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Como tem sucedido cm vários outros pontos de inflexão do pensamen-


to econômico, no caso do pensamento da CEPAL, os esforços de teorização
foram precedidos pelo surgimento de um conjunto de idéias mais ou menos
coerentes entre si, que configuram uma nova visão global da realidade que
se pretende apreender. Este trabalho denomina “concepção do sistema
centro-periferia” essas idéias iniciais sobre o subdesenvolvimento, presentes
em certos documentos-chaves publicados pela CEPAL nos seus momentos
iniciais (1).
Essa concepção é o ponto de partida do pensamento cepalino. Como foi
assinalado na introdução geral, uma vez constituída a mencionada concepção,
seus diferentes aspectos foram sendo pouco a pouco formalizados e desenvol­
vidos em múltiplas contribuições à teoria e à política econômica. Mas, agora,
deseja-se destacar que a concepção inicial é também um ponto de chegada,
no sentido de que nela articula-se uma série de idéias decantadas e analisadas
durante um longo período anterior a 1949.
Fundamentalmen.te, as origens da concepção do sistema centro-perife­
ria se encontram nos trabalhos de Raúl Prebisch anteriores a esta data. Entre
1932 e 1943, esses trabalhos estão relacionados com a sua participação no
manejo da economia argentina e, por isso, com essa experiência específica. Na
pós-guerra, percebe-se claramente a tentativa de comparar a experiência ar­
gentina com as de outras economias latino-americanas ou subdesenvolvidas e
de chegar, desta forma, a generalizações sobre algumas tendências e problemas
que parecem ser comuns (2).
A grande depressão traz consigo modificações consideráveis na condu­
ção da política econômica dos países capitalistas. A crise externa é particu­
larmente aguda no caso da Argentina, que, em 1929, vê-se obrigada a abando­
nar o padrão ouro e, dois anos depois, a estabelecer o controle do câmbio.

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e?éuo7FrEDERAL 00 PAW
CE,VT/VAL
. ■ .tribuem a mudança das regras do jogo do comércio desenvolvimento e sobre os fatores que, de fato, impulsionam a expansão
Os trabalhos de IVeb.sch atnb cjrcunstância$. Assim, por industrial surgem também durante o período bélico e no pós-guerra imediato.
e das finanças internacionais» P Jportaç0e$ argCntinas deviam ser Diversos trabalhos tratam de demonstrar que, no caso argentino, a industria­
exemplo, assinalam que. ’ pudesse adquirir com elas a lização se acclara quando das duas guerras mundiais e da grande depressão
■£. hW se ** . um f, ocorrida entre elas, circunstâncias nas quais esse país vê-se obrigado a produ­
um lugar de derraque em arises posteriores «laborados zir internamente parte dos bens que não pode obter através da importações.
'°, rePAL . Jed. mudo mais intensa dos preços agrícolas que . dos nidus. Em 1943, propõe-se explicitamente a adoção de uma política de industria­
“ 1 contrações eídicas. o. seja, o forte deeltmo conjumural dos lização deliberada, capaz de fazer frente, através de soluções de fundo, aos
problemas do balanço de pagamentos; essa proposta visa a impulsionar um
preçosAssinala-se.
relativos dasentão, que as primárias
exportações obrigações argentinas derivadas de sua dívida
(3). aumento substancial e permanente da percentagem de importações de bens de
externa, estimadas em ouro, duplicavam em 1933 o valor que tinham em capital. Em trabalhos do ano seguinte, essa recomendação é estendida a outras
192S (4). A queda bnisca dos termos de troca se associa, então, a uma eclo­ economias da América Latina (9).

são de individamento, que, por sua vez, contribui para intensificar as amarras
Tudo indica que os termos centro e periferia são utilizados pela primei­
ra vez em 1946; com eles, faz-se referência às características distintas que o
da economia argentina com a da Grã-Bretanha. Numa época de franco
ciclo assume entre esses dois tipos de economia e às diferentes possibilidades
aumento do bilateralismo, esta última consegue estabelecer as condições que
a nação latino-americana deve necessariamente cumprir para que não seja para os instrumentos cambiários e monetários enfrentarem, no seu interior,
excluída das vantagens asseguradas a outros produtores agrícolas pertencentes os problemas do emprego da força de trabalho. Assim, a nova nomenclatura
diz respeito à diferente capacidade de cada tipo de economia para defender
Junto aos fatos que se acaba de assinalar, dois outros adicionais refor­ os preços de suas exportações, nas fases de contração do nível de ativida­
ao império britânico (5). de (10).
çam a imagem de vulnerabilidade que apresenta a economia argentina: a escas­
sez de importações, ligada ao rearmamento europeu e à recessão norte- Foi dito*com acerto que “as doutrinas e convicções econômicas iniciais
americana de 1937/8, e a agudização dessa escassez a partir da Segunda Guer­ de Prebisch surgem da experiência de um dirigente da banca central diante de
problemas monetários e de importações, de solução muito difícil (11). As
Já em 1939, os fatos assinalados e a imagem de vulnerabilidade que principais idéias derivadas dessa experiência são as que acabam de ser sinte­
ra Mundial. tizadas. Ainda que elas constituam claros antecedentes da concepção do
deles emana são examinados através de um conjunto de idéias mais ou menos
harmónico, destinado a mostrar que os movimentos cíclicos da economia sistema centro-periferia e posteriormente se integrem a ela, essas idéias não
devem ser confundidas com a concepção em si. Esta útima só se forma em
argentina se originam nos dos países industrializados, constituindo histórica-
1949, quando a argumentação que se havia desenvolvido nos anos anteriores
um mero reflexo destes últimos (6). Nos anos posteriores, essas idéias
é reorganizada e rearticulada em tomo do exame de duas tendências de longo
são desenvolvidas com maior precisão em trabalhos de Prebisch elaborados
prazo: o surgimento de um processo espontâneo de industrialização nas eco­
Em tLoTlW relaCÍOnados com 0 seu trabalho acadêmico (7).
nomias de tipo periférico, a partir de certa fase de seu desenvolvimento; e
«to à ™ ™ ciclos as idéias
a tendência à deterioração dos preços relativos de suas exportações primá­
cídico principal. DeZo^ EStad0S Vnidos como centJ0
rias (12).
diminuição do coeficiente d°m 6 ° caráter mais fechado e a persistente O Capítulo I tem como objetivo descrever essa concepção. Os capí­
‘^Uan^on"V mPOrtaÇÕeS da eC°nOmÍa norte-americana tulos restantes da primeira parte apresentam as diversas contribuições à teo­
rional das oscilações do nível —C resPeito à transmissão interna- ria e política econômica que, nos variados aspectos dessa concepção, vão sen­
eontrário do que acontecia sob h atlV'dades PróP™ do capitalismo. Ao do desenvolvidas posteriormente.
*ende a apresentar um balanTo ,. britãnÍCa’ o novo centro cíclico
^to nos períodos de auge como Perd^‘tário e a dtlail reservas internacionais,
^,traz consigo o peri*0 de cont^3o da atividade econômica, o
^°iXdÍaldOpÓS^erra(8T Pr0PenSÍ° a° deSe(íui,íbri0 crônico no

ecessidade da industrialização dos países de menor


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propagando de país a país. Portanto, não se deveria dividir o processo em várias partes
independentes; não ha um ciclo nos Estados Unidos e um ciclo em cada um dos países
da periferia. Tudo constitui um só movimento, mas dividido cm fases muito distintas
N0TAS . . de ia América Latina y algunos <lr
com características claramente diferentes, segundo se trate do centro cíclico ou da peri­
U) Esses documentos são: El América Latina. 1949, cujas primci.
feria. Por esta última razão, apesar de ser o processo um só, as suas manifestações são
- principles pmNemas c 0 ^cstre de 1949 e do pnme.ro de 1950,
muito diversas, de acordo com o lugar em que nos situemos.
ns versões mimeografadas datam do gu “Sustento, por isso, que é impossível aplicar uma política uniforme para abordar os
respectivamcnte. os trabalhos qud contem os antecedentes
problemas emergentes do ciclo econômico. Não é possível usar na periferia as mesmas
(2) A pane A da bibliografia anexa reboo bibliografia completa da obra de
armas de intervenção e regulamentação monetária que se usa no centro cíclico”. Pala­
mass importantes do international economies and development
vras de Raul Prebisch, no banco do Mexico, Memória: Primera reunión de técnicos sobre
R. Prebisch se encontra em L.E. Academic Press, 1972. problemas de banca central dei continente americano, México, edição da referida enti­
(Essays in ^°fRM^^°^ '^moneda argentina". Revista de Economia
dade, 1946, pp. 25-6.
(3) R. Prebisch, "La inflaaón csf0“, ■ no 193 p 12. (11) Joseph L. Love,op. c/L, p. 15.
Argentina. n°s 193/4, julho e agosto de 1934,n. 1 ,P
(12) A análise do significado da deterioração dos termos de intercâmbio, encarada
(4) Ibid, n° 193. p. 12. „ . r cinan de 1933. Veja-se a esse respei- como tendência de longo prazo, tem como antecedente o documento Postwar price rela­
(5) Espeoalmcnte através ^^^s and growth of an economic doctri-
tion between under-developed and industrialized countries. Nova York, Conselho Econô­
L Love à rewão da Utin American Stud.es Associa- mico e Social das Nações Unidas, publicação das Nações Unidas, 1/CN. I/Sub. 3/3.5,
fevereiro de 1949.
1938. Buenos Aires, edição da

^^««os^rJota seguir merecem especial destaque: Banco Central da


República Argentina, "La política monetaria 'in argentina “segun
~o-----
las memonas
.1
del Banco
S (eXos de memórias anuais), em La creación del Banco Central y la experten- expenen
da monetaria argentina entre los anos 1935-1944, edição da referida entidade, Buenos
Aires 1972. t I pp 13-247; R. Prebisch, "Análisis de la experiencia monetaria argen­
tina", em La creación dei Banco Central..., op. cit., pp. 249-258; R. Prebisch, "Apuntes
de economia política (dinâmica económica)", mimeo, Universidade Nacional de Buenos

Aires,
(8) R.1948.
Prebisch, "Observaciones sobre los planes monetários internacionales”, revista
El Trimestre Económico, México, julho-setembro de 1944, pp. 188,192 e 193. Nas suas
origens, estas idéias estão ligadas à participação de Prebisch no comitê preparatório da
segunda conferência monetária internacional, convocada pelo Conselho das Liga das
Nações, em Genebra, em 1933. Os pontos de vista sobre os vínculos dos distúrbios
monetários internacionais e o caráter fechado da economia norte-americana são tratados
por Prebisch no artigo "La conferencia económicay la crisis mundial”, Revista Económi­
ca, Buenos Aires, janeiro de 1933.
(9) Banco Central da República Argentina, Memória, 1942, edição da referida entidade,
Buenos Aires, p. 30. R. Prebisch, "El patrón oro y la vulnerabilidad económica de nues-
tros países , Revista de Ciências Económicas, Buenos Aires, março de 1944, p. 234.
R- Prebisch, "Análisis de la experiencia monetaria argentina”, em La creación dei Banco
Central..., op. at., p. 407.
os termru innaT^cs abaixo são ilustrativas a respeito do sentido com que são utilizados

Estados Unidos de centro cíh ? ena do sistema econômico... Por que chamo os
- característiX^ da sua magnitude e de
econômica mundial e especial™ t” °S “npulsos de exPan!-ão e contração na vida
«■jeitos às influências destes imnntL"* penfe'ia.latino-«n’ericana, cujos países estão
eStad° an,eriormente- 9ua"d° a

34 movunento cíd.co í universal, que há um só movimento quç vai se 35

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‘/■flVERSlD ADE qq

BIBLIOTECA central
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estão presentes nas teorias do crescimento de origem neoclássica e keynesiana,


Capítulo que o concebem como um processo de acumulação de capital - estreitamente
jigadp__ao_progresso tecnológico - mediante o qual se obtém~a estreitamente

A CONCEPÇÃO
1 elevação gra-
juaHa_densidade de capital e o aumento da produtividade do trabalho e do
nível de vida médio (i).
DO SISTEMA Contudo, deixando-se de lado este traço comum, a concepção cepalina
CENTRO-PERIFERIA apresenta marcadas diferenças com respeito às teorias correntes do cresci­
mento a longo prazo, na medida em que não procura captar o processo de
acumulaçao e de progresso técnico em uma economia tipo capitalista, consi­
derada isoladamente, mas elucidar quais as características que tal processo
assume ao se difundirem as técnicas capitalistas de produção no âmbito de
um sistema econômico mundial composto por centros e periferia (3).

2. CONFORMAÇÃO E CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS


DOS CENTROS E DA PERIFERIA
Como já se assinalou, este trabalho denomina “concepção do sistema
cenü-o-periferia’' às ideias gerais sobre subdesenvolvimento que se encontram
.Neste par de conceitos está implícita a idéia de um desenvolvimento
em certos documentos-chaves elaborados na CEPAL durante o segundo
desigual originário. Consideram-se centros as economias em que penetra-
semestre de 1949 e o primeiro de 1950. Tais idéias possuem diversos antece­
ram primeiro as técnicas capitalistas de produção. A_periferia está consti-
dentes. mas só nesses documentos chegam a constituir um todo relativa­
Jtuída.pelas economias cuja produção permanece inicialmente atrasada, do
mente coerente e a conformar desse modo aquilo que, com propriedade,
ponto de vista tecnológico e organizatiyo (ii). Mas os conceitos de centro e
pode-se chamar de conteúdo básico do pensamento da instituição (1).
periferia envolvem mais que essa simples idéia de diferenciação inicial; segun­
Além de fazer uma exposição breve e sistemática desse conteúdo, o
do se afirma, tais tipos de economia se vão conformando em permanente
presente capitulo se propõe mostrar como se apresentaram as diferentes
lelaçãO-Uma com as outras à medida que, nas áreas atrasadas, “o progresso
idéias naqueles documentos em que a concepção do sistema centro-periferia
técnico só atinge setores exíguos de sua imensa população, pois geralmente só
se configurou pela primeira vez (2). pgnetra onde se faz necessário para produzir alimentos e matérias-pnmas a
baixos custos, destinados... (aos)... grandes centros industriais" (4).
Em outros termos, entende-se que centros e periferia se constituem
I. A NOÇÃO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
-historicamente como resultado da forma pela qual o progresso técnico se
-difunde na economia mundial. Nos centros, os métodos indiretos de produção
De acordo com as idéias gerais da CEPAL, contidas em seus primeiros gerados pelo progresso técnico se difundem em um período de tempo rela-
documentos, o desenvolvimento econômico se expressa no aumento do bem-
Jivamente breve, pela totalidade do aparelho produtivo._Na periferia, parte-se
estar material, normalmente refletido pela elevação da renda real por habi­ _de um atraso inicial e, no transcorrer da fase dita do “desenvolvimento para
tante e condicionado pelo crescimento da produtividade média do trabalho. _fora” (iii), as técnicas novas só são implantadas nos setores exportadores de
-Considera-se que esse crescimento depende da adoção de métodos de produ- .produtos primários e em algumas atividades econômicas diretamente relacio-
ção[indiretos cujo uso implica o aumento da dotação de capital por homem jiadas com a exportação, as quais passam a coexistir com setores atrasados,
.ocupado. A maior densidade de capital, por sua vez, vai sendo obtida à no que diz respeito à penetração das novas .técnicas e ao nível da produtivi-^
medida que se leva a efeito a acumulação, que é impulsionada pelo progresso .dade_dQ_iiabiilluL(iv).
técnico, necessária para garantir sua continuidade.
Ao constituir-se, impulsionada pela grande expansão dos centros du­
Deste modo, consideradas no nível mais alto de abstração, as idéias
rante a fase de desenvolvimento para fora, a estrutura produtiva da periferia
sobre o desenvolvimento econômico coincidem com as que, em linhas gerais,
adquire dois traços fundamentais. Por um lado, destaca-se seu caráter cspecia-

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u:<
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todo ou imíWndmontc desenvolvido, já que uma parte substancial dm trais c a produtividade do trabalho nas economias periféricas, bem como a
produtivos se destina a sucessivas ampliações do setor exportador diferenciação crescente entre as rendas médias nos centros e na periferia
de produtos primários, ao passo que a demanda de bens e serviços, que au vinculam-se entre si através das postulações relativas à deterioração dos
menta e se diversifica, é atendida, em grande parte, por meio de importações termos de intercâmbio. Segundo se argumenta, este é um fenômeno compro-
r*
Pbr outro lado, a estrutura mencionada é heterogênea ou parcialmcnto vável, apesar da existência de problemas estatísticos que tornam difícil medi-lo
atrasada, no sentido de que coexistem em seu seio setores em que a produti de maneira precisa (viii). Sustenta-se também que esse fenômeno é expressão de
vidade alcança os níveis mais altos do mundo - particularmente o setor uma tendência a longo prazo, inerente ao intercâmbio de bens primários de
exportador - e atividades em que se utilizam tecnologias antiquadas, nas exportação da periferia por bens industriais exportados pelos centros.
quais a produtividade do trabalho é muito inferior à que se pode encontrar Convém examinar primeiro o significado que se atribui a essa tendência
nas atividades similares dos centros. Em contraste com a estrutura produtiva para, em seguida, abordar separadamente a descrição de suas causas. Por defi­
da periferia, especializada c heterogênea,.a dos centros se caracteriza por scr nição, a deterioração dos termos de intercâmbio implica que o poder de
compra de bens industriais de uma unidade de bens primários de exportação
diversificada c homogênea (5).
Sobre essa diferenciação estrutural, assentam-se as diversas funções que se reduz com o transcorrer do tempo. Porém, mais que a redução dos preços
são próprias às pautas tradicionais da divisão internacional do trabalho: no relativos, os documentos da CEPAL destacam e examinam suas implicações
sistema econômico mundial, cabe ao pólo periférico produzir e exportar no que diz respeito às rendas reais geradas na produção desses mesmos bens.
matérias-primas e alimentos, enquanto os centros cumprem a função de Este aspecto do fenômeno da deterioração pode ser melhor apreciado
< produzir e exportar bens industriais para o sistema em seu conjunto (v). quando se recorre*à seguinte expressão:

• Pp
7 • Pi
3. TERMOS DO INTERCÂMBIO E FRUTOS IX)
PROGRESSO TÉCNICO
onde Lp designa a produtividade física média do trabalho na produção de um
AJém da conotação estática que está Implícita na caracterização de suas bem primário; Pp, o preço do referido bem; £j, a produtividade na produção
estruturas, imediatamente anteriores, os conceitos de centro e periferia pos­ de um bem industrial; e P/, o respectivo preço. Como fica claro,y representa
1 suem também uma clara conotação dinâmica (vi): destinam-se a apreender o
processo de desenvolvimento partindo da hipótese fundamental de que a
a relação entre a renda real por pessoa ocupada em ambas as atividades,
medida em termos de bens industriais (6).
desigualdade lhe é inerente, ou seja, pressupondo que, durante a evolução a Admitido o pressuposto de que a produtividade industrial aumenta
longo prazo do sistema económico mundial, se alargue a brecha entre esses mais do que a do setor primário, a queda da relação entre preços implicará
dois pólos, entre o caráter desenvolvido dos centros e o caráter subdensevol- necessariamente que a relação entre as rendas tende a diminuir. E ainda, que
vido da periferia. as rendas reais médias se diferenciam, ao longo do tempo, com mais intensi­
Os postulados relativos à evolução desigual de produtividades e rendas dade do que as produtividades. Se o mesmo raciocínio é estendido às relações
médias constituem a expressão mais direta deste conteúdo dinâmico: consi- entre periferia e centro, toma-se óbvio que, tendo em vista a hipótese relativa
dera-se o progresso técnico mais acelerado nos centros do que na periferia; à evolução desigual das produtividades, a tendência à deterioração implicará
admitem, ainda, que os incrementos da produtividade do trabalho - conse- que as rendas reais médias estejam se diferenciando e, em particular, que a
da incorporação do progresso técnico ao processo produtivo - são renda real média da periferia esteja crescendo a uma taxa menor que a produ­
mais intensos na indústria do centro do que nos setores primário-exportadores tividade do trabalho.
y da periferia, fato que, por sua vez, se reflete na disparidade dos ritmos de Esta é a idéia geral contida nos documentos em que, pela primeira vez,
aumento das respectivas produtividades médias; e, finalmente, aceita-se que se plasma a concepção do sistema centro-periferia. Nesses documentos, indi­
a renda real média cresça também de forma díspar, a taxas mais elevadas nos ca-se que os incrementos da produtividade derivados da incorporação do pro­
países centrais do que nas ecomomias menos desenvolvidas (vii). gresso técnico não se traduziram em reduções proporcionais dos preços
De um ponto de vista conceituai, essas duas desigualdades — isto é, monetários, os quais, ao contrário, elevaram-se em vez de baixar, e que os
a disparidade dinâmica entre a produtividade do trabalho nas economias cen- aumentos foram maiores na produção industrial do centro do que na produ-
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L ’MJ PARA
\ '•L* < ~ ^..tividade também se eleva mais no Tampouco no desenvolvimento da economia mundial a composição
ção pnmáriá-pcrifónca. Comeii Ptraz COnsigo uma disparidade setorial da produção e do emprego é arbitrária. É compreensível que, por ser
centro, a deterioração da relação entr P Ç° (k) o crescimento da indústria do centro relativamente lento e, além disso, muito
" "’KXS'da”. d» * ‘"".'X11 a? d escassa a mobilidade internacional da força de trabalho, surja uma tendência
> de sista conceituai, e convém reiterá-lo. Ainda qUe a se gerarem excessos de mão-de-obra na produção primária periférica; além
prota. sô. teig»ald.d«tonlmos de aumen.o da p„„ do fato de que esses excessos se produzem de maneira contínua, pois têm
sua origem nas forças dinâmicas do desenvolvimento. À medida que os desa­
além disso, a deterioração se produz, as rendas médias diferenciarão justes do emprego se vão corrigindo no seio da economia periférica, seja
em medida ainda maior. Expresso em nomenclatura cepalina. a detenoraçào pela transferência de mão-de-obra de setores atrasados para o setor exporta­
implica no fato de que os frutos do progresso técnico se concentram nos dor, seja deste para outros setores modernos incipientes, inclusive industriais,
incorporam-se inovações técnicas que tornam a incidir sobre as necessidades
centrosAtribui-se um segundo significado à detenoraçao,
industriais. . ~ que interessa funda­ de trabalho. Em linhas gerais, essas necessidades tendem a aumentar em
mentalmente do ângulo de sua eventual importância quantitativa para o ritmo menor do que o da enorme oferta de mão-de-obra que tem sua origem
desenvolvimento. Como se deduz das considerações anteriores, a queda da no crescimento vegetativo da população e nos deslocamentos produzidos
relação de intercâmbio traz implícito o fato de que, nas economias perifé­ pela introdução de técnicas novas nos setores atrasados.
ricas, a renda média aumenta menos do que a produtividade do trabalho ou, A geração contínua desse excedente de mão-de-obra constitui a causa
em outras palavras, que essas economias “perdem parte dos frutos de seu fundamental da deterioração. Isto porque, de acordo com o que sustenta a
próprio progresso técnico, “transferindo-os” parcialmente para os grandes concepção aqui examinada, esse excedente exerce uma pressão constante
centros. Segundo se argumenta, essa “transferência” pode ser de pouca im­ sobre os salários pagos na produção primária de exportação e, através dos
portância para as economias centrais, mas terá normalmente um sensível salários, sobre os preços dessa produção (xi).
efeito negativo sobre o desenvolvimento daquelas que compõem a periferia De acordo sempre com o mesmo raciocínio, a tendência à deterioração
do sistema econômico mundial. se manifesta através das flutuações cíclicas características do capitalismo.
Durante as fases de auge, os preços primários aumentam mais do que os
preços industriais, porém baixam mais nas fases de declínio. E essa baixa é
4. CAUSAS DA DETERIORAÇÃO DOS tão maior que os preços dos produtos de exportação da periferia perdem,
TERMOS DE INTERCÂMBIO durante as fases de contração, mais do que haviam ganho nas fases de auge.
Dessas variações conjunturais resulta a tendência à deterioração a longo prazo
De acordo com as idéias mais gerais já descritas, desenvolvimento eco­ dos termos de intercâmbio (xii).
nómico é, em última instância, um processo de acumulação e de progresso Esse comportamento dos preços e a tendência que dele deriva são in­
técnico do qual resulta a elevação persistente do produto por homem ocupa­ fluenciados pela maior capacidade da força de trabalho dos países centrais
do. Contudo, para alcançar níveis mais altos de produtividade e renda, a estru­ para conseguir aumentos de salários ou evitar sua compressão — capacidade
tura setorial da produção e do emprego sofre uma transformação que não é essa que se deve à sua maior escassez relativa e à sua melhor organização
arbitrária. À medida que aumentam tais níveis, a demanda cresce e se diver­ sindical. Em igual sentido atuam as vantagens com que contam os empresá­
rios dos países industriais para proteger o nível de seus lucros em compara­
sifica, modificando-se ao mesmo tempo sua composição: a demanda de
ção com os empresários da periferia, não apenas porque estes operam de
bens industriais e de serviços aumenta com maior intensidade do que a
forma mais atomizada, mas sobretudo porque a produção que realizam
de bens primários. O aumento da produtividade permite satisfazer essas
ocupa as primeiras estapas do processo produtivo. A demanda dos bens pri­
demandas crescentes mediante uma mudança na composição setorial da
produção, a qual, por sua vez, supõe uma mudança na composição setorial do mários da periferia é derivada e dependente da demanda de bens finais das
emprego. Produção e ocupação devem, portanto, crescer a taxa mais alta nos economias do centro (7), de tal modo que os empresários desse tipo de eco­
setores secundário e terciário do que no setor primário. O progresso técnico nomia se encontram numa posição que lhes possibilita, nos minguantes
neste timo setor permite, e estimula, um crescimento da ocupação maior cíclicos, pressionar aqueles que os precedem na cadeia da produção, até que
nos outros setoips mais dinâmicos (x). a queda dos preços monetários dos bens primários que adquirem — e, por
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- - ./ou dos salários da periferia - lhes permit,
^«derentabflidadeíxüi).
tris dcrta, o dedinio dos lucros produtividades e rendas médias atuam uma sobre a outra e se reforçam reci-
Lcamcnte (xiv).
restabelecer condiç**» u_
Cabe destacar que esta dupla desigualdade é considerada característica
da fase de desenvolvimento para fora, sem desconhecer que esse tipo de
- desenvolvimento foi, durante muitos anos, um poderoso motor de progresso
c crescimento econômico. Convém igualmente deixar claro que, segundo a
_ rncia oue os conceitos de centro c periferia dife- concepção cm estudo, tais tendências continuam sendo inerentes à dinâmica
Afmna-se. com frequ .* do|; dcsenvOlvimcnto c subdcscnvolvj. do sistema, mesmo durante a fase em que a industrialização passa a constituir
nrm de outro par de conca Jusiv05 à estrutura do comércio o eixo do processo do desenvolvimento e apesar das significativas transfor­
jnento. .Entende-se que 0$ P bjQ dc manufatUras por matérias-primas, mações estruturais que ela traz consigo.
mundial, caracterizada jw * diferenças de estrutura econômica
.o passo que os outros apreciação dos conceitos do centro e
“XÍT»”»*. uwlwerri. jS q»«. “ r°dc 6. 0 DESENVOLVIMENTO PARA DENTRO
pentena e. sem contexto da economia mundial, que se ex-
JXJ"■ de intercâmbio comercial à qual „ Na.concepção do sistema centro-periferia, a industrialização é conside-
rrfcráe». Porem, nem diferenciação de funções subjaz uma ladáLMrn .fato real e um fenómeno espontâneo (8), que indica a existência de
direnidade bárica de estruturas: nMcentr^JLest^^ é diversi- uma_mudança no modelo_do crescimento.periférico, uma transformação do.
ftada e homogénea, ao passo que, naperiferia. é especializada e heterogenea. desenvolvimento para fora, baseado na expansão das exportações, em desen­
Qs conãitos dc centro e periferia têm, portanto, um conteúdo estático muito volvimento para dentro, baseado na ampliação da produção industrial (xv).
similar ao dps r-rmeeitos correntes de desenvolvimento e subdesenvolvimento, De acordo com a concepção que se está descrevendo, este fenômeno se acha
pois assinalam a desigualdade das estruturas produtivas entre países avançados vinculado a certas transformações na economia mundial que têm, para a peri­
feria, particular significação e importância.

Taís conceitos, contudo, possuem wna clara conotação dinâmica. Já se Destacam-se, em primeiro lugar, acontecimentos de tipo conjuntural,
entre os quais é frequente citar as duas guerras mundiais e a profunda crise
fez referência a um primeiro aspecto desta conotaçãoLOiJiferentes ritmos de
econômica registrada entre elas (xvi). A incidência atribuída a tais aconteci­
.aumento da produtividade jnédia doJrabalho que se registram nos dois pólos
mentos é bastante conhecida. As guerras de 1914 e 1939 impuseram, como é
do sistema económico mundial. Não é difícil perceber que, nesta diferencia­
evidente, uma barreira às importações, ao mesmo tempo que motivaram uma
ção, subjaz a desigualdade entre as estruturas produtivas ..pois 0 atraso relativo
acentuada dinamização da demanda de exportações e, conseqüentemente, da
de sua própria estrutura impede a periferia de gerar progresso técnico e incor-
demanda interna na periferia. Essas circunstâncias constituíram forças impul­
paráJojiDjziocfâio de produção, exnproporção.similar à dos centros. Além
sionadoras da atividade industrial latino-americana, com a qual se foram miti­
disso, de assjpalar .que é essa desigualdade_estrutural que explica, em
gando as dificuldades de importar produtos manufaturados dos centros em
Úllíma jnstáncja^ jjeterjoraçãp dps termos _dp intercâmbio, e que este fenô-
conflito. A crise dos anos trinta provoca uma redução drástica do preço e do
jneno. urnde i diferenciação entre as produtividades, faz com que as rendas
volume das exportações primárias que, somada à situação de endividamento
jnédias também se diferenciem. Pensa-se, também, quç_esla diferenciação não
precedente, produz uma aguda crise de divisas. Faz-se, portanto, imprescin­
permite Lpenfena alcançar níyeis de poupança_e taxas de acumulação tão
dível restringir as importações através da política cambial e aduaneira ou pela
de * qüe P°r limita as possibilidades simples proibição direta. Por outro lado, as medidas tendentes a manter o
xnlie as rendas e \ estrutural que está na base da diferenciação
nível de renda e de emprego incidem favoravelmente sobre a demanda de
X.nr rdütmdades dos <**”» e da periferia//
bens cuja oferta externa está limitada. Surgem assim condições favoráveis
te uma tendéncii à desi^aldide^ntre"16 dT’ li P'0™™ m°Strar para a produção interna de bens manufaturados em substituição a seus
feria, e que esta é inerenU à sua nró lí* PÔ °S d° SÍStema centr0'Per1' similares importados.
qtie, por um lado, a desigualdade estrutural e "1*'3’ ArgUmenta’se- em sínteSe’ Além de constituir uma resposta a esses impulsos de tipo conjuntural, a
42 ra e’ Por outro, a diferenciação entre industrialização da América Latina obedece a transformações de estrutura

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afltes se assinalou, supõe-se que, em qualquer processo de desenvolvi-
-mo» anos, particularmente a subs ^°rn° a distribuição intersetorial da população ativa não é arbitrária, pois
u mundial nos*®" centro cíclico principal
aue econtm m *°n(”" loS Estados Un,d° da de 1920 (xvii). A importân reduzir-se à proporção ocupada na produção primária em benefício
tcn^rCentagem empregada na indústria.
Xçlo d. lnf”te7iá«táconcluída”' .féric0 M prende ao carátcr
«JU* f > 0 d«envo>^.amPericana, e à tendência à dim. Quando se generalizam essas idéias para a economia mundial em seu

a> d«t» mudança p ecotl0nua no 'unto, surge a seguinte pergunta: num sistema composto por um centro
C<unia per^e^a’ com aS carac^er,s^cas estruturais já delineadas, pode o cres-
rd.tivament' <*”’ ,e de import'^^ era essencialmente complc.
c. ent0 da indústria e do emprego industrial no centro ser compatível com
' wnimili. * oscaiçõcs cíclica,
CI desenvolvimento periférico baseado em sua tradicional especialização na
Uíportação de produtos primários (xx)? A resposta é negativa. A absorção
menur com rei. ç» balanço de p K e mais ace]erada d
Cor parte dessas atividades da oferta de mão-de-obra gerada na periferia por
feu crescimento populacional e pelo progesso técnico implicaria volumes de
XX^t»-í"L7«’«p“'is’tont“d°' orodução tão elevados que não poderiam ser colocados sem grave prejuízo da
JTda perifena. Nas fases r~ dinanusmo das suas impor-
relação de intercâmbio. Em conseqüência, atingido certo nível de desenvolvi­
mento da economia mundial, em condições de relativa imobilidade interna­
uçõe. «mpensando-se ao f m os déficlts externos on-
da perifena. Assim, do ponto d superávits da fase oposta, cional da força de trabalho, a industrialização constitui o caminho obrigatório
EXd^eXIÍodc uma tSência para o equilíbrio a longo prazo do desenvolvimento periférico (xxi).
Observe-se que este não é um argumento de política econômica, mas
um raciocínio teórico formulado a contrario sensu para expressar o fato de
na balança comercial. economia mundial a partir dos
que, quando o sistema econômico mundial adquire certo grau de desenvolvi­
-*» '“XTáX SL- o» ““
aos vinte, e. espeoalmen ’ p pass0U a ser decisiva. Nas contra- mento, ou seja, quando seus dois pólos alcançam determinados níveis de
1XXX-" Xi. a. superávit de tu. balança produtividade e renda médias, o livre jogo das forças econômicas impulsiona
espontaneamente a expansão da indústria periférica. A industrialização
de ■U6\,'nd° ™”? ° r’“°
passa a ser então a forma principal e necessária de crescimento das economias
US ic importações. a transmissão da expansão economtca perifena,
que constituem o pólo periférico do referido sistema.
das importações de produtos primários, faz-se de maneira rela ivamen-
u lenta tendendo a perpetuar-se o déficit comercial durante um lapso de
tempo mais prolongado. Pior ainda, durante essa fase, sobrevêm novas redu­
7. CONTRADIÇÕES DA INDUSTRIALIZAÇÃO
ções do coeficiente de importações do centro, as quais geram uma tendência
NA PERIFERIA
ao déficit externo crónico da periferia e à contínua absorção do ouro por
parte do novo centro cíclico (xvííi).
Para a concepção que se está descrevendo, os problemas econômicos
Essa tendência constitui uma força que impulsiona o processo espontâ­
apresentam semelhanças nos diversos países periféricos e, especialmente, nos
neo de industrialização da periferia, pois o déficit externo, continuamente
latino-americanos, durante a fase de industrialização, que é concebida como
reiterado, induz, de forma repetida, à adoção de medidas restritivas das im­
"... uma etapa a mais do fenômeno de propagação universal das novas formas
portações, o que, por sua vez, dá origem a estímulos para que se substituam
as importações pela produção interna de bens manufaturados, da técnica produtiva, ou, caso se prefira, do processo de desenvolvimento
Aír ..Alsiy1’ vínude medíaçío do mecanismo impulsionador do orgânico da economia do mundo” (10).
nrínHnaC|X^rnn’J> da economia do novo centro cíclico Dois desses problemas comuns aparecem no âmbito das relações econô­
segundo unTmJLi1” U"?. <lwenvo^mento periférico também mais fechado, micas internacionais: as tendências ao desequilíbrio externo e à deterioração
dos termos de intercâmbio. Conforme já se assinalou, a primeira está relacio­
nada com a mudança do centro cíclico principal e com as alterações no fun­
explicado quando se Acorre Vai industrialização perif^a também pode ser cionamento do sistema econômico mundial que essa mudança implica. A
44 «corre a argumentos de um maior nível de abstração. partir de uma outra ótica, entende-se que tal tendência é inerente ao processo

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de indurtriili»Ç*o d. peri™»- dcvido â° ° ekV”,° ,i,m'> >'
aumento d« demanda de importações provocado por esse processo ea b„ Hâda Pcr^odo dc tfe^n^Mmento voltado para fora e amoldada às neces-
* cmacimen.0 rehtivamente reduzida da demanda de produtos pr.mári^ •dades da especialização primário-exportadora
5 As principais dificuldades que o processo de industrialização enfrenta
de exportaç.0 por parte do centro (xxii) Sustenta-se também que a tPri
I dêna. É deterioro se prolonga durante a nova etapa de desenvo vrmenn relacionam, pois, com a inadequação da tecnologia Além disso, conside-
periftnco porque perduram os problemas de emprego subjacentes nesrP se que tais dificuldades também estão estreitamente vinculadas à estrutura
da propriedadc c da P°s$e da terra característica da agricultura periférica, na
fenômeno.
Entende M? que a tendência ao desemprego continua. , caracterk
sendo /jtial latifúndio e minifúndio coexistem e proliferam formas precárias de
Uca da periferia por razões similares àquelas de ordem mais geral, antes indi posse. Essas condições tendem a gerar desemprego e a limitar a oferta agrí-
cadas As economias periféricas dão início ao processo de industrialização
em condições de superabundância de mão<ie-obra - peculiares à sua especu A excessiva concentração da terra dificulta sua plena utilização devido à
Ilação e heterogeneidade estrutural - ao mesmo tempo que sc veem obriga grande magnitude do capital necessário à sua exploração econômica. Por
das a utilizar técnicas intensivas em capital, geradas ao longo da lenta c outro lado, a manutenção de terras improdutivas se mostra viável e mesmo
desejável para proprietários que dispõem de grandes rendas, na medida em
gradual evolução econômica dos centros c inadequadas, tendo cm vista a
oue representa defesa eficaz contra a inflação e contribui, além disso, para o
dotação relativa dos recursos periféricos, Não é de causar estranheza, por­
prestígio social desses proprietários. Como, do ponto de vista privado, a mão-
tanto, que a demanda de força de trabalho marche com atraso com relação
à oferta gerada pelo próprio processo, na medida cm que este desloca mão de-obra tem custo que motiva sua substituição por capital, o latifúndio tende
a mecanizar a produção agrícola. A incapacidade do minifúndio para capita­
de-obra dos setores produtivos tecnicamente atrasados, artesanais ou agríco­
las, e atua sobre as vanáveis demográficas, acelerando o crescimento da lizar-se e elevar os padrões de produtividade, por sua vez, também dificulta
a expansão da oferta e a retenção da força de trabalho. Finalmente, o regime
população. A essa inadequação da tecnologia, soma-se o fato de que os
efeitos indiretos do investimento sobre o emprego, devidos à demanda adicio­ de posse da terra por arrendamento ou mediante outras formas precárias de
na) de trabalho do setor produtor de bens de capital, não sc produzem na relação leva a que se opte por investimento cujo valor não se 3greg3 ao da
periferia, mas nos grandes centros industriais. Compreende-se assim que, propriedade, como máquinas e equipamentos que dispensam mãode-obra.
Pensa-se assim que essas condições estruturais próprias à agricultura
durante o processo de industrialização da periferia, o desemprego tenda a
levam ao uso de técnicas que economizam mão-de-obra em detrimento de
subsistir, a não ser que se consiga contra-restá-lo mediante uma política deli­
técnicas que utilizam o trabalho em maior proporção e que aumentam mais a
berada de desenvolvimento econômico (xxiii).
produtividade da terra. E, conseqüentemente, que as condições mencionadas
Um terceiro grupo de problemas comuns está também vinculado à
criam os problemas de emprego e de inflexibilidade da produção caracterís­
inadequação das técnicas que se foram desenvolvendo nos centros, paralela­
ticos do setor agropecuário (xxv).
mente ao aumento sustentado de sua renda média. Quando a periferia atra
Em síntese, durante o processo de industrialização: perdura deterioração
vessa a fase de desenvolvimento pela via da industrialização, torna-se neccssá
dos termos do intercâmbio; manifestam-se problemas de balanço de pagamen­
no adotar essas mesmas técnicas de grande escala e elevada densidade de
tos e de absorção de mão-de-obra; produzem-se desajustamentos intersetoriais
capital, em condições de atraso no que diz respeito aos níveis de renda e de
da produção (carências de infra-estrutura, de oferta agrícola, etc.) e persistem
ctpicKhde de poupar, atraso que se reflete em problemas de utilização e
as dificuldades de utilização e acumulação de capital. Estes traços comuns
acumulação de capitai. Por um lado, as técnicas se traduzem em unidades
aparecem, contudo, com intensidade diversa nos vários países, e de maneira
rCa,a’ 20 PaSS° qUC 3S baíXaS rCndaS dct«niinam tal que o processo adquire, em cada um deles, conotações diferentes. Assim
Por óut o d °' 2 COn5e‘lüen,e ^utilização deste recurso a tendência para o déficit externo será sensivelmente menor que a média, e
XXdeie J"'T° '"T qUe ÍC dCSperdÍÇa “P™' a poderá mesmo ser contra-restada em casos especiais, sempre que a deman­
d P nSo Pe"ntle que se supere o hiato do atraso isto é oue da do produto básico de exportação apresente um excepcional dinamismo
OpJ« ^e^X1 dVd jdra?enle’ °S nlVeÍI de.Pí0dul^e em mui
(xxvi). A tendência ao desemprego será mais ou menos grave, dependendo das
eficácia do sistema e a oróoria ■ Continuam comprometidas a condições históricas específicas do desenvolvimento prévio, bem como ilustra
guiamentos setoriais, desUcZ^fa t a d',P0Upai (XXÍV^ Entrc os es trail um exame comparativo das características da agricultura mexicana e argen­
46 ' a ía,ta d<-' adaptaçío da infra-estrutura, her tina (xxvii). Mais ainda, os problemas postos pela utilização e acumulação de

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BíBLfOTECA CElíTRAL
Considerada em conjunto com as idéias previamente descritas, e como
capital serão também diferentes, conforme os níveis de renda alcança<iOs clusão delas, entende-se que a recomendação que se acaba de mencionar
durante a fase de desenvolvimento voltado para fora. etc. (xxviii). C°ssui um matiz próprio e definido: não provém de considerações relativas ao
Não é difícil perceber que as tendências e contradições gerais assinala- ^ráter anárquico do capitalismo e de seu modo de operar; tampouco resulta
das no parágrafo anterior são, na verdade, expressões da persistência do atraso dc considerações sobre a tendência do capitalismo a gerar oscilações conjun­
estrutural peculiar da periferia. Ou antes, cm termos mais apropriados, resuL turais do nível de atividade econômica. Surge, antes, da apreciação das con-
tam da forma pela qual a estrutura produtiva se vai trartsformando durante a dições estruturais específicas da periferia, que limitam sua capacidade de
fase de desenvolvimento voltado para dentro, sem que se consiga eliminar as crescimento quando esse tipo de economia se vê entregue ao curso espontâ­
diferenças de estrutura com relação ao centro, que se reproduzem em novos
neo das forças do mercado.
A necessidade da condução deliberada do processo de industrialização
níveis.
A industrialização tem início a partir das condições de especialização substitutiva por meio da phmficaçSo constitui uma idéia-força na qual se
e heterogeneidade configuradas durante a fase de desenvolvimento para fora. coloca grande ênfase nos primeiros documentos da CEPAL, já que tal condu
Como é óbvio, seu desenvolvimento acarreta diversificação da produção e
um aumento da produtividade média do trabalho mais ou menos conside­
rável. Mas a diversificação não chega a eliminar a falta de complementaridade
entre os setores produtivos, nem a condição primário-exportadora da perife­
ria. Tampouco se consegue suprimir o atraso da produtividade, não só pela
dificuldade para reabsorver a mão-de-obra empregada em setores onde a
produtividade é muito baixa, como também porque a própria reabsorção
se realiza em condições de produtividade diferencial com relação ao centro,
inclusive em vários ramos do setor manufatureiro.
NOTAS

rià Também
.. iüna se assinalou
y algunos que
de sus esses documentos
principles problemassão:
”e o“El desarollo
Estúdio económico
Economtco la Amé-
deAmenca
S. POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO E PLANIFICAÇÃO
ijitina 1949 (daqui por diante referidos como “Principais problemas e Estud ,
Mesmo reconhecendo a diversidade de casos e de circunstâncias parti­ respectivamente. As citações se referem às suas edições mais acessíveis, incluídas a seguir:
culares que acabam de ser mencionados, conclui-se das considerações prece­ R Prebisch, “El desarrollo de la América Latina y de unos de sus principales problemas ,
dentes que, embora com diferentes intensidades, em todos esses casos e cir­ Boletín Económico de América Latina, vol. VII, n9 1, publicação das Nações Unidas,
fevereiro de 1962; R. Prebisch, Interpretación dei proceso de desarrollo latinoameri-
cunstâncias afloram os problemas comuns que entorpecem o processo de
cano em 1949, publicação das Nações Unidas, série comemorativa do XXV aniversário
industrialização, tendendo a sustá-lo ou a imprimir-lhe um ritmo menor do da CEPAL, Santiago, 1973.
que o potencialmente alcançável. Em outras palavras, admite-se que o livre (2) Embora a concepção do sistema centro-periferia esteja contida, fundamentalmente,
jogo das forças do mercado conduz à persistente manifestação de problemas nos dois trabalhos mencionados, recorrer-se-á também a outros de pouco posteriores
de balanço de pagamentos, de acumulação e subutilização de capital e de for­ sempre que estes ilustrem com mais clareza um ou outro aspecto determinado dessa
concepção. Como já se observou na Introdução Geral, os textos pertinentes constam do
ça de trabalho, etc., uma vez que os mesmos são inerentes ao processo espon­
anexo à primeira parte e a remissão aos mesmos se faz mediante chamadas em numera­
tâneo de industrialização: eles provém, em última instância, das condições em ção romana.
que se vai produzindo a transformação da estrutura produtiva periférica, (3) O artigo de Charles A. Frankenhoff (S. J.) “The Prebisch Thesis: a Theory of Indus-
durante esse processo. tròa?m for Latin Amw>ca”, publicado no Journal of Inter-American Studies, vol. IV,
Assim, segundo a concepção do sistema centro-periferia, para que com n. 2, abnl de 1962, contém uma apreciação similar da concepção cepalina do desenvol-
a industrialização se consiga aumentar substancialmente os níveis de produti­ (0mdin.mNele afirma:. ' Ihe dynamism °f ^owth in furnished by technical progress”,

vidade e otimizar a alocação dos recursos, é preciso orientá-la por meio de mente anteSd Th"’'?'0! é proporcionado pel° Progresso técnico). E, imediata-
uma política deliberada de desenvolvimento. E, mais ainda, dada a natureza function be UP°n Speciflc differe™* ™ structure
centers" (a tesc Prebisih b°f Ú penphery and the more developed industrial
estrutural dos problemas antes mencionados, será necessário ordenar e racio- entre os XS da Serin eaSela'Set nas. d‘feren^ específicas de estrutura c de funça'0
n izar essa política, recorrendo-se ao uso da programação. (4) Estudo, p. 1. f °S lndustnais mais desenvolvidos) (p. 188).

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• romroet» netos wlorcs PtoJu,orM dc lH'n’ * " Mltutu,
(5) A estrutura produtiva 1 tMM acrfsddos da Infra-estrutura física c (|0, ,v. Capítulo
econômica é constituída por • _ados pelo gowmo). No contexto das idéia,
res de serviços (inclusive aque i
aqui se comentam, as cirawr.
fstrutura produtiva condicionam as da csttlllll|
j primeira.aludindo-sc a segunda apenas 2
econômica. h>r iw. * * ’«* 0 atraso tecnológico, evitou-se recorrer à express,;,, A TEORIA
do for imprtsand.M causa da conotação dc atraso soem
“dualismo estrutural . ou dc duaUsmo na literatura sobre o subdcsenvo|Vl
DA DETERIORAÇÃO
que, em feral, icompanh
mento. OPtou?. em
. 0 à CXprcswo ‘’heterogeneidade da Cslru
conceito de ••heterogeneidade estrutural"
DOS TERMOS
mento. Optou-w. em
lura produtiva . que ‘ ha produzido cm época muito poste
DO INTERCÂMBIO
Amda que o dei progresso técnico y de sus frutos en cl de
^oSoEo^csiano”. de Anibal Pinto. El Wmestre Económico. nO 125. janeiro
X de 1965). ele apresenta a nntagem de referir-se com clareza aos baixos mvc.s
miamos da produtmd.de do trabalho, perceptíveis nos mais diversos setores das econo-
mias penfénas Os setores atrasados, definidos cm função desse critério, poderão,
portanto possuir mdisltnUmente formas de organização da produção capitalistas ou pré-
capitalistas. Sobre o conceito dc dualismo pode-se consultar o artigo dc Yoichi Itagaki.
"A review or the concept of the 'dual economy’, The Developing Economics, vol. Vl,
no 2, junho de 1965. 0 artigo de A. Pinto, “Naturalcza c implicacioncs de la ‘hetcro- O capítulo anterior descreve o conjunto de idéias gerais e hipóteses
genadad estruct uraI' de h América Latina”, El Trimestre Económico. n9 145, janeiro básicas que constituem o conteúdo do pensamento da CEPAL Este capítulo
março de 1970. contém uma breve confrontação entre os dois conceitos. apresenta as duas primeiras formalizações desse conteúdo, ambas referentes à
(6) 0 significado dessa expressão é examinado de forma mais extensa no Capítulo II, 1.1
deterioração da relação de preços do intercâmbio (1).
(7) Cumpre observar que esta forma de encarar os problemas da produção primária do
Ainda hoje é freqüente encontrar-se divergências a respeito das causas
ponto de wsta da demanda é a que se utiliza nos primeiros documentos da CEPAL. Só
em trabalhos posteriores é que se faz referência com maior detalhe à falta do dinamismo que, segundo aquela instituição, determinam o fenômeno da deterioração. Às
da demanda de alimentos de vida à lei de Engel, c ao lento crescimento da demanda de vezes, sustenta-se que a argumentação cepalina se refere especialmente à
maiénas-pnmas, atribuído à substituição total ou parcial das mesmas por produtos sink superabundância e ao baixo poder de negociação da força de trabalho, ele­
ticos e/ou a seu melhor aproveitamento, resultado, em ambos os casos, do próprio
mentos característicos das economias periféricas, e a seus efeitos sobre os
progresso técnico. (Veja-se, por exemplo, R. Prebisch, Problemas teóricos y prácticos
salários. Outras vezes, considera-se que a explicação se fundamenta na dispari­
dei aeamiento económico, op. cit., pp. 21-24). Foi apenas em data ainda mais recente
que estes argumentos se incorporaram coerentemente a uma interpretação da tendência dade entre as elasticidades-renda da demanda de importações da periferia e
a deterioração dos termos de troca, à qual se faz referência no Capítulo IV deste livro do centro: supõe-se que o valor dessas elasticidades seja, na primeira, maior
() Como se verá mais adiante, o conceito de industrialização espontânea, ou não-dcli
que um, e, na segunda, menor (2).
berada, de modo algum exclui a hipótese de que a adoção de medidas de política restri-
Essa discrepância provém, na verdade, do fato de que não existe uma
p^zS;ubXíXn,e com ou,ros fms -haja contribuíd° im
única versão formal da teoria da deterioração dos termos do intercâmbio; há
«■XXZXÍaX taCÍ,amen,e Um mOdel° de d0ÍS 0 três formulações diversas, legitimamente diferenciáveis entre si, tanto pela
integrada pelas economias restantes” ' n£l3tem Ou os Estados Unid°s. e a periferia, amplitude de seu conteúdo (ou seja, pelo conjunto maior ou menor de idéias
gerais que incorporam), como pelos instrumentos de análise, que também
(10) Estudó,p.l.
variam.
O primeiro ponto deste capítulo descreve a que aqui denominou-se
versão contábil” da teoria da deterioração, versão que não se propõe investi­
gar as causas da mesma, e sim a sua significação em termos de renda: as razões
Pelas quais tal fenômeno implica a diferenciação do nível de renda real média
entre os centros e a periferia. É possível ver-se que os instrumentos de análise
usados nesta versão são só de tipo contábil ou de definição; e, além disso, que
ela abarca e incorpora unicamente uma pequena parte das idéias básicas men­
50 cionadas anteriormente.

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exportações baixam proporcionalmente aos aumentos d. . -
. .u rirlM” ouc é apresentada no segundo ponto, examina a.s
termo’ do intercâmbio melhorarão constantemente Para7 , 01
. Heterioraçffo c’da diferenciação da renda. A cxpllcaçJo de tais fenô-
.nnseguirá
íX mal».assim compartilhar com os vrandeq "
tal» fax). , “
r n" P pcrlferla» qual
. ata»
causas da deterioraç tc na desigualdade crescente entre os salá
menos se baseia condições estruturais que a tornam
Segundo afirmam os documentos da CFPai ..
'■»“■>> * l~d,
esquema clássico da divisão internacional do trabalho^'em'co^
d. rend., «om o. qu.l. leni.-» an.lta . dlnSmle. do ctCKI.
com o que acontece na práttea. Na realidade, os preços sobem, em £
mento cíclico do sistema centro-periferia. A complexidade desta análise exige
xar, c tendem a sub r mats na produção manufaturara do que na primári
incorporar um espectro bem mais amplo das idéias que constituem a con-
Essa tendência à deterioração dos termos do intercâmbio impltca que o,
cepçãoExiste
geral desse sistema. forma - aqui chamada “versto industrialização” países periféricos ... não só não receberam parte do fruto da maior produti­
uma terceira
vidade industrial, mas também não puderam reter para si os proveitos do seu
que tenta fazer uma conexão entre a deterioração c a diferenciação da renda
próprio progresso técnico” (3).
com o processo de industrialização da periferia. Nela são empregados instru­
Para o estudo dessa implicação da deterioração, admita-se inicialmente a
mentos da teoria neoclássica dos preços, incorporando-se quase a totalidade
existência de duas atividades, empresas, ramos ou setores, um dos quais pro­
do conteúdo descrito no Capítulo I. Segundo essa versão, a deterioração é
duz um bem primário c outro um bem industrial de qualidade homogênea,
causada simultaneamente pela disparidade entre as elasticidadcs-renda da
nos quais prevalecem as seguintes relações de definição:(4)
demanda de importações da periferia e do centro c pela desigualdade entre
ambos no que diz respeito à penetração da tecnologia c aos níveis de produ­
tividade do trabalho e dos salários. Prcfcriu-sc apresentar essa terceira versão
(D
formal da teoria da deterioração mais adiante no Capítulo IV, visto que ela
se refere implicitamente à industrialização da periferia, tema do Capítulo 111
(2)
As versões da teoria da deterioração recém-mcncjonadas são vistas e
expostas, tanto neste capítulo como no Capítulo IV, a partir de uma pers­
(3)
pectiva predominantemente conceituai. A controvérsia cm torno dos proble­
mas empíricos e de mediçSo do fenômeno da deterioração é tratada, de forma I
breve, no Capítulo VIII, relativo ás principais críticas às posições da CEPAL (4)

A primeira define a renda real por pessoa ocupada na atividade primá­


1. VERSÃO CONTÁBIL ria, medida em termos de bens industriais (Kp/), como o produto da produti­
vidade física média do trabalho nessa atividade (Lp) pela relação de preços
1.1. Pressupostos e Definições dc bens primários c industriais (Pp/Pt = R)-
A segunda expressa a renda real por pessoa ocupada na atividade indus­
A posição da CEPAL sobre a significação deste fenômeno contrasta trial, medida cm termos de bens industriais (K//), por definição igual à produ­
com pontos de vista atribuídos à teoria tradicional da divisão internacional tividade física média do trabalho nessa atividade (£/).
do trabalho, ou mais exatamente, com proposições que se consideram com­
A terceira relação é semelhante à anterior: expressa a igualdade existen­
patíveis com essa teoria. I)c acordo com tais proposições, a especialização
te entre a renda real por pessoa ocupada na atividade primária, medida em
produtiva dos centros e da periferia c oconseqücnte intercâmbio dc rnanufa-
termos de bens primários (Ypp)t e a produtividade física média do trabalho
áreat a? deveriam trazer consigo contínuas vantagens para as
nessa atividade (Lp).
ârcas de menor desenvolvimento.
A quarta indica quc a renda real por pessoa ocupada na atividade indus­
tros doTe n‘a7U i ‘’Tf’ tCCn0,ó«ÍC0 é mais ráPido na indústria dos cen-
trial, medida em termos de bens primários (^7p)> é 3 multiplicação a
produtivídade aímcnla mabí W PCf'fcna c’cmconcxSo com isso’ quc “ respectiva produtividade física média do trabalho (£/) pelo inverso da relaçao
ingressos monctárí™ w» dP^atnentc nos primeiros. Sc nos dois pólos os de Preços (Pt/Pp = ]//?).
52 rmanecem constantes, e se os preços das respectivas

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1"* H R5'n / f —
soltado, a relação entre as rendas médias reais'das doas atividades
íC - constante. Dito de outra marièlfa, ai rendas nãosç diferenciam',
DMdM<>(l)l»> (»«<’’fw(4,’Ol''eW’e:
UIna distribuição igualitária dos frutos do progresso técnico. Sinte-
Ypp _ R
Yip L‘
'ji.í-R;
y& fit < Rj = (IA
Vpf
Ou ainda, chega-se â expressão: ” - 1
ypp _ Íí- • R (5) • Concentração na atividade primári
_ Ypi
Yip Li lhoram para a produção primária em maior3 '.°s ten7IOT do interests,
y rfí dutividades para a indústria, a variação d,da a relaçao
Como é óbvio, esta última expressão define a relação percentual (y) vadaçío das produtividades. Nesse caso a relac^ C°mpena co™ «bra ^
entre a renda real média primária e a renda real média industrial, medida, das duas atividades varia em favor da 3^?°'"J'35 rend« reais média
seja em termos de bens primários, seja em termos de bens industriais. Além a renda média aumenta mais na atiyidade prinúriTÍ'Em ouíra* Phvras,
disso, permite expressar de maneira precisa as colocações da CEPAL a respei- que, na terminologia cepalma, expressa-se diZt na ^rial 0
to dos vínculos existentes entre as variações dos preços e das rendas reais (5) gresso técnico se concentram na atividade primária Em sTt ” d°

IX Variações de Preços e Variações de Rendas


Ri < R2
/%\
> Ir / '•J'a > 1
Admita-se que, num período inicial qualquer (período 1), os valores \ P/2
das relações entre rendas, produtividades e preços se equiparam à unidade (ou
seja: = 1; (Lp/Li)i = h = 0- Do pressuposto sobre a evolução • Concentração na atividade industrial. Se os termos do intercâmbio
desigual das produtividades, depreende-se que, no período seguinte (perío­ melhoram para a produção primária em menor medida que a relação entre as
do 2), a relação entre elas será menor que a unidade [(Lp/Lí)2 < 1]. Além produtividades para a indústria, a variação dos preços não chega a compen­

a partir de tal pressuposto, os vínculos entre as variações dos preços e sar a variação das produtividades, e, conseqüentemente, a relação entre as
das rendas simplificam-se, podendo ser examinados com base na consideração rendas médias reais das duas atividades varia em favor da indústria. Poderá
de três possibilidades lógicas: o aumento, a constância ou a redução dos ter­ ser dito, então, que existe transferência dos frutos do progresso técnico da
indústria para a atividade primária, e que, apesar disso, há uma concentração
mos do intercâmbio.
i) Diz-se que, no caso de um aumento da relação de preços, existe uma dos frutos do progresso técnico na indústria. Em síntese:
transferência dos frutos do progresso técnico da indústria para a atividade
primária, no sentido de que a relação entre as rendas reais médias das duas
Ri < Ri
atividades (y2) não se modifica de forma proporcional à variação da relação
entre as produtividades respectivas (isto é, à variação percentual de (Lp/
como conseqüéncia da melhoria dos preços relativos (do aumento de ü) Se não se produz variação nos termos do intercâmbio mpouco
/?2). existirá transferência dos frutos do progresso técnico, no sen °
Tal transferência dos frutos do progresso técnico é compatível com relação entre as rendas médias reais das duas atividades se m e
diferentes formas de distribuição desses frutos, que dependem da magnitude porcionalmente à variação da relação entre suas produtivi a es. conce’n.
daquee melhoramento. Podem ser diferenciadas as seguintes alternativas: apesar de não haver transferência, os frutos do progresso c atividade
trar-se na indústria, pois a renda real média será ali maior
• Distribuição igualitária. Se i3S termos do intercâmbio melhoram para a Primária. Ou seja, como R2 = Ri,y2 < *- intercâmbio, opera-se
Produçáo primária na mesma medida
em que a relação entre as produtividades üi) No caso de existir deterioração dos• termo^ atividade primária para
melhora para a indústria, as duas
variações se compensam exatamente; e, uma transferência dos frutos do progresso técnic

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aa indústria, poisas
relação entre a relação entre as respectivas.
produtividades rendas médiasA de ambas reduz-sc
deterioração impr^5 (he e „a periferia gera uma tendência à djfp
W pessoa ocupada; mas tal diferencia*?' do,
r diferenciação dos níveis
disso, a concentração dosde renda
frutos doreal médiatécnico
progresso a favornadesta
indústria ( U ScJ*1 °
afiv’i° jades médias das duas economias do qüe n”ior ao Se’"ÍVe* de ren,
idades dos respectivos setores exporuj?0"^^3"^?^^-! ?ei’Por
efeito, comoR2 < R>,y2 < 1. *
termos do intercâmbio pioram para a Se, alérn
jas rendas agravar-se-á mais ainda, efa'na' e«a tend
volvidos no nível mícroeconômico ente como nos Qa à difere,,?* Os
A argumentaça-o pode ser estendida até ab d2
GenenUiaçáo do Argumento
1.3. cional. Como é óbvio, se a relação emPre»n barcar ° creScjn,
•frações precedentes permitem precisar o nexo exist
As consider ç g rendas em duas atividades quaisquer. s " tanto nos centros como na periferia, a diferePn°PU'açao Permal?'0 P°Pula.
habitante será equivalente â diferenciaça'o enciaça*° entre as ren^
mtn “ teTTrâutívidadesaumentem a velocidade desigual, o que im j
quedem prinejo (ou seja, se os preços não variam), produz-se um ’ ocupada. Por outro lado, se, como é razoávd * 2^°'
população permanece relativamente constant Pe"Sar’ a «Mo
ntmo de Merenciação entre as rendas. De acordo com esse pressup0sto feria _ por fenômenos demográficos qUe mcid"° Centro e dir^ui
legítimo afirmar que as mudanças dos preços relativos dos produtos deSsas ativa/população total, ou porque se reduz a relarfo * 3 reMo popu,^'
duas atividades são um mecanismo que determina o grau em que as rendas se
diferenciam. Mais especificamente, se a relação de preços varia de maneira efetivo e a população total - a renda real nor h 0 nível de emn
desfavorável para o produto da atividade onde a produtividade aumenta uma diferenciação maior que a
caso antenor, a tendencia à diferenciação da rendf L°CUpada- Comono
menos, a deterioração dessa relação constitui um mecanismo mediante o qual íros e periferia, que deriva do comportamentod^res^habjtante en(re cen°
a tendência à diferenciação das rendas faz-se efetiva, agravada pelo movimen.
do trabalho, ver-se-á agravada pela deterioração dm r “ produtiv>dades
to dos preços. . , . . . , * Atermos do intercâmbio
Como simplificação inicial, o raciocínio anterior colocou-se a partir do
pressuposto da existência de apenas dois tipos de atividades e de produtos. 1.4. A Significação da Deterioração dos Termos do Intercá b’
Apesar de existirem, na prática, sérios problemas de medição, a partir de uma
perspectiva conceituai, esse raciocínio pode ser adaptado a diversos níveis de Como se viu, a análise dos vínculos entre as variações de preços e de
agregação, sem que por isso perca rigor e precisão analítica. Nestes comentá- rendas é válida no marco das relações centro-periferia, e as suas conclusões
rios interessa particularmente estender a argumentação às relações comerciais podem ser estendidas a essas relações. Explicitando uma vez mais a vigência
entre centros e periferia. do pressuposto segundo o qual a produtividade aumenta a um ritmo mais
Como uma primeira aproximação, e com o objetivo de isolar, por acelerado nos centros do que na periferia, a significação das variações dos
agora, o crescimento populacional, adota-se a renda real por pessoa ocupada termos do intercâmbio (7) pode ser resumida da forma seguinte:
como indicador do grau de desenvolvimento dos dois pólos do sistema. Há Primeiro. O seu aumento (ou seja, o seu movimento em favor dos
que se ter presente também o pressuposto segundo o qual a produtividade produtos primários) implica uma “transferência dos frutos do progresso
tende a crescer a ritmo similar em todos os setores das eocnomias centrais, técnico” do centro para a periferia, no sentido de que, nesta, a renda real por
enquanto que, na periferia, a produtividade do setor exportador tende a habitante aumenta mais do que aumentaria só pelo incremento da produti­
aumentar consideravelmente mais que nos restantes. Este pressuposto está vidade do trabalho. Em especial, um aumento dos termos do intercâmbio
implícito na concepção geral examinada no Capítulo I, quando nela se admite proporcional à redução dos custos que deriva dos incrementos da produtivi­
que a estrutura produtiva dos centros é relativamente homogênea, e a da peri­ dade, verificados nos centros e na periferia, implica uma “distribuição iguali­
feria, relativamente heterogênea. tária dos frutos do progresso técnico”; em outras palavras, implica o fato de
Tal pressuposto implica que a diferença entre as taxas médias de aumen­ Que as rendas reais por habitante de ambos os pólos do sistema não tendem a
to da produtividade do centro e da periferia será maior que a diferença entre se diferenciar de forma apreciável.
as taxas de aumento das produtividades dos respectivos setores exportado
Segundo. A constância da relação de intercâmbio implica que centros
res (6). Em outras palavras, admitindo que os preços permaneçam constantes. P^feria conservam cada qual para si os frutos de seu próprio progresso
pandade entre os incrementos da produtividade do trabalho no centro cnico , já que a ren(ja reaj pOr Habitante tenderá a crescer em cada um
F 57

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antes melhorado. DeSSC dllnl
lo da respectiva produtividade. pOf
"’longo p«“. â delerionçfc dl .
o ritmo de ‘fXnciaçío das rendas, ou. em outro,
• la tendência „ b.«a <»> ‘'““«a.
» * “UST»»
J«,m«mo.cw5t^‘ rfo()crtfnriosdoP *
i,™“n0! "T'01
in(Crcânibio implica uma -per.
\ —1 dos ^"a--c/ou uma “transferência d05

. r*"í ES*» r»>° “n"°J “""í* ^'-onomia.


d têcnioo da P" na pCrIferia. a renda real Por
2 I Ciclos. Preços e Rendas
^'^nZtos da ^^’produtisidade. Diz-se também que a dete-
Mbitantr errara ^^ntraçâo dos frutos do progresso técnico
Como ponto de partida, sustenta-se qu- „ n t
n^-íe «r ponag°, df a produzir diferenciação entre as rendas, por
A.de económica se caracterizam pela discrepância em CÍdÍC*
nm erntros”. ji <?>' „nservam. para si os benefícios do aumento da sua tbal de ProdutOS aCabad°S2 *-* ou«>.d?Sde 'Ídeinandaeiof^
duas razões, os centros abTOrvem parte dos benefícios do aumento fsão provocadas por esse desajuste (xxxii). Nas suas‘i?h° ' d<5 '
pmdutmdade e. «Jém dis». ■ ..gantentação imptícit. sobte o n.eea„i!m CHo>
da pmdutmdade P^n“' tw)rja da deterioração, que se expressa de forma
seguinte maneira.
àntítri regras precedentes, possui inteira validade do ponto de vista
Admita-se que. num certo período de renda, e numa economia hipoté
fópeo po» essas repas derivaram, de forma coerente, de um conjunto de tica, apareça um excesso de demanda de equipamentos, devido àsC
tóçôês de definição. No entanto, esse caráter de definição impede de escla­
expectativas de lucro enadas pela disponibilidade de novas técnicas Esse
recer as causas do fenómeno. A análise está limitada a examinar a significação
excesso de demanda faz pressão, em primeiro lugar, sobre os estoques e em
do mesmo, a demonstrar que, se existe uma tendência dc longo prazo à dete-
seguida, sobre a capacidade instalada dos ramos industriais produtores de
nonçáo dos termos de intercâmbio, ela implica necessariamente a diferencia­
máquinas.
do dos níveis de renda e de vida entre os centros e a periferia. Cabe explicitar
Admita-se, também, que, ao expandir-se assim o nível de atividade, os
que. nesta versão, acham-se presentes os diversos aspectos do conteúdo novos empregos e as maiores rendas criam uma maior procura de bens' de
gera! do pensamento cepalino, descritos nos pontos de 1 a 3 do Capítulo I.
consumo e produtos intermediários. Essa maior procura faz pressão sobre os
Com efeito, esta versão se destina a elaborar aquela idéia básica, de acordo
Com elejto. esta versau &c ------ » estoques e, por esse caminho, põe em movimento a capacidade ociosa dos
com a qual a deterioração constitui — um mecanismo
•«•/•aniemn de
dc concentração dos
ramos respectivos, influindo, por sua vez, sobre as indústrias de bens de capi­
fruta do progresso técnico nos grandes centros industriais; mas, além disso,
tal. Assim, dá-se a fase ascendente do ciclo, com um excesso de demanda que
ao enfocar a deterioração como um fenômeno de longo prazo associado às
se reflete na diminuição dos estoques e que põe em tensão a capacidade
mudanças da técnica e à repartição de seus frutos, e ao colocar como pressu­
produtiva. Entretanto, a partir de certo momento, essa tendência expansiva
posto ntmos diferentes de aumento da produtividade do trabalho entre cen­
tros e periferia, incorpora, indiretamente, as idéias mais gerais da CEPAL a se inverte, devido ao fato de que os planos de produção resultam demasia­

respeito do processo de desenvolvimento e das características que este assume damente otimistas, se comparados com os planos de compra.
Isso pode suceder em qualquer setor. Suponha-se, por exemplo, que,
no marco das lelações centro-periferia.
num certo período, a procura de equipamentos se contrai e sobram estoques
sem possibilidade de colocação no mercado; em função desse primeiro exces­
2. A “VERSÃO CICLOS” so de oferta, no período seguinte, a produção deste setor cai e reduz-se nele
a contratação de fatores produtivos. Existirá então uma menor procura de
Os primeiros documentos da CEPAL contêm também uma explicação nsumos intermediários, o que vai afetar os estoques de outras empresas, que
das causas da deterioração, analiticamente difcrencíável do exame da signifi­ Possivelmente diminuirão também a produção. Tais comportamentos impli-
cação desse fenómeno, descrito no ponto anterior. cam, por sua vez, uma contração da procura de bens de consumo, o que
L>< acordo com esses documentos, durante as fases de expansão da orna ainda maior o excesso inicial de oferta. 0 nível de atividade começa,
mwid»dc econômica, « termos do intercâmbio variam favoravelmente à °> a cair, reduzindo-se de uma forma contínua até um certo ponto
i cru, mas pioram nas fases opostas num grau maior do que aquele em que °> este último pode ser dado, por exemplo, pelo desejo e a decisão
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,ntos desgastados, ainda quando , ,

ja tradicional da divitío^
«» Ou W<*> ‘ um* "m‘ aKC"í'"le resultados também diversos. a relativa d° ,ra^ho. Conrf
, aumentar, da ^cscem pCríodo após período. ■ ricas na produção de bens primários de expo^ll,JçÍQ'l«S<,0’POrtanto’
roefíciente de exportações; esse alto grau ,çí° * r.n.„ ^as p^
eo desenvolvem estas idéias de corte kcync^ I
^rd^mtos da co necessiírjas para examinar os movimento, I recebem e reproduzem com rapidez r\ « r’ ,TnPhoi n,‘ e,Cvado
«M» do nível de a.rtd.de da “ ’S”«•<■
no. na T ' e das remunerações dos fatores produtivos que acorn I
dm Pr*05 ‘(dicas do nível da atividade ccononuca. No que dfc le.peUo ls lM, d.
panhamasoscílaçoe ascendente do ciclo, o excesso dc | nUe o excesso de demanda dos centros tende 3 1 ^AL
*b a forma de incrementos da demanda de matí ?ars ‘
^^«r contrabalançado pelo aumento dos preços; mas que estc ■
L. excesso de demanda é transmitido do setor exn??™* = ah.-^’
procura tende a pagas aos dlverSos fatorcs j
res periféricos, com o que se generalizam os aumeZsT derr^>
^TJsfoXs numa maior procura, suscitam novos aumentos de preços, |
S to d^endente sucede o contrário: o excesso de oferta faz pressão sobre I As colocações da CEPAL se referem primordialmente' ‘ rírd«
t0 da razão de troca entre produtos de exportação dós 2° C°mpWir™>-
Xs cuia baixa, no entanto, não chega a compensá-lo A tmpossibil,. ■
centrais. Sustenta-se que, durante as expansões, aumentam « ,*nftncos s
íd^ consegutr colocação para a produção de certos ramos força os preços ■
nos das exportações periféricas e que a grandeza desse aú-enVT’"”"6’4’
nira baixo obrigando a reduzir também as rendas dos dtversos fatores; pro- ■
diversos fatores, entre eles, o vigor da competição dos cemX &
que 03
duz-se assim uma diminuição da procura em outros ramos, de modo n... ■ rigidez da oferta eventualmente existente, o temponecessárion ° *
excesso da oferta se toma geral (xxxiii). a produção de produtos primários, em comparação com 0 -3
Além desses movimentos aluviais dos preços e rendas jmonetárias, des- I produção industrial, o volume dos estoques acumulados antesT^ 3
distribuição, i1
tacam-se outras características do ciclo, relativas ao âmbito da distribuição etc. Considera-se que esses fatores fazem com que o aumento d^
Nos períodos de auge, os contínuos aumentos de preços tendem a se traduzir monetários das exportações periféricas seja maior que o das cêmr—
num aumento mais acelerado dos lucros que dos salários: os primeiros cres- I modo que a relação de termos de intercâmbio melhora nara , ~
períodos de auge (xxxv). P “Penfenanos
cem mais que os últimos, em termos reais. Na fase oposta, ambos se contraem
mas, devido â resistência das organizações operárias diante da redução das Assim, durante as fases de expansão cíclica, os frutos do c-
remunerações, são os lucros que terminam sendo mais afetados. Em cada técnico tendem a se transferir dos centros para a periferia Mas os
novo auge, volta a se repetir a tendência já mencionada, mas os salários j tos da CEPAL não indicam com precisão em que medida se rra&TX
reais partem, cada vez, de um nível inicial mais elevado. Por esse caminho transferência. Isto é, não especificam se a melhora dos preços relaüvos che
das reduções sucessivas e da paulatina ampliação do poder aquisitivo real dos a compensar a diferença entre ritmos de aumento da produtivi^ do trabT
salários, os grupos de trabalhadores e outros estratos de baixas rendas vão
lho no centro e na periferia; e, consequentemente, a redurir a diferença
captando para si parte dos frutos do progresso técnico (9)
entre os respectivos níveis de renda real média. Ou se, pelo contrário a dife
A argumentação da CEPAL não está destinada a aprofundar o tema do
ado em « mesmo mas sim a apresentar bases mínimas para o exame dos renctação das rendas continua se produzindo ainda durante as conjunt’uras de
efettos das flutuações ciclrcas na periferia, em especial a desigualdade entre o auge, e apesar do aumento dos preços relativos (10)
seu nível médio de renda e os dos centros industrial nt™ ° a lnnon° n° ponto 35 causas de deterioração
da análise cepalina são desenvolvidos nos pontos seguintes ? aSpeCt°S ba e na anZ d3n Çí° ÍnterCámbÍ0 see^am fundamentalmente com
^^aS^on^^0 rend3S C ^P-çosdur.teos^
2.2. A Expansão Cídica e seus Efeitos sobre a Periferia

De acordo com a concepção geral anteriormente a A Transferência dos Efeitos das Contrações Cíclicas para a Periferia
periferia são economias que cumprem funções comDl eSCrÍta- centros e
conformam um sistema que funciona de maneira difereTn,ares' 1,135 que I
60 * à Postulada pela r cíclicas mais do °S termos do intercâmbio perdem nas contrações
simplicidade as razõ ^an^° nas fases de expansão. Para explicar com
essa intensa queda, pode-se admitir que as produti-

1 61

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I
rtjwwd»Pertftriacdocc"'",P«n» fases de decido, gera-se nos centro, ,lrn í/r,Vr .
^ também sendo cr,ado1 b-n’ -m P,na
«»• reduí"i71 (eíl*iva nos mercados, é necessário dimmer 0
„«r4**X fS»“ '“ten J a""»’«
eAllCão dos preços. Mas as diferentes posiçõ^ yi,
'■*” ráríc 1»<» os, f«'
di -uni global obrigam a que essas diminuições se

1 no slSte ■ tas Os preços e o valor de oferta deverão cair man n, x ‘ F''™'


ções d' 'mitir que os centros conservem níveis mais satisf^J'^-<*'
íorrT,a 3 de recursos produtivos. Se isso não acontecer continuar;/ -
' A explicação dc ta da deterioração dos termos do inter. nera(^dns estoques de manufaturas nas economtas centrais e, pon^
p^taçío wbrr 0 destacar dois aspectos distintos nessa acumulado jmárjos da periferia continuará diminuindo ou se mar,terá
ãmbio e wbte 5ua’m Ja(Jo a5 condjções que fazem possível a forte diminui- ptocuta de
ilFumentaça-o. p« « e outro, as condições que a fazem necessária deprimi^ (xXX^'dos argvmentos anteriores, ligados entre si. explicam por-
** d“ ira Produtiva dos centros parece ser relativamcnte menos at0. 0 f°"Jandas contrações cíclicas tendem a se transferir com naisinten-
em comparação com a periférica. Essa diferença no que diz respeito que os efeito As condições de estrutura tomam possível uma
i de concentração económica, traz consigo uma disparidade de poder sidade para a_ pe ões especialmente dos salários; em conexão
d’e° negociação nas compras e vendas dos respectivos produtos de exportação, Ó cari® Primário da produçjo penfánea , o cri,.,

ao que. por sua vez. assoda-se a possibilidade de uma maior contração dos com Tdlua procura tomam necessário que as remunerações dosdiferen-
jucros empresariais da periferia. Mas, sem dúvida, os documentos da CEPAL Atores se reduzam mais do que nos centros, para que a sua produção
destacam o comportamento desigual dos salários. A relativa escassez de mão- l a realizar-se com valores de ofertas e níveis de remuneração de recursos
de-obra e a poderosa ação sindical dos trabalhadores dos centros contrastam c^pXs de gerar a oferta derivada, que, por sua vez. possa absorver a pro
com as çondições que prevalecem na periferia, onde existe um excedente de
força de trabalho e uma organização sindical incipiente. Essas diferenças dução periférica.
fazem com que, durante as contrações cíclicas, as pressões empresariais
para manter os lucros às custas do nível de salários tendam a se transferir 2.4. A Deterioração e os Ciclos Econômicos
para a periferia, na qual a capacidade de resistência dos trabalhadores é
A título de síntese, considerem-se as seguintes afirmações: “A maior
claramente menor (12).
Pode ser observado desde já que este primeiro aspecto do argumento capacidade das massas, nos centros cíclicos, para conseguir aumento de
tem uma estreita conexão com as características de estruturas implícitas nos salários durante as fases de expansão e defender o seu nível nas fases de
conceitos de centro e periferia. Na verdade, é a própria “condição periférica11 contração da atividade econômica, assim como a aptidão desses centros,
", ou seja, o atraso estrutural em relação ao centro no que diz respeito aos pelo papel que desempenham no processo produtivo, para deslocar a pressão
níveis de produtividade e diversificação do aparato produtivo - que torna cíclica para a periferia, obrigando a que esta comprima as suas rendas mais
possível a maior contração cíclica dos lucros e salários pagos na'periferia.
J... que !•__ intensamente que os centros, explicam por que as rendas destes tendem a
No que diz respeito às condições fazem necessária*^ maio7cóntra-
subir com mais vigor do que as dos países da periferia, conforme demonstra
Ção das rendas e dos fatores produtivos da periferia, diz-se que são também
de natureza estruturai: relacionam-se com a posição da atividade primário a experiência da América Latina... Nisso está a chave do fenômeno segundo o
qual os grandes centros industriais não só retêm para si o fruto da aplicação
exportadora ria estrutura da produção da economia mundial *
Como se sabe, essa atividade ocupa as primeiras esta™ Hz. das inovações técnicas na sua própria economia, como, além disso, estão em
Dfodutivn
produtivo e r/ancírá» UM..., —
consista, em linlias _________
gerais, numa produção insnmdo processo
- de dpas • da^r^eria“ QJ) C3^íar uma Paríe d° Que surge no progresso técnico
lnÍArmA.
diários, cuja transformação posterior se realiza nos centros indi t°S ,m ternie'
outro ângulo, devido ao próprio caráter da produção perjféri S n^S* ^es^e No texto acima doííp.ça j
deterioração tenta expíca, simLtJe o
da é derivada: depende do nível de demanda final que é cerad * SUâ deman'
cíclicos. Quando diminuem nestas os níveis de atividade e d h**0* centros longo prazo das rendas e dos n mente as flufuaçoes e as tendências a
periferia, tais níveis também se contraem; ou, em outras pJavr!?^3’ na dade econômica, os salários (e co^^ ^uraníe as ^ases de declínio da ativi-
62 P vras> quando riais) se comprimem mais na’ ne^f0 WU também os l^ros empresa-
ena do que nos centros. Ainda que as

IX \
63

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^te preciM* neíte ponto. excedente de (^T v
de salários). e. finals ' ‘3 - -feeoeacfc
r ao$ recurw$ P'nft-. aa fttó_
*> iLffl^‘nen,0,deexpanjJoecori’-- necessário, expresuo e ■
trfoEm progresso técnico
frutos doincorporam^
dosresumo, aj nos w * .... “’’««cea.
°’’2T*>‘*cW’ LL un» tendência de longo prazr/_;
^'“í íédití entre oí dob P0105 do S1Jte~*
tos de centro e periferia, quer dizer.- -
de intercâmbio não é senão a outra fj> nos pontos 1, 2, 3 e 4. De outro lado, rjo i. ? -----
a ^ú{eúidurant;as exp^ imprimem
descritas nouma conotação
ponto dinâmica
5 do capítulo üsoc
a o*.
citado) '« '*7, V'*?-*
intensidade nas conjunturas de declínio, i;
XTU produz*:uma tendéncia de long0 formalização afirma que a diferença estrutural d^^’ me,BK>
base da diferença entre seus níveis de rend/í 5 1??
*£2*- XS2*>- A ™ melhona n0S aUges Provavelmer.-i tência de uma relação geral entre eles. Dito d-ou^ *** reR«*r'á txt
de »> *“' rendaJ se diferenciem, tendo-se ent cor.t,
a elaborar uma análise precisa e coerent- das “?raa«ira, não se <4..
maísnos centros que na periferia.
a queda da relação de intercâmbio agrava a difert-. tentes entre essas duas desigualdades fundamenta
M (2Sa op«^- disparidade entre os aumentos das produn.
de rendas que aemtm
niiie^t^b^duii portanto, que a tendência à deterioração dos termos
tSnbio constitui um mecanismo mediante o qual se realiza a tender,-
2 fonontração dos frutos do progresso técnico (ou seja, à diferenciação
notas
freadas). Em última instância, essas duas tendências paralelas têm as me-,
(1) As primeiras colocações da CEPAL sobre a deterioração des tenso» oo imexcâra-
XSZS 2S condições estruturais que dão aos centros e à periferia dife- bío se encontram em Principais Problemas, cspecialmer.te cas págzLu de 4 i 7 ;e em
reates aptidões para conseguir aumento de rendas nas fases de expansão cícli- Estudo, especialmente no Capítulo III.
n 2SS2HJ como para evitar a sua redução nas fases de declínio. (2) Esta divergência aparece, por exemplo, em publicações recentes sobre a teoria do
intercâmbio desigual: “A tese de Prebisch é a mesma de A. Emmanuel. ExpBca a dete­
Como se pode observar, a “versão ciclos” da tendência à deterioração
rioração dos termos do intercâmbio pelo aumento regular do nível dos salinos somente
não alcança níveis plenamente satisfatórios de rigor analítico, pois nela não
nos países desenvolvidos. Não pode ser confundida com as teses de Singer e dos outros
se am segue formular de maneira precisa as relações existentes entre as flutua­ que estão baseadas na análise da demanda (sobre este assunto Emmanuel cai numa
ções do nível de atividade e da renda social de centros e periferia; nem se confusão que o leva a ser injusto com Prebisch)”. Samir La acumulanon a eseda mun­
chega a esdarecer os vínculos entre essas flutuações e a oscilação paralela dos dial, México, Siglo XXI, 1974, p. 108 — Amin.nota 71).
preços dos bens de exportação e das remunerações dos recursos produtivos
W Xte^nto/e através das relações que se estabelecem «n
nos dois pólos do sistema. Apesar dessa carência instrumental e do seu caráter
discursivo, a análise avança até o ponto de incorporar com relativa coerência os pressupostos dos documentos da CEPAL sobre a rehçao entre preços rendas,
o grupo de idéias mais gerais que constituem o conteúdo do pensamento da textos pertinentes são citados mais adiante. ™rní»ira mite.
CEPAL Nesta teoria, admite-se que as mudanças na dotação de recursos, nas (5) Veja-se especialmente o texto transcrito na nou (ix) o ane
(6) Com base na expressão y = Lp/Li • R, pode-se afirmar que o valor de (Lp/
técnicas produtivas e na produtividade do trabalho constituem as caracterís­
Lj)2 se afastam mais da unidade quando Lp e Lj representam as produtividades
ticas mais gerais do processo de desenvolvimento a longo prazo do sistema
da periferia e dos centros do que quando representam as produtividades de seus s
^onómico, que esse sistema está formado por centros e periferia, os quais
exportadores. _ • a iv. “rela-
caraculí-/10 ^ue. aspeito a estrutura e função econômicas (estas (7) O conceito utilizado até o momento é o de termos do intercâmbio e ns ou
de desen iferenciais instituem o marco no qual se produz o processo ção de intercâmbio”, segundo atual nomenclatura da CEPAL.^ Mais adiante sera _
que existXVIlnfCnl0 ^°U de ProPa^a^° universal do progresso técnico); uma referência explícita à “relação fatorial simples”, de intercâmbio que e a re çao e
intercâmbio multiplicada por um índice de produtividade das exportações, assim com
maiores nos cent^d ÍSÍ*nt0S aurnento da produtividade do trabalho,
à “relação de intercâmbio fatorial dupla”, que equivale à anterior, dividida por um
rioração dos term°S d na.Per^er*a» flue há um nexo causai entre a dete- índice de produtividade das importações. Ainda que simplificadas ao máximo, as tor-
periferia, especial™ f ^^^mhio e as condições de estrutura próprias da mulas (1) c (5) se referem tacitamente a esses conceitos. A sua definição precisa pode
n e no que concerne à tendência à geração contínua de ser vista no documento América Latina: Relación de precios dei intercâmbio, Cuadernos

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> o I S»<'t>>80 & ^e’ 1 difercntcj i
B
.\
> 0 ^'".li rfo registradas coincidem com as usuai.
.’ M que constam em J. Viner, Studies in
■■
,e'"u '
Capitulo

L
'
j^.fí^omuçío de uma tendência à deterioração dos teffrin
<**Í£Í*» flu,lUÇÍ0 cicto’ Wjwe EstUd°' p- 61 Wfcdo na? d°
3
A INTERPRETAÇÃO
* Vá^&u^,pp-6le62.
DA INDUSTRIALIZAÇÃO
no, £oli<^a"«"1«^“tenor-tfirnu-sequenajexparisõescíclici D PERIFÉRICA '
junior índia se R, i(Lj/Lp)t. s°i
dl) De «cardo com a nomenclatura já utilizada, a expressão y - r
4 * consta,i deterioração de R traz consigo uma redução~da'.R'*LDt
iaàu(y)- reiaçao entre
(13 V^Mtípeú Problemas, p. 7, e Estudo, pp 62-63 íFo ; ■
dado ninou (rin) do anexo à primeira parte.) ? X (E te “Huno texto e...
(13) Mndpais Problemas ,p.l, u

O título se refere a um grupo de teorias parciais destinadas a explicar


certas características e tendências das economias latino-americanas durante a
fase chamada indistintamente de industrialização, substituição de importações
ou desenvolvimento para dentro. A elaboração dessas teorias começa com os
primeiros documentos da CEPAL, junto aos corpos de análise examinados nos
capítulos anteriores, mas só em meados da de'eada de 1950 é que chegam a
constituir, senão uma “teoria da industrialização”, pelo menos uma interpre­
tação da industrialização periférica relativamente integrada.
Já foram mencionados os fatos e as tendências que se consideravam
então características fundamentais da fase de industrialização (1) e que são
objeto dessas teorias parciais. Numa brevíssima síntese, as conclusões das
mesmas podem ser descritas através do seguinte conjunto de enunciados: i)
quando a economia mundial alcança um certo grau de amadurecimento e/ou
um certo nível de renda, a industrialização passa a ser a forma necessária e
espontânea do desenvolvimento da periferia ;ii) a substituição de importações
constitui a forma obrigatória da industrialização periférica, trazendo consigo,
forçosamente, uma mudança na composição das importações; iii) a tendência
ao desequilíbrio externo é inerente à industrialização por substituição de
importações; iv) durante a fase de industrialização, há uma tendência a
produzir-se desemprego da força de trabalho; v) além disso, originam-se
esequilíbrios intersetoriais da produção; vi) as condições próprias da agri-
cu tura incidem de maneira decisiva nestas duas últimas tendências.
66
Os primeiros seis pontos deste capítulo examinam a argumentação que
Chegar 3 CStes enunciados. Os diferentes argumentos parciais utilizam
alcanc len^°'S an^^se Peculiares à elaboração teórica da CEPAL, os quais
íveis consideráveis de complexidade e precisão. Entre esses instru-

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«mU ertn"»"1 d0 "jus,í‘ do b,,J"Ço
0 dt um» t«m» cM.un.tal do eni.
j^niíA. óriinfâmwt^ F*1
* l*®""”” ., dM uitecedcntcs. Pretende nr„.
’**‘n ponte ’ teoriM e argumentos parciais que con-
Xie que-mwno *•*? L-áo perifíno nío chegam »se inteRIar
Sm. ^coincidem cm seu conteúdo básico. „ qUe
«nr. toóo !»«-* ^Xnpatíveis em linhas gerats Como se poderá
« conecta enttt st. tuendo^ stl|ufdo pOr aquelas idéias da concep.
Obrrv». esse omtcMo cm»m» ri3S das cconomias periféricas,
(ío tmaal que se ‘TÍcraV 'o ]lado para dentro,
durante a fase de desenvohunento sotrau t

o CARÁTER NECESSÁRIO E ESPONTÂNEO D A


industrialização
Os primeiros trabalhos da CEPAL, conforme já foi dito assinalam a im­
portância das duas guerras mundiais, assim como da grande depressão, no de­
senvolvimento industria] de diversos países da América Latina. A ense dos
anos trinta não é considerada somente um fator conjuntural de impulso à in­
dústria, más também um reflexo de profundas transformações estruturais que
alteram significativamente a evolução e o funcionamento do sistema econômi­
co mundial.
i) Sustenta-se que essas modificações de estrutura, de grande importân­
cia para a periferia, estão relacionadas com a mudança do centro cíclico prin­
cipal do sistema, posição na qual a Grã-Bretanha é substituída pelos Estados
Unidos. A grandeza do coeficiente de importações do novo centro é notavel­
mente inferior à do antigo, além do que, tende a diminuir com o tempo. Se­
gundo se afirma, ambos os fenômenos provêm de uma acentuada política pro­
tecionista, muito diferente da política de livre câmbio predominante durante
o período de hegemonia britânica.
O protecionismo e a diminuição do coeficiente de importações são vis­
tos como relacionados com duas ordens de fatores: a relativa escassez de mão-
de-obra da economia norte-americana e as peculiaridades de seu progresso
técnico, que, ainda que maior do que nos outros países industriais, produz-se
a riLmos diversos nos diferentes setores e ramos de atividade. A explicação da
influencia desses fatores é simples. Em certos ramos, a produtividade do tra­
balho aumenta intensamente, devido ao avanço técnico; dada a escassez relati­
va de força de trabalho, esse incremento induz e permite o pagamento de
salários mais altos do que no resto do mundo. Ao mesmo tempo, em outros
ramos ou setores, a produtividade também aumenta mais do que nas outras
economias industrializadas, mas a diferença entre os incrementos de produti-

FALTANDO A PAG. 69
w8o b»M. qut • renda d. periferia diminua na mesma propor?io (|llc
X. Como < ci.ro. se o coeficiente do centro se reduz, a renda pctif
deverá diminui, em maio, pmporçáo que a centnca Prensa. ,
contração das importações cêntricas (exportações per féneas) induzi(la p.

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redução do coeficiente. Assim, quanto maior for esta ultima, maior devCrá ‘
a diferença entre a redução percentual da renda periférica c a do centro.
O raciocínio válido para a fase oposta é semelhante. Admita-sc para $.
plificar que. uma vez finalizada a contração, recupera-se o equilíbrio ex tcrn<)
Ao sobrevir o novo auge, o coeficiente do centro pode continuar reduzin(]^
se; neste caso, para que na periferia se produzam superávits suficientes para
recuperar todas as reservas anteriormente perdidas, será necessário que a rerK
da do centro cresça mais intensamente do que a da periferia, e tanto maj$
quanto maioi tiver sido a redução do coeficiente.
iii) A argumentação sobre a tendência à concentração das reservas no
centro e, por conseguinte, ao equilíbrio da balança comercial do resto do
mundo, desenvolve-se por contraste com o raciocínio que acaba de ser descri
to (3). Para equilibrar a balança comercial durante as contrações, as rendas
dos países do resto do mundo teriam que se reduzir mais que a do centro,
devido à queda do coeficiente de importações deste último. Para que o novo
centro cíolico ”... deixasse de atrair ouro, depois da contração, e começasse a
expulsá-lo...”, seria necessário ”... que sua renda crescesse muito mais intensa­
mente que as do resto do mundo: com tanta amplitude quanto fosse necessá­
ria para compensar primeiro, e sobrepujar depois, os efeitos do descenso do
coeficiente” (4).
Mas, nada assegura que se cumpram essas condições de equilíbrio a lon­
go prazo no comércio internacional. Pelo contrário, postula-se que a persisten­
te ”... atração do ouro pelo centro cíclico principal...[é]... expressão de um
fenómeno dinâmico muito mais profundo, relacionado com o ritmo e o modo
de crescimento econômico dos diversos países” (5). O crescimento do novo
centro cíclico é de tipo autocentrado, fato que se reflete no declínio de seu
coeficiente de importações; e isso, junto ao ritmo de tal crescimento (resul­
tante em média das variações conjunturais da renda), parece ser incompatível
com os ritmos de crescimento da renda induzidos pelas forças da acumulação
nas economias do resto do mundo. Daí a reaparição pertinaz do desequilíbrio
externo, que obriga estas economias a reajustar as suas relações com o centro
cíclico a fim de continuarem crescendo (xxxviii). Ao sobrevir a recuperação
da crise dos anos trinta, e devido ao tipo e ao ritmo do crescimento do novo
centro cíclico, o resto do mundo viu-se obrigado a reduzir o seu próprio coe­
ficiente de importações — ou a mantê-lo no nível baixo que teve durante a
crise — para que a taxa de aumento de suas rendas pudesse exceder à dos
1
Estados Unidos.
A reação das economias latino-americanas é vista como similar à do
70
FALTANDO A PAG. 71
melhor c mais completo apTfKap , impuhion-m 1 «C’lm’ilaqSo .
reduçto da proporção em que fi;X‘n‘odapr^oeda^-^?'
no valor do produto final; a|$m , c A realiwçâo desta potencialidade

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de matérias-primas naturais por prod1It ,uiIíbtio externo. Para isso. faz-,,
„. m«íor Of »»>«•-'..... 7.,, q nufaturas cuja demanda cresce intensamen». K
p <»* . r"*»" àc bcns rnmános No i'ie di? r«p.„ J '
fntidío relativa da expansão da demanda > ?Tn<in
0 crescimento da renda. ultrapassados certos llr ./■ Ti permite obtê-las através da exporta^ Em Wrn '
’’Xmentr na procura de alimentos que é relativamente o indústria é necessária para que a periferia '
r^’7 ^com o incremento na procura de uma variada gama de ,r . riüido que o do centro, ou. mais precisamente. > ,ma
»* X O» «ervif»)- not 8 F^icipaçâo dc produtos primários é ■ limite imposto pelo crescimento do centro - a áiw-da<>
Inclurrve. no que toca aos alimentos, a procura tende a desloca,.,e p,j, > Pode-se, então, dizer que o desenvolvimento da devem
*^Xs mais elaborados, cm cujo valor o conteúdo dc bens primários também tl obrigatoriamente, na industrialização (6).
‘ rejua Esses fatos explicam por que a clastiadadc rcnda da demanda de im- ■ periférica que
rendaAdmita-se a industrialização
superior ao do centro,permite e provoca
e. portanto, um crmcimemo
superior <
10 i» -xpcrl
porticõn prinün® do» centro» é menor que a unidade (xl).
Ao contráno. a clasticidadc-rcnda da demanda dc importações da p<TV B ções. Por causa da elevada elasticidade, as importações da penfena tenderão
fern tende a ser maior que um. Considera-se que essa tendência depende dai a crescer mais que a sua renda, assim como a ultrapassar prontamente »rua
modificações na composição da demanda que acompanham o aumento da capacidade para importar. Para impedir o desequilíbrio externo, ta te necev
renda - modificações estas acentuadas pela imitação das pautas dc consumo sário limitar a importação de alguns bens, passando a produzi-lcs mtenumen.
te assim como evitar a importação de certos bens supérfluos. pan atender a
predominantes nos centros - c das necessidades de importação dc produtos
forte demanda de importações industriais originada pelo crescimento da renda
intermediários c bens de capital, resultantes da especialização do aparato pro­
dutivo perífenco (xli). e pela produção interna de bens que antes eram importados. Em síntese: a m-
dustrialização da periferia deverá realizar-se necessaramente pelo caminho da
No raciocínio ccpalino parte-se desse postulado da disparidade de elas
uadades c admite-sc, como uma simplificação adicional, que os lermos do in­ substituição I
Como de importações
acaba (7).
de ser assinalado, a industrialização da penferu exige a li­
tercâmbio náo variam e que não há movimentos de capital entre os dois pólos
mitação da importação dos bens cuja substituição física está sendo realizada,
do sistema Convém ainda deixar claras as seguintes implicações que aquele
além de restringir também a importação de outros bens dos quais se pode
postulado traz consigo: o valor da elasticidade nos centros, inferior à unidade,
supõe que as suas importações - ou seja, as exportações da periferia - cresce­ prescindir, pelo menos temporariamente, para poder aumentar a importação
rão a um ntmo inferior ao da ienda .contmriamente, na periferia cuja elastici­ dos bens necessários para a produção substitutiva. No entanto,!compressão
dade é maior do que a unidade, as importações aumentarão a uma taxa maior das importações não atinge os mesmos tipos de bens cuja importação é preci­
que a renda respectiva. Conclui-se daí que haverá uma tendência ao déficit na so aumentar. As condições de atraso relativo no conhecimento das técnicas
balança comercial da periferia, no caso em que a sua renda aumente a uma produtivas, assim como as limitações de mercados inerentes aos baixos níveis
taxa maior que a do centro. A razão é clara: na periferia, as importações de produtividade e renda dos quais se parte, obrigam a começar pela substitui­
crescerão mais do que a renda, e, portanto, crescerão também mais do que a ção física dos bens de elaboração mais fácil, do ponto de vista do grau de
rciida da economia central, u qual, por sua vez, cresce mais que as importa­ complexidade da tecnologia disponível. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento
ções do centro, ou seja, mais que as exportações periféricas. Além disso, . industrial requer quantidades consideráveis de outros tipos de bens, em parti­
coudui-se a contrario sensu que, paia manter o equilíbrio externo, a periferia cular de máquinas, equipamentos, combustíveis e outros produtos intermediá­
deverá crescer a uma laxa menor que o centro. rios de produção estrangeira. Entende-se pois que a industrialização substi­
A cotiClusão anterior contrasta com a capacidade de crescimento que, tutiva leva necessariamente a unia mudança na composição das importa­
aparentemente, tém as tconoiruas da periferia, em particular, as da América ções (8). v
Latina. Esta» dispõem, tin maior ou menor medida, de recursos naturais não da CEPAu'cof CXCm^° transcrito a seguir é o primeiro que, nas publicações
aproveitados, de uma população em rápido aumento e dc amplas possibilida­ Qportlué das «onomias periféricas tomarem
des de mcrtmenui a piodulividadc do trabalho, tendo em vuu o espectro de uiho da industrialização e o porquê desta se realizai
técnica» conhecida» no lesto do inundo. Pode-se portanto esperar que esses 73
72

l-
equriTÜcnte
100sópars
tar de expn
ISO,
aumenta ou seja,
de 40 50%,
para , eou
- * 50, que ao 25%
seja, mesmo temno
Dos ~ara ■
150 a m pacidadc p .
de

■ - ..
te da procura não poderia ser atendido com importações, já que elas ólt
urresPonden.
sanam permanentemente a capacidade para importar. Uma vez esgotadas^

reservas monetárias, seria impossível manter essa situação.


É claro que é pouco provável que esse incremento de 10 na produção
interna, destinada a substituir importações, possa ocorrer proporcionalmente
em todos os artigos que as constituem. Em geral, escolher-se-iam aqueles cuja
produção fosse mais fácil de empreender ou aumentar. Assim, no caso de
alguns artigos, deixar-se-ia de importar, ou se importaria menos do que em
função de um grande desenvolvimento da produção substitutiva; já no caso
de outros, continuar-se-ia importando em toda a medida exigida pelo incre­
mento da demanda sem nenhum desenvolvimento de produção interna. Have­
ria, pois, uma mudança na composição das importações: os 50 agora importa­
dos seriam distribuídos de forma diferente dos 40 que antes se importavam” (9).

Em resumo, durante a fase de desenvolvimento para dentro, a expansão


das economias periféricas se baseia obrigatoriamente na industrialização. Esta
última se realiza necessariamente, através da produção interna de bens que
antes eram importados, ou seja, a substituição de importações, num sentido
físico. Para que a industrialização se dé, é preciso, além disso, limitar a im­
portação dos bens que passam a ser produzidos internamente, assim como a
de outros bens supérfluos, para que se possa aumentar as importações necessá­
rias para produzir os bens cuja substituição for empreendida; mas, como se
comprime a importação de certos tipos de produtos e se expande a de outros
tipos, a substituição de importações é acompanhada de uma mudança na com­
posição das importações. Através da industrialização substitutiva, logra-se
(ainda que
A com tensões na balança- comercial) que a produção e a renda cres-
çam a um ritmo superior ao das importações e exportações globais. Assim, a
industrialização através da substituição de importações traz consigo uma bai­
xa nos coeficientes de importações e exportações das economias periféricas
OO).

FALTANDO A PAG. 75
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• nturais do valor das exportações. qu djfjculdades na assimilação das técnica,
evoluçío economics dos centros (xlv). *** , r_
se dá sem dificuldades. No entanto, Nessa evolução, o aumento dos salário, '
con*» do nfvel de renda e do nível de ativid,(lç
ÍÜ * ^utaTas “pode exigir importações superiores à reduzida Ca. para uma contínua criação de inovações tecnd?" ’*ni
^de-obra por capital. A adoção de tais técnfcM ■ •
2*Íp^ifflPO7rtendência ao desequilíbrio externo vincula-se ao Ieve. apitai tendia, certamente, a produzir desemprezo mairjI '

pessa de (bondade e períodos de aguda escassez de divisas, contribuía para absorvê-lo, graças ao aumento das
^unento de l*rrcsultad0 de longo prazo da oscilação do valor das expot’ >*. 'A
novos procedimentos de produção. Quando os efeitos
elâ é vistai como u importar, diante do montante crescente de im.
emprego voltavam aa pressionar
aumento estimulava o nível
incorporação de uma salários
dosnova conent^.^ -
tíÇÔe$ C Jue a própria industrializado substitutiva exige (xliii).
procedimentos técnicos de densidade de capital ainda maior a°^’c^
çáo
mecanismo do tipo edosalários,
entre emprego que se acaba de técnico
avanço acumulação
esboçar,eexplica o gndXínto^
4. A TENDÊNCIA AO DESEMPREGO ESTRUTURAL
densidade de capital, durante o desenvolvimento dos grandes centros indus­
De acordo com os documentos da CEPAL, os problemas de emprego
triais (xlvi).
apresentam, na periferia, características próprias, diferentes das dos grandes Um mecanismo deste tipo funcionou nos diversos setores e ramos de
centros industriais. Nestes, as oscilações do nível de emprego obedecem prin­ atividade, de modo que os seus resultados se estenderam a todos eles. A mobi­
cipalmente a imperfeições no funcionamento do sistema econômico, ou seja, lidade dos recursos produtivos tendia a nivelar a sua remuneração nas diversas
são, por natureza, de tipo conjuntural. Ao contrário, a tendência ao desem­ atividades. Desta forma, quando a elevação dos salários impulsionava a ino­
prego das economias periféricas é de caráter estrutural: em última instância, vação e o aumento da densidade de capital em certos ramos, possibilitando,
depende de como penetram as técnicas produtivas geradas nos centros e de por sua vez, o pagamento de novos salários mais altos, a propagação dos
como se transforma a estrutura produtiva durante a fase de industrialização. maiores salários a outros ramos e setores influía no sentido de que também
Os elementos que entram em jogo na explicação dessa tendência são os neles se adotassem tecnologias de densidade de capital mais elevada (xlvii).
seguintes: a baixa capacidade de poupança e de acumulação, relacionada com Em resumo, postula-se que o progresso técnico das economias centrais
os baixos níveis de produtividade e renda média que predominam na perife­ traduziu-se num aumento paulatino da quantidade de capital por unidade de
ria; o tipo de tecnologia que esta se vê obrigada a adotar, cuja elevada densi­ mão-de-obra e numa relativa homogeneização da densidade de capital nas
dade de capital e grande escala incidem negativamente sobre o emprego; a
existência "... de grandes massas de potencial humano de exíguo capital e diversas atividades produtivas.
É de se observar que este postulado vai unido a um pressuposto adicio­
uma ainda menor produtividade...” (14), isto é, de "... um excedente real ou nal: à medida que a densidade de capital aumenta - e com ela a produtivi­
virtual de população ativa...” (15), nos setores onde se manifesta a heteroge­ dade do trabalho e os salários — incrementa-se também a produtividade do
neidade estrutural peculiar das economias periféricas (xliv). próprio capital, de modo que a sua remuneração possa manter-se em níveis
A explicação da incidência destes diversos elementos na tendência ao que não desestimulem a acumulação. Em relação a este aspecto do avanço
desemprego se baseia no conceito de inadequação da tecnologia. Resulta,
técnico, afirma-se que só err. abstrato as inovações podem ser divididas entre
pois, conveniente começar precisando o seu significado (4.1), para depois as que são destinadas a economizar mão-de-obra e aumentar a sua produti­
examinar como ele é utilizado na análise da tendência mencionada (4.2).
vidade mediante uma maior quantidade de capital por homem, e outras que
elevam a produtividade do capital. Na prática, os dois objetivos cumprem-se
4.1. A Inadequação da Tecnologia
juntos; em geral, com cada inovação logra-se aumentar simultaneamente a

i) As condições de atraso com que começa a industrialização da perife­ produtividade de ambos os fatores.
Assinala-se, além disso, que o progresso técnico deu lugar à criação de
ria tão consideradas substancialmente mais agudas do que as que existiram
processos produtivos de grande escala, compatível com o nível de renda e o
entre os diversos centros, quando cada um deles deu início ao seu próprio
tamanho dos mercados dos centros, mas excessiva em relação às dimensões
processo de industrialização. Esse atraso relativo maior traz consigo sérias
76 das economias de menor desenvolvimento. Afirma-se ainda que esses pro-

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I
. a partir de sc(orcj dc , ‘ >
«rfn* «Pl'*1 e nW l° ” PT'çte II-

«1 ‘.Tde opil>l. “ WvuiWdadcs do «cab c, 0 resumotccno/óg
anteriorICo provocado
nfo mostra 0 ’ "«mo, >n; ern" c°n*Wncia
MF \
** 5 d<flSí devem combinar os fatorcs sJo, pois<
V *■£?*<■£££ io*» ”cenlros <■»
kc fjn q . n«o «rada nos centros (16).
’ „ (,abadiar com aproxímaçfca,„ccslíw .
»análise cepalina, as economias penféncas se vêem íco fases distintas, os diversos elementos qUc i^0 Pa,5°a
ii) De ,íord0t^icss com as características mencionadas, inadequadas ornada tendência ao desemprego estrutural. 9 "* e’'PhcaçJo ?
«Mpd» ’ ““^s de atraso e de superabundância relativa de mão-de-
â$ Jias tais técnicas, alcançam-se níveis máximos de i) Na primeira fase da apresentação considera se
moderno de uma economia periférica hipotética. 0
Nesse aspecto, faz-se uma distinção entre o ponto de vista
fiabilidade,^ comparar alternativas de investimento de distinta acha-sePor
relacionada a procura
definido,com a acumulaçSo trabalho
adicionaldedecapital no num
mes PCn°d0 qUll<]Uer
í^dade capital - quando essas alternativas existem - os empresários unidade de capital acumulado gera uma procura adicionjl^'10'10 Cada
Sos improvam geralmente que as técnicas de maior densidade são equivalente ao inverso da densidade de capital com que se trabalh^'0^1
^bém as de rentabilidade máxima. Os maiores custos no tópico capital são de tal modo que o aumento da procura será equivalente ao pmd , "Ose,Or'
mento de capital pelo inverso da densidade. P U 0 do incre’
compensados com sobras pelos menores custos no tópico trabalho, apesar do
too nível de salários da periferia. A avaliação da rentabilidade com critérios
O aumento
ao produto da de
da taxa oferta
crescimento dadurante
de trabalho população período
um ativa de
su™». •
™ eqwvale
bxseados no conceito de ótimo social conduz a resultados semelhantes. Como
pele emprego do perfodo p,Mo. ftn prese„„’ „ ?
o progresso técnico aumenta a eficácia do capital, os custos derivados do uso
necessáno que a procura e a oferta adicionais se igualem condicãod? 8 i-
desse fator são menores nas alternativas de investimento que incorporam as
brio que pode ser sintetizada mediante a seguinte ekpreX 9
técnicas mais modernas, a tal ponto que a sua rentabilidade resulta máxima,
mesmo quando se imputa ao trabalho um custo de zero (xlix).
Na verdade, a conclusão acima deriva de forma necessária das colocações
relativas à evolução tecnológica dos centros, descritas anteriormente. De
(1)
acordo com elas, o progresso técnico eleva a densidade de capital de uma
maneira paulatina, mas, ao fazê-lo, aumenta tanto a produtividade do capital
como a do trabalho, ainda que em diferentes ritmos. Este incremento simultâ­ (AÁ^+1) representa a acumulação no período (n + 1), (k/t) é o inverso da
neo da produtividade dos dois recursos produtivos significa que cada nova
densidade de capital, (e) a taxa de crescimento da população ativa e, final­
técnica é mais eficiente no uso de ambos, e que, portanto, suplanta as mais
antigas, tomando-as obsoletas. As economias periféricas vêem-se, então, obri­ mente, (E^) o emprego do setor moderno no período (n).
gadas a usar as tecnologias mais modernas, de elevada dotação de capital por Como é óbvio, quanto maior a densidade de capital (t/k), menor será
homem, pela simples razão de que nelas a eficiência técnica é maior e, em o seu inverso (k/t), e, em consequência, maior o capital adicional (àEn^
consequência, também o é a eficiência econômica, tanto do ponto de vista
privado, como do social (17). exigido para dar emprego à oferta adicional de mão-de-obra gerada pelo cres­
cimento vegetativo da população ativa. No entanto, no contexto do pensa­
4.2. Acumulação, Tecnologia e Emprego mento cepalino, que se refere à dinâmica do desenvolvimento da periferia,
esta conclusão sobre a grandeza absoluta de capital e emprego adicionais care­
Numa brevíssima síntese, a argumentação da CEPAL a respeito da ten­ ce e importância. Nesse contexto, interessa examinar o ritmo de acumula-
dência ao desemprego poderia ser descrita da seguinte maneira: a acumula­ ç o necessáno para dar pleno emprego à força de trabalho e, sobretudo, verifi-
ção da periferia é exígua, devido aos seus baixos níveis de produtividade e tecnoló^^na ° ** °^° acumula?io requerido diante de diferentes opções
renda;ao traduzir-se em investimentos de elevada densidade de capital e grande
escala, mostra-se insuficiente para absorver produtivamente uma oferta de expressão ? ° cquiííbrio dinâmico do mercado de trabalho é dada pela
força de trabalho de dimensões consideráveis; oferta que provém, por um
lado, do crescimento vegetativo da população e, por outro, do deslocamento
8
s • k = e

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ni quil (i) representa a tax
de poupança. De acordo com esta expresso,
do prOccsso de desenvolvimento, t
jnantef o P,eno «"prego é n«ce,tírio
de acumulação se equip,,. à taxa J*. «m cada p.r(
w ■
em relação ao emprego no setor rnode^? at^ ’
pan preservar o pleno emprcg , . equivalente à taxa de aumento
necessário que a taxa de acumulação v > ritmo de acumulação (, . k) do p-ríJ?L ia xa
taxa de poupança (i) tanto menor quanL 3 ,gUal ’ «h, será °
da, a produtividade desse fator (k) a ^dade’dc

ae 03,,.,. Considerem-se agora as causas p|a -


a^u^ade dolors recursos produtivos consrderados var-se incrementan- com os pressupostos antes enuncrados. entre7J° De acordo

do A do trabalho cresce mais do que a do capital; no entanto, a uma maior maior proporção de emprego no setor arcaico a uma
ter-se-á uma mais alta taxa de aumento da XT - 10 ímPie?° total
densidade de capital corresponderá uma maior produtividade do mesmo (k),
prego no setor moderno. Por exemplo se àem rsla^° 10 «m-
de modo que. permanecendo igual à taxa de crescimento da população ativa
dois setores, e se o emprego se distribui entr-T-^.atr'aaumenta 3% nos
(e), será menor o esforço de acumulação (a taxa de poupança, s) requerido
de aumento da oferta de trabalho em relação" mstads’ a taxa
para preservar o pleno emprego. Mais ainda: considerando-se somente o setor
no será de 6%. Se o emprego se distribui entre •Set<” n‘OdW‘
moderno, não se vê como pode existir uma tendência ao desemprego estrutu­
moderno na proporção de 4 a 1, essa taxa se elevará a 15% '■ ° 56X01
ral, pois, ainda que fosse muito alta a taxa de aumento da população ativa
a densidade de capital e a sua produtividade tenham valores nítolit'1'
nesse setor (v.gr., 3%) e muito baixa a produtividade do capital (v.gr.,fc = 0.3),
a conservação do pleno emprego exigiria um esforço de acumulação relativa­ favorecendo a acumulação e o emprego, se o setor moderno é pequeno, a sua
mente pequeno (s = 0.1). acumulação e o seu crescimento podem ser insuficientes para dar ocupação à
ii) Na segunda fase da apresentação, começa-se a integrar na análise o força de trabalho adicional que se origina não só nesse setor, mas também no
fenômeno da heterogeneidade estrutural, admitindo-se, para isso, que há um atrasado. Para ilustrar este ponto, admita-se que a produtividade do capital
setor arcaieo que coexiste com o moderno. alcance o nível relativamente alto de 0.6. No primeiro dos exemplos anterio­
Para simplificar, supõe-se que os bens produzidos pelos dois setores são res, onde a população ocupada se distribui por metades entre os dois setores,
distintos e não concorrem entre si, de modo que, no setor atrasado, não se a taxa de poupança necessária para preservar o pleno emprego é de 10%; no
gera desemprego tecnológico. Postula-se ainda que esse setor consegue reter segundo, com 4/5 da ocupação inicial no setor arcaico, a taxa de poupança
toda a mão-de-obra ocupada num período inicial arbitrário, ainda que expulse requerida sobe a 25%.
todo incremento de força de trabalho derivado do crescimento de sua popula­ No caso simplificado que está sendo examinado, se a tendência ao de-
ção ativa. seprego é encarada desde a perspectiva da oferta — ou seja, supondo dado o
Admite-se que a taxa de aumento da população é a mesma nesses dois ritmo de aumento da população ativa — essa tendência aparece como o resul­
setores componentes da economia periférica. Diferentemente do caso anterior, tado de uma taxa de acumulação insuficiente (21). Caso se olhe o problema
a oferta adicional de trabalho provém do crescimento vegetativo dos dois desde a perspectiva inversa — quer dizer, considerando dada a taxa de acumu­
setores, e não só do setor moderno. A procura adicional é semelhante, já que lação — a mesma tendência parece derivar de variáveis demográficas e da
de acordo com os pressupostos adotados, toda a oferta adicional deve ser incapacidade dos setores atrasados para reter o aumento de sua população
absorvida pelo setor moderno. A expressão
ativa.
A simplicidade do caso em estudo permite ainda visualizar mais facil­
mente que, a análise cepalina dos problemas do emprego considera de modo
e ' Ea
k = e + simultâneo essas duas perspectivas; não privilegia nenhuma delas, mas sim o
En (3)
m conceito de heterogeneidade estrutural, subjacente a ambas. Com efeito, a
tendência ao desemprego pode ser atribuída a um desajustamento entre os
na qual Ea representa o nível de emprego constante do setor arcaico, reflete ritmos de acumulação e de aumento da força de trabalho; no entanto, nesse
uma condição de equilíbrio dinâmico do mercado de trabalho compatível desajustamento influi de forma decisiva a importância relativa inicial dos dois
com os pressupostos anteriormente enunciados (19). setores componentes da economia periférica, ou seja, a grandeza de sua hete­
Desta equação extrai-se uma conclusão similar à do primeiro caso: para
rogeneidade estrutural.
80 81

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•ores permitem também concluir que o conceito
A, ^nsiderações anten^noi^a _ acQrdo CQm 0 qual a dcnsi(hde lc aumento da população ativa no setor arcaico em relação ao emprego
rorrente de inadeqWfjs aparccc como excessiva diante da escassez, r moderno (e da taxa a que aumenta a oferta de trabalho como
nosctor , . k'
de capital das ,écnIC~ própria da periferia - não é apropriado para
relatirt dos recurso^ dcscnlprcgo. no caso simplificado do qual se está do desemprego tecnológjco (z s t tt), também em relação ao
explicar a tendlena os fatQres quc cxerccm inflUÈncia do emptc6u ndição de equilíbrio anterior pode expressar-se também da seguin­
tntando. Comquanto maior for a densidade do capital, e
lad° ^^niinte a sua produtividade, menor será 0 esforço de acumulação te forma:

eXdo no caso manter


paradesse 0 pleno
esforço emprego, assim como menor 0 desemprego
ser insuficiente. e£?
sk - zst- e + —í_

ifi) Nesta terceira fase da apresentação, postula-se que a taxa de aumen-


ei
rn
to ds população ativa é a mesma tanto nos dois setores indicados, como em o primeiro membro desta equação está constituído pela diferença entr- a
cada um dos ramos e atividades que os compõem. Além disso, supõe-se que taxa de aumento da procura de mão-de-obra e a taxa de aumento da oferta
certa parle do investimento realizado no setor moderno produz bens simila­ originada no desemprego tecnológico; em consequência, ele é equivalente à
res 2 outros elaborados no setor arcaico, de tal forma que concorre com ati­ taxa de aumento da procura de trabalho, líquida de desemprego tecnológi­
vidades preexistentes e desloca população ativa anteriormente ocupada em
co (ou para simplificar, a taxa de aumento da demanda líquida de trabalho).
condições de baixa produtividade.
0 segundo membro representa a taxa de aumento da oferta de trabalho que
O investimento realizado no setor modemo dá lugar a um aumento da
deriva do crescimento da população ativa, calculada sempre em relação ao
procura de trabalho equivalente ao produto do valor desse investimento pelo
emprego no setor moderno.
inverso d2 densidade de capital com que ele se realiza. Do total do investi­
A equação seguinte é uma variação da anterior, que apresenta vantagens
mento .no entanto, há uma parte competitiva que gera desemprego no setor
para analisar a tendência ao desemprego estrutural:
arcaico, num montante dado pelo produto de seu valor pelo inverso da den­
sidade de capital existente neste setor. Comparando, então, este terceiro caso
com 0 segundo, vé^se que o incremento da procura de trabalho provocado „ k\ eE” (4a)
pela acumulação dá-se junto com um maior incremento da oferta. Esta f En
m
última aumenta, não só devido ao crescimento vegetativo da população ativa,
mas também por causa do desemprego tecnológico criado no setor arcaico A tecnologia utilizada no setor modemo é definida peh Pum
pelo investimento competitivo. (t/k). Como já foi indicado, admite-se que o do trLho
Neste terceiro caso, a condição de equilíbrio dinâmico do mercado de aumento da densidade, mas de tal natureza que p . a, ■> t k t' e
trabalho é dada pela expressão; (r) aumenta mais que a do capital (k). Dados ce^Oi(^r 3um'e’ntos de t
k' que possuam significação economica, podem .)dinunu3>naequa-
*e" *'
s k «= e *-------- f z s t ”7 W
e de k em proporções tais que o valor de (k cepalinos: o
Ção (4a). pste é um caso compatível com os P°nt0 tecnoiógico resulta
En t
aumento da densidade de capital derivado do avan m3o-de-obra
onde (EJ) representa o emprego do setor arcaico no período (n), (z) define a
numa redução do ritmo de crescimento da 3 |ado, 0 aumento
proporção do investimento competitivo sobre o total, (k1/t') constituí o in­ (para um mesmo nível da taxa de poupança). r acurnulação maior
verto da densidade de capita! existente no setor atrasado, tendo as demais da densidade de capital torna necessário um cs orç0^ auinento da deman-
variáveis Já definidas (22).
para que, na dinâmica do desenvolvimento, o ritmo ja oferta que
Como not casos anteriores, o primeiro membro indica o ritmo de au­
da líquida de trabalho chegue a igualar o ritmoe
mento da procura de trabalho, e o segundo, a taxa de aumento de sua oferta
deriva do crescimento vegetativo da população ativa - ccrnC aos ritmos de
ern relação ao volume de emprego nu setor rnoderno. Esta, por sua vezf
comp6e-te da taxa de aurnento da população ativa no setor moderno (e), da As implicações do raciocínio anterior, n° pOdem ser descritas
82 auinnito da procura c da oferta globais de mão- c-o poupança, o
nos seguintes termos. Em igualdade de condições

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com propriedade, “inadequação da escala” Para
. nrocura global de trabalho se incrementa com a ções, tenha-se presente a equação (4): ™nar as suas implica-
, de entanto, diante de um aumento de densidade de
JlSdade de caP'taL ^resce a oferta de trabalho proveniente do desempre-
pitai, o ritmo em mais que 0 ritmo que aumenta a procura. Nesse
tecno’^" P°oe len0 empreg0; uma maior densidade de capital vai exigir
* 7T * - t7 (4)

^o, para man maior (uma taxa de poupança maior); isso é


Por definição, o subemprego de capital traz consigo uma redução da
que o ritmo de aumento da procura global de trabalho ultra- produtividade desse fator (fc), proporcional ao grau em que ele é subutiliza-
DeCeS7ritmode4 aumento da oferta originada no desemprego tecnológico, na
do (25). Se, para simplificar, supõe-se que a capacidade ociosa é igual em to­
^dida requerida para igualar o ritmo de aumento da oferta de trabalho das as atividades do setor moderno, compreende-se facilmente quais são os
proveniente do crescimento vegetativo da população ativa. efeitos da inadequação da escala às condições de procura e mercado da peri­
Como na etapa anterior, também nesta fase da exposição convém inda­ feria: quanto maior for essa inadequação, maior será o grau da capacidade
gar quais seriam as causas plausíveis da tendência ao desemprego. Pode-se ociosa, assim como menor a produtividade efetiva do capital; em conexão
afirmar que, se o setor moderno é pequeno, o esforço de acumulação nele com isso, também será menor o ritmo de acumulação e de aumento da pro­
realizado gerará provavelmente um ritmo de aumento da procura líquida de
cura de trabalho.
Como pode ser observado, o argumento da inadequação da escala não
trabalho insuficiente em relação ao ritmo de crescimento da população ativa
altera o argumento da inadequação da densidade de capital, antes o comple­
(medido sempre em relação ao emprego no setor moderno), tendo-se em con­
menta e o reforça. Enquanto esta última contribui para explicar a tendência
ta a circunstância de que boa parte dela se encontra pré-empregada no vasto
ao desemprego pela sua incidência positiva sobre o ritmo de aumento da
setor arcaico.
As considerações acima revelam que a conformação heterogênea da es­
oferta de mão-de-obra, através dos seus efeitos sobre o desemprego tecnoló­
trutura produtiva periférica incide de forma direta na explicação da tendência gico, a primeira se integra a essa explicação devido à sua incidência negativa
ao desemprego. Mas também dá-se como causa a inadequação da tecnologia, o sobre o ritmo de expansão da procura de trabalho (26).
aumento da densidade de capital pode reduzir o ritmo de expansão da deman­ Comprova-se também que este novo argumento reflete e traduz as con­
da líquida de trabalho, incrementando a possibilidade de sua insuficiência, em dições de estrutura peculiares à industrialização periférica. Com efeito, a
relação ao ritmo de aumento da oferta de trabalho resultante do crescimento inadequação da escala não é mais do que “... outra conseqüência... da dispa­
populacional. Dito de outra forma, o avanço tecnológico eleva a densidade de ridade entre os graus de evolução da renda e da técnica...” (27) que existe
capital, com o que, plausível men te, se torna mais difícil que o ritmo de aumen­
to da procura global de trabalho gerada pela acumulação no setor moderno v) Esta quinta
entre periferia fase da exposição se destina, finalmente, a considerar
e centro.
consiga ultrapassar o ritmo de aumento da oferta proveniente do desemprego como se interconectam emprego, tecnologia e acumulação na análise da
tecnológico e igualar o ritmo de aumento da oferta total de mão-de-obra (24).
iv) Nas fases anteriores desta exposição, supòs-se que os recursos pro­ tendência ao desemprego. . . força de trabalho, a
dutivos combinam-se em proporções fixas, isto é, que são totalmente insubs- Do ponto de vista dos problemas da ocupaçao processo de
tuíveis entre si, admitindo-se, no entanto, que eles são perfeitamente divisí­ industrialização da periferia é encarada, no csscncl ’Q traz consjgo um enor-
veis. Cabe agora integrar à análise os problemas suscitados pelas indivisibili­ modernização de sua estrutura produtiva. ^^mXãoao^pregono
dades de escala provenientes da indivisibilidade dos fatores da produção, me ritmo de aumento da oferta de mão-de-ob , g^fjco, mas também
especialmente das máquinas e equipamentos. setor moderno, não só devido a fatores de tipo e afcaic0> assyn como
Considera-se que, durante a industrialização substitutiva, a periferia em função da presença e importância relativa o se$^as a0 us0 de técnicas
não alcança as vantagens da produção em grande escala devido ao atraso de à passagem súbita e forçosa do uso de técnicas atras tecnológico (28).
seus níveis de produtividade, renda e mercado. As razões são óbvias: a pouca de alta densidade de capital que produzem eSem^mu|^a0 de capital vai
adaptação das técnicas geradas nos centros às dimensões da demanda e do
Durante o desenvolvimento para dentro, a acu ortàncja relativa
mercado da periferia implica que o capital acumulado permaneça parcial­
se realizando fundamentalmente no setor moderno, cuja inadequada às
mente ocioso.
Este novo aspecto da Inadequação da tecnologia pode ser denominado é mais ou menos pequena, e vai utilizando técnicas de ritmo
84 dimensões do mercado periférico; deste modo, a acumuiaça B

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cuja densidade de capital seja menor ou >M
trabalho que é insuficiente em comparação com a it bato densld.de de capi.J, K q«estcrira
, eB) reeomendaçta, na análú, cepa]ina ad^8»™». Se™ „ega, val
aT«P^od3‘’Vencia ao desemprego pode, com propriedade, ser
nativas de investimento com diferentes densZ^'’ exh,ência alter-
Como se «-a is eia é considerada um resultado natural e cs- freqüente; e que o avanço tecnológico gera técnica í CapiUl é muit0 P°”co
chamada de de estrutura que constituem e tornam peculiar densidade de capital que suplantam as mais anti moden,as e de maior
pontãneo de transto periféricas: a modificação da importância devido à maior eficácia das primeiras. Daí se depree^d densidade menor,
a industrialização duüv0St através da acumulação nos setores moder- atrasadas e obsoletas, ainda que pudesse favorecer íe * ° US° de técnicas
relath-a de densidade de capital é muito maior que a dos çosamente um menor nível de renda. Conclui-se que mpreg0-Produz*ria for-
nos. adotando £ escala está desajustada em relação aos níveis
nea emprego e com
seriadeconquistada produto, ao longosobre
a incidência do processo de de capiuT™’
a densidade
de renda dimensões dò mercado próprios desse tipo de economia.
com a distribuição adequada dos investimentos realizados no ítor mod'emo
Considere-se ainda a diferença que existe entre o conceito de inadequa-
ção da tecnologia utilizado na análise anterior e o conceito utilizado habi- entre atividades competitivas e não<ompetitivas com a produção pre-xisten
tualmente. Este último se refere ao fato óbvio de que o investimento de um te. Ou seja, tratando-se de distribuí-las de maneira a minimizar os problemas
de escala e, ao mesmo tempo, de lograr que a expulsão líquida de mãó-de-
período de renda qualquer gera menos procura de trabalho, quanto mais
alta seja a densidade de capital com que se realiza. Assim visto, esse conceito obra provocada pelos investimentos competitivos, somada ao crescimento da
se define por contraste com o de densidade ótima de capital: a tecnologia de população ativa, seja compatível com a absorção alcançada através dos inves-
alta densidade dos centros industriais é considerada inadequada em relação à timentos não-competitivos.
escassez relativa dos recursos existentes na periferia, já que com ela são gera­
dos níveis de emprego e de renda social mais reduzidos que os atingíveis
5. OS DESAJUSTAMENTOS INTERSETORIAIS DA PRODUÇÃO
com técnicas de densidade ótima, no caso de que elas estivessem disponíveis.
Em resumo, a tecnologia aparece como inadequada, porque com ela não se
conseguem os níveis de produção e emprego potencialmente atingíveis, Segundo as colocações cepalinas durante a etapa de desenvolvimento
considerando dado o montante de recursos produtivos. para dento, há também uma tendência a que ae produzam deieqrfíbn»
No conceito alternativo utilizado aqui, e que é coerente com o contexto intersetoriais da produção (29). A análise dessa nova e" enCl. ’ujjíbri0
estrutural e dinâmico no qual a CEPAL analisa os problemas de emprego, é medida, corolário da argumentação relativa ao desemprego Q
preciso distinguir entre a inadequação da densidade de capital e a inadequa­ externo; daí ser conveniente começar por reconsiderá-la bjcvemen .
ção da escala. Ainda que se articule em tomo ao conceito de ma equaç ,
Como se viu, a primeira não se relaciona diretamente com a procura de gia, a análise da tendência ao desemprego privilegia o conceito
mão-de-obra, e sim com a oferta. Com efeito, o ritmo de aumento da procura neidade estrutural. Nessa tendência, influi a exiguida e & ac
de trabalho é tanto maior quanto mais alta for a densidade de capital. No en­ capital, mas esta, por sua vez, acha-se parcialmente vincu a a mnortânCia
tanto, a maior densidade provoca um aumento no ritmo de crescimento da vidade dos setores atrasados; a presença destes setores e a sua ^ent0
oferta de trabalho gerada pelo desemprego tecnológico e, através dele, no
na distribuição inicial da força de trabalho elevam a taxa e
ritmo de crescimento da oferta global de trabalho, aumento esse que é virtual­
oferta de mão-de-obra em relação ao emprego no setor mo e ° i(ja(je,
mente capaz de compensar com sobras a incidência favorável da densidade de
conceito de inadequação da tecnologia está vinculado ao e e ca^ter hete-
capital sobre o ritmo de expansão da procura. Esta última sofre, além disso,
pois as técnicas são consideradas não-apropriadas em ^un^°escaja Oprime o
a influência desfavorável da inadequação da escala, pois a produtividade do
capital se reduz na mesma medida em que esse recurso se torna ocioso. rogêneo da estrutura produtiva periférica: a inadequação ae ^^adequa-
É importante observar que as maneiras distintas de caracterizar concei- ritmo de crescimento da procura de emprego no setor mo em > devida
tualmente a inadequação da tecnologia apresentam implicações necessárias no ção da densidade de capital atua sobre o ritmo de expansão
âmbito da política econômica. Do ponto de vista mais comum, a aproximação ao desemprego tecnológico produzido no setor atrasado funjamental,
do ótimo, isto é, a maximização da produção e do emprego exige que se sele­ Assim, a tendência ao desemprego é considera a, n ou com
cione e adote aquelas alternativas de investimento tecnicamente eficientes como ligada à heterogeneidade da estrutura produtiva pentenc , ,
86

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lo como essa estrutura vai se transformando, sem i
dificuldades que tendem a perpetuar as suas r - ' ' P
ente essa característica. Pelo contrário. pata
« «rxp «ria necessário transformar a estrutura produ. | eficácia do sistema econômico no seu conjunto. 1 e a T^uzil a
i £;eterogcnea em homogênea ou integrada.

C£C!0 ídesKivolva (do pontoantes, a análise


de vista do assentada
formal) desequilíbrio externo,
no conceito
6. OS DESEQUILÍBRIOS GERADOS NA AGRICYJLTVRa
J dasúãdades, na verdade privilegia o conceito de especia-
* Pan evitar a tendência ao desequilíbrio externo, seria
tS?Í0- «ndificando a estrutura produtiva interna - ampliando, através Os primeiros documentos da CEPAL que tratam da problemática do
setor agrícola a enfocam a partir de uma perspectiva de política econômica
di Ddsmalúação. o espectro de bens produzidos intemamente - e alteran­ tentando estabelecer critérios gerais para a seleção de tecnologia na agncul-
4
do. m mesmo tempo, a composiçáo das importações, de forma a tomar tura e para a distribuição do esforço de acumulação entre esse setor e as de­
lfí-i j continuidade do crescimento, apesar das limitações da capacidade mais atividades econômicas (30). No entanto, nesses documentos está implí­
pn xsporux. Dito de outra forma, para se evitar o desequilíbrio é preciso cito o esboço de uma interpretação dos desequilíbrios gerados na agricultura:
qx se vi saperando a especialização e conseguindo a diversificação da estru- as carências de oferta agropecuária peculiares à fase de industrialização
tem pmdmna atrzvés de um padrão de transformação estrutural adequado: substitutiva e a incapacidade do setor agrícola para manter um nível de em­
certos mmos de expansão dos diferentes ramos e atividades que - tendo em
prego que se harmonize com o crescimento das outras atividades. Como se
coma as perspectivas da exportação e da capacidade para importar — impe-
verá mais adiante, a explicação das causas desses desequilíbrios é também uma
czzi z de estrangulamentos setoriais, ou seja, permitam preservar
— primeira aproximação conceituai às características da estrutura da proprieda­
i compatibilidade_____
a
>~xBux4uucutos setoriais,
da produção ou seja, permitam preservar
setnw
dos diferentes setores.
rv de e posse da terra, próprias das economias periféricas, e à sua incidência
Os documentos da CEPAL assinalam que essa compatibilidade não é
sobre o desenvolvimento a longo prazo dessas economias. Poderá ser observa­
conseguida, mzs sim que durante a industrialização da periferia surgem con-
do também que, no caso da agricultura, a análise dos problemas do emprego
tcuamente desequilíbrios intersetoriais da produção. A explicação de tal
e dos desajustamentos intersetoriais da produção assume uma forma particu­
teadénõa se apóia num padrão de referência implícito como o que acaba de
lar, diferente da examinada nos pontos anteriores.
ser resumido, mas nela é privilegiado o conceito de heterogeneidade estrutu­
ral Da forma como foi mais acima definido, o conceito de inadequação da
tecnologia se baseia em determinados pressupostos especiais, relativos à tecno­
A heterogeneidade implica a existência de baixos níveis de produtivi
dade dos recursos nos setores atrasados, com a consequente limitação das logia e ao progresso técnico: admite-se que os recursos produtivos se combi­
possibilidades de poupança e da capacidade de alcançar simultaneamente nam em proporções fixas, ou seja, que há entre eles uma completa impossibi­
ritmos adequados de acumulação nos diversos setores e ramos de atividade. lidade de substituição e que, além disso, devido à indivisibilidade dos bens de
No mesmo sentido influi a inadequação da escala, que obriga a deixar capital, geralmente só se acham disponíveis processos produtivos de grande
capital ocioso e, portanto, diminui o ritmo da acumulação comparativamente escala; admite-se ainda que o progresso técnico aumenta a produtividade do
ao que se poderia conseguir, dado certo nível da taxa de poupança. Como trabalho e também a do capital, mas em maior grau a do primeiro que a do
consequência da heterogeneidade, as indivisibilidades de escala exigem a segundo, de tal forma que a densidade de capital também se incrementa.
Na análise relativa à agricultura, esses pressupostos gerais são parcial­
supercapitalização de certos ramos e, ao mesmo tempo, a escassez de capital
impede a expansão de outros ramos ou atividades requeridas pela instalação mente levantados. Por uma parte, toma-se em conta o tato, mais ou menos
ou ampliação das primeiras. claro, de que as indivisibilidades de escala têm muito menor importância no
setor agrícola do que em outros setores. Aceita-se, além disso, que, para a
Os desequilíbrios intersetoriais da produção são particularmente visíveis produção agropecuária, existem diversas alternativas tecnológicas no que diz
e relevantes na infra-estrutura, na energia e nos transportes. Tais atividades
respeito à proporção em que se combinam os recursos; ou seja, admite-se que
foram se conformando durante a etapa anterior, de desenvolvimento voltado
a inadequação da densidade de capital não se apresenta no setor agrícola
para fora, em função das necessidades impostas pela especialização primário-
da mesma forma que nas demais atividades.
exportadora. Devido às razões antes expostas, durante o desenvolvimento
Considera-se a existência de dois grandes tipos de técnicas, sem desco-
para dentro, essas atividades enfrentam graves dificuldades de readaptação,
88 1 nhecer que em cada um deles existem muitas opções no que diz respeito ao
modo de combinar os recursos produtivos. O primeiro tipo se associa à meca-
89

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, )a através do que, consegue-se reduzir a mão dc Além cie debilitar a acumulação „jb,n;
do trilho (ou aumCntar a produtividade do traba- tende a mecanizar aa tarefa, agrícola,, com
obn pnr unidade de P^gdc superfície, ainda que sem alterar a produti-
uSo da força de trabalho. Esta opção tecnológica
lho). 5Ígnificalivo. Do segundo tipo dc técnicas, são exern- tazões económicas, pois ainda que a mão-de-obra «p abú'X‘’
vjdadedojolode^ dcstinados a elevar o rendimento por hectare,
de vista privado, a sua contratação implica um curto,o
pios os e também os investimentos cm irrigação, as obras de
substituição por capital.
como o cssas técnicas, conscguc-sc aumentar consideravelmente
A dispersão da propriedade do solo em minifúndio, tem efeito,
<hZSndade da terra, sem afetar o emprego na mesma medida cm que o
lhantes. As pequenas explorações carecem de capacidade para acumular .
fi^as técnicas do primeiro tipo. Dito de outra forma, sustenta-se que,
para modificar os métodos rudimentares de cultivo, o que lhes impede de ele­
n8 agricultura. o progresso técnico gerou diferentes alternativas tecnológicas. var a produtividade da terra e expandir a oferta agrícola.
Em hnhas gerais, entre elas podem distinguir-se algumas de alta densidade dc A falta de capital implica, além disso, o fato de que a produtividade da
capital, às quais correspondem baixos requerimentos dc mão-de-obra por mão-de-obra se mantém baixa. Ao lado da pequena disponibilidade de terra
unidade de produto e por unidade de superfície. Existem, por outro lado, por unidade familiar, isso faz com que o minifúndio seja incapaz de reter os
outras de menor densidade de capital, que apresentam uma maior produtivi­
incrementos da população que nele habita e trabalha.
dade relativa deste recurso, assim como da terra, e que utilizam uma maior
O aluguel do solo agrícola (assim como outras formas precárias de pos­
quantidade de força de trabalho (31).
se) contribui para que sejam feitos investimentos cujo valor não se agregue ao
A análise geral examinada em pontos anteriores leva à seguinte conclu­
são política económica: a maximização simultânea dos níveis de emprego e de da propriedade. Assim, as máquinas e equipamentos tomam-se preferíveis em
produto social deve ser buscada através de uma distribuição adequada da relação a outras alternativas tecnológicas, que comparativamente economizam
acumulação de capital entre investimentos que não concorram com atividades mão-de-obra, aumentando mais a produtividade da terra.
de baixa produtividade já existentes, e outras que o fazem e que, por conse­ O latifúndio e as formas precárias de posse induzem, então, à adoção de
guinte, geram desemprego tecnológico. Esta conclusão perde a validade no técnicas de alta densidade de capital, que absorvem pouca mão-de-obra. Além
caso da agricultura, pois depende do pressuposto da inexistência de alterna­ disso, a disparidade entre a densidade de capital dessas técnicas e a das ativi­
tivas eficientes de densidade de capital reduzida. dades de muito baixa produtividade aumenta, de forma sensível, os proble­
Para a produção agropecuária existem diversos tipos de técnicas e, em mas de emprego: quando a nova produção concorre com a de atividades agri-
princípio, é possível conseguir ao mesmo tempo dois objetivos: aplicar técni­
colas atrasadas, gera-se desemprego tecnológico.
cas para elevar a oferta agrícola de acordo com o crescimento do conjunto Em síntese, a estrutura de propriedade e posse da terra peculiares da
do sistema econômico, e deslocar mão-de-obra da agricultura em forma com­
periferia entorpecem a acumulação de capital, comprometendo a expansão da
patível com a demanda de trabalho no resto do sistema.
oferta agrícola, assim como o aumento da procura de trabalho nesse setor.
Do que vai dito aãma depreende-se que os desequilíbrios originados na Por outro lado, tais condições estruturais levam a que se conservem técnicas
agricultura não podem ser explicados através do conceito de inadequação da rudimentares nos minifúndios, prejudicando a expansão da oferta e a capaci­
tecnologia, como na argumentação geral examinada anteriormente. Para expli­ dade de retenção de mão-de-obra nos mesmos. Essas características de estru­
car tais desequilíbrios destacam-se certas condições de estrutura próprias do tura conduzem também à adoção de técnicas do tipo da mecanização, as quais
agro, que se vinculam ao sistema de propriedade e ao regime de posse do solo. elevam pouco a produtividade da tetra e, por conseqüéncia, a oterta de bens
O sistema de propriedade se caracteriza pela coexistência de latifúndio agrícolas, incidem desfavoravelmente sobre a demanda de trabalho e geram
e minifúndio, ambos conspiram contra a expansão da oferta agrícola e contra desemprego tecnológico em maior medida do que outras alternativas disponí­
a absorção da força de trabalho.
No latifúndio, a excessiva concentração da terra dificulta a sua plena veis. De acordo com os documentos da CEPAL, os desequilíbrios originados
utilização devido à grande quantidade de capital que se requerida para explo-
na agricultura se manifestariam com uma intensidade muito diferente nas
rá-la. Ao mesmo tempo, para proprietários que dispõem de grandes rendas
diversas economias periféricas. No entanto, afirma-se que, em linhas gerais,
resulta viável, e ainda desejável, manter terras improdutivas, corno defesa con­
tra a inflação e por considerações de prestígio social. durante o desenvolvimento para dentro, hã uma tendência a produzir-se
90 escassez de alimentos e de matérias-primas de origem agropecuária, assim
91

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c mão-de-obra agrícola que não consegue ser absorvije periferia, a clasticidade-renda da procura de importai □
um excedente de qUe a unidade, ao contrário da do pólo perífériw m ” ° Pd --
outros setores dinâmicos. menor
pela indústria e por c- lado acerca da disparidade de elasticidades depre^de' Um
* pxtu-
periférica cresce a um ritmo igual ou superior ao do ceít™ v * *
7. VISÃO DE CONJUNTO
a Se produzir desequilíbrio externo. Assinalam-se, então
Tal como se configura até meados da década de 4950, a interpretação que permitiriam à periferia evitar o desequüíbrio e crewer
A principal dessas condições é a industrialização: ela constitu^/T'1'1'*'4'
^mtríalízação periférica está constituída pelas diversas análises parciais
dível para satisfazer, com produção interna, parte da grand-‘d^aí
descritas nos pontos anteriores. Mesmo correndo o risco de que a exposição
se tome repetitiva, convém reconsiderar brevemente os principais aspectos manufaturas criada pelo aumento da renda e que não pode ser sausf-Üjt/
importações, devido ao lento crescimento da capacidade para importan t
dessas análises, com o objetivo de poder apreciar com mais clareza como se
vinculam com o conteúdo geral do pensamento cepalino e o grau de unidade preservar o equilíbrio externo é também necessário que a industrialização se
que esse vínculo lhes dá. realize mediante a substituição de importações e que, ao mesmo tempo, se
Na primeira análise (ponto 1), assinala-se e examina-se o caráter necessá­ produza uma mudança apropriada na composição destas últimas. A industria­
rio e espontâneo da industrialização da periferia. Do ponto de vista instru­ lização substitutiva deve caminhar de tal forma que sejam comprimidas as
mental, essa análise consiste no esboço de uma teoria estrutural do ajustamen­ importações dos bens que passam a ser produzidos internamente, e se reduza,
to do balanço de pagamentos. Postula-se que o sistema econômico mundial está além disso, as de outros bens supérfluos, com o objetivo de poder satisfazer a
composto por dois pólos, o centro e a periferia, e que o coeficiente de impor­ demanda de importações derivada da produção substitutiva e, em geral, do
tações do pólo central é pequeno, apresentando ainda uma tendência a redu- crescimento da renda. Como os bens cuja importação é reduzida são de certo
zir-se. Tais pressupostos impõem à periferia um crescimento menor que o tipo, e os que se necessita obter no exterior são de outro tipo, a industrializa­
do centro, como condição para que, através das oscilações cíclicas, os déficits
ção traz consigo uma mudança na composição das importações.
e superávíts das balanças comerciais das duas economias se compensem, pre- A terceira análise (ponto 3) se refere à tendência ao desequilíbrio exter­
. servando-se o equilíbrio externo de ambas, a longo prazo. A argumentação no. É um simples corolário da anterior, já que a explicação dessa tendência
se desenvolve por contraste com esse padrão de referência simples. Afirma-se recai sobre as razões que impedem que sejam cumpridas as condições neces­
que o ritmo de crescimento relativamente lento de uma economia como a sárias para preservar o equilíbrio externo. A industrialização por substituição
norte-americana, ao lado de seu modo autocentrado de crescer, num fecha­ de importações consiste numa transformação paulatina da estrutura produ­
mento gradual, é incompatível com o ritmo de crescimento que as forças da tiva da periferia e numa mudança gradual na estrutura das suas importações.
acumulação imprimem às demais economias. É assim que, a partir da grande Enquanto essas mudanças ocorrem, a capacidade para importar aumenta com
depressão e da consolidação dos Estados Unidos como centro cíclico princi­ lentidão. Devido à especialização característica da periferia, a transformação
pal, há tendência a se produzir um superávit na sua balança comercial e um do aparelho produtivo exige um ritmo elevado de aumento de certas impor­
déficit nas dos demais países. O reaparecimento pertinaz desse desequilíbrio tações, em circunstâncias tais que a própria especialização toma difícil,
obriga a que as economias do resto do mundo, entre as quais as da periferia, senão impossível, comprimir outras importações com a intensidade e opor­
tomem medidas protecionistas capazes de reduzir o seu próprio coeficiente de tunidade necessárias para evitar o desequilíbrio. Em outras palavras, esse
importações, a fim de poder seguir crescendo com intensidade. O crescimento fenômeno se explica, em última instância, pelas dificuldades que existem
da periferia passa, então, a se realizar pelo caminho da expansão da indústria, para superar a especialização, para readequar a estrutura produtiva da perife­
novo setor dinâmico, cuja produção $e destina, fundamentalmente, ao merca­ ria, originariam ente especializada, dentro de um marco de relações econômi­
do interno. cas internacionais que impõem a essa economia um ntmo de aumento da
A segunda análise (ponto 2) também se refere ao caráter necessário da
industrialização da periferia, mas, além disso, examina duas das suas particu­ capacidade de importar
A quarta que é lento.
análise (ponto 4), destinada a explicar a tendencia ao desem­
laridades: a substituição de importações e a mudança na composição das im­ prego estrutural articula-se em tomo do conceito de inadequação da tecno­
portações. Ainda que variem os instrumentos utilizados, a nova análise se baseia, logia Mas esse conceito é adaptado de modo a poder acabar as relações entre
como a anterior, numa tentativa de interpretação estrutural do ajustamento acumulação, tecnologia e emprego, nas condições de heterogeneidade estrutu­
do balanço de pagamentos. Supõe-se que, num sistema composto por centro e
ral que caracterizam as economias periféricas.
92
93

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da «oJ» das técnicas 8cradas nos obriga a dei da população ocupada em atividade, de bai
acumulação; tais condições de estrutura PIOdUtl’'Ídade e ent°n*cem a
A M»deq«Wr» tndde dc forma negativa sobre a acumulação P
trabalho e da oferta agrícola, levando alémd - ° aumento 03 Pleura de
ur o^tal da procura de emprego. A acumulação se realiza
elevada densidade de capital. que econc-áa,^’/ad0Çã° de tecnoIo?ias
C nCT°atmda.fes que concorrem com outras atividades preexistent^
no aumento da produtividade da terra ' mao'de‘obra e incidem pouco
SrtiSLie mato baixa; de acordo com as colocações cepalinas. a jna'
da densidade de capital incide desfavoravelmente sobre a dinâmtca dá ao De uma perspectiva
processo estritamente
de industrialização periferia’ aoar-í r♦
da analítica - ’ CEPAL
através do ritmo de expansão da oferta de mão-de-obra rcsul- de uma série de análises parciais que mostra~i * °m° 3 Justaposs?ao
uste do emprego tecnológico, que tende a ser elevado. Assim, a inadequação -
coeraaa. n . da
Paru j a.^taça q„ mostram graus con distintos de precisão
“ e
ca tecoo'oci acentua o problema da absorção de força de trabalho em eco
KX32 como as penféneas. onde a acumulação se produz num setor moderno extraídos da teoria dos ciclos e parte, com base em conceitos de cunho
neoclássico, como os de inadequação da tecr.oloça e disparidade de elastici­
pequeno, e onde existem setores atrasados mais ou menos

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dades. No entanto, em todos os casos, a adaptação de instrumentos se realiza
vzstos. rsczpazes de absorver o crescimento vegetativo de sua própria popu­
com a finalidade de incorporar à análise certas características de estrutura
lação atm. Na explicação da tendência ao desemprego, coloca-se pois, em
que se consideram próprias da condição periférica. São elas que, em última
pnme^ro piano, a heterogeneidade estrutural, ou melhor, a dificuldade da instância, explicam os fenômenos e as tendências consideradas. Assim, a
periferia em homogeneizar a sua estrutura produtiva, devido ao peso dos se­ necessidade da industrialização, o seu caráter substitutivo de Importações, a
tores de baixa produtividade na oferta de mão-de-obra, à sua incidência nega­ mudança na composição das importações e inclusive a tendência ao desequilí­
tiva sobre a acumulação e à inadequação de uma tecnologia gerada na lenta brio externo refletem a especialização da estrutura produtiva da periferia e
e gzadua; evolução económica dos centros. o tipo de relação entre periferia e centro, implícito no conceito de especiali­
A quinta analise (ponto 5) se refere aos desajustamentos intersetoriais zação. Ou, em outras palavras, tais fenômenos e tendências refletem o modo
da produção e combina, estendendo-os, os argumentos desenvolvidos nas aná- como se vai transformando
— a estrutura nrnHntiva periférica durante o desen-
produtiva neriférica desen­
kses mencionadas acima. Para periferia, a industrialização é um modo de ir su­ volvimento voltado para dentro, visando a superar a especialização e chegará
perando a especialização de sua estrutura produtiva imposta pelo desenvolvi­ diversificação, mas sem consegui-lo cabalmente.
mento voltado para fora. No entanto, se a capacidade para importar é limita­ De forma similar, mais além dos intrumentos de análise utilizados, a
De forma similar, mais aiem uu^ _ _______________
da, para diversificar 2 produção é preciso investir de modo mais ou menos explicação ’ tendência ao desemprego se baseia no conceito de
genérica da
simultâneo em variados ramos e atividades produtivas. Ao mesmo tempo, heterogeneidade, que abrange — como o de especialização — uma idéia de
devido á heterogeneidade, a capacidade de acumular é pequena, além do que, atraso estrutural em relação ao centro. Dito com mais precisão, a explicação
a inadequação da escala obriga a deixar capital ocioso. É assim que, continua­ do desemprego põe em primeiro plano a idéia da heterogeneidade existente
no ponto de partida da industrialização substitutiva; essa heterogeneidade
mente, tendem 2 aparecer estrangulamentos setoriais, em especial, deficiên-
pode ir sendo atenuada, mas é difícil superá-la ou impedir que ressurja, já
cuu na infra-estrutura física, carências no fornecimento de energia, falhas no
que o progresso técnico dos centros tende a recolocar em novos níveis as dis­
sistema de transporte, etc.
paridades de densidade tecnológica. Os mesmos conceitos - especialização e
A sexta análise (ponto 6), referente aos desequilíbrios originados no
heterogeneidade — fundamentam a explicação geral dos desequilíbrios inter­
setor agrícola, é, em mais de um sentido, uma particularização da análise
setoriais da produção. Junto com as características da estrutura da proprie­
geral da tendência ao desemprego e aos desajustes intersetoriais da produção.
dade e posse da terra, também consideradas inerentes à condição periférica,
Nela alteram-se os pressupostos relativos à tecnologia e ao avanço técnico,
essas idéias contribuem para explicar como o setor agropecuário tende a gerar
tendo em vista as características próprias da atividade agropecuária; além
desemprego da força de trabalho e insuficiência da oterta agrícola.
disso, a nova análise tern em conta não só a existência de condições de hete­
Como se pode observar, as considerações acima revelam que as diversas
rogeneidade estrutural nesse setor — quer dizer, a presença de atividades agrí­
análises que constituem a interpretação da industrialização periférica têm um
colas de produtividade alta ou normal, ao lado de outras de muito baixa
grau de unidade considerável, já que estão interconectadas por um conteúdo
produtividade relativa — rnas tarnbérn as peculiaridades da estrutura de pro­
geral comum: incorporam grande parte das idéias básicas descritas no Capí­
priedade e posse da terra das economias periféricas. De acordo com as con­
cepções cepalinas, a coexistência de latifúndio c minifúndio e a proliferação tulo I, em especial as que se referem às características do processo econômico
de formas precárias de posse impedem a retenção do crescimento vegetativo
6dae periferia durante
7 do capítulo a fase de desenvolvimento voltado para dent ro (ponf 0!|
mencionado). refere i produçáo inferna de um bem que «te, „ ' ' ' -
uma conotaçío de aubitituiçío ff,i« d< um bej^°^ ^“‘«'’"«topouui. então,
,eja perfeito, ou ainda quando ,e começa a produzi í ’ 1,ndi que 0 «©ifc
nío vem tendo importado, prevendo a nece„idade f, t a qU'' quak»u'r
freqüente diferenciar a tubUituiçío da “compr-rtf. T ' ’ ,ua é
que, ât vezet, refere-te à timplet tutpentfo 4. mvn l?portaç'5e’" ”P"w> etta
NOTAS outra, mercadoria, tupérfluat. Como i evidente i bent de luxo ou de
•tA «eh** a introdução à primeira parte c cspcdalmcntc os pontos 6 c dar-te na produção manufatureira ou na de qualotwtr r' lmpor,a^5 pode
(I) A ewe respeno.
7do(>pitutol n diferenciado de outro, a ''Induttrializaçdo por
chamada, de forma abreviada, de Um*n
A™n;v*’-T nvblrmas, p 1 dc de,envolvimento no quai o tetor dinâmico fundamentai" a
m vcrdidc. «* raciocínio constitui o esboço de uma teoria estrutural do ajuste do
bâhnçv dc papmentos. como destacou Samir Amin cm La acumulacion a escala mundial, w expande com vttfa, ao mercado interno A induttruhzação wb,trt(rtm v> tnz «S

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cp c y.. na p 571 ' seguintes c cspecialmcntc. nas páginas de 608 a 612 sob o título queda no coeficiente de importaçôe, na tupotiçãó de que „ exportaçO, d. penfertm
••ta tens dc R Prebisch" Amm assinala, com propriedade, que na tese cm questão, a componham unicamente de produto? primários. Mais adiante, poder-se-á apreciar o fato
cxpbação da tendenaa ao desequilíbrio externo somente "se relaciona com o movi­ dc que a exportação de manufaturas torna possível que a industrialização substitutiva se
mento decrescente da propensão a importar do centro...”. Com efeito, ao supor que cm realize com uma crescente abertura da economia periférica, mesmo quando o mercado
rs^a um dos países os movimentos cíclicos são simétricos, no que concerne â sua intensi­ interno segue sendo o principal destino da produção manufatureira. Também é impor­
dade e duração, o maior ou menor ritmo das flutuações c incapaz de explicar, por si só, tante observar, desde já, que existe um outro conceito próximo ao de industrialização
qiaiqucT tendenaa ao desequilíbrio crónico. As diferenças de ritmo nas flutuações só por substituição dc importações, que é o de “processo substitutivo" ou “processo de
expbcam quem se bcncfiaa na prosperidade, o centro ou a periferia, c quem se prejudica substituição de importações”, que será definido oportunamente.
na depressão Como, alem disso, supôe-sc que os desequilíbrios se compensam através da (11) Este modelo implícito de industrialização e transformação estrutural tem como
transferenaa de reservas - o que equivale a isolar a incidência da acumulação de dívidas critério de compatibilidade a preservação do equilíbrio externo; por isso mesmo, cons­
na balança - a sua tendência de longo prazo também não vai depender da grandeza titui o esboço de uma teoria do ajuste do balanço de pagamentos. Diferentemen te do
absoluta dos oocfiaentes dc importação, mas somente da variação de tais coeficientes. que foi mencionado no ponto 1 (veja-se especialmente a nota 3), o novo esboço foi obje­
Observe-sc. no entanto, que esses pressupostos cumprem a função dc suprimir a conside­ to de um considerável desenvolvimento analítico posterior. No Capítulo VII, faz-se
ração do tempo, ou seja, do número dc períodos sucessivos nos quais se produzem dese­ referência aos principais avanços conseguidos nesta matéria.
quilíbrios. assim como dc sua possível influência sobre o comportamento posterior da (12) Prebisch, R.» Problemas Teóricos y Prácticos dei Crecimiento Econômico, op. cit.,
balança Ainda que aqui não seja descrita, existe nos documentos iniciais uma análise p. 33.
complementar destes temas, na qual a grandeza absoluta dos coeficientes adquire parti­ (13) Veja-se o texto transcrito na nota (xliii) do anexo à primeira parte.
cular importância (Veja-se, por exemplo, o Estudo, Capítulo II, nPs 7 a 9). Além disso, (14) Prebisch, R.,F-----
------ , __. _______ Teóricos y Prácticos dei Crecimiento Económico, op. cit..
Problemas
é conveniente ter-se em conta que, nos primeiros documentos da CEPAL, existe um p.42.
sçgundo esboço da mesma teoria, analiticamente diferenciavel do que se comenta neste (15) Ibid., p.41.
ponto, cuja descrição figura mais adiante. (16) Admita-se que a produção se realiza com coeficientes técnicos fixos de capital e
(4) Principais Problemas, p. 10. trabalho. Como se demonstra no anexo do presente capítulo, nesse tipo de função de
(5) Principais Problemas, p. 9. produção, a densidade de capital é dada pela relação t/k, na qual r representa a produti­
(6) Lste aspecto da argumentação retoma e precisa as idéias gerais descritas no Capí­ vidade do trabalho e k, a do capital. A rigidez da tecnologia disponível é máxima quando
tulo I, segundo as quais, em qualquer processo de desenvolvimento, a distribuição seto­ os recursos produtivos só podem ser combinados numa única proporção, isto é. quando
rial da produção e do emprego não é arbitrária, pois ambas aumentarão com mais inte- para t/k só há um valor possível. A alteração deste pressuposto extremo, que não admite,
sidadt na indústria do que no setor primário. Tal distribuição depende da forma como se de nenhum modo, uma possibilidade de substituição entre os recursos, não invalida os
vai alterando a procura com o crescimento da renda: quando esta última alcança um cer­ resultados da análise; mais ainda, esse pressuposto é par cu lmente levantado, po caso da
to nível, a procura de manufaturas se expande a um ritmo maior do que a de alimentos produção agropecuária. Para simplificar a exposição, as indivisibilidades de escala só são
e matérias-primas. Na verdade, é esta a "lei” que se reflete na disparidade de elasticida- incorporadas á análise mais adunte, ou seja, supõe-se pelo momento a perfeita divisibili­
des-rendas da demanda de importações, quando se considera que o sistema em desenvol­ dade dos recursos produtivos. Numa função de produção como a anterior, os pressu­
vimento esta' composto por centro e periferia. postos cepalinos relativos ao progresso técnico refletem-se em aumentos simultâneos de
(7) Veja-se no anexo a citação (xhi) e, além disso, o texto transcrito mais adiante neste t e de k, mas maiores em r, de tal modo que a relação t/k - ou seja, a densidade de capi­
mesmo ponto.
tal - vê-se incrementada.
(8) Veja-se o texto a que se faz referência em seguida. (17) Considere-se uma técnica A, cuja densidade de capital é definida pela relação t/k.
(9) Prebisch, Raúl, problemas Teóricos y Prácticos dei Crecimiento Económico, op. Se o progresso técnico gera uma técnica B na qual aumentam ambas as produtividades e
cit., pp. 25-26. a relação entre elas, seu uso será mais econômico, qualquer que seja a relação entre os
(10) Existe consenso sobre o íato dc que a txpiessão "substituição de importações** se preços de mercado dos fatores e/ou a sua escassez relativa. (Seus preços de sombra.) Para

96 97
. obrigada a adotar técnicas de alta densidade de capita],
v
por que a pcrif«ja * « mío d0 MnCeit0 de “densidade ótima de capital” porção igual à da sua subutilização, enquanto que a produtividade do trabalho (r) penna-
o, dwumentoi da CEPAL ta noU (xlix) do ^exo à primeira parte). No nccc invariável.
(veja-se. P°r exemplo, o ' q , maior eficiência técnica das tecnologias geradas (26) Podc-se demonstrar que o grau de capacidade ociosa incide sobre a grandeza abso­
entanto, esse conceito de'recorrer a qualquer conceito de ótimo econômico na luta do desemprego tecnologico gerado por um certo montante do investimento competi­
nos centros entt* n5^es°kíni djss0 ram0 verá mais adiante, o conceito de densidade tivo, mas não influi sobre o ritmo de aumento da oferta do emprego que deriva do de­
mencionada e^“a^]undo teor^ estática da alocação de recursos - não c uma base semprego tecnológico.
ótima d£ o’concc)to eepaimo de inadequação da tecnologia, no contexto dinâmico (27) Estudo, op. cit.,p. 6%.
(28) Até o momento, a argumentação se desenvolveu com base numa diferenciação di­
procura e’tPbar 1 ,endénaa a0 desemprego.
cotômica entre setor moderno e setor arcaico, onde ambos são definidos pela diferença
dg) Para simplificar a apresentação, as diversas equações utilizadas neste ponto são
de nível tecnológico e/ou de densidade de capital e pela maior ou menor produtividade
consideradas em separado e com maior amplitude no anexo ao presente capítulo.
dos recursos que utilizam. Como é óbvio, essa diferenciação pode produzir-se não só
(19) Veja-se o anexo a que se refere a nota anterior.

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entre dois, mas entre os mais diversos setores e ramos de atividade. Só na década de
(20) A taxa de aumento da oferta de emprego é decrescente, já que o emprego no setor
1960, define-se de forma clara esse conceito ampliado de heterogeneidade. No entanto,
arcaico (F) permanece constante, em circunstâncias que o emprego no setor moderno
como se verá no ponto 6, desde os primeiros trabalhos da CEPAL, fez-se necessário con­
(En ) aumenta a cada período. Desta observação, conclui-se que as taxas de acumulação siderar e examinar, em separado, o fenômeno da heterogeneidade estrutural na atividade
e poupança que asseguram o equilíbrio dinâmico do mercado de trabalho serão também agropecuária. Também se verá que as análises desse setor tem em conta a existência de
decrescentes. No entanto, isso não modifica as conclusões a que se chega no caso em alternativas enquanto a densidade de capital, como as mencionadas na nota 23, in fine.
questão, com relação à incidência da densidade de capital sobre o emprego. (29) Nos documentos que foram denominados Principais problemas e Estudo exis­
(21) Tal perspectiva configura o exemplo mais simples da significação do conceito “in- tem múltiplas referências aos desequilíbrios intersetoriais da produção, que aqui são
sufiàénaa dmímica”, de uso frequente para o tratamento dos problemas do emprego na comentados. Sobre esse tema pode-se, também, consultar o Capítulo IV de Problemas
literatura cepahna do decénio de i960. Teóricos y Prác ticos dei Crecimiento Económico, op. cit.9 especialmente pp. 59/63.
(22) A equação (4) se encontra deduzida no anexo ao presente capítulo. (30) A análise contida neste ponto se apóia principalmente nos textos transcritos na
(23) Os documentos da CEPAL sustentam que o aumento da densidade de capital tende nota (xxv) do anexo à primeira parte.
a agravar os problemas de emprego próprios das economias periféricas. Na análise que se (31) Estas definições sobre a tecnologia agrícola podem ser expressas - como é mais
vem desenvolvendo, este ponto de vista traduz-se justamente no pressuposto de que os freqüente - com base em uma função de produção que suponha a existência de certo
aumentos de t y de k diminuem o vaioi de (k — z t ld/t1) na equação (4 a), reduzindo o grau de possibilidade de substituição entre os fatores produtivos. No entanto, para faci­
ritmo de expansão da demanda líquida de trabalho. O anexo ao presente capítulo esta­ litar a comparação com as definições gerais adotadas nos pontos anteriores, convém
belece as relações que deverão existir entre as percentagens de aumento das produtivi­ supor que no setor agrícola também se trabalha com coeficientes técnicos fixos. Nas
dades dos recursos e os valores das demais variáveis mencionadas, para que ocorra esse
expressões:
efeito desfavorável. Como do avanço tecnológico podem resultar efeitos diferentes ao
que acaba de ser assinalado, o ponto de vista cepalino carece de validez geral, ainda que
não seja errôneo nem incompatível com os pressupostos em que está baseado. Observe-se
£ L L _ L
O T k 9 L \ t
que nesta fase da apresentação faz-se referência aos aumentos da densidade de capital
derivadox do avanço tecnológico e não a alternativas de densidades diversas eventual­
L representa o recurso terra, / a sua produtividade física média e as demais são variáveis
mente existentes dentro do marco de uma tecnologia dada. Neste último caso, as alterna­
tivas de maior densidade serão sem dúvida as mais desfavoráveis: seu uso reduz o valor de já utilizadas. A primeira equação define a densidade de capital e a segunda, a quantidade
k e aumenta o valor de t nas equações (4) ou (4a). de trabalho por unidade de superfície. De acordo com as definições que são comentadas
(24) No anexo ao presente capítulo, demonstra-se que (dado o valor de z), quanto aqui, há na agricultura dois grandes tipos de técnicas: no tipo 1, a densidade de capital
maior for a disparidade entre tfk y t'/k', menor deverá ser a diferença entre as percenta­ e a produtividade do trabalho são relativamente mais elevadas; no tipo 2, o número de
gens de aumento das produtividades do trabalho (t) y do capital (k), para que a taxa de homens por hectare e as produtividades do capital e da terra são relativamente mais altas.
crescimento da demanda líquida de trabalho se reduza. Tal disparidade é, pois, favorável Dito de outra forma, cumprem-se as seguintes relações:
a esse efeito adverso do avanço tecnológico. Quando se deseja descrever sua incidência
(assim como a do aumento de densidade do capital) sobre os problemas do emprego, a
denominação “disparidade de densidades tecnológicas”, utilizada na “versão industriali­ > P
zação” da teoria da deterioração dos termos do intercâmbio, parece rnais apropriada
que a expressão “inadequação da tecnologia”. Mais adiante, examina-se a anotação está­
tica que usualmcnte possui este último conceito e a sua incongruência com a análise
cepalina dos problemas do emprego.
(25) Devido ao modo de definir a tecnologia. Pois tendo fixos os coeficientes técnicos
de capital e trabalho, o subemprego do capitai reduz a sua produtividade (A) nurna pro-
98
99
função de produção linear ou de coeficientes técnicos '
anexo AO CAPÍTULO 3 existe uma total impossibilidade de substituição desses r«ur ‘T " ai’terÍ°r’
Os fatores produtivos não são considerados mm» f
As tecnologiasdisponM, utilizam„„„d
« « »
lmp m cí d. em con,praçío com o tamanp;
mercados periféricos. No entanto, para uma maior clareza, numa primeira
etapa do raciocínio, supõe-se a completa divisibilidade dos fatores, ou seja a
inexistência da rigidez de escala.
Postula-se que a densidade de capital é elevada e que tende a aumentar
ainda mais com o progresso técnico. De acordo com os documentos da
CEPAL, este último se reflete no aumento da produtividade de ambos os
recursos. Mas, como a do trabalho (r) se incrementa mais do que a do capital
(jt), a relação entre ambas - ou seja, a densidade de capital (t/k) - vai tam­
bém aumentando. Conclui-se, assim, que o surgimento de novas tecnolo­
gias determina a obsolescência das anteriormente existentes, já que, por defi­
nição, as primeiras permitem um uso mais eficiente dos recursos, do ponto
Este anexo esclarece e complementa as considerações do presente de vista técnico.
capítulo que tratam da tendência ao desemprego estrutural.

1. FUNÇÃO DE PRODUÇÃO. PROGRESSO TÉCNICO 2. A PRIMEIRA FASE DA APRESENTAÇÃO

Com o objetivo de descrever as postulações da CEPAL sobre a tecnolo­ A equação (1) do texto principal
gia e o progresso técnico do modo mais simples possível, será utilizada uma
função de produção do seguinte tipo: AP’1 — = e E" (1)
m t m
P = k K
expressa a condição de equilíbrio do mercado de trabalho de uma economia
P = t T composta só por um setor moderno, num período de renda arbitrário (dentro
do pressuposto de que, anteriormente, existia pleno emprego). Com efeito:
Nela, P é o produto real; KtT representam quantidades físicas de capi­ k/t é o inverso da densidade de capital e, como tal, indica a magnitude do em­
tal e trabalho; k e t são as respectivas produtividades físicas, tanto médias prego por unidade de capital; multiplicando esta demanda umtana pela inver­
como marginais. são que se incorpora ao aparelho produtivo no período considerado (n + 1),
A dotação de capital por pessoa ocupada, ou densidade de capital, é obtém-se a demanda adicional de mão-de-obra correspondente a esse peno
obtida igualando-se as duas equações anteriores: (AF’1 it/r); a oferta adicional equivale ao produto do emprego existente no
período anterior (En ) pela taxa de crescimento da população ativa (e), que
se supõe constante; a equação citada estabelece, então, a igualdade entre a
demanda e a oferta adicionais de força de trabalho.

A densidade de capital equivale, então, ao quociente entre a produtivi­ A equação (2)


dade do trabalho e a produtividade do capital e indica a única proporção onde
ois recursos produtivos podem se combinar. Em outras palavras, numa
100 r

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taxa de acumulação de capital (j n e
ativa (e). Esta conclusão é, por si só cJ Uxa de crescimento da pOpUiar-
iodinâmiM a» «««to
conta a equação « , proporção em que se comWnmi
express icon 'convém ter cm ,af o pleno emprego í p,eciw que , Intalho, pa„
nOmia.^dedua ’ em que cresce a “gu^3- V ° pnmeir° aumente no ritmo
A AT' = 1
Convém
a) reiterar, brevemente,
Este primeiro as demai
caso não considera a e^^ d° texto Principal
a produção de bens do investimento do período n
real ou virtual de mão-de-obra ocupada no setor h? Um VaSto excedente
Neb.AA* ’ reprCSCn'* incorporam ao aparelho produtivo no período de uma produtividade muito baixa. Não se apresent 8Sneo’ em condições
(os quais, por hipóte!*’ivalc à poupança do primeiro perído mencionado. desemprego estrutural, nem de grandes exigências umProbIe™ de
n * 1); e /*" • 5 <2ma cstabeiece a igualdade entre o investimento e a pou-
Portanto.a cquss 0 de cquiiíbrio macroeconômico que é, por sua vez,
esforço de poupança necessário para preservar o pleno a ™?6 ‘Z
d respeito ao

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b) O progresso técnico eleva a densidade de capital e^0',
"jSrio do pleno emprego da força de trabalho e do pleno uso 3 quantidade de trabalho a utilizar com um montante deteSodet™"?
mento. Mas, nos marcos dos pressupostos da CEPAL cnm i " nvestb
010 a taçãó de produção definida no ponto 1 permite expressar o produto
assim que, do
dutividade capitai
dada umaW e, daí,
certa taxa ritmo
o de de expansão
crescimento da população ativa (2 a um
social do período nestes termos:
maior progresso técnico (e a uma major densidade de capitai; se necessiu uZ
pn = k Knm
taxa de poupança (s) menor para ocupá-la plenamente.
A equação abaixo deriva das duas imediatamente anteriores:

= í AAf"
3. SEGUNDA FASE
pelo seu valor na fórmula (1), obtém-se:
Substituindo & Kn^1
A equação

Kn
ks T = eE™ " AR+1 L = e En + e Ea (la)

Kn k
ks — = e expressa a condição de equilíbrio do mercado de trabalho de uma economia
Enm
m t periférica, num período de renda arbitrário (n + 1). Além do setor moderno,
esssa economia conta com um setor atrasado, no qual o nível de emprego
Como (Ea) permanece constante. A demanda adicional de trabalho (AÁ^*1 k/t)
V"m ■S'/k é similar à do caso anterior. Mas a oferta adicional não provém somente do
crescimento da população ativa do setor moderno (e E1 ^), mas também do
(2)
s k = e aumento da população ativa do setor arcaico (e Ea), que este não absorve.

As seguintes equações já comentadas


Da equação A Kn^1 = s k K1^ deriva que

AA"+1 AÁ71*1 = Pn s
m
sA = ------- —
Pn = k K"TH

eauníhUnt^n™tó 00111 a esta expressão revela que a condição de


102 H° mamiC0 do mercado de trabalho estabelece a igualdade entre a permitem deduzir a expressão 103
urna menor taxa de poupança para preservar o ,
dinâmica do desenvolvimento periférico. pleno emP«go, durante a

pelo seu valor cm (la), obtém-se:


Substituindo A A £,*1
r

4. TERCEIRA FASE
A m * 11 = C E"m + C E0
A equação
Diridindo os dois membros desta equação por Em, chega-se a uma nova for-
ma da condição de equilíbrio dinâmico do mercado de trabalho:

(lb)

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* Em
k s — = e-^ +
t En expressa a condição de equilíbrio do mercado de trabalho de uma economia
m
periférica hipotética, no período de renda (n + 1). O primeiro membro repre­
senta a demanda adicional de mão-de-obra: o investimento que se incorpora ao
aparelho produtivo no período mencionado gera um volume de emprego equi­
valente ao produto de seu montante total pela quantidade de tra­
balho por unidade de capital (k/f). O segundo membro representa a oferta
s k (3) adicional. Dele, o primeiro termo é a oferta adicional proveniente do cresci­
mento da população ativa previamente empregada no setor moderno (e En ).
O segundo, a oferta adicional originado pelo crescimento da população ocu­
Neste segundo caso, a condição de equilíbrio dinâmico (3) estabelece
pada no setor arcaico (e Ety. Diferentemente do caso anterior, o emprego
que a taxa de acumulação de capital (s k) deve igualar o ritmo em que cresce
a população ativa, calculado em relação ao emprego no setor moderno (e + neste setor não permanece constante, mas vai diminuindo, devido ao desem­
prego tecnológico; daí o fato de que a variável correspondente (£*) se refira
+ e EJE^), pois, por definição, este setor é o único que oferece novos pos­
a um período-base arbitrário (n). O terceiro termo diz respeito à oferta de
tos de trabalho e absorve mão-de-obra adicional.
trabalho adicional, derivada do desemprego tecnológico. Por hipótese, uma
Reconsidere-se, brevemente, as conclusões desta fase da apresentação:
proporção (z) de investimento incorporado ao aparelho produtivo no período
a) A heterogeneidade estrutural joga um papel-chave na explicação da
considerado (n + 1) compete com investimentos preexistentes no setor arcaico
tendência ao desemprego, peculiar às economias periféricas. Pode-se conside­
deslocando-as; gera-se, assim, desemprego tecnológico de uma magnitude equi­
rar que a coexistência de setores modernos e atrasados afeta as variáveis de­
valente ao produto do montante do investimento competitivo (z A Á' ) pela
mográficas, refletindo-se numa alta taxa de aumento da população e da popu­
quantidade de trabalho que se utiliza no setor por unidade de capital (k //)
lação ativa. Por outro lado, a maior proporção da força de trabalho ocupada
nas atividades arcaicas eleva o ritmo de crescimento da oferta global de mão- (32).
de-obra, em relação ao emprego no setor moderno. A expansão da demanda A equação
tende a ser insuficiente, em comparação com o forte ritmo de aumento da
oferta: o esforço de poupança só se realiza neste último setor, cujas dimensões
e níveis de renda média são relativamente pequenos.
já foi tomada em consideração em pontos anteriores. Substituindo-se A w
b) A incidência do avanço tecnológico é similar à do caso anterior. De
acordo com os pressupostos da CEPAL, ele eleva a produtividade do capital pelo seu valor na fórmula (1 b), obtém-se:
? qUC* P°r VeZ* ^avorecc 0 ritmo de expansão da demanda de traba-
o U k). Ceteris paribus, a um maior progresso técnico (e independente­
mente do fato de que com ele aumente a densidade do capital) é necessária
104 1 105
^prego sc tor utilizada a técnica 1 cuja densidade de capital é mais alta. A
ambos os membros desta equação por E^, chega-se à condição ^esma conclusão permanece válida desde a perspectiva dinâmica sintetizada
mercado de trabalho, sintetizada pela equação «la fórmula (4): a técnica 1 reduz o valor de k e eleva o valor de t na fórmula
■ de equilíbrio dinâmico do ítada, em comparação com o que ocorre se se utiliza a técnica 2. Em outras
(4) do texto principal: lavras, a tecnologia, à maior disparidade de densidades tecnológicas
Ean Knm k' P e aS atividades atrasadas e as atividades modernas que desloquem a sua
k A
Cílt duçío (isto é, à maior diferença entre t'/k’ e t/k) corresponderá um menor
c + e—- + z
----- ks
Enm t r'm
Fn ks7 Pr0 je crescimento da demanda de trabalho e uma maior taxa de expansão
m
I ritnlferta devido ao desemprego tecnológico.
da 0 ^gumentos anteriores deixam clara uma causa adicional da tendên-
Kn t
desemprego: ela se tornará mais grave se, por razões econômicas ou de
En k cia a° dem qualquer, entre as técnicas disponíveis forem escolhidas as de

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outra °rensidade de capital. Este é o caso da agricultura, descrito no ponto 6
En t k'
t k
-ks- = e + e----- + z —ks
k t k 7 d° P^^rk^cordc^com os pressupostos da CEPAL sobre o avanço tecnoló-
C) determinado montante de inversão que passe a competir com pro-
k'
gÍC°’ pexistente gerará mais desemprego ao se realizar com uma nova
e + e----- + z t s (4)
5 k duçao preex maior disparidade com a técnica ^te no setor
Fn
técnica, em v Q à quantidade de trabalho por unidade de capital,
Na equação acima, o ritmo de crescimento da demanda de mão-de-obra a^aico no q conclusão ní0 é válida para condições dinâmicas como as
equivale à taxa de acumulação de capital (s k). O ritmo global de expansão No entanvo,
que estão sendo examinadas. _
da oferta se decompõe em três taxas: a primeira (e) se relaciona com o aumen­
to da população ativa no setor moderno; a segunda, (e Eg/E^), com o seu Reconsidere-se a equaçao (4a),

aumento no setor arcaico; e a terceira (z t s £'//'), com o desemprego tecno­


k' .
lógico. As três se referem não ao emprego total, mas sim ao emprego no setor s (k - z t —.) - e + e £n (4a)
modemo, pois só este último absorve os incrementos de força de trabalho. * m
São consideradas, a seguir, as causas da tendência ao desemprego.
a) Como no caso anterior, pode-se dizer que, sendo exíguo o setor
O primeiro membro representa o ritmo de aumento da demanda de
modemo, a acumulação que nele se realize vai dar lugar a um ritmo insuficien­
trabalho, descontada a originada pelo desemprego tecnológico, e o segundo,
te de aumento da demanda de trabalho, com relação ao enorme ritmo de ex­
a taxa de expansão da oferta devido ao crescimento da população ativa. Ao
pansão da oferta. Este último cresce por razões já, em parte, indicadas: a
aumentar-se k e G sendo que mais t do que ky o progresso técnico poderá
alta taxa de crescimento da população ativa e a considerável proporção da
elevar ou reduzir o valor de (k — z t k'/t’)', portanto, a taxa de crescimen
mão-de-obra ocupada no setor arcaico. Mas em qualquer período arbitrário
to da demanda líquida de trabalho poderá também variar para mais ou para
de renda, como no que faz referência a equação (4), a taxa de expansão da
oferta será comparativamente maior no novo caso, pois nessa taxa influi tam­ menos.
bém o desemprego tecnológico gerado pelas atividades modernas que deslo­ Tenha-se em conta a expressão
cam produção de atividades atrasadas.
b) Admita-se que no setor modemo existem duas técnicas alternativas,
1 e 2, e que a densidade de capital é mais baixa na segunda. Nela, a produti­ 5 [ (1 + a) k - z (1 + (3) t ]< s (k - z t

vidade do trabalho será forçosamente menor, e a do capital, maior do que na


técnica 1. (Quer dizer, cumprir-se-ão as seguintes relações: t\/ki > t2/k2\
r
8e que^ qUC 6 * aumentam nas percentagens a e 0, respectivamente; e exi-
G > G;*i < k2.) Ela
ntmo de crescimento da demanda líquida de mão-de-obra diminua,
Um montante determinado de investimento competitivo gerará mais de-
107
106
esse aumento das produtividades 5- QUARTA FASE
ou seja, que seja menor que o alcançado sem
dos recursos. As seguintes expressões provêm da anterior: Um breve comentário sobre a quarta fase da apresentação é suficiente
complemento dos anteriores. A inadequação das escalas mínimas de
cOíT\ £O ao tamanho dos mercados da periferia força a subutilização do
k'
(1 + a) k - t (1 + P) 1 t> PíOw . diminui a sua produtividade na mesma proporção em que ele fica
caplt jsso reduz o valor de k na equação (4), incidindo negativamente sobre
ocioso, de eXpansão da demanda de trabalho. Esta é uma razão adicional da
0 ritmo w jesemprego peculiar às economias periféricas,
tended

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NOTAS

(32) Implicitamente, supõe-se que os bens físicos de capital de ambos os setores podem
Ser reduzidos a uma unidade de medida comum e comparados. As proporções em que se
combinam os seus recursos e as suas produtividades se definem também com base nessa
unidade de medida.
(33) Pode ser demonstrado que se o primeiro membro de (5) é menor que o segundo, o
(5) progresso técnico aumenta (em vez de reduzir) a taxa de crescimento da demanda líqui­
da de trabalho, assim como não a altera se ambos os membros são iguais. No caso em que
o avanço tecnológico eleve a produtividade do trabalho (r), e não a do capital (k), com
ele diminuirá o valor de (k - z t k'/t') na equação (4a); portanto, o seu efeito sobre a
A expressão (5) indica a condição que deve ser cumprida para que o taxa mencionada será negativo.
(34) Um exemplo simples ilustra o ponto. Os seguintes valores das variáveis cumprem a
progresso técnico reduza a taxa de crescimento da demanda de mão-de-obra,
condição imposta por (5): 0 = 0.25; a = 0.04; z = 0.25; A = 0.5; k' = 0.2;
descontado o desemprego tecnológico: a relação entre os aumentos percen­ t = 4t'. Na equação (4a), o valor de (k - z t k'/t') diminui de 0.3 para 0.27, em
tuais das produtividades de capital e trabalho (fl/ot), multiplicada pela propor­ consequência dos aumentos de k e t. Suponha-se que num período arbitrário (n + 1) a
ção da inversão competitiva sobre o total (z), deve ser maior do que a rela­ oferta de trabalho vinculada ao crescimento da população ativa aumenta em 6% (e +
ção do investimento competitivo sobre o total (z), deve ser maior do que a rela- + e En/En = 0.06). A taxa de poupança (r) necessária para manter o pleno emprego
a m
técnica moderna preexistente (33). Assim, dado o valor de z, quanto maior é maior com progresso técnico do que sem ele: sobe de 20 para 22.2%.
seja a disparidade de densidades tecnológicas (ou, se se quer, o grau de hetero­
geneidade estrutural), menor deverá ser a diferença entre as percentagens de
aumento das produtividades dos recursos para que o progresso técnico produ­
za uma redução da taxa mencionada.
Como se pode observar, ainda que as postulações da CEPALa respeito
da incidência negativa do progresso técnico (e do conseqüente aumento da
densidade de capital) sobre a dinâmica do emprego não tenham uma validade
geral, elas não são in cone tas nem incompatíveis com os marcos de pressu­
postos que lhes servem de base. Destas postulações depreer ’e-se que a neces­
sidade de utilizar técnicas mais eficientes e de maior densidade de capital é
uma causa plausível da tendência ao desemprego, em economias marcadas
pela heterogeneidade de sua estrutura produtiva (34). Conclui-se, além disso,
que o grau de heterogeneidade estrutural (o pequeno valor de t'fk' em rela-
a t/k) favorece — ceteris paribus ~ esse efeito negativo do progresso i

técnico.
10<
d|(8eJ eompetlçfc , * ||we moMidldt _
Gipitulo
,ÍJticas dessa economia são apresentada com a ajuda do «áfico?

A DETERIORAÇÃO
4 No eixo horizontal desse gráfico, mede-se o nív.i 2.
da de O e à direita de P estão consideradas, de forma implícita!» qulnHd"-
des de trabalhadores ocupado, no setor exportador e na indústria respecti-
DOS TERMOS DO INTERCÂMBIO vamente, ao final de um ano base, arbitrário. O segmento OP representa a
E A INDUSTRIALIZAÇÃO mão-de-obra adicional gerada ao longo de um número também arbitrário de
períodos de renda, durante os quais transcorre o processo de industrialização
SUBSTITUTIVA que é objeto da análise. O emprego adicional no setor exportador é medido de
O em direção a / e o da indústria de P em direção a O. As condições de ex­
pansão potencial dos dois setores são descritas a seguir.

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No que diz respeito ao setor exportador, OA representa a magnitude da
renda real por pessoa ocupada, medida em termos de bens industriais, no
período base. OB é o salário real e BA o lucro real por trabalhador, também
Este capítulo descreve a terceira versão formal da teoria da deteriora­ cm unidades físicas de bens industriais. Para simplificar, eles serão chamados
ção doy termos do intercâmbio, aqui chamada “versão industrialização” (1).
De acordo com ela. o fenómeno da deterioração - assim como a diferencia­
ção de renda que ela traz consigo - constitui um resultado natural do desen­
volvimento da penfena. mesmo durante o período cm que esse desenvolvi­
mento passa a se basear na expansão da indústria.
Essa nova versão da teoria da deterioração leva em conta as principais
características da evolução económica da periferia na fase de desenvolvimento
voltado para dentro, assim como os traços mais marcantes das relações econô­
micas entre a periferia c o centro. A amplitude e complexidade dessa temática
tornam aconselhável apresentar a sua análise em dois níveis de aproximação.
No primeiro e mais simples, adota-se o pressuposto de tecnologia constante
(pontos 1 ao 3). Em seguida, esse pressuposto é eliminado e admite-se a exis­
tência de progresso técnico (pontos 4 e 5).
Como poderá ser visto, a versão industrialização — mesmo quando
adapu e utiliza instrumentos de análise muito simples, extraídos da teoria
neoclássica dos preços - consegue incorporar quase todas as idéias que inte­
gram a concepção do sistema centro-periferia. Poder-se-á ver, ainda que a
grande amplitude de seu conteúdo permite considerá-la como uma síntese dos
corpo* teóricos anteriormente examinados (ponto 6).

J. AS HIPÓTESES BÁSICAS

1.1. Os Prindpais Pressupostos (li)

Adnute-se a existência de uma economia periférica composta por ape­


nas dois setoies produtivos, o exportador e o industrial, na qual existem con-
111
i .miar da análise o progresso técnico, supõe-se, por
Com o objetivo de.iso*arfísica média do trabalho é constante nos dois Para que a produção manufatureira mantenha a sua competitividade
enquanto, que a produtivida0 to, a evolução da renda média do setor com a do exterior, é necessário que algum custo se reduza. Supõe-se que esse
setores. De acordo com ess P ° Ja oferta e da demanda dos bens de papel compensatório seja cumprido pelos salários, que, diante de aumentos
exportador vai depende'-a v periférica. A primeira está implícita do emprego industrial, contraem-se de acordo com DNK. 0 lucro unitário
exportação produados pe de Qp Em re|ação à dcmanda, a SUa se mantém, por outro lado, constante, no seu nível inicial DC, indicando que,
no incremento d° empr g da cconomia ccntral c da sua nesse segundo setor, a remuneração do capital também se mantém constan­
expansão vai depen importações. Postula-se que esses elementos te (4).
“'Xi — ^rJde exportações traz consigo uma Em síntese, na atividade exportadora a renda média se reduz de acordo
“ue<Tdo preço e como conseqüência, que a renda média do setor se reduz com AM, em conseqüência da queda dos preços das exportações, que, por sua
vez, vincula-se às condições da demanda externa. No setor industrial, a renda
n° teipm hipótese, os salários diminuem de acordo com BN, paralela a AM média diminui de acordo com CMF, devido ao aumento dos custos e/ou à
e o lucro unitário se mantém constante no seu nível inicial BA. Nesse pressu­ redução da produtividade líquida do trabalho (originada, por exemplo, pela
inadequação da escala que adota a indústria periférica). A expansão de ambos
posto subjaz um tratamento extremamente simples da teoria do capital: a
os setores se realiza com uma baixa paralela dos salários reais, enquanto o
constância da produtividade física do trabalho supõe que a dotação de
lucro unitário conserva o seu nível inicial.
capital por homem não varia e a constância do lucro unitário supõe, por sua
Como se poderá observar ao definir as condições potenciais de evolução
vez, que a remuneração do capital tampouco se modifica. Conseqüentemen-
do sistema econômico periférico, esse conjunto de pressupostos facilita a
te, o ajuste da remuneração dos recursos produtivos que acompanhará a redu­
análise do seu modo de funcionamento e dos resultados a que conduz.
ção da renda média terá que se produzir, forçosamente, através da redução
paralela dos salários (2).
Na indústria, a renda real por pessoa ocupada medida em bens indus­
triais — que é igual, por definição, à produtividade física média do trabalho 1.2. Observações Complementares (5)
nesse setor — alcança o valor PC no período base, equivalente à da renda mé­
dia do setor exportador (PC = OA). Coincidem também o nível de salários i) Para precisar o marco de restrições dentro do qual se analisa a indus­
(PD = OB) e o lucro unitário (DC = BA) dos dois setores. trialização da periferia, é útil reconsiderar os pressupostos descritos no ponto
A equalização das remunerações dos recursos produtivos traz implícito anterior, admitindo-se que, em ambos os setores da economia periférica, pre­
o pressuposto de que, nos mercados desses recursos, a situação inicial é de valecem condições muito simples, como as que são descritas abaixo.
A função de produção do setor exportador fica definida através das
equilíbrio. Essa situação também é de equilíbrio num sentido mais amplo:
seguintes expressões:
os custos da indústria no nível inicial P de emprego asseguram a competiti­
vidade de seus produtos em relação a bens importados de tipo similar, sem
qualquer proteção; além disso, existem condições de equilíbrio externo (3).
Mas, a expansão da indústria traz consigo o aumento dos custos. Um
dos exemplos possíveis é o incremento do custo por unidade de produto em
função de um excesso de capacidade instalada, que se associa, por sua vez, ao Nelas, Qp representa o produto total, Kp, o capital e Ep, o emprego, medidos
reduzido tamanho do mercado. Mesmo supondo constante a produtividade nas respectivas unidades físicas; Cp e Lp são a produtividade do capital e do
física média do trabalho, a subutilização de máquinas e equipamentos reduz a
trabalho; e Dp é a quantidade de capital por homem ou densidade de capital.
produtividade líquida, pois os gastos por conceito de depreciação incidem
sobre uma produção inferior à de plena capacidade. Seja pela incidência deste A renda real por pessoa ocupada, medida em termos de bens industriais,
fator, seja pela de outros gastos fixos, a ampliação da indústria provoca o é definida através de uma expressão conhecida:
aumento dos custos ou, o que é igual, a redução da renda média desse setor,
que, por hipótese, vai caindo de acordo com o CMF, à medida em que o
(D
emprego se expande de P em direção a O
112
113
cunn AM ào gráfico I representa uma funçáo <k número menor de horai que o normal em cada período de produção, reduz a
Pbde w considerar que « ,ntcriOt As duas indicam que a renda real mé
produtividade do capital em proporção ao tempo em que ele fica ocioso c.
pmdutcvrenda mé * ^odii(jvjdgdf f)SjCa média do trabalho (/,p). do preÇo
simultaneamente, aumenta a densidade de capital na mesma proporção Em
dra ()r,» dfrcn f r) c d0 prcç0 d0 bem primário que suposta outras palavras, na expressão que representa a renda real média da
do bem que B 'n p - gcordo com as afirmações comentadas aqui. / t indústria, a redução de C, provocada pela subutilízação dos equipamentos é
1 dado r permanece constante e/ou no nível da unidade, e Ypl decresce exatamente compensada pelo aumento de Df.
medida ém que aumenta o emprego na atividade exportadora, simples As considerações acima levam a que se recoloque a questão anterior em
™ nelo efeito do aumento da produção sobre Pp. Textualmente: "Inco outros termos. O aumento dos custos, de acordo com as hipóteses de lineari­
me ne- nemon employed in export activities is the result of successive incre dade da função de produção e de tecnologia constante, não pode ser assimi­
menu of employment leading to constant increments of physical exports, at lado com rendimentos físicos decrescentes. Como então se dá a paulatina

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diminishing prices **(6). redução da renda real média da indústria'7 Chega-se a umj respostj conside-
Na expressão rando-se a diferença entre os conceitos de renda bruta e líquida. = Ç •
• Dj define a renda média bruta, e esta não decresce corn a subutilízação dos
equipamentos; no entanto, a renda média líquida, diminui, já que os custos
(2)
de manutenção e depreciação não se reduzem proporcionalmente à subutih-
zação do capital.
S representa o salário real c B, o lucro real unitário, ou seja, o lucro por pcs A expressão
ocupada, medido cm termos de bens industriais. Admitindo-sc que não
existem mais custos que os salários, essa expressão revela que a soma deles c
(3)
do lucro unitário constitui ao mesmo tempo a renda média bruta c líquida
do selo: exportador. A curva BN do gráfico 1, traçada paralclamcntc a /LV
numa distância que equivale ao lucro unitário, é representativa de uma é apta para definir a renda média líquida, supondo-se que a ítividade indus­
função como a anterior, onde se supõe que B permanece constante, enquan­ trial se encontra verticalmente integrada. A função f\ (£z) indica o custo
to 5* dxminuj à medida que a renda média se contrai. nominal médio por conceito de manutenção e depreciação des equipamentos;
No setor industrial produz-se, por hipótese, um único bem homogéneo, Py é o preço constante (e/ou igual a l) do bem que a industria produz; o quo­
nas condições de tecnologia constante, implícitas nas seguintes expressões: ciente da divisão entre ambos expressa, então, o custo real medio, ou seja,
o custo em termos desse bem. A curva CMFdo gráfico l pode ser considerada
2/
representativa de uma expressão como a anterior: admite-se nela que a renda
Li real média, no seu sentido líquido, decresce em consequência do aumento dos
*1 custos na atividade industrial, à medida em que aumentam o emprego e o
volume de produção.
nas quais sc utiliza uma nomenclatura igual à anterior, aplicada, neste caso, à A txxa real de salários pode ser detuuda através de uma expressão simi­
atividade manufatureira. lar à utilizada para o setor exportador.
Sc não há mudanças nas técnicas produtivas, em que sentido seria legi­
timo afirmar que a expansão da indústria traz consigo um aumento dos cus­
(4)
tos? A inadequação da tecnologia constitui um dos argumentos plausíveis, já
que eia obriga a que se adotem escalas excessivas para a pequena dimensão
dos mercados peníéncos, levando à subutilízação do capital. No entanto, é Como na indústria B também se considera constante, à medida que o
precúo observar que, na função de produção definida, de tipo linear, o emprego se expanda, S deverá se reduzir, para poder compensar os aumentos
aumento de custos proveniente da capacidade ociosa não se traduz numa dos custos (ou seja, o incremento de J\ Em termos gráficos, enquan­
técnicos que reduza a produtividade física do tra- to a renda média industrial diminui de acordo com a curva CMFl o salário
A subutilízação do capital, entendida corno o seu uso durante uni
nvr naralcla à anterior a uma distância equivalente a0
d jegundo a curva DNh, paraic B • P,
lucro unitário ilustram a semeihanÇa dos argumentos relativos P Pk’Dp
As considera? que compõem a economia periférica. As
à evolução potcnci média contribuem para esclarecer porque se na qual Pk representa o preço dos bens de capital, sendo as demais variáveis já
respectivas funç habitante nas atividades de exportação diminui conhecidas. De acordo com os pressupostos anteriormente considerados, B,

ZX ’ —■>■*“ <” 1 ““dc r- “


D- elas também deixam claro porque se afirma que sucede o mesmo nas ativi-
Pt e Dp são considerados dados. Bastará então admitir que Pk é constante -
ou, de forma alternativa, que os produtos industriais e os bens de capital são
dades industriais: devido aos maiores custos, nos sucessivos ramos da indüs- qualitativamente iguais - para que Tp também o seja. Então, no caso do setor
tria que vão sendo instalados (8). (Isto é, devido ao aumento do termo exportador, a constância do lucro unitário equivale e representa, legitima­
mente, a constância da taxa de lucro.

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na equação (3).)
Também é semelhante o tratamento das remunerações dos recursos pro­ Este raciocínio não se aplica à atividade industrial. Nessa atividade, a
dutivos, como se observa com mais facilidade através das duas formas alterna­ taxa de lucro pode ser definida por meio de uma expressão como a seguinte:
tivas nas quais se expressa o salário real:

s^.B-.BI-^-B
Dado o pressuposto de que o lucro unitário (B) é igual em ambos os Mesmo supondo que B, Pt e Pk permanecem constantes, no caso de se admitir
setores e permanece constante no seu nível inicial, é necessário admitir que o que neste setor o aumento dos custos é provocado pela subutilização dos
diário terá de ir diminuindo para compensar a queda dos preços no setor equipamentos, haveria que se admitir também que Dz, a densidade do capital,
exportador (a baixa de Pp) e o aumento dos custos na indústria (o aumento incrementa-se de maneira contínua à medida que cresce a produção e o em­
prego industrial. Portanto, neste caso, a constância do lucro unitário não é
compatível com a constância da taxa de lucro, nem pode representá-la; pelo
Observe-se que, de acordo com o que se mostra no texto comentado, a
contrário, ela implica o fato de que a mencionada taxa se reduz, paulatina­
renda média, os salários e o lucro unitário de ambos os setores periféricos se
mente, com a expansão da indústria.
expressam em termos de bens industriais, ou seja, medem-se em unidades físi­
No conjunto de argumentos relativos à operação do sistema econômico,
cas de bens industriais. As explicações acima põem de manifesto que, para
supõe-se que este se ajusta para garantir a igualdade das remunerações dos
reduzir as diferentes variáveis a esta unidade de medida comum, podem ser fatores produtivos em ambos os setores. No entanto, a igualdade do lucro
utilizados os preços internos de bens e de recursos como sistema de valora- unitário implica a desigualdade da remuneração do capital, como acaba de
çáo. (Por exemplo, Ppt Pj e St que supostamente equilibram os respectivos ser constatado. Faz-se, então, necessário examinar se essa inconsistência inva­
mercados.) Além disso, pode-se admitir que, no centro, são produzidos bens lida o raciocínio ou se, pelo contrário, não obstante alterações menores,
similares aos da periferia, que os respectivos mercados também alcançam o aquele conjunto de argumentos conserva, no essencial, a sua validade.
equilíbrio e que a taxa de câmbio é ajustada para assegurar a equiparação do Uma alternativa aos pressupostos anteriormente descritos estaria em
poder aquisitivo das respectivas moedas. Com esses pressupostos simplifica- considerar que, na atividade industrial, o lucro unitário é crescente. Tendo
dores, para expressar-se aquelas variáveis em termos reais, não fará nenhuma em conta que com a expansão da indústria a densidade de capital vai crescen­
diferença usar como sistema de valoração os preços internos dos bens e recur­ do, o aumento do lucro por unidade de produto estaria compensando esse
sos ou os seus preços externos e em moeda estrangeira. incremento e assegurando a constância da taxa de lucro. O gráfico 2 incorpora
ii) As considerações acima servem como base para examinar o vín- este pressuposto alternativo.
° un^^° e a laxa de lucro e, mediante isso, examinar a No ponto de origem do processo, a renda média, a taxa de salários, a
1 A 05 ^Postos relativos à remuneração do capital, densidade do capital, o lucro por homem ocupado e a taxa de lucro são supos­
taxa de lucro do setor exportador pode ser definida através da expres- tos iguais em ambos os setores. À medida que aumentem a produção e o em­
prego, a renda média cairá de acordo a AA/ no setor exportador, devido à
116

r
(je. p - .
■"p- r ^0 FAíxA
. «nortícõcs. A taxa de salátio deverá se contrair, parale- trabalho se distribui na quantidade OJ no setor exròrtarfnr . pi J- .
lamente05deXdo com a curva BN, assegurando a constância do lucro uni- a taxa de salários será de./// em ambos. O lucro unitário alcançará a
™ no setor exportador e um montante um pouco maior, de grandez^Z n“
táno c da taxa dc lucro. _ .
No tocante à atividade industrial, cm virtude do aumento dos custos. a setor industrial, diferença esta que assegura a igualdade da taxa de lucro nos
renda média cairá de acordo com a curva CF. Os salários reais também terão dois setores.
que K contrair, redução representada pela curva DK. Ex hipótesis, essa baixa Como pode ser observado facilmente, tanto a análise da operação do sis­
de salános assegura que o lucro unitário aumenta gradualmcnte, de forma que tema econômico (ponto 2) como a das características da situação de equilí­
brio a que se chega através dessa operação (ponto 3), podem ser realizadas
a taxa de lucro permaneça constante.
com base no gráfico 2, de forma paralela e inteiramente similar às que se rea­
lizam mediante o gráfico 1. Portanto, com o objetivo de não afastar a argu­
mentação de sua formulação original, é legítimo refen-la ao gráfico 1, sempre

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que se considere que a constância do lucro unitáno, implícita nesse gráfico,
equivale e representa - ainda que sem uma precisão total - a constância da
taxa de lucro.

2. A OPERAÇÃO DO SISTEMA ECONÔMICO

Deixando as forças do mercado agir livremente, a industrialização da


periferia conduz à situação definida pelo ponto /, na qual a mão-de-obra
adicional é alocada no setor exportador na quantidade OJ e na indústria na
quantidade PJ. Antes de examinar a significação deste resultado d3 livre
operação do sistema econômico, é conveniente, no entanto, considerar o
modo de operar desse sistema, de acordo com essa versão da teoria da deterio­
ração.
Segundo o conjunto de pressupostos básicos, parte-se de uma situação
de equilíbrio na qual o nível de emprego no setor exportador é detmido pelo
ponto O e, na indústria, pelo ponto P. Nessa situação, os preços vigentes
para os distintos bens e recursos produtivos equilibram os respectivos merca­
dos; além disso, com o tipo de câmbio vigente também se consegue o equilí­
brio do balanço de pagamentos (10). Considera-se que, a partir dessa situação,
a disparidade de elasticidades-renda da demanda de importações da periteria
e do centro provoca sucessivos déficits na balança comercial da primeira; tais
desequilíbrios induzem a sucessivas desvalorização do tipo de câmbio (lii); e,
por sua vez, essas tentativas de correção do déficit externo, através da desva­
lorização, contribuem para explicar o funcionamento do sistema econômico
Em outra palavra, no gráfico 2, substituiu-se o pressuposto do lucro
periférico, o tipo de mecanismo que o conduz da situação inicial até a fi­
o constante pelo da taxa de Jucro constante. Esse pressuposto assegura
nal (liii).
ramo< **** será a mesma nos dois setores, assim corno em todos os Com o objetivo de descrever esse mecanismo de uma forma simples,
so Cííte urn ao longo e em qualquer ponto do proces- suponha-se que, num primeiro período, o incremento da renda no centro é
perfeita móbihrv \hCnt0 os pressupostos de competição e de uma grandeza definida, acontecendo o mesmo com a elasticidade-renda
rios vai se iauh * dü Habalho asseguram que também a taxa de salá- da demanda de importações. Daí resulta um determinado incremento da
118 ' or exemplo, ao final do processo, quando a força de 119
. nrtacões periféricas. Supõe-se que a oferta de exportações « paralela compKS!30 dos salâlj0! (segirndo CWFe D1W, respediva-
demanda de «ponaç r Q S£U prcço nâo varia> durant(;
1 aumenta num volume íguai,
Considera-se, então, que, na dinâmica
esse primeiro período. que a renda adicional gerada na periferia, devido obra adicional vai se distribuindo entre os dois setoreTprXoI "dXrma
à elevaSdaPXticidade.rendà de sua demanda de importações, leva a que elas que a cada período sejam iguais internamente as remunerações d^s re uno
excedam o montante das exportações e que o déficit externo resultante con- produtivos, mantendo-se o lucro unitário e chegando-se a níveis cada vez
duz à desvalorização do tipo de cambio. mais baixos de salário real. O sistema econômico periférico passa assim de
Por hipótese, no segundo período de renda, o aumento da demanda uma situação inicial arbitrária a uma outra final definida pelo ponto J- no
cêntrica de exportações provenientes da periferia é o mesmo que no período processo existente entre as duas situações, incorpora-se toda a força de traba­
inicial No entanto, nessa economia, produziu-se uma desvalorização, e com lho adicional, que se distribui entre o setor exportador e a indústria nas quan-
ela um aumento do preço em moeda nacional das exportações, o qual; por tidades representadas por OJ e PJ, respectivamente.

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sua wz, faz com que elas ultrapassem o volume registrado no primeiro perío­ Parece conveniente ressaltar as características mais importantes do me­
do. A oferta adicional de bens primários de exportações excede, então, a canismo econômico que conduz de uma a outra situação. Com relação ao
demanda adicional e, como conseqüência disso, o preço externo desses bens centro, supõe-se que a taxa de crescimento da renda e a elasticidade-renda da
se reduz. Dado o pressuposto de que a produtividade média do trabalho e o demanda de importações têm uma grandeza determinada; isto, por sua vez,
lucro unitário se mantém constantes, deve-se admitir que o salário real pago implica o pressuposto de que a taxa de aumento da demanda cêntrica de im­
no setor exportador é comprimido para compensar essa baixa de preço. portações está dada. Com relação à periferia, dá-se por assentado que um pri­
Enquanto isso, a desvalorização produz o aumento do preço interno dos meiro desequilíbrio externo e a conseqüente desvalorização induzem a um
bens importados e estimula, por esse caminho, a expansão do emprego e da certo aumento da renda; e que esse aumento, devido à alta elasticidade-renda
da demanda de importações, faz crescer estas últimas em maior medida que as
produção industrial. Mas, em virtude das razões já expostas, essa expansão
exportações. Reitera-se, assim, o desequilíbrio externo, que conduz a novas
traz consigo, necessariamente, o aumento dos custos; este, por sua vez, exige
desvalorizações, em períodos sucessivos. Em outras palavras, concebe-se que o
que o salário real pago no setor se reduza, para que seja possível manter a
funcionamento do sistema econômico está condicionado pelo dinamismo di­
competitividade da indústria, sem variação do lucro unitário (11).
* ferente que tem a demanda de importações no centro e na periferia, dispari­
Assim, durante o segundo período, as exportações aumentam em volu­ dade esta que constitui o germe dos sucessivos desequilíbrios externos e des­
me, e possivelmente em valor, e aumenta também a produção industrial des­ valorizações.
tinada ao mercado interno. Esse incremento do produto global induz ao do Sob a influência desse mecanismo, a produção periférica se expande,
valor das importações periféricas maior que o do valor das exportações, rei­ mas mostrando distintas características em cada um de seus setores básicos.
terando-se o desequilíbrio externo. Como se verá em seguida, essa reiteração As repetidas desvalorizações impulsionam a expansão da indústria em
do desequilíbrio tem grande importância para o posterior funcionamento do condições de produtividade decrescente. Para que se mantenham a sua com­
sistema econômico. petitividade e o nível de lucro unitário, é necessário que o salário real dimi­
Com efeito, no terceiro período, repete-se, grosso modo, o mecanismo nua. Portanto, na indústria, a redução da produtividade e a disponibilidade
já descrito. Ainda que, no período anterior, o preço externo das exportações (e/ou a superabundância) de mão-de-obra confluem, de maneira a fazer com
baixe, o desequilíbrio e a conseqüente desvalorização determinam um aumen­ que o salário real diminua, entre a situação inicial e a final (de PD a J/V).
to no seu preço interno, o qual, por sua vez, estimula um aumento da produ­ As desvalorizações impulsionam também a expansão das exportações
ção. Então, durante o terceiro período, a oferta de exportações primárias se periféricas, cujo volume crescente é vendido a preços cada vez menores, devi­
expande novamente mais que a demanda, com uma nova queda no seu preço do às condições da demanda; enquanto isso, matém-se a remuneração do
externo e uma redução da renda média e dos salários do setor exportador (de capital e reduz-se a do trabalho. Então, o salário no setor exportador diminui
acordo com AM e BN, respectivamente). Semelhante é também o comporta­ paralelamente ao da indústria (de OB a ZV), devido à deterioração da relação
mento do setor industrial: o aumento do preço interno das importações esti- de preços e à disponibilidade (e/ou superabundance) de mão-de-obra.
m a instalação ou ampliação de novos ramos e os faz competitivos, mas os Em síntese, a disparidade entre as elasticidades-renda da demanda de
ores custos e/ou a menor produtividade implicam a diminuição da renda importações do centro e da periferia conduz a sucessivos desequilíbrios exter-
'Itimas impulsionam o aumento da oferta de No entanto, o aumento do custo não incide sobre as ativid^
nos e desvalorizações; estas u supcrior ao da demanda, com a conse- existentes, mas somente sobre as novas atividades do seto^í d
exportações periféricas num rc|atjv0; (al diminuição obriga a comprimir to, a renda média de cada atividade adicional equivale na nat Portan‘
qüente diminuição de scu até 0 ponto exigido pela menor produtivi-
qUe se obtém com cada unidade marginal de mão-denh 3
os salários, os quais se re uz bundáncia de mão-de-obra existente na curva CMF representa, simultaneamente, as funções de nrod (jrafica,mente’ a
dade da indústria, e permitido peia e dC produto-renda marginal do setor. ’Unçoes de P^uto-renda médio
periferia. os elemcntOs explicativos do fenômeno da Como se sabe, a otimização se obtém no ponto dado peia interseção
A síntese an evolução da demanda de importações
das curvas marginal - o ponto F no gráfico 1 - e implica na distribuição da
força de trabalho adicional entre o setor exportador e a indústria, nas quanti­
dâ X» e » suas condições eer«.s dc atraso «slrulurnl, que dades OG e PG, respectivamente. Com essa distribuição, obter-se-á um nível
tam i continua coação de um excedente de mao-de-obra. Observa-se, máximo de renda social, representado pela área OAFCP = OAFG + GFCP

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ainda que a diferença de elasticidades é o elemento-chave na análise do abrangida pelas curvas marginais de ambos os setores.
funcionamento da economia periférica, enquanto que o atraso na produtivi­ Essa renda máxima factível difere da que se obtém mediante a livre ope­
dade e a presença de um excedente de mão-de-obra se relacionam com os ração do sistema económico. Com efeito, esta última traz consigo um nível
marcos de condições estruturais dentro dos quais essa economia funciona. de renda representado pela área abrangida pelas curvas marginais dos dois
Tais condições de estrutura e de funcionamento, consideradas em conjunto, setores que correspondem a um volume de emprego OJ no setor exportador
explicam a deterioração, que aparece como um fenômeno necessário, ineren­ e PJ na industria. Ou seja, consegue-se um montante de renda equivalente à
te à industrialização da periferia. área OAHMCP = OAHJ + JMCP, que é menor que OAFCPna dimensão da
área FMH. A observação do gráfico revela, além disso, que o jogo espontâneo
das forças do mercado não poderá conduzir ao nível máximo de renda, já que
3. INDUSTRIALIZAÇÃO ESPONTÂNEA E a distribuição intersetorial do emprego necessária para obtê-lo (PG em vez de
MAXIMIZAÇÃO DA RENDA
PJ na indústria, OG em vez de OJ no setor exportador), exigiria que se pagas­
se menores salários numa atividade que na outra (GK e GL, respectivamente)
Este ponto analisa duas questões relacionadas com o resultado da livre (lv).
operação do sistema econômico. A primeira delas, a diferença entre o nível Daí se conclui que a otimização dos resultados de uma economia perifé­
de renda social que se obtém com tal operação e o nível máximo que se pode­ rica como a que, de forma simplificada, é representada no gráfico 1, exige
ria alcançar através de uma condução deliberada da industrialização periférica. uma condução deliberada. Por exemplo, o uso de instrumentos de política
A segunda, a “perda de renda” e/ou a “transferência de renda para o exte­ econômica, tais como a proteção alfandegária, os subsídios, os impostos à
rior”, que deriva do jogo espontâneo das forças do mercado. exportação, o tipo de câmbio, etc., poderia criar condições que não favore­
i) A primeira questão se apresenta com base no gráfico 1. Nele, AM é çam a expansão das exportações, podendo, por outro lado, incentivar a
a função da renda real por unidade de trabalho correspondente ao setor ex­ produção industrial em condições compatíveis com a nivelação dos lucros e
portador. Como já se disse, o aumento da produção desse setor, implícito na salários nas diversas atividades produtivas, requisito próprio das economias
expansão do emprego de O em direção a P, traz consigo a queda da renda de mercado.
média, em virtude da diminuição do preço das exportações. Mas essa dimi­ ii) O gráfico 1 é também adequado para examinar a questão da “perda
nuição incide não só sobre a produção adicional, mas também sobre o volume de renda” e/ou da “transferência da renda para o exterior”. Registra-se nele
físico anteriormente produzido, de modo que a renda marginal por pessoa uma queda da renda média do nível inicial OA = PC até o nível final JM.
ocupada — assimilável ao conceito neoclássico de produto-renda marginal — Como o lucro unitário supõe-se constante, essa redução da renda reflete tão
reduz-se com maior intensidade que a renda média, de acordo com AFH. somente a redução paralela dos salários de OB=PD a JN. No entanto, a
As curvas média e marginal que correspondem à indústria são, por outro diminuição dos salários tem um significado distinto para cada um dos dois se­
lado, coincidentes. O aumento da produção industrial, que provém da expan­ tores que compõem a economia periférica. Na indústria, acompanha a queda
são do emprego de P em direção a O, realiza-se a custos cada vez maiores; da produtividade do trabalho; no setor exportador compensa a deterioração da
esse aumento é representado na redução da renda real média ao longo de CMF• relação de preços, sem que varie a produtividade. Daí se depreende que os
<'««« “ "'"It,.,.
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^íodot, a remiam índint/bJ (/,„, t ftadi
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fefnunefaç/>c» doí /ecurioi produtivo* ulinu t Ixr, no» fan
qurO/’r^''1*" lllt K|(„ exportador, » lenda nele gerada
ftiorci que compdcm a economia piifític» e do equdíbrio no» mercado*
<>J i á» renda méál»CW l»cl#<luan,1<,il<lc <lc ‘i»1”*11'0 Ullli/íida(o/fl
dííífli iccunoi.
mU,Uí*?lwd» K»'*1 < l>d’4,c" Sc 0 prcço ,cli"lvo din r/>^
nio variaaH, *wnd* ’"í<1,a pe”nwicc*,,a conilanlc no sen nível inr u| . dividir
Ao 4i ?í/d n'?/"
(1)í por "Ma *>
' c (2) por /,Zí|, obtdnue;
L(ei Mm*
S dr tâl modo que. no período final, o volume de emprego 0/ gcf

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um* ittiái aocial maior,equivalente ü área OAA'J. A diferença M'AA'Aí mhJ ''/I
„„l,„ a» área» rcprcwnla uma "perda de renda” c/ou uma “IranalerêncMí (i)
renda" pin o exterior,
Como ac pode observar. etu t urna diferença entre o valor de certo vo
lume ffilco de exportaçte» a preço» efetivo» de mercado c o valor dc»»c volu >'pi (4)
- M —— *
me mimado a preço» de urn ano bate arbitrário, Ma», alérn da acejrçflo puu /,/fJ 1‘tci
menu contibd que acaba de ter Indicada, a» expreaaOea anteriores po»wa
uma ilpilficaçlo teórica particular, Corn eleito: na Indíntrla, a renda rnédu Dividindo membro por membro (4) p>it (3). obtér.o x.
M* reduz cm virtude da contração da produtividade do trabalho; nflo há, riciv
âcfttldo, nenhuma "perde" ou *‘tran»fcréncla" do» fruto» da produllvidad'
industrial No actor exportador, a queda da renda rnédla c do» salário» »c pm l,le> u (5)
duz apesar da constância da produtividade do trabalho, como resultado <1 Z'pl TT 1
deterlonçSo do» termo» do Intercâmbio, liste fenômeno constlhd, então, m
mecanismo que faz diminuir a renda média do actor exportador sem qu Níi cquaçíí) (f)f Z,^ /Zyr| •• /, sempre que te tupfjrihi que ai produtP
eUita variação da produtividade, Ou ainda, corno ac verá com major clarc/ r periferia c do centro iSo colncldcntei durante o período
quando o propetto técnico foi Incorporado â análiae, a deterioração const ^47^899090
nlclal, Além <iluo, 1‘icJI‘ld L no cam de nJo haver proí(muj té^n^u
tu» um mecanismo que fa/ corn que a renda média do actor exportador aimici tntre o período Inicial e o final Corn laJi prezwpoUoi, dar ie â a ic^uintc
te menos que a produtividade do trabalho, c, portanto, que, em parte, p<- ^zndíçâo de equilíbrio, derivada dai anterlurei:
carnu o» possíveis fruto» do progresso técnico
III) 0 exame do nexo entre a deterioração c a transferência de rend (6)
pode ser recolocado sobre baus mais geral» (12) Para Imo, admita se qu
li representa a produtividade física média do trabalho na Indústria da per Z/Zrz f'pi
feria, /^t a de seu exportador c H, a relação de preço» do» bern prodt () prlincho membro de (6) reprewnta a relato entre ai produtividade*
zid>n nesta» duas atividade», IriduUriah da periferia c do centro, depot* de transcorrido o proemo de m
A» tquaçOes
flu*tflali/aí,ao que c»ll icrido coniidcrada () seguinte membro é o hulicc de
variarão da renda média do setor exportador periférico, medido em lermoi de
* z^i • /<! brfit Industriais í/f,t * Hr/lp, * \ I r,*le. por outro lado, auhu se cuniU-
tuldM r',M l,lud,ltu ,lu l,,dkc dc varlaçlo da produtividade prinüru perils
Z7" * /G liui Ur. 1 to J í*,ü lndliC dc ^rÍ4VJtí da relação de preço» (/<>/«»)
A equação anterior permite vlsualuar facilmente a seguinte umcluUo
e/p/enam as condições de equilíbrio que, hipoteticamente, regem fl| b‘^1» d<> .uniento do» eu,lo, que i« produí na mdúiiru da periferia.
rma periférica ao cabo de um período Inicial (I) • de outro final (j),
124 '
125
produtividade» industrial» toma menor que I (v. gr., ac 0 quadro anterior regiitra 01 valorei de equilíbrio de certa, variável, ao
0M Mlndj| que fl produtividade primária permaneça constante cabo de dol, período, de renda, um inicial e outro finai, entre o, quai, tram-
ue l //• * >). produzir-se-á uma ratio de Intercâmbio entre os corre o proccno de Induitrializaçlo de uma hipotética economia periférica
benlueamboA* Storer " 0.8). Supõe-se que, ao término do período inicial, no setor industrial desu
Já foi indicado a deterioração das condições de estrutura e funciona- economia, a renda média é de 100 unidades físicas de sua produção (A/ «
mento nas quais se dá a industrialização da periferia. A equação anterior reve- O 100) C o salário real de 80 0| -■ M), com o que fica definido o lucro por
la agora que a rclaçio entre as produtividades industriais determina a grande trabalhador, cujo montante alcança 20 unidades ÍZq « 20) As forças que
zj da deteriorate c. através dela, a variação (nesse caso simplificado, a redu igualam as remunerações dos recursos fazem com que a renda média do setor
çío) da renda real média do setor exportador periférico. < primário, medida ern termos de bens industriais, seja também de 100í/^( •
O mesmo raciocínio pode ser colocado cm outros termos. O fenômeno • Rt « 100). Como se admite que a produtividade média do trabalho nene
neccxsáno da detenoraçfio mostra que a renda real média do setor exportador setor é de 100 unidades físicas do produto respectivo (7,^ ~ 100), a relação
nâo vana de acordo com a variação de sua própria produtividade (neste caso, de preços de equilíbrio será de 1 f/< j « 1).
a renda média reduz-se, enquanto a produtividade permanece constante). Ou No que diz respeito ao período final, supõe-se que a produtr/»dade e a
ainda, esse fenômeno implica a existência de urna “perda de renda”, de uma renda média da indústria periférica aumentam em 20%, passando então a
“transferência de renda” para o exterior, no sentido de que os frutos poten 120 (A/3 = 120), que se distribuem em 90 de salários (r2 90) e 30 de
ciajs da produtividade do setor exportador (que nâo variou) “perdem-se” ou lucros (b2 = 30). A equalização das remunerações conduz a que a renda
“sâo transferidos” através da diminuição dos termos do intercâmbio. Nurna média do setor primário se equipare à da indústria, agora no nível de 120
Jópea cstnta. as expressões acima nâo se referem, então, a uma perda ou
(Lpj ' ^2 ~ 120). Mas, como se admite que a produtividade netse setor
transferencia efetiva de renda, mas sim à diferença que existe entre a renda
aumente cm 50%, de 100 a 150 (Lpj = 150), está-se aceitando, tacitamente,
real men te gerada no setor exportador e a sua renda potencial, no caso de
que a deterioração nâo fosse inerente ao desenvolvimento periférico c aos que a relação de preços diminua de 1 a 0.8 (R2 25 0.8), já que Lpi • R2 3
marcos de suas relações com o centro. = 120c/Tj = 150).
Para simplificar a análise, supõe-se que a economia central se especia­
lize na produção de bens industriais e que, no período inicial a produtividade
4. A DETERIORAÇÃO E A TRANSFERÊNCIA DA RENDA de sua indústria equivalha â da indústria periférica. Dji que a rendj real média
alcance no centro a grandeza de 100 (Ljct = 100). Por hipótese, a mobili­
4.1. A Generalização do Argumento dade internacional do capital assegura a equahzação de sua remuneração,
representada pelo montante de 20 no lucro unitário (b[ = 20). do que se
Este ponto retoma a argumentação do anterior, incorporando a ela a depreende que os salários também coincidirão, alcançando, no centro, um
existência de progresso técnico e/ou o aumento da produtividade do trabalho. nível inicial de 80 (sCl = 80). Admite-se, além disso, que a produtividade da
Para o exame da significação da deterioração nestas novas condições, mais
indústria cêntrica aumente em 50% entre ambos os períodos e, em conse-
complexas, convém começar considerando um exemplo simples como o que qüéncia, que a sua renda média se eleve no segundo a 150 (LlCl - 150).
vai resumido em seguida (13). Como a remuneração do capital volta a se igualar, num novo nível represen­
tado pelo lucro unitário de 30 (b2 = 30), a taxa de saláno chegará no centro
a 120, e será, portanto, maior que a da periferia (rCj = 120 > Sj - 90).
keferenUi ã Referente* Essa diferença nos salários explica, por si só, a desigualdade entre os
Vanáveu ptnfena mo centro Variações níveis de renda média do centro e da periferia, ao término do processo consi­
Períodoi /'Pj derado = 150 > = LPl ’ = 120). No entanto, a sua signi-
í l-p-X Lp hc LPi ficação é diferente para cada um dos setores que compõem a economia
1) lnidil JÜO b0 100 100 1 100 80 periférica.
2) Final 120 90 120 150 0.8 150 120 1.2 1.5 Considere-se a indústria, em primeiro lugar. Dados os sucessivos dese­
1.5
126 quilíbrios externos e desvalorizações, a operação do sistema econômico im-
127
Bla l uma condíçáode equilíbrio, já que M , pír,|r(fe CMdi
i rm condições dinâmicas de atraso tecnológico. Ou ções dc equilíbrio. Nela, LlJLCí é o índice de variação da produtividade
Isiona a sua expansao dc uma atuação jnicia| na
industrial periférica; e LicJLiCí é o índice de variação da produtividade in­
= = 100).atéuma
dustrial ccntrica; conseqüentemente, o primeiro membro representa o produ­
' onae .s
n« respectivas atividades marginais (L/, - 120 < Lte
rf0T S' ’a
150). A
to da relação entre esses dois índices pelo segundo deles. Por outro lado,
o segundo membro representa o índice de variação da renda média do setor
JX a.fe™»tã« d<» olános e, ao mesmo tempo, a primário-exportador da periferia.
Tenha-se presente o pressuposto de que a produtividade aumenta mais
ZXm * ™ ,om"do possml ““ d,fcr“c,’«“- no centro que na periferia, e a admissão nele implícita, segundo a qual esse
DeVC ainda ser destacado que o pagamento de menores salános na penferia,
aumento é maior no centro que em qualquer dos setores periféricos.
que é essencial para conservar a competitividade dc sua indústria, resulta
De acordo com essas hipóteses,
compatível no entanto, com um aumento da renda industrial média exata­
mente proporcional ao aumento da produtividade do trabalho: ambas se in-
crementam de 1OO a 120.
A operação do sistema econômico impulsiona, junto com a expansão
industrial, o aumento da produção de exportações; e o faz num ritmo tal ^Pi -Ki ^ÍCl
que. dad2s zs condições dinâmicas da demanda, a relação de preços cai de
1 a 0.8. entre o período inicial e o final. Diante dessa redução do preço rela­
tivo dzs exportações, o setor exportador, para poder gerar um nível de lucro
De (6a) extrai-se, pois uma primeira conclusão: a renda média aumenta
unitário igual ao da indústria, deve pagar salários que também se diferenciem
dos do centro. Portanto, no que diz respeito ao setor exportador, a deterio­ mais nas economias centrais que na atividade exportadora da periferia, o que
ração dos termos do intercâmbio exige a diferenciação de seu nível de salários equivale a dizer que a industrialização conduz espontaneamente à concen­
em relação ao nível existente no centro. (Além disso, a existência de um tração dos frutos do progresso técnico nos centros.
excedente de mão-de-obra o permite.) Varia, nesse caso, o sentido dessa O grau dessa concentração vai depender das variações relativas da
diferença, pois da implica o fato de que a renda média do setor exportador produtividade no seio da economia periférica.
ruo aumenta na mesma proporção que o incremento da sua produtividade, A equação
que é só de 507c, mas sim em proporção ao incremento da produtividade in-
dustrial, que é só de 20%. Tendo em vista que a diferenciação de salários
no setor exportador compensa a deterioração dos termos do intercâmbio,
esta tem o mesmo sentido que acaba de ser assinalado: implica o fato de
que^a renda média do setor exportador aumenta menos que a sua produtivi- é uma variação da anterior, na qual só se tem em conta, exp citamen e, a
economia periférica. Ela permite chegar às seguintes conclusões aucionaix
O raciocínio acima se baseia num exemplo hipotético e supõe condi-
. ‘g^d^e entre a periferia e o centro no que diz respeito à Primeiro
i-, .U W e e aos salanos. Convém, então, tentar um maior grau de genera-
dedni! preasSo na análise, recorrendo novamente à equação (5), de onde se Rj/Ri > 1
deduz a seguinte expressão:

Li, Ou seja, se a produtividade aumenta num ritmo a industriali-


L‘‘ . Llc,
no setor exportador, a relação de preços mc®10 j0 prOgresso técnico
L“> Llci (6a) zação, consegue-se, nesse caso, captar parte doò ru o* se
Llr. do centro, ainda que nào em grau suficiente para e
128 concentrem nessa economia.

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condições dc estrutura, os incrementos de produtividade não se traduzem
Segundo num aumento equivalente da renda real. Considera-se, além disso, que a dete­
rioração é a manifestação imediatamente visível (no plano dos* preços dos
ílL . , Rl/Rl = ! bens) dessa perda dos frutos do progresso técnico; e que, ao mesmo tempo,
Lll Lp* constitui o mecanismo através do qual essa perda se realiza, pois é a queda
dos preços relativos que compensa a diferença entre o incremento da pro­
dutividade do setor exportador e o aumento de sua renda real média.
Ou seja, $c a produtividade aumenta num ritmo igual na indústri
setor exportador, a relaçío de preços nío varia. Diferentemente do cl *
tenor, isso implica que a periferia só consegue reter os frutos de seu °
4.2. Observações Complementares (14)
progresso técnico, mas sem beneficiar-se com parte dos do centro Pr°Pr'°
Como se pode observar, a última parte do ponto 3 examina os vínculos
Terceiro entre deterioração e transferência de renda sob bases um pouco mais gerais
que as do gráfico 1. Ao se generalizar o argumento no ponto (4.1.), esses vín­
culos voltam a ser considerados, levando-se em conta a existência de progresso
técnico. Em ambos os casos, os textos em que se apoia a análise desse tema
contém certas imprecisões. Por isso considerou-se conveniente transcrevê-los
Quer dizer, se a produtividade aumenta num ritmo maior no setor ex­ e comentá-los, com o objetivo de demonstrar que elas não invalidam as con­
portador que na indústria, vai se produzir uma deterioração na relação de pre­ clusões anteriormente enunciadas.
ços, à qual associate uma perda e/ou transferência para o centro dos frutos i) Postulando - para simplificar — que a tecnologia não vana, o tema
do progresso técnico conseguido na periferia. mencionado é abordado nos seguintes termos:
As considerações acima permitem precisar os limites dentro dos quais
"... internamente, não há nenhuma modificação, salvo que o custo real
são válídoToi postulados cepalínos a respeito da deterioração dos termos do
em novos ramos da indústria será mais alto que nos ramos existentes. Mas ex­
intercâmbio - e da perda e/ou transferência de renda nela implícita - como
fenômeno inerente ao processo espontâneo de industrialização da periferia. ternamente, a queda dos salários nas atividades exportadoras, que ê acompa­
Como já foi assinalado, parte-ie do pressuposto de que a produtividade nhada pela queda dos preços (ambos em moeda estrangeira), reflete o proces­
so de transferência de renda real através da deterioração dos termos do
aumenta mais no centro que na periferia. Sempre que, nesta última, se faça
necessário empregar o excesso de mão-de-obra em ramos industriais cuja pro­
dutividade aumenta na margem menos que a do setor exportador, haverá Com o objetivo de tornar claro esse processo de transferência, devemos
intercâmbio.
uma deterioração dos terrnor do intercâmbio. Isto, por sua vez, implica que propor os conceitos de relação entre produtividades físicas (chamada a seguir
de “relação entre produtividades”) e de relação entre salários. A primeira ex­
a renda média deste setor se incrementa de acordo com a taxa de aumento
da produtividade industrial, e não de acordo com a sua própria taxa. Portan­ pressa a razão entre a produção por homem da periferia e a existente no
centro, llá uma ampla gama dessas relações. Por exemplo, no setor exporta­
to, a deterioração expressa c realiza uma “transferência de renda”, entendida
dor de produtos primários da periferia, a produtividade média pode variar
esta expressão no sentido já dito: devido às condições de atraso em que
entre três vezes e 0.50 da que corresponde ao centro; e esssas exportações
começa e se desenvolve a industrialização periférica, produz-se uma perda de
renda potencial, pois a renda média do setor exportador cresce num ritmo de menor produtividade relativa só serão realizáveis com salários propor­
cionalmente menores. Assim, por exemplo, se o nível de salários alcança à
menor que a sua própria produtividade.
metade do nível dos centros, poderão desenvolver-se atividades exportadoras
A expressão anterior é cm ti mesma ambígua, pois evoca uma redução
líquida, uma perda efetiva no montante absoluto de renda real. Na verdade, que só tenham a metade da produtividade... (para evitar complicações, não
cx/m ela torn ente se indica que, no processo de desenvolvimento da periferia, se inclui a renda da terra, dado que esta não pode ser transferida).
a renda média de seu setor exportador aumenta menos que o potcncialmente Existe também uma gama similar de relações entre produtividades in­
permitido pelo incremento da produtividade do trabalho. Em outras palavras, dustriais. As indústrias com uma relação de 0.50 ou mais podem se desenvol­
a expressão “transferência de renda*’ sugere que a economia periférica opera ver sem proteção na periferia, mas as que tiverem uma relação menor, como,
de maneira inadequada: ern função de seu modo de funcionamento e de suas 131
130
. rf0 dessa proteçío. Vimos que, se essas indústria,
per exemplo. 0.40,0 )cn0 emprego do excedente de atividade exportadora, cuja produtividade relativa não variou a dimin ■ <
mão-de-obra, da relação entre os salários, ”... que é acompanhada pela queda dosZS
_jrFnrJ rfo necessínj ^crcado conduzirá a uma deterioração dos salário,
o InTt-rr forv” nl mcdlda necessária para contrabalançar a reflete o processo de transferência de renda real através da deterioração ía
(em moeda da indústria, em comparação com as domenor setor termos do intercâmbio”.
rriipo entre de exprcssar 0 fat0 de que existem custos É fácil provar que a argumentação comentada não possui plena coerên­
exportador irnportação). Desta forma, para que as indústrias cia. Em relação à periferia, admite-se que a operação de seu sistema econô­
Ca’£T.<r^jam competitis-as. os salários (em moeda estrangeira) devem bai- mico equipara a remuneração dos recursos produtivos, ou sep, iguala a taxa
j entre salários diminua de 0.50 a 0.40, processo que vai de salários e o lucro unitário nos dois setores que o compõem. Se isso também
Xmpa^ado pela queda dos preços de exportação. Este é o caso de trans- ocorre no centro - e não há razões para estabelecer pressupostos diferentes -
o salário do setor primário dessa economia vai se equiparar ao da indústria,

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femneu de renda real que vimos antes” (15).
situando-se num nível mais alto que o da periferia. Numa lógica estrita, é
preciso admitir-se que, para compensar essa diferença de salários, a produti­
Pira o exame do vínculo entre a deterioração e a transferência de ren­
vidade primária também terá que ser maior no centro que na periferia. e isso
di. são propostos os conceitos de relação entre produtividades e de relação
na mesma proporção em que diferem as respectivas produtividades industrias.
entre salinos. O pnmdro se refere ao quociente entre as produtividades físi-
Portanto, dizer que a relação entre as produtividades industrias cai, enquan­
cx nédias do trabalho das atividades industriais marginais da periferia e do
to a relação entre as produtividades primárias permanece constante, resulta
centro - para amplificar. chamado de relação de produtividades industriais -
contraditório. Ao contrário do que postula a citação acima, pode-se demons­
ou ao quoaente entre as produtividades físicas médias do trabalho das res- trar que a relação entre os salários deve cair com mais intensidade que 3 reb-
pectvzs atividades primárias marginais - a relação de produtividades primá­
ção entre as produtividades, como uma consequência lógica do pressuposto
rias. A relação entre salinos expressa a razão entre os salários reais nas duas
segundo o qual a remuneração do capital se iguala em todas as atividades.
econanuas consideradas.
No entanto, essas incoerências não invalidam os resultados da argumen­
Se se admite que esta última relação é de 0.50, chega-se à seguinte tação. Como pode ser comprovado na parte final do pen to 3, quando se pro­
condusão: na periferia, algumas atividades de exportação cuja produtividade é cura eliminá-las da análise, chega-se a conclusões perfeitamente similares e
a metade d2 existente no centro podem se desenvolver, já que a relação entre
compatíveis com o conjunto de hipóteses das quais se parte.
os salinos (também equivalente à metade) converte em competitivas essas ii) Continuando a citação anterior e suprimindo o pressuposto da ine­
atividades de menor produtividade. Da mesma forma, a indústria periférica xistência de progresso técnico, a análise do vínculo entre a deterioração e a
pode se expandir para atividades onde a produtividade física seja igual à
transferência de renda é recolocada nos seguintes termos:
metade da existente n2 indústria cêntrica; os menores salários fazem com que
os seus produtos possam competir com os similares importados. “Consideremos agora o outro caso. Suponha-se que o progresso técnico
De uma forma implícita, o vínculo entre a deterioração e a transferên- no setor exportador é tal que a relação entre as produtividades nas atividades
cu de renda é examinado a partir de uma situação como a anterior, onde as marginais aumenta de 0.50 a 0.70, sem que haja aumento algum na relação
três relações atadas acima se igualam (v. gr., no nível de 0.50). Segundo os entre produtividades industriais, que permanece no nível de 0.50, na margem.
textos examinados, se, para empregar o excesso de mão-de-obra faz-se neces- Neste caso, será a produtividade diferencial das exportações em relação com a
sáno expandir a indústria periférica até um ponto em que a relação entre
indústria o que tende a ser transferido.
produtividades industnais se reduza (v. gr., a 0.40), ”... o livre jogo das forças Podemos simplificar ambos os casos através de uma generalização am­
do mercado conduzirá a uma deterioração dos salários..., na medida necessá­ pla: sempre que a relação entre produtividades seja maior nas exportações que
ria para contrabalançar a menor relação entre as produtividades...”. Em outras nas indústrias marginais necessárias para empregar o excesso de mão-de-obra,
palavras, *... para que as indústrias marginais sejam competitivas, os salários... a renda real correspondente à diferença de produtividade tende a ser transferi­
devem baixar até que a relação entre salários se reduza de 0.50 a 0.40, proces­ da para o exterior pelo livre jogo das forças de mercado. Isto se produz quando
so que vai acompanhado pela queda dos preços de exportação”. o excedente de mão-de-obra deve ser empregado em ramos industriais com
No que diz respeito à indústna periférica, a diminuição da relação entre uma relação entre produtividades menor que a do setor exportador de produ­
os salários não reflete outra coisa senão o seu maior custo relativo. Mas na
tos básicos, e também quando a relação entre produtividades deste último se

»

i„crem«.l. ™i°' ">"te ’’'oduli'',date ceitos, procurando evitar essa inconsistência, permite chegar de forma
te e válida a conclusões equivalentes às do texto comentado. coeren-
riais” (16).

Como se pode observar, nestas afirmações postula-se a existência dc


5. ELASTICIDADES, PRODUTIVIDADE E DETERIORAÇÃO
uma situação inicial similar à descrita pela citação anterior. Nessa situação, a
relação de produtividades industriais é de uma magnitude arbitrariamente 5J. Causas e Significação da Deterioração
definida, e coincide com a relação de produtividades primárias (v. gr., ambas
encontram-se ao nível de 0.5). A análise anterior se refere à significação da deterioração dos termos
A partir dessa situação, incorpora-se progresso técnico, tanto na indús­ do intercâmbio; por isso pode ser realizada através de um método estático-
tria do centro como na da periferia, c isso sc reflete num aumento tal da pro­ comparativo, confrontando duas situações de equilíbrio. Para se examinar
dutividade do trabalho de ambas que, numa segunda situação, a relação entre

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as causas da deterioração, entretanto, é preciso ter-se em conta o processo
as produtividades industriais permanece constante. Postula-se também que o dinâmico que conduz de uma situação à outra. Os documentos da CEPAL
progresso técnico produz um aumento das produtividades primárias. Mas contêm apenas um esboço desse tipo de análise, realizado sob a forma de
nesse caso, a produtividade aumenta num ritmo maior no setor primário peri­ contraste e como ampliação do que foi examinado no ponto 2 (no qual
férico. de forma que, nessa segunda situação, a relação entre as produtivida­ supunha-se, para simplificar, a ausência de progresso técnico) (17).
des pnmánas se incrementa (a 0.7, por exemplo). A nova análise considera a existência de avanço tecnológico e parte,
Deste raciocínio, conclui-se o seguinte: “Sempre que a relação entre como a anterior, das seguintes hipóteses: no começo do processo de indus­
produtividades seja maior nas exportações... (relação de produtividades pri- trialização de uma economia periférica, a produtividade do trabalho de seu
xnán2s)... que nas indústrias marginais necessárias para empregar o excesso setor industrial equivale à do setor correspondente do centro; a mobilidade
de mão-de-obra, a renda real correspondente à diferença de produtividade do capital assegura a igualdade da sua remuneração em ambas 3s economias.
tende a ser transferida para o exterior...”, através da deterioração dos termos Essas hipóteses são compatíveis com outra: no início do processo, os salários
do intercâmbio. também estão equiparados. Supõe-se, além disso, que entre as duas econo­
Fazendo um paralelo com o que é indicado em í, pode-se demonstrar mias componentes do sistema existe uma disparidade nas elasücidades-renda
que essas considerações utilizam de uma forma inadequada o conceito de da demanda de importações, e que isso leva a sucessivos défidts externos e
relação entre as produtividades. desvalorizações no pólo periférico, de modo similar ao já examinado.
Com efeito: seja £/ a produtividade média da indústria periférica, Lp> Considere-se, em primeiro lugar, a evolução da indústria penféricx As
a do setor exportador e R, a relação dc preços dos seus produtos. De acordo sucessivas desvalorizações estimulam a sua expansão, ao elevar os preços in­
com os pressupostos dos quais se parte, as forças do mercado vão igualar as ternos dos bens industriais importados. Na análise simplificada, supunha-se
remunerações dos recursos produtivos nessas duas atividades ou, o que é que essa expansão trazia consigo um aumento de custos, ou, o que é o mes­
equivalente, vão igualar o nível de renda média que é obtido em ambas. Em mo, uma queda na produtividade líquida do trabalho, refletida no declínio da
outras palavras, dar-se-á que £/ = Lp • R. Sejam LjC eLpCt respectivamente, curva CMF. Os salários diminuíam paralelamente, ao longo de Dl\K% a iim
as produtividades físicas médias industrial e primária da economia central. Se de preservar a competitividade da produção industrial periférica. Na análise
sc admite que também nela o livre jogo das forças do mercado nivela as remu­ atual, admite-se que, durante o processo de industrialização , a produtividade
nerações dos recursos em ambos os setores - e não há razões para supor que aumenta num ritmo maior no centro que na periferia, de modo que os res­
essa economia funcione nesse aspecto de forma diferente da periferia — dar- pectivos níveis de produtividade vão se diferenciando gradualmente. Partindo
se-á que Lie = Lpc • R. Tem-se então que Lí/Lic = LpILpCt ou seja, que a desse novo pressuposto, para manter a competitividade da indústria perifé­
relação entre as produtividades industriais vai igualar a relação entre produti­ rica não é necessária a redução dos salários; a diferenciação gradual do nível
vidades primárias, tanto na situação inicial como na final. Inversamente, de salários em relação à economia central será suficiente para compensar a
postular que elas se diferenciam, como no texto considerado mais acima, é, desigualdade das produtividades do trabalho.
sem dúvida, contraditório. Os desequilíbrios e as desvalorizações impulsionam também a expansão
No entanto, é preciso assinalar que, no que diz respeito ao significado do setor exportador, ao elevar os preços dos seus produtos, em moeda nacio­
da deterioração dos termos do intercâmbio, a utilização dos mesmos con­ nal. Produz-se assim um aumento das exportações; diante do crescimento
135
da demanda, esse aumento conduz à deterioração da Quarto. Esse fenomeno constitui um mecanismo através do qual reali?^
relativamente lento a por sua vez. é compensada pela diferenciação do Se uma perda de renda potencial e/ou uma transferência para o centro de
-elação de intercâmbio- ’ exportador cm relação ao da economia parte dos frutos do progresso técnico incorporado à produção da periferia
ível de “Iâr“LS S diminuição de seu nível absoluto. Cabe, por último, fazer referência aos fatores que poderiam operar
mtral. e não m de ambos os setores, de forma simultânea. O num sentido contrário aos que acabam de ser resumidos, isto é, como forças
ajustamento da economia no seu conjunto é impulsionado pela contrárias à tendência à deterioração (1 vi).
Pr0CeSdade de elasticidades. Durante esse processo, a produtividade da indús- Costuma ser assinalado que a produtividade do setor exportador do cen­
dlSpanrifcrica aumenta, mas menos que na indústria do centro, desigualdade tro pode aumentar numa taxa maior que nos demais setores, compensando a
tn* rai sendo compensada com a gradual diferenciação do nível de salários. diferenciação análoga que se produz no caso da economia periférica. No
4s forças do mercaco impulsionam ao mesmo tempo a expansão do setor ex- entanto, isso se considera improvável, pois como nos centros os bens de
portador e nivelam as remunerações dos recursos produtivos, cm ambos os exportação provém de ramos industriais similares aos que atendem à deman­
da interna, é de se esperar que a produtividade aumente de uma forma mais
setores.
Mas. como se postula que a produtividade do trabalho aumenta num ou menos homogênea.
ritmo maior na atividade exportadora que na indústria, a expansão das expor­ A tendência à deterioração também poderia ser contrabalançada pelo
tações será de tal magnitude que afetará negativamente a relação de intercâm­ aumento das rendas pagas aos recursos naturais periféricos, elevação que even­
tualmente chegaria a compensar a diferenciação de salários. Mas, segundo
bio; a sua deterioração compensará o maior aumento da produtividade do
setor exportador, assegurando assim a equalização das remunerações dos se afirma, o próprio progresso técnico impede que isso se realize: ainda que
recursos produtivos. ele tome possível explorar novos recursos e pagar novas rendas, tem ao mes­
mo tempo, um efeito contrário sobre outras atividades que toma obsoletas
Conclui-se, portanto, que o processo espontâneo de industrialização da
ou transforma em marginais, reduzindo ou eliminando as rendas que lhes
periferia traz consigo o resultado que acaba de ser indicado: a queda obriga­
tória da celação de preços, em função de que a renda média do setor expor­ corresponderiam.
tador se modifica de acordo com as variações da produtividade da indústria, e
não com o aumento de sua própria produtividade. A deterioração implica, 5.2. Observações Complementares
então, a não obtenção de todo o incremento de renda que poderia vir do No ponto anterior, através de aproximações sucessivas, chega-se a expli­
aumento da produtividade do setor primário-exportador. car as causas e a significação da deterioração dos termos de intercâmbio sobre
Em síntese, os elementos-chave para explicar as causas e a significação a base de uma análise do processo espontâneo de industrialização da periferia.
desse fenômeno são os seguintes:
Os textos em que a argumentação se apóia não são, também neste caso,
Primeiro. A disparidade das elasticidades-renda da demanda de importa­ totalmente precisos; torna-se então necessário, para confirmar a validade das
ções do centro e da periferia determina o modo de funcionamento da econo­
conclusões anteriores, considerá-los e examiná-los aqui (18).
mia periférica, ao impulsionar sucessivos desequilíbrios externos e desvalori­
zações.
Segundo. No que diz respeito à sua estrutura produtiva, essa economia i) Os textos referidos são transcritos abaixo:
se caracteriza pelo atraso tecnológico. A partir de uma perspectiva dinâmica, “Em última instância, a pressão sobre os preços de exportação e a ten­
tais condições de atraso se manifestam de dois modos; por um lado, pelo dência correspondente no sentido da deterioração dos termos do intercâmbio
menor ritmo de aumento da produtividade da indústria periférica em relação no processo de crescimento da periferia, entregue ao jogo das forças de
ao seu setor exportador, e deste em relação à economia central; por outro mercado, é resultado da disparidade nas elasticidades-renda da demanda e da
lado, pela geração contínua de um excedente de mão-de-obra. forma desigual em que se difundiu o progresso técnico na economia mundial,
Terceiro. A maneira de funcionar da economia periférica, assim como trazendo consigo grandes diferenças de densidade tecnológica. Ou seja, a
os marcos estruturais nos quais se produz o seu funcionamento, explicam a quantidade de conhecimentos técnicos, assim como a aptidão real para
deterioração dos termos do intercâmbio. Este é considerado como um fenô­
utilizá-los na produção. Imaginemos um mundo sem tais disparidades. Nele
meno necessário, uma tendência própria do processo espontâneo de industria­
lização da periferia. não haveria nenhuma tendência â deterioração. Suponhamos que existe um
136 137
nderantemente industrial, e um país B, preponderante- industriais é muito menor que no caso anterior. Assim, no pl(s B lpa„„
uma das características importantes dos países periféricos ’ p rece
,. a taxa de salários é a mesma nos dois países. Além disso, a
produtividades é tal que. em A existe uma completa gama de “É evidente que, se a relação entre produtividades industriais é mais
\ dades pnndpalmente industnais, nas quais a ptoduttvtdade e. dtgamos, „ desfavorável do que antes, o nível dos salários deve diminuir mais fortemen-
L ' ; I JktenteemB E em B há outra gama de atividades, pnncipalmente te no país B, o que aumenta a transferência de renda real para o país A. Por
nrirórias nas quais a produtividade também chega ao triplo da de A. Não isso, a combinação da disparidade nas elasticidades-renda da demanda e nas
existem ’portanto, disparidades tecnológicas. Da mesma forma, não existe densidades tecnológicas coloca a periferia numa posição mais débil em relação
disparidade de elasticidades e a demanda de bens está igualmente dividida
ao centro, no que diz respeito aos termos do intercâmbio. O centro se en­
entre produtos primários e industriais. Finalmente, a população e a renda por contra em melhor posição para reter os frutos de seu incremento geral de pro­

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habitante crescem num mesmo ritmo nos dois países. Dados esses pressupos­ dutividade, porque os aumentos da força de trabalho não pressionam, como
na periferia, sobre empregos de menor produtividade relativa, em prejuízo do
tos não há razão para uma deterioração dos termos de intercâmbio que
nível de salários. Em outras palavras, os aumentos gerais da produtividade
opere em detrimento da produção primária. De fato, a demanda dos produtos
primários aumenta num mesmo ritmo que a dos produtos industriais e, em tendem a se refletir plenamente no incremento da taxa de saláriosno centro,
enquanto que, na periferia, uma parte dos frutos desses melhoramentos é
consequência disso, em B, o incremento (dado) da força de trabalho não pre­
transferida através da diminuição dos preços de exportação e da correspon­
cisa sair da produção primária, na qual a relação entre produtividades é
favorável para esse país.” dente deterioração dos termos do intercâmbio” (20).
Além disso, a densidade tecnológica é a mesma e a produtividade me­
No primeiro dos parágrafos transcritos, diz-se que a ”... tendência à
lhora num ritmo igual em A e em B, não existindo por isso produtividade
deterioração dos termos do intercâmbio, no processo de crescimento da
diferencial com essa origem que possa se transferir de um país para outro. periferia, entregue ao jogo das forças de mercado, é o resultado da dispari­
Suponhamos agora que a elasticidade-renda da demanda de produtos dade nas elasticidades-renda da demanda e da forma desigual em que se difun­
industriais é maior que a da demanda de produtos primários, sem que haja diu o progresso técnico na economia mundial, trazendo consigo grandes
qualquer outra modificação nos pressupostos restantes. Se o país B não pode diferenças de densidade tecnológica../9 Assinala-se, então, explicitamente,
ou não quer enviar, para o país A, força de trabalho para aumentar a taxa de quais são as causas da deterioração: a disparidade de elasticidades e a desi­
industrialização deste último, não tem outra saída senão diminuir a propor­
gualdade na penetração do progresso técnico.
ção de mão-de-obra nas atividades primárias em favor da indústria, através Nos parágrafos restantes tenta-se, através de aproximações sucessivas,
de uma distribuição do incremento diferente da anterior. E aqui vem o im­ demonstrar quais são as causas da deterioração e como a industrialização
portante. Em B, a força de trabalho se transfere de ocupações primárias, com espontânea conduz a ela. São apresentadas, de forma sintética, as grandes
uma relação de produtividades favorável, para ocupações industriais, nas linhas de três casos típicos: no primeiro, supõe-se que não existe disparidade
quais essa relação é desfavorável. Em conseqüência disso, a pressão do exces­ dc elasticidade nem de densidades tecnológicas; no segundo, tenta-se detectar
so de mão-de-obra obrigará a que ela seja empregada de modo que a relação isoladamente o efeito plausível da disparidade de elasticidades sobre a relação
de produtividades baixe de 1.00 a, digamos, 0.80, com uma queda corres­ de preços; e no terceiro, procura-se ter cm conta, simultaneamente, a presen­
pondente da taxa de salários no novo ponto de equilíbrio competitivo. Du­ ça dc desigualdades dc densidade tecnológica. A seguir, estes três casos são
rante o processo desse ajuste a 0.80 na relação entre salários, os preços de
considerados em separado.
exportação diminuirão, transferindo renda para o país A. Já neste último, O primeiro caso se assenta nos seguintes pressupostos: em dois países —
sucede o contrário. Respondendo a uma maior taxa de demanda industrial, a A e B, reprensentativos do centro c da periferia - e em um dado período
força de trabalho de A te deslocará da produção primária à indústria, onde a inicial, prevalecem os mesmos níveis de produtividade física nas atividades
relação entre produtividades é mais favorável, melhorando assim a relação marginais dos respectivos setores industriais c primários; nesse período, ”...
de salários... (19). a taxa de salários é a mesma nos dois países...” c o comércio se acha em con­
Essa tendência á deterioração se acentuará se, além da disparidade de dições dc equilíbrio; ”... a produtividade melhora num ritmo igual cm A e
elasticidades, existem disparidades do densidades tecnológicas. Suponha-sc cm B...” quer dizer, nos dois setores existentes cm cada uma dessas duas
<|ue a relação entre as produtividades primárias de B c A segue sendo a mes­ economias; não se observa ”... disparidade dc elasticidades... (pois)... a deman-
ma que no nosso exemplo original, masque a relação entro as produtividades
c da necessidade de cobrir a maior demand,
• d. * ta, «U Igualmente dMUa P™''"» P'“'IM ' .■ com uma maior oferta interna e uma menor c f ^'Ca ^eni ’ndu$tríais
- 7 popubçi» ‘ p»' li’wian" CK“cm n,,m n“’mo í 7? • A Por sua vez, devido ao caráter es £ J1*3 externa deSics bcn5-
.d» dVeuneludo. Indica.» que. “••• ■>■*» P'«“P«'“. "J“ “ '”J“ esta maior expansão de sua indústria pod^' economia Periférica,
O
pua uma delcrlorajlu dM «”™» d“ l"lc,clmbl0 *>ue °P"C "n a produtividade do trabalho seja menor / 3 inclu5áo de ramos onde
da produção primária.” indústria cêntrica. Nesse caso, p ra mZr a / ’ ™rginan
A respeito deste primeiro caso, é necessário examinar a consistência B, que a laxa L
existente entre esta conclusão c os pressupostos quê lhe servem de base.
coirespondenle de A. Raralelamenie , ew
Tenha-se presente que, na situação inicial, os níveis de produtividade c os wos das «porlaçta bmarJo 0 ,uficknte > <emu'
salários de A c B são equivalentes, c o comércio exterior se encontra cm equi­
líbrio. Os pressupostos adicionais de igualdade nos ritmos de crescimento das rações dos recursos nos dots setores produtivos que compõem a economia B.

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duas economias c de igualdade das clasticidades-renda da demanda dos dois Além disso, dado que se supõe que a produtividade do setor pnmário peri­
tipos de bens asseguram que, desde o ponto de vista da demanda, são cum­ férico aumenta no mesmo ritmo que a produtividade (industrial e primária)
pridas condições suficientes para a preservação do equilíbrio externo, sem do centro, realizar-sc-á uma “transferência de renda”, pois a renda real média
alteração dos preços relativos. Com efeito, de acordo com esses pressupostos, daquele setor aumentará menos que a sua própria produtividade.
as respectivas demandas de importações crescerão num mesmo ritmo, dado Em relação ao segundo caso, cabe observar que estas conclusões são,
pela multiplicação entre as taxas de crescimento da renda e as elasticidades em linhas gerais, coerentes com o conjunto de pressupostos em que se ba­
correspondentes a cada uma das economias. seiam, com a ressalva de que as colocações relativas a demanda não podem
Também do ponto de vista da oferta, são cumpridas condições que explicar, por si só, o fenómeno da deterioração. Com efeito, se apesar da
tornam possível preservar o equilíbrio externo a cada período, com uma disparidade de elasticidades, qualquer que seja a sua grandeza, a indústria
relação de preços constante. Supõe-se que em B, país prcdominantcmcntc periférica consegue expandir-se sem que haja uma diferenciação entre a sua
primário, a produção global cresce numa mesma taxa que em A. Mas, ao produtividade e a da indústria cêntrica, não existirão razões para uma queda
mesmo tempo, admite-se que, se cm B aumentam a produção e o emprego
da relação de preços.
globais, os seus incrementos são distribuídos entre os dois setores de maneira
As considerações anteriores permitem, além disso, corroborar uma
tal que a produtividade do trabalho cresce, cm ambos, cm ritmos iguais que conclusão de importância no que diz respeito â integração dos postulados
nos setores componentes de A. Por sua vez, isto implica que se poderá preser­
sobre a demanda nesta versão da teoria da deterioração.
var a igualdade da remuneração do trabalho c, simultaneamente, o nível
De acordo com o pressuposto mencionado acima, à medida que a renda
inicial da relação dos termos do intercâmbio.
cresce, a demanda de bens industriais aumenta mais que a de bens primários,
Comprova-se, assim, em linhas gerais, a coerência entre o marco de
tanto no centro como na periferia. Isso equivale a admitir que a chamada
pressupostos em que transcorre a industrialização espontânea e a conclusão
relativa â constância dos termos do intercâmbio. “lei de Engel” é inerente ao processo de desenvolvimento da economia mun­
O segundo caso se baseia na admissão de que a elasticidade-renda da dial, globalmente considerada. Em outras palavras, através do pressuposto
demanda de bens industriais é maior que a de produtos primários, sem que se da disparidade de elasticidades, são integrados aqueles aspectos do conteúdo
produza nenhuma outra mudança nos pressupostos que definem a situação da teoria, de acordo com os quais a evolução da demanda de qualquer sistema
de equilíbrio inicial (21). Com esses pressupostos, chega-se à conclusão de económico não é arbitrária, mas sim constitui uma de suas peculiaridades
que, devido às diferentes condições de demanda, vai se produzir deterioração estruturais, própria de sua dinâmica.
dos termos de intercâmbio e “transferência de renda”. Em considerações anteriores, foi assinalado que o pressuposto da dispa­
A situação inicial é inteiramente similar à do caso anterior, mas as no­ ridade de elasticidades, que reflete unicamente esta condição de estrutura,
vas condições da demanda impõem uma alocação de recursos diferente à não pode explicar por si só o fenómeno da deterioração. Para que este seja
do primeiro caso. No que diz respeito à periferia, tendo em conta a inexistên­ explicado, é preciso ter em conta os aspectos da estrutura da produção, que
cia de mobilidade internacional da força de trabalho, diminuirá "... a propor­ se integram â análise através dos conceitos de centro e periferia. Considera-se
ção da mão-de-obra nas atividades primárias em favor da indústria...”, como que, num sistema econômico assim dividido, a influência das condições da
conseqüência da menor demanda interna e cêntrica de produtos primários demanda, dada a especialização relativa da periferia, vai obrigar a uma aloca-
140 141
• tray consigo a diferenciação da produtividade industrial a) a «oluçto da demanda einMe. ben5
ÇâO?rCCUXSdos trrmos do intercâmbio. importações pnmánas provenientes da periferia; * M das
e a dctcr,ora^° j Qji0(.. além da disparidade dc elasticidades, existem dis- b) a marcha da demanda periférica, tanto de bens industrial em
.. J? ^densidades tecnológicas”. De acordo com os pressupostos já como de manufaturas produzidas no centro; ’
bicados na situação inicial, a produtividade é a mesma nas economias A c c) a evolução da produtividade na economia central;
B Dc outro lado, supondo-se que, nessa situaçáo, o nível de produtividade d) os aumentos da produtividade nos setores exportador e industrial
industrial seja sensivelmente mais baixo na economia B, ”... aparece uma da periferia;
das características importantes dos países periféricos”. e) as transformações na composição do emprego e da produção na peri­
O atraso tecnológico em relação ao centro constitui uma característica feria (a redistribuição de ambos entre o setor exportador e as atividades ma-
fundamental da “condição periférica” c da dinâmica de seu desenvolvimento. nufatureiras cujos produtos se destinam ao mercado interno);
f) a inteiração entre os comportamentos da demanda e da produtivi­

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Além disso, durante a fase dc industrialização, essa característica se reflete
na inadaptação das técnicas produtivas criadas nos centros em relação à capa­ dade do trabalho no centro e na periferia, e da composição setorial do empre­
cidade periférica de poupança c de demanda; e também no desajuste entre as go e da produção nesta última, inteiração esta que determina a medida em
necessidades dc mão-de-obra próprias daquelas técnicas e a abundância rela­ que os aumentos de produtividade da periferia se traduzem em incrementos
tiva dc trabalho, real ou potencial, que caracteriza a periferia. de sua renda real média e/ou em transferências dos frutos do progresso técni­
Como se pode apreciar, esta explicação incorpora, numa lógica consis­ co (dos aumentos de produtividade) para o centro, pela via da deterioração
tente, aqueles aspectos do conteúdo da teoria da deterioração diretamente dos termos do intercâmbio.
relacionados com as características da estrutura produtiva. O atraso tecno­ A breve consideração acima permite ver com clareza que, na explica­
lógico, aliado às condições dc demanda já examinadas, pode forçar o emprego ção desse fenômeno, utilizam-se certos argumentos referentes à demanda e
do excesso dc mão-de-obra que a própria industrialização espontânea gera outros concernentes à oferta de bens.
continuamente; esse excesso se dirige para ramos onde a produtividade indus­ Os primeiros se incorporam à interpretação mediante o conceito de dis­
trial tende a se diferenciar continuamínlc dos níveis que vão sendo alcan­ paridade de elasticidades. Referido em geral a produtos industriais e primá­
çados na economia central. Mais ainda, essa diferenciação é tão grande que o rios, esse conceito não é outra coisa senão uma forma de expressar a chamada
ritmo dc aumento da produtividade industrial periférica tende, por sua vez, a “lei de Engel”, ou seja, a hipótese segundo a qual, â medida que crescem a
ser inferior ao ritmo dc aumento da produtividade do setor primário-expor­ demanda global e a renda, a demanda de bens industriais aumenta num ritmo
tador da mesma periferia. maior que a de bens primários. Dito de outra maneira, postula-se a existência
As considerações anteriores, tomadas cm conjunto, permitem apreciar de certas modificações na estrutura da demanda, que necessariamente acom­
que a conclusão seguinte é legítima c compatível com a exposição da teoria panham a sua evolução, em qualquer processo de desenvolvimento.
da deterioração anteriormente apresentada. "... O centro se encontra em As análises da CEPAL tratam de visualizar as características e conse-
melhor posição para reter os frutos dc seu incremento geral dc produtividade, qüências dessas modificações, no caso de um sistema em desenvolvimento
porque os aumentos da força de trabalho não pressionam, como na periferia, constituído por centros e periferia. Devido à operação da lei mencionada,
sobre empregos dc menor produtividade relativa, cm prejuízo do nível de salá­ nos centros a demanda de bens primários cresce com lentidão, num ritmo
rios. Em outras palavras, os aumentos gerais da produtividade tendem a se menor que a renda; além disso, a demanda de importações primarias se expan­
refletir plcnamente no incremento da taxa de salários no centro, enquanto de mais lentamente que a renda, tendência esta que é acentuada pela prote­
que, na periferia, uma parte dos frutos desses melhoramentos é transferida ção da produção interna de matérias-primas e alimentos. Na periferia, a
através da... deterioração dos termos do intercâmbio” (22). demanda de bens industriais tende a crescer com grande intensidade; dadas
as condições de especialização deste tipo de economia e a conseguinte carên­
cia relativa de oferta industrial interna, a demanda de importações indus­
6. A TEORIA DA DETERIORAÇÃO: CARACTERÍSTICAS DA triais cresce num ritmo maior que a renda. Pode-n, então, afirmar que, no
“VERSÃO INDUSTRIALIZAÇÃO”
âmbito das relações entre centro c periferia, as modificações de estrutura
A explicação do fenômeno da deterioração examinada nos pontos an­ inerentes à evolução da demanda se traduzem na disparidade das respectivas
teriores toma cm conta os seguintes elementos: clasticidades-rcnda da demanda de importações.
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Jauueogujeo woo opezi|eii6i(j

Como já foi assinalado anteriormente, essa disparidade, junto com


mao-de-obra própria da periferia; nos efeitos do avanço técnico sobréas con­
certos pressupostos adequados e plausíveis sobre o crescimento dos dois
dições demográficas (Capítulo I, pontos 6 e 7).
pólos do sistema, sent de base à explicação da tendência ao desequilíbrio
externo Então, através do conceito de disparidade de elasticidades e desses Compreende-se facilmente que os argumentos relativos à oferta de bens
pressupostos adicionais, incorporam-se à análise diversos aspectos do conteúdo estão relacionados com essas idéias. Pois justamente a inadequação tecnológi­
geral do pensamento cepalino: as idéias segundo as quais o progresso técnico c ca às condições da periferia contribui para explicar que, durante a fase de in­
o aumento da produtividade do trabalho são inerentes ao desenvolvimento dustrialização, se produza uma diferenciação crescente dos níveis de produ­
econômico, que. por sua vez. é acompanhado por mudanças na composição tividade e salários, entre os dois pólos do sistema econômico mundial.
setorial da produção, do emprego e da demanda (Capítulo I, ponto 4, pará­ É particularmente importante destacar que a teoria aqui considerada in­
grafo 1); e as idéias mais gerais implícitas nos conceitos de centro e periferia, corpora as idéias originárias sobre o caráter desigual do desenvolvimento do
de acordo com as quais existem entre eles diferenças de estrutura e de função sistema centro-periferia (Capítulo I, ponto 5).
econômica, que se põem de manifesto nas condições de especialização e de Essa teoria adota o pressuposto de que a produtividade do trabalho
heterogeneidade da estrutura produtiva periférica (Capítulo I, pontos de 1 a 3). aumenta num ritmo menor na periferia e procura demonstrar que os termos
do intercâmbio pioram para ela. Dando-se conjuntamente, esses dois fenô­
No tocante aos argumentos relativos à oferta de bens, a explicação do
fenômeno da deterioração recai sobre a diferenciação da produtividade indus­ menos implicam o fato de que a renda média periférica cresça a uma taxa
tria] dos centros e da periferia, a distribuição da mão-de-obra entre os setores infeior à do centro.
produüvos desta última e as condições de mercado de trabalho, compatíveis Por outro lado, de acordo com a teoria mencionada, apesar do fato de
que a industrialização traz consigo mudanças significativas na estrutura pro­
com um nível de salários inferior ao dos centros. Através desses argumentos, a
teoria incorpora uma gama muito maior de aspectos do conteúdo básico do dutiva da periferia, perduram as suas duas características fundamentais, a
pensamento da CEPAL especialização e a heterogeneidade (com mais propriedade, essas caracterís­
ticas se reiteram em novos níveis, ou se redefinem, em comparação com o
De novo estão presentes as idéias implícitas nos conceitos de centro e
grau de diversificação e de homogeneidade que simultaneamente alcançam
periferia. A diferenciação entre os níveis de produtividade deve ser concebida
as economias centrais).
como expressão de um desenvolvimento desigual originário e do atraso estru­ A especialização está presente na disparidade de elasticidades e na con­
tural inerente ao crescimento para fora. Essa diferenciação expressa, além
sequente tendência ao déficit externo: o setor exportador segue sendo primá­
disso, a idéia de que o avanço técnico se produz e é incorporado num ritmo
rio e, portanto, enfrenta uma demanda que cresce com lentidão; a escassa
mais acelerado nos centros, e que o seu reflexo direto, o aumento da renda diversificação (no seu sentido lato, que inclui a falta de com piemen tariedade
média, é também mais rápido neles. O atraso da produtividade periférica é intersetorial e de integração vertical) do aparato produtivo industrial dá
associado à idéia de que a introdução de novas técnicas traz consigo a per­ origem a um grande ritmo de aumento da demanda de importações de manu­
manente criação de um excedente de força de trabalho, que faz pressão faturas.
sobre os salários e sobre os preços da produção primária (Capítulo I, pontos A heterogeneidade se expressa na existência de setores cuja produti­
de 1 a 4).
vidade permanece atrasada em relação à do centro (representados na teoria
A explicação da deterioração incorpora também as idéias da concepção cm questão pela própria indústria) e na existência de um excesso real ou
originária sobre a fase de desenvolvimento para dentro. Segundo elas, existe virtual de população ativa (representado pela flexibilidade da oferta de mão-
uma inadequação das técnicas criadas nos centros, face âs condições próprias de-obra que faz possível a diferenciação de salários).
da periferia. Essa inadequação se reflete na disparidade entre a capacidade de Conclui-se, então, que as idéias sobre a bipolaridade do desenvolvimen­
poupança e o esforço de capitalização necessário para elevar de forma acele­ to do sistema centro-periferia - no seu duplo aspecto: desigualdade de
rada e simultânea a produtividade nos diversos setores produtivos periféricos; estruturas e de rendas - acham-se presentes na “versão industrialização”
na disparidade entre a capacidade de demanda e a escala que as novas técnicas da teoria da deterioração. No entanto, essas idéias são apenas reiteradas,
exigem, o que afeta os níveis de custo c/ou produtividade alcançáveis na ou seja, carecem de um desenvolvimento analítico que procure elucidar
periferia, assim como as possibilidades de acumulação; no desajuste entre a como interagem esses dois aspectos cruciais da desigualdade e de que modo
densidade de capital da tecnologia disponível e a abundância relativa de condicionam a evolução econômica a longo prazo de ambos os pólos do
I sistema.
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jauueosweo woo opezi|eii6iQ

«nendoMd* pode-» demonstrar que o livre jOgo


Com b« "* ,wnl , nível de produto social inferior ao máximo (3) Como te poderá ver mait adiante, só a situação inicial é de equilíbrio externo Fm
da força do roercrio Jn conclui-se legitimamente que a indm períodot posteriory, produzem-te wcettivot desequilíbrios da balança comercul, dese­
quilíbrios ettes que estio na hate da forma de funciona mento da economia periférica.
posórL Em outras P*^^ a Jocaçío dos recursos diferente da que
(4) Veja-se uma explicação detalhada no ponto seguinte, delicado a observações com­
tâtoção ^‘a^a'òünia; excessiva no setor exportador e insuficiente no
plementares.
poderia«« é Kta conclusão expressa e incorpora a idéia (5) Este ponto se destina à clarificação de certos aspectos de detalhe acerca do conjunto
írtor tnàntnal _ de atuai sobre esse processo através de uma de hipóteses ba'sicas. A sua leitura pode ser omitida, sem maior-s implicações na com­
j®®1 "ddjterâda de desenvolvimento, requisito indispensável para corrigir. preensão da linha principal da argumentação. <
(6) Prebisch, R.. Commercial policy in the underdeveloped countries. op. tit., p. 271.
« a tendência à perpetuação do atraso periférico (Capj. (7) /&/</.. p. 271.
(8) Ibid., p. 271.
náOl'l>tXnio com o que se afirma explicitamente, "... a tendência... a (9) Numa lógica estrita, em condições de igualdade dj taxa de aláno. ao serem geradas,
na atividade industrial, diferenças de custos entre os ramos marginais e os intra-margmais,
_ detenexação dos termos do intercâmbio, no processo de crescimento da ter-se-á que pagar, nestas últimas, uma renda diferencial, pin que a taxa de lucro seja a
penfca. enwgue ao jogo das forças de mercado, é resultado da disparidade mesma em todos eles.
mi áamodades-renda da demanda e da forma desigual como se difundiu o (10) Veja-se a esse respeito a nota 3.
(11) A respeito da redução das variáveis distintas a uma unidade de medida comum e 30
progresso téomco na economia mundial, trazendo consigo grandes diferenças
sistema de valoraçao utilizável para isso, veja-se as observações complementares do pon­
ét óezsidáde tecnológica...'" (23).
to 1.2, i,m/zne.
Nestt capítulo, pode-se observar que o desenvolvimento formal do argu­ (12) Esse exame esta' contido no texto transcrito e comentado no ponto 4.2J.
ments se bzseu realmente nesses dois conceitos - a disparidade de elastici- (13) Esse exemplo, assim como o conjunto de considerações desta parte do trabalho,
cada t át densidades tecnológicas - articulandosc através de instrumentos baseia-se no texto transcrito e comentado nas observações complementares do pento 4.2.
(14) Como no caso das observações complementares incluídas em 12.. estas também se
extraída da teoria neoclássica dos preços. Mas, por trás desses conceitos e
referem a precisões que não afetam a linha principal da argumentação. podendo a sua lei­
HMtnmentoL encontram-se presentes, senão a totalidade, pelo menos uma
tura ser omitida.
gama mxto ampla de aspectos do conteúdo do pensamento da CEPAL Pode (15) Raúl Prebisch, Commercial policy in the underdeveloped counor.es, op. cd., pp.
ser canprovado também que esse conjunto de aspectos abarca de modo si- 258-259.
muitáneo as idéu: gerau incorporadas âs teorias descritas anteriormente, e (16) Ibid., p. 259.
(17) Os textos aos quais se faz menção são transcritos e comentados no ponto 5.2.
que, nesse sentido, a teoria examinada neste capítulo constitui uma síntese
(18) As citações comentadas nesse ponto resumem a argumentação da tercem versão
daquelas.
da teoria da deterioração. No entanto, as observações que são feitas aqui não são indis­
pensáveis para o desenvolvimento da argumentação, constituindo apenas esckreamentos
adicionais.
(19) R. Prebisch, Commercial policy in the underdeveloped countries, op at., pp.
261-262.
(20) Ibid., p. 262.
MH AS (21) Textuaimcnte: ”... sem quc haja qualquer outra modificação nos pressupostos res­
tantes.” Corno poderá ser verificado mais adiante, esta nova postulação relativa à deman­
da é incompatível com os pressupostos “restantes *, na explicação do fenômeno da dete­
No fut4*n»cnUI. mí deste capítulo ve baseiam no artigo de Raúl rioração. Dito dc outra forma, para cxphcálo é prccixi alterar também outros pressu­
tatwA “Comncrcud jobzy m tte underdeveloped countries”, apresentado na reunião
postos.
anual da Amcíxm fxonownc Association realizada em dezembro de 1958, c publicado (22) De acordo com o texto comentado, m fine.
m hnewjutt, Vjuruumu. Vm**, vol 47, pó 2, maio de 1959. ftesc artigo nunu foi (23) Prebisch, R., Commercial policy in the underdeveloped countries, op at., p. 261.
traduzido p»/a o espMhot <n yue suu.it ou em pubhcaçõei anglo taxòrU'
cat dizzm respeito prmupjlmcote a artfbse da proteção aduaneira, que é o teu objetivo
direto A argumentação sobre a deterioração do» termo» de intercâmbio contida no
irUifi hio objeto de dtvLuuáo, na literatura eo/rZmua
í2> Jxtes asputos d» wgumenlaçío os viru.uk/» entra renda média, tatfrto», lucro
uwrtário e taxa de tuuo Uo ezMmi/usdoi cm separado no ponto uyuiqjç, destinado ã
üardioaçS// da quettZk» de de ta Hz a respeito deste marco de hipóteses initiate

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