessiva de recursos financeiros por meio de
veículo de imprensa de propriedade de parente do Requerido Mévio Ribeiro.
Tal prática resultou no desequilíbrio da disputa eleitoral e na eleição
ilegítima dos impugnados, o que justifica a procedência da presente Ação.

DO DIREITO
DO CABIMENTO
Como se disse, a presente Ação de Impugnação de Mandato Eletivo se
fundamenta na prática de abuso de poder econômico pelos Requeridos, cuja
diplomação ocorreu há oito dias.
Segundo o art. 14, § 10, da Constituição Federal:
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto
e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: (...)
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo
de quinze dias contados da diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
poder econômico, corrupção ou fraude.
Portanto, tendo como causa de pedir a existência de abuso de poder
econômico e respeitando-se o prazo constitucional supradestacado, é cabível a
presente demanda.
DA COMPETÊNCIA
Nos termos da Jurisprudência pacífica do Tribunal Superior Eleitoral, aplica-
se à Ação Civil-Constitucional de Impugnação de Mandato Eletivo prevista no art.
14, §§ 10 e 11, da Constituição Federal, o rito previsto na Lei Complementar
64/90.
O art. 24, do aludido diploma legal prevê que “nas eleições municipais, o
Juiz Eleitoral será competente para conhecer e processar a representação prevista
nesta lei complementar (...).
Em reforço a isso, compete a este Juízo Eleitoral o ato de diplomação do Prefeito e
Vice e, por conseguinte, a competência para julgar e processar a presente Ação de
Impugnação.
Portanto, em se tratando de eleições municipais, este D. Juízo Eleitoral é competente
para o processamento e julgamento da presente AIME.
DAS LEGITIMIDADES
O Requerente, Candidato Leo Oliveira, é parte legítima ativa para a propositura da
presente demanda, nos exatos termos do art. 22 da LC 64/90, a saber: “Qualquer partido
político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça
Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas,
indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido,
desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de
veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político,
obedecido o seguinte rito (...)
De outro bordo, os Requeridos, Mévio Oliveira e seu Vice, são partes legítimas a
compor o polo passivo da presente demanda, na medida em que o que se objetiva é
justamente a cassação do mandato eletivo conquistado pelos Requeridos em razão de práticas
ilegais. Destaca-se, por fim, que, nos termos da Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral,
Prefeito e Vice compõem chapa única, decorrendo daí o litisconsórcio necessário a justificar
a inclusão de ambos no polo passivo da presente ação eleitoral, nos termos da Súmula 38, do
TSE, a saber: “Nas ações que visem à cassação de registro, diploma ou mandato, há
litisconsórcio passivo necessário entre o titular e o respectivo vice da chapa majoritária.
DOS FUNDAMENTOS
A presente Ação de Impugnação de Mandato Eletivo se fundamenta na prática
de abuso de poder econômico perpetrada pelo Requerido Mévio Ribeiro.
Nos termo da Jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, o abuso de poder
econômico em matéria eleitoral se refere à utilização excessiva, antes ou durante a
campanha eleitoral, de recursos materiais ou humanos que representem valor
econômico, buscando beneficiar candidato, partido ou coligação, afetando assim a
normalidade e a legitimidade das eleições.
De modo a desequilibrar a igualdade de condições de disputa eleitoral que
deve balizar as eleições, os Requeridos foram diretamente beneficiados pelo uso
excessivo de mídia impressa de propriedade de João Ribeiro, cunhado do Prefeito
eleito.
Com razão, Excelência, semanas antes da realização do pleito, o jornal
“Gazeta Matinal”, com expressiva tiragem diária de 500 mil exemplares e de
distribuição gratuita, procedeu em verdadeira campanha eleitoral em favor do
candidato Mévio Ribeiro, concedendo espaço privilegiado para divulgação de suas
ideias.
DOS FUNDAMENTOS

É necessário se destacar que ao Requerente e igualmente


candidato, Leo Oliveira, não foi oportunizado o referido espaço midiático, o
que concretamente representou o desequilíbrio das condições de disputa
da eleição em questão, que culminaria com a vitória anormal e ilegítima do
candidato beneficiado.
Como se vê, Excelência, o abuso de poder econômico
consubstanciado na veiculação em massa de mídia impressa em favor dos
Requeridos restou absolutamente comprovado, o que justifica a
procedência da presente Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, nos
exatos termos do art. 14, § 10º, da Constituição Federal.
DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer-se:

(i) o recebimento e processamento da presente Ação;


(ii) a notificação dos Impugnados para, querendo, apresentarem resposta em
sete dias (art. 4º, LC 64/90);
(iii) a intimação do Ministério Público Eleitoral;
(iv) a regular tramitação desta Ação, nos termos dos arts. 4º e seguintes da Lei
Complementar n.º 64/90, para, ao final, ser julgada procedente a presente
ação para o fim de cassar o mandato dos ora impugnados;

Protesta e requer, ainda, provar o quanto acima aduzido por todos os


meios e formas em direito admitidos, especialmente a juntada de documentos e a
oitiva das testemunhas indicadas no rol abaixo: ____________ testemunhas;
(Obs. Não há valor da causa nem sucumbência em Ações Eleitorais)
Termos em que, pede deferimento.
Local, data, Advogado/OAB
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
LEI COMPLEMENTAR 64/90
CÓDIGO ELEITORAL LEI 4.737/65
LEI DAS ELEIÇÕES 9.504/97
OBRIGADO!
Professor Felipe Genari
instagram: @genarifelipe

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