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PESQUISA QUALITATIVA EM CIÊNCIAS SOCIAIS

GOLDENBERG, M. Pesquisa Qualitativa em Ciências Sociais. In, A Arte de Pesquisar.


Rio de Janeiro e São Paulo: Editora Record. 2000. p. 16-24
Lidia Bradymir

No presente capítulo, a autora trata da transformação do paradigma das


ciências sociais a partir da queda da perspectiva positivista, sendo Comte seu principal
representante, defendendo a aplicação de abordagem científica nos estudos da realidade
humana. Seguindo essa linha, Durkheim ainda carrega uma perspectiva positivista,
estabelecendo o fato social, esse paradigma é mantido quanto aos aspectos
metodológicos e epistemológicos, o que ela chama de “sociologia positivista”.
A sociologia positivista confrontou-se com críticas que se baseiam nas
reflexões de Kant e Dilthey, que argumentavam sobre a impossibilidade de quantificar
“fato social”, ou seja, o fenômeno social não é passível de testes empíricos de
verificação, porque “o social” não é constante e regular. A dimensão interpretativa do
fenômeno social, que busca sua compreensão pelo comportamento individual na ação
social, como faz Weber, ganha espaço, postulando o que se chama de “sociologia
compreensiva”. A sociologia compreensiva tem como característica a valorização da
subjetividade, do sujeito pesquisador e dos sujeitos de pesquisa.
A partir desse paradigma se identificarão os primeiros antropólogos e as
primeiras formas de metodologia qualitativa: monografia, etnografia, trabalho de campo
e observação participante. Os trabalhos de campo de Franz Boas e de Malinowski
consagram essa metodologia como essencial, os antropólogos agora devem passar
longos períodos com as sociedades estudadas. Boas ensina que, em campo, tudo deve
ser anotado de forma detalhada. Malinowski funda o funcionalismo, que postula que
cada cultura tem a função de suprir necessidades básicas dos indivíduos, essa análise
consiste em perceber cada fato social da perspectiva da interdependência com outros
fatos.
Na década de 70 surge a antropologia interpretativa, inspirada nas ideias de
Weber. Clifford Geertz, um dos seus representantes propõe uma análise cultural
hermenêutica, onde o antropólogo deve fazer uma descrição densa das culturas. Para
ele, os textos antropológicos são interpretações sobre as interpretações nativas, ou seja,
são ficções. Ele inspira a tendência atual “antropologia reflexiva ou pós-interpretativa”,
que propõe a autorreflexão dos antropólogos sobre o trabalho de campo, questiona a
autoridade do texto antropológico e propõe que o resultado da pesquisa seja fruto do
diálogo entre pesquisador e interlocutores.

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