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F ui salvo... e
colegas da mesma idade para a próxima série, na Igreja nós acompanhamos os cultos
toda semana ao lado de pessoas de todas as idades espirituais. Novos convertidos
sentem dificuldade em compreender, no início, todos os mistérios do reino de Deus e
normalmente reclamam que não conseguem entender a Bíblia. Alguns recuam e
voltam a viver suas vidas mundanas, enquanto outros assumem que o cristianismo é
mais uma religião e se preocupam apenas em cumprir suas obrigações rituais.
Afinal, qual o próximo passo depois da salvação? No momento em que
atendemos ao apelo de aceitar a Jesus como Salvador e Senhor, nos tornamos filhos de
Deus. Recebemos o perdão dos pecados, a reconciliação com Deus e a vida eterna que
Jesus conquistou na cruz do Calvário. Todas essas coisas maravilhosas ocorrem no
âmbito espiritual. Mas quando acordamos no dia seguinte, ainda temos que trabalhar,
ir à escola, comer e dormir como todos os outros dias de nossa vida. Habitamos em
um mundo material e temos problemas, necessidades, dúvidas e decisões a tomar.
Sem consciência de nossa vida espiritual, nossa tendência é separar as coisas
espirituais para o culto no domingo e as coisas seculares para a semana. Convidamos
Jesus para o nosso coração no dia em que fomos salvos, mas o deixamos de fora de
todo o restante de nossa vida. Talvez tenhamos dado permissão para ele cuidar de
algumas de nossas dificuldades, mas nada mais que isso. Então, nos sentimos tristes
quando buscamos a Deus e não O encontramos.
A boa notícia é que há vida depois da salvação! A salvação é um fato
consumado pela morte de Jesus. Mas no presente nós ainda passamos por um processo
de santificação, que ocorre durante todo o período de nossa vida. A santificação não
está limitada à pureza conjugal. A santificação é um caminho de crescimento
espiritual em que vamos abandonando a velha natureza e nos tornando cada vez mais
à imagem e semelhança de Cristo. Quando nosso interior muda, nosso exterior
começará a dar mostras disso. À medida que vamos dando espaço para Deus nos
transformar, mais áreas de nossa vida irão acompanhar a salvação.
O mundo está em processo de decadência. Não espere de um ímpio uma
melhora de comportamento. Ainda que ele tente avançar, sua tendência é retornar aos
velhos hábitos, porque o poder de transformação está em Cristo. O cristão é um
privilegiado, porque ele não se submete à corrupção da Terra. O cristão está em
processo de crescimento. Se um cristão não está dando sinais de mudança, desconfie
de sua conversão.
Nas próximas páginas desse livro, falaremos sobre as etapas do “crescimento
espiritual”. Espero que o leitor consiga identificar-se em um dos níveis espirituais e
seja estimulado a continuar progredindo na fé. Tornar-se um cristão é muito mais que
frequentar uma Igreja uma vez por semana e orar antes de comer e dormir. É ter um
relacionamento íntimo e pessoal com Deus, por meio do qual vamos amadurecendo
em espírito, alma e corpo.
Compreender o cristianismo como uma jornada ao invés de um destino nos
tornará mais perseverantes enquanto avançamos. Quem crê que Deus é um gênio da
lâmpada que atenderá a todos os seus pedidos rapidamente se frustrará e desistirá do
caminho. A cada novo nível espiritual, há novas vitórias e novos desafios. Só
obteremos determinadas bênçãos e conquistas se estivermos maduros o suficiente para
alcançá-las sem abandonar a Deus. Ao mesmo tempo, não poderemos progredir se não
estivermos dispostos a enfrentar as provações e tribulações do dia a dia. O
fundamental é que continuemos prosseguindo para o alvo, como bem afirmou o Ap.
Paulo, em Filipenses 3:14.
Quando entendermos que precisamos crescer em nossa vida cristã como nas
demais áreas de nossa vida, não ficaremos preocupados com as circunstâncias, porque
elas sempre estarão presentes. Sempre teremos algo novo para lidar. Se focarmos em
nosso relacionamento com Deus, Ele nos ajudará em nossos problemas, mas se
focarmos em nossos problemas, não seremos capazes de manter a comunhão com
Deus por muito tempo. Melhor do que saber a resposta é conhecer Aquele que sabe
todas as respostas. Só quando conhecemos verdadeiramente a Deus podemos confiar
que Ele age em nosso favor.
Minha oração é que estas mensagens sejam aplicadas ao seu coração e que
você seja edificado por meio delas. Que você possa crescer até a plena “maturidade
espiritual” e seja fortalecido em seu relacionamento com Deus a cada dia,
conhecendo-O mais íntima e profundamente. Se conservarmos nossa fé até o fim,
Aquele que começou a boa obra em sua vida é fiel para completá-la até o Dia da volta
de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!
1
Em Crescimento
“Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus.”
(João 3:3)
O Novo Nascimento
A Necessidade de Crescer
Se quisermos ter uma vida cristã bem sucedida, precisamos rever a motivação
de nossa escolha. Aceitamos a Cristo apenas para abraçar uma religião? Ou para obter
bênçãos materiais? Ou por medo de ir para o inferno? O legalismo, o interesse ou o
medo podem até nos levar à salvação, mas não irão sustentar uma vida com Deus por
muito tempo. Sucumbiremos ao primeiro teste e, então, ou nos desviaremos do
caminho ou optaremos por ser cristãos de meio período, que cumpre obrigações
religiosas, mas continua vivendo para o mundo.
Qual a correta motivação de uma vida cristã autêntica e poderosa? É manter
um relacionamento com Deus. Muitas pessoas até começam bem suas jornadas, mas
chega um momento em que sua comunhão com Deus torna-se fria e cai na rotina.
Nesse momento, muitos desanimam e até acham que cometeram um pecado
imperdoável. Na verdade, quando chegamos ao limite de nossa relação com Deus, é
hora de começar uma nova etapa com Ele. É hora de crescer espiritualmente!
Muitas pessoas julgam que aceitar a Jesus é o ápice da vida cristã. Mas esse
deveria ser apenas o início! Sabemos que tudo na vida é um processo: passamos por
séries na escola, estágios no trabalho, fases em nosso crescimento físico. Quando o
assunto é “maturidade espiritual”, no entanto, nos contentamos apenas com o
nascimento. Não queremos estudar, nos preparar, nos desenvolver, nos capacitar.
Limitamos a vida cristã a um hábito de ir à Igreja uma vez por semana para cumprir
nossa obrigação religiosa.
Há um desenvolvimento de nosso corpo físico, que é visível, enquanto
estamos crescendo. Conforme vamos envelhecendo, nosso corpo passa pelas mais
diversas mudanças. Há um desenvolvimento intelectual, conforme aprendemos
conteúdos na escola, em cursos, na universidade, nos treinamentos profissionais. Mas
há um treinamento espiritual pelo qual precisamos passar ou permaneceremos “bebês
na fé” pelo resto da vida. E qual o problema disso? É que bebês são presas fáceis do
diabo.
Na maioria das vezes, somente nos dispomos a buscar a Deus quando surge
um problema. Por um breve período, até fazemos as coisas do jeito certo: pedimos
perdão, nos arrependemos, louvamos, oramos, lemos a Bíblia, jejuamos, compramos
literatura e materiais cristãos. Quando obtemos resultado, colocamos tudo de lado e
voltamos a fazer as mesmas coisas que nos colocaram em apuros da primeira vez. Se
as dificuldades retornarem, voltamos ao início do ciclo: arrependimento, perdão,
louvor, consagração... Não é à toa que tantos cristãos vivam sempre em tribulação.
Deus sabe que se a vida deles melhorasse de uma vez, eles abandonariam a fé e se
desviariam definitivamente.
Se nosso esforço estivesse voltado para manter um relacionamento diário com
Deus e crescer espiritualmente, não precisaríamos começar do zero toda vez que
surgissem as dificuldades. Seríamos capazes de evitá-las ou enfrentá-las sem medo,
pois já estaríamos preparados antecipadamente.
Quando Jesus disse que o reino dos céus é tomado mediante esforço (Mateus
11:12), ele não estava falando sobre provações e tribulações. Ele estava dizendo que
só os que prosseguem no caminho chegam ao final. O contexto deste versículo
revelava que apenas os que perseverassem no caminho de arrependimento preparado
por João Batista é que reconheceriam a Jesus, quando ele se manifestasse.
Deus não está preocupado em que alcancemos a perfeição. Num piscar de
olhos, Ele nos transformará ao ressoar da última trombeta (1 Coríntios 15:51-52).
Nem é nossa tarefa mudar a nós mesmos. Segundo 1 Pedro 5:10, quando Deus nos
chama, passamos por um sofrimento passageiro, que é o sofrimento de crescer, mas
depois, Ele mesmo se encarrega de nos aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.
Qual é nossa parte, então? É permanecer crendo, obedecendo, perseverando e
avançando até a volta de Cristo. Mas se optarmos pelo sedentarismo, nunca iremos
amadurecer espiritualmente. Como afirma o Ap. Paulo, se os atletas são disciplinados
para receber uma medalha corruptível, quanto mais nós, que temos a promessa de
glória eterna, devemos nos preparar para o dia da prova final (1 Coríntios 9:25)!
“meus filhos, por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em
vós”
(Gálatas 4:19)
Princípios da Intercessão
A intenção deste capítulo não é explorar a fundo o assunto da intercessão, mas
tratar de alguns princípios básicos. O primeiro e mais óbvio é que não há gravidez
sem intimidade. A intercessão funciona quando alguém se dispõe a orar por uma
pessoa e vem a Deus, em comunhão, em favor dela. Deus planta a semente no coração
do intercessor e ele passa a gestar a salvação daquela pessoa até o dia da visitação de
Deus, ou seja, o dia do nascimento. O primeiro princípio, então, é: não há intercessão
eficaz sem a comunhão do intercessor com Deus.
O segundo princípio é o da identificação. Quando apresentamos a Deus a
causa da pessoa por quem intercedemos, tomamos o lugar dela, como um advogado.
Jesus não pôde representar os homens perante Deus antes de vir na forma humana. Ele
se identificou com a natureza humana e pôde assim se apresentar a Deus no lugar da
humanidade.
Outra característica do intercessor deve ser a submissão. Como Cristo é o
cabeça da Igreja, Deus é quem dá as ordens na intercessão. Haverá momentos em que
queremos interceder por alguém, mas não haverá unção para isso. E haverá momentos
em que não queremos mais interceder e Deus nos compelirá a continuar. Quem
determina a hora de começar e a hora de parar é Deus.
Muitas pessoas estão “apanhando”, porque Deus quer corrigir alguém e elas
estão se colocando entre a correção de Deus e a pessoa. O intercessor precisa aprender
que não é sua função resgatar o próximo, mas guiá-lo até que Deus venha com a
salvação. Às vezes, precisamos deixar Deus agir na vida de alguém, porque é por
meio das dificuldades que a pessoa buscará a Deus. Tentar protegê-la pode interferir
na maneira de Deus operar.
Quando Deus nos direciona a orar por alguém, Ele não interage com a pessoa
diretamente, por causa de seus pecados, mas Ele vê o intercessor. Então, quando Deus
destaca alguém para orar por um indivíduo, Ele aceita a intercessão de quem Ele
escolheu. Ele espera que o intercessor cumpra o que Ele ordenou, ainda que o
indivíduo não mereça. Não intercedemos por aqueles que achamos que merecem,
intercedemos em obediência a Deus.
Como visto no primeiro princípio, o relacionamento e a comunhão com Deus
vêm antes do nosso próprio interesse pela pessoa. Caso contrário, corremos o risco de
nos relacionar com a pessoa e deixar que ela seja uma barreira entre nós e Deus.
Nosso zelo é por Deus em primeiro lugar, senão a intercessão acabará se tornando
idolatria por alguém de quem gostamos muito e queremos ver liberto e salvo.
Outro princípio da intercessão é a visão. Conforme vamos orando por alguém,
Deus nos vai revelando o que exatamente está se passando com a pessoa, para que
nossa oração seja eficaz. A direção do Espírito é fundamental, pois às vezes há uma
situação escondida na vida da pessoa. Deus é o único que sonda corações e conhece os
mais íntimos pensamentos de nosso interior. Às vezes, nem a própria pessoa entende
pelo que está passando. O intercessor também pode ser avisado pelo Espírito e ser
impelido a orar, sem saber que, naquele momento, a pessoa se encontrava em uma
situação de perigo.
Por fim, o princípio mais importante da intercessão é a compaixão. A palavra
compaixão deriva da palavra útero. A compaixão é o sentimento de misericórdia por
aquele que está sofrendo. Se guardamos uma mágoa contra alguém, não
conseguiremos orar por ele. Aliás, sabemos que perdoamos alguém quando
conseguimos orar pela pessoa que nos feriu. A Bíblia nos manda abençoar os que nos
perseguem (Romanos 12:14), mas só conseguiremos cumprir o que está escrito se
pudermos enxergar que aquela pessoa está sendo enganada por Satanás e que o diabo
é quem pretendeu nos machucar.
Devemos ter piedade dos que nos maltratam, pois Deus cuida de nós, mas eles
estão com um grande problema perante Deus. Deus já tinha decretado a transformação
da sorte de Jó, mas Jó teve de interceder por seus amigos que o acusaram duramente, a
fim de receber a bênção dobrada (Jó 42:10). Deus pôde ouvir a oração de Jó, porque
ele estava em retidão. Eram os que o acusavam que precisavam de ajuda.
Compaixão tem a ver com identificação, pois, a menos que nos vejamos na
mesma condição da pessoa por quem intercedemos, não conseguiremos nutrir
compaixão por ela. Isso é cumprir o mandamento de amar ao próximo como a nós
mesmos. Se amamos a nós mesmos acima do próximo, não seremos capazes de
interceder por ele, porque estaremos focados em nossos próprios interesses. Da
mesma forma, se colocarmos o próximo acima de nós acabaremos em idolatria e
ferindo o primeiro mandamento de amar a Deus sobre todas as coisas.
Não há novos nascimentos espirituais sem intercessão. Se você pertence a
Jesus hoje, alguém intercedeu por você, ainda que nem você nem o intercessor
soubessem disso. Às vezes intercedemos por uma cidade ou por perdidos de forma
genérica e não conhecemos a pessoa que está sendo alcançada. Se você já é um cristão
espiritualmente maduro, é hora de começar a conceber outras sementes e expandir o
número de nascimentos do reino de Deus!
Uma coisa é certa: alguém amou você o suficiente para enfrentar a espera e as
dores da gestação e do parto em seu favor. Jesus é nosso grande intercessor. Depois da
ressurreição, ele se assentou à direita do Pai e se mantém intercedendo por nós
continuamente (Romanos 8:34). Além dele, alguém se colocou na brecha entre você e
Deus para que você fosse salvo (Ezequiel 22:30), concretizando na Terra a vontade de
Jesus nos Céus. A Bíblia diz que há júbilo nos Céus quando um pecador se arrepende
(Lucas 15:7). Deus comemora seu “aniversário espiritual”! Mas a salvação é apenas o
primeiro passo. Ainda há muito caminho pela frente!
3
Bebê Espiritual
E m 1 Pedro 2, o apóstolo
escreve aos cristãos da
primeira Igreja uma
mensagem interessante. No versículo 2, ele afirma que os seguidores de Cristo
deveriam, como crianças recém-nascidas, desejar ardentemente o genuíno leite
espiritual, para que eles pudessem crescer até o ponto em que completassem sua
salvação. Isso nos mostra que aceitar a Jesus como Senhor e Salvador é apenas a
primeira parte do processo de salvação. Precisamos desenvolver nossa salvação com
temor e tremor (Filipenses 2:12).
Em 1 Pedro 2:3, Pedro continua afirmando “se é que já tendes a experiência
de que o Senhor é bondoso”. A primeira experiência que temos da salvação é a
confirmação de que Deus existe e que somos pecadores precisando de salvação. No
entanto, a fé também traz a convicção de que Deus se torna galardoador dos que O
buscam (Hebreus 11:6).
Já se disse que, se quisermos ter certeza de que um pedido será atendido,
devemos pedir oração para um novo convertido. Deus abençoa abundantemente os
“bebês espirituais”, porque eles ainda precisam conhecer o caráter bondoso de Deus.
Em Salmos 8:2, o salmista diz que “da boca de pequeninos e crianças de peito
suscitaste força”. Só por meio de manifestações visíveis a fé dos novos convertidos é
fortalecida. Deus se revela a eles por meio das bênçãos, porque o entendimento desses
“bebês espirituais” ainda ocorre por meio do mundo material.
Se eles não vissem sinais e milagres, tudo se tornaria religião. A pessoa iria à
Igreja, leria a Bíblia, oraria por obrigação religiosa, mas sem conhecer realmente a
Deus. Inicialmente, são as bênçãos que nos mostram que Deus existe e que Ele
recompensa os que O buscam.
Mas conforme vamos amadurecendo, não podemos viver só das bênçãos, mas
da Palavra que sai da boca de Deus (Mateus 4:4). Ver prodígios é maravilhoso, mas o
povo de Israel viu pão caindo do céu pela manhã, carne de codornizes inundando o
arraial à tarde e água saindo da rocha em meio ao deserto e continuou murmurando
contra Deus e Moisés (Êxodo 16 e 17). Se não tivermos uma fé em Deus fortalecida,
iremos nos acostumar às bênçãos e nos tornaremos filhos ingratos.
Logo depois desses acontecimentos extraordinários, Deus tentou revelar Sua
glória ao povo de Israel. A glória é a revelação da própria Presença do Deus Todo-
Poderoso. Deus veio sobre o monte Sinai e houve trovões, relâmpagos e um som de
trombetas muito alto. Uma espessa nuvem cobriu o monte. Diante dessas
manifestações, o povo estremeceu e ficou de longe. Eles pediram a Moisés para falar a
Deus no lugar deles, porque eles temeram morrer. Moisés lhes respondeu que não
precisavam ter medo, uma vez que aquela visão sobrenatural não era para o mal, mas
para prová-los e para que o temor de Deus entrasse em seus corações para não
pecarem. Mesmo assim, o povo se afastou da nuvem da Presença de Deus (Êxodo
20:18-21).
O novo convertido precisa do ensino da graça. A graça é o favor sobrenatural
de Deus, que nos concede a salvação e todas as bênçãos. Só que a graça também é o
poder e a capacitação divinos para vivermos uma vida reta e santa. A graça sem o
temor de Deus reduz a autoridade e a soberania de Deus aos nossos olhos. Nós
reduzimos a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem
corruptível e passamos a adorar a criatura no lugar do Criador (Romanos 1:23,25).
Foi exatamente isso que aconteceu com o povo. Eles queriam que Moisés
intercedesse por eles para que eles tivessem as bênçãos de Deus. Mas quando Moisés
voltou ao monte e se demorou por lá, o povo construiu um bezerro de ouro e o adorou
(Êxodo 32:1-10). Não é assim com muitos da Igreja hoje? Eles pedem orações para
receber sua bênção, mas não querem buscar a Deus por si mesmos. Se eles fazem uma
petição e Deus demora em responder-lhes, eles voltam ao seu antigo estilo de vida e
tentam obter os milagres com suas próprias mãos.
Por esse motivo é que, depois de um tempo sendo abençoado, Deus precisa
começar a reter as bênçãos materiais dos novos convertidos. Ele vai “retirando a
chupeta” deles, para que provem se estão buscando a face de Deus ou apenas Suas
mãos.
Como ocorreu no monte Sinai, a intenção de Deus não era “matar” o “bebê
espiritual”, retirando seu sustento. Era fazer com que ele O buscasse mais profunda e
intimamente. Quando o novo convertido tem sua fé fortalecida pela Palavra
verdadeira, as leis de Deus são inscritas no seu coração e na sua mente (Jeremias
31:33). Ele não precisa de uma lista de regulamentos e regras da Igreja sobre o que um
cristão não deve fazer. Deus os dirigirá de forma pessoal, mostrando o que é ou não
compatível com o estilo de vida de um seguidor de Cristo.
O mais importante de nos achegarmos a Deus é que Ele produzirá em nós um
temor santo, que nos afasta do pecado. Aquele que ama a Deus se afasta do pecado
porque não quer quebrar a aliança com um Deus tão maravilhoso que cuida de nós em
nossas mínimas necessidades. Mas aquele que não construiu um relacionamento com
Ele acha que o pecado é uma série de limites imposta por um Deus vingador que não
quer que Seus filhos sejam felizes.
Como o novo convertido cresce? Por meio do genuíno “leite espiritual”. Esse
leite nada mais é que a base dos fundamentos da fé cristã; os valores e princípios que a
Palavra nos apresenta. Devemos aprender quem somos em Cristo e o que Deus nos
quer tornar. Devemos compreender as novas características do reino de Deus
(Romanos 14:17): (i) justiça vinda de Deus e não por vingança; (ii) paz que vem do
interior e não depende de circunstâncias e (iii) alegria no Espírito Santo e não na
satisfação de nossos desejos e impulsos carnais.
O novo convertido precisa compreender o plano de salvação de Jesus; a obra
do Espírito Santo; os dons e frutos do Espírito e as obras da carne; as funções do Pai,
do Filho e do Espírito Santo; a diferença entre corpo, alma e espírito.
Ao ler a Bíblia pela primeira vez, não espere do recém-convertido revelações
de mistérios espirituais. Primeiro ele precisa tomar conhecimento do conteúdo para
poder fazer associações e, só então, obter revelações. Por isso é tão importante
ensinarmos nossos filhos desde pequenos sobre a Bíblia. Quanto mais cedo eles
aprenderem, mais rápido passa a fase de conhecimento para um aprendizado mais
profundo. Eles vão crescer fisicamente sabendo a narrativa bíblia e já vão estar
preparados para novas etapas na fé. A idade física não importa para Deus, o que Ele
vê é a “maturidade espiritual”.
O novo convertido deverá apoiar-se na revelação da Palavra dada a outros,
como pastores e líderes. É bom que o novo convertido se cerque de literatura cristã de
boa qualidade e se firme em uma Igreja que lhe dê crescimento, mas é
importantíssimo que ele leia a Bíblia por si mesmo. Só assim ele poderá conferir se há
relação entre o que foi dito e o que está contido na Palavra e poderá distinguir o que é
genuíno do que não é.
Muitas vezes ouvimos coisas erradas sobre as histórias da Bíblia no mundo e
nem sabemos que são falsas. Até dentro da Igreja se encontram doutrinas religiosas
falsas e precisamos saber diferenciá-las. Paulo e Silas elogiaram os cristãos de Beréia,
porque estavam abertos para ouvir a mensagem sem deixar de examinar as Escrituras
para conferir se o que os apóstolos diziam era verdade (Atos 17:11). Eles não
confiavam em homens, confiavam na Palavra de Deus!
Como todo bebê, o recém-convertido precisa de um acompanhamento mais
próximo, para ajudá-lo a continuar no caminho. No entanto, como muitos cristãos
ainda se recusam a largar suas chupetas e começar a andar sozinhos, as Igrejas não
tem conseguido acompanhar tantos novos nascimentos. Gerações de “recém-nascidos
espirituais” ficam desatendidas e acabam voltando às velhas práticas.
Um bebê vai-se transformando em criança com o tempo. Se o novo convertido
insiste no caminho, é alimentado com o leite da Palavra e se firma nas bases da fé,
ouvindo-as repetidamente até fixá-las, as mudanças vão aparecendo em sua vida. E as
transformações começarão a afetar suas motivações, seus pensamentos, suas palavras,
seu comportamento até que estejam prontos para avançar para a próxima fase.
4
Menino Espiritual
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até
que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo, para que não mais
sejamos como meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo
vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao
erro.”
(Efésios 4:11-14)
Q
uando Isaque foi desmamado, Abraão
comemorou com um grande banquete
(Gênesis 21:8). Passar da fase de “bebê
espiritual” para a fase de menino é uma festa para a Igreja, que precisa de cristãos
maduros, mas é certamente um período de sofrimento para o bebê que agora precisa
buscar uma fonte de sustento mais substancial.
Por meio de um bom fundamento da Palavra, vamos amadurecendo na unidade
da fé e no conhecimento sobre Jesus, até sermos cheios de sua plenitude, conforme diz
Efésios 4:11-13. Precisamos da estrutura da Igreja estabelecida pelos apóstolos; das
palavras de profecia dos profetas; da mensagem de salvação aos perdidos dos
evangelistas; da direção e do cuidado diário dos pastores e do ensino dos mestres para
completar esse objetivo.
O “menino espiritual” é alguém que ainda está formando seu caráter. Ele ainda
é instável, porque não sabe se deve seguir sua vontade ou a vontade de Deus. Em 1
Coríntios 14:20, o Ap. Paulo diz: “Irmãos, não sejais meninos no juízo; na malícia,
sim, sede crianças; quanto ao juízo, sede homens amadurecidos”.
Jesus disse que se não fôssemos como crianças não entraríamos no reino dos
céus (Mateus 18:3). Isso quer dizer que devemos ser inocentes, simples, humildes,
confiantes, curiosos e alegres. A criança é inocente, porque ela não tem malícia nem
maldade. A criança é simples, porque seu entendimento é simples. Ela sabe
diferenciar o bem e o mal e não precisa complicar seu raciocínio. A criança é humilde,
porque não faz comparações, nem faz julgamento das pessoas. A criança é confiante,
porque não sabe tomar decisões, logo precisa confiar em alguém maior do que ela
para isso. Ela não tem razões para desconfiar, a não ser que alguém traia sua
confiança. A criança é curiosa, porque tudo para ela é novidade. Ela sente prazer em
aprender. A criança é alegre, porque não se deixa abater pelas responsabilidades e nem
pelas adversidades. Ela desfruta sua vida, porque confia que alguém está no controle
da situação. Por essas razões, podemos entender o motivo pelo qual Deus quer que
sejamos como crianças na nossa perspectiva do reino espiritual.
Todavia, no juízo, precisamos ser pessoas amadurecidas. Precisamos ser
prudentes e precavidos. Maturidade significa estar preparado. Muitas pessoas creem
que o cristão é um crédulo. Cristãos não devem ser crédulos, mas crentes. O crédulo é
aquele que acredita em qualquer coisa, porque não verifica seu conteúdo. Ele é
ingênuo e tolo e por isso cai em mentiras. O crédulo acaba sendo enganado, pois não
consegue distinguir a verdade da fábula. Somos alertados em 1 João 4:11 a provar se
os espíritos procedem de Deus, porque há muitos falsos profetas espalhados pelo
mundo fora.
O crente, por sua vez, tem uma convicção bem formada sobre a verdade. As
circunstâncias, as filosofias do mundo e as teorias da ciência são fatos. Deus opera
com a verdade da Sua Palavra. Quando o fato contraria a verdade, os crentes devem
permanecer firmados nas Escrituras, na certeza de que toda Palavra que sai da boca de
Deus se cumprirá. Nenhuma palavra até hoje dita por Deus voltou para Ele vazia
(Isaías 55:11).
Por isso é importante que o estudo da Palavra de Deus seja acompanhado de
demonstrações práticas do poder de Deus em ação. É fundamental que o menino
espiritual tenha suas próprias experiências com Deus. Foi isso o que disse Tiago
quando afirmou que a fé sem obras é morta (Tiago 2:26). Quando nossa fé é provada e
ainda assim obedecemos à Palavra, o aprendizado é fixado em nosso coração. Por
meio da fé, temos a convicção de que o que está escrito se cumprirá; por meio das
obras, temos a certeza de que a Palavra é verdadeira, uma vez que vivenciamos sua
concretização.
O problema é que, enquanto o fundamento não está bem firmado, aquele que é
“menino na fé” acaba sendo levado por doutrinas falsas. Vai atrás de ensinos
mentirosos que parecem agradáveis ou é influenciado por falsos profetas que dizem o
que eles querem ouvir. Como afirma Efésios 4:14, o menino é levado ao redor por
todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao
erro.
O “menino na fé” facilmente se dispersa da busca por Deus e passa a procurar
fazer sua vontade, o que ele encontra em falsas doutrinas, cada qual voltada para seu
interesse. Em 2 Timóteo 3:6-7, o Ap. Paulo exorta Timóteo contra aqueles que
convencem “mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões,
que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade”. O
“menino espiritual” corre atrás de permissão para pecar e satisfazer seus desejos.
Não devemos ter medo de perguntar nada a Deus. Deus não se constrange com
perguntas difíceis ou dúvidas existenciais. O que desagrada a Deus é quando oramos
sem temor tentando induzi-Lo a fazer nossa vontade. Mas quando temos dificuldade
de compreender por que devemos cumprir determinado mandamento ou por que Deus
permitiu que algo acontecesse, devemos ir até Ele e não fugir dEle. Deus sempre nos
responderá, mas precisamos estar dispostos a ouvir a resposta, quer gostemos dela ou
não.
Deus não quer reter nada de nós por capricho. Todas as orientações da Palavra
são para nosso benefício. Não estamos fazendo um favor a Deus quando obedecemos.
As instruções da Palavra mostram que Deus foi cuidadoso o suficiente para nos
ensinar sobre todas as áreas que poderíamos precisar. Um pai que não corrige seu filho
não o ama, porque aquele que ama quer proteger seus filhos do mal.
“Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no
trato de uns com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos
soberbos, contudo, aos humildes concede a sua graça.”
(1 Pedro 5:5)
A nossa
“juventude espiritual” é o
momento de afirmação de
“personalidade
espiritual”. Todo jovem passa por crises de identidade e quando consegue se
autoconhecer, sua personalidade estará plenamente formada.
Atos 2:17 afirma que os jovens teriam visões. Todo jovem é sonhador. Depois
que ele atravessa uma “infância espiritual” conturbada, crescendo nos frutos do
Espírito e morrendo para as obras da carne, chega a hora de planejar seu futuro. O
jovem quer saber qual seu propósito, qual o chamado de Deus para sua vida, qual sua
“vocação espiritual” e em quais dons espirituais opera mais poderosamente.
Os jovens podem tornar-se tão envolvidos com a obra e o planejamento de seu
futuro que acabam se perdendo de Deus. Quando Deus nos dá sonhos, Ele nos dá a
correspondente unção para concretizá-los, mas se ficarmos tão focados no futuro que
nos esqueçamos de nosso relacionamento com Deus, acabaremos esgotados.
Por isso, Isaías 40:30-31 afirma que os jovens se cansam e se fatigam e os
moços de exaustos caem. O segredo para os “jovens espirituais” é esperar no Senhor.
Mas normalmente o jovem quer tudo na hora, não sabe confiar no tempo de Deus. E
acaba desanimando quando parece que a promessa nunca vai se cumprir. Esperar no
Senhor é o que renova nossa força e nos estimula a prosseguir.
O Ap. Paulo escreveu duas cartas a Timóteo, seu “filho na fé”. Timóteo era
filho de uma mãe judia e um pai grego (Atos 16:1-3). Timóteo deveria se sentir um
peixe fora d’água, porque ao mesmo tempo em que não era completamente judeu,
porque não havia sido circuncidado, não era completamente gentio, porque tinha sido
criado na tradição judaica. Ele era jovem quando abraçou o cristianismo por meio dos
ensinos do Ap. Paulo e logo abandonou sua casa para acompanhar o apóstolo em suas
missões. Paulo acabou circuncidando Timóteo para não causar discussão entre os
judeus. Mais tarde, Paulo encarregou Timóteo a ser presbítero na Igreja de Éfeso.
Éfeso não seria um trabalho fácil para um jovem. Como podemos ler nas
viagens de Paulo a Éfeso descritas no livro de Atos, os efésios eram homens
politizados e versados em filosofia e nas ciências. A cidade de Éfeso era um grande e
rico centro urbanizado e sua renda girava em torno do templo da deusa Diana. O
templo de Diana não atraía apenas devotos, mas em seu redor funcionava um sistema
de comércio semelhante aos nossos bancos. Quando alguns efésios creram na
mensagem do Ap. Paulo, chegaram a queimar seus livros de artes mágicas que
custavam muito dinheiro (Atos 19:17-19). Mas quando os artífices das estátuas da
deusa Diana viram seus negócios ameaçados pelo cristianismo, convocaram uma
assembleia para expulsar Paulo da cidade (Atos 19:23-40).
Como podemos perceber, Timóteo não recebeu um comissionamento simples
no início de seu ministério. Ele teria de enfrentar o questionamento tanto de judeus
como gregos sobre as credenciais de sua liderança, além de lidar com a pressão de
intelectuais e a ira dos comerciantes da região. Por isso, as duas epístolas que Paulo
endereçou a Timóteo contêm boas orientações para todos aqueles que são jovens e
estão enfrentando oposição a seu ministério.
Em 1 Timóteo 4:12, Paulo dá a seguinte instrução a Timóteo: “Ninguém
despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no
procedimento, no amor, na fé, na pureza.” Isso mostra que não devemos julgar o
chamado de ninguém por sua idade cronológica. O que importa é a “idade espiritual”.
Mesmo sendo jovem, Timóteo precisaria ser espiritualmente maduro para ser exemplo
para os demais cristãos.
Por duas vezes, Paulo chama a fé de “combate” (1 Timóteo 1:18 e 6:12) e
anima Timóteo a combater o bom combate. Paulo não enganou o jovem dizendo que a
obra seria fácil e que ele poderia ter tudo o que desejasse. Ele não detalhou uma lista
dos privilégios e das vantagens de se ocupar uma posição de liderança. Pelo contrário,
Paulo enumera as diversas responsabilidades e deveres daqueles que são chamados
para o ministério.
Paulo deu a Timóteo direções específicas sobre como ele deveria cumprir suas
funções. Ele teria de manter-se fiel à doutrina e não dar ouvidos a ensinos
enganadores (1 Timóteo 4:1,7,16). Mantendo-se puro, ele evitaria apostatar-se da fé e
ainda levaria seus ouvintes à salvação. Isso é importante nos dias de hoje, porque
parece que, de tempos em tempos, surge uma nova onda de mover doutrinário na
Igreja. Precisamos conferir se esses ensinos procedem de Deus ou de espíritos
enganadores.
Ele deveria aplicar-se à leitura, exortação e ao ensino (1 Timóteo 4:13). Só
sabe diferenciar o falso do verdadeiro quem se aplica à leitura da Palavra de Deus.
Timóteo deveria ensinar e exortar o povo. Ou seja, ele não deveria se intimidar ao
pregar palavras de correção e só trazer ensinos de edificação. Ele deveria pregar a
verdade, sem importar-se em ferir suscetibilidades. Paulo insistia em que o presbítero
deveria pregar a palavra, fosse oportuno ou não (2 Timóteo 4:2).
Paulo ainda encorajava Timóteo a não ser negligente com seu dom, mas antes,
a ser diligente e a manifestar a todos seu progresso (1 Timóteo 4:14-15). Mesmo
quando a luta parecer difícil, não devemos desanimar. Pelo contrário, devemos
continuar a nos fortalecer espiritualmente para enfrentar toda oposição que se levantar.
Provavelmente, Timóteo deve ter desanimado depois de um tempo, porque em 2
Timóteo 1:6-7, o Ap. Paulo recomenda que ele reavive o dom de Deus pela imposição
de suas mãos. Ele ainda acrescentou que Deus não nos dá espírito de covardia, mas de
poder, amor e domínio próprio.
Em 1 Timóteo 6:9-10, Paulo alerta contra a ganância no ministério. Ele diz que
todo aquele que usa seu chamado para se enriquecer cai em tentação e em cilada e se
afoga em ruína e perdição. Ele ainda acrescenta que a cobiça faz os homens se
desviarem da fé e se atormentarem com muitas dores e toda sorte de males. Que
ensinamento poderoso para a Igreja de nossos tempos! Se, ao invés de seguir o
dinheiro, a liderança seguisse a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância e a
mansidão (1 Timóteo 4:11), muitos ministérios não teriam caído por terra e levado
tantos a se desviarem da fé! A juventude de hoje não quer se envolver com a Igreja
porque assistiu à queda de líderes corruptos que deram mau testemunho e mau
exemplo para a obra de Cristo.
Em 2 Timóteo 1:8 e 2:15, o apóstolo diz ao presbítero para não se
envergonhar. O “jovem espiritual” pode intimidar-se quando é debochado ou
perseguido por causa da Palavra. O mundo quer convencê-lo de que a rebeldia é o
melhor caminho. O cristão jovem é chamado de tolo, crédulo e ingênuo. Mas aquele
que segue o padrão da Bíblia é sábio, porque não terá do que se envergonhar em sua
velhice.
Paulo orienta Timóteo a fugir das paixões da mocidade (2 Timóteo 2:22). O
jovem é tentado a se entregar aos impulsos da carne, especialmente por meio de
indecência, embriaguez, prostituição, violência. Não é à toa que os vícios comecem
nessa idade. O jovem é vulnerável à opinião e costumes do grupo e não tem o
discernimento para saber a hora de parar. O cristão jovem, pelo contrário, pode contar
com os incentivos do Espírito Santo que o capacita a ser ousado ao mesmo tempo em
que não o coloca em risco.
No final de sua segunda epístola, o Ap. Paulo diz a Timóteo: “Tu, porém,
permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o
aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te
sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.” (2 Timóteo 3:14-15). Quando a
criança é ensinada desde pequena na Palavra de Deus, ela cresce em sabedoria! Para
ela é mais fácil permanecer no caminho e não se desviar dele.
Se a “criança na fé” teve um fundamento firmado na verdade, ela não se desvia
quando enfrenta as adversidades do ministério. É na juventude que o cristão será
testado em sua fé e responsabilizado por suas atitudes. Se seu aprendizado for
edificado sobre a areia, quando a chuva cair, os rios transbordarem e os ventos
soprarem, a casa desabará. Todavia, se for edificado sobre a rocha, ele permanecerá
firme e não será abalado jamais (Mateus 7:24-27).
6
Varão Espiritual
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para
evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos
santos para o desempenho do seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até
que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à
perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo
(Efésios 4:11-13)
A “varonilidade” é uma
condição que significa estar
firme na fé e alcançar a
revelação completa sobre Jesus. É chegar ao ponto de ter a plenitude de Cristo em nós.
Implica em conhecer a Jesus para aprender seus passos e andar como ele andou.
Quando chegamos à maturidade, podemos nos encaixar corretamente no Corpo de
Cristo, obedecendo sempre ao que a Cabeça mandar, cooperando com as demais
partes do corpo (Efésios 4:15-16).
Uma das maiores disputas que acontecem dentro da Igreja é entre os “filhos
pródigos” e os “filhos mais velhos”. Como vimos nos capítulos anteriores, os “bebês”
e “meninos espirituais” experimentam grandes bênçãos de Deus para que vivenciem
Sua bondade.
Os “jovens” e “varões espirituais”, ao invés de se alegrarem com a conversão
daqueles que estavam perdidos, acabam ficando indignados com Deus. Como na
parábola, eles dizem a Deus: “Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma
ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos;
vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu
mandaste matar para ele o novilho cevado.” (Lucas 15:29-30)!
Os “filhos mais velhos” se ressentem quando os novos convertidos são
abençoados, julgando que merecem mais bênçãos, já que estão trabalhando para Deus.
Só que as bênçãos de Deus são recebidas da mesma maneira que a salvação: pela
graça e não por obras, para que ninguém se glorie (Efésios 2:9). Deus nos dá porque
precisamos, não porque trabalhamos.
O pai respondeu ao filho mais velho: “Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo
o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos,
porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.” (Lucas
15:31-32). A maior bênção de que o cristão maduro desfruta é a Presença de Deus!
Aquele que trabalha para Deus tem algo melhor do que bênçãos materiais pontuais:
ele partilha de tudo o que Deus é e tem!
Geralmente, o recém-convertido diz que gostaria de ter conhecido a Jesus e as
verdades do Evangelho antes. E alguns cristãos mais maduros ainda sentem saudades
do tempo em que eram ímpios e podiam fazer o que quisessem. Parece que os novos
convertidos gostariam de ser os filhos mais velhos e os cristãos maduros gostariam de
ser filhos pródigos!
O pai não desprezou nem ao “filho pródigo” nem ao “filho mais velho”. Ele
não amou a um mais do que ao outro. E ele também não os nivelou. O pai considerou
cada um na medida de sua “maturidade espiritual”! Ao filho pródigo, deu-lhe a
aceitação, a dignidade e as bênçãos que ele tinha perdido no mundo. Ao filho mais
velho, deu-lhe a proteção, a companhia e o compartilhamento de suas riquezas.
É tempo de os “filhos pródigos” reconhecerem e respeitarem os cristãos
maduros, porque eles passaram por muitas provas para assumirem a liderança. O fato
de que o que foi chamado por Deus tenha uma atividade eminentemente espiritual não
significa que não trabalhe duro no ministério. Muitas vezes, a obra espiritual é muito
mais difícil e pesada que a obra física.
Também é hora de os “filhos mais velhos” se alegrarem com a chegada dos
perdidos na Igreja e celebrarem quando eles começam a receber bênçãos e revelações
de Deus. Ainda que os “filhos pródigos” tenham tido a chance de se divertirem no
mundo, na verdade, não estavam desfrutando a vida. A vida sem Deus não é vida.
Todos os prazeres que o mundo oferece terminam em culpa e destruição.
Deus tem algo bom preparado para cada etapa de nossa caminhada espiritual.
Precisamos desfrutar cada nível que alcançamos, ao invés de nos compararmos com o
amadurecimento do outro. Também temos que apoiar a nova geração, demonstrando
compaixão e interesse por seu crescimento, além de compartilhar a Palavra que lhe
fará crescer.
7
A Semeadura e o Crescimento Espiritual
“Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. E, ao semear, uma parte caiu à beira do
caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era
pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou;
e, porque não tinha raiz, secou-se. Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos
cresceram e a sufocaram, e não deu fruto. Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto,
que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um.”
(Marcos 4:3-8)
“Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio ainda; ensina ao justo, e ele crescerá
em prudência.”
(Provérbios 9:9)
Fase de Conhecimento
Fase da Contestação
“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.”
(Mateus 4:1)
G eralmente,
tentação à
associamos
imaturidade
espiritual, como se apenas os
mais fracos fossem tentados. Mas Jesus foi ao deserto para ser tentado por Satanás
depois de um jejum de quarenta dias (Mateus 4:1-11). Jesus sabia que antes de ser
a
testado seria preciso estar espiritualmente forte e maduro. Jejuar não é fazer greve de
fome, com o objetivo de compelir Deus a nos abençoar. O jejum é um momento de
consagração especial, em que removemos tudo o que nos distrai para focarmos apenas
em Deus. Esse exercício espiritual nos deixa prontos para as provações antes de elas
acontecerem.
A terceira tentação de Jesus foi a mais forte, porque Jesus foi tentado a nível
espiritual (Mateus 4:8-10). Satanás colocou diante dele todas as riquezas e toda a
glória dos reinos desse mundo, para que Jesus pudesse optar entre reinar em Deus ou
reinar com o diabo. Note que o chamado de Jesus era para reinar. Mas podemos
escolher o lado em que exerceremos esse chamado.
O “jovem espiritual” precisa escolher se quer o reino do mundo ou o reino de
Deus. Adorar a Satanás ou a Deus. É desse modo que a identidade cristã é formada.
Satanás queria que Jesus colocasse seu chamado acima do próprio Deus. Quando
estamos tão desesperados em cumprir nosso propósito de vida que passamos por cima
da vontade de Deus, acabamos por nos prostrar e adorar o próprio Satanás. Quantas
pessoas não receberam de Deus dons e talentos para a música e acabaram
envergonhando o nome de Deus ao perverterem seus valores e princípios? Quantas
pessoas são influenciadas por alguém bem sucedido no mundo que teria sido um bom
testemunho para Jesus, mas que passou a cobrar idolatria para si mesmo?
Jesus colocou o culto e a adoração a Deus acima de seu próprio reinado. Ele
tinha mais em conta Aquele que Lhe chamou do que seu chamado. Jesus provou que,
além de conhecer a Palavra e os propósitos de Deus, também tinha um coração
comprometidos com Sua aliança com Ele. Os argumentos de Satanás não poderiam
ser capazes de derrubar a lealdade e a fidelidade de Jesus a Deus.
A boa notícia é que, depois de todas as tentações que Jesus sofreu, Satanás o
deixou (Mateus 4:11). Quando alcançamos a posição de “varonilidade”, não
precisamos mais resistir ao diabo, ele é que foge de nós! Quando ele percebe que
quanto mais mal ele intentar, mais Deus o reverterá em bem e mais insistirmos em
fazer o que é certo, ele nos deixará em paz por um tempo até o próximo estágio
espiritual.
10
Método de Crescimento Espiritual
“ (...) também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz
perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a
esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo, que nos foi outorgado.”
(Romanos 5:3-5)
C omo desenvolvemos
processo de crescimento? O
crescimento físico é fácil de
identificar. A passagem do tempo nos leva de uma fase para outra. A alimentação nos
acompanha nesse processo, nos fornecendo o sustento necessário para sobrevivermos
o
e continuarmos em desenvolvimento.
O crescimento intelectual ocorre por meio do conhecimento. É por meio do
aprendizado que a pessoa vai-se desenvolvendo intelectualmente. Aliar o estudo
teórico ao exercício prático é o que fixa o conteúdo em nossa mente.
Já o crescimento espiritual ocorre por meio das provações. Conforme Tiago
1:3-4, a provação produz perseverança e quando a perseverança promove sua ação
completa, nós crescemos até alcançar a perfeição e a integridade, a fim de não nos
tornarmos em nada deficientes.
Benefícios da Provação
É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que
estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos
contemplados por Deus.
Ao passar pelas provas, nosso testemunho não beneficia apenas a nós mesmos,
mas também aos outros. A pregação tem muito mais força quando é acompanhada de
um testemunho poderoso. A fé das pessoas é estimulada quando elas vêem que a
Palavra verdadeiramente se cumpre. O testemunho encoraja as pessoas a não
desistirem, pois elas pensam que se alguém conseguiu atravessar a linha de chegada e
obter a recompensa, elas também poderão fazê-lo. Sem o teste, o testemunho é fraco.
Frutos da Provação
“Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome;
e o que crê em mim jamais terá sede.”
(João 6:35)
Alimentação Espiritual
Alimentação Saudável
Comer e beber são necessidades vitais para nosso corpo. Para viver bem,
precisamos fazer refeições saudáveis todos os dias. Um espírito saudável também
requer uma alimentação saudável. Muitas pessoas querem ter um espírito forte, mas só
recebem sustento uma vez por semana durante o culto na Igreja. O “maná” - o pão que
desceu do céu para a alimentação do povo de Israel em meio ao deserto - durava um
dia. A porção do maná era diária. Quando eles tentaram colher a mais, guardando para
o dia seguinte, o pão se estragou, deu bichos e cheirava mal (Êxodo 16:20). Isso
significa que Deus tem uma palavra nova para nos revelar a cada dia. Precisamos nos
alimentar frequentemente da comida espiritual para nos tornarmos fortes. Por isso,
Jesus orou: “o pão nosso de cada dia dá-nos hoje” (Mateus 6:11).
Para sermos saudáveis, precisamos da medida certa da Palavra a cada dia. Se
tentarmos nos sustentar amanhã com a porção de hoje, veremos que ela não servirá
mais. Quantas pessoas foram grandemente usadas por Deus em um período de sua
vida e se estagnaram, crendo que podiam viver no futuro com porções do passado! A
árvore que não dá frutos, Deus corta, mas a que dá frutos, Deus limpa para que
produza mais frutos ainda (João 15:2). De qualquer maneira, não podemos manter os
frutos. Deus não gosta de nada apodrecendo. Ele quer que coloquemos em prática o
que aprendemos. Com Deus, é preciso continuar avançando. Isto é crescer
espiritualmente.
Deus dá a Palavra no tempo certo. Isso não quer dizer que iremos sempre
utilizar a Palavra no mesmo instante em que Deus a dá. Às vezes, Deus nos revela
coisas futuras a fim de que estejamos preparados para o que iremos enfrentar. Outras
vezes, Deus nos dá um propósito, mas precisamos começar a agir hoje, para que o
objetivo se cumpra. A despeito de precisarmos da sabedoria hoje ou amanhã, é
necessário dar ouvidos à voz do Senhor no presente, para que possamos utilizá-la
quando tivermos necessidade. Por isso, é sempre importante manter-se alimentado da
Palavra, já que nunca saberemos quando precisaremos aplicá-la.
Dieta Espiritual
Vitamina Espiritual
Apenas cortar a comida gordurosa pode fazer emagrecer, entretanto, isto não
torna alguém saudável. A vitamina é necessária, pois, uma vez processada, vai gerar
força e fazer com que os músculos espirituais apareçam. Enquanto formos cristãos
passivos e sedentários, ou iremos recorrer à gordura da carne ou iremos desmaiar de
fraqueza.
Eliminada a gordura, que o alimento tem mais vitamina? No Éden havia
muitas árvores e muitos frutos. Mas a decisão que Adão teve de tomar foi se comia da
árvore da vida ou da árvore do conhecimento do bem e do mal. Vida é saúde. As
palavras e ensinamentos do Senhor são vida para quem os acha e saúde para seu corpo
(Provérbios 4:22). Buscar a Palavra da Vida, após processada por meio da revelação,
se reverte em saúde. Precisamos nos alimentar da árvore da vida, da Palavra que sai da
boca de Deus e que preenche nosso interior com os atributos do reino: justiça, paz e
alegria no Espírito Santo.
Só que na maioria das vezes optamos pelo fruto do conhecimento do bem e do
mal. Muitas teorias científicas parecem ser racionais, mas escondem em si o orgulho
do homem contra Deus. Querem desafiar a existência de um Criador e elevar o poder
da criatura. Determinadas correntes filosóficas parecem ser academicamente
profundas, mas acabam por aumentar o vazio do homem. Só Deus tem respostas para
nossas perguntas existenciais, porque Ele é que dá propósito à vida do homem. As
muitas opiniões do mundo vindas de especialistas, da mídia, de pessoas influentes, do
dinheiro e do lucro, parecem nos ajudar, mas apenas manipulam nossa mente para
impor seus padrões de comportamento. A pressão do sistema do mundo apaga nossa
individualidade e aliena nossa capacidade de decisão e liberdade de escolha.
A religiosidade também é fruto do conhecimento do bem e do mal. Tem
aparência de bem, por meio de doutrinas, padrões e modelos espirituais, mas com o
objetivo de prender o homem em um cativeiro de leis e regras que o afastam de Deus.
A religiosidade tenta estimular o homem a fazer com sua própria força o que apenas
Deus, com Seu poder, pode fazer: mudar a natureza carnal.
Todo o fruto do conhecimento do bem e do mal “engorda” a mente, mas deixa
o espírito “anêmico”. Romanos 12:2 diz para não nos conformarmos com este século.
O cristão conformado é aquele que é ocioso, que aceita o padrão do mundo sem
questionar. Para o cristão se fortalecer e resistir aos ataques do diabo, é necessário ser
transformado pela renovação da mente por meio da verdade. Da mesma forma que a
digestão de alimento, a renovação da mente é um processo. Começa com a absorção
da Palavra; depois ela é processada na forma de revelação em nosso interior. Por meio
da prática, acessaremos os nutrientes necessários à nossa subsistência. Só então a
Palavra nos dá força e provê a energia para a caminhada.
Exercício Espiritual
O exercício é importante no processo de “digestão” da Palavra. Não sabemos
se realmente aprendemos a mensagem até sermos testados e precisarmos usá-la. O
exercício põe a Palavra para funcionar e ainda queima calorias espirituais acumuladas.
No início, o exercício parece difícil. Qualquer atividade mais intensa nos deixa
doloridos. É a mesma coisa com a obediência. A primeira vez que o Espírito Santo
nos estimula a agir corretamente parece que não vamos conseguir suportar. Mas
depois que pegamos a prática, obedecer vai ficando algo natural.
Às vezes, podemos precisar queimar algumas calorias. Gordura acumulada,
processada, vira sabão. Se alguns quilos a mais aparecerem, devemos aproveitar a
oportunidade para queimá-los e transformá-los em sabão. O arrependimento é um
processo de queima de calorias. O quebrantamento, o choro, a confissão dos pecados,
a humilhação diante de Deus, a busca em oração, a conversão dos maus caminhos
queimam o excesso da carne e se transformam em sabão. Esse sabão limpa toda a
impureza, por meio do recebimento do perdão pelo sangue de Jesus.
A gordura processada se transforma em outra coisa: óleo. Depois de
queimadas as calorias da carne e obtidos os nutrientes espirituais, o acúmulo de
alimento vira unção em nossa vida. Por meio dessa unção e da graça de Deus nós
recebemos a capacitação para andar no caminho do Senhor e fazer o que Ele nos
chamou para fazer. Tentar cumprir o propósito de Deus, sem unção, resulta em
esgotamento. A unção é a força para realizarmos nossas atividades, sejam pessoais ou
ministeriais, com agilidade e excelência.
Precisamos cuidar para, ao alimentarmo-nos da Palavra, a guardarmos no
coração. Se a Palavra não for devidamente retida, será descartada e o espírito ficará
“anoréxico”. Com a anorexia, vem a anemia, pois a pessoa expulsa toda a vitamina do
corpo. E o pior: além do alimento, há uma grande perda de água!
Jesus disse à Igreja de Laodicéia que, por ela não ser fria nem quente, mas
morna, ele estaria a ponto de vomitá-la (Apocalipse 3:16). É melhor ser frio, ou seja,
não conhecer a Palavra, ou ser quente, ouvindo-a e praticando-a, que ser morno. O
“morno espiritual” é aquele que conhece a Palavra, mas não a pratica. Acha que pode
se alimentar da gordura do mundo e do “alimento espiritual” e que isso não lhe fará
mal.
Essas pessoas não percebem que estão à beira de uma “intoxicação espiritual”!
Elas se sentem saciadas, mas essa mistura de comidas vai-lhes provocar uma bela
indigestão! Elas acabarão vomitando o que ingeriram, porque a Palavra de Deus não
lhes caiu bem, já que seu organismo não a processou direito por causa do excesso da
gordura da carne. Além de eliminarem a Palavra, essas pessoas ainda vão-se tornando
espiritualmente cegas, porque se tornam insensíveis à voz do Espírito Santo. Sem
água, o espírito se desidrata e morre.
A Palavra é o alimento. A água é o Espírito Santo. A gordura pode virar sabão
ou unção. O jejum, a oração e a obediência são os exercícios. Com esses ingredientes,
a dieta funcionará e poderemos crescer com um “corpo espiritual” saudável.
12
Ritos de Passagem
A Bíblia
eventos
marca
como
alguns
ritos
passagem de um nível para
outro. Embora alguns desses acontecimentos se relacionem ao crescimento físico,
Deus nunca destaca um ritual que não tenha conotação espiritual. Todas as vezes que
de
os rumos da vida de um homem eram mudados por Deus, a primeira coisa que eles
faziam era um altar ao Senhor, como um marco de uma nova etapa de sua caminhada.
O primeiro marco na vida de Jesus foi a circuncisão, que ocorreu oito dias
depois de seu nascimento (Lucas 2:21). A circuncisão distinguia os israelitas dos
povos gentios. Da mesma forma, a “circuncisão espiritual” representa a rejeição da
vida de carnalidade, a fim de identificar aquela pessoa como membro do reino de
Deus.
Quando Abraão foi circuncidado, este ato foi um símbolo da aliança entre sua
casa e Deus. Nossa circuncisão hoje é no coração e não no corpo. Ocorre quando
Jesus, que sacrificou seu corpo por nós, é recebido em nosso coração. Aceitar a Jesus
significa que cremos na obra que ele promoveu na cruz, ao fazer morrer a carne para
nos dar vida eterna. A partir daí, confessamos nossa fé e firmamos uma aliança com
Deus.
Jesus tratou a conversão como um novo nascimento porque, a partir desse
momento, começa uma nova vida na família de Deus. Foi após Jesus ser circuncidado
que ele recebeu seu nome. Nossos nomes são registrados no Livro da Vida quando
somos salvos por Jesus. No novo nascimento, alguns assumem o nome que foi
preparado por Deus de antemão para guiar sua vida inteira, como João Batista e Jesus.
Outros precisam de uma mudança de nome que caracterize sua nova identidade, como
aconteceu com Abrão e Sarai que passaram a chamar-se Abraão e Sara e assim como
Jacó que se tornou Israel.
Após a circuncisão, Jesus foi apresentado no templo (Lucas 2:22-24). A
apresentação no templo significa a consagração do bebê a Deus. Isso é importante, já
que significa para os pais a responsabilidade de ensinar a criança nos caminhos do
Senhor, para que, ao crescer, ela não se desvie deles, como afirma a promessa de
Provérbios 22:6. Ainda que ela busque o mundo, se ela foi apresentada ao Senhor, ela
voltará para Seus caminhos, porque a consagração prevalecerá em sua vida.
Algo importante a destacar é que a consagração na Bíblia envolvia um
sacrifício. Precisamos apresentar uma oferta ao Senhor quando apresentarmos nossos
filhos a Ele. Mas, além disso, o sacrifício significa que, ao entregar seu filho para
Deus, é Deus quem determinará o destino dele. Se Deus chamá-lo para um propósito,
seus pais não devem interferir, porque a criança foi separada por Ele e para Ele. Foi o
que aconteceu na vida de Samuel (1 Samuel 1:22).
Q
uando estamos prontos para avançar para
o próximo nível espiritual? Há algum
sinal que nos revele que é hora de ir para
a próxima etapa de crescimento?
Jesus disse que todo o ramo que não dá fruto precisa ser podado (João 15:2).
Se ainda não estamos produzindo fruto no estágio espiritual em que nos encontramos,
vamos continuar estagnados nessa fase até a produção de fruto. Por isso é tolice
resistir aos comandos de Deus ou deixar para cumpri-los mais tarde. Quanto mais
cedo obedecermos, mais rápido iremos avançar de nível espiritual e, em cada etapa,
nós liberaremos novos desafios e novas bênçãos. Enquanto não fizermos progresso,
Deus precisará tratar conosco até que estejamos prontos para a próxima fase.
Jesus também disse que o ramo que dá fruto precisa ser limpo para que
produza ainda mais fruto (João 15:2). Esse é o momento em que estamos prontos para
crescer: quando já não há mais espaço para fruto no presente estágio espiritual.
A maioria de nós, porém, tem a tendência de estagnar quando dá frutos.
Sentimo-nos satisfeitos com o que já produzimos. Passar para um novo nível significa
começar uma outra etapa do zero, na qual sabemos que haverá dificuldades,
necessidade de mudanças, além de paciência e trabalho duro até a hora da colheita.
Por isso, a tendência é a de nos conformar. Não estamos progredindo para uma etapa
melhor, mas estamos confortáveis no nível atual. Sabemos que há algo a mais, mas
não estamos dispostos a nos esforçar para alcançá-lo.
No entanto, se não prosseguimos, uma hora nossa colheita acabará ou
apodrecerá. Foi o que aconteceu com a Igreja de Éfeso. Em Atos dos Apóstolos, nós
lemos relatos de uma grande manifestação de poder acontecendo naquela cidade, a
ponto de os cidadãos queimarem numerosos livros de artes mágicas para abraçarem a
verdadeira Palavra de Deus (Atos 19).
Quando lemos a carta para a Igreja de Éfeso em Apocalipse 2:1-7, vemos que
Deus elogia a perseverança, a integridade e o esforço daquela Igreja na prática das
primeiras obras. Tempos depois, no entanto, ela havia-se perdido do primeiro amor.
Aqueles cristãos foram fiéis na etapa pela qual passaram, renunciando aos caminhos
de idolatria e se entregando à causa do Evangelho. Mas depois da produção de frutos,
eles se estagnaram e acabaram perdendo o prazer em seu ministério. Eles deviam ter
iniciado uma nova etapa e voltado ao primeiro amor, mas se acomodaram na fase em
que estavam.
Vemos um retrato dessa situação em 2 Reis 4:1-7. Uma viúva relata a Eliseu
que depois que seu marido, um dos discípulos dos profetas, morrera, ela havia ficado
pobre. Mesmo depois de um período de avivamento espiritual e palavras de profecia,
se não cuidarmos para avançar espiritualmente, o mover morre. E acabamos em um
estado de pobreza espiritual, sem entender o motivo pelo qual, depois de termos dado
tantos frutos para Deus, estamos experimentando sequidão.
Ainda havia na casa daquela viúva uma botija de azeite. A botija de azeite
representa a medida da fase de crescimento espiritual em que nos encontramos. Deus
vai preenchendo nossa botija com unção até que uma hora ela chega ao seu limite.
Não adianta ficar tentando pedir mais unção, porque tudo o que Deus entregar a mais
será desperdiçado.
Nessa hora, o melhor a fazer é entregar a Deus o vaso cheio e quebrá-lo aos
pés de Jesus. E assim podemos apresentar a Deus um novo vaso maior e vazio. O vaso
antigo não pode ser recuperado porque é pequeno, além de estar gasto, sujo e muitas
vezes possui rachaduras pelas quais nossa unção está sendo drenada.
Aquela viúva foi trazendo para Eliseu vasilhas. Ela trouxe suas vasilhas e
buscou mais vasilhas emprestadas de suas vizinhas. Seguindo a orientação do profeta,
ela começou a entornar o azeite em cada uma dessas botijas e elas foram ficando
cheias. Na hora em que não havia mais vasilhas, o azeite parou.
A unção cessa quando nosso vaso enche! Quando apresentamos a Deus um
vaso novo, Ele pode começar um novo derramar. Um vaso maior, limpo e sem
rachaduras irá conter mais óleo, que precisaremos usar na próxima etapa de nossas
vidas.
Sabemos que precisamos ir para a fase espiritual seguinte, quando a unção
desse nível acaba! O azeite vai parar quando chegarmos ao limite daquele estágio. Por
isso, precisamos retornar a Deus, permitir que Ele limpe os frutos de nosso ramo e
começar um novo derramar.
C ONCLUSÃO
Q
ualquer mensagem a cristãos em fase de
crescimento seria incompleta se não
alertássemos que, ao ressoar da última
trombeta, num abrir e fechar de olhos, nós seremos transformados (1 Coríntios 15:51-
52). Toda a dor do crescimento durante nossa vida um dia acabará, porque estaremos
com um corpo de glória perfeito. O que está escrito em 1 Pedro 5:10 se cumprirá por
completo:
Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois
de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e
fundamentar.
Se você ainda não aceitou a Jesus como seu Senhor e Salvador e deseja manter
um relacionamento com Deus, faça essa oração:
VINE, W.E; UNGER, Merril F. e WHITE JR, William. Dicionário Vine. Tradução
Luís Aron de Macedo. 18ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2014.
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[1] VINE, W.E; UNGER, Merril F. e WHITE JR, William. Dicionário Vine. Verbete HOMENS.
Tradução Luís Aron de Macedo. 18ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p. 694.