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GUIA PÓS SALVAÇÃO

VOLUME 1: CALCULANDO O TRAJETO

ISABELLA BARROS GAMA

Revisão Martha Barros


2019
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1 Em Crescimento
2 Gestação Espiritual
3 Bebê Espiritual
4 Menino Espiritual
5 Jovem Espiritual
6 Varão Espiritual
7 A Semeadura e o Crescimento Espiritual
8 O Aprendizado nos Níveis
9 Tentações nos Níveis
10 Método de Crescimento Espiritual
11 Dieta Espiritual
12 Ritos de Passagem
13 Avançando para o Próximo Nível
CONCLUSÃO
ORAÇÃO PARA SALVAÇÃO
REFERÊNCIAS
CANAIS DE CONTATO
INTRODUÇÃO

F ui salvo... e

que vamos avançando com


aí?
Diferentemente da escola em

colegas da mesma idade para a próxima série, na Igreja nós acompanhamos os cultos
toda semana ao lado de pessoas de todas as idades espirituais. Novos convertidos
sentem dificuldade em compreender, no início, todos os mistérios do reino de Deus e
normalmente reclamam que não conseguem entender a Bíblia. Alguns recuam e
voltam a viver suas vidas mundanas, enquanto outros assumem que o cristianismo é
mais uma religião e se preocupam apenas em cumprir suas obrigações rituais.
Afinal, qual o próximo passo depois da salvação? No momento em que
atendemos ao apelo de aceitar a Jesus como Salvador e Senhor, nos tornamos filhos de
Deus. Recebemos o perdão dos pecados, a reconciliação com Deus e a vida eterna que
Jesus conquistou na cruz do Calvário. Todas essas coisas maravilhosas ocorrem no
âmbito espiritual. Mas quando acordamos no dia seguinte, ainda temos que trabalhar,
ir à escola, comer e dormir como todos os outros dias de nossa vida. Habitamos em
um mundo material e temos problemas, necessidades, dúvidas e decisões a tomar.
Sem consciência de nossa vida espiritual, nossa tendência é separar as coisas
espirituais para o culto no domingo e as coisas seculares para a semana. Convidamos
Jesus para o nosso coração no dia em que fomos salvos, mas o deixamos de fora de
todo o restante de nossa vida. Talvez tenhamos dado permissão para ele cuidar de
algumas de nossas dificuldades, mas nada mais que isso. Então, nos sentimos tristes
quando buscamos a Deus e não O encontramos.
A boa notícia é que há vida depois da salvação! A salvação é um fato
consumado pela morte de Jesus. Mas no presente nós ainda passamos por um processo
de santificação, que ocorre durante todo o período de nossa vida. A santificação não
está limitada à pureza conjugal. A santificação é um caminho de crescimento
espiritual em que vamos abandonando a velha natureza e nos tornando cada vez mais
à imagem e semelhança de Cristo. Quando nosso interior muda, nosso exterior
começará a dar mostras disso. À medida que vamos dando espaço para Deus nos
transformar, mais áreas de nossa vida irão acompanhar a salvação.
O mundo está em processo de decadência. Não espere de um ímpio uma
melhora de comportamento. Ainda que ele tente avançar, sua tendência é retornar aos
velhos hábitos, porque o poder de transformação está em Cristo. O cristão é um
privilegiado, porque ele não se submete à corrupção da Terra. O cristão está em
processo de crescimento. Se um cristão não está dando sinais de mudança, desconfie
de sua conversão.
Nas próximas páginas desse livro, falaremos sobre as etapas do “crescimento
espiritual”. Espero que o leitor consiga identificar-se em um dos níveis espirituais e
seja estimulado a continuar progredindo na fé. Tornar-se um cristão é muito mais que
frequentar uma Igreja uma vez por semana e orar antes de comer e dormir. É ter um
relacionamento íntimo e pessoal com Deus, por meio do qual vamos amadurecendo
em espírito, alma e corpo.
Compreender o cristianismo como uma jornada ao invés de um destino nos
tornará mais perseverantes enquanto avançamos. Quem crê que Deus é um gênio da
lâmpada que atenderá a todos os seus pedidos rapidamente se frustrará e desistirá do
caminho. A cada novo nível espiritual, há novas vitórias e novos desafios. Só
obteremos determinadas bênçãos e conquistas se estivermos maduros o suficiente para
alcançá-las sem abandonar a Deus. Ao mesmo tempo, não poderemos progredir se não
estivermos dispostos a enfrentar as provações e tribulações do dia a dia. O
fundamental é que continuemos prosseguindo para o alvo, como bem afirmou o Ap.
Paulo, em Filipenses 3:14.
Quando entendermos que precisamos crescer em nossa vida cristã como nas
demais áreas de nossa vida, não ficaremos preocupados com as circunstâncias, porque
elas sempre estarão presentes. Sempre teremos algo novo para lidar. Se focarmos em
nosso relacionamento com Deus, Ele nos ajudará em nossos problemas, mas se
focarmos em nossos problemas, não seremos capazes de manter a comunhão com
Deus por muito tempo. Melhor do que saber a resposta é conhecer Aquele que sabe
todas as respostas. Só quando conhecemos verdadeiramente a Deus podemos confiar
que Ele age em nosso favor.
Minha oração é que estas mensagens sejam aplicadas ao seu coração e que
você seja edificado por meio delas. Que você possa crescer até a plena “maturidade
espiritual” e seja fortalecido em seu relacionamento com Deus a cada dia,
conhecendo-O mais íntima e profundamente. Se conservarmos nossa fé até o fim,
Aquele que começou a boa obra em sua vida é fiel para completá-la até o Dia da volta
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!
1
Em Crescimento
“Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus.”
(João 3:3)

O Novo Nascimento

J esus surpreendeu a Nicodemos


quando disse que, para entrar no
reino de Deus, ele precisava
nascer de novo (João 3:3). Nicodemos era um fariseu, um homem religioso versado
nas tradições dos judeus e nas leis de Moisés e que conhecia as Escrituras desde seu
nascimento. Ele reconheceu que Jesus vinha da parte de Deus, mesmo que isso
pudesse macular sua reputação no cargo de liderança que exercia.
Porém, mesmo sendo mestre, Nicodemos não entendeu o que Jesus queria
dizer com “nascer de novo”. Ele pensou no nascimento natural e achou que Jesus
estava-lhe dizendo que um homem já velho deveria voltar ao ventre materno e nascer
pela segunda vez. Mas Jesus lhe respondeu: “Quem não nascer da água e do Espírito
não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é
nascido do Espírito é espírito”. (João 3:5-6).
Quando alguém faz a oração da salvação e aceita a Jesus como Senhor e
Salvador, dizemos que essa pessoa “nasceu de novo”. Nascer de novo não significa
apenas que a pessoa começará uma nova vida, lavada de seus pecados e com destino
ao Céu quando morrer. Nascer de novo é a gênese de uma nova natureza em nosso
interior.
Quando Adão pecou, o princípio do pecado e da morte entrou no mundo. Uma
das consequências do pecado foi a morte espiritual. Por mais que todo ser humano
seja formado por um espírito, que possui uma alma e habita em um corpo, nossa
natureza espiritual encontra-se adormecida até que aceitemos a obra de Jesus na cruz
do Calvário. A Palavra diz que, quando Cristo ressuscitou, fomos ressuscitados
juntamente com ele (Efésios 2:6). Nosso espírito, que estava morto, reviveu. Ele
nasceu de novo.
Quando nascemos de novo espiritualmente, começamos do início, como um
bebê que acaba de sair do ventre de sua mãe. No entanto, muitas pessoas param no
novo nascimento e não se dão ao trabalho de desenvolver sua nova natureza espiritual.
A Bíblia não fala muito sobre a infância de Jesus. Diz apenas que ele crescia
“e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.”
(Lucas 2:40). Era tão natural para Jesus ler e estudar a Palavra, que ele ficou mais três
dias no templo depois da Festa da Páscoa, ouvindo os doutores da lei e interrogando-
os (Lucas 2:41-47). Por isso, a Bíblia afirma que “crescia Jesus em sabedoria,
estatura e graça, diante de Deus e dos homens.” (Lucas 2:52). O nascimento é o
primeiro passo, mas precisamos crescer!

A Necessidade de Crescer

Se quisermos ter uma vida cristã bem sucedida, precisamos rever a motivação
de nossa escolha. Aceitamos a Cristo apenas para abraçar uma religião? Ou para obter
bênçãos materiais? Ou por medo de ir para o inferno? O legalismo, o interesse ou o
medo podem até nos levar à salvação, mas não irão sustentar uma vida com Deus por
muito tempo. Sucumbiremos ao primeiro teste e, então, ou nos desviaremos do
caminho ou optaremos por ser cristãos de meio período, que cumpre obrigações
religiosas, mas continua vivendo para o mundo.
Qual a correta motivação de uma vida cristã autêntica e poderosa? É manter
um relacionamento com Deus. Muitas pessoas até começam bem suas jornadas, mas
chega um momento em que sua comunhão com Deus torna-se fria e cai na rotina.
Nesse momento, muitos desanimam e até acham que cometeram um pecado
imperdoável. Na verdade, quando chegamos ao limite de nossa relação com Deus, é
hora de começar uma nova etapa com Ele. É hora de crescer espiritualmente!
Muitas pessoas julgam que aceitar a Jesus é o ápice da vida cristã. Mas esse
deveria ser apenas o início! Sabemos que tudo na vida é um processo: passamos por
séries na escola, estágios no trabalho, fases em nosso crescimento físico. Quando o
assunto é “maturidade espiritual”, no entanto, nos contentamos apenas com o
nascimento. Não queremos estudar, nos preparar, nos desenvolver, nos capacitar.
Limitamos a vida cristã a um hábito de ir à Igreja uma vez por semana para cumprir
nossa obrigação religiosa.
Há um desenvolvimento de nosso corpo físico, que é visível, enquanto
estamos crescendo. Conforme vamos envelhecendo, nosso corpo passa pelas mais
diversas mudanças. Há um desenvolvimento intelectual, conforme aprendemos
conteúdos na escola, em cursos, na universidade, nos treinamentos profissionais. Mas
há um treinamento espiritual pelo qual precisamos passar ou permaneceremos “bebês
na fé” pelo resto da vida. E qual o problema disso? É que bebês são presas fáceis do
diabo.
Na maioria das vezes, somente nos dispomos a buscar a Deus quando surge
um problema. Por um breve período, até fazemos as coisas do jeito certo: pedimos
perdão, nos arrependemos, louvamos, oramos, lemos a Bíblia, jejuamos, compramos
literatura e materiais cristãos. Quando obtemos resultado, colocamos tudo de lado e
voltamos a fazer as mesmas coisas que nos colocaram em apuros da primeira vez. Se
as dificuldades retornarem, voltamos ao início do ciclo: arrependimento, perdão,
louvor, consagração... Não é à toa que tantos cristãos vivam sempre em tribulação.
Deus sabe que se a vida deles melhorasse de uma vez, eles abandonariam a fé e se
desviariam definitivamente.
Se nosso esforço estivesse voltado para manter um relacionamento diário com
Deus e crescer espiritualmente, não precisaríamos começar do zero toda vez que
surgissem as dificuldades. Seríamos capazes de evitá-las ou enfrentá-las sem medo,
pois já estaríamos preparados antecipadamente.
Quando Jesus disse que o reino dos céus é tomado mediante esforço (Mateus
11:12), ele não estava falando sobre provações e tribulações. Ele estava dizendo que
só os que prosseguem no caminho chegam ao final. O contexto deste versículo
revelava que apenas os que perseverassem no caminho de arrependimento preparado
por João Batista é que reconheceriam a Jesus, quando ele se manifestasse.
Deus não está preocupado em que alcancemos a perfeição. Num piscar de
olhos, Ele nos transformará ao ressoar da última trombeta (1 Coríntios 15:51-52).
Nem é nossa tarefa mudar a nós mesmos. Segundo 1 Pedro 5:10, quando Deus nos
chama, passamos por um sofrimento passageiro, que é o sofrimento de crescer, mas
depois, Ele mesmo se encarrega de nos aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.
Qual é nossa parte, então? É permanecer crendo, obedecendo, perseverando e
avançando até a volta de Cristo. Mas se optarmos pelo sedentarismo, nunca iremos
amadurecer espiritualmente. Como afirma o Ap. Paulo, se os atletas são disciplinados
para receber uma medalha corruptível, quanto mais nós, que temos a promessa de
glória eterna, devemos nos preparar para o dia da prova final (1 Coríntios 9:25)!

As Fases do Crescimento Espiritual

Assim como o crescimento físico e o intelectual, o “crescimento espiritual”


passa por diversas fases. Em Marcos 4:26-29, Jesus comparou o reino de Deus à
semeadura no campo. Na parábola dos lavradores maus (Mateus 21:33-41), Deus é
caracterizado como o dono de uma vinha que arrendou sua terra a uns lavradores. O
proprietário da terra esperava receber os frutos que lhe eram devidos, mas os
lavradores quiseram desfrutar dos benefícios da colheita, sem prestar contas a seu
senhor do que faziam.
Assim ocorre no âmbito espiritual. Deus entrega sementes aos homens e confia
a eles a administração de sua seara. Os homens plantam essas sementes, desfrutam da
sombra e do alimento extraído da colheita, mas se esquecem de oferecer ao Senhor os
frutos de sua seara. Muitos cristãos começam bem, mas passam a buscar a Deus pelas
bênçãos e deixam de usar as sementes dos frutos que colheram para o reino de Deus.
Quando o dono da vinha vier pedir contas de sua colheita, ele removerá os
interesseiros de sua posição de autoridade e passará o arrendamento da terra a outros.
A primeira etapa da agricultura ocorre quando o agricultor lança a semente
sobre a terra. Na fase de “gestação espiritual”, o feto não é responsável por seu
crescimento. Outra pessoa fará o esforço até que o bebê nasça. Os “pais espirituais”
precisam ser pacientes com aquele que está sendo ensinado no reino de Deus pela
primeira vez, porque esses “bebês espirituais” dependem das revelações de seus
líderes e precisam ser alimentados por eles com a Palavra, até que possam prová-la
por si mesmos.
Voltando à parábola de Marcos 4:26-29, o semeador faz o esforço de plantar,
mas ele dorme e se levanta, dia após dia, e a semente germina e cresce, sem que ele
saiba como. Não conseguimos precisar quando ou como o desenvolvimento espiritual
acontece. É Deus quem dá o crescimento. Mas as pessoas ao redor de nós podem-se
surpreender com a mudança em nossa personalidade e em nosso agir.
Jesus descreve quatro etapas após a semeadura: a erva, a espiga, o grão cheio
da espiga e o fruto maduro para a ceifa. Nos próximos capítulos, analisaremos em
detalhe cada fase, desde o “nascimento espiritual”, passando pela infância e
adolescência, até chegar à idade adulta.
Precisamos ter em mente que sempre há espaço para mais crescimento no
reino de Deus. Ainda que tenhamos amadurecido completamente em uma área de
nossa vida, podemos estar agindo como bebês em outra. Ao invés de nos sentirmos
desencorajados por tudo o que ainda falta amadurecer, podemos estar seguros que
nossa imaturidade é passageira. Nosso alvo é continuar prosseguindo e desenvolvendo
nosso espírito até que ocorra a ceifa e o Senhor da vinha venha pedir contas dos
recursos que Ele nos disponibilizou.
2
Gestação Espiritual

“meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em
vós”
(Gálatas 4:19)

N inguém espera um aumento


populacional sem que haja
um crescimento do número
de nascimentos. Porém, os cristãos desejam ver mais pessoas sendo salvas sem que
haja prévia “gestação espiritual”! Para um evangelismo ser bem sucedido, é preciso
que haja intercessão.
A intercessão é comparada na Bíblia à gestação. O Ap. Paulo disse que sofria
dores de parto pelos gálatas, até que Cristo fosse formado neles (Gálatas 4:19).
Quando oramos em favor da salvação de alguém, inicia-se um processo de gestação.
A gravidez pode ser um momento de felicidade, mas há muitas dores até que o bebê
nasça. Muitas vezes a atitude de alguém por quem intercedemos pode piorar ao invés
de melhorar, porque Deus começa a tocar na pessoa e isso, muitas vezes, traz
desconforto para seu antigo estilo de vida.
A passagem da mula de Balaão (Números 22:21-34) ilustra bem o processo de
intercessão. A mula representa o intercessor, que carrega nas costas o Balaão até seu
encontro com Deus. Durante o trajeto, a mula foi muitas vezes machucada pelo
próprio Balaão, ainda que ela o estivesse protegendo do anjo que vinha matá-lo. Uma
hora os olhos de Balaão foram abertos e ele finalmente pôde ver o anjo e se
arrepender de seus maus caminhos. O interessante é que o anjo só se revelou porque
se preocupou com a mula que havia sido espancada mesmo guiando Balaão ao rumo
correto.

Princípios da Intercessão
A intenção deste capítulo não é explorar a fundo o assunto da intercessão, mas
tratar de alguns princípios básicos. O primeiro e mais óbvio é que não há gravidez
sem intimidade. A intercessão funciona quando alguém se dispõe a orar por uma
pessoa e vem a Deus, em comunhão, em favor dela. Deus planta a semente no coração
do intercessor e ele passa a gestar a salvação daquela pessoa até o dia da visitação de
Deus, ou seja, o dia do nascimento. O primeiro princípio, então, é: não há intercessão
eficaz sem a comunhão do intercessor com Deus.
O segundo princípio é o da identificação. Quando apresentamos a Deus a
causa da pessoa por quem intercedemos, tomamos o lugar dela, como um advogado.
Jesus não pôde representar os homens perante Deus antes de vir na forma humana. Ele
se identificou com a natureza humana e pôde assim se apresentar a Deus no lugar da
humanidade.
Outra característica do intercessor deve ser a submissão. Como Cristo é o
cabeça da Igreja, Deus é quem dá as ordens na intercessão. Haverá momentos em que
queremos interceder por alguém, mas não haverá unção para isso. E haverá momentos
em que não queremos mais interceder e Deus nos compelirá a continuar. Quem
determina a hora de começar e a hora de parar é Deus.
Muitas pessoas estão “apanhando”, porque Deus quer corrigir alguém e elas
estão se colocando entre a correção de Deus e a pessoa. O intercessor precisa aprender
que não é sua função resgatar o próximo, mas guiá-lo até que Deus venha com a
salvação. Às vezes, precisamos deixar Deus agir na vida de alguém, porque é por
meio das dificuldades que a pessoa buscará a Deus. Tentar protegê-la pode interferir
na maneira de Deus operar.
Quando Deus nos direciona a orar por alguém, Ele não interage com a pessoa
diretamente, por causa de seus pecados, mas Ele vê o intercessor. Então, quando Deus
destaca alguém para orar por um indivíduo, Ele aceita a intercessão de quem Ele
escolheu. Ele espera que o intercessor cumpra o que Ele ordenou, ainda que o
indivíduo não mereça. Não intercedemos por aqueles que achamos que merecem,
intercedemos em obediência a Deus.
Como visto no primeiro princípio, o relacionamento e a comunhão com Deus
vêm antes do nosso próprio interesse pela pessoa. Caso contrário, corremos o risco de
nos relacionar com a pessoa e deixar que ela seja uma barreira entre nós e Deus.
Nosso zelo é por Deus em primeiro lugar, senão a intercessão acabará se tornando
idolatria por alguém de quem gostamos muito e queremos ver liberto e salvo.
Outro princípio da intercessão é a visão. Conforme vamos orando por alguém,
Deus nos vai revelando o que exatamente está se passando com a pessoa, para que
nossa oração seja eficaz. A direção do Espírito é fundamental, pois às vezes há uma
situação escondida na vida da pessoa. Deus é o único que sonda corações e conhece os
mais íntimos pensamentos de nosso interior. Às vezes, nem a própria pessoa entende
pelo que está passando. O intercessor também pode ser avisado pelo Espírito e ser
impelido a orar, sem saber que, naquele momento, a pessoa se encontrava em uma
situação de perigo.
Por fim, o princípio mais importante da intercessão é a compaixão. A palavra
compaixão deriva da palavra útero. A compaixão é o sentimento de misericórdia por
aquele que está sofrendo. Se guardamos uma mágoa contra alguém, não
conseguiremos orar por ele. Aliás, sabemos que perdoamos alguém quando
conseguimos orar pela pessoa que nos feriu. A Bíblia nos manda abençoar os que nos
perseguem (Romanos 12:14), mas só conseguiremos cumprir o que está escrito se
pudermos enxergar que aquela pessoa está sendo enganada por Satanás e que o diabo
é quem pretendeu nos machucar.
Devemos ter piedade dos que nos maltratam, pois Deus cuida de nós, mas eles
estão com um grande problema perante Deus. Deus já tinha decretado a transformação
da sorte de Jó, mas Jó teve de interceder por seus amigos que o acusaram duramente, a
fim de receber a bênção dobrada (Jó 42:10). Deus pôde ouvir a oração de Jó, porque
ele estava em retidão. Eram os que o acusavam que precisavam de ajuda.
Compaixão tem a ver com identificação, pois, a menos que nos vejamos na
mesma condição da pessoa por quem intercedemos, não conseguiremos nutrir
compaixão por ela. Isso é cumprir o mandamento de amar ao próximo como a nós
mesmos. Se amamos a nós mesmos acima do próximo, não seremos capazes de
interceder por ele, porque estaremos focados em nossos próprios interesses. Da
mesma forma, se colocarmos o próximo acima de nós acabaremos em idolatria e
ferindo o primeiro mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas.
Não há novos nascimentos espirituais sem intercessão. Se você pertence a
Jesus hoje, alguém intercedeu por você, ainda que nem você nem o intercessor
soubessem disso. Às vezes intercedemos por uma cidade ou por perdidos de forma
genérica e não conhecemos a pessoa que está sendo alcançada. Se você já é um cristão
espiritualmente maduro, é hora de começar a conceber outras sementes e expandir o
número de nascimentos do reino de Deus!
Uma coisa é certa: alguém amou você o suficiente para enfrentar a espera e as
dores da gestação e do parto em seu favor. Jesus é nosso grande intercessor. Depois da
ressurreição, ele se assentou à direita do Pai e se mantém intercedendo por nós
continuamente (Romanos 8:34). Além dele, alguém se colocou na brecha entre você e
Deus para que você fosse salvo (Ezequiel 22:30), concretizando na Terra a vontade de
Jesus nos Céus. A Bíblia diz que há júbilo nos Céus quando um pecador se arrepende
(Lucas 15:7). Deus comemora seu “aniversário espiritual”! Mas a salvação é apenas o
primeiro passo. Ainda há muito caminho pela frente!
3
Bebê Espiritual

“Despojando-vos, portanto, de toda maldade e dolo, de hipocrisias e invejas e de toda


sorte de maledicências, desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o
genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se
é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso.”
(1 Pedro 2:1-3)

E m 1 Pedro 2, o apóstolo
escreve aos cristãos da
primeira Igreja uma
mensagem interessante. No versículo 2, ele afirma que os seguidores de Cristo
deveriam, como crianças recém-nascidas, desejar ardentemente o genuíno leite
espiritual, para que eles pudessem crescer até o ponto em que completassem sua
salvação. Isso nos mostra que aceitar a Jesus como Senhor e Salvador é apenas a
primeira parte do processo de salvação. Precisamos desenvolver nossa salvação com
temor e tremor (Filipenses 2:12).
Em 1 Pedro 2:3, Pedro continua afirmando “se é que já tendes a experiência
de que o Senhor é bondoso”. A primeira experiência que temos da salvação é a
confirmação de que Deus existe e que somos pecadores precisando de salvação. No
entanto, a fé também traz a convicção de que Deus se torna galardoador dos que O
buscam (Hebreus 11:6).
Já se disse que, se quisermos ter certeza de que um pedido será atendido,
devemos pedir oração para um novo convertido. Deus abençoa abundantemente os
“bebês espirituais”, porque eles ainda precisam conhecer o caráter bondoso de Deus.
Em Salmos 8:2, o salmista diz que “da boca de pequeninos e crianças de peito
suscitaste força”. Só por meio de manifestações visíveis a fé dos novos convertidos é
fortalecida. Deus se revela a eles por meio das bênçãos, porque o entendimento desses
“bebês espirituais” ainda ocorre por meio do mundo material.
Se eles não vissem sinais e milagres, tudo se tornaria religião. A pessoa iria à
Igreja, leria a Bíblia, oraria por obrigação religiosa, mas sem conhecer realmente a
Deus. Inicialmente, são as bênçãos que nos mostram que Deus existe e que Ele
recompensa os que O buscam.
Mas conforme vamos amadurecendo, não podemos viver só das bênçãos, mas
da Palavra que sai da boca de Deus (Mateus 4:4). Ver prodígios é maravilhoso, mas o
povo de Israel viu pão caindo do céu pela manhã, carne de codornizes inundando o
arraial à tarde e água saindo da rocha em meio ao deserto e continuou murmurando
contra Deus e Moisés (Êxodo 16 e 17). Se não tivermos uma fé em Deus fortalecida,
iremos nos acostumar às bênçãos e nos tornaremos filhos ingratos.
Logo depois desses acontecimentos extraordinários, Deus tentou revelar Sua
glória ao povo de Israel. A glória é a revelação da própria Presença do Deus Todo-
Poderoso. Deus veio sobre o monte Sinai e houve trovões, relâmpagos e um som de
trombetas muito alto. Uma espessa nuvem cobriu o monte. Diante dessas
manifestações, o povo estremeceu e ficou de longe. Eles pediram a Moisés para falar a
Deus no lugar deles, porque eles temeram morrer. Moisés lhes respondeu que não
precisavam ter medo, uma vez que aquela visão sobrenatural não era para o mal, mas
para prová-los e para que o temor de Deus entrasse em seus corações para não
pecarem. Mesmo assim, o povo se afastou da nuvem da Presença de Deus (Êxodo
20:18-21).
O novo convertido precisa do ensino da graça. A graça é o favor sobrenatural
de Deus, que nos concede a salvação e todas as bênçãos. Só que a graça também é o
poder e a capacitação divinos para vivermos uma vida reta e santa. A graça sem o
temor de Deus reduz a autoridade e a soberania de Deus aos nossos olhos. Nós
reduzimos a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível e passamos a adorar a criatura no lugar do Criador (Romanos 1:23,25).
Foi exatamente isso que aconteceu com o povo. Eles queriam que Moisés
intercedesse por eles para que eles tivessem as bênçãos de Deus. Mas quando Moisés
voltou ao monte e se demorou por lá, o povo construiu um bezerro de ouro e o adorou
(Êxodo 32:1-10). Não é assim com muitos da Igreja hoje? Eles pedem orações para
receber sua bênção, mas não querem buscar a Deus por si mesmos. Se eles fazem uma
petição e Deus demora em responder-lhes, eles voltam ao seu antigo estilo de vida e
tentam obter os milagres com suas próprias mãos.
Por esse motivo é que, depois de um tempo sendo abençoado, Deus precisa
começar a reter as bênçãos materiais dos novos convertidos. Ele vai “retirando a
chupeta” deles, para que provem se estão buscando a face de Deus ou apenas Suas
mãos.
Como ocorreu no monte Sinai, a intenção de Deus não era “matar” o “bebê
espiritual”, retirando seu sustento. Era fazer com que ele O buscasse mais profunda e
intimamente. Quando o novo convertido tem sua fé fortalecida pela Palavra
verdadeira, as leis de Deus são inscritas no seu coração e na sua mente (Jeremias
31:33). Ele não precisa de uma lista de regulamentos e regras da Igreja sobre o que um
cristão não deve fazer. Deus os dirigirá de forma pessoal, mostrando o que é ou não
compatível com o estilo de vida de um seguidor de Cristo.
O mais importante de nos achegarmos a Deus é que Ele produzirá em nós um
temor santo, que nos afasta do pecado. Aquele que ama a Deus se afasta do pecado
porque não quer quebrar a aliança com um Deus tão maravilhoso que cuida de nós em
nossas mínimas necessidades. Mas aquele que não construiu um relacionamento com
Ele acha que o pecado é uma série de limites imposta por um Deus vingador que não
quer que Seus filhos sejam felizes.

Bebês Espirituais São Carnais

Identificamos os “bebês espirituais” porque eles ainda agem segundo a carne.


Em 1 Pedro 2:1, o Ap. Pedro diz que esses cristãos manifestavam maldade, dolo,
hipocrisia, inveja e maledicência. Não está errado começar a vida cristã assim. Não
devemos julgar o novo convertido como um cristão maduro e exigir dele uma
transformação completa da noite para o dia.
O “bebê espiritual” não sabe diferenciar o desejo da carne do incentivo do
Espírito Santo. Ele ainda agirá de forma precipitada, de acordo com seus impulsos
naturais. Ele pode até fazer obras para Deus, mas as fará de modo carnal. Por
exemplo, o novo convertido pode pensar que precisa pagar pelo perdão de Deus por
meio de boas obras. Ou pode crer que só merecerá as bênçãos de Deus se der uma
oferta generosa ou trabalhar na Igreja.
O motivo pelo qual o novo convertido age dessa maneira é que, até então, ele
só conheceu o sistema do mundo. No sistema do mundo, é justo que obtenhamos o
que precisamos por meio do esforço pessoal. Se fosse assim no reino de Deus, a glória
seria nossa e não de Deus. Poderíamos cobrar as bênçãos como um contrato: eu
cumpro minha parte e Deus cumpre a dEle. Efésios 2:9 diz que se pudéssemos
comprar a salvação por meio de obras, nós poderíamos nos glorificar. A verdade é
que, se fôssemos capazes de pagar pela salvação, pelo perdão e pela graça de Deus
não precisaríamos da obra de Jesus.
No reino de Deus, o processo é invertido. Não agimos de forma correta para
que Deus nos ame. Porque Deus nos ama, nós passamos a querer agir de uma maneira
que O agrade. Se o novo convertido não sente necessidade de mudar seu
comportamento e sua atitude mundanos depois de conhecer a Palavra de Deus, ele
ainda não se converteu de verdade. Conforme nos entregamos a Deus, tudo aquilo que
está em desconformidade com as Escrituras começa a nos incomodar.
Pela influência do Espírito Santo e pela convivência com outros cristãos, o
“bebê espiritual” vai naturalmente abandonando seu antigo estilo de vida. O recém-
nascido adquire as características daqueles que o criaram. Assim, o “bebê espiritual”
vai-se assemelhando a Deus, por meio do desenvolvimento dos frutos do Espírito
(Gálatas 5:22-23). Deus o vai restaurando à Sua Imagem e Semelhança, como fomos
criados para ser. Ele também sofre influência de seus pais espirituais. Por isso, é
importante que o novo convertido esteja debaixo de uma boa liderança espiritual que
lhe sirva de exemplo.
Vamo-nos despindo do velho homem e nos revestindo do novo homem aos
poucos, por meio da renovação da mente (Colossenses 3:10). A renovação da mente é
o processo pelo qual abandonamos as máximas e paradigmas do mundo e passamos a
incorporar os valores e princípios do reino de Deus. Essa transformação não é
automática; sua velocidade depende do empenho que o recém-convertido dará às
coisas espirituais. É normal que ele ainda manifeste algumas atitudes carnais por um
tempo. O incomum é amadurecer e continuar agindo da mesma maneira.
Genuíno Leite Espiritual para Bebês

Como o novo convertido cresce? Por meio do genuíno “leite espiritual”. Esse
leite nada mais é que a base dos fundamentos da fé cristã; os valores e princípios que a
Palavra nos apresenta. Devemos aprender quem somos em Cristo e o que Deus nos
quer tornar. Devemos compreender as novas características do reino de Deus
(Romanos 14:17): (i) justiça vinda de Deus e não por vingança; (ii) paz que vem do
interior e não depende de circunstâncias e (iii) alegria no Espírito Santo e não na
satisfação de nossos desejos e impulsos carnais.
O novo convertido precisa compreender o plano de salvação de Jesus; a obra
do Espírito Santo; os dons e frutos do Espírito e as obras da carne; as funções do Pai,
do Filho e do Espírito Santo; a diferença entre corpo, alma e espírito.
Ao ler a Bíblia pela primeira vez, não espere do recém-convertido revelações
de mistérios espirituais. Primeiro ele precisa tomar conhecimento do conteúdo para
poder fazer associações e, só então, obter revelações. Por isso é tão importante
ensinarmos nossos filhos desde pequenos sobre a Bíblia. Quanto mais cedo eles
aprenderem, mais rápido passa a fase de conhecimento para um aprendizado mais
profundo. Eles vão crescer fisicamente sabendo a narrativa bíblia e já vão estar
preparados para novas etapas na fé. A idade física não importa para Deus, o que Ele
vê é a “maturidade espiritual”.
O novo convertido deverá apoiar-se na revelação da Palavra dada a outros,
como pastores e líderes. É bom que o novo convertido se cerque de literatura cristã de
boa qualidade e se firme em uma Igreja que lhe dê crescimento, mas é
importantíssimo que ele leia a Bíblia por si mesmo. Só assim ele poderá conferir se há
relação entre o que foi dito e o que está contido na Palavra e poderá distinguir o que é
genuíno do que não é.
Muitas vezes ouvimos coisas erradas sobre as histórias da Bíblia no mundo e
nem sabemos que são falsas. Até dentro da Igreja se encontram doutrinas religiosas
falsas e precisamos saber diferenciá-las. Paulo e Silas elogiaram os cristãos de Beréia,
porque estavam abertos para ouvir a mensagem sem deixar de examinar as Escrituras
para conferir se o que os apóstolos diziam era verdade (Atos 17:11). Eles não
confiavam em homens, confiavam na Palavra de Deus!
Como todo bebê, o recém-convertido precisa de um acompanhamento mais
próximo, para ajudá-lo a continuar no caminho. No entanto, como muitos cristãos
ainda se recusam a largar suas chupetas e começar a andar sozinhos, as Igrejas não
tem conseguido acompanhar tantos novos nascimentos. Gerações de “recém-nascidos
espirituais” ficam desatendidas e acabam voltando às velhas práticas.
Um bebê vai-se transformando em criança com o tempo. Se o novo convertido
insiste no caminho, é alimentado com o leite da Palavra e se firma nas bases da fé,
ouvindo-as repetidamente até fixá-las, as mudanças vão aparecendo em sua vida. E as
transformações começarão a afetar suas motivações, seus pensamentos, suas palavras,
seu comportamento até que estejam prontos para avançar para a próxima fase.
4
Menino Espiritual
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até
que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais
sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo
vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao
erro.”
(Efésios 4:11-14)

Q
uando Isaque foi desmamado, Abraão
comemorou com um grande banquete
(Gênesis 21:8). Passar da fase de “bebê
espiritual” para a fase de menino é uma festa para a Igreja, que precisa de cristãos
maduros, mas é certamente um período de sofrimento para o bebê que agora precisa
buscar uma fonte de sustento mais substancial.
Por meio de um bom fundamento da Palavra, vamos amadurecendo na unidade
da fé e no conhecimento sobre Jesus, até sermos cheios de sua plenitude, conforme diz
Efésios 4:11-13. Precisamos da estrutura da Igreja estabelecida pelos apóstolos; das
palavras de profecia dos profetas; da mensagem de salvação aos perdidos dos
evangelistas; da direção e do cuidado diário dos pastores e do ensino dos mestres para
completar esse objetivo.

Meninos São Instáveis

O “menino espiritual” é alguém que ainda está formando seu caráter. Ele ainda
é instável, porque não sabe se deve seguir sua vontade ou a vontade de Deus. Em 1
Coríntios 14:20, o Ap. Paulo diz: “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia,
sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos”.
Jesus disse que se não fôssemos como crianças não entraríamos no reino dos
céus (Mateus 18:3). Isso quer dizer que devemos ser inocentes, simples, humildes,
confiantes, curiosos e alegres. A criança é inocente, porque ela não tem malícia nem
maldade. A criança é simples, porque seu entendimento é simples. Ela sabe
diferenciar o bem e o mal e não precisa complicar seu raciocínio. A criança é humilde,
porque não faz comparações, nem faz julgamento das pessoas. A criança é confiante,
porque não sabe tomar decisões, logo precisa confiar em alguém maior do que ela
para isso. Ela não tem razões para desconfiar, a não ser que alguém traia sua
confiança. A criança é curiosa, porque tudo para ela é novidade. Ela sente prazer em
aprender. A criança é alegre, porque não se deixa abater pelas responsabilidades e nem
pelas adversidades. Ela desfruta sua vida, porque confia que alguém está no controle
da situação. Por essas razões, podemos entender o motivo pelo qual Deus quer que
sejamos como crianças na nossa perspectiva do reino espiritual.
Todavia, no juízo, precisamos ser pessoas amadurecidas. Precisamos ser
prudentes e precavidos. Maturidade significa estar preparado. Muitas pessoas creem
que o cristão é um crédulo. Cristãos não devem ser crédulos, mas crentes. O crédulo é
aquele que acredita em qualquer coisa, porque não verifica seu conteúdo. Ele é
ingênuo e tolo e por isso cai em mentiras. O crédulo acaba sendo enganado, pois não
consegue distinguir a verdade da fábula. Somos alertados em 1 João 4:11 a provar se
os espíritos procedem de Deus, porque há muitos falsos profetas espalhados pelo
mundo fora.
O crente, por sua vez, tem uma convicção bem formada sobre a verdade. As
circunstâncias, as filosofias do mundo e as teorias da ciência são fatos. Deus opera
com a verdade da Sua Palavra. Quando o fato contraria a verdade, os crentes devem
permanecer firmados nas Escrituras, na certeza de que toda Palavra que sai da boca de
Deus se cumprirá. Nenhuma palavra até hoje dita por Deus voltou para Ele vazia
(Isaías 55:11).
Por isso é importante que o estudo da Palavra de Deus seja acompanhado de
demonstrações práticas do poder de Deus em ação. É fundamental que o menino
espiritual tenha suas próprias experiências com Deus. Foi isso o que disse Tiago
quando afirmou que a fé sem obras é morta (Tiago 2:26). Quando nossa fé é provada e
ainda assim obedecemos à Palavra, o aprendizado é fixado em nosso coração. Por
meio da fé, temos a convicção de que o que está escrito se cumprirá; por meio das
obras, temos a certeza de que a Palavra é verdadeira, uma vez que vivenciamos sua
concretização.
O problema é que, enquanto o fundamento não está bem firmado, aquele que é
“menino na fé” acaba sendo levado por doutrinas falsas. Vai atrás de ensinos
mentirosos que parecem agradáveis ou é influenciado por falsos profetas que dizem o
que eles querem ouvir. Como afirma Efésios 4:14, o menino é levado ao redor por
todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao
erro.
O “menino na fé” facilmente se dispersa da busca por Deus e passa a procurar
fazer sua vontade, o que ele encontra em falsas doutrinas, cada qual voltada para seu
interesse. Em 2 Timóteo 3:6-7, o Ap. Paulo exorta Timóteo contra aqueles que
convencem “mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões,
que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade”. O
“menino espiritual” corre atrás de permissão para pecar e satisfazer seus desejos.
Não devemos ter medo de perguntar nada a Deus. Deus não se constrange com
perguntas difíceis ou dúvidas existenciais. O que desagrada a Deus é quando oramos
sem temor tentando induzi-Lo a fazer nossa vontade. Mas quando temos dificuldade
de compreender por que devemos cumprir determinado mandamento ou por que Deus
permitiu que algo acontecesse, devemos ir até Ele e não fugir dEle. Deus sempre nos
responderá, mas precisamos estar dispostos a ouvir a resposta, quer gostemos dela ou
não.
Deus não quer reter nada de nós por capricho. Todas as orientações da Palavra
são para nosso benefício. Não estamos fazendo um favor a Deus quando obedecemos.
As instruções da Palavra mostram que Deus foi cuidadoso o suficiente para nos
ensinar sobre todas as áreas que poderíamos precisar. Um pai que não corrige seu filho
não o ama, porque aquele que ama quer proteger seus filhos do mal.

Meninos Precisam de Correção


Em 2 Timóteo 4:1-5, Paulo incentivou Timóteo a pregar sempre a Palavra da
verdade, quer ela seja agradável ou não. Ninguém repreende os bebês, porque eles não
entendem. Mas deve-se corrigir a criança, para que ela aprenda o que é certo.
Paulo instruiu Timóteo a pregar palavras de correção, repreensão e exortação.
Isto é difícil para os “meninos na fé”, porque eles não querem disciplina. Querem
continuar a agir do seu próprio jeito. Eles gostam do fundamento da salvação, da
graça e do amor, mas não querem ouvir sobre obediência e submissão. Querem Jesus
como Salvador, mas não como Senhor de suas vidas. Os que recusam a ser
disciplinados procuram mestres segundo sua própria cobiça. Eles vão atrás do que
seus ouvidos querem ouvir e se recusam a dar atenção à verdade, antes se entregando
a narrativas falaciosas.
Se não estivermos dispostos a sacrificar nossa carne e abandonar a vida de
pecado, melhor seria que nem nos entregássemos a Jesus, porque um falso
cristianismo é um mau testemunho para o mundo. Em 1 Coríntios 13:11, Paulo mostra
que cristianismo implica abandonar o falar, o sentir e o pensar de menino: “Quando eu
era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando
cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.”
Abandonamos a “meninice espiritual” quando aos poucos largamos as obras
da carne. As obras da carne funcionam como uma “chupeta”: elas podem apaziguar
nossas vontades momentaneamente, mas não resultam em benefícios. Se usadas por
tempo prolongado, podem até causar danos físicos e emocionais. Da mesma forma,
prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras,
discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes
(Gálatas 5:19-21) pervertem o desenvolvimento de nosso ser, nos fazendo agir
infantilmente, impedindo nosso desenvolvimento espiritual.
A criança vai desenvolvendo seu corpo, sua mente e sua personalidade em
etapas. Os cristãos precisam desenvolver-se nos frutos do Espírito descritos em
Gálatas 5:22-23: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade,
mansidão, domínio próprio. Caso contrário, será como a figueira que Jesus
amaldiçoou, porque continha folhas, mas não os frutos (Mateus 21:18-22). Ela tinha
aparência de frutífera, mas não era genuína.
Existem coisas que Deus não nos dará, porque Ele sabe que farão mal a nós.
Existem outras coisas que Ele tem para nos oferecer, mas só o fará quando tivermos
“maturidade espiritual” suficiente para recebê-la. Só que como Deus abençoou a
pessoa quando ela era bebê na fé, ela poderá tornar-se uma criança mimada e achar
que merece tudo na hora que quiser.
Jesus disse que não fomos nós que o escolhemos, mas ele nos escolheu e nos
designou para dar fruto que permaneça (João 15:16). Ele não está ao nosso serviço,
mas nós estamos a serviço dele. E para quem der frutos, ele diz que tudo quanto
pedirmos ao Pai em nome dele, o Pai concederá. E por que ele não concede logo de
uma vez? Porque se recebêssemos algo por merecimento e não pela graça, iríamos
atrair para nós o mérito e deixaríamos de dar a glória para Deus (Efésios 2:8-9).
5
Jovem Espiritual

“Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no
trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos
soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça.”
(1 Pedro 5:5)

A nossa
“juventude espiritual” é o
momento de afirmação de
“personalidade
espiritual”. Todo jovem passa por crises de identidade e quando consegue se
autoconhecer, sua personalidade estará plenamente formada.
Atos 2:17 afirma que os jovens teriam visões. Todo jovem é sonhador. Depois
que ele atravessa uma “infância espiritual” conturbada, crescendo nos frutos do
Espírito e morrendo para as obras da carne, chega a hora de planejar seu futuro. O
jovem quer saber qual seu propósito, qual o chamado de Deus para sua vida, qual sua
“vocação espiritual” e em quais dons espirituais opera mais poderosamente.
Os jovens podem tornar-se tão envolvidos com a obra e o planejamento de seu
futuro que acabam se perdendo de Deus. Quando Deus nos dá sonhos, Ele nos dá a
correspondente unção para concretizá-los, mas se ficarmos tão focados no futuro que
nos esqueçamos de nosso relacionamento com Deus, acabaremos esgotados.
Por isso, Isaías 40:30-31 afirma que os jovens se cansam e se fatigam e os
moços de exaustos caem. O segredo para os “jovens espirituais” é esperar no Senhor.
Mas normalmente o jovem quer tudo na hora, não sabe confiar no tempo de Deus. E
acaba desanimando quando parece que a promessa nunca vai se cumprir. Esperar no
Senhor é o que renova nossa força e nos estimula a prosseguir.

Conselhos aos Jovens Espirituais


Em 1 Pedro 5:5-10, o Ap. Pedro dá múltiplas orientações aos “jovens
espirituais”. A primeira é ser submisso. O jovem gosta de contestar, mas a submissão
é essencial para quem quer crescer em Deus. Temos que respeitar a liderança civil,
profissional, familiar e espiritual que Deus colocou sobre nós. E isso nos ensina a nos
submeter à autoridade de Deus.
Outra recomendação é ser humilde. O jovem tem a tendência de se achar forte,
independente e capaz em toda situação. Acha que pode tudo e não vê limites. Mas o
Ap. Pedro é categórico ao dizer que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes. Aquele que reconhece que depende de Deus, e que não pode fazer nada sem
Ele, recebe graça. O soberbo acaba sendo abatido e aprende da pior forma que não é
invencível.
Pedro continua dizendo que quando nos humilhamos sob a poderosa mão de
Deus, em tempo oportuno, Ele se encarrega de nos exaltar. Não precisamos nos
preocupar se o mundo nos rejeita por causa de nossa fé. Não devemos nos preocupar
com nossa reputação. É Deus quem nos defende e nos exalta.
Quando o jovem descobre suas fragilidades, tende a se desestabilizar. Mas é
nas nossas fraquezas que Deus manifesta Sua força. Devemos lançar sobre Deus
nossas ansiedades, porque Deus cuida de nós. Não devemos nos sentir indefesos,
porque Deus promete estar ao nosso lado e não nos deixar.
No versículo 8 de 1 Pedro 5, o Ap. Pedro ainda exorta os jovens a serem
sóbrios e vigilantes. O jovem tende a se distrair e a se preocupar apenas com o
momento, como se o futuro estivesse muito distante. Mas o jovem sábio aprende cedo
a investir em sua saúde, finanças, qualificação profissional e especialmente em sua
vida espiritual, para colher uma vida abundante no futuro.
Pedro avisa aos jovens para serem cautelosos porque o diabo anda ao nosso
derredor, procurando a quem devorar. Uma das características dos jovens é gostar de
se arriscar. Mas a orientação desse versículo é o oposto: devemos evitar as tentações
porque Satanás procura apenas uma oportunidade para nos derrubar.
A ordem é resistir-lhe firme na fé. Não devemos desanimar ou levar para o
lado pessoal, achando que só nós estamos sofrendo e que não adianta prosseguir.
Como um consolo, Pedro afirma que sofrimentos como os nossos estão também
ocorrendo com nossos irmãos. Quando somos jovens cristãos, nos sentimos como
peixes fora d’água, porque ninguém no mundo age como nós. Nossa tendência é
voltar a nos misturar para obter aprovação. Mas a ordem é resistir quando somos
perseguidos ou rejeitados e não comprometer nossos valores e princípios.
E o último alento é que, depois do sofrimento, Deus se encarrega de nos
aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. Quando fazemos nossa parte, Deus dá o
crescimento.

Não Desprezeis a Mocidade dos Jovens

O Ap. Paulo escreveu duas cartas a Timóteo, seu “filho na fé”. Timóteo era
filho de uma mãe judia e um pai grego (Atos 16:1-3). Timóteo deveria se sentir um
peixe fora d’água, porque ao mesmo tempo em que não era completamente judeu,
porque não havia sido circuncidado, não era completamente gentio, porque tinha sido
criado na tradição judaica. Ele era jovem quando abraçou o cristianismo por meio dos
ensinos do Ap. Paulo e logo abandonou sua casa para acompanhar o apóstolo em suas
missões. Paulo acabou circuncidando Timóteo para não causar discussão entre os
judeus. Mais tarde, Paulo encarregou Timóteo a ser presbítero na Igreja de Éfeso.
Éfeso não seria um trabalho fácil para um jovem. Como podemos ler nas
viagens de Paulo a Éfeso descritas no livro de Atos, os efésios eram homens
politizados e versados em filosofia e nas ciências. A cidade de Éfeso era um grande e
rico centro urbanizado e sua renda girava em torno do templo da deusa Diana. O
templo de Diana não atraía apenas devotos, mas em seu redor funcionava um sistema
de comércio semelhante aos nossos bancos. Quando alguns efésios creram na
mensagem do Ap. Paulo, chegaram a queimar seus livros de artes mágicas que
custavam muito dinheiro (Atos 19:17-19). Mas quando os artífices das estátuas da
deusa Diana viram seus negócios ameaçados pelo cristianismo, convocaram uma
assembleia para expulsar Paulo da cidade (Atos 19:23-40).
Como podemos perceber, Timóteo não recebeu um comissionamento simples
no início de seu ministério. Ele teria de enfrentar o questionamento tanto de judeus
como gregos sobre as credenciais de sua liderança, além de lidar com a pressão de
intelectuais e a ira dos comerciantes da região. Por isso, as duas epístolas que Paulo
endereçou a Timóteo contêm boas orientações para todos aqueles que são jovens e
estão enfrentando oposição a seu ministério.
Em 1 Timóteo 4:12, Paulo dá a seguinte instrução a Timóteo: “Ninguém
despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no
procedimento, no amor, na fé, na pureza.” Isso mostra que não devemos julgar o
chamado de ninguém por sua idade cronológica. O que importa é a “idade espiritual”.
Mesmo sendo jovem, Timóteo precisaria ser espiritualmente maduro para ser exemplo
para os demais cristãos.
Por duas vezes, Paulo chama a fé de “combate” (1 Timóteo 1:18 e 6:12) e
anima Timóteo a combater o bom combate. Paulo não enganou o jovem dizendo que a
obra seria fácil e que ele poderia ter tudo o que desejasse. Ele não detalhou uma lista
dos privilégios e das vantagens de se ocupar uma posição de liderança. Pelo contrário,
Paulo enumera as diversas responsabilidades e deveres daqueles que são chamados
para o ministério.
Paulo deu a Timóteo direções específicas sobre como ele deveria cumprir suas
funções. Ele teria de manter-se fiel à doutrina e não dar ouvidos a ensinos
enganadores (1 Timóteo 4:1,7,16). Mantendo-se puro, ele evitaria apostatar-se da fé e
ainda levaria seus ouvintes à salvação. Isso é importante nos dias de hoje, porque
parece que, de tempos em tempos, surge uma nova onda de mover doutrinário na
Igreja. Precisamos conferir se esses ensinos procedem de Deus ou de espíritos
enganadores.
Ele deveria aplicar-se à leitura, exortação e ao ensino (1 Timóteo 4:13). Só
sabe diferenciar o falso do verdadeiro quem se aplica à leitura da Palavra de Deus.
Timóteo deveria ensinar e exortar o povo. Ou seja, ele não deveria se intimidar ao
pregar palavras de correção e só trazer ensinos de edificação. Ele deveria pregar a
verdade, sem importar-se em ferir suscetibilidades. Paulo insistia em que o presbítero
deveria pregar a palavra, fosse oportuno ou não (2 Timóteo 4:2).
Paulo ainda encorajava Timóteo a não ser negligente com seu dom, mas antes,
a ser diligente e a manifestar a todos seu progresso (1 Timóteo 4:14-15). Mesmo
quando a luta parecer difícil, não devemos desanimar. Pelo contrário, devemos
continuar a nos fortalecer espiritualmente para enfrentar toda oposição que se levantar.
Provavelmente, Timóteo deve ter desanimado depois de um tempo, porque em 2
Timóteo 1:6-7, o Ap. Paulo recomenda que ele reavive o dom de Deus pela imposição
de suas mãos. Ele ainda acrescentou que Deus não nos dá espírito de covardia, mas de
poder, amor e domínio próprio.
Em 1 Timóteo 6:9-10, Paulo alerta contra a ganância no ministério. Ele diz que
todo aquele que usa seu chamado para se enriquecer cai em tentação e em cilada e se
afoga em ruína e perdição. Ele ainda acrescenta que a cobiça faz os homens se
desviarem da fé e se atormentarem com muitas dores e toda sorte de males. Que
ensinamento poderoso para a Igreja de nossos tempos! Se, ao invés de seguir o
dinheiro, a liderança seguisse a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância e a
mansidão (1 Timóteo 4:11), muitos ministérios não teriam caído por terra e levado
tantos a se desviarem da fé! A juventude de hoje não quer se envolver com a Igreja
porque assistiu à queda de líderes corruptos que deram mau testemunho e mau
exemplo para a obra de Cristo.
Em 2 Timóteo 1:8 e 2:15, o apóstolo diz ao presbítero para não se
envergonhar. O “jovem espiritual” pode intimidar-se quando é debochado ou
perseguido por causa da Palavra. O mundo quer convencê-lo de que a rebeldia é o
melhor caminho. O cristão jovem é chamado de tolo, crédulo e ingênuo. Mas aquele
que segue o padrão da Bíblia é sábio, porque não terá do que se envergonhar em sua
velhice.
Paulo orienta Timóteo a fugir das paixões da mocidade (2 Timóteo 2:22). O
jovem é tentado a se entregar aos impulsos da carne, especialmente por meio de
indecência, embriaguez, prostituição, violência. Não é à toa que os vícios comecem
nessa idade. O jovem é vulnerável à opinião e costumes do grupo e não tem o
discernimento para saber a hora de parar. O cristão jovem, pelo contrário, pode contar
com os incentivos do Espírito Santo que o capacita a ser ousado ao mesmo tempo em
que não o coloca em risco.
No final de sua segunda epístola, o Ap. Paulo diz a Timóteo: “Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o
aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te
sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.” (2 Timóteo 3:14-15). Quando a
criança é ensinada desde pequena na Palavra de Deus, ela cresce em sabedoria! Para
ela é mais fácil permanecer no caminho e não se desviar dele.
Se a “criança na fé” teve um fundamento firmado na verdade, ela não se desvia
quando enfrenta as adversidades do ministério. É na juventude que o cristão será
testado em sua fé e responsabilizado por suas atitudes. Se seu aprendizado for
edificado sobre a areia, quando a chuva cair, os rios transbordarem e os ventos
soprarem, a casa desabará. Todavia, se for edificado sobre a rocha, ele permanecerá
firme e não será abalado jamais (Mateus 7:24-27).
6
Varão Espiritual
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até
que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo
(Efésios 4:11-13)

A “varonilidade” é uma
condição que significa estar
firme na fé e alcançar a
revelação completa sobre Jesus. É chegar ao ponto de ter a plenitude de Cristo em nós.
Implica em conhecer a Jesus para aprender seus passos e andar como ele andou.
Quando chegamos à maturidade, podemos nos encaixar corretamente no Corpo de
Cristo, obedecendo sempre ao que a Cabeça mandar, cooperando com as demais
partes do corpo (Efésios 4:15-16).

A Batalha é Para Cristãos Maduros


Há duas coisas que apenas aquele que é maduro pode fazer: lutar em batalha e
gerar filhos. Essas duas atividades carecem de experiência, sabedoria e prudência.
Todas as vezes que o Antigo Testamento fala sobre “portar-se varonilmente”,
isto envolvia uma guerra ou peleja. Em 1 Samuel 14:48, há o relato de que Saul agiu
varonilmente, feriu seus inimigos e libertou Israel daqueles que o saqueavam. Em 2
Samuel 10:12, Joabe disse ao seu exército para “pelejar varonilmente pelo povo e
pelas cidades de Deus”. Bebês, crianças e jovens são imaturos para guerrear; só os
adultos é que estão bem preparados para enfrentar a batalha. Eles conhecem seu
general, são obedientes e corajosos e permanecem firmes em suas posições.
Por mais que os “jovens espirituais” sejam conclamados a lutar o bom
combate, eles ainda estão em fase de treinamento. Eles podem ter sido arregimentados
cedo, mas ninguém colocará homens inexperientes na frente da batalha, a não ser que
seja para morrerem. Mais do que isso, ninguém designará jovens para liderarem
tropas. Toda estratégia de guerra é planejada por um oficial de maior patente que,
notadamente, tem idade e experiência suficientes para conduzir o combate.
Em Deuteronômio 20:7-9 estão as regras referentes à dispensa da batalha. O
primeiro caso em que um homem estava escusado de pelejar ocorria quando ele
tivesse plantado uma vinha e ainda não tivesse dela desfrutado. A ordem era que ele
voltasse para a casa e aproveitasse da colheita, para não suceder de ele morrer e outro
se deleitar de seu trabalho.
Vemos na Bíblia que seguir a Jesus implica em abandonar nossos planos e nos
entregar a seu propósito sem olhar para trás. Deus mandou Abraão sair da sua terra e
da sua parentela antes de lhe dar a promessa (Gênesis 12:1). Quando Eliseu foi
chamado, ele tomou os bois de seu rebanho, os imolou, distribuiu a comida e seguiu
Elias (1 Reis 19:19-21). Quando Pedro e André foram comissionados por Jesus, eles
deixaram suas redes imediatamente e os seguiram (Mateus 4:18-20). Jesus disse a um
homem que queria segui-lo que “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha
para trás é apto para o reino de Deus” (Lucas 9:62).
Se você disser a um “bebê espiritual” que ele precisa deixar tudo para seguir a
Jesus, ele certamente irá desistir. Ele ainda não conhece o caráter de Jesus. Se ele não
tem convicção de que Deus quer o melhor para ele e não conhecer a bondade de Deus,
o sacrifício será insuportável. Só quando já passamos por experiências com Deus é
que sabemos que Ele é o único que tem capacidade para decidir sobre nosso futuro,
porque Ele nos conhece melhor do que nós mesmos. Ele nunca nos pedirá para fazer
nada que não tenha anteriormente nos ungido para fazer. Ele nunca nos deixará em
prejuízo.
Por isso, não devemos chegar para um novo convertido com uma lista de
coisas que ele terá de abandonar para tornar-se cristão. Ele se sentirá sufocado, porque
ainda nem entende seus direitos e já lhe estão sobrecarregando de responsabilidades.
A mudança deve ocorrer gradualmente, conforme vamos amadurecendo. Aos poucos,
vamos abandonando a velha vida e tomando posse da nova vida.
O jovem rico foi chamado para vender tudo o que possuía e seguir a Jesus e,
por isso, retirou-se triste (Mateus 19:22). Pelas perguntas que Jesus dirigiu àquele
homem parecia tratar-se de alguém maduro para tornar-se seu discípulo. Mas ele
demonstrou não estar pronto para a peleja. Só “varões espirituais” conseguem deixar
tudo para trás e seguir o caminho proposto por Deus. E Jesus disse que aquele que
deixasse casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos ou campos por causa de seu
nome, receberia muitas vezes mais e herdaria a vida eterna (Mateus 19:29).
A segunda dispensa da batalha ocorria para os recém-casados. Nenhum
homem deveria casar-se e ir para a batalha antes de receber sua mulher, para que ele
não morresse e outro a tomasse para si.
Além de não olhar para trás, aqueles que estão em combate precisam estar
focados na guerra. Os “meninos espirituais” são inconstantes e os “jovens” podem se
distrair com prazeres do mundo. Mas o “varão espiritual” não se desvia do seu
objetivo.
Quando Davi foi ter com o sacerdote Aimeleque para pedir pão para seu
bando, o sacerdote lhe disse que do pão sagrado só podia comer aquele que se tivesse
privado de mulheres. Davi lhe respondeu: “como sempre, quando saio à campanha,
foram-nos vedadas as mulheres, e os corpos dos homens não estão imundos. Se tal se
dá em viagem comum, quanto mais serão puros hoje!” (1 Samuel 21:5). Os homens
separados para a peleja não podiam se contaminar com nenhum prazer da carne!
Aliás, vemos no relato de 2 Samuel 11 que quando Davi cometeu adultério
com Bate-Seba, sua primeira tentativa de esconder o pecado foi convencer Urias a ir
para sua casa e deitar-se com sua mulher, para que ele achasse que o filho era dele.
Mas Urias se negou a fazer tal coisa enquanto os soldados estivessem em
acampamento. Urias portara-se varonilmente; ele não se entregaria a nenhum prazer,
enquanto a peleja não tivesse terminado. Davi, então, o convidou para o palácio e o
embebedou. No dia seguinte, o rei mandou que Urias fosse colocado na frente da
batalha, porque ele queria ter certeza que Urias morreria. Davi sabia que um soldado
que tivesse comido, bebido e festejado na véspera não poderia sobreviver à luta.
A terceira dispensa da batalha era para homens medrosos e de coração tímido.
Ao contrário dos outros motivos, que visavam proteger o próprio soldado, a dispensa
para os medrosos e tímidos era para preservação de todo o grupo. Um homem com
tais características iria desestimular os outros soldados.
A liderança precisa de “varões espirituais” porque eles dão testemunho para
seus liderados. Como um pastor pode encorajar um crente quando não se identifica
com sua dor? As provas por que passamos na etapa da “meninice” e da “juventude”
nos preparam para ministrar a outros. Nossa mensagem é mais forte quando embasada
em nossa própria vida.
Um pastor medroso e tímido influenciará suas ovelhas a serem medrosas e
tímidas como ele. Os líderes precisam experimentar do poder de Deus em suas vidas,
para poderem estimular os cristãos a prosseguir. Se eles vivem fugindo de suas
responsabilidades e ainda são abalados em sua fé, sua pregação vai refletir isso. Não
adianta apenas ser varão, é preciso “portar-se varonilmente”. Um cargo de liderança
não torna uma pessoa espiritualmente forte. Pelo contrário, só maduros
espiritualmente é que podem exercer cargos de liderança.
Por que alguém desejaria amadurecer, se terá que partir para a guerra? Porque
só recebe o despojo aquele que participa da peleja (Deuteronômio 20:14)! Deus nunca
deixa os que estão a seu serviço sem receber seu salário. Mesmo que a batalha
pertença ao Senhor e Ele peleje por nós a maior parte da guerra, Ele reparte conosco
os despojos. A única coisa que Deus quer é a glória; do restante, podemos desfrutar
livremente.

Cristãos Maduros Geram Filhos

Ainda que, no mundo, adolescentes possam ficar grávidas, no reino de Deus


apenas cristãos maduros podem dar à luz “filhos espirituais”. Deus não surpreenderá
ninguém com um “filho espiritual” não planejado.
Como falamos no capítulo sobre a intercessão, “filhos espirituais” são gerados
por meio da oração. Deus coloca a semente no coração do intercessor e ele continuará
orando pela pessoa até a hora de seu “nascimento espiritual”.
Para que Deus comissione uma pessoa a interceder por alguém, Ele precisa
confiar nela. E Deus só confiará naqueles com quem Ele tenha um relacionamento. Ou
seja, Deus não “engravidará” ninguém durante o namoro! Somente os que são fiéis em
seu casamento com Deus poderão gerar “filhos espirituais”.
Como falamos, o intercessor precisa ser espiritualmente maduro para orar por
alguém, sem colocá-lo acima de Deus. O intercessor deve colocar seu relacionamento
com Deus acima da obra. Ele não pode ter um “complexo de salvador” e tentar salvar
a pessoa no lugar de Jesus!
O intercessor também precisa ser uma pessoa estável e não se abalar quando
parece que o comportamento da pessoa piorou ao invés de melhorar. O intercessor
deve ter “maturidade espiritual” suficiente para não desistir de orar quando parece não
haver mudança. O intercessor ora porque Deus o ungiu para isso, não porque a pessoa
mereça. Uma estratégia comum de Satanás é usar a ofensa para fazer o intercessor
desistir de orar e paralisar a obra. Cristãos maduros sabem “portar-se varonilmente” e
enfrentar a batalha até que ela esteja ganha.
Vimos que um dos princípios da intercessão é a identificação do intercessor
com a pessoa por quem ele interceda. Só se identifica com alguém aquele que passou
pela mesma situação. Cristãos maduros têm experiência suficiente com Deus para
rogar ao Pai em seu lugar. Jesus pediu ao Pai que perdoasse seus acusadores, porque
eles não sabiam o que faziam. Ele conhecia a natureza humana e por isso sua oração
foi eficaz.
Nesse sentido, é importante destacar que para o intercessor dar testemunho,
não basta ter passado pela mesma situação, mas precisa tê-la vencido. Como um
doente pode curar outro doente? Jesus chamou isso de cegos guiando outros cegos
(Lucas 6:39). Os fariseus mandavam o povo fazer coisas que eles mesmos não faziam
e Jesus os chamou de hipócritas. Quando alguém critica a outro por algo que ele
mesmo pratica, age com julgamento e acusação. Quando alguém ajuda a outro por
algo que ele já praticou, age com misericórdia e compaixão.
Com a “maturidade espiritual” se ganha força para vencer as batalhas. Como
um pastor pode ministrar a alguém se ele mesmo desistiu da luta em sua própria vida?
Obviamente, os líderes também enfrentam dificuldades e ninguém é perfeito. Mas por
quanto mais provações alguém passar, mais autoridade espiritual terá. Quanto maior o
poder, maior será seu ministério. Só cristãos maduros sabem apreciar a provação,
porque sabem que seu objetivo não é destruí-los, mas prepará-los para o futuro.
Pelas características da intercessão, pode-se perceber que apenas cristãos
maduros podem gerar “filhos na fé”. O que mais falta em nossos dias são
intercessores, porque a Igreja anda lotada de “meninos espirituais” que não sabem
sequer administrar suas próprias vidas, quanto mais responsabilizarem-se pela vida
dos outros.

Conselhos para os Adultos Espirituais

Paulo oferece aos coríntios cinco conselhos para os “varões espirituais” (1


Coríntios 16:13-14). O primeiro é vigiar. A vigilância vem antes até mesmo da oração.
Enquanto Jesus estava no Getsêmani (Marcos 14:32-42), os discípulos dormiam,
porque ainda eram jovens e não suportavam tamanha batalha espiritual. Jesus disse a
eles para vigiarem e orarem. Nosso espírito só fica pronto quando vigiamos e oramos.
Em oração preparamos o espírito e por meio da vigilância resistimos à fraqueza da
carne. Jesus se preparou no Getsêmani e pôde enfrentar a cruz. Ele resistiu à tentação
de desistir e submeteu completamente sua vontade ao Pai.
O segundo conselho de Paulo é permanecer firme na fé. A inconstância dos
jovens precisa ficar para trás; o varão se mantém firme na fé. Ele não se abala mais
pelos apelos do mundo. Ele conhece seu objetivo e persegue-o até o fim, porque
confia na Palavra e depende de Deus.
Em terceiro lugar, Paulo instrui os coríntios a agirem varonilmente. Não basta
ter crescido por dentro. O comportamento exterior do adulto espiritual deve
acompanhar a mudança em seu homem interior. No grego, a frase “portar-se
varonilmente” pode ser traduzida como “representar o homem”[1]. Ou seja, além de
agir como homem maduro, também é preciso representar bem o caráter de varão.
Tornar-se exemplo de “maturidade espiritual” para os mais jovens.
Paulo também instrui aos coríntios: “fortalecei-vos”. Por mais que tenhamos
alcançado a maturidade, precisamos continuar nos fortalecendo todos os dias. Aquele
que estagna acaba perdendo tudo o que conquistou. Temos que continuar exercitando
os músculos físicos, mentais e espirituais.
Por fim, todos os atos precisam ser feitos com amor. O amor é a marca do
“varão espiritual”. Quando aprendemos a andar em amor, não precisamos nos
preocupar com a lista de coisas que não podemos fazer. Basta concentrarmo-nos no
caminho para o qual o amor de Deus em nós nos guiará. O amor acaba com o
egoísmo, que é característico da “infantilidade espiritual”.
Quando alcançamos a “maturidade espiritual” plena, chega o momento de nos
tornarmos liderança sobre outros. Com a maturidade, vem a autoridade. Jesus nos
deixou autoridade sobre serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo
(Lucas 10:19), mas aquele que é espiritualmente fraco foge dessas coisas ao invés de
enfrentá-las.
Jesus advertiu os discípulos após lhes conferir tal autoridade: a alegria deles
deveria estar no fato de seus nomes estarem escritos nos céus e não porque os
demônios se lhes submetiam (Lucas 10:20). É fácil ficar embevecido com a
autoridade. Mas não podemos perder o foco. A quem muito se dá, muito será cobrado.
A autoridade deve ser exercida para que nos tornemos liderança para os cristãos mais
novos, não para que possamos dar ordens e exigir tratamento especial de Deus ou dos
homens.

Filho Pródigo x Filho Mais Velho

Uma das maiores disputas que acontecem dentro da Igreja é entre os “filhos
pródigos” e os “filhos mais velhos”. Como vimos nos capítulos anteriores, os “bebês”
e “meninos espirituais” experimentam grandes bênçãos de Deus para que vivenciem
Sua bondade.
Os “jovens” e “varões espirituais”, ao invés de se alegrarem com a conversão
daqueles que estavam perdidos, acabam ficando indignados com Deus. Como na
parábola, eles dizem a Deus: “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma
ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;
vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu
mandaste matar para ele o novilho cevado.” (Lucas 15:29-30)!
Os “filhos mais velhos” se ressentem quando os novos convertidos são
abençoados, julgando que merecem mais bênçãos, já que estão trabalhando para Deus.
Só que as bênçãos de Deus são recebidas da mesma maneira que a salvação: pela
graça e não por obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:9). Deus nos dá porque
precisamos, não porque trabalhamos.
O pai respondeu ao filho mais velho: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo
o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos,
porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.” (Lucas
15:31-32). A maior bênção de que o cristão maduro desfruta é a Presença de Deus!
Aquele que trabalha para Deus tem algo melhor do que bênçãos materiais pontuais:
ele partilha de tudo o que Deus é e tem!
Geralmente, o recém-convertido diz que gostaria de ter conhecido a Jesus e as
verdades do Evangelho antes. E alguns cristãos mais maduros ainda sentem saudades
do tempo em que eram ímpios e podiam fazer o que quisessem. Parece que os novos
convertidos gostariam de ser os filhos mais velhos e os cristãos maduros gostariam de
ser filhos pródigos!
O pai não desprezou nem ao “filho pródigo” nem ao “filho mais velho”. Ele
não amou a um mais do que ao outro. E ele também não os nivelou. O pai considerou
cada um na medida de sua “maturidade espiritual”! Ao filho pródigo, deu-lhe a
aceitação, a dignidade e as bênçãos que ele tinha perdido no mundo. Ao filho mais
velho, deu-lhe a proteção, a companhia e o compartilhamento de suas riquezas.
É tempo de os “filhos pródigos” reconhecerem e respeitarem os cristãos
maduros, porque eles passaram por muitas provas para assumirem a liderança. O fato
de que o que foi chamado por Deus tenha uma atividade eminentemente espiritual não
significa que não trabalhe duro no ministério. Muitas vezes, a obra espiritual é muito
mais difícil e pesada que a obra física.
Também é hora de os “filhos mais velhos” se alegrarem com a chegada dos
perdidos na Igreja e celebrarem quando eles começam a receber bênçãos e revelações
de Deus. Ainda que os “filhos pródigos” tenham tido a chance de se divertirem no
mundo, na verdade, não estavam desfrutando a vida. A vida sem Deus não é vida.
Todos os prazeres que o mundo oferece terminam em culpa e destruição.
Deus tem algo bom preparado para cada etapa de nossa caminhada espiritual.
Precisamos desfrutar cada nível que alcançamos, ao invés de nos compararmos com o
amadurecimento do outro. Também temos que apoiar a nova geração, demonstrando
compaixão e interesse por seu crescimento, além de compartilhar a Palavra que lhe
fará crescer.

7
A Semeadura e o Crescimento Espiritual
“Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do
caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era
pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou;
e, porque não tinha raiz, secou-se. Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos
cresceram e a sufocaram, e não deu fruto. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto,
que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um.”
(Marcos 4:3-8)

J esus ilustrou seus ensinamentos


com diversas parábolas sobre
agricultura face à realidade de
seus ouvintes. No primeiro capítulo, falamos da parábola da semente de Marcos 4:26-
29. Vimos que a semente se desenvolve em quatro etapas até estar pronta para a
colheita.
Na parábola do semeador de Marcos 4:1-20, Jesus também falou de quatro
tipos de sementes que são plantadas na terra. Quando o semeador saiu a semear, ele
não escolheu em qual solo iria plantar. Da mesma forma, Jesus chamou a todos
indistintamente. Ele não buscou os escolarizados ou com recursos para sustentar a
obra. A semente é lançada sobre todos os tipos de solo.
O nível de crescimento que a planta alcançará dependerá da condição do
coração da pessoa que a recebeu. Se fizermos de nosso coração boa terra, tratando de
ouvir a Palavra e recebê-la sem reservas, a colheita será abundante.

Semente à Beira do Caminho

Quando o semeador foi distribuir as sementes, a primeira parte caiu à beira do


caminho. Os recém-convertidos na fé têm a tendência de ouvir a Palavra e logo a
esquecerem, porque Satanás vem e rouba a palavra semeada neles (Marcos 4:15).
O aprendizado da Palavra de Deus é diferente do mundo, logo “cristãos bebês”
têm dificuldade de fixar o conteúdo. Eles se distraem ou ignoram o ensino, porque
ainda não reconhecem o valor das Escrituras. Como vimos, são pessoas que estão
interessadas essencialmente no agir de Deus, por isso sua audição tende a ser seletiva
para o que está a favor de seus interesses.
“Cristãos bebês” precisam do ensino básico e prático da Palavra. Conforme
vão crescendo, começam a reconhecer os ensinos em sua própria realidade, por meio
de experiências com Deus, e isso os vai despertando para a Palavra. Longos discursos
teológicos não vão penetrar o coração do novo convertido. Por isso, o Ap. Paulo
ensinou que na Igreja era melhor não falar em línguas, mas por meio de profecia (1
Coríntios 14:22-25). A revelação ilumina o entendimento do novo convertido, mas ele
ainda não entende o que é espiritual, como o falar em línguas, e não é edificado por
meio dessas manifestações (1 Coríntios 14: 1-19).

Semente em Solo Rochoso

Os “meninos na fé” são semelhantes ao solo rochoso da parábola do semeador


(Marcos 4:16). Quando ouvem palavras de bênçãos e milagres, recebem-nas com
alegria, mas porque sua fé não estava baseada nos fundamentos, mas no que Deus
podia fazer por eles, sua raiz não cresceu. Por isso, qualquer forma de oposição de
Satanás os afasta do relacionamento com Deus. “Meninos” não suportam a angústia
ou a perseguição por causa da Palavra. Eles não estão em posição de sacrificarem-se
pelo reino de Deus. Eles esperam apenas receber.
Muitas vezes, são as provações e as tribulações que nos fazem voltar para
Deus e buscá-Lo mais intensamente, porque nesses momentos reconhecemos que
precisamos dEle. Aqueles que esperavam um Evangelho de conveniências tendem a
voltar às antigas práticas no mundo.
Nenhum menino é independente de seu pai. Provações, tentações,
perseguições, tribulações e aflições é que nos lembram do quanto dependemos de
Deus. Afastarmo-nos de Deus, tentando fugir das circunstâncias adversas, só nos
guiará a um caminho mau e, pior, sem o auxílio do Pai. Se vamos enfrentá-las, cedo
ou tarde, é melhor lutar com Deus ao nosso lado, o que firma nossa fé e amadurece
nossa vida espiritual.

Semente entre Espinhos

O “jovem cristão” é instável e quando se depara com os cuidados do mundo, a


fascinação das riquezas e as demais ambições, tende a recuar. A Palavra no coração
deles fica infrutífera, porque se distraem com as coisas terrenas e o mundo espiritual
fica sufocado em meio a todas as demais atividades que chamam sua atenção (Marcos
4:18-19). Se as “crianças espirituais” precisam aprender a resistir à tentação, na
“juventude”, os cristãos precisam aprender a resistir à distração.
Não é à toa que o relato do homem rico de Mateus 19:16-22 ressalta que ele
era jovem. Por um lado, ele guardava os mandamentos desde criança. Já tinha passado
da fase de “meninice espiritual”. Mas a riqueza desse mundo ainda o atraía. Todos nós
temos uma riqueza, que são as coisas que conquistam nosso coração e ocupam nossa
mente. Se na fase de “meninice” tínhamos de sacrificar o que nos prejudicava, agora o
sacrifício é maior: Deus pede o nosso melhor. Antes, tínhamos que oferecer a carne,
agora temos que entregar nosso coração.
Quantos cristãos acham que podem ter o melhor de dois mundos? O melhor de
Deus e o melhor do mundo. Mas a Palavra diz que não se pode servir a dois senhores.
Se optarmos pelas riquezas desse mundo, será isso que adoraremos. Se buscarmos a
Deus, serviremos a Ele.

Semente em Boa Terra

Na parábola do semeador, a última parte das sementes caiu em boa terra


(Marcos 4:20). Ela representa os “varões espirituais” que ouvem a Palavra e a põem
em prática. Mas até entre esses houve distinção de frutificação: uns frutificaram a
trinta, outros a sessenta e outros a cem por um. Isso demonstra que mesmo a
“maturidade espiritual” tem níveis. Conforme a Palavra vai produzindo seus efeitos,
nós vamos subindo de fase. A cada nova etapa haverá novos desafios e novos
demônios para enfrentar.
Quando Moisés selecionou auxiliares para julgar o povo, ele estabeleceu
líderes sobre mil, cem, cinquenta e dez homens (Êxodo 18:25). Conforme a Palavra
frutifica em nossa vida, mais nossa área de influência de liderança cresce. Quanto
mais absorvemos a Palavra, maior será o alcance de nosso ministério.
Só cristãos maduros podem gestar novos “bebês espirituais”. Deus irá usando
a Palavra implantada em nós para que possamos dar novos frutos. E assim ocorre a
multiplicação: uma semente gera diversos frutos, cada qual com novas sementes! É o
ciclo da vida espiritual que se completa. Desse modo, cumprimos nosso chamado,
como está escrito em João 15:16: “(...) eu vos escolhi a vós outros e vos designei para
que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes
ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.”
8
O Aprendizado nos Níveis

“Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio ainda; ensina ao justo, e ele crescerá
em prudência.”
(Provérbios 9:9)

O crescimento espiritual vem


do nível de compromisso e de
entrega que nos dispomos a
andar com Deus, até que alcancemos a plenitude de Cristo. Quanto mais
comprometimento, mais sabedoria e conhecimento do Senhor obteremos. E é isso que
revela a maturidade de um cristão.

Fase de Conhecimento

Logo que aceitamos o chamado para a salvação começamos a crescer. Se a


salvação é comparada a nascer de novo, após aceitarmos esse compromisso com
Deus, somos como bebês que começam a crescer. A criança quando nasce nada
conhece a respeito do mundo. Ela entra em contato com algo desconhecido.
Não é apenas o ímpio que se depara com um reino novo em sua conversão. O
próprio cristão legalista e religioso quando tem uma experiência verdadeira com Jesus
começa do zero, porque tudo de que tinha conhecimento até então era apenas doutrina.
Foi o que aconteceu com o Ap. Paulo no caminho para Damasco, quando uma
revelação pessoal do Senhor Jesus o transformou de um líder fariseu legalista e
perseguidor da Igreja para um dos maiores pregadores do Evangelho de Cristo (Atos
9).
A fase da infância é a fase do “o quê” e “quem”. Devemos nos perguntar:
“quem é Deus?”, “quem somos em Cristo?”, “quem é o Espírito Santo?”, “o que é o
batismo?”, “o que são os dons?”, “o que é jejum?”, “o que é oração?”, “o que é o
dízimo?”, “o que é adoração?”.
Todas essas respostas devem vir direto da Palavra de Deus. Tomamos
conhecimento de Jesus por meio da experiência e de um conhecimento pessoal dele. A
função dos líderes é ensinar e dar direção, mas a Bíblia só se torna viva para nós
quando obtemos as respostas por meio de nosso relacionamento direto com a Palavra.
Como um bebê tem conhecimento do mundo? Especialmente por meio da
boca. A Palavra, quando derramada no coração do “bebê espiritual”, tem de se
demonstrar através de sua fala. Por meio da confissão, o “bebê” vai tornando os
ensinos espirituais uma realidade. Aliás, é assim desde o início. Com o coração se crê
para a justiça, mas com a boca se confessa a respeito da salvação (Romanos 10:10). O
bebê deve aprender da Palavra, o que gera fé e por meio da fé, se confessa sobre a
nova natureza.
Esse é o período que chamamos de “primeiro amor”. Tudo é novidade,
animador e motivador para o novo convertido. Por isso, Deus nos recomenda a nunca
deixar de ser como criança: inocentes quanto ao pecado e ansiando por aprender mais
de Deus.

Fase da Contestação

Conforme crescemos, queremos andar sozinhos e ser independentes. Criamos


doutrinas e padrões próprios de comportamento. Por isso, Efésios 4:14 diz que os
“meninos espirituais” são agitados e levados ao redor por todo o vento de doutrina.
Buscamos a mais nova onda de teologia que satisfaça a nossos interesses.
Com a independência, vem a fase da contestação. É a fase dos “por quês”.
Quando conhecemos a Deus, aprendemos Seu caminho, absorvemos todo o conteúdo
da Palavra e repetimos o que nos foi ensinado. Mas quando surgem as dificuldades e
os obstáculos, começamos a questionar. Essa não é uma fase necessariamente ruim. É
através dos “por quês” que começamos a aprender o que realmente significa seguir a
Cristo.
Conforme crescemos, nos deparamos com o chamado para a obra. A obra é um
caminho difícil e vem acompanhada da oposição e retaliação de Satanás. Se não
estivermos equipados com as respostas certas aprendidas durante a “meninice
espiritual”, além de nos desviarmos do caminho, ainda podemos arrastar outros
conosco. Podemos ficar indignados com a provação, mas é a provação que confirma o
aprendizado. São os testes que fazem a teoria virar prática.
Deus não se ira quando o “menino espiritual” questiona os “por quês”. O
problema está em contestar a Deus e colocá-Lo à prova por meio da desobediência.
Deus não foge de perguntas difíceis, como “por que estou passando por isso?”, “por
que coisas ruins ocorrem com pessoas boas?”, “por que o justo sofre e o ímpio é
abençoado?”. Tais questões exigem que creiamos em Deus e em quem Ele
demonstrou ser para nós. Ainda que Ele não responda do modo como esperamos, Ele
nos mostrará o que devemos saber ou fazer. Dessa forma, mesmo quando não
compreendemos as razões, podemos descansar na confiança de que Deus se encontra
ao nosso lado e fará com que até o mal coopere para o nosso bem. Assim, podemos
ficar firmes em meio à provação.
Quando conhecemos o caráter de Deus, ainda que não estejamos satisfeitos
com nossas circunstâncias, podemos crer que Ele não nos abandona, nem deseja nosso
prejuízo. Nessas situações, Deus identifica quem permanecerá com Ele por quem Ele
é ou pelo que Ele pode oferecer. Essa é a principal prova dentre os testes.
Aqueles que perseverarem até o fim vão conseguir entender o “porquê” ao
final da dificuldade. Eles verão o plano de Deus por completo e não apenas o
problema pelo qual passaram. Se não questionarmos a soberania e a autoridade de
Deus, Ele responderá todos os nossos questionamentos e nos ensinará como agir.

Fase da Aplicação Prática do Aprendizado

Ao vencer essa etapa, atingimos o nível da maturidade. Essa não é mais a


idade dos “por quês”, mas do “como”. O chamado de Deus sempre parecerá loucura e
impossível se olharmos para nossa realidade. Em nós está o querer, mas não o efetuar.
O efetuar vem de Deus. Ele enxerga nosso potencial, nós apenas vemos o que temos à
disposição, o que nunca parece suficiente.
Lembremos da viúva de 2 Reis 4:1-7. Na sua escassez, ela viu apenas uma
botija de azeite. O profeta Eliseu viu o potencial do milagre de multiplicação. Ele
mandou que se trouxessem muitas vasilhas vazias. Conforme a botija ia enchendo as
vasilhas, o azeite continuava a verter e não cessava. O óleo só terminou quando
acabaram as vasilhas. Assim é conosco. Enquanto nos apresentarmos a Deus
permitindo que Ele nos encha, o óleo não se acabará. Não é Deus quem coloca o
limite na unção, somos nós que dizemos o quanto somos capazes de suportar ou crer.
Todo o conteúdo que aprendemos quando “meninos espirituais” juntamente
com as experiências que passamos durante a juventude se tornam conhecimento
prático, que iremos aplicar ao longo do cumprimento de nosso chamado. Só está apto
a trabalhar aquele que sabe como colocar a Palavra em prática.
A “varonilidade espiritual” é o período em que perguntamos a Deus como
vamos fazer a obra. Reconhecemos que dependemos dEle para que Sua vontade seja
feita e Seu plano seja cumprido. Só então estaremos aperfeiçoados e prontos para o
serviço. Só então saberemos o que realmente significa seguir a Cristo.
9
Tentações nos Níveis

“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.”
(Mateus 4:1)

G eralmente,
tentação à
associamos
imaturidade
espiritual, como se apenas os
mais fracos fossem tentados. Mas Jesus foi ao deserto para ser tentado por Satanás
depois de um jejum de quarenta dias (Mateus 4:1-11). Jesus sabia que antes de ser
a

testado seria preciso estar espiritualmente forte e maduro. Jejuar não é fazer greve de
fome, com o objetivo de compelir Deus a nos abençoar. O jejum é um momento de
consagração especial, em que removemos tudo o que nos distrai para focarmos apenas
em Deus. Esse exercício espiritual nos deixa prontos para as provações antes de elas
acontecerem.

Tentação dos Bebês Espirituais

A primeira tentação de Jesus foi transformar pedras em pães (Mateus 4:3-4).


Ele foi tentado a buscar sustento para seu corpo físico. Jesus sentiu fome após um
jejum prolongado. O primeiro nível de tentação de Satanás é querer nos fazer crer que
de nada adianta seguir a Deus se não temos o suprimento de nossas necessidades
imediatas.
Dissemos que os “bebês espirituais” buscam a Deus apenas para satisfazer
suas necessidades materiais. A primeira tentação de Jesus foi obter a provisão para
saciar sua fome imediata. Jesus pôde vencer essa tentação e seguir para o próximo
estágio, porque ele já estava espiritualmente maduro. O “bebê espiritual” ainda precisa
ver pedras se transformando em pães para crer que é filho de Deus. Esse é o primeiro
teste pelo qual passamos após a conversão: precisarmos ver milagres para acreditar
que Deus se importa conosco. Deus quer que confiemos nEle a despeito de obtermos
ou não respostas. Ele precisa ser a única provisão da qual dependemos
verdadeiramente.
O sustento que Satanás nos oferece é pedra ao invés de pão. Provérbios 20:17
diz que o pão ganho por fraude enche a boca de pedrinhas. Quando tentamos obter
nossa provisão por meio dos mecanismos do mundo, podemos até encher nossa
barriga, mas nossos dentes, ou seja, nosso caráter sólido, é quebrado. Quando
desprezamos a provisão de Deus, a comida não nos cai bem.
Jesus respondeu a Satanás dizendo que o homem não se sustenta apenas com
pão, mas de toda a Palavra que procede da boca de Deus. Só quem depende realmente
de Deus pode afirmar que, se formos sustentados pela Palavra, Deus não permitirá que
passemos fome. Naquele momento, Jesus não podia comer pão, porque estava em
jejum. Ele estava se alimentando do verdadeiro pão da vida. Foi só Jesus vencer o
período de tentação que anjos vieram e o serviram (Mateus 4:11). Deus nunca deixa
de prover para aqueles que são dEle, mas precisamos aprender a buscá-Lo por quem
Ele é e não apenas pelo que Ele pode nos dar.

Tentação dos Meninos Espirituais

Num segundo momento, Jesus foi tentado a atirar-se do pináculo do templo.


Na segunda etapa, ele foi testado em sua mente e emoções (Mateus 4:6-7). Satanás
estava tentando provar a Jesus que, por ser Filho de Deus, não haveria limites para
seus desejos. Ele poderia até se atirar de um precipício que Deus seria obrigado a
livrá-lo. Muitas vezes, nós tentamos “colocar Deus contra a parede”, dizendo a Ele
que se não fizer nossa vontade, nós iremos desistir, abandonar a fé ou até nos matar.
Mas Jesus se recusou a questionar a soberania de Deus. Mesmo tendo à disposição
todo o poder de Deus, Jesus não se voltou contra o Pai.
Na segunda tentação de Jesus, Satanás usou a Palavra de forma distorcida. Ele
citou dois versos evocando a proteção de anjos, tão somente para que Jesus desafiasse
a vontade de Deus. O “menino na fé” quer servir-se da Bíblia para satisfazer sua
própria vontade, passando por cima da vontade de Deus. Essa é o teste para os que são
“meninos espirituais”: saber se estão dispostos a continuar firmes em Deus, mesmo
quando seus interesses não forem satisfeitos. É certo que Deus cumpre Sua Palavra,
mas Ele fará do jeito dEle e na hora dEle. Aqueles que não têm humildade para
confiar e esperar em Deus desviam-se do caminho nesse momento.
Quando Deus restaura nossa identidade como filhos, somos tentados a achar
que podemos fazer qualquer coisa porque Ele nos protegerá. Na verdade, Satanás quer
que desobedeçamos a Deus para matar nosso relacionamento com Ele. Ele quer nos
incitar à rebeldia e nos fazer provocar Deus à ira com nossa soberba e altivez. Dessa
maneira, o diabo consegue fazer-nos pecar e o pecado eventualmente leva à morte.

Tentação dos Jovens Espirituais

A terceira tentação de Jesus foi a mais forte, porque Jesus foi tentado a nível
espiritual (Mateus 4:8-10). Satanás colocou diante dele todas as riquezas e toda a
glória dos reinos desse mundo, para que Jesus pudesse optar entre reinar em Deus ou
reinar com o diabo. Note que o chamado de Jesus era para reinar. Mas podemos
escolher o lado em que exerceremos esse chamado.
O “jovem espiritual” precisa escolher se quer o reino do mundo ou o reino de
Deus. Adorar a Satanás ou a Deus. É desse modo que a identidade cristã é formada.
Satanás queria que Jesus colocasse seu chamado acima do próprio Deus. Quando
estamos tão desesperados em cumprir nosso propósito de vida que passamos por cima
da vontade de Deus, acabamos por nos prostrar e adorar o próprio Satanás. Quantas
pessoas não receberam de Deus dons e talentos para a música e acabaram
envergonhando o nome de Deus ao perverterem seus valores e princípios? Quantas
pessoas são influenciadas por alguém bem sucedido no mundo que teria sido um bom
testemunho para Jesus, mas que passou a cobrar idolatria para si mesmo?
Jesus colocou o culto e a adoração a Deus acima de seu próprio reinado. Ele
tinha mais em conta Aquele que Lhe chamou do que seu chamado. Jesus provou que,
além de conhecer a Palavra e os propósitos de Deus, também tinha um coração
comprometidos com Sua aliança com Ele. Os argumentos de Satanás não poderiam
ser capazes de derrubar a lealdade e a fidelidade de Jesus a Deus.
A boa notícia é que, depois de todas as tentações que Jesus sofreu, Satanás o
deixou (Mateus 4:11). Quando alcançamos a posição de “varonilidade”, não
precisamos mais resistir ao diabo, ele é que foge de nós! Quando ele percebe que
quanto mais mal ele intentar, mais Deus o reverterá em bem e mais insistirmos em
fazer o que é certo, ele nos deixará em paz por um tempo até o próximo estágio
espiritual.
10
Método de Crescimento Espiritual
“ (...) também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz
perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a
esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo, que nos foi outorgado.”
(Romanos 5:3-5)

C omo desenvolvemos
processo de crescimento? O
crescimento físico é fácil de
identificar. A passagem do tempo nos leva de uma fase para outra. A alimentação nos
acompanha nesse processo, nos fornecendo o sustento necessário para sobrevivermos
o

e continuarmos em desenvolvimento.
O crescimento intelectual ocorre por meio do conhecimento. É por meio do
aprendizado que a pessoa vai-se desenvolvendo intelectualmente. Aliar o estudo
teórico ao exercício prático é o que fixa o conteúdo em nossa mente.
Já o crescimento espiritual ocorre por meio das provações. Conforme Tiago
1:3-4, a provação produz perseverança e quando a perseverança promove sua ação
completa, nós crescemos até alcançar a perfeição e a integridade, a fim de não nos
tornarmos em nada deficientes.

A Provação nos Faz Crescer

Ninguém gosta de ser provado. Nós preferimos o que é confortável e cômodo.


Nós nos habituamos a determinada rotina e queremos continuar a praticá-la, ainda que
não estejamos extraindo nenhum benefício dela. O homem gosta daquilo que lhe é
familiar. O problema é que, com o tempo, aquilo que é cômodo se transforma em
ociosidade. A ociosidade vira passividade. E a passividade acaba em apostasia.
Apostasia é o afastamento completo de Deus.
O Espírito Santo é dinâmico. Não há nada de repetitivo no Espírito. Por isso é
que não podemos extrair fórmulas ou equações da Bíblia. O modo de Deus agir é
diferente a cada vez. O Espírito é vento e assim como o vento muda a direção do
barco, precisamos deixar o controle de nosso rumo em Suas mãos.
Em Salmos 11:5 está escrito que o Senhor põe à prova o justo e o ímpio. Por
muito tempo, as pessoas achavam que as dificuldades eram um sinal de pecado na
vida do cristão. Quando estamos em pecado, nós mesmos causamos os problemas que
nos afligem. Mas as provações surgem inesperadamente. Elas não são consequências
de nossos atos, mas decorrem das circunstâncias que nos cercam. Não devemos
repreender a provação ou fugir dela, devemos enfrentá-la. Como queremos ministrar a
outros sem experiência?
Infelizmente, muitos cristãos permaneceram na “infantilidade espiritual”
durante toda sua vida por se recusarem a enfrentar as provas. A provação da nossa fé
produz músculos espirituais naquele que está em fase de crescimento. Deus falou ao
meu coração que se todos os cristãos enfrentassem as dificuldades, haveria muito mais
conhecimento da Palavra. As Igrejas ainda precisam ficar no “leite espiritual” e não
podem aprofundar o estudo da Bíblia porque continuamos sendo reprovados nas
mesmas provas. Quando preferimos nosso conforto ao invés de seguir a direção do
Espírito Santo, ficamos deficientes no crescimento espiritual.
Tiago diz que passar por provações deveria ser motivo de toda alegria para os
cristãos (Tiago 1:2). Deus, em sua grande misericórdia, não nos deixa na fase de
infantilidade para sempre. Segundo 1 Pedro 1:6-7, a provação confirma o valor da
nossa fé. As tribulações e dificuldades comprovam se já estamos prontos a avançar de
nível espiritual. Deus não permite que sejamos testados além de nossas forças. Ele nos
mantém no mesmo “nível espiritual” até que sejamos aprovados. Por isso, é melhor
passar no teste de uma vez ou ficaremos repetindo as mesmas etapas até podermos
avançar.

Benefícios da Provação

As provações geram as experiências com Deus de que precisamos para


aprender a confiar e depender dEle. Muitos cristãos estão tristes com Deus porque não
conseguem crer nEle em meio aos seus problemas. Mas, se enfrentassem suas
tribulações em Deus, acabariam com sua fé mais fortalecida. Nenhum pregador pode
nos ensinar a ter experiências com Deus. As adversidades põem à prova o que
aprendemos da Palavra. Nunca saberemos se realmente conhecemos o Evangelho se
não tivermos de colocá-lo em prática.
A provação revela o estado de nosso relacionamento com Deus. Abraão foi
provado no mais alto grau de confiança em Deus. Ele teria que entregar no altar o
filho da promessa (Gênesis 22:1-19). Quando Deus nos pede algo difícil, nossa
primeira reação é achar que não pode ter sido a voz de Deus. Ora, Deus quereria a
morte de um filho que Ele mesmo deu a Abraão? Na hora da provação não devemos
racionalizar, devemos obedecer.
Depois que chegamos à conclusão de que a prova veio de Deus, nossa segunda
opção é tentar negociar. Abraão poderia ter pensado que, se Deus queria o sacrifício
de um filho, deveria ser o sacrifício de Ismael, afinal Ismael era o filho da carne, da
impaciência e da desobediência. Muitas vezes, Deus nos pede o que mais amamos e,
ao invés de obedecer, tentamos compensar com boas ações. Só que Deus não quer
sacrifícios, Ele quer obediência. Uma oferta maior não vai fazer Deus mudar de ideia.
Deus não aceita suborno, nem é comprado por nossas boas ações.
Por fim, quando percebemos que não há mais jeito de escapar, nossa saída é
procrastinar. A Bíblia disse que Abraão acordou de madrugada e preparou seu
jumento para levar Isaque ao holocausto (Gênesis 22:3). Ele não sabia qual era o
monte em que deveria oferecer o sacrifício, mas isso não o impediu de começar as
preparações para sua ida. Abraão teve que se esforçar, ainda que o pedido de Deus não
lhe fosse agradável.
Deus não queria a morte de Isaque. Deus queria provar o coração de Abraão,
para ver se seu filho havia-se tornado idolatria em sua vida. Tudo aquilo que amamos
mais do que Deus acaba virando idolatria, por isso, Deus sempre nos pedirá para
oferecer no altar. Deus não quer que sejamos infelizes. Deus não quer tomar de nós o
nosso melhor. Ele apenas quer ter certeza de que isso não nos afastará dEle. Uma vez
que tenhamos sido aprovados no teste, Deus devolverá o que pediu e ainda entregará
em abundância. Deus fez uma aliança com Abraão e, porque Abraão foi fiel, Deus
ofereceu o Seu Filho Jesus para salvar toda a descendência de Isaque.
As provas revelam nosso caráter cristão. São as tribulações que mostram se
estamos dando lugar às obras da carne ou aos frutos do Espírito. Em meio ao sossego,
nunca poderemos saber se o fruto da paciência está plenamente desenvolvido em nós.
Se não tivermos de entregar nada, não poderemos perceber se é o egoísmo ou o amor
que está agindo em nós.
Por fim, as provas produzem testemunho. Conforme 2 Coríntios 1:4:

É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que
estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos
contemplados por Deus.

Ao passar pelas provas, nosso testemunho não beneficia apenas a nós mesmos,
mas também aos outros. A pregação tem muito mais força quando é acompanhada de
um testemunho poderoso. A fé das pessoas é estimulada quando elas vêem que a
Palavra verdadeiramente se cumpre. O testemunho encoraja as pessoas a não
desistirem, pois elas pensam que se alguém conseguiu atravessar a linha de chegada e
obter a recompensa, elas também poderão fazê-lo. Sem o teste, o testemunho é fraco.

Frutos da Provação

Além de todos esses benefícios, a provação ainda tem a vantagem de


desenvolver em nós determinadas virtudes. A primeira delas é a perseverança. Tiago
1:2 diz:

Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque,


depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos
que o amam.
A perseverança adiciona um ingrediente a mais à provação. Se já entendemos
que as tribulações sobrevêm ao justo e ao ímpio, o que diferencia um do outro é a
maneira como cada um enfrenta o teste. A perseverança é a atitude daquele que
enfrenta a prova em Deus. Não há como fugir de algumas dificuldades, mas podemos
escolher a forma de encará-las. Podemos murmurar ou ter fé em Deus. Podemos
confiar em Deus ou na força de nosso braço. Podemos maltratar as pessoas ou
continuar a desfrutar nossa vida.
Romanos 5:3-4 diz que a tribulação produz perseverança; a perseverança,
experiência e a experiência, esperança. Quando perseveramos e não recuamos diante
das provações, nosso nível de confiança em Deus vai aumentando. Deus vai-se
revelando a nós de forma pessoal, enchendo-nos de força em meio às lutas. Essa
experiência de que Deus é bom, está ao nosso lado e cuida de nós dá-nos esperança
para o nosso futuro. Quando enfrentamos novas e maiores dificuldades, nossas
experiências anteriores nos animam a continuar prosseguindo, pois já temos
experiência de que Deus é fiel.
A epístola de Tiago também fala a respeito da sabedoria (Tiago 1:5-8).
Durante a provação a pior coisa que podemos fazer é nos afastar de Deus. Mesmo
quando não entendemos por que estamos atravessando dificuldades, podemos
perguntar a Deus o motivo de nossos problemas e como sair deles. A pior coisa,
segundo Tiago, é pedir a Deus sabedoria e duvidar de que Ele seja capaz de responder
ou ajudar. Deus responde à fé e não à incredulidade.
Perguntar a Deus a respeito da provação é diferente de provar a Deus. Prova a
Deus aquele que se rebela contra Ele; que testa Sua misericórdia provocando-O à ira
com pecados; que age de forma irreverente e sem temor a Ele. Já buscar a Deus sobre
a provação não causa nenhum mal. O máximo que pode acontecer é Deus não querer
dar a resposta naquele momento, hipótese em que precisamos continuar a confiar
nEle, porque quando a provação passar, entenderemos seu propósito.
A boa notícia da provação é que “(...) o Senhor sabe livrar da provação os
piedosos e reservar, sob castigo, os injustos para o Dia de Juízo, especialmente
aqueles que, seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam qualquer
governo.” Para aqueles que enfrentam a provação com o auxílio do Todo Poderoso, há
livramento. Mas aqueles que buscam o conforto de fazer as coisas conforme o mundo
e a carne terão que prestar contas no Dia do Juízo.
A provação pode não parecer boa na hora que acontece, mas depois que a
enfrentamos e entendemos seu efeito em nossas vidas, deixamos de resisti-la. O
segredo é não deixar que a tribulação se torne o centro de nossa vida, mas colocar o
nosso foco em Deus e continuar a viver normalmente.
Se a provação faz parte do crescimento espiritual, para continuar crescendo
temos que continuar vencendo as tribulações. Não vale a pena ficar ansioso ou se
angustiar, porque isso nos desgasta e rouba nossa alegria. Se aprendermos a continuar
a desfrutar nossa vida mesmo em meio aos problemas, o diabo não exercerá influência
sobre nós. Não há maior nível de maturidade espiritual do que permanecer firme
mesmo diante das circunstâncias adversas.
11
Dieta Espiritual

“Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome;
e o que crê em mim jamais terá sede.”
(João 6:35)

E stamos vivendo um tempo


em que as pessoas
preocupam em manter-se
se

saudáveis. As indústrias de alimentos naturais e orgânicos têm crescido, as academias


de ginástica têm se multiplicado e até redes de fast food têm inserido opções de
cardápios com menos gorduras e calorias. Mas será que estamos nos preocupando em
manter nossa vida espiritual igualmente saudável?
Em nossa vida cristã, há dois caminhos a seguir: podemos crescer e nos
fortalecermos ou podemos envelhecer e engordar. Uma “dieta espiritual” saudável
consiste de alimentação frequente e adequada, além de exercício para a queima de
gordura e para a “digestão espiritual”.

Alimentação Espiritual

Comecemos a tratar da alimentação. Quando Jesus começou a multiplicar pães


e peixes, as multidões o seguiram. Todos queriam uma porção do alimento que Jesus
podia lhes dar (João 6:22-24). Mas Jesus lhes disse que eles deveriam trabalhar não
pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna (João 6:27). Ele
então lhes ensinou que aquele que viesse a ele jamais teria fome e o que cresse nele
jamais teria sede (João 6:35).
O que é “comida espiritual”? Jesus se revelou como Pão da Vida (João 6:27).
Jesus é o Verbo que veio habitar entre nós. Ele é a própria Palavra de Deus em
movimento. Por isso Jesus esclareceu diversas vezes como as Escrituras deveriam ser
interpretadas, porque Ele é a própria Palavra viva de Deus. A Palavra é o alimento que
sacia nossa fome. Não existe uma resposta de que precisamos que não esteja coberta
pela Palavra. Porém, não há “fast food espiritual”. Quanto mais nos aprofundarmos no
conhecimento das Escrituras, mais poderemos extrair delas valor nutricional.
Qual é a “bebida espiritual”? Jesus disse que tinha água viva (João 4:10). Ele
também falou que aquele que nele cresse do seu interior fluiriam rios de água viva,
representando o Espírito Santo que seria derramado, após a ressurreição (João 7:38-
39). Desde a Criação, o Espírito Santo paira sobre as águas (Gênesis 1:2). O “alimento
espiritual”, a Palavra de Deus, é fundamental para nossa subsistência, mas também
precisamos da revelação do Espírito para que a Palavra seja absorvida. Por meio da
Palavra, o Espírito Santo nos lava de toda a impureza e nos enche de Sua Presença até
transbordarmos. O Espírito sacia nossa sede, ao ministrar às nossas necessidades,
aplicando a Palavra escrita ao caso concreto. Assim, podemos oferecer a água que flui
de nosso interior aos outros.
Uma lei que podemos aplicar com segurança é: tudo o que não alimentarmos,
morre. Por outro lado, tudo o que alimentarmos cresce e se fortalece. Se quisermos ser
fortes espiritualmente não podemos continuar a alimentar nossos apetites carnais.
Contrariamente, se não alimentarmos nosso espírito, ele ficará abatido e não
poderemos contar com ele no momento da batalha espiritual. Por isso, é preciso saber
bem qual é o tipo de alimentação a que estamos submetendo nossa vida.
Para saber qual o tipo de alimentação adequado para o crescimento espiritual,
a Bíblia diferencia entre leite e alimento sólido. O “bebê espiritual” não consegue
ingerir alimento sólido. 1 Pedro 2:2 diz que o recém-nascido precisa do genuíno “leite
espiritual”. Hebreus 5:12 descreve o que se constitui “leite espiritual”: os princípios
elementares dos oráculos de Deus.
O “bebê” e a “criança espiritual” devem-se afastar de doutrinas processadas
por homens e buscar o alimento direto da fonte: a Palavra de Deus. Nela se encontram
os fundamentos sobre a salvação, a graça, as bênçãos, o pecado, a carne, a cura, a
santidade, o caráter cristão, o perdão, a obediência, os dons e a vocação espiritual, os
frutos do Espírito, o amor, o casamento e a família, a lei, a liberdade, a justificação, a
fé.
Jesus ensinou nos Evangelhos como se deveriam cumprir os mandamentos. As
epístolas de Paulo explicam detalhadamente a obra de Cristo na cruz, o significado da
ressurreição e a operação poderosa do Espírito Santo. Livros como Timóteo, Tiago e
Pedro abordam temas como o caráter do cristão e o crescimento espiritual. O livro de
Atos nos mostra como devemos fazer a obra de Deus e revela as maravilhas e as
dificuldades do chamado. O livro de Hebreus é uma explicação detalhada a respeito
da antiga aliança em contraste com a nova aliança. Esses são princípios elementares
que precisamos aprender.
Os cristãos carnais ainda precisam do leite porque, ainda que eles tenham tido
uma boa base bíblica quando receberam a salvação, eles continuam agindo de maneira
imatura. O Ap. Paulo diz que as crianças espirituais ainda agem com ciúmes e
contendas, com partidarismos e dissenções (1 Coríntios 3:3-7). A fase de meninice
cristã se caracteriza pelo egoísmo. Com o egoísmo, todas as obras da carne se
manifestam: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias,
ciúmes, iras, discórdias, dissenções, facções, invejas, bebedices, glutonarias.
Como dissemos, o crescimento espiritual inicialmente vem por meio do
conhecimento da Palavra. Posteriormente, é por meio de testes e provas que vamos
crescendo. Hebreus 5:12-13 era uma mensagem aos cristãos hebreus que, segundo o
Ap. Paulo, já deveriam ser mestres pelo tempo que tinham de Evangelho. Porém, eles
tinham necessidade de que alguém lhes ministrasse novamente o “leite espiritual”,
porque eles ainda eram inexperientes no conhecimento da palavra da justiça.
Ganhamos experiência espiritual por meio da obediência. E a obediência é forjada em
meio às provações.
Conforme vamos desenvolvendo nossa fé, nos habilitamos a receber o
alimento sólido. 1 Coríntios 3:2 diz que o alimento sólido é para o “varão espiritual”.
A etapa adulta é caracterizada pelo discernimento. Note o que diz Hebreus 5:14: “Mas
o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas
faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.”
É pela prática e pelo exercício que vem o discernimento. Como vamos
aprender a tomar decisões dirigidas por Deus, conhecer Sua vontade, descobrir nosso
chamado, se não estamos dispostos a obedecer nas pequenas coisas que formam nosso
caráter? Se continuamos a resistir a Deus, como queremos ter força para resistir ao
diabo? A cada novo nível de crescimento, haverá provas mais difíceis. E a oposição
do inimigo ficará ainda mais ferrenha.
Discernimento é essencial para continuar a prosseguir na caminhada.
Precisamos afastar-nos do mal e seguir as veredas da justiça e isso não acontece de
uma única vez. Precisamos continuar a tomar essa decisão pelo resto de nossas vidas.
Apenas o que perseverar até o fim no caminho da santificação será salvo (Mateus
24:13).

Alimentação Saudável

Comer e beber são necessidades vitais para nosso corpo. Para viver bem,
precisamos fazer refeições saudáveis todos os dias. Um espírito saudável também
requer uma alimentação saudável. Muitas pessoas querem ter um espírito forte, mas só
recebem sustento uma vez por semana durante o culto na Igreja. O “maná” - o pão que
desceu do céu para a alimentação do povo de Israel em meio ao deserto - durava um
dia. A porção do maná era diária. Quando eles tentaram colher a mais, guardando para
o dia seguinte, o pão se estragou, deu bichos e cheirava mal (Êxodo 16:20). Isso
significa que Deus tem uma palavra nova para nos revelar a cada dia. Precisamos nos
alimentar frequentemente da comida espiritual para nos tornarmos fortes. Por isso,
Jesus orou: “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mateus 6:11).
Para sermos saudáveis, precisamos da medida certa da Palavra a cada dia. Se
tentarmos nos sustentar amanhã com a porção de hoje, veremos que ela não servirá
mais. Quantas pessoas foram grandemente usadas por Deus em um período de sua
vida e se estagnaram, crendo que podiam viver no futuro com porções do passado! A
árvore que não dá frutos, Deus corta, mas a que dá frutos, Deus limpa para que
produza mais frutos ainda (João 15:2). De qualquer maneira, não podemos manter os
frutos. Deus não gosta de nada apodrecendo. Ele quer que coloquemos em prática o
que aprendemos. Com Deus, é preciso continuar avançando. Isto é crescer
espiritualmente.
Deus dá a Palavra no tempo certo. Isso não quer dizer que iremos sempre
utilizar a Palavra no mesmo instante em que Deus a dá. Às vezes, Deus nos revela
coisas futuras a fim de que estejamos preparados para o que iremos enfrentar. Outras
vezes, Deus nos dá um propósito, mas precisamos começar a agir hoje, para que o
objetivo se cumpra. A despeito de precisarmos da sabedoria hoje ou amanhã, é
necessário dar ouvidos à voz do Senhor no presente, para que possamos utilizá-la
quando tivermos necessidade. Por isso, é sempre importante manter-se alimentado da
Palavra, já que nunca saberemos quando precisaremos aplicá-la.

Dieta Espiritual

E para que o “alimento espiritual” não venha a se tornar gordura, é necessário


fazer uma “dieta espiritual”. O primeiro princípio da “dieta espiritual” é a disposição
de mudar os hábitos alimentares. De nada adianta fazer dieta e continuar com o olho
gordo nos manjares do mundo. Quem está de dieta deve dispor-se a cumpri-la:
inicialmente, deve reconhecer sua necessidade e, em seguida, empenhar-se a iniciá-la.
Adiar para a próxima segunda-feira não vai surtir efeito algum. É preciso demonstrar
vontade e, com disposição, começar a trocar os hábitos alimentares.
O segundo princípio da “dieta espiritual” é trocar a comida gordurosa por
vitamina. Em Levítico 7:23, Deus proibiu o povo de ingerir gordura. Gordura
representa excesso de carnalidade. A gordura nada mais é do que um estoque não
utilizado de matéria que será transformado em energia quando o corpo necessitar. Se
continuarmos a alimentar a carne, armazenaremos uma quantidade indesejada das
nossas vontades, desejos egoístas e dos princípios e valores desse mundo.
Quando surgir a ocasião em que precisarmos utilizar energia, por exemplo,
mediante uma dificuldade, se tivermos excesso de gordura, nossa primeira fonte de
busca será o mundo ao invés da Palavra de Deus. Quanto mais alimentarmos a carne,
mais involuntária será nossa resposta aos problemas por meio dos impulsos carnais.
Mas se queimarmos a gordura no altar (Levítico 3:16) e alimentarmos nosso espírito,
nossa reação às adversidades será a direção da Palavra de Deus e do Espírito Santo.
Como lemos na história de Eli, narrada nos primeiros livros de 1 Samuel, o
sacerdote apenas se preocupava em gastar seus dias comendo e descansando. Ele não
educou seus filhos no caminho do Senhor. Esses homens comiam a carne dos
holocaustos que o povo trazia para o templo (1 Samuel 2:12-17) e dormiam com as
mulheres que serviam à porta da tenda da congregação (1 Samuel 2:22). Seu pai não
os repreendia, apenas dava-lhes avisos, mas permitia passivamente aquelas
abominações no templo do Senhor. Não é mistério o motivo pelo qual naquele tempo
a palavra do Senhor era rara e as visões não muito frequentes (1 Samuel 3:1). O
resultado de tanta ociosidade foi que os olhos de Eli começaram a escurecer-se, a
ponto de não mais poder ver o que se passava (1 Samuel 3:2).
Chegou então o dia em que a fé de Eli seria testada. Os filisteus vieram pelejar
contra Israel (1 Samuel 4:1). Sem o devido preparo, o povo foi derrotado. No
desespero, pediram que trouxessem à peleja a Arca da Aliança. Você já viu isso
acontecer? A pessoa não mantém um relacionamento com Deus; não ora; não lê a
Bíblia, mas quando a dificuldade surge, acha que irá invocar a Palavra e a Presença de
Deus trará a vitória imediatamente!
Os filhos de Eli foram mortos na batalha. A Arca do Senhor foi tomada pelos
inimigos. E o sacerdote Eli se encontrava à beira do caminho, assentado em uma
cadeira (1 Samuel 4:13). Ele não se preocupou em consultar a Deus antes de ir à
guerra; não se importou com o destino da Arca do Senhor, nem se ocupou em orar
pelo povo durante o combate. O final da vida de Eli foi trágico. Quando chegou a
notícia do que tinha ocorrido à Arca, Eli caiu da cadeira para trás e quebrou seu
pescoço. Quando estamos com Deus, a guerra não pode nos atingir. Mas a passividade
espiritual nos faz cair. A gordura espiritual impede o homem de se reerguer. O que
matou Eli foi sua gordura. A Bíblia diz que ele “morreu, porque era já homem velho e
pesado” (1 Samuel 4:18).

Vitamina Espiritual

Apenas cortar a comida gordurosa pode fazer emagrecer, entretanto, isto não
torna alguém saudável. A vitamina é necessária, pois, uma vez processada, vai gerar
força e fazer com que os músculos espirituais apareçam. Enquanto formos cristãos
passivos e sedentários, ou iremos recorrer à gordura da carne ou iremos desmaiar de
fraqueza.
Eliminada a gordura, que o alimento tem mais vitamina? No Éden havia
muitas árvores e muitos frutos. Mas a decisão que Adão teve de tomar foi se comia da
árvore da vida ou da árvore do conhecimento do bem e do mal. Vida é saúde. As
palavras e ensinamentos do Senhor são vida para quem os acha e saúde para seu corpo
(Provérbios 4:22). Buscar a Palavra da Vida, após processada por meio da revelação,
se reverte em saúde. Precisamos nos alimentar da árvore da vida, da Palavra que sai da
boca de Deus e que preenche nosso interior com os atributos do reino: justiça, paz e
alegria no Espírito Santo.
Só que na maioria das vezes optamos pelo fruto do conhecimento do bem e do
mal. Muitas teorias científicas parecem ser racionais, mas escondem em si o orgulho
do homem contra Deus. Querem desafiar a existência de um Criador e elevar o poder
da criatura. Determinadas correntes filosóficas parecem ser academicamente
profundas, mas acabam por aumentar o vazio do homem. Só Deus tem respostas para
nossas perguntas existenciais, porque Ele é que dá propósito à vida do homem. As
muitas opiniões do mundo vindas de especialistas, da mídia, de pessoas influentes, do
dinheiro e do lucro, parecem nos ajudar, mas apenas manipulam nossa mente para
impor seus padrões de comportamento. A pressão do sistema do mundo apaga nossa
individualidade e aliena nossa capacidade de decisão e liberdade de escolha.
A religiosidade também é fruto do conhecimento do bem e do mal. Tem
aparência de bem, por meio de doutrinas, padrões e modelos espirituais, mas com o
objetivo de prender o homem em um cativeiro de leis e regras que o afastam de Deus.
A religiosidade tenta estimular o homem a fazer com sua própria força o que apenas
Deus, com Seu poder, pode fazer: mudar a natureza carnal.
Todo o fruto do conhecimento do bem e do mal “engorda” a mente, mas deixa
o espírito “anêmico”. Romanos 12:2 diz para não nos conformarmos com este século.
O cristão conformado é aquele que é ocioso, que aceita o padrão do mundo sem
questionar. Para o cristão se fortalecer e resistir aos ataques do diabo, é necessário ser
transformado pela renovação da mente por meio da verdade. Da mesma forma que a
digestão de alimento, a renovação da mente é um processo. Começa com a absorção
da Palavra; depois ela é processada na forma de revelação em nosso interior. Por meio
da prática, acessaremos os nutrientes necessários à nossa subsistência. Só então a
Palavra nos dá força e provê a energia para a caminhada.

Exercício Espiritual
O exercício é importante no processo de “digestão” da Palavra. Não sabemos
se realmente aprendemos a mensagem até sermos testados e precisarmos usá-la. O
exercício põe a Palavra para funcionar e ainda queima calorias espirituais acumuladas.
No início, o exercício parece difícil. Qualquer atividade mais intensa nos deixa
doloridos. É a mesma coisa com a obediência. A primeira vez que o Espírito Santo
nos estimula a agir corretamente parece que não vamos conseguir suportar. Mas
depois que pegamos a prática, obedecer vai ficando algo natural.
Às vezes, podemos precisar queimar algumas calorias. Gordura acumulada,
processada, vira sabão. Se alguns quilos a mais aparecerem, devemos aproveitar a
oportunidade para queimá-los e transformá-los em sabão. O arrependimento é um
processo de queima de calorias. O quebrantamento, o choro, a confissão dos pecados,
a humilhação diante de Deus, a busca em oração, a conversão dos maus caminhos
queimam o excesso da carne e se transformam em sabão. Esse sabão limpa toda a
impureza, por meio do recebimento do perdão pelo sangue de Jesus.
A gordura processada se transforma em outra coisa: óleo. Depois de
queimadas as calorias da carne e obtidos os nutrientes espirituais, o acúmulo de
alimento vira unção em nossa vida. Por meio dessa unção e da graça de Deus nós
recebemos a capacitação para andar no caminho do Senhor e fazer o que Ele nos
chamou para fazer. Tentar cumprir o propósito de Deus, sem unção, resulta em
esgotamento. A unção é a força para realizarmos nossas atividades, sejam pessoais ou
ministeriais, com agilidade e excelência.
Precisamos cuidar para, ao alimentarmo-nos da Palavra, a guardarmos no
coração. Se a Palavra não for devidamente retida, será descartada e o espírito ficará
“anoréxico”. Com a anorexia, vem a anemia, pois a pessoa expulsa toda a vitamina do
corpo. E o pior: além do alimento, há uma grande perda de água!
Jesus disse à Igreja de Laodicéia que, por ela não ser fria nem quente, mas
morna, ele estaria a ponto de vomitá-la (Apocalipse 3:16). É melhor ser frio, ou seja,
não conhecer a Palavra, ou ser quente, ouvindo-a e praticando-a, que ser morno. O
“morno espiritual” é aquele que conhece a Palavra, mas não a pratica. Acha que pode
se alimentar da gordura do mundo e do “alimento espiritual” e que isso não lhe fará
mal.
Essas pessoas não percebem que estão à beira de uma “intoxicação espiritual”!
Elas se sentem saciadas, mas essa mistura de comidas vai-lhes provocar uma bela
indigestão! Elas acabarão vomitando o que ingeriram, porque a Palavra de Deus não
lhes caiu bem, já que seu organismo não a processou direito por causa do excesso da
gordura da carne. Além de eliminarem a Palavra, essas pessoas ainda vão-se tornando
espiritualmente cegas, porque se tornam insensíveis à voz do Espírito Santo. Sem
água, o espírito se desidrata e morre.
A Palavra é o alimento. A água é o Espírito Santo. A gordura pode virar sabão
ou unção. O jejum, a oração e a obediência são os exercícios. Com esses ingredientes,
a dieta funcionará e poderemos crescer com um “corpo espiritual” saudável.
12
Ritos de Passagem

“E crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.”


(Lucas 2:52)

A Bíblia
eventos
marca
como
alguns
ritos
passagem de um nível para
outro. Embora alguns desses acontecimentos se relacionem ao crescimento físico,
Deus nunca destaca um ritual que não tenha conotação espiritual. Todas as vezes que
de

os rumos da vida de um homem eram mudados por Deus, a primeira coisa que eles
faziam era um altar ao Senhor, como um marco de uma nova etapa de sua caminhada.

A Circuncisão e a Conversão do Crente

O primeiro marco na vida de Jesus foi a circuncisão, que ocorreu oito dias
depois de seu nascimento (Lucas 2:21). A circuncisão distinguia os israelitas dos
povos gentios. Da mesma forma, a “circuncisão espiritual” representa a rejeição da
vida de carnalidade, a fim de identificar aquela pessoa como membro do reino de
Deus.
Quando Abraão foi circuncidado, este ato foi um símbolo da aliança entre sua
casa e Deus. Nossa circuncisão hoje é no coração e não no corpo. Ocorre quando
Jesus, que sacrificou seu corpo por nós, é recebido em nosso coração. Aceitar a Jesus
significa que cremos na obra que ele promoveu na cruz, ao fazer morrer a carne para
nos dar vida eterna. A partir daí, confessamos nossa fé e firmamos uma aliança com
Deus.
Jesus tratou a conversão como um novo nascimento porque, a partir desse
momento, começa uma nova vida na família de Deus. Foi após Jesus ser circuncidado
que ele recebeu seu nome. Nossos nomes são registrados no Livro da Vida quando
somos salvos por Jesus. No novo nascimento, alguns assumem o nome que foi
preparado por Deus de antemão para guiar sua vida inteira, como João Batista e Jesus.
Outros precisam de uma mudança de nome que caracterize sua nova identidade, como
aconteceu com Abrão e Sarai que passaram a chamar-se Abraão e Sara e assim como
Jacó que se tornou Israel.
Após a circuncisão, Jesus foi apresentado no templo (Lucas 2:22-24). A
apresentação no templo significa a consagração do bebê a Deus. Isso é importante, já
que significa para os pais a responsabilidade de ensinar a criança nos caminhos do
Senhor, para que, ao crescer, ela não se desvie deles, como afirma a promessa de
Provérbios 22:6. Ainda que ela busque o mundo, se ela foi apresentada ao Senhor, ela
voltará para Seus caminhos, porque a consagração prevalecerá em sua vida.
Algo importante a destacar é que a consagração na Bíblia envolvia um
sacrifício. Precisamos apresentar uma oferta ao Senhor quando apresentarmos nossos
filhos a Ele. Mas, além disso, o sacrifício significa que, ao entregar seu filho para
Deus, é Deus quem determinará o destino dele. Se Deus chamá-lo para um propósito,
seus pais não devem interferir, porque a criança foi separada por Ele e para Ele. Foi o
que aconteceu na vida de Samuel (1 Samuel 1:22).

O Desmame e o Crescimento Espiritual

Outro rito de passagem na Bíblia ocorre quando a criança é desmamada, como


aconteceu com Isaque (Gênesis 21:8) e Samuel (1 Samuel 1:24). Uma festa era dada
quando a criança deixava de depender completamente da mãe, o que ocorria quando
ela chegava aos dois ou três anos de idade.
O desmame na Igreja significa que o cristão está amadurecido para andar com
suas próprias pernas. Após o novo nascimento, a Igreja precisa dar apoio ao novo
convertido, porque ele é como um bebê que nada sabe. Ele precisa aprender os
fundamentos da Palavra de Deus, o genuíno “leite espiritual”.
É bom que o novo convertido se engaje em um curso bíblico; em um estudo da
Bíblia em um ano; em ir à Igreja em todas as reuniões. A Igreja precisa manter um
acompanhamento dessas pessoas de perto, a fim de ensiná-las e exortá-las. Quando a
Igreja se exime dessa tarefa, é provável que as pessoas voltarão às suas práticas
antigas ou crescerão como crentes desnutridos, que sucumbem mediante a primeira
dificuldade no caminho.
Em dois ou três anos na Igreja, seria hora de amadurecer. Não há cristianismo
estagnado. Ou se avança ou se retrocede. Nesse período, o cristão deve crescer em
sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.
Cresce-se em sabedoria ao praticar-se a leitura e meditação nas Escrituras, por
si mesmo e com o auxílio de pregações e livros. No desmame, os fundamentos devem
estar bem firmados, para que a pessoa saiba diferenciar entre a falsa doutrina e o
Evangelho verdadeiro.
Cresce-se em estatura quando vivenciamos experiências com Deus, que nos
fazem avançar a cada ano que passa. Também por meio de provações, vamos sendo
testados e, caso não aprovados, passaremos de novo por elas até estarmos preparados.
Cresce-se em graça ao sermos capacitado por Deus para desenvolver os dons e
talentos que Ele nos deu. Essa não é a hora de usar nossas habilidades, mas de
aprender sobre elas. Devemos investir em treinamento na área em que Deus nos
capacitou.
Esse crescimento acontece diante de Deus e dos homens. Se a mudança
interior não for acompanhada da mudança no exterior, não houve verdadeira
conversão. Se a pessoa se torna nova criatura, então essa nova personalidade deve
manifestar-se no modo de falar, de se portar, de agir, de se vestir, de comer, de se
relacionar com os outros. E as pessoas ao redor começarão a reparar a transformação.

A Maioridade Espiritual e a Responsabilidade por Pecados

Outro marco na vida cristã é a “maioridade espiritual”. Como mostra a história


dos israelitas, aqueles que seguiram os dez espias em sua murmuração contra a Terra
Prometida não possuíram a terra. Mas os jovens de até vinte anos de idade não foram
responsabilizados por Deus (Números 14:29-30).
O que significa a “maioridade espiritual”? Significa que, até alcançarmos
plena maturidade espiritual, as autoridades constituídas por Deus sobre nós são
responsáveis por nossas decisões espirituais. Nossos pais e pastores são responsáveis
por nós, façam eles um bom trabalho ou não. Se tomarem atitudes erradas, terão de
responder a Deus. Mas a partir da maioridade, a questão será entre nós e Deus. Nossos
atos serão diretamente postos em nossa conta, pois já estaremos maduros suficientes
para fazermos nossas próprias escolhas.
Acompanhe o que diz Levítico 4:2-3: “Quando alguém pecar por ignorância
contra qualquer dos mandamentos do SENHOR, por fazer contra algum deles o que
não se deve fazer, se o sacerdote ungido pecar para escândalo do povo, oferecerá
pelo seu pecado um novilho sem defeito ao SENHOR, como oferta pelo pecado.” Esse
pecado de ignorância descrito é diverso do pecado descrito em Levítico 4:13, o qual
decorria da ignorância do povo quando a situação passava desapercebida da
congregação dos anciãos.
O pecado de ignorância em Levítico 4:2-3 era concomitante com o escândalo
do sacerdote ungido. A palavra escândalo na Bíblia tem o significado de tropeço, de
algo que conduz outros ao erro ou ao pecado. Aquele que não aprendeu a verdade ou
que aprendeu a Palavra de forma deturpada comete pecado de ignorância. Mas o
sacerdote comete um pecado deliberado, pois ele induziu a pessoa a erro por meio de
dolo ou omissão.
Até a “maioridade espiritual”, nossos pecados são pecados de ignorância. Eles
não deixam de ser pecados, mas para Deus não há intenção do coração. Quando o
pecado é intencional, Deus julga de uma maneira diferente. Notemos o que diz
Números 15:27-28: “Se alguma pessoa pecar por ignorância, apresentará uma cabra
de um ano como oferta pelo pecado. O sacerdote fará expiação pela pessoa que
errou, quando pecar por ignorância perante o SENHOR, fazendo expiação por ela, e
lhe será perdoado.”
Agora comparemos com o que está escrito em Números 15:30-31: “Mas a
pessoa que fizer alguma coisa atrevidamente, quer seja dos naturais quer dos
estrangeiros, injuria ao SENHOR; tal pessoa será eliminada do meio do seu povo,
pois desprezou a palavra do SENHOR e violou o seu mandamento; será eliminada
essa pessoa, e a sua iniqüidade será sobre ela.”
Enquanto o pecado de ignorância é julgado pelo ato em si, de acordo com sua
conformidade ou não com a Palavra, o pecado deliberado é julgado pelo coração do
pecador. Se a pessoa insiste nos pecados voluntários, sem se arrepender, seu coração
vai ficando cada vez mais endurecido até não dar mais ouvidos à convicção do
Espírito Santo. Eis as consequências dessa atitude: “Porque, se vivermos
deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da
verdade, já não resta sacrifício pelos pecados; pelo contrário, certa expectação
horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários.” (Hebreus
10:26).
Quando então ocorre a “maioridade espiritual”? Com o pleno conhecimento da
verdade. Antes de o povo murmurar contra Deus a respeito da Terra Prometida, eles
haviam recebido a palavra do Senhor de que tomariam posse dela (Números 13:1).
Eles ainda tiveram um sinal da bondade de Deus, pois viram a qualidade do fruto da
terra (Números 13:27). Mas escolheram acreditar no relatório de incredulidade de dez
espias, que infamaram a terra (Números 13:32-33). Eles podiam ter acreditado no
relato de Josué e Calebe, que lembraram ao povo da promessa do Senhor (Números
14:7-9), mas deliberadamente decidiram que preferiam voltar ao Egito (Números
14:4). Foi seu pecado consciente que os impediu de alcançar a vontade de Deus e eles
morreram no deserto.

O Batismo e a Vocação Espiritual

O último marco de passagem do crescimento espiritual ocorre no batismo. O


batismo tem uma simbologia importante. Primeiro, nos arrependemos de nossos maus
caminhos e escolhemos viver nossa vida, segundo o parâmetro de Deus. Ao sermos
submersos na água e erguidos para uma nova vida, ocorre o sepultamento do corpo da
carne e a ressurreição do espírito para a glória do Pai (Romanos 6:4). Ao fazermos
esse ato estamos representando o que Jesus fez na cruz do Calvário, unindo-nos a ele.
Assim como Jesus foi crucificado por nossos pecados, nós escolhermos morrer para o
velho homem e ressuscitar para viver para a glória de Deus (Romanos 6:5-10). O
batismo marca nossa trajetória com Deus, nos comprometendo a andar nos passos de
Jesus.
Qual a exigência para ser batizado? Apenas crer em Jesus. A Palavra diz que
quem crer e for batizado será salvo (Marcos 16:16). Porém, uma vez ouvi de um
pastor uma orientação válida. É bom que, antes de sermos batizados, já tenhamos
passado por alguma experiência com Deus, para que estejamos certos do que estamos
fazendo. O recém-normalmente ainda não tem muita consciência do que o ato do
batismo representa. É por meio de uma experiência concreta que temos a revelação de
quem Deus verdadeiramente é e o compromisso do batismo ganha mais significado.
Uma experiência com Deus não é algo místico. É experimentar o auxílio do
Senhor em alguma situação, tornando nosso conhecimento dEle uma revelação
concreta e não mais abstrata. Como Jó, até conseguirmos identificar pela experiência
quem Deus realmente é, nós só o conhecemos pelo que ouvimos os outros dizerem.
Quando Deus se revela a nós, nossos olhos se abrem para vê-Lo (Jó 42:5). Quando
nossa visão espiritual se abre, conseguimos reconhecer que Deus se fez presente ao
nosso lado e em nosso favor.
Em seguida ao batismo, Jesus passou a pregar e a curar enfermos e expulsar
demônios, o que era seu chamado desde o início. Jesus só começou a exercer seu
ministério depois da confirmação do Pai, pois ele não fazia nada por si mesmo.
Obedecer é mais importante para Deus que fazer obras fora da Sua vontade. Deus só
pode usar obras que Ele mesmo unge, porque só assim Ele recebe a glória que Lhe é
devida.
O início do ministério público de Jesus ocorreu apenas quando ele tinha trinta
anos de idade. Esta é uma lição para nós. Logo após a conversão, apressamo-nos para
cumprir nossa “vocação espiritual”, mas o próprio Jesus esperou muito tempo antes de
dar início ao seu ministério. Ainda que tivessem tentado abreviar essa data, Jesus
sabia que não havia ainda chegado sua hora (João 2:4).
Quando Jesus começou seu ministério público, ele já estava espiritualmente
maduro. Ele já havia passado pelas tentações de Satanás no deserto. Mas ele nada fez
enquanto não foi batizado por João.
Ainda que não devamos ser precipitados, precisamos descobrir nosso chamado
e ir atrás dele. Não devemos viver um cristianismo para nós mesmos, mas precisamos
atender ao chamado de Deus para alcançar os outros. Um crente que já está há trinta
anos na Igreja e nada faz para Deus é uma árvore sem frutos que só ocupa espaço.
Aquele que foi consagrado a Deus tem um ministério a seguir, para cumprir o que
disse Jesus: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome
do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que
vos tenho ordenado.” (Mateus 28:19-20).
Deus usará nossos dons e talentos, nosso conhecimento e experiências e até
nossos erros para dar testemunho aos outros. Aliás, muitas vezes, aprendemos mais
com nossas falhas do que com nossos acertos. E essas falhas nos fazem ter compaixão
do próximo que está no engano.

Idades e Ritos de Passagem

Esses eventos e idades na Bíblia ocorrem no plano espiritual. Se a criança


nasce em uma família já cristã e começa cedo a caminhada com Deus, seu
crescimento espiritual tenderá a acompanhar o físico. Em Israel, as escolas
funcionavam dentro do templo. As crianças aprendiam bem cedo sobre as leis de
Deus. Não havia separação entre o ensino espiritual e o secular.
Muitas vezes, porém, essas idades serão divergentes. O que importa é
passarmos por todas as etapas e não pularmos nenhuma delas. Muitas vezes, a Igreja
pressiona os novos convertidos a saírem pregando publicamente, quando não foram
nem desmamados ainda. Isso só irá machucá-los e poderá prejudicar o crescimento
espiritual de outras pessoas que estejam debaixo de sua liderança.
Na Igreja, há pessoas de todas as “idades espirituais”, logo devemos cuidar
para tratar cada uma de acordo com seu nível de maturidade ou prejudicaremos seu
crescimento. Por isso, o Salmo 90:12 diz: “Ensina-nos a contar os nossos dias, para
que alcancemos coração sábio.”
A cada novo nível, haverá novos direitos, mas também novas
responsabilidades. Deus nos julgará de acordo com o que Ele nos deu. Se Ele nos tem
dado muito, nos cobrará mais. A comparação mata os chamados específicos e pode
estimular à estagnação aqueles que julgam estar em um nível espiritual superior. É
Deus quem distribui os dons da forma como Lhe apraz e só perante Ele prestaremos
contas. Temos que nos alegrar e festejar com os ritos de passagem uns dos outros e
também ter compaixão daqueles que estão lutando para avançar em seu
desenvolvimento espiritual.
13
Avançando para o Próximo Nível
“Cheias as vasilhas, disse ela a um dos filhos: Chega-me, aqui, mais uma vasilha. Mas
ele respondeu: Não há mais vasilha nenhuma. E o azeite parou”.
(2 Reis 4:6)

Q
uando estamos prontos para avançar para
o próximo nível espiritual? Há algum
sinal que nos revele que é hora de ir para
a próxima etapa de crescimento?
Jesus disse que todo o ramo que não dá fruto precisa ser podado (João 15:2).
Se ainda não estamos produzindo fruto no estágio espiritual em que nos encontramos,
vamos continuar estagnados nessa fase até a produção de fruto. Por isso é tolice
resistir aos comandos de Deus ou deixar para cumpri-los mais tarde. Quanto mais
cedo obedecermos, mais rápido iremos avançar de nível espiritual e, em cada etapa,
nós liberaremos novos desafios e novas bênçãos. Enquanto não fizermos progresso,
Deus precisará tratar conosco até que estejamos prontos para a próxima fase.
Jesus também disse que o ramo que dá fruto precisa ser limpo para que
produza ainda mais fruto (João 15:2). Esse é o momento em que estamos prontos para
crescer: quando já não há mais espaço para fruto no presente estágio espiritual.
A maioria de nós, porém, tem a tendência de estagnar quando dá frutos.
Sentimo-nos satisfeitos com o que já produzimos. Passar para um novo nível significa
começar uma outra etapa do zero, na qual sabemos que haverá dificuldades,
necessidade de mudanças, além de paciência e trabalho duro até a hora da colheita.
Por isso, a tendência é a de nos conformar. Não estamos progredindo para uma etapa
melhor, mas estamos confortáveis no nível atual. Sabemos que há algo a mais, mas
não estamos dispostos a nos esforçar para alcançá-lo.
No entanto, se não prosseguimos, uma hora nossa colheita acabará ou
apodrecerá. Foi o que aconteceu com a Igreja de Éfeso. Em Atos dos Apóstolos, nós
lemos relatos de uma grande manifestação de poder acontecendo naquela cidade, a
ponto de os cidadãos queimarem numerosos livros de artes mágicas para abraçarem a
verdadeira Palavra de Deus (Atos 19).
Quando lemos a carta para a Igreja de Éfeso em Apocalipse 2:1-7, vemos que
Deus elogia a perseverança, a integridade e o esforço daquela Igreja na prática das
primeiras obras. Tempos depois, no entanto, ela havia-se perdido do primeiro amor.
Aqueles cristãos foram fiéis na etapa pela qual passaram, renunciando aos caminhos
de idolatria e se entregando à causa do Evangelho. Mas depois da produção de frutos,
eles se estagnaram e acabaram perdendo o prazer em seu ministério. Eles deviam ter
iniciado uma nova etapa e voltado ao primeiro amor, mas se acomodaram na fase em
que estavam.
Vemos um retrato dessa situação em 2 Reis 4:1-7. Uma viúva relata a Eliseu
que depois que seu marido, um dos discípulos dos profetas, morrera, ela havia ficado
pobre. Mesmo depois de um período de avivamento espiritual e palavras de profecia,
se não cuidarmos para avançar espiritualmente, o mover morre. E acabamos em um
estado de pobreza espiritual, sem entender o motivo pelo qual, depois de termos dado
tantos frutos para Deus, estamos experimentando sequidão.
Ainda havia na casa daquela viúva uma botija de azeite. A botija de azeite
representa a medida da fase de crescimento espiritual em que nos encontramos. Deus
vai preenchendo nossa botija com unção até que uma hora ela chega ao seu limite.
Não adianta ficar tentando pedir mais unção, porque tudo o que Deus entregar a mais
será desperdiçado.
Nessa hora, o melhor a fazer é entregar a Deus o vaso cheio e quebrá-lo aos
pés de Jesus. E assim podemos apresentar a Deus um novo vaso maior e vazio. O vaso
antigo não pode ser recuperado porque é pequeno, além de estar gasto, sujo e muitas
vezes possui rachaduras pelas quais nossa unção está sendo drenada.
Aquela viúva foi trazendo para Eliseu vasilhas. Ela trouxe suas vasilhas e
buscou mais vasilhas emprestadas de suas vizinhas. Seguindo a orientação do profeta,
ela começou a entornar o azeite em cada uma dessas botijas e elas foram ficando
cheias. Na hora em que não havia mais vasilhas, o azeite parou.
A unção cessa quando nosso vaso enche! Quando apresentamos a Deus um
vaso novo, Ele pode começar um novo derramar. Um vaso maior, limpo e sem
rachaduras irá conter mais óleo, que precisaremos usar na próxima etapa de nossas
vidas.
Sabemos que precisamos ir para a fase espiritual seguinte, quando a unção
desse nível acaba! O azeite vai parar quando chegarmos ao limite daquele estágio. Por
isso, precisamos retornar a Deus, permitir que Ele limpe os frutos de nosso ramo e
começar um novo derramar.
C ONCLUSÃO

Q
ualquer mensagem a cristãos em fase de
crescimento seria incompleta se não
alertássemos que, ao ressoar da última
trombeta, num abrir e fechar de olhos, nós seremos transformados (1 Coríntios 15:51-
52). Toda a dor do crescimento durante nossa vida um dia acabará, porque estaremos
com um corpo de glória perfeito. O que está escrito em 1 Pedro 5:10 se cumprirá por
completo:

Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois
de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e
fundamentar.

Todo o sofrimento que passarmos para amadurecer espiritualmente um dia se


tornará em glória! Nosso corpo glorificado já estará aperfeiçoado, firmado, forte e
fundamentado em Jesus! Não nos devemos preocupar em relação a tudo o que ainda
falta para mudar em nós. Continuemos a dar ouvidos ao Espírito Santo, pois um dia
seremos completamente transformados. Deus se importa com a motivação de nosso
coração. Se Ele sabe que nosso coração é dEle e que nós fizemos a nossa parte para
crescer, nós receberemos esse corpo incorruptível e perfeito. Tornaremos à Imagem e
Semelhança de Deus, como fomos criados para ser desde o início.
Então para que crescer espiritualmente? Nosso crescimento espiritual faz
diferença para nós hoje. Quanto mais andarmos no caminho da vida, mais frutos
daremos e maior será nossa recompensa no Julgamento Final. Além disso, a
“maturidade espiritual” não permite que nos desviemos das veredas da justiça. Isso
assegurará que estaremos santificados quando Jesus voltar para resgatar Sua Igreja
santa, pura e sem mácula.
A boa notícia é que no crescimento espiritual não nos desgastamos,
enfraquecemos ou envelhecemos com o tempo. Em 2 Coríntios 4:16 está escrito que
“mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior
se renova de dia em dia”. Enquanto nosso corpo físico e até nossa alma perdem o
vigor, nosso espírito é renovado. Não há “envelhecimento espiritual”, há apenas
renovação e restauração!
E se consideramos que vários homens e mulheres na Bíblia - como Abraão,
Sara, Moisés, Calebe – fizeram as mais incríveis façanhas em idades avançadas,
podemos perceber que um espírito forte e sadio infunde saúde, energia e vida para
nosso homem exterior. Deus não escolhe baseado na idade, mas na “maturidade
espiritual”. Por isso, como o Ap. Paulo, vivamos uma vida digna para poder afirmar
no final: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (2 Timóteo
4:7).
O RAÇÃO PARA SALVAÇÃO

Se você ainda não aceitou a Jesus como seu Senhor e Salvador e deseja manter
um relacionamento com Deus, faça essa oração:

“Deus Pai, venho agora em Tua Presença em oração no nome de Jesus e no


poder do Espírito Santo. Obrigado, Pai, porque o Senhor ansiava tanto por um
relacionamento comigo que enviou Teu único Filho para me salvar e me dar uma
nova vida. Nesse momento, aceito a Jesus Cristo como meu único Salvador e o elevo
à condição de Senhor da minha vida.
Reconheço que o sacrifício de Jesus na cruz não foi para deixar meus pecados
impunes. Antes, Jesus recebeu a condenação em meu lugar e anulou o escrito de
dívida em meu nome. Arrependo-me de todos os meus pecados e peço perdão por
todas as minhas iniquidades. O Senhor disse que o sangue de Jesus é a única maneira
aceitável de pagar por meus pecados e eu recebo em minha vida a purificação e a
absolvição conquistadas na cruz do Calvário.
Agradeço a Ti porque a morte de Jesus rasgou o véu que me separava da Tua
Presença. Muito obrigado por dispensar Teu Espírito Santo para me convencer dos
meus pecados, me ensinar sobre a justiça e me auxiliar a viver conforme Tua vontade.
Muito obrigado pelo privilégio de me tornar habitação do Teu Espírito, permitindo-
me a qualquer hora buscar a Ti e ouvir Tua resposta.
Obrigado, porque a mesma graça que me salvou me capacita a viver uma vida
em retidão perante o Senhor. Ensiname a andar nos Teus caminhos e faz-me crescer
espiritualmente até à varonilidade e à plenitude de Cristo. Em nome de Jesus, amém.”
REFERÊNCIAS
Salvo expresso em contrário, todas as referências a versículos foram extraídas da
versão da Bíblia Almeida Revista e Atualizada.

VINE, W.E; UNGER, Merril F. e WHITE JR, William. Dicionário Vine. Tradução
Luís Aron de Macedo. 18ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
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[1] VINE, W.E; UNGER, Merril F. e WHITE JR, William. Dicionário Vine. Verbete HOMENS.

Tradução Luís Aron de Macedo. 18ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p. 694.

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