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INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
RESUMO
O presente trabalho buscou traçar a evolução constitucional do Brasil, seguindo uma
ordem histórica e doutrinária, que formaram o perfil das instituições nacionais.
Passando pelas Constituições de 1824 a 1988, verifica-se a construção de um país
que anseia por direitos e garantias fundamentais como a liberdade, a saúde, a
educação, o emprego e a moradia, entre outros. Tendo como objetivo demonstrar a
história como uma linha do tempo, apresenta-se, entre outros, os diferentes poderes,
constituições, separação de poderes, organização do Estado e direitos do homem.
Justifica-se assim a escolha do tema ao verificar a importância de conhecer parte da
história do Brasil, que continua em busca de sua construção e fundamentos, pois
ainda continua em formação, mesmo depois de tantos anos de renovações,
problemas e soluções, sem ter ainda se firmado totalmente. Como metodologia de
pesquisa, elegeu-se a Revisão de Literatura, com dados de doutrinas, legislação e
artigos científicos publicados em bancos de dados jurídicos.
ABSTRACT
The present work sought to trace the constitutional evolution of Brazil, following a
historical and doctrinal order, which formed the profile of national institutions. Passing
through the Constitutions from 1824 to 1988, there is the construction of a country
that yearns for fundamental rights and guarantees such as freedom, health,
education, employment and housing, among others. Aiming to demonstrate history
as a timeline, it presents, among others, the different powers, constitutions,
separation of powers, organization of the State and human rights. Thus, the choice of
the theme is justified when verifying the importance of knowing part of the history of
Brazil, which continues in search of its construction and foundations, as it is still in
formation, even after so many years of renovations, problems and solutions, without
having still fully established. As a research methodology, Literature Review was
1
Docente do curso de Direito da Faculdade do Guarujá – 2º semestre/2020.
chosen, with data on doctrines, legislation and scientific articles published in legal
databases.
1. Introdução
São em número de oito as Constituições que o Brasil já teve durante a sua
história como um país independente e, em todas elas, os Direitos Fundamentais
estiveram presentes, com menor ou maior expressão, mas sempre expresso
constitucionalmente. Ampliou-se a cada nova Constituição, em uma linha crescente,
ampliando e introduzindo novos direitos fundamentais, acompanhando as mudanças
de acordo com o cenário internacional.
As variadas gerações de direitos foram absorvidas pelas Constituições
nacionais conforme iam surgindo nas diferentes Constituições de outros países e
essa evolução dos direitos fundamentais tornou-se tema desta pesquisa, podendo
formar uma ideia acerca do assunto, conforme se demonstra os principais tópicos
relacionado aos direitos fundamentais através da história do país pós
independência, passando por cada período político-constitucional em que as
Constituições estavam vigentes
Foi a de maior vigência (durou mais de 65 anos). Foi emendada em pelo ato
adicional de 1834, durante o período regencial, para proporcionar mais autonomia
para as províncias. Essa emenda foi cancelada pela lei interpretativa do ato
adicional, em 1840.
Os direitos estavam positivados nesta Constituição, mas não alcançavam a
população. Segundo Villa (2011, p. 11): “D. Pedro I inaugurou o arbítrio travestido de
defensor das liberdades – a esquizofrenia de um discurso liberal e uma prática
repressiva”.
A Constituição de 1934
A Constituição de 1937
A Constituição de 1946
Essa Constituição foi promulgada pela Assembleia Constituinte em 18 de
setembro de 1946. Foi a quinta Constituição brasileira, a quarta republicana e a
terceira de caráter republicano-democrático, durante uma redemocratização do
Estado brasileiro que vinha de um governo autoritário desde 1930 (HERKENHOFF,
2014).
Era um governo de incoerências o de Getúlio Vargas, como quando se aliou
durante a Segunda Guerra Mundial contra os países do “Eixo”, representados pela
Alemanha, Itália e Japão, em que a luta era contra a ditadura nazifascista, já que o
Brasil era governado de forma ditatorial.
Outras situações que incomodavam a população deram causa à deposição de
Getúlio Vargas pelos militares, assumindo o governo o então presidente do Supremo
Tribunal Federal José Linhares até a eleição democrática do novo presidente, o
general Gaspar Dutra.
Essa pode ser considerada uma Constituição social, sendo a mais
democrática até o momento, pois novamente assegurava os direitos e as garantias
fundamentais dos cidadãos que, na Constituição anterior, haviam sido restringidos.
Também dava uma maior autonomia aos estados e municípios, o que antes não
acontecia já que havia uma maior concentração de poder na União (LASSALE
2010).
Houve uma restauração dos direitos de primeira e segunda gerações que
haviam sido inseridos nas constituições de 1891 e 1934, além de terem sido
restaurados também os instrumentos jurídicos que protegiam o exercício desses
direitos: habeas corpus, mandado de segurança, ação popular e os princípios da
legalidade e irretroatividade da lei.
Fato importante desta Constituição foi a instituição do princípio da ubiquidade
da justiça tratada no art. 141, § 4º, nos seguintes termos: “A lei não poderá excluir da
apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual”.
Além das referidas restaurações de direitos e da novidade mencionada, foram
inseridos o direito de livre expressão sem medo de ser censurado, o direito à
inviolabilidade do sigilo de correspondências e a liberdade de livre associação para
fins lícitos.
Foi também a primeira Constituição a estender às mulheres o direito de votar,
o que antes, na Constituição de 1934, era restrito apenas àquelas que trabalhavam
de forma remunerada em funções públicas, buscando a igualdade de todos perante
a lei.
Quanto aos direitos sociais, as inovações foram: direito dos trabalhadores à
participação nos lucros da empresa, estabilidade para empregados urbanos e rurais
e indenização em situações de dispensa imotivada. Também houve valorização da
família ao inserir a assistência à maternidade, à infância e à adolescência e às
famílias numerosas, entre outros direitos.
A Constituição de 1967
Foi elaborada e promulgada formalmente pelo Congresso Nacional em 24 de
janeiro de 1967, entrou em vigor em 15 de março de 1967, após o golpe militar no
ano de 1964, que destituiu do poder o então presidente da República João Goulart,
instaurando assim, no Brasil, um regime militar que realizou profundas mudanças na
vida econômica, política e social do país (LASSALE, 2010).
Esse golpe foi apoiado pelos Estados Unidos, pois, após a Revolução
Cubana, o medo era que o comunismo se instalasse no continente americano, e
com isso, na década de 1960, na América Latina, vários regimes democráticos,
foram derrubados por golpes militares com o pretexto de impedirem a expansão do
regime comunista.
No interesse de preservar a Revolução, o Presidente da República, ouvido o
Conselho de Segurança Nacional, e sem as limitações previstas na Constituição,
poderá suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos
e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.
Com isso, visando a dar uma maior legitimidade à ditadura militar, o então
presidente marechal Humberto Castello Branco convocou de forma extraordinária o
Congresso Nacional para a votação do projeto de Constituição. Segundo Groff
(2016, p. 121): “tratava-se de uma convocação autoritária, com to- dos os meios de
pressão e de repressão que não permitiam a livre expressão”.
Novamente, várias conquistas dos cidadãos obtidas ao longo do tempo
foram restringidas por causa do governo autoritário instaurado. Embora fossem
previstos os direitos básicos de liberdade, segurança individual e propriedade, além
de direitos de reunião e associação para fins lícitos, não havia prerrogativas que os
assegurassem, visto que decretos e emendas eram usados para limitá-los ou, até
mesmo, anulá-los.
A Constituição de 1988
A Constituição da República Federativa do Brasil, também chamada de
“Constituição Cidadã”, nome dado por Ulysses Guimarães, que, na época, era o
presidente da Assembleia Nacional Constituinte, foi promulgada em 5 de outubro de
1988 (ALEXANDRINO; PAULO, 2017).
Sendo democrática e liberal, sofreu grande influência da Constituição
portuguesa de 1976 e foi a que demonstrou maior legitimidade popular. Foi a sétima
Constituição do Brasil e a que deu mais ênfase aos direitos e às garantias
fundamentais, na qual o constituinte se preocupou, desde o seu preâmbulo, a
valorizar a dignidade da pessoa humana.
Segundo Lenza (2017, p. 157):
No preâmbulo da CF/88 foi instituído um Estado Democrático, destinado a
assegurar os se- guintes valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida,
na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias:
o exercício sociais e individuais; a liberdade; a segurança; o bem-estar; o
desen- volvimento; a igualdade; a justiça.
Considerações finais
O presente trabalho apresentou uma breve explanação sobre a evolução dos
direitos e das garantias fundamentais ao longo da história das constituições
brasileiras, desde a Constituição do Império de 1824 até a Constituição de 1988,
vigente na atualidade e chamada de Constituição Cidadã.
Notou-se que desde o início, houve uma tentativa de valorizar o cidadão, pois,
já na primeira constituinte, foram inseridos direitos fundamentais, conforme o que
ocorria em outros países do mundo mas, por muito tempo, desses direitos não
alcançaram a população em geral, mas os indivíduos já começavam a sentir que
precisavam reivindicar seus direitos perante o Estado que, em vários momentos na
história do Brasil, foi repressivo e autoritário.
Nas constituições que se seguiram, verifica-se que novos direitos foram
inseridos e o Estado passou a ser exigida uma posição para garantir o exercício
desses direitos e melhorar a qualidade da condição humana.
Houve, também, momentos de autoritarismo, onde as conquistas recuavam e,
os direitos e as garantias fundamentais, até então conquistados lentamente pela
sociedade, começaram a ser reprimidos, voltando assim o Estado a intervir na
sociedade de forma a garantir seu poder, às custas das liberdades individuais e
coletivas. Retrocedeu-se e o Brasil passou a andar na contramão das tendências
internacionais de valorização dos direitos humanos.
Com a revolta da população contra o Estado autoritário e a busca pelo
exercício dos seus direitos, reivindicou-se a volta do Estado democrático, com
liberdade e autonomia e uma efetiva participação popular nas decisões do Estado.
Conclui-se que excetuando-se os períodos de ditadura, o Brasil buscou
caminhar na linha de direitos e garantias ao cidadão conforme países importantes,
sempre com a valorização da dignidade da pessoa humana e que o que vemos é a
positivação dos direitos e garantias não é suficiente para melhorar a qualidade de
vida do homem, mas não se vê implementação de políticas públicas por parte do
Estado para sua efetividade.
A Constituição de 1988 tem um amplo rol de direitos e garantias
fundamentais, mas ainda não possui a capacidade de garantir uma melhor qualidade
de vida dos indivíduos, sendo necessário que o cidadão exija do Estado as
condições necessárias para o exercício dos direitos, bem como as condições para
uma melhor qualidade de vida.
REFERÊNCIAS
NOVO, B. N. et al. As constituições brasileiras. São Paulo: Saraiva Epub, 2019.
VILLA, M. A. A história das constituições brasileiras: 200 anos de luta contra o
arbítrio. São Paulo: Edi- tora Leya, 2011.