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Nós, professores, estudantes e técnicos, contrários aos rumos atuais da política para a
educação e para o ensino superior que estão sendo impostos a nossa comunidade
universitária, posicionamo-nos coletivamente e convidamos todos os interessados a
participarem da construção de um projeto alternativo para a nossa universidade:
Entendemos que o processo eleitoral para a reitoria deve nos encorajar à organização
coletiva e ampliada e deve ser o ponto de partida para a construção de um programa
para o enfrentamento – a curto, médio e longo prazo – dos inúmeros problemas
vivenciados por nossa universidade. Por isso, entendemos que todos os docentes,
técnicos e estudantes que vêm lutando nos diferentes campi pela universidade que
queremos, devemos formular princípios básicos e comuns, orientados pela síntese do
projeto alternativo apresentada acima. O desafio é atualizar as bandeiras históricas do
movimento universitário, considerando as demandas colocadas pelo presente.
Nesse sentido, apresentamos, inicialmente, os três principais eixos que devem nortear
uma proposta de gestão que acolha e que responda às demandas postas pela
comunidade universitária e pela sociedade alagoana. A seguir, listamos algumas
propostas concretas que devem dar início à construção de um projeto coletivo que se
constitua numa alternativa viável em torno da UFAL que precisa ser construída.
Para que a dimensão pública da universidade se efetive, ela deve ser capaz de ser
representativa socialmente, culturalmente, intelectualmente e cientificamente. Por
isso, queremos desenvolver na UFAL
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protagonista da evolução histórica da sociedade”1.
Ao contrário disso, os rumos impostos à UFAL nos últimos anos vêm abrindo brechas
para a consolidação de interesses privados em seu interior. Este processo integra uma
tendência mais ampla de invasão do setor público pelo setor privado em que, cada vez
mais, a produção e a socialização do conhecimento vêm sendo submetidas à lógica do
lucro, conforme orientam as diretrizes neoliberais para a educação. Isto representa
uma forte ameaça à universidade como bem público.
• o rendimento médio dos 10% mais ricos é 54,4 vezes maior que a renda dos 10%
mais pobres no estado;
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Extraídos do Caderno ANDES n. 2. Proposta do ANDES-SN para a universidade brasileira. 3ª
edição atualizada e revisada. Brasília, ANDES, 2003, p. 8.
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A universidade não está imune a esta realidade. Tais práticas se reproduzem na UFAL,
desvirtuando-a da função social transformadora que ela deveria cumprir, na medida em
que as últimas gestões têm executado os projetos impostos pelas elites políticas e
econômicas de Alagoas.
Mas, é preciso lembrar que vivemos em terras alagoanas de bravos guerreiros que são
símbolo de resistência a ser seguido: Zumbi e o Quilombo dos Palmares, os Cabanos,
Graciliano Ramos, Nise da Silveira, Jaime Miranda, Gastone Beltrão, Manoel Lisboa,
Selma Bandeira, Jarede Viana e tantos outros.
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rotinas administrativas. Em termos salariais, a desvalorização dos técnicos também é
evidente, com claro desrespeito das instâncias de gestão de decisões federais que
poderiam amenizar esta situação. Ao invés de implementar medidas que revertam a
situação dos técnicos, as últimas gestões da UFAL têm optado pelo barateamento das
atividades administrativas, não ampliando proporcionalmente as contratações por meio
de concursos públicos e transformando espaços de aprendizagem dos alunos –
potencial das bolsas-trabalho – em aprofundamento da precarização das funções
técnicas e administrativas.
Em síntese, a ampliação da UFAL, no sentido que a ela vem sendo dado, tem resultado
no comprometimento da qualidade das condições de aprendizagem dos alunos e das
condições de trabalho de docentes e de técnicos.
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Caderno ANDES n. 2. Op. cit., p. 12.
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conhecimento, respondendo satisfatória e qualitativamente às demandas sociais
regionais.
Isto passa, entre outros, pela efetiva democratização do CONSUNI, a partir de uma
mudança na estrutura e proporcionalidade de sua representação. O atual modelo, além
de não ser representativo da comunidade acadêmica, amplia as margens de
construção de uma falsa legitimidade em torno das demandas e interesses da Reitoria
(veja-se a última manobra promovida no adiantamento dos prazos para a sucessão
reitoral) e reduz os espaços de representatividade e de deliberação da comunidade
acadêmica e da comunidade alagoana. O CONSUNI é a instância máxima de
deliberação da UFAL e a ele cabe, em última instância, a promoção e a garantia do
cumprimento do papel social da universidade, por meio da sua interação com o
conjunto da sociedade, envolvendo a comunidade acadêmica e a comunidade alagoana
na transformação da universidade, a partir da perspectiva de construção de uma
sociedade justa, democrática e humana.
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Caderno ANDES n. 2. Op. cit., p. 13.
5
Caderno ANDES n. 2. Op. cit., p. 14.