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Carlos Harrington

1MRA

Guitarra, orchestra ou piano

O auotor referva cs »eua <1 ireitos


não podendo aer cantados ein qual¬
quer caaa de e*p.‘ctaculua aem sua
uuctoriaação.
Kstáo devilainente reirlstndof.

Compoato e imprt^M)
na Imprensa LUCAS
IL Lfiario de Noticias
— LISBOA. *•
Aj palmas que teem dado
As palmas que leem dado,
Conservo-as no coração.
Guitarra soluça o fado,
Emquanto eu agradeço,
Os favores que não mereço,
As palmas que leem dado.
São para mim penhor sagrado,
De grata recordação,
Por isso com gratidão
Já que tão expontâneo vem
Como beijos de minha mãe
Conservo-as no coração.
*
Embora cante ljespanljol
Embora canle hespanhol,
Sou e serei portuguesa.
Amo o nosso lindo sol,
Que tão radiante vejo
Nasci nas margens do Tejo
Embora cante hespanhol.
Amo o terno rouxinol,
E de Cintra rara belleza,
E como luza que se préza
Canto o mavioso fado,
D’esta forma está provado
Sou e serei portuguesa.
— 3

Lá por eu cantar o fado


Lá por eu cantar o fado,
Não julguem que sou fadista.
Creio que não é peccado,
Affastar negros abrolhos,
E não me olhem com maus olhos
Lá por eu cantar o fado.
Quem tal faz por um bocado,
Mil palmas, logo conquista,
E como penso ser artista,
E’ necessário agradar,
Por isso quando o cantar,
Não julguem que sou fadista.
*

min/ja boneca loura


A minha boneca loura
Ficou em mil bocadinhos.
Valha-me Nossa Senhora.
Não sei o que hei-de fazer!
Pois nunca mais torno a vêr
A minha boneca loura.
Tão grande, tão seductora.
Já não tem’os meus carinhos,
Ao mudar-lhe os vestidinhos
Deita lhe o Tareco a mão
Cae a boneca no chão
Ficou cm mil bocadinhos.
\
MOTTIi

Todas as ve{es que vejo


Gaivotas á beira mar.
Cuido sempre que são cartas
Que amor me quer mandar.

Gl-OSA

Taes aves cortando o ar


Ouvindo do vento o arpejo
Obrigam-me a meditar
Todas as ve\es que vejo.

Como enormes borboletas


5obre as ondas vão pousar,
São mimos para poetas
Gaivotas á beira mar.

Oh’ ave voa de leve


E nunca para longe partas,
Que as tuas ázas de neve
Cuido sempre que são cartas,

Cartas de pennas mimosas


Que nunca deves molhar,
Com palavms mysteriosas
Que amor me quer mandar.
Embora com sacrifício
Embora com sacrifício
Venham ouvir a Henriqueta.
Acho o momento propicio
P ra que a dizer-lhes me afoite
Não faltem cá uma noite
Embora com sacrifício.
Quando eu der um beneficio
Quero a casa repleta
Sociedade tão selecta
Decerto não diz que não
E ao menos n’uma sessão
Venham ouvir aHenriqueta.
*
Se alguma vez me enganar
Se alguma ve% me enganar
Desculpem não foi por querer.
Gosto muito de estudar.
E á parte a boa vontade.
Devem olhar á idade.
Se alguma ve% me enganar.
Hei-de deligenciar
Para tal não succeder,
Porém vindo a aconucer.
Digam, sem dar pateada :
Não é costume, coitada,
Desculpem não foi por querer.
MÃE

1. °

Acordo como me deito,


Naipequena cama alem.
As mãos postas sobre o peito
A rezar por minha mãe,
2. °

Ella também faz assim,


Advinho sem ouvir,
Debruçada sobre mim
Emquanto estou a dormir.
3.°

Se acordo na occasião,
Como sei o seu desejo
Cnego-a muito ao coração
E agradeço-lhe n’um beijo.

4-°

No seu throno luminoso


Deus nos hade abençoar,
E como é justo e bondoso
Nunca nos hade apartar.
MOTTE

Oh i Meu Deus ! Senhor meu Deus,


Que olhos negros tão fataes
Nem a própria Virgem Maria
Tinha uns olhos eguaes.

GLOSA

Fallar te um instante é amar,


Oh ! Enviada dos Ceus.
Para que fizeste esse olhar
Oh ! Meu Deus, Senhor, meu Deus.

Tem inveja a própria aurora,


Quando ouve nos madrigaes
Que bocca tão seductora,
Que olhos negros tão Jataes.

Quem um dia os observe


Diz : olhos com tal magia
Nunca alguma mulher teve,
Nem a própria Virgem Mana.

Por isso eu não te resisio


Sou da opinião das mais,
Pois nem mesmo a mãe de Christo
Tinha uns olhos eguaes.
MOTTE

A mulher que cauta o fado


Ninguém ou\e censurar,
O fado é expressão d'alma,
Qualquer o pode cantar.

GLOSA

Quem só uma vez ouviu,


Esse cântico inspirado,
Diz que merece elogio,
A mulher que canta o fado

E’ elle que termo vem,


Nossas maguas apagar,
Por isso se o cantar bem
Ninguém ou\e censurar,

Bemdito seja quem fez,


Musica que a dor acalma.
Pois para todo o bom portuguez.
O fado é a expressão a alma,

Diga o Mundo o que disser,


Respondo sem hesitar,
Creança, homem, mulher,
Qualquer o póde cantar.

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