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INFORMATIVOS IMPORTANTES STJ

PROCESSO PENAL

Informativo 714

É cabível o manejo da revisão criminal fundada no art. 621, I, do Código de Processo


Penal, para aplicação da minorante prevista no § 4º do art. 33 da Lei n. 11.343/2006 nos
crimes previstos no art. 273, § 1º-B, do CP.

A prestação pecuniária prevista no art. 45, §1º, do Código Penal (valor pago à vítima,
dependentes, etc.) pode ser compensada com o montante fixado com fundamento no art.
387, IV, do Código de Processo Penal (valor mínimo para reparação dos danos causados
ao ofendido), ante a coincidência de beneficiários.

Não se mostra razoável, para a realização da audiência de custódia, determinar o


retorno de investigado à localidade em que ocorreu a prisão quando este já tenha sido
transferido para a comarca em que se realizou a busca e apreensão.

A Justiça Federal é competente para processar e julgar os crimes ambientais e contra a


vida decorrentes do rompimento da barragem em Brumadinho/MG.
Informativo 713

É inexigível o pagamento de custas processuais em embargos de divergência oriundos de


ação penal pública.

É imperiosa a redução proporcional da pena-base quando o Tribunal de origem, em


recurso exclusivo da defesa, afastar uma circunstância judicial negativa do art. 59 do
CP reconhecida na sentença condenatória.

A Justiça Eleitoral é competente para processar e julgar os crimes eleitorais e os


comuns que lhe forem conexos.

Ou seja, em caso de conexão ou continência entre crime comum e delito eleitoral, todos
devem ser julgados conjuntamente perante a Justiça Especializada. De outro lado, a parte
final do art. 82, do CPP, assim como o Enunciado da Súmula 235/STJ, apenas impede a
reunião de processos conexos quando um deles já tenha sido julgado, não incidindo se eles
caminharam conjuntamente, de forma reunida, desde o início da tramitação, muito
anteriormente à prolação da sentença. Assim, havendo reconhecimento da incompetência
absoluta da Justiça Federal, a ação penal deve ser remetida à Justiça Especializada, mas com
anulação apenas dos atos decisórios praticados e sem prejuízo da sua ratificação pelo juízo
competente.
Informativo 712

A firmeza do magistrado presidente na condução do julgamento não acarreta,


necessariamente, a quebra da imparcialidade dos jurados.

- O magistrado presidente não é mero espectador inerte do julgamento, possuindo, não apenas
o direito, mas o dever de conduzi-lo de forma eficiente e isenta na busca da verdade real dos
fatos, em atenção a eventual abuso de uma das partes durante os debates. Com efeito, não há
falar em excesso de linguagem do Juiz presidente, quando, no exercício de suas atribuições
na condução do julgamento, intervém tão somente para fazer cessar os excessos e abusos
cometidos pela defesa durante a sessão plenária e esclarecer fatos não relacionados com a
materialidade ou a autoria dos diversos crimes imputados ao paciente.

A independência das instâncias deve ser mitigada quando, nos casos de inexistência
material ou de negativa de autoria, o mesmo fato for provado na esfera administrativa,
mas não o for na esfera criminal.

Embora não se possa negar a independência entre as esferas - segundo a qual, em tese,
admite-se repercussão da absolvição penal nas demais instâncias apenas nos casos de
inexistência material ou de negativa de autoria -, não há como ser mantida a incoerência de
se ter o mesmo fato por não provado na esfera criminal e por provado na esfera
administrativa. Assim, quando o único fato que motivou a penalidade administrativa
resultou em absolvição no âmbito criminal, ainda que por ausência de provas, a autonomia
das esferas há que ceder espaço à coerência que deve existir entre as decisões
sancionatórias.

Informativo 710

A medida assecuratória de indisponibilidade de bens, prevista no art. 4º, § 4º, da Lei n.


9.613/1998, pode atingir bens de origem lícita ou ilícita, adquiridos antes ou depois da
infração penal, bem como de pessoa jurídica ou familiar não denunciado, quando
houver confusão patrimonial.

As medidas cautelares patrimoniais, previstas nos arts. 125 a 144 do Código de Processo
Penal, bem como no art. 4º, § 4º, da Lei n. 9.613/1998, destinam-se a garantir, em caso de
condenação, tanto a perda do proveito ou produto do crime, como o ressarcimento dos danos
causados (danos ex delicto) e o pagamento de pena de multa, custas processuais e demais
obrigações pecuniárias impostas.
Informativo 709

O réu, pronunciado por homicídio, foi diplomado Deputado Federal e os autos subiram
ao STF; chegando lá, o Ministro determinou nova oitiva das testemunhas conforme o
rito da Lei 8.038/90; isso não significa que o STF tenha reconhecido a nulidade da
pronúncia

A reinquirição de testemunha de defesa, na fase de diligências da ação penal originária,


consoante o art. 10 da Lei nº 8.038/90, não implica a implícita declaração de nulidade da
pronúncia, proferida quando não havia prerrogativa de foro.

Não é cabível a pronúncia fundada exclusivamente em testemunhos indiretos de “ouvir


dizer”

Muito embora a análise aprofundada dos elementos probatórios seja feita somente pelo
Tribunal do Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia
baseada, exclusivamente, em testemunho indireto (por ouvir dizer) como prova idônea, de per
si, para submeter alguém a julgamento pelo Tribunal Popular.

Não havendo na sentença condenatória transitada em julgado determinação expressa de


reparação do dano ou de devolução do produto do ilícito, não pode o juízo das execuções
inserir referida condição para fins de progressão de regime

Para que a reparação do dano ou a devolução do produto do ilícito faça parte da própria
execução penal, condicionando a progressão de regime, é necessário que essa determinação
de reparação ou ressarcimento conste expressamente da sentença condenatória, de forma
individualizada e em observância aos princípios da ampla defesa e do contraditório,
observando-se, assim, o devido processo legal.
Informativo 708

Compete aos tribunais de justiça estaduais processar e julgar os delitos comuns, não
relacionados com o cargo, em tese praticados por Promotores de Justiça

O TJ/CE disse o seguinte: no julgamento da AP 937 QO/RJ, o STF conferiu nova


interpretação (restritiva) ao art. 102, I, alíneas “b” e “c”, da CF/88, fixando a competência
daquela Corte para julgar os membros do Congresso Nacional exclusivamente quanto aos
crimes praticados no exercício e em razão da função pública exercida. Pelo princípio da
simetria, esta interpretação restritiva do foro por prerrogativa de função deveria ser aplicada
também pelo Tribunal de Justiça. Logo, como o crime praticado pelo Promotor de Justiça não
foi cometido em razão da função pública por ele exercida, a competência seria do juiz de 1ª
instância.
O STJ afirmou que a competência é, de fato, do Tribunal de Justiça. A Corte Especial do STJ,
no julgamento da QO na APN 878/DF reconheceu sua competência para julgar
Desembargadores acusados da prática de crimes com ou sem relação ao cargo, não
identificando simetria com o precedente do STF. Naquela oportunidade, firmou-se a
compreensão de que se Desembargadores fossem julgados por Juízo de Primeiro Grau
vinculado ao Tribunal ao qual ambos pertencem, criar-se-ia, em alguma medida, um
embaraço ao Juiz de carreira responsável pelo julgamento do feito. Em resumo, o STJ
apontou discrímen relativamente aos magistrados para manter interpretação ampla quanto ao
foro por prerrogativa de função, aplicável para crimes com ou sem relação com o cargo, com
fundamento na necessidade de o julgador desempenhar suas atividades judicantes de forma
imparcial.
Informativo 707

Quando a apelação contra a sentença condenatória é interposta com fundamento no art.


593, III, "d", do CPP, o Tribunal tem o dever de analisar se existem provas de cada um
dos elementos essenciais do crime, ainda que não concorde com o peso que lhes deu o
júri

Caso falte no acórdão recorrido a indicação de prova de algum desses elementos, há duas
situações possíveis: 1) ou o aresto é omisso, por deixar de enfrentar prova relevante,
incorrendo em negativa de prestação jurisdicional; 2) ou o veredito deve ser cassado, porque
nem mesmo a análise percuciente da Corte local identificou a existência de provas daquele
específico elemento.
Informativo 704

A ausência de afirmação da autoridade policial de sua própria suspeição não eiva de


nulidade o processo judicial por si só, sendo necessária a demonstração do prejuízo
suportado pelo réu

Caso concreto: após a condenação, a defesa do réu descobriu que um dos Delegados que
participou das investigações – conduzidas pelo Ministério Público – seria suspeito já que seu
pai também teria envolvimento com a organização criminosa. Logo, o Delegado deveria ter
se declarado suspeito, nos termos do art. 107 do CPP: “Não se poderá opor suspeição às
autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando
ocorrer motivo legal.” Para o STJ, contudo, o descumprimento do art. 107 do CPP - quando a
autoridade policial deixa de afirmar sua própria suspeição - não gera, por si só, a nulidade do
processo judicial, sendo necessária a demonstração do prejuízo suportado pelo réu. O
inquérito é uma peça de informação, destinada a auxiliar a construção da opinio delicti do
MP. Vale ressaltar, inclusive, que o inquérito é uma peça facultativa. Logo, possíveis
irregularidades ocorridas no inquérito policial não afetam a ação penal. No caso concreto,
dentre as provas que fundamentaram a condenação do réu, apenas a interceptação telefônica
foi realizada com a participação do Delegado suspeito. A defesa, contudo, não se insurgiu
contra o conteúdo material das conversas gravadas nem indicou que seriam falsas. Assim,
como não foi demonstrado qualquer prejuízo causado pela suspeição, é inviável decretação
de nulidade da condenação.
Informativo 701

Mesmo no caso de recebimento da denúncia antes das reformas ocorridas no ano de


2008 e antes de o réu ser diplomado como deputado estadual, apresentada a defesa
escrita, caberá ao Tribunal de origem apreciar a possibilidade de absolvição sumária ou
reconsideração da decisão do juiz de primeiro grau que recebeu a denúncia, na forma
do art. 6º da Lei nº 8.038/90.

A Resolução da Corte Interamericana de Direitos Humanos de 22/11/2018, que


determina o cômputo da pena em dobro, deve ser aplicada a todo o período cumprido
pelo condenado no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (IPPSC)

O Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho (IPPSC) é um estabelecimento penal voltado ao


cumprimento de pena privativa de liberdade com o enfoque em pessoas do gênero masculino.
Está localizado no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio de
Janeiro. O IPPSC apresentou elevados índices de mortes de presos decorrentes da
superlotação e das más condições sanitárias do local. Por essa razão, a Corte Interamericana
de Direitos Humanos (Corte IDH) expediu medidas provisórias em face do Brasil, sob o
fundamento de que houve violação à integridade pessoal dos presos, nos termos da
Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH). Em uma dessas Resoluções (de
22/11/2018), a Corte IDH determinou que deveria ser computado em dobro cada dia de
privação de liberdade na unidade prisional IPPSC, exceto para os acusados ou condenados
por: a) crimes contra a vida; b) crimes contra a integridade física; ou c) crimes sexuais.
O cômputo da pena em dobro deve ser sobre todo o período de pena cumprido pelo
condenado no IPPSC ou deverá ficar limitado ao período posterior ao conhecimento formal
do Brasil acerca da Resolução?
O cômputo em dobro atinge a totalidade da pena cumprida. Logo, não é possível modular os
efeitos do cômputo da pena em dobro, tendo em vista a situação degradante do
estabelecimento prisional, inspecionado e alvo de inúmeras Resoluções da Corte IDH. Não se
mostra possível que a determinação de cômputo em dobro tenha seus efeitos modulados
como se o preso tivesse cumprido parte da pena em condições aceitáveis até a notificação e, a
partir de então, tal estado de fato tivesse se modificado. Em realidade, o substrato fático que
deu origem ao reconhecimento da situação degradante já perdurara anteriormente, até para
que pudesse ser objeto de reconhecimento, devendo, por tal razão, incidir sobre todo o
período de cumprimento da pena.

Informativo 700

Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime de esbulho possessório de imóvel


vinculado ao Programa Minha Casa Minha Vida
Informativo 699

O art. 112, V, da LEP deve retroagir para beneficiar os condenados por crime hediondo
ou equiparado sem resultado morte que sejam reincidentes genéricos
Informativo 696

É ilegal a quebra do sigilo telefônico mediante a habilitação de chip da autoridade


policial em substituição ao do investigado titular da linha

A Lei nº 9.296/96 não autoriza a suspensão do serviço telefônico ou do fluxo da comunicação


telemática mantida pelo usuário, tampouco a substituição do investigado e titular da linha por
agente indicado pela autoridade policial.
A Polícia Federal requereu ao Juiz Federal, com base na Lei nº 9.296/96, a quebra de sigilo
telefônico para que fosse decretada a interceptação de determinados terminais telefônicos,
mediante a habilitação temporária de SIMCARDS* (chips) indicados pela autoridade
policial, em substituição às linhas do investigado. * SIMCARD: card = cartão em inglês;
“SIM” é a sigla da expressão inglesa “Subscriber Identity Module”, que significa módulo de
identificação do assinante (comumente conhecido no Brasil como “chip”).
Explicando de forma mais simples: é como se a “linha telefônica” de cada investigado fosse
redirecionada para aparelhos telefônicos em poder da polícia. Assim, por exemplo, quando
alguém ligasse para um dos investigados, essa chamada iria ser redirecionada para um
aparelho de celular que estaria na posse de algum policial.
Informativo 695

É lícito o compartilhamento de dados bancários feito por órgão de investigação do país


estrangeiro para a polícia brasileira, mesmo que, no Estado de origem, essas
informações não tenham sido obtidas com autorização judicial, já que isso não é exigido
naquele país

Ainda neste mesmo caso concreto, o STJ decidiu que a cooperação internacional feita pelo
MLAT não será nula, ainda que não tenha sido concretizada com a intermediação das
autoridades centrais do Brasil e dos EUA. Respeitadas as garantias processuais do
investigado, não há prejuízo na cooperação direta entre as agências investigativas, sem a
participação das autoridades centrais. A ilicitude da prova ou do meio de sua obtenção
somente poderia ser pronunciada se o réu demonstrasse alguma violação de suas garantias ou
das específicas regras de produção probatória.
Informativo 694

Não existe exigência legal de que o mandado de busca e apreensão detalhe o tipo de
documento a ser apreendido, ainda que de natureza sigilosa

Embora os prontuários possam conter dados sigilosos, foram apreendidos a partir da


imprescindível autorização judicial prévia. O fato de o mandado de busca não ter feito uma
discriminação específica é irrelevante, até porque os prontuários médicos encontram-se
inseridos na categoria de documentos em geral. Ademais, vale frisar que o sigilo do qual se
revestem os prontuários médicos pertence única e exclusivamente aos pacientes, não ao
médico. Assim, caso houvesse a violação do direito à intimidade, essa ofensa teria que ser
arguida pelos seus titulares (pacientes) e não pelo investigado.

O período de suspensão do dever de apresentação mensal em juízo, em razão da


pandemia de Covid-19, pode ser reconhecido como pena efetivamente cumprida
Informativo 693

Citado o réu por edital, nos termos do art. 366 do CPP, o processo deve permanecer
suspenso enquanto o réu não for localizado ou até que seja extinta a punibilidade pela
prescrição

O art. 366 do CPP estabelece que se o acusado for citado por edital e não comparecer ao
processo nem constituir advogado o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos.
Enquanto o réu não for localizado, o curso processual não pode ser retomado
Informativo 692

O MP pode escolher quais elementos obtidos na busca e apreensão serão utilizados pela
acusação; no entanto, o material restante deve permanecer à livre consulta do acusado,
para o exercício de suas faculdades defensivas
Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório sobre o resultado da diligência ficar
adstrito aos elementos relacionados com os fatos sob apuração, deve ser assegurado à defesa
acesso à integra dos dados obtidos no cumprimento do mandado judicial.
O STF, em julgado sobre o tema, detalhou em que consistiria o chamado “acesso amplo”,
mencionado na súmula vinculante: (...) I – O direito ao “acesso amplo”, descrito pelo verbete
mencionado, engloba a possibilidade de obtenção de cópias, por quaisquer meios, de todos os
elementos de prova já documentados, inclusive mídias que contenham gravação de
depoimentos em formato audiovisual. II – A simples autorização de ter vista dos autos, nas
dependências do Parquet, e transcrever trechos dos depoimentos de interesse da defesa, não
atende ao enunciado da Súmula Vinculante 14.

O prazo de 30 dias do art. 529 do CPP não afasta a decadência pelo não exercício do
direito de queixa em 6 meses (art. 38), contados da ciência da autoria do crime

Nos crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígios, depois que o ofendido tem
ciência da autoria do delito, ele possui o prazo decadencial de 6 meses para a propositura da
ação penal, nos termos do art. 38 do CPP. Se, antes desses 6 meses, o laudo pericial for
concluído, o ofendido terá 30 dias para oferecer a queixa crime. Assim, em se tratando de
crimes contra a propriedade imaterial que deixem vestígio, a ciência da autoria do fato
delituoso dá ensejo ao início do prazo decadencial de 6 meses (art. 38 do CPP), sendo tal
prazo reduzido para 30 dias (art. 38) se homologado laudo pericial nesse ínterim.

A superveniência de sentença condenatória torna prejudicado o pedido feito no habeas


corpus se buscava o trancamento da ação penal sob a alegação de falta de justa causa

E se a sentença tivesse sido absolutória? Se o juiz tivesse absolvido João, o HC também


ficaria prejudicado? SIM. Com maior razão, o habeas corpus estaria prejudicado, mas agora
por outro motivo: falta de interesse processual já que a providência buscada pela defesa foi
alcançada em 1ª instância.
Situação 1: O juiz, a requerimento do MP, decretou a prisão preventiva de Pedro. A defesa
impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça alegando que não estavam presentes os
pressupostos da prisão preventiva. Logo, o advogado pediu, no habeas corpus, a revogação da
prisão preventiva. Esse foi o pedido do writ. Antes que o habeas corpus fosse julgado, o juiz
prolatou sentença condenando Pedro pelo crime e, na oportunidade, manteve a prisão
cautelar, negando o direito do réu de recorrer em liberdade. Indaga-se: o habeas corpus fica
prejudicado? Depende: • se, na sentença, o juiz, para manter a prisão preventiva, se valeu dos
mesmos fundamentos que havia utilizado na decisão anterior: o habeas corpus NÃO fica
prejudicado. • se, na sentença, o juiz, para manter a prisão preventiva, se valeu de outros
fundamentos diferentes do que já havia utilizado na decisão anterior: o habeas corpus fica
prejudicado.
A sentença penal condenatória superveniente que não permite ao réu recorrer em liberdade,
somente prejudica o exame do recurso em habeas corpus quando contiver fundamentos
diversos daqueles utilizados na decisão que decretou a prisão preventiva.
Situação 2: habeas corpus e concessão de suspensão condicional do processo Imagine a
seguinte situação hipotética: João foi denunciado pela prática do crime de descaminho (art.
334, caput, do CP). O juiz recebeu a denúncia e designou audiência. A defesa de Pedro
impetrou habeas corpus no TRF pedindo o trancamento da ação penal por ausência de justa
causa. O habeas corpus ficou no TRF aguardando ser julgado. Antes que o writ fosse
apreciado, chegou o dia da audiência. Como a pena mínima deste delito é igual a 1 ano, o MP
ofereceu proposta de suspensão condicional do processo. João, acompanhado de seu
advogado, aceitou a proposta pelo período de prova de 2 anos. Diante disso, indaga-se: com a
suspensão condicional do processo, o habeas corpus que estava pendente fica prejudicado ou
o TRF deverá julgá-lo mesmo assim? O Tribunal deverá julgar o habeas corpus.
Situação 3: habeas corpus e transação penal Imagine agora a seguinte situação hipotética:
Pedro foi denunciado pela prática de lesões corporais dolosas. O juiz recebeu a denúncia. A
defesa de Pedro impetrou habeas corpus no Tribunal de Justiça pedindo o trancamento da
ação penal por ausência de justa causa. O habeas corpus ficou lá no TJ aguardando ser
julgado. Enquanto isso, foi designada audiência. No curso da audiência, o Ministério Público,
melhor analisando os fatos, entendeu que houve lesões corporais culposas, infração de menor
potencial ofensivo, prevista no art. 129, § 6º do Código Penal. Assim, na própria audiência, o
Promotor de Justiça pediu a desclassificação para lesões corporais culposas, pleito que foi
acolhido pelo juiz. Em seguida, o Promotor ofereceu proposta de transação penal, que foi
aceita por João. O juiz homologou o acordo de transação penal e tornou sem efeito a decisão
de recebimento da denúncia. A decisão que recebeu a denúncia foi anulada pelo juiz
considerando que o benefício da transação penal ocorre antes do início da ação penal. Como
você lembra, havia um habeas corpus tramitando no TJ e que ainda não havia sido julgado.
Diante disso, indaga-se: com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava
pendente fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim? • STJ: SIM. Fica
prejudicado. • STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus.
Informativo 691

Se for expedida carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo prescricional
ficará suspenso até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional voltará a
correr antes mesmo que a carta seja juntada aos autos

O termo final da suspensão do prazo prescricional pela expedição de carta rogatória para
citação do acusado no exterior é a data da efetivação da comunicação processual no
estrangeiro, ainda que haja demora para a juntada da carta rogatória cumprida aos autos.

Não é possível que o juiz, de ofício, decrete a prisão preventiva; vale ressaltar, no
entanto, que, se logo depois de decretar, a autoridade policial ou o MP requererem a
prisão, o vício de ilegalidade que maculava a custódia é suprido

O que acontece se o juiz decretar a prisão preventiva de ofício (sem requerimento)? • Regra: a
prisão deverá ser relaxada por se tratar de prisão ilegal. • Exceção: se, após a decretação, a
autoridade policial ou o Ministério Público requererem a prisão, o vício de ilegalidade que
maculava a custódia é suprido (convalidado) e a prisão não será relaxada. O posterior
requerimento da autoridade policial pela segregação cautelar ou manifestação do Ministério
Público favorável à prisão preventiva suprem o vício da inobservância da formalidade de
prévio requerimento.
Informativo 690

É válida a autorização expressa para busca e apreensão em sede de empresa investigada


dada por pessoa que age como sua representante

É válida, com base na teoria da aparência, a autorização expressa para que os policiais
fizessem a busca e apreensão na sede de empresa investigada, autorização essa dada por
pessoa que, embora tenha deixado de ser sócia formal, continuou assinando documentos
como representante da empresa.
A mulher que concedeu a autorização, embora tenha deixado de ser formalmente sócia,
continuou assinando documentos como representante da empresa. A evidência de que ela
ainda agia como representante da empresa é reforçada pelo fato de que tinha a chave do
escritório sede da empresa e livre acesso a ele, não tendo sido barrada por nenhum dos
empregados que estavam no local, nem mesmo pelo advogado da empresa que acompanhou
toda a diligência. Diante disso, o STJ afirmou que deveria ser aplicada, no caso concreto, a
teoria da aparência. Embora tal teoria tenha encontrado maior amplitude de aplicação
jurisprudencial na seara civil, processual civil e no CDC, nada há que impeça sua aplicação
também na seara penal.
Para aplicação da teoria da aparência requer:
Requisitos essenciais objetivos: a) uma situação de fato cercada de circunstâncias tais que
manifestamente a apresentem como se fora uma situação de direito; b) situação de fato que
assim possa ser considerada segundo a ordem geral e normal das coisas; c) e que, nas mesmas
condições acima, apresente o titular aparente como se fora titular legítimo, ou o direito como
se realmente existisse. Requisitos subjetivos essenciais: a) a incidência em erro de quem, de
boa-fé, a mencionada situação de fato como situação de direito considera; b) a escusabilidade
desse erro apreciada segundo a situação pessoal de quem nele incorreu.
Como se vê, não é apenas a boa-fé que caracteriza a proteção dispensada à aparência de
direito. Não é, tampouco, o erro escusável, tão somente. São esses dois requisitos subjetivos
inseparavelmente conjugados com os objetivos referidos acima, -requisitos sem os quais ou
sem algum dos quais a aparência não produz os efeitos que pelo ordenamento lhes são
atribuídos.

Informativo 687

A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o ingresso na


residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, ao Estado, e deve ser feita com
declaração assinada pela pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se,
sempre que possível, testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada
em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o processo.

O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime de natureza
permanente, nem sempre autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se
encontra a droga. Apenas será permitido o ingresso em situações de urgência, quando se
concluir que do atraso decorrente da obtenção de mandado judicial se possa objetiva e
concretamente inferir que a prova do crime (ou a própria droga) será destruída ou ocultada.
OBS: A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do
acusado ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso
policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial.
O Min. Relator propôs e a 6ª Turma concordou com a fixação do prazo de 1 (um) ano para
permitir o aparelhamento das polícias, treinamento e demais providências necessárias para a
adaptação às diretrizes da presente decisão, de modo a evitar situações de ilicitude, que, entre
outros efeitos, poderá implicar responsabilidade administrativa, civil e/ou penal do agente
estatal, à luz da legislação vigente (art. 22 da Lei 13.869/2019), sem prejuízo do eventual
reconhecimento, no exame de casos a serem julgados, da ilegalidade de diligências pretéritas.
Standards de prova “são critérios que estabelecem o grau de confirmação probatória
necessário para que o julgador considere um enunciado fático como provado”
Informativo 689

As 1.200 hs ou 1.600 hs, dispostas na Recomendação nº 44/2013 do CNJ, já equivalem


aos 50% da carga horária definida legalmente para cada nível de ensino, com base nas
quais serão calculados os dias a serem remidos

A Resolução CNJ nº 44/2013 menciona a carga horária de 1.600 horas para o ensino
fundamental, e 1.200 horas para o ensino médio, que se refere ao percentual de 50% da carga
horária definida legalmente para cada nível de ensino. Considerando como base de cálculo
50% da carga horária definida legalmente para o ensino médio, ou seja, 1.200 horas, deve-se
dividir esse total por 12, encontrando-se o resultado de 100 dias de remição em caso de
aprovação em todos os campos de conhecimento do ENEM. Se a aprovação foi no
ENCCEJA (ensino fundamental), deve-se dividir as 1.600 horas por 12, encontrando-se o
resultado de 133 dias, desprezando-se a fração. Se o apenado obteve aprovação em todas as
cinco áreas de conhecimento, faz jus ao total de 133 dias de remição, acrescidos de bônus de
1/3, nos termos do art. 126, § 5º, da Lei de Execução Penal, perfazendo o total de 177 dias
remidos por estudo.
O que é a remição? Remição é o direito que possui o condenado ou a pessoa presa
cautelarmente de reduzir o tempo de cumprimento da pena mediante o abatimento de 1 dia de
pena a cada 12 horas de estudo ou de 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho.
OBS: quando a Recomendação fala em 50% ela já está dizendo que isso é igual a 1.600 horas
(para o ensino fundamental) ou 1.200 horas (para o ensino médio ou profissionalizante).
Assim, 50% = 1.600 horas (ensino fundamental) ou 50% = 1.200 horas (ensino médio ou
profissionalizante). Foi a posição sustentada pelas defesas dos apenados.
Informativo 688

É possível a utilização de WhatsApp para a citação de acusado, desde que sejam


adotadas medidas suficientes para atestar a autenticidade do número telefônico, bem
como a identidade do indivíduo destinatário do ato processual.

Se existe preliminar e questão de mérito, o Tribunal, ao apreciar o recurso, deverá


separar o julgamento, proclamando inicialmente o resultado da preliminar e, sendo esta
rejeitada, colhendo os votos quanto ao mérito

Há nulidade no acórdão que julga apelação sem a observância da formalidade de colher os


votos em separado sobre questão preliminar e de mérito, em razão da diminuição do espectro
da matéria possível de impugnação na via dos infringentes.
Informativo 686

Após o advento da Lei nº 13.964/2019, não é mais possível a conversão da prisão em


flagrante em preventiva sem provocação por parte ou da autoridade policial, do
querelante, do assistente, ou do Ministério Público, mesmo nas situações em que não
ocorre audiência de custódia.

Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de ofício,
converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável requerimento)

É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos


obtidos na fase inquisitorial? • NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso,
muito embora a análise aprofundada seja feita somente pelo Júri, não se pode admitir,
em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório
colhido sob o contraditório judicial, fundada exclusivamente em elementos informativos
obtidos na fase inquisitorial.

A retratação não é ato bilateral, ou seja, não pressupõe aceitação da parte ofendida para surtir
seus efeitos na seara penal, porque a lei não exige isso. O Código, quando quis condicionar o
ato extintivo da punibilidade à aceitação da outra parte, o fez de forma expressa, como no
caso do perdão ofertado pelo querelante depois de instaurada a ação privada. O art. 143 do
CP exige apenas que a retratação seja cabal, ou seja, deve ser clara, completa, definitiva e
irrestrita, sem remanescer nenhuma dúvida ou ambiguidade quanto ao seu alcance, que é
justamente o de desdizer as palavras ofensivas à honra, retratando-se o ofensor do malfeito.
Informativo 684

É ilegal a aplicação de astreintes, por descumprimento de decisão judicial de quebra de


sigilo de dados, em virtude da impossibilidade técnica pelo emprego de criptografia de
ponta a ponta.

O crime de posse ou porte de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado não integra o
rol dos crimes hediondos.

Antes da Lei 13.497/2017: o art. 16 do Estatuto do Desarmamento não era equiparado a


hediondo. Depois da Lei 13.497/2017: divergência. 5ª Turma do STJ: tanto o caput como o
parágrafo único do art. 16 são equiparados a hediondo. 6ª Turma do STJ: somente o caput do
art. 16 é equiparado a hediondo. Depois da Lei 13.964/2019: somente é equiparado a
hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso PROIBIDO, previsto no §
2º do art. 16. Não abrange mais os crimes posse ou porte de arma de fogo de uso restrito.
Somente é equiparado a hediondo o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso
PROIBIDO, previsto no § 2º do art. 16. Não abrange mais os crimes posse ou porte de arma
de fogo de uso restrito.

O reconhecimento de pessoa, presencialmente ou por fotografia, realizado na fase do


inquérito policial, apenas é apto, para identificar o réu e fixar a autoria delitiva, quando
observadas as formalidades previstas no art. 226 do Código de Processo Penal e quando
corroborado por outras provas colhidas na fase judicial, sob o crivo do contraditório e
da ampla defesa.
Informativo 683

O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia

A Lei nº 13.964/2019, no ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza
híbrida, admitindo conformação entre a retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum.
O ANPP se esgota na etapa pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa,
sua não homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de
recebimento da denúncia. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual,
devendo ser considerados válidos os atos praticados em conformidade com a lei então
vigente. Dessa forma, a retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja
viabilizado a fatos anteriores à Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia.
Assim, mostra-se impossível realizar o ANPP quando já recebida a denúncia em data anterior
à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019.

Para que se reconheça a nulidade pela inobservância da regra do art. 400 do CPP
(interrogatório como último ato da instrução) é necessária a comprovação de prejuízo?

SIM. É o entendimento da 5ª Turma do STJ: No que tange à pretensão de reconhecimento da


nulidade da instrução processual, desde o interrogatório, por suposta violação do art. 400, do
CPP, a 5ª Turma do STJ consolidou o entendimento de que, para se reconhecer nulidade pela
inversão da ordem de interrogatório, é necessário: • que o inconformismo da Defesa tenha
sido manifestado tempestivamente, ou seja, na própria audiência em que realizado o ato, sob
pena de preclusão; e • que seja comprovada a ocorrência de prejuízo que o réu teria sofrido
com a citada inversão. (PREVALECE ESSA CORRENTE)
NÃO. Existe julgado da 6ª Turma do STJ nesse sentido: É desnecessária a comprovação de
prejuízo para o reconhecimento da nulidade decorrente da não observância do rito previsto no
art. 400 do CPP, o qual determina que o interrogatório do acusado seja o último ato a ser
realizado. Embora, em regra, a decretação da nulidade de determinado ato processual
requeira a comprovação de prejuízo concreto para a parte - em razão do princípio do pas de
nullité sans grief -, o prejuízo à defesa é evidente e corolário da própria inobservância da
máxima efetividade das garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa.
O interrogatório possui natureza jurídica de meio de defesa.

A apelação criminal é o recurso adequado para impugnar a decisão que recusa a


homologação do acordo de colaboração premiada, mas ante a existência de dúvida
objetiva é cabível a aplicação do princípio da fungibilidade

Realizado o acordo de colaboração premiada, ele será remetido ao juiz para análise e eventual
homologação, nos termos do art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013. O magistrado poderá recusar
a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais e esse ato judicial tem
conteúdo decisório, pois impede o meio de obtenção da prova. Entretanto, não existe previsão
normativa sobre o recurso cabível para a sua impugnação. Diante da lacuna na lei, o STJ
entende que a apelação criminal é o recurso apropriado para confrontar a decisão que recusar
a homologação da proposta de acordo de colaboração premiada. De toda forma, como existe
dúvida objetiva quanto ao recurso cabível, não constitui erro grosseiro caso a parte ingresse
com correição parcial contra a decisão do magistrado. Assim, mesmo sendo caso de apelação,
se a parte ingressou com correição parcial no prazo de 5 dias, é possível conhecer da
irresignação como apelação, aplicando-se o princípio da fungibilidade recursal (art. 579 do
CPP).
Assim, mesmo sendo caso de apelação, se a parte ingressou com correição parcial no prazo
de 5 dias, é possível conhecer da irresignação como apelação, aplicando-se o princípio da
fungibilidade recursal.
Informativo 682

Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de
ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável
requerimento)

Para o acesso a dados telemáticos não é necessário a delimitação temporal para fins de
investigações criminais

Não é necessário especificar a limitação temporal para os acessos requeridos pelo Ministério
Público, por se tratar de dados estáticos, constantes nas plataformas de dados. Apesar de o
art. 22, III, da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) determinar que a requisição
judicial de registro deve conter o período ao qual se referem, tal quesito só é necessário para
o fluxo de comunicações, sendo inaplicável nos casos de dados já armazenados que devem
ser obtidos para fins de investigações criminais
Informativo 681

A Justiça do Distrito Federal é a competente para julgar o crime de falso testemunho


praticado em processos sob sua jurisdição

O TJDFT faz parte do Poder Judiciário da União. Mesmo assim, se for praticado falso
testemunho em processo que ali tramita, a competência será da Justiça do Distrito Federal (e
não da Justiça Federal comum). Isso porque a Justiça do Distrito Federal possui competência
para julgar crimes, não havendo interesse direto e específico da União a atrair o art. 109, IV,
da CF/88.

Em razão da Covid-19, o STJ determinou a soltura de todos os presos que tiveram a


liberdade provisória condicionada ao pagamento de fiança

Em razão da pandemia de covid-19, concede-se a ordem para a soltura de todos os presos a


quem foi deferida liberdade provisória condicionada ao pagamento de fiança e que ainda se
encontram submetidos à privação cautelar em razão do não pagamento do valor. Não se
mostra proporcional, neste período de pandemia, a manutenção dos réus na prisão, tão
somente em razão do não pagamento da fiança, visto que os casos - notoriamente de menor
gravidade – não revelam a excepcionalidade imprescindível para o decreto preventivo.

A progressão de regime do reincidente não específico em crime hediondo ou equiparado

Caso concreto: João está cumprindo pena por homicídio qualificado (crime hediondo),
cometido em 2019. Vale ressaltar que João é reincidente genérico (não é reincidente
específico; ele havia sido condenado anteriormente por receptação, que não é crime
hediondo). Diante disso, a previsão era a de que João tivesse direito à progressão de regime
com 3/5 da pena (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90). Ocorre que entrou em vigor a Lei nº
13.964/2019, que revogou o referido art. 2º, § 2º e instituiu novas regras de progressão no art.
112 da LEP. Em qual inciso do art. 112 se enquadra o réu condenado por crime hediondo,
com resultado morte, reincidente não específico (reincidente genérico)? Essa situação não foi
contemplada na lei. Os incisos VII e VIII do art. 112 exigem a reincidência específica. Diante
da ausência de previsão legal, deve-se fazer analogia in bonam partem e a ele deverá ser
aplicada a mesma fração do condenado primário, ou seja, a regra do inciso VI, “a”, do art.
112 (50%).
Informativo 680

A obrigação de revisar, a cada 90 dias, a necessidade de se manter a custódia cautelar


(art. 316, parágrafo único, do CPP) é imposta apenas ao juiz ou tribunal que decretar a
prisão preventiva

A obrigação de revisar, a cada 90 (noventa) dias, a necessidade de se manter a custódia


cautelar (art. 316, parágrafo único, do Código de Processo Penal) é imposta apenas ao juiz ou
tribunal que decretar a prisão preventiva (julgador que a decretou inicialmente). A norma
contida no parágrafo único do art. 316 do CPP não se aplica aos Tribunais de Justiça e aos
Tribunais Regionais Federais, quando em atuação como órgão revisor.
O dever de reavaliar periodicamente, a cada 90 dias, a necessidade da prisão preventiva cessa
com a formação de um juízo de certeza da culpabilidade do réu, declarado na sentença. o STJ
possui julgados afirmando que depois da sentença condenatória, não deveria mais ser
aplicado o art. 316 do CPP.
Informativo 679

Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de
ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável
requerimento)

Informativo 678

Falta de mandado não invalida busca e apreensão em apartamento desabitado

ão há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em
apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual,
se a aparente ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é
utilizado para a prática de crime permanente.

Ministro do STJ que apreciou o recurso especial pode, posteriormente, participar do


julgamento do outro recurso especial decorrente da revisão criminal

Não há impedimento ou suspeição de integrantes de Colegiado do STJ que apreciaram


recurso especial e, posteriormente, venham participar do julgamento de outro apelo raro
oriundo de revisão criminal ajuizada na origem.
As regras de competência para julgamento de revisão criminal são as seguintes: 1ª regra: a
revisão criminal é sempre julgada por um Tribunal ou pela Turma Recursal. Não existe
revisão criminal julgada por juiz singular. 2ª regra: se a condenação foi proferida por um juiz
singular e não houve recurso, a competência para julgar a revisão criminal será do Tribunal
(ou Turma) ao qual estiver vinculado o magistrado.
3ª regra: se a condenação foi mantida (em recurso) ou proferida (em casos de competência
originária - foro privativo) pelo TJ, TRF ou Turma Recursal e contra este acórdão não foi
interposto RE ou Resp, a competência para julgar a revisão criminal será do TJ, TRF ou
Turma Recursal. Ex: juiz de direito condena o réu, que apela para o TJ. Este, no entanto,
mantém a condenação. Contra este acórdão não houve recurso, ocorrendo o trânsito em
julgado. Caso seja proposta revisão criminal, deverá ser ajuizada contra o acórdão do TJ (que
substituiu a sentença e esta revisional será julgada pelo próprio TJ.
4ª regra: se a condenação foi mantida ou proferida pelo TJ ou TRF e contra este acórdão foi
interposto RE ou Resp, de quem será a competência para julgar a revisão criminal? Depende:
1) Se o RE ou o Resp não forem conhecidos: a competência será do TJ ou TRF (regra 3
acima explicada). 2) Se o RE ou Resp forem conhecidos: 2.1) Caso a revisão criminal
impugne uma questão que foi discutida no RE ou no Resp: a competência será do STF ou do
STJ. 2.2) Caso a revisão criminal impugne uma questão que não foi discutida no RE ou no
Resp: a competência será do TJ ou TRF.

O requisito “não ter integrado organização criminosa” previsto no inciso V do § 3º do


art. 112 da LEP (progressão da mulher gestante, mãe/responsável por pessoa com
deficiência), deve levar em consideração a definição de organização criminosa da Lei nº
12.850/2013

A Lei nº 13.769/2018 incluiu o § 3º no art. 112 da Lei de Execuções Penais - LEP, prevendo
progressão de regime especial. Esse § 3º afirmou que a mulher gestante ou que for
mãe/responsável por crianças ou pessoas com deficiência poderá progredir de regime com 1/8
da pena cumprida (o que é um tempo menor do que a regra geral), mas desde que cumpridos
alguns requisitos elencados no dispositivo. Um dos requisitos para ter direito a essa
progressão especial está no fato de que a reeducanda não pode ter “integrado organização
criminosa” (inciso V). Esse requisito deve ser interpretado de acordo com a definição de
organização criminosa da Lei nº 12.850/2013. Logo, essa expressão (“organização
criminosa”) não pode ser interpretada em sentido amplo para abranger toda e qualquer
associação criminosa. A pessoa só estará impedida de gozar da progressão com base nesse
inciso em caso de ter praticado o crime previsto na Lei nº 12.850/2013.
Informativo 677

É possível a fixação de astreintes em desfavor de terceiros, não participantes do


processo, pela demora ou não cumprimento de ordem emanada do Juízo Criminal

Vale ressaltar que essa multa não se confunde com a multa por litigância de má-fé. A multa
por litigância de má-fé não é admitida no processo penal.
Admitese o chamado “poder geral de cautela” no processo penal? O tema é polêmico, no
entanto, prevalece na jurisprudência do STJ que SIM. O poder geral de cautela do processo
civil também pode ser aplicado, em regra, ao processo penal. O emprego de cautelares
inominadas só é proibido no processo penal se atingir a liberdade de ir e vir do indivíduo.
Teoria dos poderes implícitos: A teoria dos poderes implícitos também é um fundamento
autônomo que, por si só, justificaria a aplicação de astreintes pelos magistrados. Nesse
sentido: A legalidade da imposição de astreintes a terceiros descumpridores de decisão
judicial encontra amparo também na teoria dos poderes implícitos, segundo a qual, uma vez
estabelecidas expressamente as competências e atribuições de um órgão estatal, desde que
observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, ele está implicitamente
autorizado a utilizar os meios necessários para poder exercer essas competências. Nessa
toada, se incumbe ao magistrado autorizar a quebra de sigilo de dados telemáticos, pode ele
se valer dos meios necessários e adequados para fazer cumprir sua decisão, tanto mais
quando a medida coercitiva imposta (astreintes) está prevista em lei.

É possível ao juízo criminal efetivar o bloqueio via Bacen-Jud ou a inscrição em dívida


ativa dos valores arbitrados a título de astreintes

Não haverá infiltração policial se o agente apenas representa a vítima nas negociações
de extorsão

Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade
falsa, apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se
infiltrar na organização criminosa com o propósito de identificar e angariar a confiança de
seus membros ou obter provas sobre a estrutura e o funcionamento do bando.

É lícita a gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento


do outro

A ação controlada prevista no § 1º do art. 8º da Lei nº 12.850/2013 independe de


autorização, bastando sua comunicação prévia à autoridade judicial.

É legal o auxílio da agência de inteligência ao Ministério Público Estadual durante


procedimento criminal instaurado para apurar graves crimes em contexto de
organização criminosa

Para que ocorra a ação controlada é necessária prévia autorização judicial? A resposta irá
depender do tipo de crime que está sendo investigado. Se a ação controlada envolver crimes:
• da Lei de Drogas ou de Lavagem de Dinheiro: SIM. Será necessária prévia autorização
judicial porque o art. 52, II, da Lei nº 11.343/2006 e o art. 4ºB da Lei nº 9.613/98 assim o
exigem. • praticados por organização criminosa: NÃO. Neste caso será necessário apenas que
a autoridade (policial ou administrativa) avise o juiz que irá realização ação controlada

O tempo excedido, na frequência escolar, ao limite legal de 12 horas a cada 3 dias deve
ser considerado para fins de remição da pena

O art. 126 da Lei de Execuções Penais prevê duas hipóteses de remição da pena: por trabalho
ou por estudo. Para fins de remição da pena pelo trabalho, a jornada não pode ser superior a 8
horas. O STJ, contudo, entende que eventuais horas extras devem ser computadas quando
excederem a oitava hora diária, hipótese em que se admite o cômputo do excedente para fins
de remição de pena. No caso da remição pelo estudo, o reeducando poderá remir 1 dia de
pena a cada 12 horas de atividade, divididas, no mínimo, em 3 dias. O STJ entende que, se o
reeducando estudar mais que 12 horas, isso deverá ser considerado para fins de remição da
pena.
É possível a remição para condenados que cumprem pena em regime aberto? • Remição pelo
trabalho: NÃO. • Remição pelo estudo: SIM
Informativo 675

A OAB não tem legitimidade para atuar como assistente de defesa de advogado réu em
ação penal

Isso porque, no processo penal, a assistência é apenas da acusação, não existindo a figura do
assistente de defesa.

Obs.: sobre o assistente de acusação, é importante mencionar que somente existe assistente da
acusação no caso de ação penal pública.
Informativo 673

Em regra, compete à Justiça Estadual julgar habeas corpus preventivo destinado a


permitir o cultivo e o porte de maconha para fins medicinais

Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins
medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como
porte em outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade da
conduta.
Como não há pedido de importação, não há que se falar em competência da Justiça Federal
por ausência de transnacionalidade. Para que se reconheça a competência da Justiça Federal é
indispensável a demonstração de internacionalidade da conduta do agente.
Os crimes relacionados com pirâmide financeira envolvendo criptomoedas são, em
princípio, de competência da Justiça Estadual

Ausentes os elementos que revelem ter havido evasão de divisas ou lavagem de dinheiro em
detrimento de interesses da União, compete à Justiça Estadual processar e julgar crimes
relacionados a pirâmide financeira em investimento de grupo em criptomoeda. A captação de
recursos decorrente de “pirâmide financeira” não se enquadra no conceito de atividade
financeira, razão pela qual o deslocamento do feito para a Justiça Federal se justifica apenas
se demonstrada a prática de evasão de divisas ou de lavagem de dinheiro em detrimento de
bens e serviços ou interesse da União.
O STJ entende que, em princípio, a prática de pirâmide financeira não configura, por si só,
crime contra o sistema financeiro nacional.

Cuidado para não confundir com esse outro julgado:


Compete à Justiça Federal julgar a conduta de réu que faz oferta pública de contrato de
investimento coletivo em criptomoedas sem prévia autorização da CVM

A Recomendação 62/2020 do CNJ não é aplicável ao acusado que não está privado de
liberdade no sistema penal brasileiro

Caso concreto: a justiça brasileira decretou a prisão preventiva do réu, brasileiro que mora
regularmente nos EUA. O Governo norte-americano negou o pedido de extradição. A defesa
desse réu impetrou habeas corpus no Brasil pedindo a revogação da prisão decretada
considerando que ele é idoso, fumante e está com H1N1, de forma que pertence ao grupo de
risco da Covid-19. O STJ indeferiu o pedido considerando que o réu está no exterior há anos
e não corre mais o risco de ser extraditado. Na Recomendação 62/2020, o CNJ afirma que os
juízes e Tribunais deverão adotar medidas para prevenir a propagação da Covid-19 no âmbito
do sistema de justiça penal, fazendo a revisão das prisões temporárias. Vale ressaltar,
contudo, que essa Recomendação não se aplica ao acusado porque ele não está inserido no
sistema penal brasileiro. A adoção de cautelas quanto à prisão por conta da pandemia da
Covid-19 tem o objetivo de reduzir os riscos epidemiológicos em unidades prisionais e não o
de blindar pessoas que residem no exterior.

Indaga-se: durante a pandemia da Covid-19, os apenados que tiveram suspenso o


exercício do trabalho externo, possuem direito à prisão domiciliar?
O STJ está dividido sobre o tema:
• 5ª Turma do STJ: como regra, NÃO. A suspensão temporária do trabalho externo no regime
semiaberto em razão da pandemia atende à Resolução nº 62 do CNJ, cuja recomendação não
implica automática substituição da prisão decorrente da sentença condenatória pela
domiciliar.
• 6ª Turma do STJ: como regra, SIM Os reeducandos que cumprem pena em regime
semiaberto e aberto e que tiveram suspenso o exercício do trabalho externo como medida
preventiva de combate à Covid-19, possuem direito ao regime domiciliar, desde que não
ostentem procedimento de apuração de falta grave.
Informativo 672

O ato de delegação da condução e direção de produção de prova oral à autoridade


estrangeira, a fim de que esta proceda diretamente à inquirição da testemunha ou do
investigado, não encontra qualquer tipo de respaldo constitucional, legal ou
jurisprudencial

O ato de delegação da condução e direção de produção de prova oral à autoridade estrangeira,


a fim de que esta proceda diretamente à inquirição da testemunha ou do investigado, não
encontra qualquer tipo de respaldo constitucional, legal ou jurisprudencial. Trata-se de ato
eivado de nulidade absoluta, por ofensa à soberania nacional, o qual não pode produzir
efeitos dentro de investigações penais que estejam dentro das atribuições das autoridades
brasileiras.
Informativo 670

O descumprimento das condições impostas para o livramento condicional não pode ser
invocado para impedir a concessão do indulto, a título de não preenchimento do
requisito subjetivo

O descumprimento das condições do livramento condicional não pode servir para


obstaculizar a concessão do indulto. Para a análise do pedido de indulto ou comutação de
penas, o magistrado deve restringir-se ao exame do preenchimento dos requisitos previstos no
decreto presidencial, uma vez que os pressupostos para a concessão da benesse são da
competência privativa do Presidente da República. Dessa forma, qualquer outra exigência
caracteriza constrangimento ilegal. O Decreto nº 7.873/2012 prevê que apenas falta
disciplinar de natureza grave prevista na Lei de Execução Penal, cometida nos 12 meses
anteriores à data de publicação do decreto, pode obstar a concessão do indulto. O
descumprimento das condições do livramento condicional não encontra previsão no art. 50 da
Lei de Execuções Penais, o qual elenca de forma taxativa quais são as faltas graves. Assim,
eventual descumprimento de condições impostas não pode ser invocado a título de infração
disciplinar grave a fim de impedir a concessão do indulto.
Anistia, graça e indulto: - são formas de renúncia do Estado ao seu direito de punir; -
classificam-se como causas de extinção da punibilidade (art. 107, II, CP); - a anistia, a graça e
o indulto são concedidos pelo Poder Legislativo (no primeiro caso) ou pelo Poder Executivo
(nos dois últimos), mas somente geram a extinção da punibilidade com a decisão judicial; -
podem atingir crimes de ação penal pública ou privada
Informativo 668

A mera presunção de parcialidade dos jurados do Tribunal do Júri em razão da


divulgação dos fatos e da opinião da mídia é insuficiente para o desaforamento do
julgamento para outra comarca

O desaforamento é medida excepcional, cabível apenas quando comprovada por fatos


objetivos e concretos a parcialidade do Conselho de Sentença. A simples presunção de que os
jurados poderiam ter sido influenciados por ampla divulgação do caso pela mídia e a mera
suspeita acerca da parcialidade dos jurados não justificam a adoção dessa medida
excepcional.

O cometimento do crime do art. 28 da Lei de Drogas deve receber o mesmo tratamento


que a contravenção penal, para fins de revogação facultativa da suspensão condicional
do processo

A suspensão será obrigatoriamente revogada se, no curso do prazo o beneficiário vier a ser
processado por outro crime (art. 89, § 3º da Lei nº 9.099/95). Trata-se de causa de revogação
obrigatória. Por outro lado, a suspensão poderá ser revogada pelo juiz se o acusado vier a ser
processado, no curso do prazo, por contravenção (art. 89, § 4º). Trata-se de causa de
revogação facultativa. O processamento do réu pela prática da conduta descrita no art. 28 da
Lei de Drogas no curso do período de prova deve ser considerado como causa de revogação
FACULTATIVA da suspensão condicional do processo. A contravenção penal tem efeitos
primários mais deletérios que o crime do art. 28 da Lei de Drogas. Assim, mostra-se
desproporcional que o mero processamento do réu pela prática do crime previsto no art. 28 da
Lei nº 11.343/2006 torne obrigatória a revogação da suspensão condicional do processo,
enquanto o processamento por contravenção penal ocasione a revogação facultativa.
Informativo 667

Compete à Justiça comum (Tribunal do Júri) o julgamento de homicídio praticado por


militar contra outro quando ambos estejam fora do serviço ou da função no momento
do crime

Não cabe mandado de segurança contra decisão do juiz de 1ª instância que defere ou
indefere o desbloqueio de bens e valores; cabe apelação

Não é admissível a impetração de mandado de segurança contra ato jurisdicional que defere o
desbloqueio de bens e valores. Isso porque se trata de decisão definitiva que, apesar de não
julgar o mérito da ação, coloca fim ao procedimento incidente. O procedimento adequado
para a restituição de bens é o incidente legalmente previsto para este fim. O instrumento
processual para impugnar a decisão que resolve esse incidente é a apelação, sendo incabível a
utilização de mandado de segurança como sucedâneo do recurso legalmente previsto.
Informativo 666

Não é permitido o ingresso na residência do indivíduo pelo simples fato de haver


denúncias anônimas e ele ter fugido da polícia

A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do acusado


ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial
no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial.
Informativo 663

Não é cabível a realização de audiência de custódia por meio de videoconferência

Contudo, na pandemia da COVID-19 foi permitido.


OBS: É vedada a presença dos agentes policiais responsáveis pela prisão ou pela investigação
durante a audiência de custódia

Depois do trânsito em julgado, defesa impetrou HC pedindo a anulação do acórdão do


TJ; STJ concedeu a ordem; TJ rejulgou e manteve a condenação; MP interpõe recurso
especial para aumentar a pena; STJ não pode majorar a pena porque isso seria
reformatio in pejus indireta

Ofende o enunciado do non reformatio in pejus indireta o aumento da pena através de decisão
em recurso especial interposto pelo Ministério Público contra rejulgamento de apelação que
não alterou reprimenda do acórdão anterior, que havia transitado em julgado para a acusação
e que veio a ser anulado por iniciativa exclusiva da defesa.
Informativo 662

Mesmo que na sentença condenatória não tenha constado expressamente que o réu é
reincidente, o juízo da execução penal poderá reconhecer essa circunstância para fins de
conceder ou não os benefícios, como, por exemplo, a progressão de regime
Informativo 661

É ilegal a sanção administrativa que impede definitivamente o direito do preso de receber


visitas.
Informativo 660

Súmula 639-STJ: Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida
prévia da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em
estabelecimento penitenciário federal.
Informativo 659

Compete à Justiça Federal julgar crime contra a vida em desfavor de policiais militares,
consumado ou tentado, praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos,
autarquias ou empresas públicas da União

Compete à Justiça Estadual julgar o crime de homicídio praticado contra policiais militares
estaduais, ainda que no contexto do delito federal de contrabando (STJ. 3ª Seção. CC
153.306/RS, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/11/2017).
Ex: o sujeito ativo trazia cigarros importados em seu veículo e, para fugir de uma blitz, atirou
e matou um dos policiais militares. Haverá desmembramento: a Justiça Federal julgará o
contrabando e a Justiça Estadual julgará o homicídio. Situação diversa, entretanto, é aquela
em que o crime contra a vida em desfavor de agentes estatais, consumado ou tentado, é
praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos, autarquias ou empresas
públicas da União. Isso porque, nesta hipótese, a íntima relação entre a violência, elementar
do crime de roubo, e o crime federal (roubo armado) atrai a conexão. Ex: o sujeito ativo
cometeu roubo contra os Correios; depois de consumado, passou a ser perseguido por
policiais militares e atirou contra eles, matando um e ferindo o outro. O roubo e os delitos de
homicídio serão julgados conjuntamente pela Justiça Federal.

As tabelas de honorários elaboradas unilateralmente pelos Conselhos Seccionais da


OAB não vinculam o magistrado no momento de arbitrar o valor da remuneração a que
faz jus o defensor dativo que atua no processo penal

Não ocorre substituição do Relator quando ele for vencido quanto à mera
admissibilidade da acusação na fase do art. 6º da Lei nº 8.038/90

Situação diversa ocorre quando o Relator for vencido em questão de mérito, apta a produzir
coisa julgada material, como nos casos de absolvição sumária e de extinção da punibilidade,
passíveis de serem reconhecidas na fase do art. 6º da Lei nº 8.038/90 por força do art. 397 do
CPP. O Ministro que proferir o primeiro voto divergente sobre questão de mérito, condutor
da tese vencedora, deve ser designado substituto na relatoria do feito, ainda que o voto tenha
sido proferido de forma antecipada, e que o Ministro na posição subsequente ao Relator
originário na ordem de julgamento venha a aderir posteriormente à tese do voto divergente
antecipado.

É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente em
denúncia anônima

É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente em
denúncia anônima. Caso concreto: a diretora da unidade prisional recebeu uma ligação
anônima dizendo que Rafaela, que iria visitar seu marido João, tentaria entrar no presídio
com droga. Diante disso, a diretora ordenou que a agente penitenciária fizesse uma revista
minuciosa em Rafaela. Na revista íntima efetuada, a agente penitenciária encontrou droga
escondida na vagina da visitante. Rafaela confessou que estava levando a droga para seu
marido. A prova colhida é ilícita.

A realização de perícia antropológica constitui-se em importante instrumento no caso


de indígena acusado de crime de homicídio a fim de assistir as partes nos debates em
plenário

Perícia antropológica: com o objetivo de se compreender a organização social e cultural do


povo Kaigang e os motivos pelos quais eles lutam. Com isso, poderia também se entender as
hipóteses nas quais, para esse povo, é legítima a morte de uma pessoa.
O fato de o indígena não viver isolado não é motivo suficiente para se indeferir a perícia
antropológica. O STJ não acolheu o argumento de que a perícia não seria necessária porque o
indígena vivia em contato com pessoas não indígenas. Isso porque o estudo antropológico
não tem por objetivo aferir o grau de imputabilidade do acusado, mas sim obter uma
compreensão da diversidade cultural que permeia os fatos, notadamente os elementos étnicos,
históricos e culturais relevantes que são essenciais para o deslinde da questão.

É possível a comutação da pena prevista no Decreto 9.246/2017 aos condenados que


estejam no regime fechado, semiaberto ou aberto, não havendo restrição quanto ao
regime de cumprimento de pena
Informativo 658

Existe divergência no STJ se a conduta do advogado ou Defensor Público de abandonar


o plenário do Júri pode configurar abandono do processo, ensejando a multa do art. 265
do CPP

• SIM. A 5ª Turma do STJ tem rechaçado a postura de abandonar o plenário do Júri como
tática da defesa, considerando se tratar de conduta que configura, sim, abandono processual,
apto, portanto, a atrair a aplicação da multa do art. 265 do CPP.
• NÃO. Não constitui a hipótese do art. 265 do Código de Processo Penal o abandono de ato
processual pelo defensor do réu se este permaneceu na causa, tendo, inclusive, atuado nos
atos subsequentes.

O fato de o juiz aplicar a multa prevista no art. 265 do CPP contra o advogado ou
Defensor Público não viola a autonomia da OAB e da Defensoria Pública

A multa por abandono do plenário do júri por defensor público, com base no art. 265 do
CPP, deve ser suportada pela Defensoria Pública, sem prejuízo de eventual ação
regressiva
Informativo 657

No rito especial da Lei nº 8.038/90, a rejeição da denúncia é balizada pelo art. 395 do
CPP e a improcedência da acusação é pautada pelo disposto no art. 397 do CPP

O art. 6º da Lei nº 8.038/90 prevê que o Tribunal irá se reunir para analisar a denúncia ou
queixa oferecida, podendo: 1) receber a denúncia (ou queixa); 2) rejeitar a denúncia (ou
queixa); 3) julgar improcedente a acusação se a decisão não depender de outras provas. Logo,
o Tribunal, ao examinar se a denúncia tem ou não aptidão para ser recebida (hipótese 2
acima), deverá se basear no art. 395 do CPP (que trata sobre as situações de rejeição da
denúncia). Caso o Tribunal entenda pela improcedência da acusação, essa decisão deve ser
pautada pelo disposto no art. 397 do CPP (que trata sobre absolvição sumária). Ao rito
especial da Lei nº 8.038/90 aplicam-se, subsidiariamente, as regras do procedimento
ordinário (art. 394, § 5º, CPP), razão pela qual eventual rejeição da denúncia é balizada pelo
art. 395 do CPP, ao passo que a improcedência da acusação (absolvição sumária) é pautada
pelo disposto no art. 397 do CPP.

A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em


que se busca o trancamento da ação penal

A transação penal é um instituto que, por natureza e como regra, ocorre na fase
préprocessual. Seu objetivo é impedir a instauração da persecutio criminis in iudicio
(persecução penal em juízo). Se a transação penal foi aceita, isso significa que não existe
ação penal em curso. Como não existe ação penal em curso, não se pode falar em habeas
corpus para trancar a ação penal. Ela, repito, não existe. Logo, não se revela viável, após a
celebração do acordo, pretender discutir em ação autônoma (HC) a existência de justa causa
para ação penal. Trata-se de decorrência lógica, pois não há ação penal instaurada que se
possa trancar.

Reeducando, em prisão domiciliar, pode ser autorizado a se ausentar de sua residência


para frequentar culto religioso no período noturno.
O cumprimento de prisão domiciliar não impede a liberdade de culto, quando compatível
com as condições impostas ao reeducando, atendendo à finalidade ressocializadora da pena
Informativo 656

A pendência de julgamento de litígio no exterior não impede, por si só, o processamento


da ação penal no Brasil, não configurando bis in idem.

Embora o ne bis in idem tenha origem mais ligada à sua vertente processual, é possível
identificar duas vertentes: a) ne bis in idem material: significa que o acusado tem o direito de
não ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Impede que alguém seja, efetivamente, punido
em duplicidade ou que tenha o mesmo fato, elemento ou circunstância considerados mais de
uma vez para definir-se a sanção criminal. b) ne bis in idem processual: assegura-se ao réu o
direito de não ser processado duas vezes pelo mesmo fato. Assim, impede a formação, a
continuação ou a sobrevivência da relação jurídica processual que esteja em duplicidade.
A regra de que é a sentença definitiva oriunda de distintos Estados soberanos – e não a
existência de litígio pendente de julgamento – que pode obstar a formação, a continuação ou
a sobrevivência da relação jurídica processual que configuraria a litispendência.
Prevalece, portanto, que a pendência de julgamento de litígio no exterior não impede o
processamento de demanda no Brasil, até mesmo porque no curso da ação penal pode ocorrer
tanto a alteração da capitulação (emendatio libeli) como, também, da imputação penal
(mutatio libeli), o que, por si só, é suficiente para exigir maior cautela na extinção prematura
de demandas criminais em Estados soberanos distintos.

A violação a normas processuais não escritas, como é o caso da proibição da supressão


de instância, pode ensejar o ajuizamento de revisão criminal, com base no art. 621, I, do
CPP

O art. 621, I, do CPP prevê que cabe revisão criminal “quando a sentença condenatória for
contrária ao texto expresso da lei penal”. É admissível a revisão criminal fundada no art. 621,
I, do CPP ainda que, sem indicar nenhum dispositivo de lei penal violado, suas razões
apontem tanto a supressão de instância quanto a ausência de esgotamento da prestação
jurisdicional. Isso porque a expressão “texto expresso da lei penal” prevista no art. 621, I, do
CPP é ampla e abrange também as normas processuais não estão escritas.
Informativo 655

É ilícita a prova obtida mediante conduta da autoridade policial que atende, sem
autorização, o telefone móvel do acusado e se passa pela pessoa sob investigação

Condenado que se encontra cumprindo pena em prisão domiciliar por falta de vagas no
regime semiaberto tem direito à saída temporária como se estivesse efetivamente no
regime semiaberto

Há compatibilidade entre o benefício da saída temporária e prisão domiciliar por falta de


estabelecimento adequado para o cumprimento de pena de reeducando que se encontre no
regime semiaberto.
Informativo 654

A companheira, em união estável homoafetiva reconhecida, goza do mesmo status de


cônjuge para o processo penal, possuindo legitimidade para ajuizar a ação penal
privada.
Informativo 651

É ilícita a revista pessoal realizada por agente de segurança privada


Caso concreto: o homem passava pela catraca de uma das estações da Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos (CPTM) com uma mochila nas costas, quando foi abordado por dois
agentes de segurança privada da empresa. Os seguranças acreditavam que se tratava de
vendedor ambulante e fizeram uma revista, tendo encontrado dois tabletes de maconha na
mochila do passageiro. O homem foi condenado pelo TJ/SP por tráfico de drogas (art. 33 da
Lei nº 11.343/2006). O STJ, contudo, entendeu que a prova usada na condenação foi ilícita,
considerando que obtida mediante revista pessoal ilegal feita pelos agentes da CPTM.
Segundo a CF/88 e o CPP, somente as autoridades judiciais, policiais ou seus agentes estão
autorizados a realizarem a busca domiciliar ou pessoal. Diante disso, a 5ª Turma do STJ
concedeu habeas corpus para absolver e mandar soltar um homem acusado de tráfico de
drogas e condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo com base em prova recolhida em
revista pessoal feita por agentes de segurança privada da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM).
Informativo 649

É desnecessária a remessa de cópias dos autos ao Órgão Ministerial prevista no art. 40


do CPP, que, atuando como custos legis, já tenha acesso aos autos

No caso em que o Ministério Público tem vista dos autos, a remessa de cópias e documentos
ao Órgão Ministerial não se mostra necessária. O Parquet, na oportunidade em que recebe os
autos, pode tirar cópia dos documentos que bem entender, sendo completamente esvaziado o
sentido de remeter-se cópias e documentos.

STJ não é competente para julgar crime praticado por Governador no exercício do
mandato se o agente deixou o cargo e atualmente voltou a ser Governador por força de
uma nova eleição

Não é cabível a percepção simultânea de benefício previdenciário e da pensão vitalícia


dos seringueiros (soldados da borracha)

Não há previsão legal do direito à desaposentação

Entidade fechada de previdência pode cobrar do beneficiário o pagamento da reserva


matemática adicional, em virtude da majoração, por força de sentença judicial
transitada em julgado, do benefício de aposentadoria complementar
Informativo 648

Compete à Justiça Estadual julgar crime cometido a bordo de balão

Os balões de ar quente tripulados não se enquadram no conceito de “aeronave” (art. 106 da


Lei nº 7.565/86), razão pela qual não se aplica a competência da Justiça Federal prevista no
art. 109, IX, da CF/88).

É dever do Estado a disponibilização da integralidade das conversas advindas nos autos


de forma emprestada, sendo inadmissível a seleção pelas autoridades de persecução de
partes dos áudios interceptados

A apresentação de somente parcela dos áudios, cuja filtragem foi feita sem a presença do
defensor, acarreta ofensa ao princípio da paridade de armas e ao direito à prova, porquanto a
pertinência do acervo probatório não pode ser realizada apenas pela acusação, na medida em
que gera vantagem desarrazoada em detrimento da defesa.
Informativo 647

A concessão da prisão domiciliar com base no art. 318-A do CPP aplica-se também no
caso de execução provisória da pena
Informativo 644

A unificação de penas não enseja a alteração da data-base para concessão de novos


benefícios executórios.
Informativo 642

A SV 56 destina-se com exclusividade aos casos de cumprimento de pena, ou seja,


aplica-se tão somente ao preso definitivo ou àquele em execução provisória da
condenação.

Súmula vinculante 56-STF: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a


manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nesta
hipótese, os parâmetros fixados no Recurso Extraordinário (RE) 641320.

Havendo duas sentenças transitadas em julgado envolvendo fatos idênticos, deverá


prevalecer a que transitou em julgado em primeiro lugar
Informativo 641

É válida a sentença proferida de forma oral na audiência e registrada em meio


audiovisual, ainda que não haja a sua transcrição

O registro audiovisual da sentença prolatada oralmente em audiência é uma medida que


garante mais segurança e celeridade. Não há sentido lógico em se exigir a degravação da
sentença registrada em meio audiovisual, sendo um desserviço à celeridade. A ausência de
degravação completa da sentença não prejudica o contraditório nem a segurança do registro
nos autos, do mesmo modo que igualmente ocorre com a prova oral.
Informativo 640

É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp para que a Polícia
acompanhe as conversas do suspeito pelo WhatsApp Web

Não é possível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o


espelhamento, por meio do WhatsApp Web, das conversas realizadas pelo aplicativo
WhatsApp.

É cabível RESE contra decisão que indefere a produção antecipada de prova prevista
no art. 366 do CPP
Informativo 639

Crime cometido por Desembargador

O Superior Tribunal de Justiça é o tribunal competente para o julgamento nas hipóteses em


que, não fosse a prerrogativa de foro (art. 105, I, da CF/88), o desembargador acusado
houvesse de responder à ação penal perante juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo
tribunal. Assim, mesmo que o crime cometido pelo Desembargador não esteja relacionado
com as suas funções, ele será julgado pelo STJ se a remessa para a 1ª instância significar que
o réu seria julgado por um juiz de primeiro grau vinculado ao mesmo tribunal que o
Desembargador. A manutenção do julgamento no STJ tem por objetivo preservar a isenção
(imparcialidade e independência) do órgão julgador.
Informativo 638

É nula a sentença proferida de forma oral e degravada parcialmente sem o registro das
razões de decidir
OBS: Atenção com a decisão que fala que é válida a sentença de forma oral
É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos
obtidos na fase inquisitorial?

• NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a análise
aprofundada seja feita somente pelo Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de
Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido sob o contraditório judicial,
fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial.
Informativo 636

Compete à Justiça Federal conceder medida protetiva em favor de mulher ameaçada


por ex-namorado que mora nos EUA e faz as ameaças por meio do Facebook

Compete à Justiça Federal apreciar o pedido de medida protetiva de urgência decorrente de


crime de ameaça contra a mulher cometido por meio de rede social de grande alcance,
quando iniciado no estrangeiro e o seu resultado ocorrer no Brasil.
Informativo 634

É possível que a Receita Federal compartilhe, com a Polícia e o MP, os dados bancários
que ela obteve em procedimento administrativo fiscal, para fins de instrução processual
penal

Os dados do contribuinte que a Receita Federal obteve das instituições bancárias mediante
requisição direta (sem intervenção do Poder Judiciário, com base nos arts. 5º e 6º da LC
105/2001), podem ser compartilhados, também sem autorização judicial, com o Ministério
Público, para serem utilizados como prova emprestada no processo penal. Isso porque o STF
decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso direto
da Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes (RE 601314/SP, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 24/2/2016. Info 815). Este entendimento do STF deve ser
estendido também para a esfera criminal.
Informativo 631

Compete à Justiça Federal o julgamento dos crimes de contrabando e de descaminho,


ainda que inexistentes indícios de transnacionalidade na conduta.
Informativo 932

A inexistência de estabelecimento penal adequado ao regime prisional determinado


para o cumprimento da pena não autoriza a concessão imediata do benefício da prisão
domiciliar

A inexistência de estabelecimento penal adequado ao regime prisional determinado para o


cumprimento da pena não autoriza a concessão imediata do benefício da prisão domiciliar,
porquanto, nos termos da Súmula Vinculante n. 56, é imprescindível que a adoção de tal
medida seja precedida das providências estabelecidas no julgamento do RE 641.320/RS,
quais sejam: i) saída antecipada de outro sentenciado no regime com falta de vagas, abrindo-
se, assim, vagas para os reeducandos que acabaram de progredir; ii) a liberdade
eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em prisão
domiciliar por falta de vagas; e iii) cumprimento de penas restritivas de direitos e/ou estudo
aos sentenciados em regime aberto

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