Você está na página 1de 3

Direito Constitucional

04-04-2017

Vamos hoje iniciar fontes do ordenamento jurídico. Perspetiva constitucional das fontes
do direito.
Quais são os princípios fundamentais das fontes de direito?
1- O principio da não exclusividade das fontes normativas formais- significa no
fundo que o direito não se esgota nos atos produzidos pelo estado. Há mais
direito do que a lei, a lei é uma fonte importante, porém não é a única fonte. Há
também, fontes informais.
2- Pluralidade de fontes formais- não há apenas uma fonte de direito proveniente,
ou seja, do direito escrito, existe uma pluralidade de fontes escritas do direito.
Pluralidade de fontes dentro do estado, mas também há uma pluralidade de
fontes para além do estado. Pluralidade de fontes provenientes do estado- de
natureza legislativa: decreto de lei, decreto de lei constitucional, leis orgânicas.
Também existem fontes de natureza não legislativa, ou seja, fontes de natureza
administrativa, acima do estado há o direito internacional público e o direito da
UE. Tal como há fontes infra estatuais, ou seja, conclui-se que há uma
pluralidade de fontes formais. Porém todas elas estão subordinadas à
constituição, a constituição também ela é uma fonte formal de direito, que
alicerça as validades dos demais atos artigo 3º
3- Principio da tipicidade da reserva de lei – o que é a reserva de lei? Um conceito
que diz que há matérias que só podem ser objetos de discípula por ato
legislativo. Ou seja, reserva da função legislativa. A tipicidade da reserva de lei
significa que só há reserva de lei nos casos expressamente indicados na CRP
fora dos casos indicados não há reserva de lei. Quais são as matérias que estão
dentro da reserva de lei? Direitos fundamentais, bases no regime jurídico. Nos
termos do artigo 18º as manterias respeitantes a direitos fundamentais que
carecem de intervenção legislativa.
4- Principio da tipicidade dos atos legislativos- 112º nº1 é completado como o
artigo 112º nº5, que diz que nenhuma lei pode criar outro tipo de atos
legislativos, ou seja os atos legislativos só são aqueles previstos na legislação. E
será que os únicos atos legislativos são aqueles que incluem o 112º nº1? Podem
existir outros atos legislativos desde que criados pela constituição. E há outros
atos legislativos para além daqueles que vem previstos no 112º nº1? As leis de
revisão constitucional, as leis orgânicas são uma nova categoria de ato
legislativo, que não se identifica com a lei. Ainda existirão no direito português
outros atos legislativos? Sim, outros com fundamento no artigo 290º nº2, que é
possível a existência de atos legislativos anteriores a constituição de 76 que se
mantém até hoje. Ou seja, formas de lei que não são as previstas na constituição
de 76 mas que foram ressalvadas.
5- Principio da revogabilidade das normas- significa que todas as normas jurídicas
podem ser revogadas. Não há normas jurídicas imutáveis, todas podem ser
objeto de cessação de vigência. Tipos: revogação simples, revogação tácita.
Todas as normas jurídicas podem ser objeto de revogação.
6- O principio da não comunicabilidade entre normas de diferente natureza- Ex:
uma convecção internacional do ano 2016 e que esta convecção vem disciplinar
uma matéria sobre a qual existe em PT uma lei de 2014 e por sua vez esta
convenção internacional é incompatível com a lei portuguesa. Será então que há
revogação? Não, não há revogação pois estamos perante normas de natureza
diferente, uma é uma norma proveniente do direito internacional e outra é
proveniente de um ato legislativo. Torna-o inaplicável. Temos um regulamento
que se alicerça de uma lei e temos uma lei de 2017 que é incompatível com o
regulamento. O que acontece então ao regulamento? Está revogado pela lei de
2017? Não, a meu ver a lei de 2017 revoga a lei de 2013. Lei posterior revoga lei
anterior. Não comunicabilidade entre normas de natureza diferente.

7- Principio da pluralidade de relações inter-normativas- significa


fundamentalmente com o alicerce da constituição no artigo 112º nº2, duas
ideias: a primeira ideia é que lei e decreto de lei têm igual valor jurídico. Qual é
a consequência? Se lei e decreto de lei têm igual valor jurídico, isto significa que
uma lei posterior revoga decreto de lei anterior. Existe uma pluralidade de
relações inter-normativas, 112º nº2, nos podemos encontrar no direito português
que dentro dos atos normativos ordinários há relações de prevalência, há atos
com valor reforçado sobre outros atos. Podemos encontrar dentro dos atos
legislativos 2 variantes: leis reforçadas e leis de valor comum.

8- Principio da vinculação da administração e dos tribunais- significa que a


administração e os tribunais estão subordinados à lei. Porque os tribunais têm o
poder e o dever de recusar a aplicação de normas inválidas. 204º. A
administração publica deve aplicar as normas mesmo as que sejam invalidas,
porque a administração não tem competência para controlar a
constitucionalidade. Só em titulo excecional é que pode recusar a aplicação: leis
que violam a consciência jurídica geral, quando são leis que violam direitos
fundamentais dotados de aplicabilidade direta, (18º nº1), quando estamos
perante leis quando a inconstitucionalidade é expressamente reconduzível aos
termos da constituição.

9- Principio da supletividade do direito do estado- quando nas identidades infra


estatuais não há norma, aplica-se o direito do estado.

10- Principio da prevalência do direito do estado- é consequência do estado ser


titular de interesses nacionais. Compete ao estado a última palavra, o seu direito
é o direito prevalecente. A CRP é produto do estado os demais atos estão
subordinados à CRP, o estado tem órgãos que emitem leis para o território
nacional, compete ao estado a elaboração de convenções internacionais, o direito
da UE vincula o estado.

Professor Jorge Miranda volume V

A constituição utiliza uma pluralidade de sentidos de termo lei, a lei da constituição é


um sentido com vários significados, a lei aparece identificada com o direito no artigo
13º. A lei pode aparecer no sentido de compreender quer a constituição quer o direito
ordinário artigo 3 nº3. Pode aparecer como ato da função legislativa, por exemplo é o
que resulta do artigo 111º nº2 da CRP, lei pode também aparecer com o sentido de lei
proveniente da assembleia da republica 112º nº1. Pode se diferenciar entre lei em
sentido material, e lei em sentido formal é independente do seu conteúdo. É aquela que
tem como característica a generalidade e a abstração. Destinatário indeterminável e a
abstração com o seu não esgotar numa aplicação. É possível existirem leis que não
sejam gerais e abstratas ou seja leis individuais, artigo 18º nº3 da CRP. Deve se
entender: há matérias em que a constituição impõe a existência de normas e por isso a
lei tem que ser lei material Ex: restrição de direitos fundamentais. É possível lei no
sentido formal isto é lei que não tem conteúdo normativo, essa que não tem conteúdo
normativo pode ser uma lei medida para resolver uma situação concreta, para ter um
destinatário concreto, por vezes designadas por leis individuais. A lei de conteúdo
individual só é válida, se respeitar 3 requisitos: tem ainda que se reportar a uma
generalidade, tem que ser inspirada por uma solução passível, por se reconduzir a um
principio geral, tem que ter uma ideia de generalidade, respeito pelo principio da
igualdade, proibição do arbítrio, não pode ser fundamento de uma posição arbitraria.
Na R.A só a assembleia tem competência legislativa.

É possível da desgalização obedecendo a dois requisitos: a desgalização nunca pode


ocorrer dentro da reserva de lei, só pode ser feita por um ato legislativo com força
jurídica igual aquela cuja norma vai perder a força jurídica.

Você também pode gostar