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REPÚBLICA
1948
A Local ização
da
o a Capital da República
I. PART E
Resolução n. 388, de 21 dejulho de 1948, da Assem-
bl éia Geral do Conselho Nacional de Estatlstica.
11. PARTE
Esclarecimentos e Sugestões.
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RIO DE l~I RO .
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) do Instituto Brasileiro de G eografia e Estatística
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A LOCALIZAÇÃO DA NOVA
,
CAPITAL DA REPUBLICA
INST ITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA
A Localização
da
I PART E
Resolução n. 388, de 21 ju/110 de 194:8, da Assem-
bl éia Geral do Conselho N acional de Estatlstica,
11. PARTE
Esclarecimentos e Sugestões.
\ -~ R IO DE JANE IRO
Serviço Grá fico do Institu to Brasileiro de Geografia e Est atística
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I N DI CE
PRIM EI RA PARTE
A N EXO S :
1- Po pul a ção 20
2- Super flcl e 23
3 - Po litlca t er r ito r ia l 25
4 - Fina nc iam ent o 26
5- Ad m inistr a ção 27
S EGU N DA PA RTE
RESOLVE:
Prefácio
I~ Desenvolvimento do t ema
2 . A vas ti dã o t err itorial cob erta pel os r eferidos a lt ip la nos s uces si vos , não
s e presta porém. em t õdas a s suas d ifere nt es partes , a os f i n s p oll t i cos da mu-
da nça d a Ca p ital , s en ã o naq uel a s ua por çã o es pe cial q u e p od e s er co ns id erada
com o cen t ral em r ela ção a to d o o B rasil . por n ão es ta r m u ito des ig ualme nte
afast a da da ma ioria d os p on t os d e nossas fr on t eira s t er r es t r es e ma r itima s .
Qua n t o mais central I ór a porçã o cons ide r a da . mai s conven ien te ela s erá. e m
p ri ncipi o, para a loca li za ção d a Ca pit al. por iss o que a ss im s e t or na m eq u iva -
len te s a s pos s ibil ida dc s de li gaç ão com tõdas a s r e giões ma is a fas ta da s do pa is.
N ão im po rta s abe r s e as cond ições loca is. d essas reg iões m a is a fa s tadas . são
ou n ã o a s m esma s a t ua lm ente . O gOl:~ r 1!o t em o b rigaçüo pr ecíp ua d e assis ti r
t 6da s as p art es d o t €1"rit6ri o 'laci on al e, n a 1:erda d e, d el' e assi st i r com mais d es-
1:elo a qn el as q ue f oram m en os [ aco r eci âas p ela 1latur c::a ou q u e f ic aram m ais d is -
t antes d os centr os em qn e já se est a be l eceu f i r mem en t e o prog r esso.
No Brasil ex is tem "zonas des p r eza d a s" e " zona s fa vor ecida s ". Essa di scr imi -
n açã o é posi ti vam ente um gran de o bs tácu lo a o engr a n d eci m ento geral d o pa is e
s e a p r es enta em choca nt e cont r as te com as as pi ra ções d e gra nd es massas de s ua
p opu la çã o, or ig in ando-se dai u m pr ecá r io s entimento d e u n ida de pol ít lca ,
O conceito de pla nalt o cen t ra l não pod e ser estr ita m en te geométri co. em r e-
la çã o a u ma á r ea q u e n ão é reg ular, como é o cas o da á r ea d o Bra s il. Mas é In-
conven ie n te q ue êss e conce ito des p reze to tal men t e a noçã o geomét r ica de cen t ro.
poi s is so im por t a r ia em d e ixa r de levar em conta o qu e em si m es m o é o mais
importa nte : as d istâncias .
3 . Ent ã o , se o con cei to de pla nalto cen t ral, nã o dev e ser pu ramente flsiográ-
fico ou g eológ ico , sem se torna r desm es urad o e im preciso e se t a m bém , co mo
acaba m os d e d izer, t a l con ceit o não p ode s er estr it amente g eo métrico. po r q u e
en tã o n ão s e coad unaria com as irregula r id a des da á r ea do t er r it ório b r a s ile ir o.
s ó nos r es t a, para no s a t er m os a um pr in cip io lóg ico . p rocu r a rmos um ou t r o
cr it é rio q ue po ss a a ju s t a r -s e aos s uper ior es obj eti vos po Hti cos qu e a naclo na lldade
t em ti do e m vista. n os a nti gos e r eit era d os p r onu nciame ntos em fa vor da m u-
da n ça da sua Cap ital .
Haver á u ma .. t ~ cn l ca " capa z de da r so luç ão a o problem a da muda nça , q ue é.
u m p ro bl em a a nt es de t u d o poHti co ?
Par ece- n os qu e não . Um a com iss ão de t écn icos não p ode r es olver sõzt nh a
ês se p roblema , po r Iss o que não há p r ece ito s , nem r egras, nem fór mul as, n em
eq ua ções em q ue êss e pr obi em a po ssa ser t ra d uzido.
Com u ma comi ss ã o de t écnicos. em que en t rem geó logos . me teoro lo gis t a s , Ur-
ba n is t as . higien istas etc .. s e ess a com is s ã o é nume rosa. Ind o a lém de cinco ou s eis
m em bros, co r r e- se o r isco d e não s e pod er r es olve r nada . pois é Ine vít áve l o ap a -
r ecim en to de vá r ias o p in iõe s dive r gent es o u con t ra ditórias .
A mel hor m a n e ira d e s e r esol ver o p ro blema da muda n ça é, n o noss o m odo d e
enten de r , ou t r a .
Há u m prob lema p olítico q u e consis t e em s e escolher a r eg iã o de u m n ovo
Distrit o Feder a l. n o p lana lt o ce nt ral do Bra sil. Pa ra es s a esc ol ha d evem s er le-
va dos em consider aç ã o : a pos ição. a área , a p opu la çã o, a politi ca t erritor ia l . o
f ina ncia m ent o e a a d m in ist raçã o. con sti t u in do êss cs ass untos as ba s es pa ra o
plan ej a men t o e a exe cu ção da mudanç a . Ad otad a s essa s ba s es , a r e gião d eve se r
sumària mente e scol h ida por lei. no pla na lto cent r a l, co n fo r me exi ge a Cons ti t ui çã o .
Não h á ne nhu ma d if icu lda d e pa ra is so. con for m e es tá de mon strad o no nos so tra-
b al h o ASP E CT OS F UNDAM E NTA I S DO P R OBL ElIlA D A )lUDAKÇA DA CAPITAL
P AR A O P L AN AL T O CE NTRAL.
Surge d epois o se gu ndo prob l em a /t cn i co q u e. êsse sim. po de e deve ser r es oi-
vido por u ma com iss ã o de t écn icos.
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Desd e o Imp ério se t em sent ido es sa au s ência de um a forte e irn eri ta ção , como
se verifica d os m ovim en t os q u e s e ch ama ram da Re pública d o Equa d or (P er -
n a mbuco ) e da Repú bli ca de P ir atinin (R io G ran de do Sul ) .
Na R epú b li ca , tivemo s o eq u iva le nte dê s scs mov im entos na Revoluçã o Fed e-
r alist a d e 1893 (Ri o Grand e do Sul ) e na R evolução Con s tit uci ona li sta de 1930
(S ão Paulo).
Albert o T ôr r es di vis ou , n o fu nd o d êss es m ovim en t os , um oen tr ttu otsmo qu e
a fina l é a mesma co usa q u e separ a t is mo e s e a med ro nto u com ês s e fen ôm en o ,
A d up la fal t a de es t r ut uraç ã o e d e ci men tação en t re as par t es d o Es tado B ra-
s ileiro, é u ma verrla dc. perigosa verdad e a liás . q ue prov ém da va stidã o d o t erri-
t óri o, da peq uen a d ensid a de d em og ráfica e das pr ecár ias com un icaç ões Inter iores ,
t:ss es três in con ven ientes ocasionam o isola m en to da s nossas ci dad es e e x pli -
cam a in exi stência do cspir ito de coesão nac iona l. R esult a m d êss es rat õr es o
a nal fab eti s mo e a doen ça . O h om em brasileir o t em um escasso va lor econô m ico :
prod uz pouco e consom e pouco .
O In d ice da mo r t a li dad e, principalme nte inf a n t il . é eleva do ,
O p ro gresso ma te rial é lento. A nossa a gr icul tur a não u sa m á q u inas . Fa ltam
e ngenh ei ros no Br a s il. Fal t am mé dicos e en fer m e iros n o int er ior , Em compen -
s ação. sob ram a dv ogad os , p oe tas . j or nalist as e fun c io ná ri os b u ro cr ático s na s ci-
dades .
A popula çã o d as cidades procu r a m a is o lu xo d o q ue o b em -es tar . ao p asso
que a do inter ior vive l it eralmen t e na mi s éria . pr ivad a dos m a is el em entares
con for t os .
O pad rã o d e vida m édi o de nos sas popul ações é G v êzes inferi o r a o da s da-
Europa. Em r el a çã o ao s Es t a dos Un id os a nos sa infer iori da de é pelo m en os 4
v êzes ma io r do q ue em r ela çã o à Europ a . Is to é . t em os um padrão de vida 24
v êzes ma is baixo q ue o d os a me r ica nos .
A n ossa in s t r ução p r im á r ia é defici en t e . Em ca da circ u ns cr içã o t e r rito r ial,
é muit o mai or o núme r o de cr ia n ças q ue nã o f reqü en tam a s escola s . do q u e
o n úm er o das q ue a s fr eq üenta m .
A In str ução s ecu nd á r ia é d ef iciente. em q ua lid a de e em quantida de . Atin giu
ülti m am ent e ext remos de inefi ci ên cia. q ue t êm s ido levad os a o con h eci m ento pú-
blico. com es tar r eci m en to do s qu e pres tam at enç ão a êsse aspeto d e no s sa si-
tuaç ão a t ua l.
A Ins truçã o s upe r ior co nti n ua a s er mu ito cr iti ca da . Há m ais .g ôs t o p el os
di plom a s e pelos a né is d e grau , do qu e pel os co nh eci me n tos c ie n tjf ico s , A
ciência nã o é cu lti vad a no B ras il. senão em esc a la ins ig nifi ca nt e , H á muitos
letrad os e po ucos hom ens cu lt os ,
O espect ro do co m u n is mo a pav ora um a parte da na çã o. a o pa s so q ue a o utra
parte s onh a com a mi r ag em d es s a do utr ina , E t anto u ma parte, com o a out ra ,
não m ost r a qualq uer bas e e m s uas convicçõe s, A q u estdo so cial no Brasil é
muito ma l co nhecid a .
6 . A u n id ad e do Bra sil . co mo Esta do, é em conseqüência instá vel. m u lt o
em bo ra s e pos sa di zer q ue ela t em s ido m a nti da . atrav és de s érias viciss it udes ,
Al gu n s publlcls t as naci o nai s t êm freq üe nteme nt e manifestado admiração d ia nt e
d essa u n ida d e q u e se ma n té m m a l g-rado tant os fatôres a dversos, che g-ando a l guns
a ver em nela u m m ilagre ,
Sej a co mo r õr, a verdad e é que dev emos aumentar as ga r a ntias de manute nçã o
d essa u n ida de , o qu e s om en te po de rá se r f eit o por u ma es t r ut u ra çã o e uma c1-
mentaçã o n ova s do Br a sil , aumenta nd o- lh es a " r iqueza huma na" po r um u so mais
amp lo das t erra s ine xploradas , qu e consti t u em a maior parte d o n osso t erritório.
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14 . O Bras il está neces sà r lam ent e fa da do. pe las propor ções de seu território,
a co nstruir u ma civ ili zaç ã o trop ica l su l - g en er i s, que d es m entirá os q u e apre-
goa m a Inu t il ida de d e n os sas r e gi ões cen t ra is . cen t r o-ocldenta ls , setentrionais e
nordes t in as.
U ma ra ça q ue r ealizo u a epo péi a dos ban deir a nt es . q ue no s ch ap a d ões do
In t er io r es cr eveu páginas ép ica s d e no ss a hist ória e traçou as li nh as p ela s quais
a in da hoj e ci rc u lam os nos n os sos sertões . um a raça que n os deu o exem plo de
Cou t o d e Ma ga lh ãe s . . qu e tra ns po r to u um navio da s ca be ce iras do Paragu a i à s
ca beceiras d o Ar a guaia. e d o Coronel de En gen h eiros Eduard o Jos é de Mora is.
qu e fo i u m t ena z organizado r da na ve gaçã o d e no ss os rios Inter iores . no t e mpo
do império, u ma raça a ssim nã o pod e deixar de Im pla nt a r sua ca p it a l n o ce nt r o
d e seu t err itório . de on de po ss a irradiar seu es fôr ço p rogressista até a s fr onteiras.
ho j e a ba nd onadas . do Oes t e e at é o gran d e rio d esprezado q u e é o Am a zonas,
O mais alto pen sa m en t o geo politlco q ue se deve associar ao proble ma da
m ud ança da Cap ital é és t e : a u nidade n aciona l p r ecisa d e ser con soli d ad a p or
m ei o d c u ma n ov a estr utu r açã o p olitica q u e d eve com eçar p ela imp l antaçã o da
Cap i t al n o espiga o m estre e deve ser seg u i d a do povoam en t o de t odo o Brasil
cen t r al , em d i r eção a o O est e e ao N orte.
11:sse espigão mes tre ca ract er iza o pl an alto cen t ra l do Brasil , de uma ma ne ir a
q ue s er ia im possí vel ima gi na r me lho r .
11: por isso q ue a fi rm amos a q u i. mais u ma vez. s egu n d o as vist as d o Visconde
de Pôrto Seguro , do Dr . Luiz Crul s e do geopol ít lco a lemã o OTTO MAULL . e d e
outros . q ue o p la na lto ce n tral do Brasil, para o nd e a Constitui ção de 18 de se -
t em b ro d e 1946 man da t r a n s ferir a Ca p it al do Br a sil , é o m esm o que j á foi
uma vez exp lo rado e dem a rca do e qu e des de então perten ce de direito à Un ião.
para né le ser es tabe leci da a Capita l.
11:s se é o con cei t o geo politlco de pl a nalto ce ntral q ue d eve s er mantido .
rr
NOVA CAPITAL FEDERAL
1. População
Co nd ição primo r d ia l para o plan ejam ent o da n ova Ca pital Fed eral é a p r évia
fixaç ã o d a m a ssa da po p ula çã o ina u gu ra l as sim como da popu lação fi nal a se r
r ecebida pe la nov a me t ró po le e seu t erritório .
2 . Du as so luçõ es extr emas po de m ser al vitra da s : po pula çã o li m it a da ao m i-
nim o com pat ível excl us iva me nt e co m as a ti vida d es dos órgãos super i or es do Go-
vêrrio da União ou p opulaçã o ab ra nge ndo to do s os órgãos centra i s da Admi nis-
tra çã o Fed eral,
3 . Evident em en te , a fim de q ue a nova Ca pital não s e t orn e u m lugar d e
d esco n for t os e p r ívaç ões pa ra os q ue forem o b r ig a d os a es sa t r a nsfer ência por
suas fun ções ofic ia is , chega -se à concl u s ão de que s e faz m is te r a in st a laçã o, desde
a d a t a d e sua in aug ur a ção. de u ma m as s a de 250-300 000 h a b ita nt es p a r a s er
pos s íve l garanti r, eco n ôm ica me nt e , uma vida loca l com t ôda s as faci lidad es soc ia is
e cu lt ura is , Ca so con t rário , li mitada essa popu la çã o inaugu ral a u ma s po u ca s
d ezenas de m ilhares de ha b itantes com as in ú m era s ex igências d e seu elevado
pad rã o de vid a , t eria o G o v ê r no Feder al de su bv enc ion ar, pe r ma ne n te m en t e , quas e
t odos os em preen dimentos e se rv iços ur b a nos de n atureza s ocial e cultu ral e
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talvez m es m o os s er viços de u tili dade pú blica (transpo rtes. comu ni ca ções . ener -
gia. etc .) , para que se u uso nã o r es u lt as s e proibitivo à gran de pa r t e d a po pula ção .
4. Além di sso. o cus t o t ot al d a con strução e instalaç ão dos ed ifl cios e se r -
viço s p ú blicos da n ova Ca pi t a l q u e, n o ca s o de gra nde popula çã o ina u gu ral . p ode ,
com o s e m ostrará ma is ad ia n te . s er d is t r ibu ldo com o r ea l va lor iza çã o pel os lot es
de t er r enos u r ba n os. s u b ur bano s e r u rais de im ediata uti liza çã o, deverá , no ca so
de pop ulação in icia l r es tr it a, ser supor t a do. em gran de pa r t e. p elo Tesou ro Na -
ci onal, e is t o s em uma r ed uçã o impo r t ante e m seu m on tan t e , po is , em amb os os
ca so s, t er ã o de se r con s t r ui do s q uas e todos os ed ifi cios e in st a la ções de ma ior es
exi gências d e a pres en tação e de maior es cus to s de ex ec uçã o .
5. Urna g ra n de po pula ção inau g ural eom as d eco rrentes neces s ida des de uma
ma ssa enor m e de mei os de a loj a mento e d e abaste cim en to , vi rá . po r outro lado.
t o r na r eco n ôm ica a in stala çã o. no T err it ório da Ca pit a l ou em s uas vi zinhan ças ,
de in dú st rias d e m ater iai s de co n st r ução e de mercadoria s de abasteci mento. pr o-
d ut os êst es q ue, n o out ro ca so , t eriam d e s er im porta dos co m o ôn us de se u
t r a nsporte a gra nd es d istânc ias . Lim it a da s. no pri meiro caso . a s im port a ções a
um r clut lva m en tc pequ eno volu me de m er ea d or ia s d e a lto va lo r u ni tário . j á a
n ova Ca p it al poderá ser loca li za da . se m a con tra -indicaç ão d e d esvantagens eco-
n ôm icas pa ra s eus h a b it antes . mais para o In t eri or d o P a is, sa t isfa zen d o. d ês se
modo e d esd e logo. mais larga men t e a os ob jetivos da p roj et a da m udanç a .
6 . Po r t õdas essas razões. a so lu çã o a ser ad ota da de verá pr ever urna po -
p ulação ina ug u ral bastante num er osa a fim de q ue ela possa gozar, econ ômi ca -
me n t e . de t õdas a s comod idad es sociais e cult u rais. n ão deixando . ao mesmo
te m po. que o cu s to da vi da, na r e gi ã o. d eix e de of erecer u rna s ensível redução
quan do comp a rado ao vigora nt e na atual Ca p ital e a fi m de q ue a co ns t r ução da
n ova Ca p ital se po ssa r eali zar d en tro de u m pla no d e a uto-fi nanciamen to s em one -
r ar os contri b u intes da s de mais u ni d a des da Federa çã o.
7. Pode- s e . en tão . d e ac õr do com es ta diretriz , determ inar a quanto dever á
m ont ar a pop ulaç ão in a u g ural d o T errit ór io da Cap ital F edera l. Se bem q ue
n ão s e disponh a d e n ú meros ex a tos . alIás d isp ens áv eis. se rá de 200 000 a p opu-
la ção oficia l a se r tra nsf erid a para a nova Ca pit a l. co m p r een den do fun ci on ár ios
e s eu s d epen dentes . ~s s es fu nci on ários s eriam p ertencentes a :
a) órgãos s up er iores dos t rês P od er es da União (Executivc , L egisl ati vo e
J ud ici ário ) ;
b) ór gãos centrais da Adminis tr ação P ública F ed er al;
c) un idad es das fôrças m Uit ares da Un ião ;
d) órgã os ccntra ís d as Ins ti t u ições a utá rq u icas e pa ra -es tat ai s da U n ião ;
e) r ep r es ent ações do s p a ís es es t r a ngeiros e d e organ izações int ernacion ai s .
8. Além di s so, t er -se -ia de co m p uta r :
a) os órg ãos d a Ad m in istra ção do p róprio T erritó rio;
b) os s er viços público s de co ricess ão :
c) a s in stituições cu lt urais . s ocia is e des por ti va s ;
d) os es tab elecime nt os de co mé rcio e in d ús t r ia loca is ;
e) os pro fi ssi ona is li bera is e artesa na is ;
f) os t r a balh ad ores d om ésti cos e ru rais em g era!, com um to t a l es ti m á vel
de 30 a 40 000 e le me n to s a t ívos qu e. com s eus d ep ende n t es. for m a r iam
u m con ti ngen t e de 100 000 hab it a nt es .
9, Des sa pr evi st a população ina u gu ra l de 300 000 habita ntes , vcr trtca -so q ue ,
pe lo m eno s . 250 000 dev e rão se r t ra ns fe ridos para o T erritór io d a n ova Ca pita l .
por fôr ça d e s ua s f un ções ofic iais ou das necess id a des da in sta la ção e manu -
t ençã o d a cidade ; so m en t e 50 000 h ab itantes, porvent ura ex iste nt es na r eg ião,
p oderão s er a proveitad os n a s a ti vi d a des elem ent a r es . Da do. po r ém, q ue e ssa
massa de trab alha d or es b raçais ou s em i-es pecializad os . t erá de ser em p re ga da ,
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2. Su pe r fície
e evo lução , não p od erá s er ti do com o exagerado o ba ixo val or da pr opost a den s i-
dade na f as e f ina l d o p revisto d es en volvtm en to d a Ca p it al em s eu nú cle o urbano
pri nci pal .
22 . 1!:sse núcleo urbano seria, es quemà ti ca mcn te , circun dado por uma coro a
d e 30-40 K m de lar gura q ue co ns titu ir ia a ci nt ura ver de pr ot eto ra da ci da de ,
n ão só co m o f im de ofe r ec er à su a populaçã o pa r q u es e flores tas pa r a r e pou so
e recr e io, como t ambém t e r r enos . pa r a a s explo rações h or ticol a s , fl or icola s e a vi-
co las neces sá r ias ao seu ab ast ecimento cômodo e econ ôm ico .
23 . Na á r ea cont ígua. compreen d ida por uma n ova co r oa de c êrca de 10
q uil ôm etros de largu ra , se ri a lo ca liz a da a p opulação s u b urbana da Ca p it al em
cidad es- sa t éli t es es tabcl ecidas para al oj a r ce r to s g r up os junto a locai s d e tra balho
que não exija m um cont a ct o imed iat o e cons ta n te com as at ivid a d es urbana s
centrais .
24 . O utr a coroa concên t r ica de l argur a adequada (15-20 Km) s eria r es ervada
à s gr a njas le it eira s, às cultura s fr u ticolas e às ex plo rações de cer tas lavouras e
cr ia çõe s peq u ena s , b em como d e fl or estas Industria is pa ra suprimento de len ha
e de ca rvão ve get a l pa r a co nsumo do méstico.
25 . D êss e mo do. s e gu ndo éste esq ue ma prim ário, t ornar-s e-iam preci sos,
em números a proxi ma do s , 10-20 000 q u ilômet r os quadrados para a ac omodação,
ampla e r aci o na l , d a pop u lação urba na , subu rb a n a e parte da populaçã o r ura l
d o T er r it ó r io, em s eu previ sto cres ci m ento até a o fim de 50 a no s .
26 . Além dêsse aglom er a d o princ ipa l, d evem se r prev istas a s zo na s das
g ran des la vou ra s de cereais (tri go, m ilho , a r r oz, etc. ) , de ca mpo s de Inv ernada
de gad o para o consu mo do T er r it ór io, do s la gos de criação de pe ix e e , se p oa s ív cl ,
das cu lturas d e cana de aç úcar e de a lgodão, a lém da s fl orest as de madeiras de
lei e da s re s erv as fl orest a is para d efes a das á gua s e d as t err as ou dos stt íos
naturais .
27 . A sa tisfaç ã o de 65-75% das ne ces s ida des da população do T erritór io pelos
próprios r ecursos da r e gi ão , em q u e os ún icos combustí vets de u so gera l dís-
po ní ve ts s er ão de or ige m veget a l , Im põe uma ce rt a la r gueza na d et erminaç ã o da
superficie t ot a l de um t erritório de que s e desc onh ecem a inda t ôdas as cond ições
natu rais . Mes mo adm iti do o sã o pr incipio de que êss e T err itório n ão d eva dcsen -
vo lver -se em u ma zon a d e produção exportáve l, parece j us t ific a do t er-s e de fixar
em 50 000 K m 2 o li mi te m lnlmo de sua supcrffcie , com um m áxim o de 100 000 Km ',
área m édia. propos t a pel os m elhores d os planos d e r ed ívls ã o t err it orial d o P a is .
28. Com uma s u pe rf fcle de t a l gra n d eza , d eixa-se a possib ilida de da ex ce ção
(p or m otivos d e ord em ec on ôm ica , d e b ar a t ea ment o das tarifas de transporte , pela
prev isão de uma massa de certos prod ut os de ex por t a çã o com o car ga d e r et õrno
dos ve ículos em tráfego) d e manter em f unci o na m ent o, n o T erritório, certas In-
dús t r ias q ue parece de verem se r esc o lh idas en t r e as d e materiais de con struçã o,
como é eviden t e; d e fato, a s indúst r ias dess a na tureza (ci m ento, madei ras es-
q u ad r iadas , m a te ri a is cer âm icos. ferro fu nd id o, etc . ) , inst ala das pa ra s u prir a
eno r me m a ssa de m at e r ia is ex igi dos pela fa s e de constr ução da n ova Ca pit a l,
em bo r a amortizadas n o t otal ou em g r ande par te, ao fi m des sa fa se, devem se r
a p r ove it a d a s . com su a prod uçã o a p r eços r eduzidos , pa ra fom en t ar o desen -
volv ím cnt o ec onômico das r egiõ es circunvizinh as , forn ecendo, a o mesmo t emp o,
o dese j ad o t r áfego d e r et õrno às emprêsas de t ran sp orte .
29 . Na superf ícte m á xima de 100 000 qu il ômc t ros q uad rad os podem se r in-
clu ída s as faix as ( de 20-50 K m de largura) a se re m desap ro p r ia das para a loca ção
das v ía s de trans porte de prim eira o r de m e pa ra a s ua devida prot eçã o con t ra
ind e sej á vei s dese nvolvim ent os ao longo de se us percurs os . Tais fa ixas , a lém de
permitirem , no futur o, o la n ça ment o d e varia n t es en tã o t ornadas ccon ômlca s pela
int ensi fi ca ção do t r á feg o, pod er ã o ser ut il iza da s co rno fl or est a s pa ra for neci men to
de carvão vegetal n ecessá r io ao consumo d os gazogên ios d os a uto-camin hõ es e
dos t ratores de va gões a copl ados em com boios r ed uzid os d e uma ou duas u n idades .
..
- 25-
3, P olfttca t er rit o r ia l
30 , A área Que fór es co lhi da e d e marca da para o Te r r it ór io d a nova Ca pit al
F ed e r a l d ev e rá s er t ra nsfer ida ao d om ín io d a Un ião , po r doação , quando s e t r a tar
d e t err a s d om in ia is d os Est a d os e Mu n ieip ios a fet a d os pela s olu çã o a p r ovada,
e por d esa p rop ri a çã o q ua nd o s e tra t a r d e propried a d es p r íva d as ,
31. Em a m bos os cas os a s be n fei t or ias d e car á t e r pe r ma ne nte. e xi st e n t es
nas p r op r ieda d es compr eend id a s n a á re a do T e rritó r io , d e ve rã o s er inde n iza das
pel o s eu va lo r a tua l c as t e r r as d os particul a r es adq u ir id as pel os va lo r es ad ota -
d os no cá lc u lo d o im pôs to t e r rito ri al d o cxe rc tc to d e 1946 .
32, Os a tuais propriet ários d esa p ro p r iad os por u t il id a d e públi ca t e rã o pra zo
s ufic ic n t e pa ra as colh e it as d a s pla n t aç ões a n ua is em d es en volv ime nto . bem como
go za r ã o d e p r ior id ad e para o apr ovei t a mento d e s uas a tividades no pl a no d e
e xecuç ã o d a no va Ca p it a l. d e p r efe r ê ncia nos m es mos sltio s e nas m esmas
oc u pações ,
33 , R eceb id as pela Un ião t údas a s terras e b enfei t or ias com p r ee n d ida s n o
t e r r it ório d em arca d o , a s ua pro g r ess iva utiliza çã o d ev erá s e r procedida de ac ôr d o
co m o pla no g eral r egul a d or d a implanta ção da n ova Ca pital. qu e, n es se m om ento.
j á es t a r á o rga n izad o em s uas li n h a s ge rais e cuj os d etalhes s erã o d csenvol v íd os
com a m arc h a dos tra balhos d e co ns t r uç ão , ga ra n ti n d o-se , se m p re q ue poss ível.
o s u p r im e n to , por fontes no p r ó p r io t e rri t ório. d e t od os os ele m e n t os necessários
à e x ecução d a s ob r a s c à m anutençã o da população r eg ion al.
34, Se gui n d o a fcli z poll tl ca t erritorial adot ada pel o G ovêrri o da Austráli a no
es t a belecim ento d e s ua cap ital fed eral - Canberra -. p olltl ca d e s ucesso hoje bem
p r ova d o por mai s d e 20 a no s de aplica çã o ap esar d a in t ercorrên ci a d e vá r ias
c r ise s eco nôm icas. é d e p rop o r -s e e d e tnst tt uír-s e, a fa vor d a U n ião , a proprie-
da d e d e tod o o Te rrit ór iO d emarca d o. q ue o utili za rá conve ni en te m e n te con forme
os ca so s . s eja e nt r e g an do -o a o d omln io pú b li co , s eja oc upand o- o co m as In st ala-
ções e e d if icações d e u so p ró p ri o ou p ú bli co . se ja a r re n d a n do -o para e x plor a ções
par ti cular es s egundo con di ções que a s s eg u r em sempr e a s i. Isto é . à coletivi dade.
as va n t a g e ns d e s ua a u to -va lo r iza ção e as fa cili d ades d e s ua eventual d esa p r o-
pr iaç ã o ul t e r io r po r necess id a d e d o d ese n volvim e nt o d os aerv í ços públic o s fed e-
r a is ou d os m elho r a me n t os e r e manej a mentos es tab ele cid os po r fu turos planos
r eg ion a is .
35 . Com es sa p olltlca t e r r it orial d e la r ga visão , s e r á a fasta d a a con taminaçã o
d o n ovo t erritório pela lepra da es peculaç ã o im obil iá ria, - c uj o s urto é mais
q ue d e t em er-s e ate ntando à s con d içõe s atuais d e co nj u n t u ra nacional. e m pl e na
cris e In fl a ci on ária . com todo s éq u it o d e tra nsaç ões tumultuária s d e mero Joso.
es ti m ula d as pel os e x cessos d e luc r o especula t óri o e pelas fa cilida d es d e cr éd ito
bancá r io ,
36 . Natur a lme nte, par a a utilização do s terren os em q ues tão. o s eu arren-
d a me n t o a particul ares nã o d e verá s er e nq ua d r a do na s antiq uad as forma s d o
In s ti t u t o d e e n fi te u se . e s im s ob nova s co n dições com pa t tve ts co m a a t ua lid ade
e com a na t ure za d e ut il tza ção d o t erren o .
37, O arr e n da m e n t o e m q u est ão se r ia instituld o m edi ante co n t ra to , com
pra zo d e 25· 30 anos c co m a ob r ig ação d e s er co ns t r u ido e utiliza d o o t e r r e no
em p r az o d eterminad o , pa r a os fi ns es pe cificad os . med ia n t e o pa ga m ento d e u m a
prest a ção pe ri ód ica , me n sa l o u n ã o, r esul ta n t e d e u m a pe rce n t a gem fixa (6-3% )
s õb r e o va lor d o ter r eno . P a ra d etermi naçã o d êsse va lo r d e b as e . os iot es se-
ri a m ofe re ci d os à li cit a çã o p ú blica a be rta s õb re u m " al ar es ti ma ti vo d e cu sto
efe tivo .
38 , O va lor de base d e ca da lot e arre nda d o es taria s u je it o a r c vt sõ e s pe ri ó-
d ica s (d e 5 a 10 anos d e in t erva lo) . Iívr c a ca da u ma d a s partes con t r a t antes d e
ped ir a sua r ev isã o a n t ecipa d a , caso s ob rev iess e m va rt a ções e x t r a or d inária s no
merca d o im ob il iá r io ,
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4. Financiame nto
5. Administraçiio
Ilustre Patrício,
Deputado João d' Abreu
Atenciosas saudações.
Permita-me que exprima a Vossa Exce!ência as mais vi-
vas congratulações pelo brilhante discurso proferido na
Assembléia Constituinte, no dia 6 do corrente, a propósito do
momentoso problema da mudança da Capital Federal. Con-
vencido qu e estou, há longos anos, da imperiosa necessidade
de que se proceda a essa transferência, em benefício dos al-
tos interêsses do país, tenho procurado, em diferentes oportu-
nidades, contribuir, obscura mas sinceramente, para a vitó-
ria da idéia. Encontro , assim, motivo para franco regozijo cí-
vico nas eloqüentes manifestações que ora se fazem ouvir, no
Parlamento e na imprensa, em prol do belo projeto que, até
bem pouco, era considerado uma simples utopia, embora a fa-
vor dêle também se tivessem pronunciado, em dias idos, gran-
des figuras de estadistas e patriotas, das maiores que o Brasil
tem conhecido.
Com efeito. É fácil ver , através de tão claros indícios,
que a id éia continha em si fôrça suficiente para ímpor-se à
indiferença de uns e ao ceticismo de outros, de modo a abrir
vitoriosamente o seu caminho, até converter-se na esplêndida
realidade que todos desejamos. As próprias contingências
dos dias que vivemos, eriçados de dificuldades de tôda a sorte,
sobretudo quanto ao abastecimento da população metropoli-
tana, vêm contribuindo para acentuar a justa impressão de
que o Rio de Janeiro já cumpriu a sua missão histórica de ca-
pital do Brasil, impondo-se, quanto antes, a correção do êrro
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I,
- 83 -
.t _
- 84 -
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- 86-
o gigante acordado .. .
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