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1.1 surdo ou Surdo?

Ser surdo ou Surdo possui vários movimentos, surdo é aquela pessoa que não possui um
contato que a torna Surdo, com identidade, o que seria isso?

Surdo com "s" pode ser uma pessoa que está construindo sua identidade pós-linguística
(adquiriu a língua falada e se tornou surdo por doença, acidente ou ainda outro motivo) no
entanto, se beneficia do uso da prótese ou aparelhos auditivos e pode desenvolver outras
capacidades para adquirir a Língua de sinais.

Surdo com "S", é aquele indivíduo que nasceu em família de Surdos e já precocemente
como todo bebê ouvinte já entra em contato com sua língua natural, Libras, mas aqui
também encontraremos surdos pós-linguísticos que, mesmo com próteses, se veem Surdos.

Sendo uma língua visual-espacial percebem que seu mundo agora é por outro sentido, mas
não perdem sua capacidade já adquirida, como a da fala, por exemplo, que pode ser
foneticamente clara na pronuncia. No entanto, ainda é necessário o uso de Libras no âmbito
geral, como em palestras, teatros, filmes. Assim, o Surdo pós-linguístico nunca perde o que
já adquiriu, porém passa a compreender de forma clara conceitos que eram abstratos na fase
que era ouvinte.

Muitos surdos após entrarem em contato com a Libras e com a comunidade Surda, logo se
apropriam da língua em um curto espaço de tempo, até 6 meses, e de forma fluente
assumindo um lugar de posicionamento e  se tornando Surdo.

A audiometria é um exame necessário para sabermos qual a perda auditiva do indivíduo e


que nos mostra se ele será ou não beneficiado do uso de próteses. Se a perda auditiva for
maior que 40 decibéis (dB), o surdo não será capaz de captar a voz humana, que está nessa
linha de frequência.

É importante esclarecer que a prótese não nos dá o que perdemos ou nos falta, ela amplia o
que possuímos, então o aparelho será um amplificador do dB em que se encontra, fazendo o
som ser percebido mais próximo ou mais alto, não sendo possível ouvir sons de outra
frequência.

Discutirmos sobre o Implante Coclear - IC, é complexo. Não existem evidencias ou


pesquisas que mostrem a qualidade de vida do implantado, existem relatos de falta de
informação, por exemplo: 

 implantados não podem realizar exames como a ressonância magnética.


 participar de esportes de contato físico, onde o implante possa ser atingido.
 dormir sem o IC, o tornando surdo à noite.
 não podem mergulhar ou tomar banho com o aparelho, ele deve ser retirado.
 implantados sofrem atrasos linguísticos quando alguns profissionais da área clínica
proíbem o uso da Libras.

Nesse último item é importante esclarecer que em escolas americanas crianças com IC
frequentam escolas de Surdos para aquisição da Língua de sinais americana (ASL) e, no
contra-turno, realizam treino da fala. Sendo inverso o que acontece em muitos casos no
Brasil.
O ideal é que a criança aprenda primeiro sua língua natural, Libras, para depois ou em
contra-turno treinar a fala, por quê? O atraso linguístico pode tornar a criança um deficiente
funcional (um sujeito que possui todas capacidades, mas em virtude de atrasos nas fases
corretas acaba por se torna um deficiente intelectual).

Veja no gráfico abaixo os níveis da audição e relacione com o texto, veja que o som de
passarinho está muito distante da surdez de nível moderado, e que mesmo em nível
leve é possível que não haja compreensão. Imagine uma sala de aula com 30 alunos e 1
colega surdo, quando a professora se dirigir a ele, ele ouvirá e talvez não compreenda
tudo, mas a situação pode ser mais complicada, o que ele ouve quando todos falam
juntos? O que se ouve quando a professora está de costas para o quadro
escrevendo? 
1.2 O que é surdo?
90% das crianças surdas são filhas de pais ouvintes e sem as informações que o curso irá lhe
oferecer. Assim também lhe passamos esta responsabilidade, um aprendizado que lhe permita
auxiliar o outro sem acesso a esses conhecimentos.
O surdo pode seguir duas linhas:  

Clínica: uma visão de algo que falta e a busca por este perdido, como próteses, implante
coclear, fonoaudiologia, treino da fala. É válido lembrar que corremos um grande riscos
com atrasos linguísticos desde o nascimento, já que o bebê ouvinte já reconhece a sua mãe
pela voz e criou sinapses entre aparelho auditivo e fala. Aqui acharemos deficientes
funcionais que não acessaram aprendizados no tempo adequado. Não se pode esquecer que
pontuais sucessos existem, mas são pontuais e não a regra de sua maioria.

Cultural: um sujeito estrangeiro em um mundo auditivo com um canal que ele não possui,
mas com imensa capacidade espaço-visual. Aqui a visão não se associa a falta ou
deficiência, mas as capacidades desse indivíduo, tendo acesso precoce a língua de sinais,
sua língua natural e convivência com seus pares - crianças surdas, e seus modelos -
professores surdos. Hoje, o Brasil possui diversos surdos formados em diferentes áreas,
além de pesquisadores - mestres e doutores surdos. Além de lideranças reconhecidas.

Quando vejo o Surdo como cultura não posso mais associar a deficiências, mas a um grupo
distinto, uma minoria linguística, que se desenvolverá como qualquer sujeito que possui o
canal da audição. Assim como reconhecemos as tribos indígenas, quilombolas, mestiços,
bugres e tantos outros grupos que possuem língua e cultura.

1.3 O que é a identidade surda?


É se apropriar da língua de sinais brasileira - Libras, ou sinalizada de seu país, e acessar
toda visão de mundo pelo canal da visão e não da audição. Já que a audição não faz parte
então do mundo Surdo.
Pesquisas mostram que a audição cria sinapses durante a gravidez e o bebê, ao nascer,
reconhece o tom de voz da mãe. Para os surdos, isso não acontece. Ao nascer, eles não
possuem esse tipo de sinapse desenvolvida. Desse modo, s urdos não percebe sons que para
nós são óbvios, como a campainha, os passarinhos. No entanto, eles podem perceber de
outra maneira, através da visão. Assim, para eles, observar a beleza dos fogos de artifícios e
a composição das cores, pode ser um tipo de melodia.

1.4 O que é a Língua Brasileira de Sinais?


É um sistema complexo que não tem referência nas línguas faladas, sendo composta por
signos diversos, em que a visão é o principal canal, assim, o mundo se torna visual-espacial
e não oral-auditivo, são canais diferentes.

Para um ouvinte ser fluente em língua de sinais é necessário uma imersão nesse espaço
como visitar semanalmente a sociedade de Surdos mais próxima. O curso de Libras é
importante, mas para sua fixação e compreensão, é preciso o estímulo, o desejo e o estudo
frequentes.

Sua gramática se diferencia e traz outro sistema, sendo: configuração de mãos, CM,
ponto de articulação (PA), movimento (M), orientação (O), expressão facial ou
corporal ou ambas.

Quando o Surdo é visto como cultura não é mais associado com a deficiência, mas como
parte de um grupo distinto, uma minoria linguística, que se desenvolverá como qualquer
sujeito que possui o canal da audição. Assim como reconhecemos as tribos indígenas,
quilombolas, mestiços, bugres e tantos outros grupos que possuem língua e cultura.

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