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EDUCAÇÃO DO CAMPO: SEUS DESAFIOS NA REALIDADE EDUCACIONAL

RESUMO

O desenvolvimento socioeconômico brasileiro inicia justamente no campo, mas a


educação nuca foi alvo desse desenvolvimento, após muitos anos de luta a
educação do campo vem ganhando destaque dentro do cenário nacional, sendo
fortalecido por movimentos sociais, mudando a realidade educacional do campo.
Garantindo educação a todos. Mesmo assim a educação no campo ainda é frágil,
pois há inúmeros desafios para que todos possam usufruir de uma educação de
qualidade. O distanciamento entre escola e aluno, a falta de capacitação de
professores, o ambiente educacional frágil, são alguns desafios que a educação no
campo ainda tem que superar, para que assim todos os brasileiros tenham seu
direito à educação respeitado. O presente trabalho tem por objetivo propor um novo
olhar sobre a educação do campo, refletir as tensões e os desafios enfrentados por
todos para que uma educação de qualidade possa chegar ao campo. O método
aplicado nesse trabalho é a pesquisa bibliográfica, trazendo assim fundamentações
concretas do mesmo. Justifica-se a elaboração dessa pesquisa, pois a educação do
campo é complexa, por isso há a necessidade de se entender os processos que
envolvem a construção do saber e os meios de interações sociais que os mesmos
estão inseridos. O resultado esperado é a conscientização ao tema, essa pesquisa
pode possibilitar a todos os agentes envolvidos no processo educacional a
compreensão das reais necessidades da educação no campo.

Palavras Chaves: Escola, Campo, Comunidade, Professor.


1. INTRODUÇÃO

A educação é a ferramenta que modifica uma nação, por isso tem um papel
impar dentro de qualquer sociedade. Assim como o homem vem evoluindo com o
passar dos milênios a educação também passa pelo mesmo processo evolutivo, se
adequando as mais diversas realidades humanas. Claro que ainda não há a
excelência tão almejada por todos; a qualidade educacional ainda está distante da
realidade brasileira, mas ela vem passando por diversas mudanças, a compressão
das complexidades, a superação das dificuldades, as políticas educacionais para a
melhoria da qualidade das avaliações, do currículo e conteúdos, a reformulação da
formação docente, mas o que realmente importa é que essas mudanças estão
acontecendo e já podem ser vistas dentro e fora das escolas.
As sociedades, em especial a brasileira vem se capacitando para receber
esse novo homem, que exige uma transformação social, para que todos possam ter
seus direitos e deveres respeitados, mas ainda não há uma real efetivação desses
direitos e deveres, por isso a sociedade contemporânea brasileira vem assumindo
essa responsabilidade, para alcançar as transformações sociais, políticas e
econômicas, decorrente da globalização e do sistema neoliberal que por sua vez
conduzem todo o cenário político mundial.
A escola faz parte desse processo e assim passa a assumir papeis variados
para poder supri com as necessidades da população, assumindo não só seu papel
educacional, mas social e cultural, fatores que são importantes para a construção de
um povo sadio. Nesse contexto a educação brasileira busca novas formas de
organização, trazendo uma estruturação eficaz para a formulação do trabalho
pedagógico, o resgate dos valores acadêmicos e humanos, a autodisciplina e o
respeito.
A educação do campo é uma área da educação de grande importância e há
grande interesse ao tema, os movimentos sociais e o meio acadêmico preocupam-
se em propor mudanças e garantir a qualidade dessa educação. Essa temática
causa grandes debates acerca da realidade atual do campo, por isso faz-se
necessário o conhecimento sobre a educação rural e a sobre a luta para que essa
educação chegue até o campo de uma forma satisfatória, bem como a reflexão
sobre todos os procedimentos e processos dentro dessa modalidade de educação.
O trabalho apresentado tem por objetivo compreender os problemas que
afetam a efetivação da qualidade educacional, social e cultural da educação do/no
campo, garantindo o respeito aos direitos dos sujeitos que ali habitam, colaborando
para a construção de uma sociedade igualitária.
Nesse trabalho é aplicada a pesquisa bibliográfica como metodologia,
garantido a ele uma diversidade e assim construindo um pensamento verdadeiro
sobre distúrbios de aprendizagem.

2. CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Para garantir a dignidade, a igualdade, enfim a vida de todo cidadão


brasileiro, foi criado a Constituição Federal que é a Cartar máxima do Brasil. São
justamente as leis que garante uma série de valores que constituem um Estado,
moldando dessa forma a realidade jurídica, política e sociológica, limitando e
tipificando criminalmente os abusos e garantir direitos e deveres de cidadãos e
Estado.

A constituição é algo que tem, como forma, um complexo de normas


(escritas ou costumeiras); como conteúdo, a conduta humana motivada
pelas relações sociais (econômicas, políticas, religiosas etc.); como fim, a
realização dos valores que apontam para o existir da comunidade; e,
finalmente, como causa criadora e recriadora, o poder que emana do povo.
Não pode ser compreendida e interpretada, se não se tiver em mente essa
estrutura, considerada como uma conexão de sentido, como é tudo aquilo
que integra um conjunto de valores. (SILVA, 2008, p. 39).

Tudo no na natureza evolui, o mundo atual é um reflexo dessa evolução e


consequentemente toda sociedade está em constante evolução, com isso as leis e
normas se modificam conforme as necessidades se apresentam.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade. (BRASIL - CF, 1988).
Os direitos e deveres são normas que garante a todo ser vivente a garantia
de sua dignidade e cidadania, por isso ninguém pode ser de forma algum privado de
seu direito a educação de qualidade.

Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será


promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com
base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola; II -liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de
concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas
de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos
oficiais; V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da
lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional
e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos,
assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela
União; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII -
garantia de padrão de qualidade. (BRASIL - CF, 1988).

Essas medidas constitucionais são justamente para garantir que todo


brasileiro tenha sua vida pessoal e profissional protegida, colaborando para a
construção e solidificação de um Estado Democrático.

3. DIREITOS HUMANOS

Os Direitos Humanos, nasceu da necessidade de garantir a todo ser vivente o


direito a vida, portando DH são os direitos que garante a todo ser humano sua
dignidade e dão respaldo para que seus direitos sejam respeitados.

Art. 01. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e


direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns
aos outros com espírito de fraternidade. Art. 02.
Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de
raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem
nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Não
será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica
ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se
trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer
sujeito a qualquer outra limitação de soberania. (ONU, DUDH, 1948).

A educação igualitária e de qualidade é o ideal comum a ser alcançado por


todos os países, trazendo o respeito as diferenças, construindo uma sociedade
preocupada com bem estar de todos os indivíduos, criando e garantindo por meio de
suas leis e medidas os direitos e deveres para que todos possam usufruir de uma
qualidade de vida satisfatória.

Art. 26 §1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita,
pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar
será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos,
bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. §2. A instrução
será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade
humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas
liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos,
e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
paz. §3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução
que será ministrada a seus filhos. (ONU, DUDH, 1948).

O respeito à vida é um requisito obrigatório para toda sociedade se manter


sadia e prospera, logo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, vem para
garantir que todos possam ter esse respeito, para que não haja distinções,
possibilitando assim que todos participem de uma sociedade livre.

4. LEIS DE DIRETRIZES E BASE DA EDUCAÇÃO NACIONAL

A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) - LDBEN - é a lei orgânica e geral


da educação brasileira. Como o próprio nome diz, dita as diretrizes e as bases da
organização do sistema educacional. Como se percebe a evolução não e não dá
saltos, toda conquista ou modificações vêm com a conscientização de que há uma
necessidade a ser suprida para que a igualdade, a qualidade e o respeito sejam
efetivados a todos. Esse processo constitui a promoção social, pelo quais todos são
favorecidos, participando de uma posição social benéfica.
Com a necessidade de garantir uma educação de qualidade cria-se a LDBEN
(Leis de Diretrizes e Base da Educação Nacional – 9.394/96), trazendo inúmeras
mudanças no cenário educacional brasileiro, logo é uma lei orgânica, com o
proposito de dar um direcionamento, propondo assim as diretrizes de bases da
organização do sistema educacional brasileiro.

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem


na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais.§ 1º Esta Lei disciplina a educação
escolar, que se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em
instituições próprias.§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo
do trabalho e à prática social. Art. 2º A educação, dever da família e do
Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I -
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II -
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções
pedagógicas; IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância; V -
coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI - gratuidade
do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do
profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino
público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX -
garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extra-
escolar;XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas
sociais.XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (BRASIL,
LDBEN, 1996).

A LDBEN (Lei 9.394) foi promulgada em 20 de dezembro de 1996,


regulamentando e definindo todos os princípios do sistema educacional nacional
com base na Constituição Federal.

5. A EDUCAÇÃO DO CAMPO

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) há uma


enorme demanda de pessoas que necessitam de educação no campo.

[...] se considerarmos como critérios de ruralidade a localização dos


municípios, o tamanho da sua população e a sua densidade demográfica,
conforme propõe Veiga (2001), entre os 5.560 municípios brasileiros, 4.490
deveriam ser classificados como rurais. Ainda de acordo com esse critério, a
população essencialmente urbana seria de 58% e não de 81,2%, e a
população rural corresponderia a, praticamente, o dobro da oficialmente
divulgada pelo IBGE, atingindo 42% da população do país. “Dessa forma,
focando o universo essencialmente rural sugerido pela proposta do
pesquisador, é possível identificar em torno de 72 milhões de habitantes na
área rural”. (BRASIL. MEC/Inep, 2006: 07-08).

Com a Constituição Federal de 1988 a população rural ou do campo, ganhou


uma enorme contribuição na luta de seus direitos políticos e educacionais, pois
ganhou meios jurídicos que garantiram seus direitos. Colocando assim o Estado
como agente ativo para prover a educação para todos; independente de qualquer
diferença, nesse caso a localização.
A LDBEN também instituiu artigos que dão um direcionamento para a escola
no campo.
Art. 28º. Na oferta de educação básica para a população rural, os sistemas
de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua adequação às
peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I - conteúdos
curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses
dos alunos da zona rural; II - organização escolar própria, incluindo
adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições
climáticas; III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
(BRASIL/MEC, LDB, 9.394/96, art. 28).

Infelizmente a escola no campo necessita de um cuidado especial, pois a


LDBEN deixa de abordar de modo mais claro a prática pedagógica.

1. Quanto à clientela da escola rural: a condição do aluno como trabalhador


rural; distâncias entre locais de moradia/trabalho/escola; heterogeneidade
de idade e grau de intelectualidade; baixas condições aquisitivas do
alunado; acesso precário a informações gerais. 2. Quanto à participação da
comunidade no processo escolar: um certo distanciamento dos pais em
relação à escola, embora as famílias tenham a escolaridade como valor
sócio-moral. 3. Quanto à ação didático-pedagógica: currículo inadequado,
geralmente, estipulado por resoluções governamentais, com vistas à
realidade urbana; estruturação didático-metodológica deficiente; salas
multisseriadas; calendário escolar em dissonância com a sazonalidade da
produção; ausência de orientação técnica e acompanhamento pedagógico;
ausência de material de apoio escolar tanto para professores quanto para
alunos. (LEITE, 1999, p. 55-56)

Logo o descaso com a educação do campo favoreceu a ida e dos alunos para
as escolas urbanas, pois necessitavam de melhores condições de aprendizagem.
Hoje graças ao grande empenho dos que se preocupam com a qualidade da
educação do campo esse descaso não é tão grande.
A educação do campo nasce da coletividade, das práticas sociais do campo,
para a real expansão dos seus direitos humanos. Por isso a compreensão das
políticas públicas está ligada a participação do povo do campo.
Souza (2010) pontua que a educação do campo tem por característica a
realidade, os interesses, a valorização das diferenças. Sendo que não importa onde
esses grupos estão localizados, mas justamente os que os unem são a relação de
trabalho com a terra.
As políticas públicas e os agentes empenhados com a educação trouxeram
visibilidade para a escolarização dos povos do campo, a realidade das escolas
publicas do campo ainda é carente de todos os recursos pedagógicos, físicos,
humano e transporte.
A validação dessas políticas trás discursos e debates em torno das
problemáticas enfrentadas pela educação do campo, que aos poucos trás uma
efetivação da educação de qualidade no campo, conforme a disposição e o
interesse das frentes governamentais (Estados e Municípios).
O Plano Nacional de Educação – Lei nº 10.172/2001 determina as metas que
os governos federal, estadual e municipal devem cumprir e estabelece a escola rural
como diferente que necessita de um tratamento especial.

O Plano Nacional de Educação estabeleceu que todos os Estados e


Municípios devem elaborar, com participação da comunidade, os seus
próprios Planos de Educação neste plano deverão constar as metas que
cada Estado e Município deve prosseguir em relação à educação. E
também em relação à educação do campo (PNE 2001, p. 21).

A Resolução nº 01/2002 do Conselho Nacional de Educação, aprova as


Diretrizes Operacionais para a Educação Básica do Campo.

Contemplam e refletem um conjunto de preocupações conceituais e


estruturais presentes historicamente nas reivindicações dos movimentos
sociais. Dentre elas o reconhecimento e valorização da diversidade dos
povos do campo, a formação diferenciada de professores, a possibilidade
de diferentes formas de organização da escola, a adequação dos conteúdos
as peculiaridades locais, o uso de práticas pedagógicas contextualizadas, a
gestão democrática, a consideração dos tempos pedagógicos diferenciados,
a promoção, através da escola, do desenvolvimento sustentável e do
acesso aos bens econômicos, sociais e culturais (CNE/MEC: 2002).

Essa aprovação representa um avança na construção de uma educação de


qualidade no campo, favorecendo não somente a área cognitiva, mas todas as
demais áreas que envolvem o saber, promovendo um desenvolvimento humano
impar no campo.
É de suma importância que a comunidade fiscalize a implementação concreta
das políticas do campo e ao educador precisa valorizar as práticas humanas,
valorizando os saberes rurais com os conhecimentos científicos.

6. PROPOSTA PEDAGÓGICA PARA A EDUCAÇÃO DO CAMPO

Não importa onde estejam às pessoas, seja no campo ou na cidade, todos


tem direito a educação. Desse modo é necessário reconhecer a diversidade, não só
pessoal, mas a diversidade de espaços educativos, para poder participar com
autonomia de todo o processo educacional.
[...] o educador já não é o que apenas educa, mas o que enquanto educa, é
educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa
[...] Já agora ninguém educa ninguém como tampouco alguém se educa a si
mesmo; os homens se educam em comunhão mediatizados pelo mundo.
(FREIRE, 2002, p. 79).

O planejamento requer objetivos, metas, logo se defende uma ideia lógica e


estruturada nos valores do sujeito do campo, pois a experiência do campo trás
outras formas de planejar a escola. Há, portanto uma relação entre
planejamento/objetivo/ambiente, que deve acolher todos os tópicos para a
construção do saber. Por isso necessita que os educadores tenham uma qualidade
profissional garantindo a eles o respeito e a igualdade.

[...] a condição de trabalho desses profissionais tem se precarizado cada


vez mais. No caso especifico da zona rural, além da baixa qualificação e
salários inferiores aos da zona urbana, eles enfrentam, entre outras, as
questões de sobrecarga de trabalho, alta rotatividade e dificuldades de
acesso a escola, em função das condições das estradas e da falta de ajuda
de custo para a locomoção. (BOF, 2006, p. 35).

O docente necessita dar uma importância maior nessa relação


conhecimento/campo, considerando essa proposta para promover satisfatoriamente
seu projeto.

Os sistemas de ensino além dos princípios e diretrizes que orientam a


Educação Básica no país observarão, no processo de normatização
complementar da formação de professores para o exercício da docência nas
escolas do campo, os seguintes componentes:
I – estudo a respeito da diversidade e o afetivo protagonismo das crianças,
dos jovens e dos adultos do campo na construção da qualidade social da
vida individual e coletiva, da região, do País e do mundo;
II – propostas pedagógicas que valorizem, na organização do ensino, a
diversidade cultural e os processos de interação e transformação do campo,
a gestão democrática, o acesso ao avanço científico e tecnológico e
respectivas contribuições para a melhoria das condições de vida e a
fidelidade aos princípios éticos que norteiam a convivência solidária e
colaborativa nas sociedades democráticas. (BRASIL. Resolução CNE/CEB
n. 1, de 3 de abril de 2002, Diretrizes Operacionais para a Educação Básica
das Escolas do Campo, 2002, p. 41).

A formação docente precisa estar de acordo com a realidade do campo, logo


o educador necessita que as instituições educacionais promovam sua capacitação,
incentivem o dialogo para que os projetos pedagógicos valorizem a diversidade
rural.
A educação do campo deve compreender que os sujeitos possuem
história, participam de lutas sociais, sonham, tem nomes e rostos,
lembranças, gêneros e etnias diferenciadas. Cada sujeito individual e
coletivamente se forma na relação de pertença a terra e nas formas
de organização solidária. Portanto, os currículos precisam se
desenvolver a partir das formas mais variadas de construção e
reconstrução do espaço físico e simbólico, do território, dos sujeitos,
do meio ambiente. (BRASIL. Referências para uma Política Nacional
de Educação do Campo, Caderno de Subsídios, 2003, p. 22).

Conforme Leite (1999) é importante à valorização do campo, não se trata


apenas de uma sobreposição de conteúdos, mas sim de um dialogo entre o campo e
a cidade, de modo que tanto o educador quanto o educando possam compreender
seus problemas e interagir em seu meio para que todas as capacidades possam
aflorar, expandindo dessa forma sua individualidade, valorizando assim a vida do
homem do campo.

7. RELATÓRIO DE ESTÁGIO

A Escola Municipal Rural Eulália M. Silva fica localizada no Município de


Paranaguá – Paraná, exatamente na Ilha do Teixeira. A escola rural é validada pela
Escola Estadual Helena Viana Sundin, também localizada no Munícipio de
Paranaguá-Paraná, mas na área urbana, certificando assim os alunos. Conta com
duas salas de aulas que atendem 19 (dezenove) alunos do Ensino Fundamental,
sendo atendidos por 05 (cinco) professores graduados nas áreas de conhecimento:
Linguagens, Ciências Exatas, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e
Expressão Cultural, Artística, Corporal.
Essa conquista ocorreu através da organização dos moradores que
reivindicaram seus direitos, pressionando o poder público. A escola na Ilha do
Teixeira trás um grande apoio as famílias, é um referencial, pois representa a
independência e a oportunidade para todos adquirirem o conhecimento, garantindo o
desenvolvimento de um futuro melhor para todos os insulanos.
A relação entre escola/comunidade se dá através das festas e reuniões em
datas especiais: dias das mães e dia dos pais, festas juninas, dia das crianças e
comemorações de fim de ano.
Durante o estagio as atividades docente/discente foram desenvolvidas por
momentos de rodas de conversas proporcionando uma ampla discussão sobre a
realidade dos alunos, as reuniões pedagógicas e o Conselho de Classe foram
momento de grande aprendizado sobre a realidade da escola do campo.
Em seu PPP há contemplação da Lei 4.751/2014, que garante a participação
da comunidade escolar para o desenvolvimento da gestão democrática, garantindo a
todos os envolvidos voz sobre os processos escolares.
A educação do campo ainda tem muito a oferecer a seus agentes, mas já se
pode constatar resultados, pois a escola deve ser além de gratuita, laica e de
qualidade, ela deve ser efetivamente para todos os brasileiros.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação do campo vem de encontro com as necessidades de uma classe


que é tão esquecida, vem para garantir o atendimento aos brasileiros de áreas
rurais, mas essa mesma escola necessita ter um olhar atento ao seu redor, analisar
os sujeitos, construindo assim uma interdisciplinaridade, valorizando os saberes,
para construir dia a dia uma educação popular.
As escolas do campo precisam trabalhar de uma forma mais inclusiva para
que possam reduzir ao máximo o êxodo rural, mostrar que ela esta preparada para
receber seus alunos rurais, mostrando novas possibilidades para que esse sujeito
possa viver no campo com uma qualidade educacional. A escola rural não só um
ambiente educacional, nela é onde a comunidade se reúne para decidir algo sobre
suas particularidades, é o centro de conversações para a efetivação das políticas
públicas educacionais, ela é o equilíbrio, dando oportunidade para que todos
possam exercer sua cidadania.
União, Estados e Munícipios necessitam estar em acordo para a
implementação das medidas necessárias, desenvolver e aperfeiçoar as metas para
o uso dos recursos públicos para alcançar o bem comum. E, sobretudo garantir o
direito a uma educação de qualidade ao sujeito do campo, para que assim possa
construir um futuro melhor e justo no campo.
REFERÊNCIAS

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Literatura.(Org.). A educação no Brasil rural. Brasília: Inep, 2006. Cap. III, p. 69 –
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BRASIL. Resolução N. 1, de 3 de abril de 2002. Institui Diretrizes Operacionais


para a Educação Básica nas Escolas do Campo. Grupo Permanente de Trabalho de
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BRASIL. Ministério da Educação. Referências para uma política nacional de


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http://www.inep.gov.br/download/imprensa/Miolo_Seminario_Ed_Campo.pdf. Acesso
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BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.


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http://www.red-ler.org/panorama-educacao-campo.pdf>. Acesso em: Setembro de
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BRASIL. Congresso Nacional. Plano Nacional de Educação. Lei nº 10.172/2000. p.


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ANEXOS

Fonte: Google Maps.


Fonte: Autor
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