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Geografia:

As áreas rurais em mudança


O mundo rural em transformação
 As áreas rurais tiveram, durante um longo período, uma vocação essencialmente agrícola;
 O estudo do espaço rural confundiu-se durante muito tempo com o estudo dos campos
agrícolas;
Espaço rural— Adjetivo que se opõe a urbano. Designa tudo o que respeita ao campo, e o seu sentido é muito mais lato
do que agrícola. A população rural compreende, não só os camponeses, como também todas as pessoas que exercem
atividades de artesanato, comércio e serviços, sem esquecer as que vão trabalhar para a cidade. Nos países muito
urbanizados é difícil traçar um limite nítido para o habitat rural, pois as construções antigas, que foram feitas sobretudo
para camponeses, estão hoje ocupadas por pessoas que vão todos os dias trabalhar para a cidade.
Rurbanização— Processo de instalação, nos espaços rurais em redor das cidades, de um número crescente de pessoas
cujas atividades são urbanas, ou por irem todos os dias trabalhar para a cidade ou por as empresas urbanas implantarem
fora da cidade alguns dos serviços que exigem espaço (armazém, supermercados).

 O campo significa tudo o que não é urbano.


 Registaram-se grandes alterações, sobretudo no decurso do século XX. A revolução
Industrial iniciada no século XVII veio introduzir alterações na oposição, anteriormente clara,
entre áreas rurais e urbanas.
 Em Portugal, embora mais tarde comparado aos restantes países europeus, o
desenvolvimento de uma sociedade urbano-industrial trouxe duas consequências para as
áreas rurais:
1. A perda de importância económica (devido à diminuição do peso da agricultura na
estrutura económica nacional face ao processo de industrialização e de terciarização);
2. A criação de um estigma de decadência associado a estas áreas (em contraponto
com as principais aglomerações urbanas e industriais, símbolos de oportunidades e
do progresso)
 Contrariamente aos países mais desenvolvidos da Europa, o abandono de campos em
Portugal (sobretudo entre 1960-1980) não está associado ao processo de mecanização da
agricultura, mas sim à oposição entre os níveis de desenvolvimento rural e urbano.
 A agricultura em Portugal, em geral, manteve um carácter tradicional e de baixos
rendimentos, incentivo à emigração por parte das populações rurais.
 Os contrastes existentes entre as condições de vida nas áreas rurais e
nas áreas urbanas são a justificação para o forte êxodo rural ocorrido
em Portugal e os intensos fluxos emigratórios para toda a Europa.

Doc.1- Imagem representativa do êxodo rural e abandono de campos


 Das áreas rurais saiu mão-de-obra desqualificada e barata para atividades em crescimento
acelerado nas cidades do litoral;
 Dois dos obstáculos que marcam profundamente o desenvolvimento nestas áreas são:
 Despovoamento;
 Envelhecimento demográfico.
 Estas realidades marcam diretamente a paisagem rural.
 Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), e de acordo com o Recenseamento Agrícola
de 2009:
 As explorações agrícolas ocupam metade da área geográfica do país;
 A superfície agrícola diminuiu mais de 450 mil hectares;
 A dimensão média das explorações, em termos de SAU, aumentou.
Superfície Agrícola Útil (SAU)—Superfície de exploração que inclui terras aráveis, horta familiar, culturas e pastagens
permanentes.

 Esta alteração da paisagem agrícola foi acompanhada pelo aumento das pastagens
permanentes e pelo recurso crescente a sistemas de produção extensivos.
 As características do agricultor típico são reveladoras da importância social que esta
atividade continua a ter nos meios rurais já que grande parte do trabalho agrícola é realizado
pela mão-de-obra familiar.
 No entanto, as empresas agrícolas têm vindo a assumir uma importância crescente na
produção especializada de certos produtos e na dinamização do setor agrícola em algumas
regiões;
 Para além destas alterações, tem-se vindo a assistir à tentativa de valorização do chamado
mundo rural não agrícola (património natural, histórico e cultural e paisagístico).

As deficiências estruturais da agricultura portuguesa


 Apesar de que as condições naturais que a maioria das regiões portuguesas apresenta não
serem as mais propícias à agricultura, Portugal foi considerado até há pouco tempo um país
agrícola.
 Mas, a importância da agricultura no nosso país tem vindo a diminuir ao longo dos anos (ex.
drástica descida da percentagem representativa da agricultura no PIB português, descida da
percentagem de emprego neste setor, etc.);
 A importância da agricultura difere de região para região,
assumindo um papel de relevância na Zona Centro, em termos de
emprego, e no Alentejo, no que diz respeito ao Valor Acrescentado
Bruto (VAB).
Valor Acrescentado Bruto (VAB)—Diferença entre o valor da produção e o valor dos
custos dessa produção.

 Os impactes económicos e sociais da agricultura refletem a


influência de um conjunto de fatores humanos e físicos que
condicionam as estruturas agrárias.

Doc.2- VAB agrícola por regiões NUTS III, em


2011 (em percentagem)
Os fatores que condicionam a agricultura
• As diferentes paisagens agrárias refletem a conjugação da morfologia agrária, do sistema de
cultura e das formas de povoamento rural, que variam de região para região devido a:

 Fatores naturais, como o clima, o relevo e o solo;


 Fatores humanos, de ordem histórica, cultural e política.
FATORES NATURAIS:

O CLIMA
 As condições meteorológicas são um dos fatores que mais condicionam a agricultura no nosso
país, sobretudo pela irregularidade da precipitação que caracteriza o clima português.
 O regime inter e intra-anual da precipitação e da temperatura ajuda a explicar a distribuição
das espécies vegetais cultivadas;

Doc.3- Precipitação mensal (mm) no ano hidrológico de 2011-2012 e valores médios de 1971-2000

 A análise da duração e quantidade de precipitação de uma dada região deve estar associada
à variação e distribuição da temperatura;
 Em Portugal, o regime de precipitação é caracterizado por um comportamento fortemente
sazonal, com a estação seca a coincidir com a estação mais quente.
 Fenómenos meteorológicos extremos (muitos períodos de seca e/ou anos muito húmidos
com precipitação intensa), muito comuns em Portugal, afetam de forma nefasta a
agricultura, reduzindo o rendimento agrícola.
Rendimento agrícola— relação entre a produção e a superfície de terra cultivada. É avaliado em quilogramas por hectare
(kg/ha)
Produtividade agrícola— produção por agricultor num determinado período (um ano). É avaliada em quilogramas ou
toneladas por agricultor/ano.

 A precipitação aumenta de sul para norte, do interior para o litoral e é mais elevada nas
áreas de montanha, sobretudo do Norte do país e nas vertentes viradas a oeste;
 O território continental português apresenta diferenças regionais e sazonais acentuadas na
distribuição da temperatura. Os valores mais elevados de temperatura ocorrem nos meses
de julho e agosto, e os mais baixos nos meses de dezembro a fevereiro.
 O Sul é mais quente e seco que o Norte do país. Por sua vez, o Noroeste é mais húmido que
o Nordeste;

Doc.4- Características gerais das regiões naturais


Arquipélago da madeira:
1) Na ilha da Madeira:
1.1) A vertente norte é mais húmida e mais chuvosa que a vertente sul, que é mais seca e
mais quente.
2) Em Porto Santo:
2.1) As temperaturas são mais elevadas, as precipitações fracas e o período seco mais
prolongado.
Arquipélago dos Açores:
a) As temperaturas são amenas;
b) Amplitudes térmicas fracas;
c) Humidade relativa muito elevada;
d) Precipitação abundante, regularmente distribuída ao longo do ano.
TIPOS DE SOLO:

 O solo é o principal fornecedor de nutrientes e de água às plantas. A fertilidade do solo,


natural e criada pelo Homem influencia diretamente a produção, tanto em quantidade como
em qualidade.
 A fertilidade de um solo depende da quantidade de matéria orgânica (húmus) e das
características físicas e químicas doo horizonte superior, ou seja, da sua riqueza em sais
minerais, normalmente associadas ao tipo de rocha que esteve na sua origem;
 Os solos vulcânicos ou planícies aluviais são os solos mais ricos, por isso é natural que as
ilhas atlânticas, o fundo dos vales mais extensos e as planícies do litoral (solos formados pelos
sedimentos acumulados), normalmente associados a um rio (ex. bacias sedimentares do Tejo-
lezíria do Tejo e região Oeste), constituem as regiões de maior fertilidade agrícola;
 Em 2/3 do território continental português dominam os solos formados a partir de xistos e
granitos (geralmente pobres e embora férteis, ocorrem em regiões montanhosas, onde
outros fatores interferem)
 De forma geral, os solos são poucos profundos e férteis, afetando os rendimentos agrícolas.
O RELEVO:

 O relevo é também um fator muito relevante para a prática agrícola:


 A altitude (a temperatura diminui com a altitude, o que torna difícil a prática da
agricultura);
 A orientação das vertentes e a exposição das vertentes (influenciam
as condições climáticas através do papel que a exposição aos raios
solares pode ter)
Em algumas regiões do país como relevo mais irregular, como no Douro e na Madeira,
o ser humano construiu socalcos com o objetivo de diminuir a erosão provocada pela
escorrência das águas ao longo das vertentes íngremes e facilitar o trabalho agrícola.

Doc.5- Mapa hipsométrico de


Portugal Continental
FATORES HUMANOS:
A diversidade de paisagens agrárias em Portugal é reflexo também do modo como se processou a
ocupação humana do território. A relação entre o homem e o solo reflete-se na organização do
espaço agrário, designadamente na morfologia dos campos, no sistema de cultura e no tipo de
povoamento.
Entre os fatores humanos com mais influência na agricultura portuguesa, destacam-se:

 A estrutura fundiária- a forma e a dimensão da propriedade;


 As características da mão-de-obra agrícola;
 As políticas agrícolas.
ESTRUTURA FUNDIÁRIA- forma e a dimensão da propriedade

 Dimensão das explorações


 Latifúndios
 Minifúndios
 Forma das explorações
 Regular
 Irregular
 Fragmentação das explorações
 Elevada
 Reduzida
 Nula
 Presença ou ausência de vedações
 Campos abertos
 Campos fechados

Beira Litoral;
Entre Douro e Minho;
Algarve; 1) Campos de pequena dimensão, fechados e
irregulares
Madeira;
Açores (algumas ilhas)

Alentejo
Trás-os-Montes 2) Campos de grande dimensão, abertos e regulares

Ribatejo
Problemas de gestão da Superfície Agrícola

1) Na Beira Litoral e Entre Douro e Minho, e R.A.Madeira, por razões históricas, relacionadas com
a origem da ocupação do território, a maior densidade populacional, o individualismo agrário, a
fertilidade dos solos, o relevo e a abundância de água terão contribuído para a fragmentação
das propriedades agrícolas nas regiões do litoral Norte e Centro do país.
A existência de famílias numerosas e os processos de partilha de heranças facilitaram a
pulverização de muitas explorações, que passaram a ser constituídas por parcelas ainda mais
pequenas e afastadas geograficamente Domínio do minifúndio

2) No Alentejo, domina o latifúndio, propriedades de grande dimensão. A agricultura é praticada


em extensos campos abertos, em regime de monocultura.
O modo como se processou a ocupação do território no Sul do país, os solos mais pobres e o
clima mais seco contribuíram para a constituição de explorações com dimensões apreciáveis.

 O individualismo agrário nas regiões onde domina o minifúndio promoveu formas de


exploração da terra em que o próprio é simultaneamente trabalhador em sua exploração. A
forma de exploração agrícola por conta própria domina com cerca de 70% das propriedades
em Portugal.
 Apenas no Alentejo e no arquipélago dos Açores, o recurso ao arrendamento ganha alguma
expressão por razões diferentes.
o No caso da região alentejana, verifica-se uma grande concentração das explorações
agrícolas num reduzido número de proprietários que não residem na região e optam
por arrendar seus terrenos
o No arquipélago dos Açores, a emigração dos proprietários agrícolas leva a que optem
por arrendar as suas explorações.
 A excessiva fragmentação das propriedades impede a modernização tecnológica da
agricultura e o aumento dos rendimentos agrícolas.
 Nas propriedades de reduzida dimensão, a SAU é ainda dividida nos chamados blocos ou
parcelas, que dificultam ou impedem a introdução de qualquer nova tecnologia.
 Mas, a excessiva dimensão das explorações pode também ser um problema de gestão da
superfície agrícola, dado que exige grandes investimentos e formação adequada às
exigências de gestão destas propriedades.
o Além disso, o recurso ao arrendamento, muito frequente no Alentejo, não favorece
os investimentos ou modernização das explorações, já que os arrendatários nem
sempre estão dispostos a assumir mais custos associados à produção, para além da
renda que pagam.

Doc.6- Dimensão média das explorações por região e variação


1999-2009
As características da mão-de-obra agrícola
 A população empregada na agricultura, produção animal, caça e silvicultura tem vindo a
diminuir de forma significativa;
 Sobretudo até ao final do século XX, a redução observada na população agrícola foi
consequência do abandono dos campos devido à forte emigração nos anos 60 e 70 e ao êxodo
rural para as cidades do litoral;
 A significativa diminuição dos trabalhadores deste setor deve-se a um decréscimo do volume
de trabalho agrícola. Alguns dos fatores que se destacam para justificar isto é:
 O desaparecimento e redimensionamento das explorações;
 A melhoria dos índices de mecanização;
 A reorientação de alguns sistemas produtivos pecuários para extensificação,
comprovada pela diminuição dos efetivos e pelo aumento da superfície forrageira.
 Em termos regionais, esta atividade económica assume maior importância no Alentejo, com
9,2% da população empregada;
 A maior parte da população empregada nesta área trabalha por conta de outrem (51%),
seguindo-se os trabalhadores por conta própria e os empregadores;
 O retrato do agricultor português reforça a importância social da agricultura, em que 80% do
volume do trabalho é realizado pela mão-de-obra agrícola familiar;
População agrícola familiar— formada pelo produtor agrícola e pelos membros do seu agregado doméstico.
Unidade de trabalho Ano (UTA) — Unidade de medida equivalente ao trabalho de uma pessoa a tempo completo
realizado num ano, medido em horas (1 UTA= 225 dias de trabalho a 8 horas por dia)
 Segundo o recenseamento Agrícola de 2009, o peso social da agricultura é maior no interior
do país, representando em Trás-os-Montes 36%.
 Em contrapartida, a população agrícola familiar tem menor expressão no Ribatejo e Oeste,
onde representa apenas 3%;
 As mulheres representam apenas 1/3 dos produtores agrícolas, apesar da tendência nos
últimos anos ser o aumento do número destas;
 A mão-de-obra agrícola não familiar é composta por: trabalhadores permanentes e eventuais,
mão-de-obra não contratada diretamente pelo produtor;
 A mão-de-obra assalariada concentra-se sobretudo em explorações de grande dimensão,
como Alentejo e Ribatejo e Oeste;
 Uma elevada percentagem da mão-de-obra agrícola portuguesa é envelhecida e de baixa
qualificação profissional (a população agrícola envelheceu em média 4 anos e apenas 23%
dos agricultores têm menos de 35 anos);
 O produtor agrícola tipo é do sexo masculino e tem 63 anos;
 O nível de instrução da população agrícola familiar continua a ser deficitário, já que 40% dos
indivíduos apenas frequentaram o 1º ciclo, mas nos últimos anos tem-se assistido ao
decréscimo da taxa de analfabetismo e o aumento da frequência do ensino secundário ou
superior;

Doc.7- Estrutura do nível de instrução da população agrícola


familiar, por regiões, em 2009
 Não existem grandes diferenças regionais ao nível da instrução da população agrícola familiar;
 A população agrícola familiar é mais velha e menos instruída do que a população residente
em geral;
 O nível de instrução do produtor é baixo, com 22% de indivíduos sem qualquer instrução;
 Um dos entraves à modernização da agricultura portuguesa é:
 O acentuado envelhecimento dos produtores;
 População agrícola em geral e seus níveis de qualificação são baixos.
 Uma prática recorrente entre a mão-de-obra agrícola é a pluriatividade (quando um indivíduo
exerce várias atividades remuneradas) e o plurirrendimento (quando o total dos rendimentos dos
indivíduos/agregado familiar é proveniente do exercício de duas ou mais atividades);
 Segundo o INE, quase 1/3 dos indivíduos exercem outra atividade remunerada não
relacionada com a exploração agrícola;
 As diferenças regionais existentes estão relacionadas com, por exemplo, a dinâmica
socioeconómica, as alternativas à atividade agrícola, o empreendedorismo, o tipo de
produção, a dimensão média e a respetiva viabilidade económica das explorações— é no
interior do país onde as alternativas são mais escassas, que as atividades remuneradas
exteriores à agricultura têm menos expressão;
 A pluriatividade e o plurirrendimento constituem um obstáculo ao investimento e à
inovação, dificultando a modernização da agricultura;

As políticas agrícolas
 A integração de Portugal na CEE (atual UE), em 1986, teve um grande impacto na agricultura
portuguesa, com a aplicação de medidas de Política Agrícola Comum (PAC);
 A intervenção ao nível da propriedade rural, para corrigir a excessiva fragmentação das
explorações, é essencial para reduzir os custos de produção, aumentar a dimensão
económica e diminuir a dependência alimentar do exterior. Além disso, permite tornar a
agricultura mais competitiva e orientada para os mercados e melhorar o nível de vida dos
agricultores e das suas famílias.
 O emparcelamento tem sido um instrumento utilizado para corrigir as deficiências
estruturais da agricultura nacional, diminuindo a dispersão e a fragmentação de
propriedades, a configuração e a dimensão dos prédios e introduzindo melhoramentos nas
redes viárias e de drenagem;
 O emparcelamento é então, uma medida de ordenamento do território, que intervém para
tornar as explorações com dimensões adequadas, em áreas das estruturas agrárias e
integrando medidas de proteção do ambiente e desenvolvimento do turismo rural;
 O nível deficitário da qualificação dos proprietátios rurais e o individualismo agrário têm
dado origem a algumas resistências a estes processos de ordenamento do espaço rural;
 O emparcelamento contribui para o aumento da produtividade e do rendimento agrícola,
possibilita a mecanização de um maior número de explorações agrícolas, a introdução de
novas culturas e de inovações tecnológicas, a introdução de novas culturas e de inovações
tecnológicas, nomeadamente o sistema de rega;
 Observou-se uma melhoria na mecanização agrícola, com um aumento do número de
tratores por 100 hectares de SAU.
A gestão e utilização dos solos agrícolas
 A dimensão económica das explorações, o seu emparcelamento e a dispersão da SAU
revelam-se mais importantes do que a dimensão física das explorações;
 A SAU representa 78% da superfície total das explorações, seguida pela superfície florestal
sem aproveitamento agrícola simultâneo, com cerca de 18%. A Superfície Agrícola Não Útil
(SANU) das explorações, entende-se como uma área com potencial agrícola mas sem
utilização, e representa 3%, e outras superfícies cerca de 1%.
 A repartição da SAU está feita do seguinte modo:
 Pastagens permanentes (48%);
 Terras aráveis (32%);
 Culturas permanentes (19%)
 Hortas familiares (>1%)
 A paisagem agrícola alterou-se significativamente, reorientando-se para sistemas de
produção extensivos: diminuíram as terras aráveis, aumentaram as pastagens
permanentes, e reduziu-se o número de efetivos pecuários.
 Nas terras aráveis- onde predominam as culturas anuais ou temporárias,
apesar do decréscimo generalizado- verificou-se um aumento relativo
das áreas com culturas forrageiras, bem como hortícolas, flores e plantas
ornamentais ao ar livre e em estufa;
 Nas culturas permanentes, verificou-se uma diminuição de áreas
ocupadas pelos pomares de frutos secos, citrinos e vinha. Em
contrapartida, registou-se um acréscimo de áreas com frutos
subtropicais. A superfície de olival manteve-se inalterada;
 Os prados e pastagens aumentaram em nº de hectares;
 Em termos regionais, o Alentejo concentra grande parte da SAU (53%),
seguindo-se Trás-os-Montes (12%), Ribatejo e Oeste (11%), Beira Interior Doc.8- ocupação cultural
(9%) e Entre Douro e Minho (6%); predominante da SAU, em 2009
 Um dos problemas da agricultura nacional tem sido o desajustamento das culturas ao tipo
de solo que ocupam. Existe uma diferença significativa entre a utilização real e a aptidão
natural dos solos, ou seja, o seu potencial ou adequação a determinado tipo de cultura ou
outro tipo de coberto;
 A utilização de solos para fins distintos aos da respetiva capacidade potencial é uma das
causas dos baixos rendimentos e da sua degradação progressiva (ex. processo de
urbanização);
 Outro dos problemas relacionados com a utilização dos solos é a inadequação dos sistemas
de cultura e o recurso a técnicas nem sempre ajustadas;
1. SISTEMA INTENSIVO precisa de solos férteis e com recursos hídricos, para ter
rendimentos e produtividades elevadas, pois ocupa permanentemente o solo.
2. SISTEMA EXTENSIVO adapta-se melhor às regiões de solos mais pobres, onde a
água escasseia, recorrendo ao afolhamento, à rotação de culturas e ao pousio como
práticas para manter ou melhorar a fertilidade dos solos e evitar o empobrecimento
provocado pela excessiva exploração dos mesmos.
 A utilização destes sistemas agrícolas noutras condições e tipos de solo pode diminuir o
rendimento agrícola e contribuir para a desertificação acelerada dos mesmos.
 O uso excessivo de fertilizantes químicos e pesticidas tem aumentado a toxidade de alguns
solos e contribuído para a diminuição da sua fertilidade em poucos anos;
 Alguns agricultores estão a introduzir novos procedimentos para melhorar e conservar os
solos, como:
 A sementeira direta;
 O enrelvamento das entrelinhas de culturas permanentes;
 A cobertura dos solos das terras aráveis no inverno;
 A rotação anual de culturas;
 A aplicação de estrume e o tratamento de resíduos não orgânicos e dos efluentes das
explorações pecuárias.
 Estes procedimentos permitem:
 Reduzir a mobilização dos solos nas sementeiras;
 Protege-los da queda de precipitação e da escorrência da água no inverno;
 Reduzir a utilização de herbicidas, pesticidas e fertilizantes, melhorando as condições
agroambientais das explorações;
 O modo de produção biológico, embora pouco representativo, constitui igualmente uma
prática que protege os solos e o ambiente em geral.
 Este tipo de agricultura tem maior relevância na Beira Interior (8%), mas é no Alentejo que a
área ocupada por este modo de produção é maior (59% da área total c/ agricultura biológica);
 Uma proporção importante destas áreas é ocupada com pastagens (72% das explorações
agrícolas com produção animal em modo de produção biológica- Alentejo, Beira Interior);
 Algumas explorações agrícolas têm optado pelo chamado modo de produção integrada.

As regiões agrárias e as principais produções


 Existem nove regiões agrárias em Portugal;
 Podemos encontrar dois tipos de sistemas de cultura dominantes:
 Uma agricultura de sequeiro sobretudo no Alentejo, na Beira
Interior e em Trás-os-Montes, coincidindo com as regiões de
reduzidas densidades populacionais, onde as explorações assumem
maiores dimensões. É uma agricultura com baixos rendimentos por
hectare, com exceção da vinha;
 Uma agricultura de regadio sobretudo em Entre Douro e Minho,
Beira Litoral e Ribatejo e Oeste, coincidindo com as regiões de
maiores densidades populacionais e com planícies aluviais e áreas Doc.9- Regiões agrárias em Portugal
menos acidentadas. É uma agricultura com rendimentos elevados por hectare.
 A prática de monocultura domina nas explorações do Alentejo, Ribatejo, Oeste e Trás-os-
Montes.
 Alentejo e Trás-os-Montes- a monocultura é praticada em regime de sequeiro e num
sistema cultural extensivo com recurso ao pousio;
 Ribatejo e Oeste- a monocultura ocupa um solo de forma intensiva, recorrendo a
modernos sistemas de rega. Destina-se quase exclusivamente ao mercado.
Doc.10- principais OTE de produção
vegetal, em 2009

 A policultura tem um grande peso na Beira Litoral, em Entre Douro e


Minho e no Algarve.
 A policultura está integrada normalmente em sistemas de
regadio e na ocupação intensiva do solo. As práticas agrícolas
associadas à policultura requerem muita mão-de-obra, pelo
que as produtividades são baixas.
 A análise das explorações, segundo a Orientação Técnico-Económica
(OTE), mostra que a agricultura portuguesa se está a especializar, pois
o valor da produção de mais de 2/3 das explorações, isto é, o seu VPPT
tem origem numa única atividade.

Produção agrícola vegetal


I. Culturas temporárias
 Cerca de 47% da superfície com culturas temporárias eram ocupados com prados
temporários e culturas forrageiras (suporte de alimenta animal);
 Os cereais para grão ocupavam 41% do total das culturas temporárias;
 As culturas industriais (girassol, tabaco, ervas aromáticas, entre outras) apresentam
elevada concentração no Alentejo, sendo o girassol a produção em maior área;
 A produção de hortícolas e florícolas predomina no Ribatejo e Oeste, com 64%, na
região de Trás-os-Montes, temos 28% da área nacional da batata (cultura principal).
II. Culturas permanentes
 As culturas permanentes encontram-se organizadas em “frutos secos, citrinos, frutos
subtropicais, frutos de casca rija, olival e vinha”;
 O olival e a vinha representam quase ¾ do total de culturas permanentes;
 Nas regiões de Entre Douro e Minho, Beira Litoral, Beira Interior e Alentejo, a
superfície com vinha ocupa de 84-88% da área com culturas permanentes;
 Ribatejo e Oeste- frutos frescos (41%);
 Algarve- citrinos (68%);
 Trás-os-Montes- frutos de casca rija (amendoeira, castanheiro, alfarrobeira e
pinheiros mansos) (41%)
 Frutos subtropicais, cerca de 2/3 da superfície localiza-se em Entre Douro e Minho
(Quase exclusivamente quivis) e R.A. da Madeira;
III. Prados e Pastagens
 Terras ocupadas com erva ou outras culturas forrageiras herbáceas, quer semeadas,
quer espontâneas, por um período igual ou superior a 5 anos;
 Estão presentes em 30% das explorações agrícolas;
 O Alentejo concentra cerca de 63% da área total nacional de prados e pastagens
permanentes;
 Na R.A. dos Açores, a área de SAL ocupada por prados e pastagens é de 88%, devido à
importância do setor leiteiro;
 Cerca de 50% da superfície de prados e pastagens permanentes estão sob coberto.
 O Alentejo possui 80% da sua área nacional sob coberto de matas e florestas, os
montados de sobro e azinho.
Anexos

Doc.11- regiões agrárias: as principais características das estruturas agrárias

Doc.12- Portugal dividido por regiões NUTS I, II, III

Atenção: aconselha-se a análise de gráficos, relacioná-los com a respetiva matéria e resolver os exercícios
propostos pelo manual e caderno de atividades.

Para melhores resultados podes também visualizar vídeos relacionados com a matéria, resumir a
matéria em gráficos, escrever o que achas mais importante decorar, ler os apontamentos e sublinhar o mais
importante, ler as páginas relativas a esta matéria do caderno do aluno (oferta do livro de geografia), etc.
Podes explorar mais acerca da memória visual (relacionar a matéria com os documentos presentes
nos apontamentos, sublinhar os diferentes subtópicos com diferentes cores, organização em
gráfico/desenho)
Qualquer outra dúvida é só perguntar

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