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ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO

Me. Daianny Seoni de Oliveira

GUIA DA
DISCIPLINA
2021
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

1. ESTUDOS EPISTEMOLÓGICOS DA ORGANIZAÇÃO DO


CONHECIMENTO

Objetivo:
Introduzir às teorias e sistemas de organização do conhecimento.

Introdução:

Os estudos sobre os conceitos e teorias estão presentes em vários campos do


conhecimento, dentre eles estão a Filosofia, Psicologia, Linguística, Educação, Ciência da
Informação e outros. O campo da Ciência da Informação e a área da Organização da
Informação e do Conhecimento, buscam teorias e formas de armazenamento e
recuperação da informação.

Na organização da informação, o conhecimento é gerado com base em informações


previamente organizadas, e para que isso ocorra usamos as categorizações de assuntos,
as classificações, linguagens documentárias, com uso de métodos e instrumentos para ter
um acesso seguro e eficaz ao universo informacional.

E o que é um conceito? Um conceito reflete nas escolhas teórico-epistemológicas,


ou seja, o conceito pode equiparar-se a ideia, opinião, ponto de vista, com contextos de
análise filosófica e de linguagem. Pretende-se aqui, apresentar algumas abordagens
filosóficas a fim de refletir sobre o uso do termo conceito nas teorias da Organização da
informação e do conhecimento. De modo geral, esse termo se apresenta de maneira
genérica em diversas situações. Abbagnono (2007) admite a generalidade do termo
conceito, que advém principalmente da semântica e da Filosofia. Os conceitos também
apresentam outras características, tais como: compreensão, extensão, objetivos universais,
entre outros. Alguns filósofos são citados nas discussões sobre o conceito, como
Benedetto Croce, Hegel e Lugwing Wittgenstein (FRANCELIN, M. M., 2010).

Especial Benedetto Croce – A ‘Estética como Ciência da Expressão e Linguística Geral’.


Disponível em: https://estadodaarte.estadao.com.br/especial-benedetto-croce-a-
estetica-como-ciencia-da-expressao-e-linguistica-geral/

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Hegel: “Certamente você me vê”. Disponível em:


https://estadodaarte.estadao.com.br/hegel-mauricio-martins-anpof/

Ludwig Wittgenstein. Disponível em:https://estadodaarte.estadao.com.br/sep-


ludwig-wittgenstein-ea/

Nas ciências, os conceitos são usados para separar os objetos de estudo a fim de
identificar objetos de discussão. Como exemplo, temos o conceito de Informação na Ciência
da Informação, que foi discutido muitas vezes como tentativa de consolidar o termo como
objeto de pesquisa na área.

1.1. Conceitos e linguagem


A relação entre o conceito e a linguagem é de fundamental importância, de acordo
com Francelin (2010), quanto maior é o conhecimento, maior é a capacidade de
problematizar, bem como de formar conceitos. O uso da linguagem é um produto do
conhecimento, um instrumento cognitivo e comunicacional e é utilizado para a construção
de conceitos. Neste sentido, na área da Organização da informação e do conhecimento, há
estudos sistemáticos sobre a linguagem, semântica e a pragmática derivado do interesse
pela área da mediação da informação e seu uso em sociedade.

Esses estudos procuram entender a construção da linguagem e suas relações nos


processos discursivos. Conhecer as regras da linguagem, reforça a ideia do fluxo adequado
entre o conhecimento e a informação.

O que é linguagem? vídeo 1. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=I1Zusz__3e8

O que é linguagem? vídeo 2. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=4qr3CGs1Upg

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O impacto da linguagem no sistema de representação e comunicação, percorre o


trajeto da palavra (evento, acontecimento) até sua divulgação, conforme nos ilustra o
triângulo semiótico de Lyons (1979), sobre a importância do conceito na enunciação.

Desse modo, a linguagem é utilizada como veículo do discurso que se materializa


para a produção de conhecimento e conceitos (FRANCELIN, M. M., 2010).

1.2. Conceitos e as áreas do conhecimento


A Ciência da Informação é uma área do conhecimento que evidencia um aspecto
importante, a dificuldade de fundamentar seu campo teórico e conceitual, pois reaviva os
conceitos de ciência e informação. De acordo com a pesquisa elaborada por Smit, Tálamo
e Kobashi (2004), a Ciência da Informação se caracteriza por um “vazio” conceitual e
constitui seus conceitos utilizando as bases de outra área do conhecimento, tais como
Lógica, a Administração, Linguística, Psicologia, Computação e etc, sendo considerada
dessa forma uma área interdisciplinar.

As autoras também evidenciam um deslocamento conceitual e dificuldade de


eliminar ambiguidade nas linguagens das Ciências Humanas e Sociais, mas isso não pode
ser um obstáculo para que a própria área seja consolidada. Assim sendo, formular
conceitos é um caminho que se rompe com o senso comum e se aproxima da ciência.

Os conceitos utilizados na Organização do Conhecimento, não podem comportar


metáforas, polissêmicas e ser ambíguas, a linguagem natural são espaços de liberdade, já
as linguagens construídas (linguagens documentárias) são precisas, de significados fixos.
Cintra et al. (2002), afirma que as linguagens têm função informativa e não de criação.
Assim, pensar conceitos “adequados” nos leva a discutir conceitos científicos e filosóficos
constituído de contextos racionais com vistas à informação.

Para formar conceitos, o homem classifica as coisas ao seu redor, é uma atividade
natural e que faz parte do nosso cotidiano. Os principais campos de orientação, quanto a

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tipos de classificação, são as ontologias (classificação de seres), as gnosiologias


(classificação das ciências), classificações biblioteconômicas (classificação de livros) e as
informacionais (classificação da informação). Desse modo, a visão filosófica é fundamental,
pois toda classificação de documentos é antecedida pela classificação de conceitos.

Há variações de abordagens sobre o conceito e variadas linhas teóricas que


influenciam na construção de metodologias e instrumentos na área da Organização da
Informação e do Conhecimento. Dentro desse contexto, deve-se discutir as questões
teóricas e metodológicas visando operacionalizar as ações da organização da informação
para a circulação e o acesso (FRANCELIN, M. M., 2010).

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. 5 ed. São Paulo: Martins Fontes,


2007.

CINTRA, Anna Maria Marques, et.al. Para entender as linguagens


documentárias. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Polis, 2002. 96p

FRANCELIN, M. M. Ordem dos conceitos na organização da informação e do


conhecimento. Tese em Ciência da Informação. São Paulo: USP, 2010.
Orientadora. Profa. Dra. Nair Yumiko Kobashi.

Lyons, John. Introdução à linguística teórica. São Paulo: Editora Nacional,


1979.

SMIT, J. W.; TÁLAMO, M. F. G. M.; KOBASHI, N. Y. A determinação do campo


científico da ciência da informação: uma abordagem terminológica.
DataGramaZero, v. 5, n. 1, 2004. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/5524>. Acesso em: 06 mar.
2021.

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2. SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO (SOC)

Objetivo:
Abordar os aspectos introdutórios sobre teorias e metodologias dos Sistemas de
Organização do Conhecimento (SOC).

Introdução:
O conceito de organização do conhecimento compreende segundo Dahlberg (2006)
a classificação, indexação e representação do conhecimento. É considerado uma definição
ampla pois todo o conhecimento pode ser compreendido, organizado e representado, com
a finalidade de ser acessado a qualquer momento (MOREIRA, 2018).

No sentido estrito, a organização do conhecimento preocupa-se com os sistemas


que constroem essa organização, como os sistemas de classificação, listas de cabeçalhos
de assunto, os tesauros, taxonomias e as ontologias, bem como, a qualidade dos processos
de classificação e indexação. Os SOC referem-se a estruturas terminológicas que
enumeram conceitos e relacionam termos. Sua finalidade é sistematizar o conhecimento,
identificando, descrevendo e controlando as relações terminológicas e conceituais. O uso
dos SOC gira em torno da complexidade da aplicação e finalidade, com o objetivo de
recuperar a informação, conforme mostra a figura 2 (MOREIRA, 2018).

Figura 2 - Complexidade dos SOC

Segundo Garcia Marco (1993), a organização do conhecimento tem o objetivo de


melhorar a circulação da informação e auxiliar na produção de novos conhecimentos.
Porém, questões terminológico-conceituais são subjacentes neste debate, sendo
necessário distinguir conceitos como os da organização da informação, organização do
conhecimento, representação da informação e representação do conhecimento. A seguir o

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quadro elaborado com base nos autores Brascher e Café (2008), apud Moreira (2018)
apresenta essas diferenças:

Quadro 1 - Aproximações entre os conceitos

Essa abordagem procura compreender os conceitos envolvidos, com relações que


se aproximam e se diferenciam. O conceito de representação do conhecimento está
relacionado à organização do conhecimento e a linguagem, isto é, a noção de
representação é fundamental para a perpetuação do ciclo da produção de conhecimento.
Deste modo, as preocupações relacionadas à organização e representação do
conhecimento, motivaram o surgimento dos principais sistemas de classificação (final do
século XIX) e hoje as ontologias (estruturas que se organizam a partir dos conceitos e de
seus relacionamentos), naturalmente com uma base tecnológica ampliada para essa
questão.

Uma teoria se define como um conjunto de conhecimentos organizados, que se


relacionam entre si a fim de explicar um fato ou um fenômeno e a grosso modo, se associa
a um SOC. Enquanto as teorias são causais, os SOC utilizam-se de relações hierárquicas
e associativas (MOREIRA, 2018).

Zeng (2008 apud MOREIRA, 2018) estruturou a tipologia usados nos SOC, que traz:
• listas de termos: listas propriamente ditas: conjuntos limitados de termos em
alguma ordem sequencial; dicionários: listas alfabéticas de termos e suas
definições, com significados variados; glossários: listas alfabéticas de termos

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com definições; sinônimos: conjuntos de termos que são considerados como


equivalentes para fins de recuperação da informação;
• modelos semelhantes a metadados: arquivos de autoridade: listas de termos
utilizados para controlar as variações de nomes para uma entidade; diretórios:
listas de nomes e suas informações de contato associadas; o gazetteers:
dicionários geoespaciais de tipos e nomes de lugares;
• classificação e categorização: cabeçalhos de assunto: esquemas que
fornecem um conjunto de termos controlados para representar os assuntos de
itens em uma coleção e conjuntos de regras para combinar termos em
cabeçalhos compostos. Esquemas de categorização: taxonomias: divisões de
itens em grupos ordenados ou categorias, baseadas em características
particulares; esquemas de classificação: arranjos hierárquicos e facetados de
notações numéricas ou alfabéticas para representar temas amplos;
• modelos de relações: tesauro: conjuntos de termos que representam conceitos
e relações hierárquicas, de equivalência e associativas entre eles; redes
semânticas: conjuntos de termos que representam conceitos, modelados como
nós em uma rede de tipos de relações variáveis; ontologias: modelos de
conceitos específicos que representam relações complexas entre objetos,
incluindo regras e axiomas ausentes em redes semânticas.

Hjorlan (2007 apud CARLAN, 2010) complementa que os SOC podem ser
representados também por mapas bibliométricos, usados para fazer análise de citação;
mapas conceituais, permite visualizar as relações entre os conceitos de forma e estabelecer
um diagrama, utilizando setas para se conectar a conceitos; topic maps, padrão ISO para
descrever estruturas de conhecimento associadas a fontes de informação; e folksonomias,
indexação colaborativa de conteúdo, com palavras-chave de livre escolha permitindo o uso
de vocabulários próprios de cada comunidade de internautas.

Essa estrutura permite compreender o conceito geral de SOC, desde que, se


compreendam os conceitos utilizados na sua composição.

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● LIMA, J. L. O.; ÁLVARES, L. Organização e representação da informação e do


conhecimento. In: Lilian Álvares (org.). Organização da informação e do
conhecimento: conceitos, subsídios interdisciplinares e aplicações. São
Paulo: B4, 2012. Capítulo 1, p. 21-48. Disponível em:
https://www.researchgate.net/profile/Jose-Leonardo-Lima-
2/publication/281969932_Organizacao_e_representacao_da_informacao
_e_do_conhecimento/links/5600067308ae07629e522ad1/Organizacao-e-
representacao-da-informacao-e-do-conhecimento.pdf

DAHLBERG, I. Knowledge organization: a new science? Knowledge


organization, v. 33,
n. 1, p. 11-19, 2006.

GARCÍA-MARCO, F. J. Paradigmas científicos en representación y recuperación


de la información. In: GARCÍA-MARCO, F. J. (Ed.). Organización del
conocimiento en sistemas de información y documentación: actas del I
Encuentro de ISKO-España, Madri, 4 y 5 nov. 1993. Zaragoza: Universidad de
Zaragoza, 1993.

MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos


teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) -
Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências,
2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>.

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3. SOC: CLASSIFICAÇÕES E TESAUROS

Objetivo:
Compreender as teorias dos sistemas de organização do conhecimento:
classificações e tesauros.

Introdução:
No final do século XIX, com o maior uso das bibliotecas públicas e universitárias e o
advento de novas técnicas de organização e representação do conhecimento, o conceito
de organização do conhecimento e da classificação relacionou-se com os conceitos das
ciências e as ontologias, ambos domínios da filosofia. De acordo com Moreira (2018) “a
relação entre a classificação das ciências e a classificação bibliográfica é uma relação de
origem, isto é, a primeira dá origem à segunda e lhe fornece as bases epistemológicas e
ontológicas para a ordenação de seus elementos”.

3.1. Teoria da classificação


A classificação é um dos instrumentos mais utilizados para a organização e
representação do conhecimento, compreender seus fundamentos teóricos amplia o diálogo
entre os conceitos. A classificação bibliográfica implica na identificação e descrição dos
conteúdos dos documentos, é uma maneira de compreender a realidade através de
esquemas, como utilizado nas bibliotecas, museus, supermercados, menu de restaurantes
e outros.

De acordo com Moreira (2018), a teoria da classificação discute e orienta como os


sistemas de classificação devem se comportar. A relação deve ser dialética, para uma
permanente revisão e continuidade da teoria. Há quatro grandes instruções para o estudo
da classificação, conforme apontado por Diemer (1974 apud POMBO, 1998): a
classificação dos seres (orientação ontológica), a classificação das ciências (orientação
gnosiológica); a classificação dos livros (orientação biblioteconômica) e a classificação das
informações (orientação informacional).

As classificações bibliográficas têm carácter normalmente generalista e são


utilizadas para a classificação dos assuntos em si. A identificação dos assuntos não é
somente descritiva, pois exige do classificador capacidades de análise, interpretação e

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construção de representações. Desse modo, a classificação bibliográfica deve estar


sintonizada com a classificação dos conceitos e dialogar com essa teoria. A seguir, as
principais características são apresentadas quanto a identidade do modelo de classificação
(HJORLAND, 2012 apud MOREIRA, 2018).

Quadro 2 - Definição de classes e conceitos

Moreira (2018) afirma que “a atividade de classificação é realizada tomando como


elemento a ser classificado tanto os objetos quanto os conceitos”. Já Dahlberg (1995),
aponta três fases de desenvolvimento do referente à organização do conhecimento, que
são:
Fase classificatória original (ou notacional), em que a tônica residia no organizar
para achar (Dewey, LC, etc.); fase tesáurica (ou alfabética), busca em referenciais
da Linguística soluções para o tratamento temático da informação, e, mais
recentemente, uma nova fase classificatória, em que se reconhece a
complementaridade da organização lógica de conceitos e de sua representação
linguística, mormente quando a discussão acerca das ontologias assume maior
ênfase.

Para Piedade (1983, apud MOREIRA, 2018), as qualidades relacionadas à notação


são as seguintes: 1. Indicar a ordem dos assuntos de modo claro e automático, a fim de
permitir a localização da informação procurada; 2. Permitir revelar integralmente o assunto
do documento; 3. Ser hospitaleira, isto é, permitir o número de subdivisões necessárias a
cada assunto; 4. Ser flexível ou expansiva, isto é, permitir a inclusão de novos assuntos
nas posições mais convenientes; 5. Ser fácil de lembrar, falar e escrever; 6. Ser breve e
simples; 7. Revelar a estrutura da classificação, a sua hierarquia, isto é, mostrar as classes
relacionadas e as classes subordinadas (Mills denomina esta qualidade de expressividade);
8. Ser mnemônica (é um conjunto de técnicas utilizadas para auxiliar o processo de
memorização).

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O método de classificação deve seguir padrões que certifiquem que o modo de


inclusão ou exclusão de elementos neste ou naquele conjunto esteja correto. No quadro 3
é apresentado os principais sistemas de classificação bibliográfica.

Quadro 3 - Principais sistemas de classificação bibliográfica

No sistema de organização do conhecimento, principalmente na área da


classificação, os estudos sobre a categorização e os conceitos são de maior interesse, pois
refere-se a estruturação, formação e organização que são fundamentais para a organização
do conhecimento. A seguir, apresenta-se as principais características entre os conceitos de
classificação e categorização, de acordo com Jacob (2004 apud MOREIRA, 2018).

Quadro 4 - Comparativo entre os conceitos de categorização e classificação

O estudo da categorização, conforme afirma Moreira (2018) “revela-se como um dos


aspectos mais importantes da linguagem, pois possibilita encontrar características
semelhantes na comparação de objetos individuais, ainda que tais objetos sejam
virtualmente dessemelhantes”.

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● NUNES, L.; TÁLAMO, M. de F. G. M. Da filosofia da classificação à classificação


bibliográfica. RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação,
Campinas, SP, v. 7, n. 2, p. 30–48, 2009. DOI: 10.20396/rdbci.v7i1.1973. Disponível
em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/1973.
Acesso em: 12 mar. 2021.

3.2. Tesauros
Os tesauros são instrumentos flexíveis e precisos quanto ao controle terminológico
e possuem caráter enciclopédico. De acordo com Cavalcanti (1998 apud CARLAN, 2010),
tesauro é “uma lista estruturada de termos associados empregada por analistas de
informação e indexadores, para descrever um documento com a desejada especificidade e
permitir aos seus pesquisadores a recuperação da informação”. Teve seu interesse
renovado na nova fase da classificação, segundo Dahlberg (1995), pois “o tesauro também
depende de um esquema de classificação e igualmente das ontologias”.

Suas principais vantagens são maior precisão no controle terminológico e aplicação


em domínios mais específicos do conhecimento. O tesauro visa padronizar a linguagem,
cobrindo uma área do conhecimento específico, geralmente é temático, traduzindo uma
linguagem natural para uma linguagem de máquina. Gomes (1990 apud CARLAN, 2010)
classifica a tipologia do tesauro como: monolíngues e multilíngues; macrotesauros (com
conceitos mais amplos); microtesauros (com conceitos mais específicos) e multidisciplinar
(com disciplina específica).

Os tesauros são estruturados por meio de normas internacionais como a ISO 2788
(1986), ISO 1985) e ANSI/NISO Z39.18-2003, que orientam a estrutura do tesauro em duas
partes: base teórica e base técnico-operacional.

Na base teórica, destacam-se quatro aspectos: conceito, termo (apresentado como


descritor), categorias e facetas. Já na base técnico-operacional, é necessário um
planejamento com coleta de termos de acordo com o método dedutivo e indutivo; controle
terminológico observando a sinonímia, homografia e a polissemia; e estabelecimento de
relações entre os conceitos por meio de: relação de equivalência - termos de relação de
sinonímia, identificado por meio do código USE (Used) e UP (Usado para); relação
hierárquica - reúne conceitos características em comum, como gênero-espécie,

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identificado por meio do código TG (termo genérico) e a subordinação TE (termo específico.


A contextualização dos conceitos, que indica se o conceito foi hierarquizado, é feita por
notas explicativas NE (ou nota de escopo) (CARLAN, 2010).

A construção de tesauros é uma ação coletiva e as linguagens construídas sofrem


modificações à medida que as línguas se desenvolvem.

ESTUDOS ÔNTICOS E ONTOLÓGICOS EM CONTEXTOS INFORMACIONAIS:


REPRESENTAÇÃO, RECUPERAÇÃO E MÉTRICAS EOOCI/UFF. Planejamento do
tesauro. Disponível em: http://eooci.uff.br/planejamento-do-tesauro/

10 tesauros que devem acompanhá-lo para identificar o conteúdo e os


documentos da sua biblioteca, arquivo ou unidade de informação. Disponível
em: https://www.aguia.usp.br/noticias/10-tesauros-que-devem-
acompanha-lo-para-identificar-o-conteudo-e-os-documentos-da-sua-
biblioteca-arquivo-ou-unidade-de-informacao/

AUSTIN, Derek; DALE, Peter. Diretrizes para o estabelecimento e


desenvolvimento de tesauros monolíngües. Brasília: Ibict/SENAI, 1993. 86 p.
Disponível em:http:/livroaberto.ibict.br/handle/1/731

CARLAN, Eliana. Sistemas de organização do conhecimento: uma reflexão no


contexto da ciência da informação. 2010. 195 f., il. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação)-Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

DAHLBERG, I. Current trends in knowledge organization. In: GARCIA MARCO,


Francisco
Javier (Org.). Organización del conocimiento en sistemas de información y
documentación. Zaragoza: Universidad de Zaragoza, 1995. v.1 p. 7-26.

MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos


teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) -
Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências,
2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>.

POMBO, O. Da classificação dos seres à classificação dos saberes. Leituras:


revista da Biblioteca Nacional de Lisboa, n. 2, p. 19-33, primavera, 1998.

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4. SOC: TAXONOMIA E ONTOLOGIAS

Objetivo:
Introduzir as teorias dos sistemas de organização do conhecimento: taxonomias e
ontologias.

Introdução:
A taxonomia e a ontologia fazem parte dos sistemas de organização do
conhecimento (SOC) e são utilizados para organizar e representar o conhecimento com
vistas à sua recuperação. Diante das altas demandas de informações confiáveis, elas
ganham destaque como ferramentas que procuram aprimorar metodologias para aumentar
a qualidade da busca e recuperação da informação.

4.1. Taxonomias
Taxonomia de acordo com Vital e Café (2011), “trabalham no sentido de organizar a
informação e/ou conhecimento, em relações hierárquicas entre os termos”, e “são muito
utilizadas em modelo orientado a objeto e sistemas de gestão do conhecimento, para
indicar grupos de objetos baseados em características particulares” (MOREIRA, 2018).

Teve sua origem na Biologia, na matéria que trata da classificação lógica e científica
dos seres vivos, trabalho do botânico Carolus Linnaeus (ou Karl von Linné) e hoje está
relacionada a formas automatizadas da organização da informação, utilizando-se das áreas
da ciência da informação e da computação (VITAL, CAFÉ, 2011).

De modo geral, a taxonomia organiza a informação da mais genérica para a mais


específica, utilizando-se da relação hierárquica ou relação de gênero-espécie entre os
termos. Abaixo, um exemplo de taxonomia.

Figura 3 - Exemplo de taxonomia

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Fonte: Garshol (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011).

De acordo com Holgate (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011), há quatro formas de se
construir uma taxonomia:
a) adquirir uma taxonomia pré-definida;
b) construir manualmente uma taxonomia;
c) construir automaticamente uma taxonomia; e
d) uma combinação de automática e manual (híbrida).

A construção de taxonomias, alguns critérios devem ser observados:


a) Comunicabilidade: os termos utilizados devem transparecer os conceitos
carregados de acordo com a linguagem utilizada pelos usuários do sistema. Ex.
Cloreto de sódio (utilizado para especialistas) e sal (utilizado para leigos).
b) Utilidade: apresentar somente os termos necessários. Ex. Frutas, sem
especificar cada uma como maçã, pêra.
c) Estimulação: uso de termos que induzem o usuário a continuar a navegação pelo
sistema.
d) Compatibilidade: contém somente estruturas de campo que se está ordenando e
que façam parte das atividades ou funções da organização (TERRA et al., 2005
apud VITAL, CAFÉ, 2011).

Na inteligência artificial, as taxonomias e as ontologias são muito utilizadas em


projetos e transmitem as diferentes maneiras de como o ser humano enxerga a realidade.

4.2. Ontologias
Já as ontologias, buscam estabelecer relações semânticas entre conceitos, em
forma de redes conceituais, próximas da estrutura que trabalha a mente humana. Também
são consideradas sistemas de classificação e organizam o conhecimento em forma de uma
“teia de relações”, assim como a mente humana, em uma relação intencional (VITAL,
CAFÉ, 2011).

Segundo Neches (1991 apud FEITOSA, 2005, apud VITAL, CAFÉ, 2011), "uma
ontologia define os termos básicos e as relações, compreendendo o vocabulário de uma

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área de tópico, bem como as regras para a combinação de termos e as relações para definir
as extensões do vocabulário".

As ontologias, inerentes aos estudos da web semântica, objetivam o processamento


automatizado da informação, definido por uma linguagem processável por máquina com
propósito de compartilhar informação entre sistemas. Gruber (1996); Noy e Guinness (2001,
apud VITAL, CAFÉ, 2011) citam como componentes básicos de uma ontologia:
a) classes (organizadas em uma taxonomia);
b) relações (representam o tipo de interação entre os conceitos de um domínio);
c) axiomas (usados para modelar sentenças sempre verdadeiras); e
d) instâncias (utilizadas para representar elementos específicos, ou seja, os
próprios dados).

Segue, uma representação de uma ontologia de vinhos e bebidas.

Figura 5 - Ontologia de vinhos e bebidas

Fonte: Barreiras (2004 apud VITAL, CAFÉ, 2011).

As relações ontológicas, segundo a concepção wusteriana (ver Quadro 5), referem-


se a propriedades dos objetos no mundo empírico, nesse sentido estão relacionados os
conceitos de todo e de sua parte, como se verifica, por exemplo, entre sistema
cardiovascular e vaso sanguíneo.

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Quadro 5 - Relações associativas

Fonte: Moreira (2018)

Nos tesauros e sistemas de classificação bibliográfica, as relações entre os


conceitos podem ser meramente apontadas, ainda que isso não seja desejável,
por meio de recursos visuais como, por exemplo, o endentamento, deixando-
se o processo maior de inferência por conta do usuário. Nas ontologias todas
as relações devem ser detalhadas e formalizadas em relação a sua natureza e
ao compromisso ontológico assumido (MOREIRA, 2018).

CursoBom. Taxonomia (vídeo). Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=dTgZVT_KRgs

de Melo Simões M. da G., Vieira de Freitas M. C., de Souza Gracioso L., &
Rodríguez Bravo B. (2017). Entre os seres e os saberes: a identidade ontológica
das taxonomias: ciência, método ou produto?. Ciência Da Informação, 45(1).
Recuperado de http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1776

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MOREIRA, Walter. Sistemas de organização do conhecimento: aspectos


teóricos, conceituais e metodológicos. 2018. 164 f. Tese (livre-docência) -
Universidade Estadual Paulista (Unesp), Faculdade de Filosofia e Ciências,
2018. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/190878>.

VITAL, Luciane Paula; CAFE, Ligia Maria Arruda. Ontologias e taxonomias:


diferenças. Perspect. ciênc. inf., Belo Horizonte , v. 16, n. 2, p. 115-130, June
2011 . Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362011000200008&lng=en&nrm=iso>. access on 16 Mar. 2021.
https://doi.org/10.1590/S1413-99362011000200008.

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5. WEB SEMÂNTICA

Objetivo:
Estudar sobre movimento colaborativo para organizar a informação de maneira
legível para computadores e máquinas.

Introdução:
A presença e a atuação de agentes inteligentes é, aliás, uma das marcas diferenciais
da web semântica em relação à web tradicional (sintática). Na web semântica, espera-se
que os computadores sejam programados também para interpretar a informação, em vez
de apenas apresentá-la aos seres humanos, e isso pode ser facilitado por meio da aplicação
de ontologias (BERNERSLEE; HENDLER; LASSILA, 2001 apud CARLAN, 2010).

Neste contexto, ocorre a mudança na forma de busca pela internet pois ao invés da
recuperação por meio de uma palavra, teríamos a palavra mais o seu significado e para
isso ocorrer há a necessidade da interoperatividade semântica, sintática de vocabulário e
descrição do assunto baseado em conceitos interligados (CARLAN, 2010).

De acordo com Guirald (1980 apud PICKLER, 2007), a semântica é tudo aquilo que
se refere ao sentido de um sinal de comunicação e as palavras. A proposta da web
semântica é estruturar os dados contidos nos sites, de modo que o sistema de busca
identifique o assunto por meio da semântica em sua estrutura de dados.

Para dar suporte ao desenvolvimento da web semântica, os SOC são excelentes


fontes de vocabulários estruturados e formalizados para controle de linguagem. A
padronização, seguido por uma linguagem representacional usando codificação XML
(eXtensible Markup Language) e RDF (Resource Description Framework), depende de
infraestrutura para que as linguagens de indexação sejam entendidas e processadas por
máquinas.

O Simple Knowledge Organization System (SKOS) é um modelo criado pela World


Wide Web Consortium (W3C) para dar suporte aos SOC e utiliza a interface flexível de
XML/RDF (flexível no sentido de acrescentar novas tags, etiquetas ou marcações). O XML
fornece uma sintaxe básica para estruturar documentos e o RDF é uma estrutura para
processar metadados e facilitar o intercâmbio de informações (CARLAN, 2010). Em outras

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palavras, o objetivo do RDF é auxiliar no desenvolvimento de metadados e promover uma


comunicação clara entre os sistemas que compartilham a informação.

Esse movimento colaborativo, é usado para organizar a informação e atribuir


significado a ela. A ideia é basicamente não buscar mais a informação de forma isolada,
mas com perguntas e respostas mais elaboradas, e não se trata de inteligência artificial e
sim de um sistema onde o computador leia um bloco de informação e atribua um significado
a partir das relações com outros blocos. Ex.: Peru, é um nome de um país e de uma espécie
de animal, mas podemos “dizer” para o computador que é um país, desse modo há
desassociação com a espécie de animal.

PICKLER, Maria Elisa Valentim. Web Semântica: ontologias como ferramentas


de representação do conhecimento. Perspect. ciênc. inf. , Belo Horizonte, v.
12, n. 1, pág. 65-83, abril de 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362007000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso em 16 de março de 2021.
https://doi.org/10.1590/S1413-99362007000100006 .

SOUSA R. R., ALVARENGA L. A Web Semântica e suas contribuições para a


ciência da informação. Ciência Da Informação, 33(1), 2004. Disponível em:
http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/1077

CARLAN, Eliana. Sistemas de organização do conhecimento: uma reflexão no


contexto da ciência da informação. 2010. 195 f., il. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação) -Universidade de Brasília, Brasília, 2010.

PICKLER, Maria Elisa Valentim. Web Semântica: ontologias como ferramentas


de representação do conhecimento. Perspect. Ciênc. inf., Belo Horizonte, v.
12, n. 1, pág. 65-83, abril de 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
99362007000100006&lng=en&nrm=iso. Acesso em 16 de março de 2021.
https://doi.org/10.1590/S1413-99362007000100006 .

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6. CONCEITOS E RELAÇÕES ENTRE INFORMAÇÃO E DOCUMENTOS

Objetivo:
Apresentar as relações entre informação e documentos.

Introdução:
A utilização maciça de informações em nossa vida cotidiana, faz da informação um
recurso que movimenta a economia global, sendo o principal elemento das sociedades
desenvolvidas.

As muitas definições da palavra têm originado definições simplistas, geralmente


oriundas do senso comum. Conforme afirma Lancaster (2004):

Informação é uma palavra usada com freqüência no linguajar quotidiano e a


maior parte das pessoas que a usam pensam que sabem o que ela significa.
No entanto, é extremamente difícil definir informação, e até mesmo obter
consenso sobre como deveria ser definida. O fato é, naturalmente, que
informação significa coisas diferentes para pessoas diferentes
(LANCASTER, 2004).

Tanto na teoria matemática, como na biologia, por exemplo, o conceito de


informação está desvinculado da linguagem natural. Conforme coloca Pereira Junior e
Gonzales (1996, apud MESSIAS, 2005), a primeira trabalha com uma concepção
quantificada da informação, substituindo as linguagens pelas equações matemáticas, a
segunda trabalha com as estruturas informacionais que se propagam do genoma para as
proteínas. Nas Ciências Econômicas, a informação é caracterizada como um bem
econômico, expresso por meio de produtos e serviços informacionais. Desse modo, tem-se
a informação como um recurso estratégico para a tomada de decisões (MESSIAS, 2005).

Christovão e Braga (1997, apud DUARTE, 2009) chamam atenção para o fato de que
a Ciência da Informação vem, erroneamente, tratando documento, mensagem e informação
com o mesmo significado quando, na verdade, trata se de elementos distintos:

Documento […] é toda base de conhecimento fixada materialmente e suscetível de


estudo, prova ou confronto. Mensagem é o que é levado de um emissor humano a
um receptor humano em um processo de comunicação; é a emissão deliberada de
um estímulo externo. Embora haja uma grande superposição entre mensagem e
estímulo externo os dois eventos não são iguais: há estímulos externos, derivados,
por exemplo, da observação de fenômenos naturais que não são mensagens

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porque não foram emitidos por um emissor humano – e informação é um processo


exclusivamente humano. Embora alguns autores falem, por exemplo, em
transferência da informação entre homem e máquina, as presentes autoras crêem
tratar-se de mais uma ambigüidade de uso do termo informação (CHRISTOVÃO E
BRAGA, 1997, apud DUARTE, 2009).

Isto posto, pode-se concluir que o homem é um ser social comunicativo e


informacional. A linguagem auxilia no processo de interação e adaptação do homem ao
meio ambiente, e permite a ele manifestar suas idéias, pensamentos e sentimentos, e
assim, efetivar os processos informacionais. Os suportes constituem-se elementos de
sustentação dos signos e podem ser classificados em visuais, sonoros, audiovisuais e
objetos. Dessa maneira, a informação se consolida, transformando-se em um documento,
ou seja, um objeto informativo (MESSIAS, 2005).

O documento é fonte de investigação de especial interesse para a Arquivologia,


Biblioteconomia, Direito, Documentação e Diplomática, assumindo em cada uma delas um
propósito de análise diferenciado. Para Otlet, o documento era uma entidade material,
artificial e de utilidade intelectual, composto pelo meio físico representando o material
(suporte), e o intelectual representando o conteúdo (PINTO MOLINA, 1993, apud
MESSIAS, 2005).

Logo, qualquer que seja o documento, certamente ele será composto por suporte,
meio e conteúdo. O meio consiste na linguagem utilizada para fixar o pensamento (escrita
alfabética, numérica, gráfica ou digital) e o conteúdo designa as ideias e o pensamento
exteriorizado, defendido por muitos autores como a mensagem, notícia ou informação. A
atenção dispensada aos suportes da informação tem sido cada vez mais escassa, visto que
ele é tido como elemento secundário. Mas, mesmo com mínimas variações, o suporte
possui a capacidade de interferir na apreensão do conteúdo, pois dependendo do meio
(digital ou físico) e como ela é utilizada, pode interferir no processo de ensino-aprendizagem
(MESSIAS, 2005).

GRIGOLETO, M. C. Informação e documento: expressão material no


patrimônio. InCID: R. Ci. Inf. e Doc., Ribeirão Preto, v.3, n. 1, p. 57-69, jan./jun.
2012. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/incid/article/download/42369/46040/50567

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DUARTE, A. B. S. Ciclo informacional: a informação e o processo de


comunicação. Em Questão, v. 15, n. 1, p. 57-72, 2009. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/11120>. Acesso em: 16 mar.
2021.

LANCASTER, F.W. Indexação e resumos: teoria e prática. 2.ed. Tradução de


Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília: Briquet de Lemos, 2004. Tradução
de: Indexing and abstracting
in theory and practice.

MESSIAS, L. C. S. Informação: um estudo exploratório do seu conceito em


periódicos científicos brasileiros da área de Ciências da Informação.
Dissertação (mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade
Estadual Paulista, Marília, 2005. Orientador: Prof. Dr. João Batista Ernesto de
Moraes.

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7. CICLO INFORMACIONAL E BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO DA


INFORMAÇÃO

Objetivo:
Apresentar o ciclo informacional, introduzindo o elemento da comunicação.

Introdução:
A Ciência da Informação caracteriza-se por ser uma ciência multidisciplinar, pois
utiliza conceitos de outras ciências e as compartilha também, mas por vezes há confusões
conceituais em relação às definições de informação, comunicação e conhecimento.

A teoria matemática da comunicação coloca que a informação depende de um


emissor e de um receptor, e está sujeita a interferências. A figura 6, mostra que nessa
teoria, a informação está presente sempre que um sinal é transmitido de um extremo para
outro.
Figura 6 - Processo de comunicação

Fonte: Duarte (2009)

Quando voltamos à definição da palavra informação, a teoria matemática trata a


informação e mensagem de modos iguais. De acordo com Duarte (2009) “a mensagem é
aquilo que trafega entre o emissor e o receptor, e a informação é o processo de dar forma
(atribuir sentido) à mensagem”.

Na figura 7, o receptor informa-se ao atribuir sentido à mensagem recebida.

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Figura 7 - Processo de comunicação de acordo com a teoria social da informação

Fonte: Duarte (2009)

Duarte (2009) baseada em Charaudeau (2001) apresenta na figura 8 o espaço do


fazer situacional. Neste, os protagonistas são os seres de fala, que são virtuais (sujeito
enunciador – aquele que enuncia a comunicação; e receptor – aquele que a recebe) e
assumem diferentes faces de acordo com os papéis que lhes são atribuídos.

Figura 8 - Circuitos interno e externo no processo de comunicação

Fonte: Duarte (2009)

No processo de comunicação, o chamado sujeito comunicante, elabora uma


mensagem (conjunto de dados, quer seja manuscritos, quer através de imagens, ícones,
sons, gestos, etc.) tendo como ponto de partida seu próprio contexto social, sua gama de
conhecimentos individuais e coletivos. Não é apenas a partir desta vivência que ele elabora
seu discurso portador de sua mensagem. Leva em consideração, ainda, o receptor (sujeito

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interpretante) que deseja atingir: qual é a sua realidade psico-sócio-cultural, quais são os
seus conhecimentos prévios, de que modo ele provavelmente irá reconfigurar a mensagem
recebida. O objetivo do sujeito comunicante é que a mensagem produza a informação
desejada no sujeito interpretante a quem ela se destina. Portanto, a mensagem deve gerar
um processo de informação capaz de alterar o estado de conhecimento do receptor
(DUARTE, 2009).

Segundo Capurro (1992), a informação é a articulação de um estado prévio de


entendimento pragmático de um mundo comum compartilhado. Assim, conclui-se que a
informação pode ser descrita como sub-processos no processo de comunicação: de um
lado o processo de representação, buscando comunicar o sentido, realizado pelo sujeito
comunicante; de outro lado, o processo de atribuição de sentido efetuado pelo sujeito
interpretante. Deve-se considerar o contexto de produção e de recepção, isto é, de um lado,
como de outro, o contexto psico-sócio-cultural influi no processo de informação. No entanto,
as estruturas de conhecimento desses sujeitos não são alteradas somente pelo processo
de comunicação. O ser humano é capaz de adquirir conhecimento interagindo com o mundo
ao seu redor. Portanto, a informação não se define apenas como sub-processo da
comunicação, mas existe mesmo quando não há intencionalidade de comunicar-se. É
processo de atribuição de sentido capaz de alterar um estado de conhecimento prévio,
mesmo que não haja comunicação explícita (DUARTE, 2009).

Nesse sentido, a informação é compreendida como um fator de valorização humana,


conteúdos elaborados com vistas a promover o conhecimento no indivíduo, enquanto que
a comunicação seria apenas a circulação de produtos superficiais e alienatórios, mais
destinados a entreter do que a informar (MESSIAS, 2005).

Nessa conceituação, a informação é a raiz do processo do conhecer e, portanto,


instituinte da cultura. Nesse sentido, considera-se que:
a) quando se instaura um processo de comunicação, informação é algo que um
indivíduo gera ativamente e que outro indivíduo pode decidir internalizar;
b) cada indivíduo recebe e interpreta informação (conjunto de estruturas
significantes) à sua própria maneira, dando lhe significado pessoal;
c) a percepção da informação é mediada pelo estado de conhecimento do receptor
e pelo contexto psico-sociocultural em que ele se encontra inserido;

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d) quando a informação é percebida e/ou recebida, ela afeta e transforma o estado


de conhecimento do receptor; (DUARTE, 2009)

Na figura 9, se introduz o elemento comunicação, que estabelece a mensagem que


dá origem à informação, quer seja compreendida como atribuição de sentido à mensagem
comunicada, quer seja compreendida como um conjunto de estruturas significantes, que
leva a uma alteração do estado de conhecimento que, por sua vez, desencadeia um
“processo de desenvolvimento, que permite acessar um estágio qualitativamente superior
nas diversas e diferentes gradações da condição humana. E esse desenvolvimento é
repassado ao seu mundo de convivência” (BARRETO, 1998, p.122 apud DUARTE, 2009)
fechando, assim, o ciclo.

Figura 9 - Ciclo informacional

Fonte: Duarte (2009)

MIRANDA, M. A. S. et al. Ciclo de vida da informação no suporte ao processo


de inovação: uma proposta de modelo interativo. Revista Gestão e
Planejamento, Salvador, v. 20, p. 581-599, jan. /dez. 2019. Disponível em: DOI:
10.21714/2178-8030gep.v20.6007

BARBOZA, E. L. Gestão da informação nas organizações e a atuação do


profissional da informação. COAIC, 2007. Disponível em:
http://www.uel.br/eventos/cinf/index.php/coaic2017/coaic2017/paper/view
/496/339.

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DUARTE, A. B. S. Ciclo informacional: a informação e o processo de


comunicação. Em Questão, v. 15, n. 1, p. 57-72, 2009. Disponível em:
<http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/11120>.

MESSIAS, L. C. S. Informação: um estudo exploratório do seu conceito em


periódicos científicos brasileiros da área de Ciências da Informação.
Dissertação (mestrado) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade
Estadual Paulista, Marília, 2005. Orientador: Prof. Dr. João Batista Ernesto de
Moraes.

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8. DIMENSÕES HISTÓRICAS E CRÍTICAS DO DOCUMENTO: O


ESTATUTO DO DOCUMENTO.

Objetivo:
Identificar as bases históricas e epistemológicas da Biblioteconomia no campo
científico da Ciência da Informação.

Introdução:
As dimensões históricas do documento, perpassam pela construção da cientificidade
da Ciência da Informação. Uma epistemologia histórica, atenta às dinâmicas de uso do
conceito, ou seja, da operacionalização da noção de documento como conceituação em
Ciência da Informação, ela possibilita adentrar o universo das apropriações e das
transfigurações do termo em teorias, métodos, processos, técnicas e produtos.

8.1. Produção de evidência versus atribuição de sentido.


A produção de evidência apoia-se em níveis de indício e prova, dessa forma, a
informação situa-se na sua produção e seus usos. Os elementos de interatividade, contexto
orgânico, situação, memória orgânica, são fundamentais para compreendermos o processo
que envolve a informação com vistas à evidência. Os ambientes digitais, possuem certas
características como a dinamicidade e a ubiquidade da informação, tornando necessária
novos modelos de gestão capazes de responder aos desafios que os profissionais da
informação enfrentam cotidianamente (ROCKEMBACH, 2017).

Já a atribuição de sentido, remete a falar em leitura e a produção de sentidos


constituídos no contexto de interação recíproca entre autor e leitor via texto, os quais se
expressam diferentemente, de acordo com a subjetividade do leitor: seus conhecimentos,
suas experiências e seus valores. Nesse caso, pode-se dizer que o texto se constrói a cada
leitura, não trazendo em si um sentido preestabelecido pelo seu autor, mas uma
demarcação para os sentidos possíveis. Na produção de sentidos, o leitor desempenha um
papel ativo, sendo as inferências um processo cognitivo relevante para esse tipo de
atividade. Isto ocorre porque elas possibilitam a construção de novos conhecimentos a
partir de dados previamente existentes na memória do interlocutor, os quais são ativados e
relacionados às informações veiculadas pelo texto. Esse processo favorece a mudança e
a transformação do leitor, que, por sua vez, modifica o texto (FERREIRA, DIAS, 2004).

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8.2. A informação orgânica e a inorgânica.


A informação orgânica é por natureza arquivística, pois é fruto das ações da
organização/instituição. A informação arquivística contempla a informação orgânica e a
informação não orgânica (inorgânica). As informações orgânicas são produzidas dentro do
ambiente da organização, enquanto que a informação não orgânica (inorgânica) é
produzida fora deste ambiente, mas se relaciona com a organização por meio das
atividades e/ou transações realizadas (LOUSADA, 2010).

Conforme explicam Carvalho e Longo (2002, apud LOUSADA, 2010):

[...] informação orgânica é um conjunto de informações sobre um determinado


assunto, materializado em documentos arquivísticos que, por sua vez, mantêm
relações orgânicas entre si e foram produzidas no cumprimento das atividades e
funções da organização.

Lopes (1996, apud LOUSADA, 2010) defende que “[...] é orgânica a informação que
pertence à pessoa ou organização que a acumulou”, ou seja, a informação orgânica é
intrínseca à organização/instituição que a gerou, sendo, portanto, fruto dos componentes
que a integram.

A junção desses dois tipos de informação forma o que se denomina de informação


arquivística, dando origem aos arquivos das instituições. Sob essa designação são
agrupados todos os documentos, sejam quais forem seus suportes e idades, produzidos e
recebidos pela organização no exercício de suas funções (ROUSSEAU; COUTURE, 1998,
apud LOUSADA, 2010).

8.3. As unidades físicas de referência: documento, peça, série, coleção, arquivo e


acervo (cartorial e operacional).
As bibliotecas, museus e arquivos, são as três instituições que se ocupam da guarda,
conservação e processamento de documentos para uso futuro ou corrente. O termo arquivo
pode se referir tanto a um conjunto de documentos quanto à instituição que o armazena
(CASTRO, 2014).

A construção histórica da noção de documento aponta que ele é produto de ações


de mediação, as quais se realizam por atividades como seleção, descrição, indexação,
ordenação, exposições a partir de quaisquer objetos (ORTEGA, SALDANHA, 2019).

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Nesse contexto, as práticas e técnicas da Biblioteconomia para tratamento e


organização da informação foram registradas na literatura de inúmeras formas. Dentre as
mais clássicas pode-se citar a formação, desenvolvimento, classificação, catalogação e
conservação das bibliotecas. O Catálogo é mais um instrumento de pesquisa, que trará aos
pesquisadores e usuários informações maior presteza e agilidade (CASTRO, 2014). Dentro
da Biblioteconomia a série é um conjunto ilimitado de publicações ou materiais, sobre um
tema específico ou não, com autores e títulos próprios, reunidos sob um título comum. Já
a coleção é um conjunto limitado, de um ou diversos autores, reunidos sob um título comum,
podendo cada livro ter título próprio.

8.4 As unidades intelectuais de referência: assunto e função.


O Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), para este
assunto “documento”, criou tesauros e vocabulários controlados, com o sentido de
categorizar as informações existentes na produção informacional, para solucionar o
problema do acesso e do uso da informação pela comunidade científica (CASTRO, 2014).

A partir dessas considerações Tanus, Reanau e Araújo (2012, apud CASTRO, 2014)
representaram num quadro resumido as noções de documento na Biblioteconomia e na
Arquivologia:

Quadro 6 - Definição de documento na Biblioteconomia e na Arquivologia

Fonte: Tanus, Reanau e Araújo (2012 apud VITAL, CASTRO, 2014).

Distinguem-se dos documentos de bibliotecas, se para estas os documentos têm


finalidade de desenvolver as coleções e ramificar por assuntos as publicações existentes
no acervo, ainda que variem pelo perfil da instituição, existem critérios diferenciados de
manuseio do documento em ambos os ambientes. Para os arquivos a valorização dos
documentos se dá pela sua unicidade, ou seja, seu valor único e individual como documento
que utilizado como fonte comprobatória das atividades e funções das organizações,

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baseado no princípio da organicidade e da proveniência de um arquivo, são pautados no


organograma institucional, para organização dos documentos, respeitado aos princípios já
citados (SMIT, 2003, CASTRO, 2014).

8.5 O documento como indício, prova e testemunho.


As semelhanças entre as duas áreas – Biblioteconomia e Arquivologia – é que
ambas procuram organizar a informação em meio ao "caos" documentário. A organização
dessa informação depende de uma padronização. Porém, cada área tem a sua
especificidade. Um documento arquivístico, por exemplo, é totalmente diferente de um
documento bibliográfico. Por isso, a maneira de descrevê-los é completamente distinta. Um
documento arquivístico reflete as atividades e funções de uma organização, funcionando
como fonte de prova e testemunho. Já um documento bibliográfico possui características
intrínsecas (que constituem o próprio objeto) e extrínsecas (aquelas que estabelecem as
relações do objeto observado com outros objetos) e, através da descrição dos campos que
compõem o objeto, é possível recuperar a informação pertinente (CASTRO, 2014).

Então, a forma de descrevê- los é distinta. A Biblioteconomia se preocupa com o


acesso dos documentos pelos usuários e na disseminação da informação, enquanto que a
Arquivologia se preocupa mais com a preservação do documento, já que ele é fonte de
prova (CASTRO, 2014).

LIMA DOS SANTOS, Ana Paula; FONSECA RODRIGUES, Mara Eliane.


Biblioteconomia: gênese, história e fundamentos. Revista Brasileira de
Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v. 9, n. 2, p. 116-131, jan. 2014.
ISSN 1980-6949. Disponível em:
<https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/248/264>.

CASTRO, L. S. Análise das relações entre o conceito de representação descritiva


na visão da biblioteconomia e da arquivologia. TCC. Universidade Federal do
Rio de Janeiro: Rio de Janeiro, 2014.

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FERREIRA, S. P. A., DIAS, M. G. B. B. A leitura, a produção de sentidos e o


processo inferencial. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 9, n. 3, p. 439-448,
set./dez. 2004. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/pe/v9n3/v9n3a11.pdf

LOUSADA, Mariana. Informação orgânica como insumo estratégico para a


tomada de decisão em ambientes competitivos. Marília, 2011. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Informação) – Faculdade de Filosofia e Ciências,
Universidade Estadual Paulista, 2010. Orientadora: Marta Ligia Pomim
Valentim.

ORTEGA, C. D., SALDANHA, G. S. A noção de documento no espaço-tempo da


Ciência da Informação: críticas e pragmáticas de um conceito. Perspectivas em
Ciência da Informação, v.24, número especial, p.189-203, jan. /mar. 2019.

ROCKEMBACH, Moisés. Evidência da informação no contexto dos arquivos


digitais. In: Da produção à preservação informacional: desafios e
oportunidades [online]. Évora: Publicações do Cidehus, 2017. Disponível em:
http://books.openedition.org/cidehus/2782. ISBN: 9782821882676. DOI:
https://doi.org/10.4000/books.cidehus.2782.

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9. MEDIAÇÃO DA INFORMAÇÃO.

Objetivo:
Compreender os processos de mediação da informação.

Introdução:
A mediação da informação é um processo histórico-social que resulta da relação dos
sujeitos com o mundo. Ela possui duas dimensões: a primeira é intrínseca, em que distingue
a mediação entre implícita e explícita. A primeira, a mediação implícita, ocorre nos espaços
dos equipamentos informacionais (onde estão a seleção, o armazenamento e o
processamento da informação), atuando nos serviços internos, inerente ao fazer
profissional, em que as ações são desenvolvidas sem a presença física e imediata dos
usuários. A mediação explícita, ocorre no atendimento ao público e nos espaços em que a
presença do usuário é inevitável, por exemplo, nos acessos a distância em que não é
solicitada a interferência concreta e presencial do profissional da informação (ALMEIDA
JÚNIOR, 2019).

Por outro lado, quando organizamos serviços, estruturamos o atendimento,


propomos ações de educação de usuários, etc., estamos dentro de outra dimensão da
mediação da informação a esta segunda dimensão identifica-se com a disseminação da
informação (ALMEIDA JÚNIOR, 2019).

A ideia de mediação da informação é mais abrangente que a da disseminação,


uma vez que esta nunca se interessou com a apropriação da informação,
atendo-se ao acesso físico do documento pelo usuário. Assim, a disseminação
da informação está mais relacionada com a transferência da informação do
que com a mediação da informação.

De acordo com Almeida Júnior (2015):

Mediação da informação é toda ação de interferência – realizada em um processo,


por um profissional da informação e na ambiência de equipamentos informacionais
– direta ou indireta; consciente ou inconsciente; singular ou plural; individual ou
coletiva; visando a apropriação de informação que satisfaça, parcialmente e de

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maneira momentânea, uma necessidade informacional, gerando conflitos e novas


necessidades informacionais. (ALMEIDA JÚNIOR, p.25, 2015)

A imparcialidade e a neutralidade, embora procuradas, não se concretizam, pois, o


profissional da informação atua como matéria-prima que, por si, não é neutra. A informação
é carregada e está envolta em concepções e significados que extrapolam o aparente. A
informação está imersa em ideologias e em nenhuma hipótese se apresenta
despida de interesses, sejam econômicos, políticos, culturais, etc. A interferência deve ser
explicitada, tornada consciente para que, criticamente, o profissional possa lidar com ela
de maneira a amenizar / minimizar possíveis problemas que dela decorram. Há uma linha
tênue entre interferência e manipulação (ALMEIDA JÚNIOR, 2019).

AZEVEDO, K. R. de; OGÉCIME, M. O papel do bibliotecário como mediador da


informação na busca pelo letramento informacional. RDBCI: Revista Digital de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, Campinas, SP, v. 18, n. 00, p.
e020001, 2019. DOI: 10.20396/rdbci.v18i0.8654473. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rdbci/article/view/865447.

BRAGA, Maria de Fátima Almeida. Meios e modos de apropriação da


informação e do conhecimento. In: CASTRO, César Augusto (Org.). Ciência
da Informação e Biblioteconomia: múltiplos discursos. São Luis: EDUFMA,
2002. p. 109-119. Disponível em: https://www.worldcat.org/title/ciencia-da-
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ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Mediação da informação e múltiplas


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n.1, p. 89-103, jan./dez. 2009. Disponível em:
https://revistas.ancib.org/index.php/tpbci/article/view/170

Organização do Conhecimento
Universidade Santa Cecília - Educação a Distância

A organização do conhecimento é a ciência que ordena, estrutura e sistematiza


unidades do conhecimento, de acordo com suas características, em classes de
conceitos organizados em objetos/assuntos. Os SOC abrangem todos os tipos
de esquemas que organizam e representam o conhecimento. Geral:
enciclopédia, bibliotecas, bases de dados, sistemas, teorias, disciplinas,
culturas, etc. Específico: classificações, taxonomias, tesauros e ontologias.

(DAHLBERG)

Organização do Conhecimento

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