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PROCESSO PENAL
Informativo 714
A prestação pecuniária prevista no art. 45, §1º, do Código Penal (valor pago à vítima,
dependentes, etc.) pode ser compensada com o montante fixado com fundamento no art.
387, IV, do Código de Processo Penal (valor mínimo para reparação dos danos causados
ao ofendido), ante a coincidência de beneficiários.
Ou seja, em caso de conexão ou continência entre crime comum e delito eleitoral, todos
devem ser julgados conjuntamente perante a Justiça Especializada. De outro lado, a parte
final do art. 82, do CPP, assim como o Enunciado da Súmula 235/STJ, apenas impede a
reunião de processos conexos quando um deles já tenha sido julgado, não incidindo se eles
caminharam conjuntamente, de forma reunida, desde o início da tramitação, muito
anteriormente à prolação da sentença. Assim, havendo reconhecimento da incompetência
absoluta da Justiça Federal, a ação penal deve ser remetida à Justiça Especializada, mas com
anulação apenas dos atos decisórios praticados e sem prejuízo da sua ratificação pelo juízo
competente.
Informativo 712
- O magistrado presidente não é mero espectador inerte do julgamento, possuindo, não apenas
o direito, mas o dever de conduzi-lo de forma eficiente e isenta na busca da verdade real dos
fatos, em atenção a eventual abuso de uma das partes durante os debates. Com efeito, não há
falar em excesso de linguagem do Juiz presidente, quando, no exercício de suas atribuições
na condução do julgamento, intervém tão somente para fazer cessar os excessos e abusos
cometidos pela defesa durante a sessão plenária e esclarecer fatos não relacionados com a
materialidade ou a autoria dos diversos crimes imputados ao paciente.
A independência das instâncias deve ser mitigada quando, nos casos de inexistência
material ou de negativa de autoria, o mesmo fato for provado na esfera administrativa,
mas não o for na esfera criminal.
Embora não se possa negar a independência entre as esferas - segundo a qual, em tese,
admite-se repercussão da absolvição penal nas demais instâncias apenas nos casos de
inexistência material ou de negativa de autoria -, não há como ser mantida a incoerência de
se ter o mesmo fato por não provado na esfera criminal e por provado na esfera
administrativa. Assim, quando o único fato que motivou a penalidade administrativa
resultou em absolvição no âmbito criminal, ainda que por ausência de provas, a autonomia
das esferas há que ceder espaço à coerência que deve existir entre as decisões
sancionatórias.
Informativo 710
As medidas cautelares patrimoniais, previstas nos arts. 125 a 144 do Código de Processo
Penal, bem como no art. 4º, § 4º, da Lei n. 9.613/1998, destinam-se a garantir, em caso de
condenação, tanto a perda do proveito ou produto do crime, como o ressarcimento dos danos
causados (danos ex delicto) e o pagamento de pena de multa, custas processuais e demais
obrigações pecuniárias impostas.
Informativo 709
O réu, pronunciado por homicídio, foi diplomado Deputado Federal e os autos subiram
ao STF; chegando lá, o Ministro determinou nova oitiva das testemunhas conforme o
rito da Lei 8.038/90; isso não significa que o STF tenha reconhecido a nulidade da
pronúncia
Muito embora a análise aprofundada dos elementos probatórios seja feita somente pelo
Tribunal do Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de Direito, a pronúncia
baseada, exclusivamente, em testemunho indireto (por ouvir dizer) como prova idônea, de per
si, para submeter alguém a julgamento pelo Tribunal Popular.
Para que a reparação do dano ou a devolução do produto do ilícito faça parte da própria
execução penal, condicionando a progressão de regime, é necessário que essa determinação
de reparação ou ressarcimento conste expressamente da sentença condenatória, de forma
individualizada e em observância aos princípios da ampla defesa e do contraditório,
observando-se, assim, o devido processo legal.
Informativo 708
Compete aos tribunais de justiça estaduais processar e julgar os delitos comuns, não
relacionados com o cargo, em tese praticados por Promotores de Justiça
Caso falte no acórdão recorrido a indicação de prova de algum desses elementos, há duas
situações possíveis: 1) ou o aresto é omisso, por deixar de enfrentar prova relevante,
incorrendo em negativa de prestação jurisdicional; 2) ou o veredito deve ser cassado, porque
nem mesmo a análise percuciente da Corte local identificou a existência de provas daquele
específico elemento.
Informativo 704
Caso concreto: após a condenação, a defesa do réu descobriu que um dos Delegados que
participou das investigações – conduzidas pelo Ministério Público – seria suspeito já que seu
pai também teria envolvimento com a organização criminosa. Logo, o Delegado deveria ter
se declarado suspeito, nos termos do art. 107 do CPP: “Não se poderá opor suspeição às
autoridades policiais nos atos do inquérito, mas deverão elas declarar-se suspeitas, quando
ocorrer motivo legal.” Para o STJ, contudo, o descumprimento do art. 107 do CPP - quando a
autoridade policial deixa de afirmar sua própria suspeição - não gera, por si só, a nulidade do
processo judicial, sendo necessária a demonstração do prejuízo suportado pelo réu. O
inquérito é uma peça de informação, destinada a auxiliar a construção da opinio delicti do
MP. Vale ressaltar, inclusive, que o inquérito é uma peça facultativa. Logo, possíveis
irregularidades ocorridas no inquérito policial não afetam a ação penal. No caso concreto,
dentre as provas que fundamentaram a condenação do réu, apenas a interceptação telefônica
foi realizada com a participação do Delegado suspeito. A defesa, contudo, não se insurgiu
contra o conteúdo material das conversas gravadas nem indicou que seriam falsas. Assim,
como não foi demonstrado qualquer prejuízo causado pela suspeição, é inviável decretação
de nulidade da condenação.
Informativo 701
Informativo 700
O art. 112, V, da LEP deve retroagir para beneficiar os condenados por crime hediondo
ou equiparado sem resultado morte que sejam reincidentes genéricos
Informativo 696
Ainda neste mesmo caso concreto, o STJ decidiu que a cooperação internacional feita pelo
MLAT não será nula, ainda que não tenha sido concretizada com a intermediação das
autoridades centrais do Brasil e dos EUA. Respeitadas as garantias processuais do
investigado, não há prejuízo na cooperação direta entre as agências investigativas, sem a
participação das autoridades centrais. A ilicitude da prova ou do meio de sua obtenção
somente poderia ser pronunciada se o réu demonstrasse alguma violação de suas garantias ou
das específicas regras de produção probatória.
Informativo 694
Não existe exigência legal de que o mandado de busca e apreensão detalhe o tipo de
documento a ser apreendido, ainda que de natureza sigilosa
Citado o réu por edital, nos termos do art. 366 do CPP, o processo deve permanecer
suspenso enquanto o réu não for localizado ou até que seja extinta a punibilidade pela
prescrição
O art. 366 do CPP estabelece que se o acusado for citado por edital e não comparecer ao
processo nem constituir advogado o processo e o curso da prescrição ficarão suspensos.
Enquanto o réu não for localizado, o curso processual não pode ser retomado
Informativo 692
O MP pode escolher quais elementos obtidos na busca e apreensão serão utilizados pela
acusação; no entanto, o material restante deve permanecer à livre consulta do acusado,
para o exercício de suas faculdades defensivas
Realizada a busca e apreensão, apesar de o relatório sobre o resultado da diligência ficar
adstrito aos elementos relacionados com os fatos sob apuração, deve ser assegurado à defesa
acesso à integra dos dados obtidos no cumprimento do mandado judicial.
O STF, em julgado sobre o tema, detalhou em que consistiria o chamado “acesso amplo”,
mencionado na súmula vinculante: (...) I – O direito ao “acesso amplo”, descrito pelo verbete
mencionado, engloba a possibilidade de obtenção de cópias, por quaisquer meios, de todos os
elementos de prova já documentados, inclusive mídias que contenham gravação de
depoimentos em formato audiovisual. II – A simples autorização de ter vista dos autos, nas
dependências do Parquet, e transcrever trechos dos depoimentos de interesse da defesa, não
atende ao enunciado da Súmula Vinculante 14.
O prazo de 30 dias do art. 529 do CPP não afasta a decadência pelo não exercício do
direito de queixa em 6 meses (art. 38), contados da ciência da autoria do crime
Nos crimes contra a propriedade imaterial que deixam vestígios, depois que o ofendido tem
ciência da autoria do delito, ele possui o prazo decadencial de 6 meses para a propositura da
ação penal, nos termos do art. 38 do CPP. Se, antes desses 6 meses, o laudo pericial for
concluído, o ofendido terá 30 dias para oferecer a queixa crime. Assim, em se tratando de
crimes contra a propriedade imaterial que deixem vestígio, a ciência da autoria do fato
delituoso dá ensejo ao início do prazo decadencial de 6 meses (art. 38 do CPP), sendo tal
prazo reduzido para 30 dias (art. 38) se homologado laudo pericial nesse ínterim.
Se for expedida carta rogatória para citar um acusado no exterior, o prazo prescricional
ficará suspenso até que ela seja cumprida, ou seja, o prazo prescricional voltará a
correr antes mesmo que a carta seja juntada aos autos
O termo final da suspensão do prazo prescricional pela expedição de carta rogatória para
citação do acusado no exterior é a data da efetivação da comunicação processual no
estrangeiro, ainda que haja demora para a juntada da carta rogatória cumprida aos autos.
Não é possível que o juiz, de ofício, decrete a prisão preventiva; vale ressaltar, no
entanto, que, se logo depois de decretar, a autoridade policial ou o MP requererem a
prisão, o vício de ilegalidade que maculava a custódia é suprido
O que acontece se o juiz decretar a prisão preventiva de ofício (sem requerimento)? • Regra: a
prisão deverá ser relaxada por se tratar de prisão ilegal. • Exceção: se, após a decretação, a
autoridade policial ou o Ministério Público requererem a prisão, o vício de ilegalidade que
maculava a custódia é suprido (convalidado) e a prisão não será relaxada. O posterior
requerimento da autoridade policial pela segregação cautelar ou manifestação do Ministério
Público favorável à prisão preventiva suprem o vício da inobservância da formalidade de
prévio requerimento.
Informativo 690
É válida, com base na teoria da aparência, a autorização expressa para que os policiais
fizessem a busca e apreensão na sede de empresa investigada, autorização essa dada por
pessoa que, embora tenha deixado de ser sócia formal, continuou assinando documentos
como representante da empresa.
A mulher que concedeu a autorização, embora tenha deixado de ser formalmente sócia,
continuou assinando documentos como representante da empresa. A evidência de que ela
ainda agia como representante da empresa é reforçada pelo fato de que tinha a chave do
escritório sede da empresa e livre acesso a ele, não tendo sido barrada por nenhum dos
empregados que estavam no local, nem mesmo pelo advogado da empresa que acompanhou
toda a diligência. Diante disso, o STJ afirmou que deveria ser aplicada, no caso concreto, a
teoria da aparência. Embora tal teoria tenha encontrado maior amplitude de aplicação
jurisprudencial na seara civil, processual civil e no CDC, nada há que impeça sua aplicação
também na seara penal.
Para aplicação da teoria da aparência requer:
Requisitos essenciais objetivos: a) uma situação de fato cercada de circunstâncias tais que
manifestamente a apresentem como se fora uma situação de direito; b) situação de fato que
assim possa ser considerada segundo a ordem geral e normal das coisas; c) e que, nas mesmas
condições acima, apresente o titular aparente como se fora titular legítimo, ou o direito como
se realmente existisse. Requisitos subjetivos essenciais: a) a incidência em erro de quem, de
boa-fé, a mencionada situação de fato como situação de direito considera; b) a escusabilidade
desse erro apreciada segundo a situação pessoal de quem nele incorreu.
Como se vê, não é apenas a boa-fé que caracteriza a proteção dispensada à aparência de
direito. Não é, tampouco, o erro escusável, tão somente. São esses dois requisitos subjetivos
inseparavelmente conjugados com os objetivos referidos acima, -requisitos sem os quais ou
sem algum dos quais a aparência não produz os efeitos que pelo ordenamento lhes são
atribuídos.
Informativo 687
O tráfico ilícito de entorpecentes, em que pese ser classificado como crime de natureza
permanente, nem sempre autoriza a entrada sem mandado no domicílio onde supostamente se
encontra a droga. Apenas será permitido o ingresso em situações de urgência, quando se
concluir que do atraso decorrente da obtenção de mandado judicial se possa objetiva e
concretamente inferir que a prova do crime (ou a própria droga) será destruída ou ocultada.
OBS: A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas somada à fuga do
acusado ao avistar a polícia, por si sós, não configuram fundadas razões a autorizar o ingresso
policial no domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial.
O Min. Relator propôs e a 6ª Turma concordou com a fixação do prazo de 1 (um) ano para
permitir o aparelhamento das polícias, treinamento e demais providências necessárias para a
adaptação às diretrizes da presente decisão, de modo a evitar situações de ilicitude, que, entre
outros efeitos, poderá implicar responsabilidade administrativa, civil e/ou penal do agente
estatal, à luz da legislação vigente (art. 22 da Lei 13.869/2019), sem prejuízo do eventual
reconhecimento, no exame de casos a serem julgados, da ilegalidade de diligências pretéritas.
Standards de prova “são critérios que estabelecem o grau de confirmação probatória
necessário para que o julgador considere um enunciado fático como provado”
Informativo 689
A Resolução CNJ nº 44/2013 menciona a carga horária de 1.600 horas para o ensino
fundamental, e 1.200 horas para o ensino médio, que se refere ao percentual de 50% da carga
horária definida legalmente para cada nível de ensino. Considerando como base de cálculo
50% da carga horária definida legalmente para o ensino médio, ou seja, 1.200 horas, deve-se
dividir esse total por 12, encontrando-se o resultado de 100 dias de remição em caso de
aprovação em todos os campos de conhecimento do ENEM. Se a aprovação foi no
ENCCEJA (ensino fundamental), deve-se dividir as 1.600 horas por 12, encontrando-se o
resultado de 133 dias, desprezando-se a fração. Se o apenado obteve aprovação em todas as
cinco áreas de conhecimento, faz jus ao total de 133 dias de remição, acrescidos de bônus de
1/3, nos termos do art. 126, § 5º, da Lei de Execução Penal, perfazendo o total de 177 dias
remidos por estudo.
O que é a remição? Remição é o direito que possui o condenado ou a pessoa presa
cautelarmente de reduzir o tempo de cumprimento da pena mediante o abatimento de 1 dia de
pena a cada 12 horas de estudo ou de 1 dia de pena a cada 3 dias de trabalho.
OBS: quando a Recomendação fala em 50% ela já está dizendo que isso é igual a 1.600 horas
(para o ensino fundamental) ou 1.200 horas (para o ensino médio ou profissionalizante).
Assim, 50% = 1.600 horas (ensino fundamental) ou 50% = 1.200 horas (ensino médio ou
profissionalizante). Foi a posição sustentada pelas defesas dos apenados.
Informativo 688
Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de ofício,
converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável requerimento)
A retratação não é ato bilateral, ou seja, não pressupõe aceitação da parte ofendida para surtir
seus efeitos na seara penal, porque a lei não exige isso. O Código, quando quis condicionar o
ato extintivo da punibilidade à aceitação da outra parte, o fez de forma expressa, como no
caso do perdão ofertado pelo querelante depois de instaurada a ação privada. O art. 143 do
CP exige apenas que a retratação seja cabal, ou seja, deve ser clara, completa, definitiva e
irrestrita, sem remanescer nenhuma dúvida ou ambiguidade quanto ao seu alcance, que é
justamente o de desdizer as palavras ofensivas à honra, retratando-se o ofensor do malfeito.
Informativo 684
O crime de posse ou porte de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou
qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado não integra o
rol dos crimes hediondos.
O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia
A Lei nº 13.964/2019, no ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza
híbrida, admitindo conformação entre a retroatividade penal benéfica e o tempus regit actum.
O ANPP se esgota na etapa pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa,
sua não homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de
recebimento da denúncia. O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual,
devendo ser considerados válidos os atos praticados em conformidade com a lei então
vigente. Dessa forma, a retroatividade penal benéfica incide para permitir que o ANPP seja
viabilizado a fatos anteriores à Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia.
Assim, mostra-se impossível realizar o ANPP quando já recebida a denúncia em data anterior
à entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019.
Para que se reconheça a nulidade pela inobservância da regra do art. 400 do CPP
(interrogatório como último ato da instrução) é necessária a comprovação de prejuízo?
Realizado o acordo de colaboração premiada, ele será remetido ao juiz para análise e eventual
homologação, nos termos do art. 4º, § 7º, da Lei nº 12.850/2013. O magistrado poderá recusar
a homologação da proposta que não atender aos requisitos legais e esse ato judicial tem
conteúdo decisório, pois impede o meio de obtenção da prova. Entretanto, não existe previsão
normativa sobre o recurso cabível para a sua impugnação. Diante da lacuna na lei, o STJ
entende que a apelação criminal é o recurso apropriado para confrontar a decisão que recusar
a homologação da proposta de acordo de colaboração premiada. De toda forma, como existe
dúvida objetiva quanto ao recurso cabível, não constitui erro grosseiro caso a parte ingresse
com correição parcial contra a decisão do magistrado. Assim, mesmo sendo caso de apelação,
se a parte ingressou com correição parcial no prazo de 5 dias, é possível conhecer da
irresignação como apelação, aplicando-se o princípio da fungibilidade recursal (art. 579 do
CPP).
Assim, mesmo sendo caso de apelação, se a parte ingressou com correição parcial no prazo
de 5 dias, é possível conhecer da irresignação como apelação, aplicando-se o princípio da
fungibilidade recursal.
Informativo 682
Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de
ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável
requerimento)
Para o acesso a dados telemáticos não é necessário a delimitação temporal para fins de
investigações criminais
Não é necessário especificar a limitação temporal para os acessos requeridos pelo Ministério
Público, por se tratar de dados estáticos, constantes nas plataformas de dados. Apesar de o
art. 22, III, da Lei nº 12.965/2014 (Marco Civil da Internet) determinar que a requisição
judicial de registro deve conter o período ao qual se referem, tal quesito só é necessário para
o fluxo de comunicações, sendo inaplicável nos casos de dados já armazenados que devem
ser obtidos para fins de investigações criminais
Informativo 681
O TJDFT faz parte do Poder Judiciário da União. Mesmo assim, se for praticado falso
testemunho em processo que ali tramita, a competência será da Justiça do Distrito Federal (e
não da Justiça Federal comum). Isso porque a Justiça do Distrito Federal possui competência
para julgar crimes, não havendo interesse direto e específico da União a atrair o art. 109, IV,
da CF/88.
Caso concreto: João está cumprindo pena por homicídio qualificado (crime hediondo),
cometido em 2019. Vale ressaltar que João é reincidente genérico (não é reincidente
específico; ele havia sido condenado anteriormente por receptação, que não é crime
hediondo). Diante disso, a previsão era a de que João tivesse direito à progressão de regime
com 3/5 da pena (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90). Ocorre que entrou em vigor a Lei nº
13.964/2019, que revogou o referido art. 2º, § 2º e instituiu novas regras de progressão no art.
112 da LEP. Em qual inciso do art. 112 se enquadra o réu condenado por crime hediondo,
com resultado morte, reincidente não específico (reincidente genérico)? Essa situação não foi
contemplada na lei. Os incisos VII e VIII do art. 112 exigem a reincidência específica. Diante
da ausência de previsão legal, deve-se fazer analogia in bonam partem e a ele deverá ser
aplicada a mesma fração do condenado primário, ou seja, a regra do inciso VI, “a”, do art.
112 (50%).
Informativo 680
Depois da Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), não é mais possível que o juiz, de
ofício, converta a prisão em flagrante em prisão preventiva (é indispensável
requerimento)
Informativo 678
ão há nulidade na busca e apreensão efetuada por policiais, sem prévio mandado judicial, em
apartamento que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual,
se a aparente ausência de residentes no local se alia à fundada suspeita de que o imóvel é
utilizado para a prática de crime permanente.
A Lei nº 13.769/2018 incluiu o § 3º no art. 112 da Lei de Execuções Penais - LEP, prevendo
progressão de regime especial. Esse § 3º afirmou que a mulher gestante ou que for
mãe/responsável por crianças ou pessoas com deficiência poderá progredir de regime com 1/8
da pena cumprida (o que é um tempo menor do que a regra geral), mas desde que cumpridos
alguns requisitos elencados no dispositivo. Um dos requisitos para ter direito a essa
progressão especial está no fato de que a reeducanda não pode ter “integrado organização
criminosa” (inciso V). Esse requisito deve ser interpretado de acordo com a definição de
organização criminosa da Lei nº 12.850/2013. Logo, essa expressão (“organização
criminosa”) não pode ser interpretada em sentido amplo para abranger toda e qualquer
associação criminosa. A pessoa só estará impedida de gozar da progressão com base nesse
inciso em caso de ter praticado o crime previsto na Lei nº 12.850/2013.
Informativo 677
Vale ressaltar que essa multa não se confunde com a multa por litigância de má-fé. A multa
por litigância de má-fé não é admitida no processo penal.
Admitese o chamado “poder geral de cautela” no processo penal? O tema é polêmico, no
entanto, prevalece na jurisprudência do STJ que SIM. O poder geral de cautela do processo
civil também pode ser aplicado, em regra, ao processo penal. O emprego de cautelares
inominadas só é proibido no processo penal se atingir a liberdade de ir e vir do indivíduo.
Teoria dos poderes implícitos: A teoria dos poderes implícitos também é um fundamento
autônomo que, por si só, justificaria a aplicação de astreintes pelos magistrados. Nesse
sentido: A legalidade da imposição de astreintes a terceiros descumpridores de decisão
judicial encontra amparo também na teoria dos poderes implícitos, segundo a qual, uma vez
estabelecidas expressamente as competências e atribuições de um órgão estatal, desde que
observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, ele está implicitamente
autorizado a utilizar os meios necessários para poder exercer essas competências. Nessa
toada, se incumbe ao magistrado autorizar a quebra de sigilo de dados telemáticos, pode ele
se valer dos meios necessários e adequados para fazer cumprir sua decisão, tanto mais
quando a medida coercitiva imposta (astreintes) está prevista em lei.
Não haverá infiltração policial se o agente apenas representa a vítima nas negociações
de extorsão
Não há infiltração policial quando agente lotado em agência de inteligência, sob identidade
falsa, apenas representa o ofendido nas negociações da extorsão, sem se introduzir ou se
infiltrar na organização criminosa com o propósito de identificar e angariar a confiança de
seus membros ou obter provas sobre a estrutura e o funcionamento do bando.
Para que ocorra a ação controlada é necessária prévia autorização judicial? A resposta irá
depender do tipo de crime que está sendo investigado. Se a ação controlada envolver crimes:
• da Lei de Drogas ou de Lavagem de Dinheiro: SIM. Será necessária prévia autorização
judicial porque o art. 52, II, da Lei nº 11.343/2006 e o art. 4ºB da Lei nº 9.613/98 assim o
exigem. • praticados por organização criminosa: NÃO. Neste caso será necessário apenas que
a autoridade (policial ou administrativa) avise o juiz que irá realização ação controlada
O tempo excedido, na frequência escolar, ao limite legal de 12 horas a cada 3 dias deve
ser considerado para fins de remição da pena
O art. 126 da Lei de Execuções Penais prevê duas hipóteses de remição da pena: por trabalho
ou por estudo. Para fins de remição da pena pelo trabalho, a jornada não pode ser superior a 8
horas. O STJ, contudo, entende que eventuais horas extras devem ser computadas quando
excederem a oitava hora diária, hipótese em que se admite o cômputo do excedente para fins
de remição de pena. No caso da remição pelo estudo, o reeducando poderá remir 1 dia de
pena a cada 12 horas de atividade, divididas, no mínimo, em 3 dias. O STJ entende que, se o
reeducando estudar mais que 12 horas, isso deverá ser considerado para fins de remição da
pena.
É possível a remição para condenados que cumprem pena em regime aberto? • Remição pelo
trabalho: NÃO. • Remição pelo estudo: SIM
Informativo 675
A OAB não tem legitimidade para atuar como assistente de defesa de advogado réu em
ação penal
Isso porque, no processo penal, a assistência é apenas da acusação, não existindo a figura do
assistente de defesa.
Obs.: sobre o assistente de acusação, é importante mencionar que somente existe assistente da
acusação no caso de ação penal pública.
Informativo 673
Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins
medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como
porte em outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade da
conduta.
Como não há pedido de importação, não há que se falar em competência da Justiça Federal
por ausência de transnacionalidade. Para que se reconheça a competência da Justiça Federal é
indispensável a demonstração de internacionalidade da conduta do agente.
Os crimes relacionados com pirâmide financeira envolvendo criptomoedas são, em
princípio, de competência da Justiça Estadual
Ausentes os elementos que revelem ter havido evasão de divisas ou lavagem de dinheiro em
detrimento de interesses da União, compete à Justiça Estadual processar e julgar crimes
relacionados a pirâmide financeira em investimento de grupo em criptomoeda. A captação de
recursos decorrente de “pirâmide financeira” não se enquadra no conceito de atividade
financeira, razão pela qual o deslocamento do feito para a Justiça Federal se justifica apenas
se demonstrada a prática de evasão de divisas ou de lavagem de dinheiro em detrimento de
bens e serviços ou interesse da União.
O STJ entende que, em princípio, a prática de pirâmide financeira não configura, por si só,
crime contra o sistema financeiro nacional.
A Recomendação 62/2020 do CNJ não é aplicável ao acusado que não está privado de
liberdade no sistema penal brasileiro
Caso concreto: a justiça brasileira decretou a prisão preventiva do réu, brasileiro que mora
regularmente nos EUA. O Governo norte-americano negou o pedido de extradição. A defesa
desse réu impetrou habeas corpus no Brasil pedindo a revogação da prisão decretada
considerando que ele é idoso, fumante e está com H1N1, de forma que pertence ao grupo de
risco da Covid-19. O STJ indeferiu o pedido considerando que o réu está no exterior há anos
e não corre mais o risco de ser extraditado. Na Recomendação 62/2020, o CNJ afirma que os
juízes e Tribunais deverão adotar medidas para prevenir a propagação da Covid-19 no âmbito
do sistema de justiça penal, fazendo a revisão das prisões temporárias. Vale ressaltar,
contudo, que essa Recomendação não se aplica ao acusado porque ele não está inserido no
sistema penal brasileiro. A adoção de cautelas quanto à prisão por conta da pandemia da
Covid-19 tem o objetivo de reduzir os riscos epidemiológicos em unidades prisionais e não o
de blindar pessoas que residem no exterior.
O descumprimento das condições impostas para o livramento condicional não pode ser
invocado para impedir a concessão do indulto, a título de não preenchimento do
requisito subjetivo
A suspensão será obrigatoriamente revogada se, no curso do prazo o beneficiário vier a ser
processado por outro crime (art. 89, § 3º da Lei nº 9.099/95). Trata-se de causa de revogação
obrigatória. Por outro lado, a suspensão poderá ser revogada pelo juiz se o acusado vier a ser
processado, no curso do prazo, por contravenção (art. 89, § 4º). Trata-se de causa de
revogação facultativa. O processamento do réu pela prática da conduta descrita no art. 28 da
Lei de Drogas no curso do período de prova deve ser considerado como causa de revogação
FACULTATIVA da suspensão condicional do processo. A contravenção penal tem efeitos
primários mais deletérios que o crime do art. 28 da Lei de Drogas. Assim, mostra-se
desproporcional que o mero processamento do réu pela prática do crime previsto no art. 28 da
Lei nº 11.343/2006 torne obrigatória a revogação da suspensão condicional do processo,
enquanto o processamento por contravenção penal ocasione a revogação facultativa.
Informativo 667
Não cabe mandado de segurança contra decisão do juiz de 1ª instância que defere ou
indefere o desbloqueio de bens e valores; cabe apelação
Não é admissível a impetração de mandado de segurança contra ato jurisdicional que defere o
desbloqueio de bens e valores. Isso porque se trata de decisão definitiva que, apesar de não
julgar o mérito da ação, coloca fim ao procedimento incidente. O procedimento adequado
para a restituição de bens é o incidente legalmente previsto para este fim. O instrumento
processual para impugnar a decisão que resolve esse incidente é a apelação, sendo incabível a
utilização de mandado de segurança como sucedâneo do recurso legalmente previsto.
Informativo 666
Ofende o enunciado do non reformatio in pejus indireta o aumento da pena através de decisão
em recurso especial interposto pelo Ministério Público contra rejulgamento de apelação que
não alterou reprimenda do acórdão anterior, que havia transitado em julgado para a acusação
e que veio a ser anulado por iniciativa exclusiva da defesa.
Informativo 662
Mesmo que na sentença condenatória não tenha constado expressamente que o réu é
reincidente, o juízo da execução penal poderá reconhecer essa circunstância para fins de
conceder ou não os benefícios, como, por exemplo, a progressão de regime
Informativo 661
Súmula 639-STJ: Não fere o contraditório e o devido processo decisão que, sem ouvida
prévia da defesa, determine transferência ou permanência de custodiado em
estabelecimento penitenciário federal.
Informativo 659
Compete à Justiça Federal julgar crime contra a vida em desfavor de policiais militares,
consumado ou tentado, praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos,
autarquias ou empresas públicas da União
Compete à Justiça Estadual julgar o crime de homicídio praticado contra policiais militares
estaduais, ainda que no contexto do delito federal de contrabando (STJ. 3ª Seção. CC
153.306/RS, Rel. p/ Acórdão Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 22/11/2017).
Ex: o sujeito ativo trazia cigarros importados em seu veículo e, para fugir de uma blitz, atirou
e matou um dos policiais militares. Haverá desmembramento: a Justiça Federal julgará o
contrabando e a Justiça Estadual julgará o homicídio. Situação diversa, entretanto, é aquela
em que o crime contra a vida em desfavor de agentes estatais, consumado ou tentado, é
praticado no contexto de crime de roubo armado contra órgãos, autarquias ou empresas
públicas da União. Isso porque, nesta hipótese, a íntima relação entre a violência, elementar
do crime de roubo, e o crime federal (roubo armado) atrai a conexão. Ex: o sujeito ativo
cometeu roubo contra os Correios; depois de consumado, passou a ser perseguido por
policiais militares e atirou contra eles, matando um e ferindo o outro. O roubo e os delitos de
homicídio serão julgados conjuntamente pela Justiça Federal.
Não ocorre substituição do Relator quando ele for vencido quanto à mera
admissibilidade da acusação na fase do art. 6º da Lei nº 8.038/90
Situação diversa ocorre quando o Relator for vencido em questão de mérito, apta a produzir
coisa julgada material, como nos casos de absolvição sumária e de extinção da punibilidade,
passíveis de serem reconhecidas na fase do art. 6º da Lei nº 8.038/90 por força do art. 397 do
CPP. O Ministro que proferir o primeiro voto divergente sobre questão de mérito, condutor
da tese vencedora, deve ser designado substituto na relatoria do feito, ainda que o voto tenha
sido proferido de forma antecipada, e que o Ministro na posição subsequente ao Relator
originário na ordem de julgamento venha a aderir posteriormente à tese do voto divergente
antecipado.
É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente em
denúncia anônima
É ilícita a prova obtida por meio de revista íntima realizada com base unicamente em
denúncia anônima. Caso concreto: a diretora da unidade prisional recebeu uma ligação
anônima dizendo que Rafaela, que iria visitar seu marido João, tentaria entrar no presídio
com droga. Diante disso, a diretora ordenou que a agente penitenciária fizesse uma revista
minuciosa em Rafaela. Na revista íntima efetuada, a agente penitenciária encontrou droga
escondida na vagina da visitante. Rafaela confessou que estava levando a droga para seu
marido. A prova colhida é ilícita.
• SIM. A 5ª Turma do STJ tem rechaçado a postura de abandonar o plenário do Júri como
tática da defesa, considerando se tratar de conduta que configura, sim, abandono processual,
apto, portanto, a atrair a aplicação da multa do art. 265 do CPP.
• NÃO. Não constitui a hipótese do art. 265 do Código de Processo Penal o abandono de ato
processual pelo defensor do réu se este permaneceu na causa, tendo, inclusive, atuado nos
atos subsequentes.
O fato de o juiz aplicar a multa prevista no art. 265 do CPP contra o advogado ou
Defensor Público não viola a autonomia da OAB e da Defensoria Pública
A multa por abandono do plenário do júri por defensor público, com base no art. 265 do
CPP, deve ser suportada pela Defensoria Pública, sem prejuízo de eventual ação
regressiva
Informativo 657
No rito especial da Lei nº 8.038/90, a rejeição da denúncia é balizada pelo art. 395 do
CPP e a improcedência da acusação é pautada pelo disposto no art. 397 do CPP
O art. 6º da Lei nº 8.038/90 prevê que o Tribunal irá se reunir para analisar a denúncia ou
queixa oferecida, podendo: 1) receber a denúncia (ou queixa); 2) rejeitar a denúncia (ou
queixa); 3) julgar improcedente a acusação se a decisão não depender de outras provas. Logo,
o Tribunal, ao examinar se a denúncia tem ou não aptidão para ser recebida (hipótese 2
acima), deverá se basear no art. 395 do CPP (que trata sobre as situações de rejeição da
denúncia). Caso o Tribunal entenda pela improcedência da acusação, essa decisão deve ser
pautada pelo disposto no art. 397 do CPP (que trata sobre absolvição sumária). Ao rito
especial da Lei nº 8.038/90 aplicam-se, subsidiariamente, as regras do procedimento
ordinário (art. 394, § 5º, CPP), razão pela qual eventual rejeição da denúncia é balizada pelo
art. 395 do CPP, ao passo que a improcedência da acusação (absolvição sumária) é pautada
pelo disposto no art. 397 do CPP.
A transação penal é um instituto que, por natureza e como regra, ocorre na fase
préprocessual. Seu objetivo é impedir a instauração da persecutio criminis in iudicio
(persecução penal em juízo). Se a transação penal foi aceita, isso significa que não existe
ação penal em curso. Como não existe ação penal em curso, não se pode falar em habeas
corpus para trancar a ação penal. Ela, repito, não existe. Logo, não se revela viável, após a
celebração do acordo, pretender discutir em ação autônoma (HC) a existência de justa causa
para ação penal. Trata-se de decorrência lógica, pois não há ação penal instaurada que se
possa trancar.
Embora o ne bis in idem tenha origem mais ligada à sua vertente processual, é possível
identificar duas vertentes: a) ne bis in idem material: significa que o acusado tem o direito de
não ser punido duas vezes pelo mesmo fato. Impede que alguém seja, efetivamente, punido
em duplicidade ou que tenha o mesmo fato, elemento ou circunstância considerados mais de
uma vez para definir-se a sanção criminal. b) ne bis in idem processual: assegura-se ao réu o
direito de não ser processado duas vezes pelo mesmo fato. Assim, impede a formação, a
continuação ou a sobrevivência da relação jurídica processual que esteja em duplicidade.
A regra de que é a sentença definitiva oriunda de distintos Estados soberanos – e não a
existência de litígio pendente de julgamento – que pode obstar a formação, a continuação ou
a sobrevivência da relação jurídica processual que configuraria a litispendência.
Prevalece, portanto, que a pendência de julgamento de litígio no exterior não impede o
processamento de demanda no Brasil, até mesmo porque no curso da ação penal pode ocorrer
tanto a alteração da capitulação (emendatio libeli) como, também, da imputação penal
(mutatio libeli), o que, por si só, é suficiente para exigir maior cautela na extinção prematura
de demandas criminais em Estados soberanos distintos.
O art. 621, I, do CPP prevê que cabe revisão criminal “quando a sentença condenatória for
contrária ao texto expresso da lei penal”. É admissível a revisão criminal fundada no art. 621,
I, do CPP ainda que, sem indicar nenhum dispositivo de lei penal violado, suas razões
apontem tanto a supressão de instância quanto a ausência de esgotamento da prestação
jurisdicional. Isso porque a expressão “texto expresso da lei penal” prevista no art. 621, I, do
CPP é ampla e abrange também as normas processuais não estão escritas.
Informativo 655
É ilícita a prova obtida mediante conduta da autoridade policial que atende, sem
autorização, o telefone móvel do acusado e se passa pela pessoa sob investigação
Condenado que se encontra cumprindo pena em prisão domiciliar por falta de vagas no
regime semiaberto tem direito à saída temporária como se estivesse efetivamente no
regime semiaberto
No caso em que o Ministério Público tem vista dos autos, a remessa de cópias e documentos
ao Órgão Ministerial não se mostra necessária. O Parquet, na oportunidade em que recebe os
autos, pode tirar cópia dos documentos que bem entender, sendo completamente esvaziado o
sentido de remeter-se cópias e documentos.
STJ não é competente para julgar crime praticado por Governador no exercício do
mandato se o agente deixou o cargo e atualmente voltou a ser Governador por força de
uma nova eleição
A apresentação de somente parcela dos áudios, cuja filtragem foi feita sem a presença do
defensor, acarreta ofensa ao princípio da paridade de armas e ao direito à prova, porquanto a
pertinência do acervo probatório não pode ser realizada apenas pela acusação, na medida em
que gera vantagem desarrazoada em detrimento da defesa.
Informativo 647
A concessão da prisão domiciliar com base no art. 318-A do CPP aplica-se também no
caso de execução provisória da pena
Informativo 644
É nula decisão judicial que autoriza o espelhamento do WhatsApp para que a Polícia
acompanhe as conversas do suspeito pelo WhatsApp Web
É cabível RESE contra decisão que indefere a produção antecipada de prova prevista
no art. 366 do CPP
Informativo 639
É nula a sentença proferida de forma oral e degravada parcialmente sem o registro das
razões de decidir
OBS: Atenção com a decisão que fala que é válida a sentença de forma oral
É possível a pronúncia do acusado baseada exclusivamente em elementos informativos
obtidos na fase inquisitorial?
• NÃO. Haverá violação ao art. 155 do CPP. Além disso, muito embora a análise
aprofundada seja feita somente pelo Júri, não se pode admitir, em um Estado Democrático de
Direito, a pronúncia sem qualquer lastro probatório colhido sob o contraditório judicial,
fundada exclusivamente em elementos informativos obtidos na fase inquisitorial.
Informativo 636
É possível que a Receita Federal compartilhe, com a Polícia e o MP, os dados bancários
que ela obteve em procedimento administrativo fiscal, para fins de instrução processual
penal
Os dados do contribuinte que a Receita Federal obteve das instituições bancárias mediante
requisição direta (sem intervenção do Poder Judiciário, com base nos arts. 5º e 6º da LC
105/2001), podem ser compartilhados, também sem autorização judicial, com o Ministério
Público, para serem utilizados como prova emprestada no processo penal. Isso porque o STF
decidiu que são constitucionais os arts. 5º e 6º da LC 105/2001, que permitem o acesso direto
da Receita Federal à movimentação financeira dos contribuintes (RE 601314/SP, Rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 24/2/2016. Info 815). Este entendimento do STF deve ser
estendido também para a esfera criminal.
Informativo 631