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A capela de Rodrigo Hilbert e o direito à moradia.

Saiba como obter assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção da

moradia própria.

O ator e chef (e uma porção de outras coisas mais, além de lindo) Rodrigo Hilbert

viralizou e virou même em abril de 2021 quando Fernanda Lima, modelo e apresentadora,

revelou em uma entrevista à TV que o casal, junto há 19 anos, havia se casado em meio à

pandemia numa capela que o próprio Hilbert construíu no sítio da família.

Além entrar para os trending topics do Twitter, Rodrigo Hilbert ainda aproveitou para

tascar em um dos seus posts no Instagram uma informação de interesse público. “A boa notícia é

que não precisa ter dinheiro para isso. A Lei Federal 11.888/2008 assegura às famílias de baixa

renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de

interesse social. Assim, você pode construir um lugar seguro para sua família morar.”

A lei 11.888/2008 é uma daquelas que parece ser boa demais para ser verdade. Ela, de

fato, assegura o direito das famílias de baixa renda à assistência técnica pública e gratuita para o

projeto e a construção de habitação de interesse social como parte integrante do direito social à

moradia previsto no artigo sexto da Constituição Federal.

“Baixa renda”, para efeito da lei, seriam as famílias com renda mensal de até três salários

mínimos residentes em áreas urbanas ou rurais. A lei assegura a elas o direito à assistência

técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social para sua

própria moradia - abrangendo todos os trabalhos de projeto, acompanhamento e execução da


obra a cargo dos profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia necessários para

a edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária da habitação

Então basta recorrer à Justiça com a lei em mãos e requerer o direito à construção

da casa? Infelizmente, não. A partir do artigo terceiro da lei vamos descobrindo que a efetivação

desse direito passa por um arranjo institucional que inclui a participação de um ou mais entes

federativos - União, Estado, Distrito Federal ou Município -, convênios com entidades

profissionais da área de arquitetura e construção, e disponibilidade de recursos em fundos

privados e públicos, inclusive o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS).

O website da Caixa Econômica Federal explica que a gestão dos programas de habitação

de interesse social é do Ministério das Cidades - que recomenda, através de suas diretrizes, a

criação de conselho, com caráter deliberativo, nos estados, municípios e distritos, além de um

fundo vinculado a ele. A iniciativa, explica a Caixa, servirá para propiciar apoio institucional e

financeiro ao exercício da política local de habitação e desenvolvimento urbano.

Assim, podem pleitear participação no programa os estados, o Distrito Federal, os

municípios e as entidades das respectivas administrações, diretas e indiretas, que demandem os

recursos federais e que tenham feito adesão ao Sistema Nacional de Habitação de Interesse

Social (SNHIS).

E como funciona? Assim: os recursos financeiros do Programa de Prestação de

Assistência Técnica podem ser pleiteados pelo chefe do Poder Executivo dos estados, do Distrito

Federal e dos municípios. A proposta deve ser encaminhada ao Ministério das Cidades, que faz a

seleção e encaminha à Caixa para a contratação das propostas.

As ações da modalidade assistência técnica individual visam apoiar a prestação de

assistência técnica à família de baixa renda para a construção, reforma, ampliação ou conclusão
da moradia. Nesse caso, a assistência técnica é prestada individualmente a cada família, mesmo

que o conjunto de famílias resida no mesmo bairro. Já na assistência técnica coletiva o objetivo é

prestar assistência a grupos organizados de forma associativa para a consecução de

empreendimentos habitacionais.

Apesar de a materialização desse direito exigir uma jornada complexa, conhecê-lo pode

servir para que a sociedade civil organizada, inclusive as associações comunitárias e de bairros,

exijam das Câmaras Municipais e Prefeituras que implementem as etapas requeridas para que a

construção de moradias para famílias pobres seja efetivada - e nossa legislação, cumprida. Mais

um ponto para Rodrigo Hilbert.

Uma boa fonte de informação é o Manual para a Implantação da Assistência Técnica

Pública e Gratuita a Famílias de Baixa Renda para Projeto e Construção de Habitação de

Interesse Social, elaborado e disponibilizado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil.

Vídeo: se quiser se informar mais, assista esse documentário produzido pelo Conselho

de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.

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