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NOÇÕES APLICADA DE PSICOLOGIA

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Unidades:
PSICOLOGIAS: CAMPO DE SABER E OBJETOS DE ESTUDO
CONSTITUIÇÃO DO SABER PSICOLÓGICO
A MODERNIDADE
AS PRINCIPAIS ABORDAGENS EM PSICOLOGIA NO SÉCULO XX
PSICOLOGIA SOCIAL

Orientações para Avaliação:


AP 1 – UNIDADES 1 e 2
AP 2 – UNIDADES 3 e 4
AP 3 – TODO O CONTEÚDO
PSICOLOGIAS: CAMPO DE SABER E OBJETOS DE ESTUDO

Referência BibliográNca
BOCK, Ana Maria Mercês; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias:
uma introdução ao estudo de Psicologia. pt. I, cap. 1, p. 15-28. Disponível em: https://do-
cero.com.br/doc/80cn0n. Acesso em: 4 jun. 2020.

Neste tópico, propõe-se o conteúdo do documento recomendado pelo professor. É essencial,


iniciar a leitura considerando o resumo, onde estão as principais ideias do documento proposto
para estudo.

RESUMO DA UuIDADE
A Psicologia é um saber antigo, que pode ser encontrado nas mais remotas civilizações humanas.
Entretanto, como empreendimento científico é algo muito recente, datando do século XIX. Oportuno,
pois, um percurso histórico de como foi forjada a Psicologia como campo de saber e como campo
de saber pertencente à plataforma científica.
Todo empreendimento científico tem seu objeto de estudo. Assim, a Química estuda os elementos
químicos, a Matemática os números, a Astronomia, os astros. Nestes casos apresentados, o cientista
de cada um desses saberes não se confunde com seu objeto de estudo. Por exemplo, o astrônomo,
em seu exercício de pesquisador, está a anos-luz de distância dos astros observados e tem acesso
a eles através de equipamentos ópticos de alta tecnologia. Da mesma forma um matemático lidando
com números não se confunde com estes. A questão que se coloca, para a Psicologia, é a que segue:
o psicólogo conseguiria fazer pesquisas sem se confundir com seu “objeto” pesquisado? Obviamente
não. A Psicologia, como as demais ciências humanas: antropologia, economia, ciências sociais,
pedagogia, entre outras. São formas de saber que lidam diretamente com o humano, fazendo do
homem, sujeito por excelência, o “objeto” alvo do estudo. Reparemos no paradoxo de um sujeito virar
objeto de estudo. Desta forma, pesquisadores confundem-se, misturam-se, se tocam e se influenciam
mutuamente.
Para que a Psicologia torne-se, efetivamente uma Ciência, terá que ultrapassar dois obstáculos
fundamentais. O primeiro entrave de uma Psicologia com pretensões ao status de cientificidade é
justamente a falta de definição clara de onde termina o pesquisador e começa o pesquisado, em
outros termos, onde está o limite entre o sujeito (que pesquisa) e o objeto (que é pesquisado). Pois,
se um cientista (um homem) debruça-se sobre um fenômeno (outro homem ou outros homens)
semelhante a si, que garantias de objetividade e universalidade características fundamentais do
discurso científico poderemos ter?
Assim, a pergunta “qual o objeto da psicologia” poderia ser dada inúmeras respostas, a depender
do sujeito respondente. Caso seja um psicólogo comportamental, dirá que é o comportamento
humano; caso seja um psicanalista, o inconsciente; alguns apontaram a consciência como objeto
de estudo da psicologia, outros as relações humanas, entre outros.
Existem autores que inclusive defendem que o termo mais correto para referir-se a este campo
de saber que ora estudamos neste material deveria ser, em vez de Psicologia, Psicologias, assim
no plural mesmo, para demarcar a infinidade de propostas teóricas e metodológicas balizadas
pelo campo. Esta diversidade de objetos de estudo deve-se ao caráter extremamente recente da
Psicologia como uma proposta científica. A Psicologia como ciência ainda não tem um século e meio
de existência (abordaremos isso com mais detalhes em breve). É neste multifacetado campo de saber
e neste diversificado objeto de estudo onde a Psicologia apresenta seu segundo grande empecilho
para se configurar como um discurso reconhecido como científico.
Qual o objeto da Psicologia, afinal? Poderiam perguntar os mais exaltados, os mais curiosos. De
um modo bastante geral, para que não deixemos a resposta em branco, podemos dizer que o objeto
de estudo da Psicologia é a subjetividade humana.
Mas o que seria a subjetividade? É aquilo que você diz ser, ou aquilo que digo que sou. Meus
gostos, meus lutos, meus medos, meus sonhos, meus desejos, enfim, eu. Conhecemos pessoas
que amam chocolate e outras que desdenham dele; pessoas que gostam de uma boa briga e outras
que fogem de uma, outras ainda que até gostam de uma briguinha de vez em quando; pessoas
que tem um time de futebol que amam, outras que só assistem futebol na Copa do Mundo, outros
tantos que nem na Copa dedicam-se a este esporte. Pessoas que gostam de comentar sobre política
representativa, outras que gostam de honestidade, outras tantas que odeiam quando aparecem
propagandas políticas em suas redes sociais. Enfim, subjetividade é aquilo que nos diferencia
um dos outros, aquilo que somente a mim pertence, aquilo que é próprio a cada sujeito (daí o
temor subjetividade, do latim subjectivus, relativo ao sujeito). Você conseguiria indicar exemplos de
características da sua própria subjetividade?
Entretanto, seria ingênuo pensar que a subjetividade é apenas a expressão de algo interno, como
se fosse a essência do indivíduo. Muito importante lembrar que nós, seres humanos, somos produtos
e produtores da história, do meio social, da cultura. Aquilo que dizemos ser, por paradoxal que seja,
é externo, aprendido com a cultura. Mesmo aquilo que é mais íntimo meu, meus segredos que
não conto a ninguém, são atravessados pela cultura, pelos conglomerados midiáticos, religiosos,
comerciais, entre outros. Para termos uma ideia mais palpável, analise: quais os seus sonhos atuais
não são atravessados pelo capitalismo?

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Gsia pe EdÇspod A
Comente sobre a relação sujeito-objeto nas ciências ditas tradicionais (química, matemática, engen-
haria, astronomia, entre outros).

Gsia pe EdÇspod B
De acordo com os conhecimentos adquiridos neste tópico, aborde sobre a relação sujeito-objeto nas
ciências humanas (psicologia, antropologia, sociologia, entre outros).

Gsia pe EdÇspod C
Segundo o estudo do texto, por que alguns autores "defendem que o termo mais correto para
referir-se a este campo de saber que ora estudamos neste material deveria ser, em vez de Psicologia,
Psicologias, assim no plural mesmo"?

COuSTITUIÃÓO DO SABER PSICOLÉGICO

Referência BibliográNca
BOCK, Ana Maria Mercês; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias:
uma introdução ao estudo de Psicologia. pt I, cap. 2, p. 31-43. Disponível em: https://do-
cero.com.br/doc/80cn0n. Acesso em: 4 jun. 2020.
Neste tópico, propõe-se o conteúdo do documento recomendado pelo professor. É essencial,
iniciar a leitura considerando o resumo, onde estão as principais ideias do documento proposto
para estudo.

RESUMO DA UuIDADE
Psicologia é uma palavra de origem grega, derivada dos termos psique, que significa alma; e
logos, que é uma palavra plurissignificante podendo ser traduzida como estudo, conhecimento, razão,
etc. Assim, esquematicamente teríamos: psique + logos = Psicologia. Portanto, podemos dizer que
Psicologia significa, em sentido etimológico, estudo da alma.
Os gregos foram o povo mais evoluído da Antiguidade europeia. Não à toa, o estudamos desde
os primórdios de nossa educação, dada a enorme influência que o mundo europeu exerce sobre o
nosso continente americano. Com o desenvolvimento bélico grego, havia muitos escravos – oriundos
dos povos conquistados – a exercerem atividades braçais diárias, deixando alguns homens, então
chamados de cidadãos, com tempo ocioso. Por conta deste tempo livre sustentado pela escravidão
de determinados povos, muitos homens gregos puderam dedicar-se – em vez de todo dia trabalhar
para o próprio sustento – a especular sobre a origem e o sentido da vida humana. E a filosofia grega,
por ser a atividade que se preocupa em pensar e estudar sobre o homem, pode ser entendida como
uma das primeiras tentativas de produção de conhecimento acerca do humano que temos registro
no Ocidente. Por isso, estudamos alguns filósofos gregos nas aulas introdutórias de Psicologia, pois
foram os vanguardistas em questionar e teorizar sobre o que; e quem somos. Podemos destacar três
grandes filósofos da Grécia Antiga.
O primeiro deles é Sócrates (469-399 a.C.), figura controversa que, segundo alguns, não chegou
a existir, sendo apenas um personagem inventado por Platão – estudaremos sobre ele no parágrafo
abaixo – em seus textos. Sócrates não deixou escrito nada de seu, temos acesso a ele através de seu
Discípulo Platão. Sócrates é considerado o Pai da Filosofia e, dentre suas principais contribuições
acerca do Homem, postulava: o que nos separa do restante dos animais é a razão, a capacidade
de raciocinar que, segundo ele, seria exclusiva da espécie humana. Em oposição à razão, Sócrates
aponta o instinto, que estaria presente em todos os animais, mas que, em nosso caso, poderia ser
domado pela razão. Outro filósofo de renome da Grécia Antiga é Platão (427-347 a.C.), apontado
como discípulo de Sócrates. Influenciado por Sócrates, Platão acreditava na razão como algo que
nos diferenciava do restante dos animais, estando, porém, muito preocupado em localizá-la no corpo
humano. Devemos a este filósofo nossa atual ideia de dizer que a razão está na cabeça (algo bastante
atual, não é verdade?), pois seria no crânio onde residiria a nossa alma. Seria a medula espinhal, para
Platão, a estrutura anatômica que faria a ligação entre nosso corpo e nossa alma. Um terceiro filósofo
de grande destaque da Grécia Antiga é Aristóteles (384-322 a.C.). Este, sendo discípulo de Platão,
de tão genial, conseguiu superar seu próprio mestre em matéria de produção de conhecimento. Para
Aristóteles, alma e corpo são indissociáveis, ou seja, inseparáveis. E mais que isso, todos os seres
vivos e não apenas o homemdetém em si uma alma. Nos vegetais podemos encontrar uma alma
vegetativa; nos animais irracionais, uma alma vegetativa e uma alma sensitiva; nos animais racionais,
ou seja, no homem, temos, além da alma vegetativa, tanto uma alma sensitiva quanto uma alma
racional.
Naquilo que se convencionou chamar de Idade Média europeia (bom lembrar que os outros
continentes não passaram por uma “Idade Média”.), o conhecimento acerca do homem admite severa
decadência, sobretudo se for comparado ao conhecimento produzido na Grécia Antiga. Temos dois
grandes expoentes da produção de conhecimento sobre o homem: Santo Agostinho e São Tomás
de Aquino, ambos escudeiros da Igreja Católica. Esta, inclusive, teve papel central naquilo que se
produzia em matéria de ciência sobre o homem. Toda a produção sobre o “estudo da alma” esteve
reduzido à exclusividade da Igreja Católica, visto que foi a única instituição que se dedicou à produção
de saberes no Ocidente depois da queda do Império Romano. Por este motivo, Psicologia e Filosofia
continuaram sendo uma e somente uma forma de saber, sem limites específicos entre ambas no
campo de conhecimento.
Santo Agostinho (354-430), teólogo e bispo da Igreja Católica, utilizou boa parte do pensamento
do filósofo grego Platão e o forçou a dialogar com a doutrina cristã. Na verdade, o que fez Santo
Agostinho foi “traduzir” a bel-prazer daquilo que acreditava a filosofia aristotélica para aquilo que
interessava à Igreja. Agostinho concordava com a divisão entre mente e corpo proposta por Platão,
no entanto, a alma não seria apenas o lugar onde se localizava a razão, mas uma prova da
manifestação de Deus no homem. E, desta forma, a alma passa a ser um ponto de interesse de
compreensão para a Igreja. Algo muito parecido com a “tradução” de Agostinho, fez São Tomás de
Aquino (1225-1274), frade dominicano nascido na Itália. Entretanto, Aquino utiliza de outro filósofo
grego, no caso Aristóteles, para fazê-lo dialogar com a doutrina de Cristo, mesmo que o filósofo
não estivesse se referindo à religião quando escrevia seus tratados. É preciso sublinhar que Tomás
de Aquino viveu em um momento no qual havia uma grande crise na Igreja Católica, sendo esta
contestada em muitos de seus fundamentos. A Reforma Protestante, inclusive, foi um movimento
que evidencia esta crise. O contexto histórico de Aquino é importante para compreender sua leitura
acerca da obra de Aristóteles, pois é nítida sua tentativa de produzir novas justificativas para a relação
entre o homem e Deus devido às contestações sofridas pela Igreja. Desta forma, o teólogo repaginou
a noção aristotélica de essência e existência. Para o filósofo grego, o homem, em sua essência,
procura a perfeição através da existência. São Tomás de Aquino, baseado neste raciocínio, faz o
seguinte deslocamento: apenas Deus conseguiria reunir, a um só tempo, essência e existência, em
temos de igualdade. Desta forma, buscar a perfeição seria exatamente buscar a Deus.
<br>
PARA MELHOR COMPREENSÃO DO ALUNO ABORDAREMOS SOBRE WIHELM WUNDT
É o alemão Wilhelm Wundt (1832-1920) quem primeiro tenta sistematizar o conhecimento con-
cernente ao homem acumulado pela tradição filosófica desde a Grécia Antiga junto aos recentes
estudos de Fisiologia e Neurofisiologia Humanas, tentando produzir uma Psicologia Científica. Em
1879, inaugura o Laboratório de Psicologia Experimental, na Universidade de Leipzig, no leste da
Alemanha. Por este motivo, e também por toda sua produção intelectual no campo psicológico,
Wundt é considerado pela comunidade acadêmica e pelos psicólogos em geral, o Pai da “Psicologia
Científica” ou “Psicologia Moderna”.
Wundt, em seu afã cientificista, desenvolve a teoria do paralelismo psicofísico, doutrina que
defendia que, paralelo ao mundo físico (que comporta forças que causam fenômenos físicos) no
mundo mental também haveria forças causadoras de fenômenos mentais. Dito de outro modo, como
existem leis que comandam o mundo físico, haveria, paralelo ao mundo físico, leis que ordenariam o
mundo psicológico ou mental. Assim, uma picada de agulha (mundo físico) também causaria efeitos
na mente humana (mundo psicológico).
Para realizar suas pesquisas, Wundt estabelece um método, ao qual denomina introspeccionismo
(do latim intro, para dentro + specere, olhar, olhar para dentro) que consistiria no cientista (exper-
imentador) perguntar ao participante da pesquisa (sujeito experimental) o que acontece quando
determinado estímulo lhe acomete. Por exemplo, o pesquisador perguntaria ao sujeito experimental
o que acontece em seu mundo mental enquanto está sendo picado por uma agulha. O relato verbal
do sujeito experimental era a produção de conhecimento que Wundt buscava desenvolver. Wundt
estabeleceu também que o objeto de estudo da Psicologia não deveria ser a alma, pois esta é muito
metafísica e não se presta a estudos científicos, mas a mente.
Quanto mais Wundt desenvolvia suas pesquisas, gradativamente temos uma separação da
Psicologia em relação à sua matriz, a Filosofia e também da Neurofisiologia e da Fisiologia conver-
tendo-se em um saber autônomo. É justamente este desmembramento que vai fazendo com que os
psicólogos de então reivindiquem um caráter científico ao nascente campo de saber da Psicologia. E
Wundt ia produzindo, a um só tempo, conhecimento em Psicologia e novos psicólogos. Estes novos
estudiosos criaram também outros modos de fazer Psicologia.
Wundt também sentiu necessidade de difundir uma Volkerpsychologie, que seria a Psicologia dos
Povos, primeiro embrião da Psicologia Social. Quando, desde seus primeiros estudos no Laboratório
Experimental de Leipzig, passou a perceber que o método introspectivo era insuficiente para dar
conta da complexidade da vida humana. Desta forma, propôs em paralelo ao projeto de Psicologia
Experimental, uma Psicologia que tentasse teorizar sobre questões culturais mais amplas, como
cultura, tradição, linguagem, entre outros. A Psicologia dos Povos wundtiana assumia um método
distinto da Psicologia Individual (introspecção) proposta pelo autor, pois Wundt acreditava que
não seria possível fazer perguntas diretas aos sujeitos envolvidos em atividades mais complexas
como a cultura. Utiliza, então, métodos e estudos da Antropologia e da Sociologia para tentar dar
inteligibilidade à sua Psicologia dos Povos.

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Gsia pe EdÇspod A
Após a leitura do texto, descreva sobre as ideias de Sócrates, Platão e Aristóteles, tentando
relacioná-las, em seguida aponte quais contribuições tiveram para a psicologia.

Gsia pe EdÇspod B
Com base no estudo do texto, discorra sobre a influência da Igreja Católica na constituição do saber
da Psicologia na Idade Média.

Gsia pe EdÇspod C
Discorra, com base no texto, acerca da Psicologia Científica proposta por Wilhelm Wundt.

A MODERuIDADE

Referência BibliográNca
BOCK, Ana Maria Mercês; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias:
uma introdução ao estudo de Psicologia. pt I, cap. 3. p. 45-58. Disponível em: https://do-
cero.com.br/doc/80cn0n. Acesso em: 4 jun. 2020.

Neste tópico, propõe-se o conteúdo do documento recomendado pelo professor. É essencial,


iniciar a leitura considerando o resumo, onde estão as principais ideias do documento proposto
para estudo.

RESUMO DA UuIDADE
Tradicionalmente a Modernidade é o período que sucede à Idade Média na Europa, iniciando-se
por volta do século XV, quando o continente europeu passa por uma série de transformações sociais,
econômicas, culturais e históricas. São desse período as Grandes Navegações e a chegada dos
europeus no nosso continente americano; as primeiras manifestações e descobertas da Ciência
Moderna, como as leis da Física e da Química ou a teoria heliocêntrica de Nicolau Copérnico; a
modificação do sistema de produção feudal para o modo de produção capitalista; ascensão do modo
de vida burguês através do acúmulo de capital; transformação dos burgos (cidades) em local de
intensa interação comercial e pessoal, passando a configurarem-se como os centros de maiores
concentrações de pessoas no continente europeu, entre outros.
Somadas as transformações acima, há de se falar do processo de valorização do ser humano
que passa a acontecer. Tinham-se um teocentrismo (teo, Deus + centro, deus no centro) na Europa
Medieval, na Modernidade passamos a perceber um antropocentrismo (antrophos, homem + centro,
homem no centro). Em pouco menos de um século vemos expressões nos mais variados campos
artísticos que evidenciam essa nova possibilidade de ver o homem, agora como ente central. Como
exemplos, podemos citar: o quadro Anunciação (1484), de Leonardo da Vinci; a escultura Nascimento
de Vênus (1501), de Michelangelo; o livro O Príncipe (1513), de Nicolau Maquiavel. Que tal procurar
na internet estas imagens e livros?
Na filosofia temos, no século XVII, a expressiva figura do francês René Descartes (1596-1650),
que inaugura o dualismo mente x corpo (algo que parece ser tão óbvio, sim, um dia foi inventado),
apontando que o homem possuiria uma substância material e uma substância pensante, sendo o
corpo apenas uma máquina. Essa possibilidade de um corpo humano tido como máquina permite,
de agora em diante, os estudos anatômicos sobre os corpos mortos, pois até então os cadáveres
eram invioláveis, dado serem concebidos como objetos sagrados pela Igreja Católica.
Temos uma sociedade que passa do caráter estático para um caráter extático. Na Europa
feudal inexistia a possibilidade de mobilidade social, pois era voltada a um modo de produção de
subsistência, ou seja, de produzir apenas o que fosse necessário para a sobrevivência, caráter
estático, pois fechada e hermética. No entanto, na Europa Moderna, temos um modo de produção
mais dinâmico, no qual se gera excedente, ou seja, nem toda a produção da comunidade se presta
a ser consumida por seus integrantes, gerando, portanto, excedentes. E os excedentes de uma dada
comunidade são trocados com os de outra comunidade, gerando um sistema de trocas, que é a
gênese do sistema capitalista. Esta Europa Moderna, atravessada pelo capitalismo emergente, que
apesar das inúmeras injustiças que causa, permite a mobilidade social, pois um pobre pode tornar-se
rico e vice-versa (no sistema feudal um nobre era sempre um nobre e um servo, sempre um servo)
é uma sociedade de caráter extático, pois, muito mais dinâmica e aberta.
Temos, portanto, uma Europa que se põe em movimento. E quem põe este mundo para mover-se
é justamente o capitalismo, pois para tornar-se o sistema econômico hegemônico precisou de
mais matérias-primas, contratou mais operários, fabricou mais mercadorias, produziu pessoas que
consumissem estas mesmas mercadorias, inventou também outras necessidades (basta pensar
que nossos avós viveram tranquilamente por muito tempo sem celular) para que mais pessoas
consumissem gradativamente mais, entre outros.
O homem passa a ser visto como um ente livre, senhor de seu destino, capaz de interferir e con-
struir seu próprio futuro. O homem passa a estar também em movimento. Ana Bock e colaboradores
(2008, p. 37) ilustram de forma bastante interessante esta intensa mobilização do mundo moderno:
“O conhecimento tornou-se independente da fé. Os dogmas da Igreja foram questionados. O mundo
se moveu. A racionalidade do homem aparece, então, como a grande possibilidade de construção
do conhecimento”.
Certamente estas profundas transformações implicaram em produzir homens diferentes. Se
pensarmos bem, perceberemos que o homem que nasceu na Grécia Antiga, apesar de muitas
similitudes com o homem contemporâneo, tem também muitas distinções. Da mesma forma, o
homem que nasce na Europa Moderna não é o mesmo que nasce na Europa medieval. Se o homem
não é o mesmo, o conhecimento que se tem sobre ele também não o será.
Nesse ínterim, surgem figuras como Friedrich Hegel (1770-1831), a mostrar a importância da
História para a compreensão do homem; Immanuel Kant (1724-1824), a perguntar, pela primeira
vez “o que é o homem?” e tenta dar inteligibilidade metódica a esta indagação; Charles Darwin
(1809-1882), que sepulta o pensamento antropocêntrico, através de sua teoria da evolução.
É apenas na segunda metade de século XIX que os problemas e temas acerca do homem,
que até então tinham sido relegados à exclusividade da Filosofia, passam a configurar um espaço
próprio de saber, a Psicologia. É através de estudos da Fisiologia e da Neurofisiologia, somados aos
já existentes em Filosofia, que vai se pavimentando a estrada pela qual a Psicologia Científica se
mobiliza.

Recsrdod pe Azrenpimaget

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Gsia pe EdÇspod A
Baseado na leitura do material, explique a diferença entre Antropocentrismo e Teocentrismo.

Gsia pe EdÇspod B
Elabore um breve texto acerca da gênese do capitalismo moderno, enfocando a transição do modo
de produção feudal para o modo de acumulação capitalista.

Gsia pe EdÇspod C
Segundo o estudo do texto, quais pensadores (filósofos, cientistas) contribuíram para a racionalidade
do homem? Sintetize as ideias dessas figuras.

AS PRIuCIPAIS ABORDAGEuS EM PSICOLOGIA uO SXCULO

Referência BibliográNca
BOCK, Ana Maria Mercês; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma
introdução ao estudo de Psicologia. pt. I, cap. 3, p. 45-58. Disponível em:
h t t p s : / / o n e d r i v e . l i v e . c o m / e m -
bed?cid=45330FDE958FC1B0&amp;resid=45330FDE958FC1B0%21325&amp;au-
thkey=AGlQEOegNrGn2No&amp;em=2. Acesso em: 4 jun. 2020.
<br>
BOCK, Ana Maria Mercês; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi. Psicologias: uma
introdução ao estudo de Psicologia. pt I, cap. 5, p. 70-84. Disponível em:
h t t p s : / / o n e d r i v e . l i v e . c o m / e m -
bed?cid=45330FDE958FC1B0&amp;resid=45330FDE958FC1B0%21325&amp;au-
thkey=AGlQEOegNrGn2No&amp;em=2. Acesso em: 4 jun. 2020.
<br>
HOLANDA, Adriano. Fenomenologia, psicoterapia e psicologia humanista. Revista Estudos de psi-
cologia, v. 14, n. 2, p. 33-46. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v14n2/04.pdf. Acesso em:
10 abr. 2019.

Neste tópico, propõe-se o conteúdo do documento recomendado pelo professor. É essencial,


iniciar a leitura considerando o resumo, onde estão as principais ideias do documento proposto
para estudo.

RESUMO DA UuIDADE
Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense (Viena, capital da Áustria) que trouxe
contribuições originais acerca do entendimento da psique humana. Freud ousou pôr os processos
misteriosos do psiquismo, isto é, os sonhos, as fantasias, os esquecimentos, entre outros, como
um problema científico. A investigação sistemática de tais processos é o que levou Freud a postular
uma das mais vanguardistas teorias sobre o homem em todos os tempos: a psicanálise. O termo
psicanálise pode ser a um só tempo, uma teoria, um método de investigação e uma prática profission-
al. Enquanto teoria baliza um conjunto de conhecimentos acerca do psiquismo humano. Enquanto
método de investigação é um método interpretativo, que busca o significado oculto de manifestações
humanas como sonhos, delírios, esquecimentos, atos falhos, entre outros. A prática profissional é a
profissão do analista em si, a análise que tem como proposta o autoconhecimento ou a “cura”, que
muitas vezes acontece justamente através do autoconhecimento do analisando.
Freud perguntava-se: Qual poderia ser a causa de os pacientes esquecerem tantos fatos de sua
vida interior e exterior? Além desse questionamento, percebia que o conteúdo esquecido sempre
tinha relação com algo doloroso ou penoso para o indivíduo, ou, de outro modo, a algo bom que
o sujeito perdera ao longo da vida. Freud, então, resolveu abandonar as perguntas no trabalho
terapêutico e deixou os sujeitos mais abertos para falar, dando livre curso às ideias dos indivíduos em
análise, o que ele chamou de método da associação livre. Observou, então, que as falas livres, o mais
das vezes, deixavam os sujeitos embaraçados, envergonhados, com o conteúdo de suas próprias
ideias. Foi quando postulou a existência de um inconsciente nos sujeitos humanos, que seria o lugar
psíquico no qual estaria a imensa maioria de nossas ideias e pensamentos.
No ano de 1900, Sigmund Freud publica “A Interpretação dos Sonhos”, que é considerado o marco
inicial da psicanálise. É neste livro que Freud apresenta os principais conceitos da nascente teoria
e sua primeira representação para o aparelho psíquico. É o que denominamos de primeira tópica
freudiana.
Em 1923, Freud propõe uma reatualização da estrutura do sistema psíquico. É o que chamamos
de segunda tópica freudiana. Em vez das composições inconscientes, pré-consciente e inconsciente,
Sigmund Freud propõe uma estruturação que ainda reserva sua natureza tripartida, entretanto, dá
uma ênfase muito maior ao mundo externo na constituição do mundo subjetivo e psíquico. Freud
estrutura o novo aparelho psíquico em: eu, supereu e id (em alguns livros podem ser encontradas
as nomenclaturas ego, superego e isso para representar os termos acima, no entanto, são frutos de
traduções erradas do alemão).
Behaviorismo é uma palavra composta por elementos de duas línguas distintas. Etimologicamente
falando, temos: do inglês behavior, comportamento + do gregos ismós, que é um termo utilizado
para dar ação aos verbos no idioma grego clássico, e largamente utilizado na língua portuguesa
contemporânea; temos, portanto, behaviorismo como designador de um termo que expressa um
estudo sobre o comportamento. Damos ênfase ao fato de ter sido feita uma anomalia linguística
quando da tradução para o termo em português, sendo o mais correto o uso da palavra comporta-
mentalismo. Entretanto, respeitando questões históricas, continuaremos a utilizar neste material de
estudo também o termo Behaviorismo.
Ivan Pavlov (1849-1936) era um médico fisiologista russo, que estava muito dedicado a estudar os
comportamentos reflexos dos mamíferos. Comportamentos reflexos são aqueles que já fazem parte
do repertório inato de todo e qualquer indivíduo dentro de uma espécie. Por exemplo, todos os indi-
víduos da espécie canis lupus familiaris (cachorro doméstico, aquele mesmo que você tem em casa
ou vê comumente na rua) já nascem sabendo latir e mamar, dentre tantos outros comportamentos.
Mamíferos, de modo geral, nascem sabendo suar em ambientes de temperatura mais alta, mexer
os lábios de modo a mamar, excitar-se sexualmente, e muito mais. Todos esses são exemplos de
comportamentos reflexos, isto é, comportamentos que não necessitam de aprendizagem para que
sejam emitidos, são inatos em determinada espécie. Era exatamente isso o que atraía Ivan Pavlov
em seus estudos.
Foi preciso outro autor que tivesse afinidade teórica com os estudos do condicionamento reflexo
de Ivan Pavlov e J. B. Watson para dar uma repaginada na Psicologia Comportamental. Este
homem foi B. F. Skinner (1904-1990). Depois de Skinner, a área de estudos sobre o comportamento
humano nunca mais foi à mesma. Skinner propõe um Behaviorismo Radical, e é importante que nos
atenhamos ao título de sua proposta. Se por um lado Skinner admite a produção de conhecimento
acumulada até então (referimo-nos à década de 1930) quando conserva o termo Behaviorismo, por
outro lado, faz uma demarcação epistemológica de que sua teoria não é uma mera continuação
da proposta de Pavlov, Watson acerca do condicionamento reflexo quando adiciona o termo radical
ao seu behaviorismo. É radical justamente porque rompe, sobretudo, com boa parte dos estudos
do Behaviorismo de Watson e, por que não dizer, da tradição de pensamento ocidental acerca do
comportamento humano.
Temos, em B. F. Skinner, uma das mais originais e vanguardistas abordagens sobre o homem na
história da produção do conhecimento: a Análise do Comportamento. Skinner adere a uma visão de
homem monista e rejeita toda e qualquer possibilidade de explicar o homem a partir de eventos não
físicos e não naturais. Não é propósito desse texto enveredar por esta discussão, mas é importante
que se diga que não é possívelreferir-se ao Behaviorismo sem se identificar a qual Behaviorismo
se está fazendo referência (há uma diversidade de sistemas behavioristas e, a despeito de muitos
caírem neste deslize, não se pode dizer que há uma linearidade epistemológica de Watson a Skinner).
As Psicologias Humanistas surgem como uma reação teórica e política tanto à Psicanálise de
S. Freud quanto ao Behaviorismo de J. B. Watson, a partir da década de 1920. Em oposição à
proposta freudiana porque tinha na consciência seu objeto de estudo, afirmando que mesmo aquilo
que é inconsciente só se torna inteligível quando chega à consciência. Negava-se a aceitar as
formulações watsonianas, pois considerava seu Behaviorismo uma forma reducionista do homem,
que não conseguia dar conta da imensidão do fenômeno humano, focando apenas na parte orgânica
(biológica) do indivíduo. Não à toa, é conhecida como a terceira força em Psicologia, devido ao seu
nascimento tardio, se comparada à Psicanálise e ao Behaviorismo.
A Psicologia Humanista é uma visão que se concentra na experiência humana subjetiva. Os
psicólogos que fazem parte desta corrente teórica estão interessados não apenas nos problemas,
mas também nos potenciais e nos ideais humanos, pois a Psicologia Humanista posta toda sua
ênfase no livre arbítrio e potencialidades humanas. Nas Psicologias Humanistas temos um modelo
de homem que considerado como essencialmente bom, ou seja, por natureza o homem é um ente
do bem. Você reparou que no texto estamos trazendo Psicologias Humanistas no plural? Pois, bem!
É para demarcar que este campo teórico é multifacetado e diverso, não cabendo o termo Psicologia
Humanista no singular, embora algumas vezes tenhamos utilizado nesta apostila, mas apenas como
recurso didático. Pode-se dizer que é uma abordagem pouco cientificista do ponto de vista do
positivismo, dado seu direcionamento ao subjetivo do homem. Entretanto, não se deve ver aqui um
problema, pois para os pioneiros teóricos do Humanismo, até postar-se contra a ciência era algo
importante, já que considerava a ciência como algo desumanizador.

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Gsia pe EdÇspod A
Sobre a primeira tópica Freudiana e a segunda, relate de acordo com o texto, relacionando-as e
abordando suas características.

Gsia pe EdÇspod B
Faça uma abordagem sobre o condicionamento reflexo baseado no capítulo estudado.

Gsia pe EdÇspod C
Discorra com base na leitura, sobre as principais características das Psicologias Humanistas.

PSICOLOGIA SOCIAL

Referência BibliográNca
DEBERT, Guita Grin. A dissolução da vida adulta e a juventude como valor. Horizontes Antropológi-
cos, Porto Alegre, ano 16, n. 34, p. 49-70, jul./dez. 2010. Disponível em: http://www.sci-
elo.br/pdf/ha/v16n34/03.pdf. Acesso em: 10 abr. 2019.
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FISCHER, Rosa Maria Bueno. O dispositivo pedagógico da mídia: modos de educar na (e pela) TV.
Educ. Pesqui., São Paulo, v. 28, n. 1, p. 151-162. jan./jun. 2002. Disponível em:
h t t p s : / / o n e d r i v e . l i v e . c o m / e m -
bed?cid=45330FDE958FC1B0&amp;resid=45330FDE958FC1B0%21328&amp;authkey=ANtRvI-
WvZMsVoMA&amp;em=2. Acesso em: 10 abr. 2019.
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LIMA, Aluisio Ferreira. Gênese, Desenvolvimento e Redefinição da Psicologia Social: Da Separação
Epistemológica ao Compromisso com a Práxis. Revista Psicologia e Saúde, v. 2, n° 1, jan/jun 2010.
p. 72-79. Disponível em: http://www.gpec.ucdb.br/pssa/index.php/pssa/article/view/38/69. Acesso em:
10 abr. 2019.
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ÿ MITH, Andreza do Socorro Pantoja de Oliveira; SANTOS, Jorge Luiz Oliveira dos. Corpos, iden-
S
tidades e violência: o gênero e os direitos humanos.Rev. Direito e Práx., Rio de Janeiro, v. 8, n.
2, p. 1083-1112, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rdp/v8n2/2179-8966-rdp-8-2-1083.pdf.
Acesso em: 10 abr. 2019.

Neste tópico, propõe-se o conteúdo do documento recomendado pelo professor. É essencial,


iniciar a leitura considerando o resumo, onde estão as principais ideias do documento proposto
para estudo.

RESUMO DA UuIDADE
O primeiro autor a emancipar um campo de saber como a Psicologia Social da então nascente
Psicologia Científica foi ninguém menos que o próprio Wilhelm Wundt, considerado o criador da
Psicologia enquanto ciência. Wundt propôs tanto um modelo de psicologia experimental, que faria
pesquisas em laboratório através da introspecção, quanto uma Psicologia dos Povos, Völkerpsy-
chologie no original em alemão, que era a ciência psicológica criada para estudar fenômenos como
magia, cultura, linguagem, etc., que não podiam ser isolados em variáveis controladas em laboratório.
Entretanto, na virada do século XIX para o XX a Psicologia Social encontrou solo fértil no
território estadunidense para se desenvolver em nítida oposição à proposta wundtiana e a Teoria
das Representações Coletivas de Durkheim. O que vemos desenrolar-se nos Estados Unidos é
uma linha de Psicologia Social marcadamente influenciada pelo Positivismo de Auguste Comte que
foi largamente utilizada pela maior parte dos países do Ocidente até os anos 1970. A Psicologia
Social ianque interessava saber qual a influência do outro sobre a psique individual. Era uma
Psicologia Social, contraditoriamente individualista e psicológica, e que será bastante criticada na
segunda metade do século XX. Esse modelo de Psicologia Social, inclusive, foi adotado no Brasil
pela Medicina Social, cujos teóricos principais: Nina Rodrigues e Arthur Ramos (1952), entenderam
que a Psicologia Social deverá estar a serviço da ordem social instituída e focada na ideia de
progresso. Talvez seu maior engodo seja justamente o de naturalizar as desigualdades sociais como
algo inevitável e, ainda pior, lançar para o indivíduo as cargas pesadas da culpa de ser doente
pobre ou desabastecido socialmente. A Psicologia Social de base estadunidense tem importantes
contribuições nas pesquisas de opinião pública, para detectar segmentos de mercado, orientações
políticas ou tendências de pensamento.
Quando a Psicologia Social chegou de fato no Brasil e na América Latina, os psicólogos daqui a
começaram a indagar-se: mas o que pesquisas como essas poderiam interferir para mudar o mundo?
A teoria da Psicologia Social estadunidense, que considera o mundo externo do indivíduo em suas
análises, serviria para o contexto latino americano? O que temos na América Latina nos anos 1970
é um mundo de desigualdades históricas. Há quase cinco séculos os europeus e suas caravelas
aqui se instalaram e trouxeram junto a si uma infinidade de desigualdades e sofrimentos para a
massa populacional. Some-se a isso, o agravante quadro político destes países no período: sua
imensa maioria estava passando pelas aflições de uma ditadura militar, o mais das vezes, violenta e
perseguidora de determinados grupos sociais.
Debruçaremos sobre o papel da mídia na constituição de nossas subjetividades. Já estudamos
um pouco sobre a ciência e as outras formas de saber; um pouco sobre a história da Psicologia
no Ocidente; sobre Psicanálise; Psicologia Comportamental; e Psicologias Humanistas; além de
Psicologia Social Crítica. Iniciaremos agora a pensar sobre a mídia, ou melhor, sobre o dispositivo
pedagógico que a mídia constitui. Já reparou o quanto que a TV e as mídias de modo geral influenciam
você a ser quem é?
Logicamente que não há uma unilateralidade na mídia. Ou seja, não é simplesmente esta que
nos influencia, pois, também a influenciamos diretamente. Basta pensar o seguinte: para quê uma
rede de TV precisa saber do (IBOPE) de determinada programação senão para aferir o valor que nós
expectadores damos àquela transmissão? Quantas vezes já ouvimos falar em programas que saíram
do ar por falta de audiência? Nós também controlamos a mídia, embora, na maior parte das vezes
a relação de controle que se estabelece é, o mais das vezes, a de sermos controlados. A influência
da mídia sobre os indivíduos, portanto, não é unilateral, mas bidirecional.
A hipótese mais ampla disso que estamos aqui tratando é, portanto, que a mídia de modo geral,
e a TV de modo especial, tem uma participação decisiva na formação das subjetividades contem-
porâneas. A mídia nos constitui, produz nossas subjetividades. Mas o que seria a subjetividade?
O termo subjetividade diz das experiências que o sujeito faz de si mesmo, numa relação em que
é fundamental a relação de si consigo. Em episódios nos quais somos convidados a refletir sobre
nós mesmos é que moldamos aquilo que somos nossa experiência subjetiva ou, dito de outro
modo, nossa subjetividade. Mesmo que aparentemente não se ensine nada, nestas práticas do
conhecimento de si, aprendemos muitas coisas.
Nas atuais sociedades de consumo, comumente é feito do direito de escolha um dever de todos.
Disto resulta que os indivíduos que não conseguem produzir uma autoestima de si ou fazer da própria
existência uma experiência gratificante, são tidos como sujeitos que falharam consumidores que
estão à margem do atual processo de acumulação de bens e capitais. A consequência maior disso
tudo é que o indivíduo é culpabilizado pelas injustiças sociais das quais ele é vítima. A partir deste
ponto de vista, portanto, o indivíduo pobre é culpado de sua própria pobreza (através de enunciados
do tipo “quem mandou não estudar?”, “é pobre porque é preguiçoso”, etc.), culpado por sua própria
tristeza (“a gente tem é de ser feliz”, “também o cara não se ajuda...”, etc.) ou por sua própria velhice
(“quem é que quer ser velho?”, “a idade está no espírito da gente, por isso que eu digo que sou
jovem”, etc.).
Presenciamos, no atual estágio de desenvolvimento das sociedades ocidentais, uma gradativa
valorização da idade da juventude e da infância, em detrimento da 3ª idade ou velhice. Até antes da
2ª Guerra Mundial, no entanto, o cenário registrado era justamente o inverso, no qual as sociedades
valorizavam os mais velhos justamente por estes serem mais sábios devido às suas experiências de
vida. Há registro, inclusive, de toda uma gama de produtos lançados no mercado especificamente
para que pessoas mais jovens amadurecessem de modo mais célere.
Mais por que no pós-guerra este quadro modificou-se de modo tão abrupto? Até antes das guerras
em escala mundial que somente o século XX presenciou até hoje na história da humanidade os
anciãos eram tidos como exemplos de sabedoria e prudência. Entretanto, em um contexto no qual os
países estão a guerrear-se entre si, quem comporá as fileiras dos exércitos? Quem serão convocados
pelos países a defender a pátria? Quem poderão ser em sentido abstrato, os heróis da nação?
Justamente: os jovens! A inversão se dá gradualmente na primeira metade do século XX, quando
os jovens ultrapassam os idosos na representação social de serem o segmento mais importante da
sociedade.
As recorrentes notícias veiculadas pela mídia de violência contra pessoas gays, lésbicas, travestis
e transexuais em função de discriminação devido a sexo e gênero podem evidenciar, por um lado,
uma falha do Estado em seu dever de promoção e proteção dos Direitos Humanos. Por outro lado,
também evidencia a débil concretização desses mesmos direitos nas relações entre os cidadãos
constituintes da sociedade brasileira. Um exemplo macabro dessa triste consolidação do direito
à diversidade em nosso país é que somos recordistas mundiais em homicídios de transexuais.
Estatísticas apontam que a cada dois dias uma pessoa é assassinada no Brasil devido à sua
orientação sexual.
Infelizmente ainda nos recusamos a aceitar a diversidade como um fato. Negar um fato pode
transparecer uma ingenuidade terrível por parte de quem o faz. Aquilo que difere de nós, seja a
religião, seja a escolha sexual, seja o time preferido de futebol parece provocar intimamente em nosso
espírito certa repulsa, de modo que, muitas vezes, estabelecemos nossa identidade justamente
afirmando que não queremos ser diferentes. Sob este raciocínio o louco confirma que sou normal;
o negro, minha branquitude; o gay, minha masculinidade; a criança, minha maturidade; entre outros.
Esse modo de olhar para o mundo reforça uma sinistra história de exclusão daqueles que são
considerados diferentes demais. Daqueles que não estão sob o guarda-chuva da norma, mas exposto
à luminosidade e ao calor da diferença.
Importa aqui provocar deslocamentos. Produzir rompantes de pensamento e olhar para o tempo
em que vivemos como produtor e naturalizador de desigualdades historicamente construídas. Por
exemplo, não podemos tomar como natural atitudes grosseiramente machistas como aceitar (muitas
vezes, inclusive, admirar quem o faz) que um homem se relacione com várias mulheres e repugna
as mulheres que adotam mais de um parceiro ao mesmo tempo. Trata-se de desnaturalizar aquilo
que tem toda uma produção histórica, não tomar por natural àquilo que é fruto da cultura.

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Gsia pe EdÇspod A
Retorne ao texto e contextualize o processo histórico e político e analise o porquê da importância de
uma Psicologia Social Crítica para a América Latina.

Gsia pe EdÇspod B
A mídia é considerada por alguns estudiosos como o 4º Poder (os outros seriam o Legislativo, o
Executivo e o Judiciário). Após a leitura do material, escreva um texto apontando se concorda ou não
com essa tese.

Gsia pe EdÇspod C
Com base na leitura, desenvolva um texto apontando como se deu o processo de valoração da
juventude durante o século XX.

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