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de Vera Hamburger
• Um conceito
Direção de Arte é conceituado como aquilo que organiza uma equipe
de cinema responsável pela construção de um universo físico visual
coerente com a abordagem do roteiro do filme.
• A alquimia do cinema
Uma obra cinematográfica apresenta em sua idealizacão e execução
uma produção coletiva, sendo para a construção visual a obra se
apoia em um chamado tripé, diretor do filme, diretor de arte e o
diretor de fotografia, de forma que o resultado final é a somatória e a
organização dos esforços de cada um presente na equipe, assim só se
tem plena ciência do resultado final depois que a obra está pronta.
• Do diálogo entre o diretor do filme, o diretor de arte, e o diretor de
fotografia
Aspectos artísticos e técnicos revezam-se na colaboração entre os
três diretores. O ideal é que o processo de criação seja compartilhado
por eles em todas as fases de producão, procurando sempre um
modo coeso de realização - desde as discussões ao redor da mesa às
visitas a locações, provas de figurino e maquiagem; da apreciação
sobre os projetos de cenários aos testes de câmera; da construção das
cenas, enquadramento e posicionamento de câmera e luz no set de
filmagem.
• A equipe de arte
O diretor de arte define sua equipe, composta basicamente por
cenógrafos, figurinistas e maquiadores, além dos produtores de
objeto e coordenadores de arte, e indica os profissionais com os quais
deseja trabalhar naquele projeto. Orienta e coordena os trabalhos de
cada setor para a criaçnao e construção de um universo visual coeso e
integrado às outras áreas envolvidas na elaboração do filme.
O cenógrafo inicia seu trabalho geralmente na fase de pesquisa e
análise técnica do roteiro, acompanha a busca delocações e a
realização dos primeiros esboços, desenvolve os desenhosdo projeto
executivo, realiza estudos de cor e de ambientação dos cenários e,
por fim, acompanha a construção, a pintura e o tratamento dos
ambientes.
• O início do processo: a leitura do roteiro
O roteiro é uma obra aberta. Um guia colocado em xeque, cortado e
retrabalhado em um processo contínuo, desde a preparação até a
montagem final, expressando as diversas visões da equipe que
trabalha em sua transposição para a linguagem cinematográfica.
Encontrados pontos convergentes, cada departamento ganha
autonomia para iniciar o desenvolvimento do projeto. Os profissionais
procuram nas respectivas áreas de atuação, formas que levem a uma
obra única, o filme. O espectador percebe essa convergência quando
encontra autenticidade e consonância entre os diversos universos
construídos - narrativo, rítmico, sonoro e visual - e não sente
nenhuma prevalência de um aspecto sobre o outro.
A pesquisa
A cenografia
Cená rios sã o elementos vivos que, somados aos efeitos da luz e outros,
especiais, fabricam atmosferas e armam situaçõ es a cada acontecimento do
roteiro. A ediçã o em sequencia dos inú meros ambientes, ou mesmo das diversas
cenas que se passam em um ú nico espaço, oferece ao espectador um percurso
visual. Ao explorar plasticamente esta fluência, cria-se uma cadência rítmica ao
olhar, interferindo diretamente na vivência do filme e na compreensã o da
narrativa.
• A arquitetura e a paisagem
• O desenho do espaço
Cada projeto parte de fundamentos pró prios para a definiçã o de seu desenho. O
gênero do filme e a abordagem que se pretende dar ao roteiro sã o determinantes
como ponto de partida.
A continuidade espacial e a transparência do interior para o exterior de um
cená rio sã o outros recursos do desenho do espaço cinematográ fico a serem
estudados a cada projeto.
Locaçõ es
O olhar sobre as locaçõ es, na fase de pesquisa, conta com variá veis de
diferentes naturezas: subjetivas, estéticas, técnicas e logísticas. Encontrar uma
situaçã o que apresente todas as particularidades desejadas é praticamente
impossível. Partindo dos significados-chave de cada cená rio, procuram-se nas
locaçõ es elementos eleitos como essenciais para a caracterizaçã o dos
personagens, sua inserçã o no contexto geral, a atmosfera das cenas e as
particularidades das açõ es que irã o se desenvolver em cada ambiente.
Locaçõ es, principalmente em exteriores, colocam a produçã o em geral e a
cenografia em particular em meio a vida corrente do lugar, nessas situaçõ es é
muito importante que o diretor, o diretor de arte e o diretor de fotografia
estabeleçam os limites de campo a serem adotados na locaçã o, balanceando as
necessidades das cenas com as possibilidades reais de intervençã o.
• A cor
As emoçõ es e impressõ es de quem vê sã o sublinhadas pelas cores e seus
contrastes. Cada personagem inspira um repertó rio de cores característico, num
processo paralelo ao que tinge os ambientes
A composiçã o cromá tica entre cená rio e figurinos cria, a cada momento
contradiçõ es, ou consonâ ncias significantes.
Cor-luz e cor pigmento complementam-se no cinema, assim como na natureza.
Obedecendo à s leis da física, a atuaçã o de uma sobre a outra redefine suas
qualidades. Do fotó grafo, as características finais da luz de cena; do diretor de
arte do pigmento, do entendimento entre eles o resultado final.
• A textura
• Objetos
A caracterizaçã o final do espaço é dada pelos objetos que o ocupam. Eles falam
da vida que habita, habitou ou habitará aquele ambiente. Explicitando gostos
pessoais ou qualidades circunstanciais, apoiam e contracenam com os atores em
suas açõ es.
A funcionalidade dos objetos de cena é questã o importante no cinema. Fazer o
espectador acreditar que as coisas realmente se passam como a narrativa conta,
mesmo que isso aconteça mediante efeitos especiais, é essencial para que o
espectador embarque na estó ria.
• O figurino
• A maquiagem
• Efeitos especiais
Efeitos especiais mecâ nicos, ó ticos e digitais se alternam e se complementam na
realizaçã o cinematográ fica, o sucesso na utilizaçã o desses recursos, depende da
integraçã o entre as diferentes á reas de trabalho do filme.
No Brasil, os baixos orçamentos das produçõ es dificultam o desenvolvimento
nessas á reas, que envolvem altos custos, além de muito tempo e
experimentaçã o.