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DESENHO ARQUITETÔNICO

Prof.ª Rosa Karina Carvalho Cavalcante


2014
2

Croquis e prancha para concurso


do projeto urbanístico de
Brasília.

Prof.ª Rosa Karina Carvalho Cavalcante


“O rabisco não é nada, o risco - o traço – é tudo. O risco tem carga,
é desenho com determinada intenção - é o “design”. É por isto que os 3
antigos empregavam a palavra risco no sentido de “projeto”: o “risco
para a capela de São Francisco”, por exemplo.
Tremulo ou firme, esta carga é o que importa. Portinari costumava dar
como exemplo a assinatura, feita com esforço, pelo analfabeto (risco),
com o simples fingimento de uma assinatura (rabisco).
O arquiteto (pretendendo ser modesto) não deve jamais empregar a ex-
pressão “rabisco” e sim risco.
O risco é desenho não só quando quer compreender ou significar, mas
“fazer”, construir.”

(Lúcio Costa, 1940 – O Ensino do Desenho, Programa para a reformulação do ensino de


desenho no curso secundário, por solicitação do ministro Capanema)

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Eu não sei desenhar. Você sabe?

O título da postagem é uma leve provocação e ao


mesmo tempo um convite para reflexão. Depois de ler o
texto do arquiteto norte americano Jim Leggitt (Jim
Leggitt’s Early Drawings: High School 1968!) falan-
do sobre suas primeiras experiências gráficas resolvi
também falar um pouco sobre o assunto. Para quem não
sabe este arquiteto é o autor do conhecido livro “Dra-
wing Shortcuts - developing quick drawing skills using
today’s tecnology” além de ser um desenhista e ilus-
trador de mão cheia. Na sua postagem ele comenta como
aconteceu seu processo de aprendizado do desenho e é
muito interessante observar como seu traço e técnica
4 amadureceram muito ao longo dos anos.

A primeira vez que tive contato com técnicas de


desenho foi em 1991 quando, ainda pré- universitário,
fiz o curso do professor Eneas Botelho que preparava
Imagem 2 - Casa desenhada
aos 14 anos de idade - 1988 alunos para a prova de habilidade específica do vestibu-
(aprox.) lar do curso de arquitetura da Universidade Federal do
Ceará. Sempre gostei de desenhar e me lembro nitidamen-
te de ir ao primeiro dia de aula achando que já sabia
alguma coisa uma vez que costumava fazer perspectivas
de casas (ou da minha vizinhança ou imaginadas) baseado
Imagem 3 - Croqui de projeto unicamente nas instruções que, na época, encontrei na
de Oswald Bratke para trabalho extinta enciclopédia Delta Universal. Um desses dese-
de P.A. I - 1993 nhos pode ser visto na imagem 2. Grande engano. Durante
o curso, enquanto era apresentado às diversas técnicas
de desenho e à geometria descritiva, descobri que ainda
não sabia nada!

Quando terminei esse curso e, felizmente, fui aprovado


na prova de desenho e no vestibular me lembro também
de entrar na escola de arquitetura e urbanismo achando
Imagem 4 - Projeto de condomí-
nio residencial da disciplina P.A. que já sabia desenhar alguma coisa. Novamente um grande
IV - Modelo de casa - 1994 engano!

Durante a graduação tive, por exemplo, o privi-


légio de cursar a disciplina Desenho de Observação com
o arquiteto e artista plástico Nearco Araújo. As aulas
que mais gostava eram aquelas nas quais ele levava seus
desenhos para nos mostrar. Admirava seus trabalhos e
constatava, mais uma vez, que ainda tinha muito o que
Imagem 5 - Projeto residencial
feito com aproximadamente dois aprender. Também foram de enorme valia e aprendizado
anos de formado - 1999 as disciplinas Técnicas de Representação I e II com a
excelente professora e arquiteta Zilsa Santiago a quem
devo a assimilação de diversas técnicas de perspectiva
e de representação gráfica arquitetônica. As imagens 3 e
4 mostram desenhos feitos para as disciplinas Projeto
Arquitetônico I e IV respectivamente. Notem a nítida
evolução em relação ao primeiro desenho. Nessa época
eu era estagiário da Nasser Hissa e me inspirava nos
Imagem 6 - Croqui de estudo
para projeto residencial - 2009 desenhos do Mauro Jucá, um dos arquitetos da empresa e
grande desenhista de perspectivas.

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Depois que me formei, em 1997, voltei a ter aquela equivocada sensação
de que agora sim, finalmente, eu tinha aprendido a desenhar. Outro grande enga-
no! Montei escritório de arquitetura e vi que deveria continuar aperfeiçoando
minhas técnicas de desenho e a procurar inspiração nos grandes mestres como,
por exemplo, Helmut Jacoby que, para mim, foi e ainda é um dos maiores pers-
pectivistas da história da arquitetura. Tive o privilégio de ser presentea-
do, pelo professor Eneas Botelho, com dois raros livros de ilustrações desse
arquiteto que até hoje são fonte de consulta e referência. A imagem 5 mostra
uma perspectiva dessa fase de recém formado na qual também podemos perceber
uma evolução em relação à anterior. Estou usando projetos residenciais para
melhor comparação.

Você deve estar se perguntando onde estou querendo chegar, não? Na ver-
dade é simples. Quero mostrar ao leitor, e principalmente ao estudante que
está iniciando nesse universo, que aprender a desenhar é um processo constan-
te. Jamais podemos parar de praticar e de estudar e sempre haverá margem para
aperfeiçoamentos. Hoje já posso contabilizar quase quatorze anos de formado
e quase vinte anos ensinando desenho. Todo esse tempo e razoável experiência
me fizeram ver, com bastante nitidez, que não devo parar de estudar o assunto 5
e de me aprimorar cada vez mais. Vejam, por exemplo, a imagem 6. Ela mostra
um desenho recente onde, mais uma vez, percebo evolução de traço, de técnica
e de outros parâmetros quando comparados com os anteriores.

Pois bem, mesmo com “toda essa experiência” acumulada resolvi, seguindo
a minha própria recomendação, me matricular em um curso de extensão em desenho
e pintura oferecido pela Unifor e ministrado pelo artista plástico Edu Oli-
veira. Venho frequentando as aulas desde o ano passado e desta vez não entrei
com aquela já citada sensação de que já sabia desenhar embora a constatação
posterior tenha sido a mesma das anteriores, ou seja, vi mais uma vez que ain-
da tenho muito o que aprender. Desta vez o foco é o aperfeiçoamento do lado
artístico e, a exemplo do que já fazia antes, venho procurando inspiração em
artistas. Cárcamo, Maurício Takiguthi e Scott Burdick são alguns exemplos. A
primeira imagem desta postagem e a imagem 6 mostram alguns estudos dessa nova
fase.

Então é isso caro leitor, não fique constrangido ou desestimulado durante


suas aulas de desenho ou durante seu processo de produção gráfica. Lembre-
-se que a caminhada é longa e que o mais importante não é o resultado final e
sim o que você absorve durante o processo do desenho. Estabeleça um objetivo
e tente chegar lá. Me lembro bem que nas aulas do professor Nearco eu olhava
com grande admiração para seus desenhos, mas nunca me passou pela cabeça que
eu não poderia desenhar como ele, mas que um dia poderia chegar a atingir o
seu nível (que na verdade ainda estou tentando). Desenhar bem é o resultado de
muita prática, amadurecimento e estudo. Concluindo, hoje em dia, prefiro achar
que ainda não sei desenhar. E você, sabe?

Imagem 6 - Estudo em carvão sobre papel texturizado - 2011

Texto do site:
http://www.marcosbandeira.com/2011/03/eu-nao-sei-desenhar-voce-sabe.html#more

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6 DESENHO DE PLANTAS

A planta é o resultado do corte


de um PLANO PARALELO ao piso do
pavimento que se quer repre-
sentar em uma altura de aproxi-
madamente 1,20 a 1,50 m.O mais
importante é que todas as ja-
nelas sejam cortadas.

Você deverá imaginar a parte


superior retirada do conjunto
e fixar a atenção na parte in-
ferior como mostrado a seguir:

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A planta surgirá dos elementos secionados somados aos elementos que ficaram
abaixo e acima do plano de corte.

A partir daí você deverá seguir a seguinte regra geral:

1. Os elementos secionados pelo plano estarão em corte e serão desenhados com


linha contínua e grossa.

Planta do pavimento térreo


2. Os elementos abaixo do plano estarão em vista e serão desenhados com linha
contínua e fina.

Planta do pavimento superior

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3. Os elementos acima do plano estarão em projeção e serão desenhados com li-
nha tracejada e fina.

Elementos que estejam atrás de outros também deverão ser considerados em pro-
jeção. Observe-os nas figuras a seguir que mostram as plantas dos dois pavi-
mentos.

Planta do pavimento térreo

Planta do pavimento superior

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A representação de desenho arquitetônico é padronizada pela NBR6492 da ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) entretanto estas normas não tem
poder de lei. Desta forma, podem existir variações no modo de representação.

O mais importante é manter a simplicidade da representação e a perfeita legi-


bilidade dos desenhos.

Os elementos que constituem as plantas podem ser divididos em:

Elementos Construtivos:
Paredes e elementos estruturais; aberturas (portas, janelas, portões, etc.);
pisos e seus componentes (degraus, rampas, escadas, etc.); equipamentos de
construção (aparelhos sanitários, armários, lareiras, etc.); aparelhos elé-
tricos de porte (fogões, geladeiras, máquinas de lavar, etc.) e elementos de
importância não visíveis (dutos de ventilação, reservatórios, etc.).

Informações:
Nome dos compartimentos, áreas úteis dos compartimentos, níveis, posições dos 9
planos de corte vertical, cotas das aberturas, cotas gerais, níveis e outras
informações. Observe a seguir como são usados e representados tais elementos.

AS PORTAS

A representação das portas em planta é feita através do desenho de um retângu-


lo que representa a folha da porta e de um arco de 90 graus que representa o
sentido e a área de abertura da porta. Em planta as portas são representadas
sempre ABERTAS.

Veja a seguir desenhos representativos de portas. Observe a linha tracejada


que aparece nas vistas. Ela indica o sentido de abertura da porta. A base do
triângulo mostra em que lado ficam as dobradiças e o vértice indica o lado da
maçaneta. A altura padrão de uma porta é de 2.10 m, mas isto pode variar de
acordo com as intenções do projeto.

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AS JANELAS

A representação das janelas baixas em planta é feita através do desenho de


duas linhas externas que representam a vista do peitoril e de duas linhas
internas que representam a janela. Estas linhas têm um peso maior que as ex-
ternas.

A altura de um peitoril fica entre 0.90 m e 1.00 m para janelas baixas, e en-
tre 1.50 m e 1.80 m para janelas altas. Estas alturas também podem variar de
acordo com o projeto e com as normas de segurança.

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COTAGEM DE ESQUADRIAS

Na cotagem de esquadrias são representadas


três diferentes dimensões, sempre na mesma or-
dem: largura da esquadria,altura da esquadria
e altura do peitoril (distância da parte
inferior da esquadria até o piso interno da
edificação).

Além das dimensões das esquadrias é usual que


sejam informados códigos para as mesmas, uti-
lizados para identificá-las na planilha e nos
desenhos de detalhes de esquadrias, que fre-
quentemente acompanham os projetos. (Ver qua-
dro de esquadria).

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REPRESENTAÇÃO DE PAREDES DE ALVENARIA

As paredes, geralmente em alvenaria, são sec-


cionadas pelo plano de corte que gera a plan-
ta baixa. São representadas através de linhas
paralelas de espessura grossa.

Paredes baixas (menor do que 1.50 m de altura)


não são cortadas pelo plano e por conseqüência
são representadas em vista, com linhas de es-
pessura média, conforme exemplo ao lado.

ÁREAS MOLHADAS
Os pisos frios das áreas molhadas (banheiros, cozinhas e terraços/varandas
devem ser representados com hachuras xadrez com linhas finas.

Na representação de pisos também deve ser observado à densidade das hachuras,


ou seja, o distanciamento entre suas linhas em relação ao tamanho do compar-
timento onde os mesmos são aplicados. Deve-se evitar a utilização de hachuras
muito densas em compartimentos de grandes dimensões e de hachuras pouco densas
em compartimentos pequenos.

INCORRETO CORRETO

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DESNÍVEIS

Os desníveis devem ser representados com li-


nhas finas, mas mais espessas e/ou escuras do
que as que representam os pisos das áreas mo-
lhadas.

EQUIPAMENTOS FIXOS

As linhas de contorno dos equipamentos fixos,


tais como louças sanitárias, balcões de ba-
nheiros e cozinhas, pias, tanques e outros, 13
são representados na sua grande maioria com
espessura média e seus detalhes são represen-
tados por linhas finas.

NÍVEIS

Na planta utiliza-se o símbolo ao lado para


informar a altura de determinados pontos do
projeto. Devem ser indicados todos os diferen-
tes níveis presentes na planta baixa. Símbolo
nível em
Evita-se a repetição desnecessária de níveis, planta
identificando-os sempre que for visualizada uma
diferença de nível, não sendo necessário in-
formar a cota de nível de todos os comparti-
mentos, mas sim os lugares aonde há mudança
nas alturas dos pisos.

Os níveis devem ser sempre indicados em METROS


e acompanhados do sinal negativo caso loca-
lizarem abaixo do nível de referência (00) –
(usa-se o sinal positivo para o caso de níveis
localizados acima do nível de referência).
Sempre são indicados com referência ao nível
ZERO do projeto.

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Linhas de chamada:

Exemplo carimbo prefeitura

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A legenda (CARIMBO) deve sem-


pre estar no lado direito in-
ferior da folha de
desenho e conter, no mínimo, as
seguintes informações:
• Designação e emblema da em-
presa que está elaborando o
projeto;
• Nome do responsável técnico
pelo conteúdo do desenho, com
sua identificação (inscrição no
órgão de classe) e local para
assinatura;
• Local e data;
• Nome ou conteúdo do projeto;
• Conteúdo da prancha (quais
desenhos estão presentes na
prancha)
• Escala(s) adotada(s) no de-
senho e unidade;
• Número da prancha.
O local em que cada uma destas
informações deve ser posicio-
nada dentro da legenda pode ser
escolhido pelo projetista, de-
vendo sempre procurar destacar
mais as informações de maior
relevância.

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QUADRO DE ÁREAS

O quadro de áreas é obrigatório


nas plantas dos pavimentos.

A área construída inclui todo


o perímetro da construção in-
cluindo as paredes. A área de
piso, ou área útil são os espa-
ços internos medidos a partir
do piso, excluindo as paredes.

O índice de aproveitamento (IA)


é o valor obtido pela divisão
da área construída pela área
do terreno. A taxa de ocupação
(TO) é a porcentagem da área do
terreno ocupada pela projeção
16 horizontal da edificação, não
sendo computados, nessa proje-
ção, os elementos componentes
de facahadas, tais como: “bri-
se-soleil”, jardineiras, mar-
quises, pérgulas e beirais.

QUADRO DE ACABAMENTOS

As legendas que aparecem den-


tro de cada ambiente indicam
as especificações dos materiais
que foram aplicados no piso,
na parede e no teto de cada um
deles.

Veja no quadro ao lado a posi-


ção de cada elemento. Cabe ao
arquiteto a pesquisa dos mate-
riais adequados em catálogos de
fornecedores ou na internet. A
escolha sempre deve levar em
consideração os aspectos téc-
nico-construtivos, estéticos e
de conforto ambiental.
QUADRO DE ESQUADRIAS

As legendas que aparecem ao


lado do desenho das esquadrias
(P1, J1) indicam onde as mesmas
estarão especificadas no quadro
de esquadrias.

A nomenclatura usada pode va-


riar, contanto que se mantenha
a clareza e a legibilidade. É
aconselhável que o quadro de
esquadrias apareça na mesma
prancha onde elas estão dese-
nhadas (planta baixa).

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DENOMINAÇÃO E QUANTIDADE

Qualquer construção de um único piso terá a necessidade óbvia de uma única


planta, que será denominada simplesmente de “PLANTA”. Em construções com
vários pavimentos, será necessária uma planta para cada pavimento arqui-
tetonicamente distinto. Vários pavimentos iguais terão como representação uma
única planta, que neste caso será denominada de “PLANTA DO PAVIMENTO
TIPO”.

Quanto aos demais pavimentos, o título da planta inclui a denominação


do piso. Por exemplo, planta do 1º pavimento (ou pavimento tér-
reo), planta do segundo subsolo, planta da sobre loja, e assim por diante.

Para adequação a norma NB-140, são utilizadas as denominações “PISO” e “PA-


VIMENTO”. Não podendo ser empregada a terminologia “ANDAR”. A denominação do
número é dada: nos subsolos 1, 2, 3, etc., no sentido de quem desce; nos pa-
vimentos 1 (ou pav. térreo), 2, 3, etc., no sentido de quem sobe.

ESCALA 17

A escala usual para a representação das plantas é a de 1:50. Ocorre que para
determinadas edificações, em função de suas dimensões, essa escala pode ser
muito grande e de difícil representação. Nesses casos, costuma-se utilizar as
escalas de 1:75 e 1:100.

Escalas menores do que estas, em projetos executivos, não devem ser utiliza-
das, sendo preferível a representação da planta por partes, através de pran-
chas articuladas.

ESCALA DOS ELEMENTOS TEXTUAIS

Devem manter seu principal requisito: a legibilidade. No desenho feito à mão


os textos devem ter altura de 3 mm e 5 mm para os títulos ou textos de desta-
que. Lembrando que numa prancha se deve ter no máximo duas alturas de letras.

CHECKLIST PLANTA DOS PAVIMENTOS:


• Elementos de estrutura com indicação dos elementos estruturais (pilares);
• Modulação (se houver);
• Indicação de cortes e denominação dos mesmos (AA, BB, etc.);
• Localização dos principais equipamentos fixos e hidráulicos, como escadas, elevado-
res, balcão, sanitários, pias, bebedouros, etc.;
• Projeção da cobertura;
• Indicação dos rebaixos e projeções;
• Indicação da projeção dos reservatórios de água (inferior e superior) e sua capa
cidade em litros;
• Indicação da função e área útil em m² de cada ambiente;
• Indicação dos níveis dos pisos;
• Indicação das especificações de acabamentos de piso, parede e teto;
• Indicação das referências das esquadrias: portas (P1, P2, etc.), janelas (J1, J2,
etc.), grades (G1, G2, etc.), divisórias (D1, D2, etc.)
• Indicação do sentido de abertura das esquadrias (portas);
• Indicação dos principais acessos;
• Indicação do sentido de subida nas escadas e rampas, inclusive numerando os degraus
e colocando a porcentagem das rampas;
• Uso das convenções oficiais de hachurar os ambientes revestidos com materiais lavá-
veis (banheiros, cozinhas, áreas de serviço e terraços/varandas);
• Cotas parciais e totais de todos os elementos construtivos, em m ou cm;
• Indicação da orientação (Norte);
• Quadro de áreas, quadro de esquadrias e quadro de acabamentos;
• Denominação e escala do desenho sob o mesmo.
Escalas: 1/50, 1/75, 1/100

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Desenhando uma planta

O desenho de uma planta deve obedecer uma sequência que visa aumentar a pre-
cisão e a organização do processo.

Essa técnica pode ser apliacada na confecção de croquis, de desenho em pran-


cheta ou em desenhos em prancheta ou em desenhos elaborados em CAD.

O ponto de partida para o desenho de uma planta é a marcação de dois eixos de


referência, sendo um vertical e outro horizontal.

A partir deles procede-se à marcação das posições das paredes. Marca-se pri-
meiro sua espessura e em seguida a dimensão do vão do ambiente. Esse processo
segue até que todas as paredes estejam desenhadas. Em CAD você usará os co-
mandos de cópia paralela como, por exemplo, o comando OFFSET.

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O próximo passo é fazer uma limpeza prévia no desenho eliminando as linhas


auxiliares que posicionam as paredes.

Em seguida você deverá marcar as posições dos vãos das portas e janelas. Veja
a figura a seguir:

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Uma vez marcados os vãos deve-se efetuar a abertura dos mesmos para que os
elementos representativos das portas e janelas sejam desenhados. Em CAD você
usará os comandos de corte de segmento como, por exemplo, o conhecido comando
TRIM. Veja a figura a seguir:

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Na fase seguinte já se pode desenhar as esquadrias assim como os elementos
complementares como: escadas, linhas de nível, projeções, mobiliários, entre
outros.

Depois já se pode inserir as cotas e os elementos textuais tais como: nome do


ambiente, área, indicações das projeções, marcação de nível, legenda de es-
quadrias, entre outros.

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Finalmente, entram no processo, o desenho de elementos tais como: indicações
de cortes, indicação de fachadas, título, indicação de escala, entre outros.

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Exemplo de prancha com todos os elementos de uma planta.

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TAXA DE OCUPAÇÃO E COEFICIENTE DE
APROVEITAMENTO
(Texto de Renato Saboya (com adaptações)- Arquiteto e Urbanis- Explicando melhor...
ta, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC e do
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo - PosArq
- UFSC.)

1. Taxa de Ocupação (TO)

A TO é a relação percentual entre a pro-


jeção da edificação e a área do terreno. Ou
seja, ela representa a porcentagem do terreno
sobre o qual há edificação.

Por isso, a TO não está diretamente li-


gada ao número de pavimentos da edificação. Na
realidade, se os pavimentos superiores esti-
verem contidos dentro dos limites do pavimento Figura 1 - A TO mede apenas a projeção da 21
edificação sobre o terreno.
térreo, o número de pavimentos não fará di-
ferença nenhuma na TO. Se, ao contrário, um
ou mais pavimentos tiverem elementos que se Figura 2 - A TO apenas muda com o número
projetam para fora, então a TO será alterada, de pavimentos se houver elementos que se
projetam para além dos limites do pavimen-
conforme pode ser visto na Figura 2. to térreo.

Como padrão de referência, a Figura 3 apresenta uma idéia do que repre-


sentam taxas de ocupação diferentes.

Figura 3 - Parâmetros de referência para a TO

2. Índice de Aproveitamento (IA)

O Índice de Aproveitamento é um número que, multiplicado pela área do


lote, indica a quantidade máxima de metros quadrados que podem ser construídos
em um lote, somando-se as áreas de todos os pavimentos.

A Figura 4 apresenta duas possibilidades de edificação em um lote de 24


x 30 m, com IA = 2. A primeira, que utiliza TO = 50%, permite apenas 4 pavi-
mentos. A segunda distribui a área edificada em 8 pavimentos, cada um com TO
de 25%.

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Dessa forma, o autor do projeto arqui-
tetônico pode ir testando as possibilidades
de edificação resultantes das diversas combi-
nações de Taxa de Ocupação e Índice de Apro-
veitamento, sempre levando em consideração os
objetivos para cada zona (adensar, restringir
a ocupação, proteger a paisagem, e assim por
diante).

Dessa forma, o autor do projeto arqui-


tetônico pode ir testando as possibilidades
de edificação resultantes das diversas combi-
nações de Taxa de Ocupação e Índice de Apro-
veitamento, sempre levando em consideração os
objetivos para cada zona (adensar, restringir
a ocupação, proteger a paisagem, e assim por
diante).

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Figura 4 - Variações do número de pavimentos e da TO, mantendo
o mesmo IA.

3. Legislação Específica para T.O. e I.A.

Os detalhes sobre a aplicação desses parâmetros são definidos caso-a-


-caso, ou seja, não há uma regra geral nem uma Lei Federal que estipule com
detalhes como esses instrumentos devem ser aplicados em cada município.

Cada município possui suas próprias regras para a aplicação desses con-
teúdos. Em outras palavras, é a legislação urbanística municipal quem irá de-
terminar os detalhes da aplicação do coeficiente de aproveitamento e da taxa
de ocupação.

Essa legislação urbanística inclui, normalmente, o Plano Diretor, a Lei


de Uso e Ocupação do Solo e o Código de Obras. Elas devem definir:

• Quais os limites máximos para cada um dos parâmetros, em cada zona da cidade;

• O que deve ser contabilizado e o que não deve ser contabilizado para efeitos
de aplicação dos instrumentos. Por isso, não é possível saber de antemão esses
detalhes. Isso vai depender da realidade de cada município. Entretanto, alguns
aspectos parecem se repetir em diversos locais.

Por exemplo, não costuma ser contabilizado no coeficiente de aproveitamento:

• Sacadas, até um limite máximo de área ou de balanço;


• Garagens (nos edifícios, e mesmo assim apenas em municípios que incentivam
os pavimentos-garagem);
• Beirais;
• Áreas abertas, tais como piscinas;
• Áticos, desde que não ultrapassem uma determinada porcentagem da área do
pavimento-tipo;

Portanto, para assegurar-se sobre o que conta e o que não conta em uma
cidade, só mesmo consultando as leis mencionadas anteriormente.

4. Referências
SABOYA, R. Taxa de Ocupação e Coeficiente de Aproveitamento. Disponível em: <http://urbanidades.arq.
br/2007/12/taxa-de-ocupacao-e-coeficiente-deaproveitamento/>.Acesso em: 15 mar. 2009.

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ESCADAS

CONCEITO:
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Elemento arquitetônico que faz a circu-
lação vertical de pessoas, num edifício, in-
teriormente ou exteriormente, e também em ruas
e passeios.

Forma, quantidade de lances, patamares,


desenho do quarda-corpo???

São em função:

→ Implicações técnico construtivas,


→ Condicionantes de segurança,
→ Objetivos plásticos.

ELEMENTOS DAS ESCADAS:

2º lance

1º lance

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OUTROS ELEMENTOS:
- FOCINHO OU BOCEL: Saliência do piso sobre o
espelho (3 a 5 cm).
- CAIXA DA ESCADA: Local ou forma que contém
a escada.

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- PATAMAR: É o descanso entre os lances
da escada. Escadas com mais de 16 degraus
devem ter patamar. A largura do patamar é
a mesma da escada.

- LINHA DE PISO OU DE TRÂNSITO: É o traçado


da trajetória seguida, subindo ou descen-
do a escada, pela pessoa que se apoia no
corrimão. Em escadas estreitas e curvas a
distância da linha de trânsito ao corrimão
é de 35 a 40 cm. Já em escadas cômodas de
lances retos, a linha de trânsito está a
55 cm do corrimão.

Usamos traçar também no centro da escada.

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- LEQUE: É a parte da escada em que os
degraus mudam de direção.

- MASTRO: É a peça vertical na qual se en-


caixam os degraus da escada helicoidal.

- PERNAS: São as peças que recebem os de-


graus, sendo de madeira têm a dimensão de
4 x 25 ou 6 x 30 cm.

PERNAS
25

MASTRO

DIMENSIONAMENTO:

O deslocamento vertical deve ser execu- “O princípio fundamental da


tado de maneira segura e confortável. escada é que o esforço para
vencer a distância vertical
Para tanto, é fundamental que os elemen- deve ser o mesmo para ven-
tos da escada sejam dimensionados corretamen- cer o dobro da distância na
te.
horizontal.”
Dimensões de referência:

As dimensões dos pisos e espelhos devem


ser constantes em toda a escada, atendendo às
seguintes condições: (Segundo a NBR 9050)

a) pisos (p): 0,28 m < p < 0,32 m;


b) espelhos (e) 0,16 m < e < 0,18 m;
c) 0,63 m < p + 2e < 0,65 m.
Para saber o grau de inclinação de uma
escada, aplicar o ábaco da figura 84. Figura 84 — Escadas – Ábaco
NBR 9050
Espelho mínimo: 16 cm
Espelho máximo: 18 cm
→ Esses valores servem de base
para o dimensionamento das es-
Piso mínimo: 28 cm cadas e até mesmo das alturas
Piso ideal: 30 cm entre pavimentos de uma edifi-
Piso máximo: 32 cm cação.

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“Toda escada deve obedecer à formula de Blondel.” (Cód. de Obras Tere-
sina)

A fórmula de Blondel segue este princípio:

2.h + p = K
Onde:

h é a distância vertical (altura do espelho do degrau),


p é a distância horizontal (piso) e
K é um coeficiente que corresponde a uma distância media do passo humano, ge-
ralmente igual a 62, 63 ou 64 cm, dependendo da destinação da escada.

O valor 62 seria para escadas econômicas e os outros para escadas com


finalidades mais nobres.
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O dimensionamento pela fórmula de Blondel é feito fixando-se um dos valo-
res, geralmente h, que varia entre 15,5 e 18,5 cm (altura máxima), e calculando
o outro, no caso, p.

Por exemplo, para uma escada econômica (K=62 cm), fixemos, h=16cm.

2.16+p=62...p=30 cm

O degrau da escada terá 16 cm de altura e 30 cm de piso.

CALCULANDO
Tomando como referência as dimensões mostradas, usa-se esse procedimen-
to:

Sabe-se que o número de espelhos (E) é igual ao número de pisos (P) + 1,


ou seja:

E = P + 1

Divide-se a altura do deslocamento vertical (Ex. 2.80 m) pela altura do


espelho ideal (2.80 / 0.18 = 15.5555).

Como não podemos ter um número quebrado de espelhos, arredondamos para


16 e fazemos a conta inversa (2.80 / 16 = 17.5 cm).

Conclusão: Espelho terá 17.5 cm de altura. (Dentro da tolerância).

A escada então terá 16 espelhos de 17.5 cm cada.

De acordo com a fórmula E = P + 1, se temos 16 espelhos precisamos então


de 15 pisos.

→ Esses pisos na quantidade de lances que o projetista achar necessário.

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CÓDIGO DE OBRAS
Art. 79. A largura mínima das escadas de uso coletivo deve ser:

I - 1,50 m (um metro e cinqüenta centímetros), no caso de edificações para hos-


pitais, clínicas e similares, escolas e locais de reuniões esportivas, recre-
ativas, sociais e culturais;

II - 1,20 m (um metro e vinte centímetros) para as demais edificações.

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Art. 80. A largura máxima permitida para uma escada é 3,00 m (três metros).

Art. 82. São obrigatórios patamares intermediários nas escadas retas, quan-
do o lance da escada precisar vencer altura superior a 2,90 m (dois metros e
noventa centímetros).

Art. 83. A capacidade de elevadores, escadas rolantes ou de outros disposi-


tivos de circulação por meio mecânico, não deve ser considerada para redução
dos valores calculados do escoamento da população do edifício.

Art. 86. Toda escada deve ser disposta de forma a assegurar passagem com al-
tura livre igual ou superior a 2,10 m (dois metros e dez centímetros).

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Art. 87. O comprimento do patamar de qualquer


escada não pode ser inferior à largura adotada para a escada.

Art. 90. As escadas de uso coletivo devem ter, obrigatoriamente, corrimãos


em ambos os lados, com:

I - altura constante, sem interrupções, entre 80 cm (oitenta centímetros) e 92


cm (noventa e dois centímetros), acima do nível da borda do piso dos degraus; e
II - afastamento das paredes de, no mínimo, 4 cm (quatro centímetros).

Art. 91. Quando a largura da escada de uso coletivo for superior a 1,80 m (um
metro e oitenta centímetros), deve ser instalado também corrimão intermediá-
rio.

DESENHANDO:

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Lembretes:

- Tracejar o que estiver acima


do plano de corte da planta do
térreo;

- Numerar os degraus até o piso


do 2º pavimento;

- Cotar profundidade e largura


dos degraus;
ESCADA HELICOIDAL
- Cotar toda a extensão da es-
Calcula-se o raio médio, que é onde se
cada (projeção horizontal);
determina a linha de trânsito. Nesta linha os
pisos são todos iguais (balanceamento).
- Indicar a linha de trânsito
do início ao fim da escada e co-
O raio é calculado pegando-se o compri-
locar se sobe ou desce;
mento da linha da circunferência:
- Desenhar corretamente o cor-
rimão.
c = 2πr = p(n-1) → R = p(n-1)

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____________________________
Calculado o raio médio, a linha de trân- ____________________________
sito ao corrimão interno ou ao mastro é no mí- ____________________________
nimo 50 cm (ou 1/3 da largura da escada).
____________________________
O raio total da circunferência é deter- ____________________________
minado pela área disponível ou dimensão dese- ____________________________
jada para a escada. Verificar o escape de 2 m.
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